A ‘Psicologia da felicidade’

A evolução científica nos conduz a buscar a resolução de todos os problemas, fazendo com que o foco de nossos estudos se torne as psicopatologias, dificuldades e problemas do homem. Na tentativa de criar uma nova perspectiva Martin Seligman desenvolveu a psicologia positiva ou também conhecida como psicologia da felicidade.

Durante muito tempo a psicologia dedicou-se ao estudo da patologia e da doença mental, procurando compreender e caracterizar as várias perturbações psicológicas e o seu funcionamento. Não havia, até pouco tempo atrás, uma grande preocupação em saber como as pessoas saudáveis viviam e prosperavam, mas sim uma preocupação em saber como funcionavam as pessoas doentes e o que caracterizava as diferentes perturbações psicológicas. A psicologia positiva objetiva estudar os elementos que compõem o funcionamento ótimo do ser humano, bem como seus recursos para a conquista de uma vida feliz, já que tal vertente da psicologia enfatiza aquilo que faz a vida valer a pena, logo, evita-se restringir aos transtornos que a fazer ser miserável.

Martin Seligman, que é psicólogo e professor da Universidade da Pensilvânia e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, ao invés de se dedicar a entender as fraquezas humanas, ele buscou respostas para compreender quais são as raízes da felicidade. ‘Sabia-se muito a respeito da depressão, mas quase nada sobre a essência comum das pessoas felizes’ diz. Seus críticos argumentam que os termos da psicologia positiva são muito vagos e superficiais, eles até podem estar certos, mas o fato é que com suas ideias, Martin tornou-se autor best-seller, principalmente com seu livro Felicidade Autêntica em que o mesmo propõe que a conquista da felicidade seja um exercício diário, feito com gentileza, originalidade, humor, otimismo e generosidade.

Segundo Seligman (2004) é possível medir o grau de felicidade de uma pessoa se estivermos falando de prazeres como sexo, chocolate e compras. Nesses casos é fácil notar o que a deixa mais feliz, ao contrário da felicidade existencial que é mais difícil de medir. O que dá pra perceber é que há características comuns às pessoas que consideramos felizes. Elas tendem a ser mais queridas pelos outros, mais tolerantes, mais criativas e, principalmente, compartilham de hábitos de vida mais saudáveis, pressão arterial mais baixa e sistema imunológico mais ativo que as infelizes.

Diante das definições acerca da Psicologia Positiva, foram categorizadas algumas formas encontradas através da teoria para promover um bem estar daqueles que utilizam as mesmas. Uma delas é o flow, que pode ser considerado um estado da mente que ocorre quando as atividades intrinsecamente fascinantes e envolventes ampliam talentos em níveis satisfatórios, nos quais a pessoa perde a noção de si mesma e da passagem do tempo. Consiste em um tipo de atividade recompensadora por si só, independente de seu produto final ou de qualquer bem exterior que ela possa resultar. Caracteriza-se pela fusão entre ação e consciência: essa fusão provocará uma espécie de bloqueio da consciência, na medida em que a atenção estará focada apenas na ação que está sendo executada.

Outro termo ou método da teoria em questão é a Resiliência, um conceito bastante difundido, que consiste na capacidade de se recuperar ou de se adaptar positivamente diante das adversidades ou riscos significativos.

Um dos principais intuitos da presente teoria é ir contra o deliberado crescimento de manuais como DSM-IV e CID-10 que tem como foco único as patologias e dificuldades do homem, fazendo com que não somente os estudiosos, mas uma grande parcela da sociedade se esqueça da psicodinâmica da vida e das características não patológicas do homem. Ao invés de criar formas de tirar o indivíduo de quadros depressivos, a Psicologia Positiva vem com o intuito de potencializar o que o indivíduo já tem de melhor, deixando de usar lente de aumento para as fraquezas do mesmo e fazendo com que suas capacidades e hábitos saudáveis se tornem foco de estudo.