O amor é fruto de uma construção histórica e social

Este amor tem como normas o amor romântico, monogâmico, patriarcal e heteronormativo.

Sabe-se que a sociedade muda de acordo com as necessidades vigentes. Houve mudanças na forma de se trabalhar, na forma de se vestir, na forma de se comunicar, assim como na forma de se relacionar. Se antes somente a monogamia era um possiblidade de amar, atualmente o arranjo poliamoroso vem sendo desenvolvido e discutido na atualidade. Tal arranjo ainda não é assegurado em lei, mas há exceções, visto que na Constituição da República de 1988, é dado ao homem o direito de ser pluralista, de modo político e afetivo. No entanto tal prática não é habitual, já que o relacionamento amoroso contemporâneo se baseia no amor romântico e monogâmico.

Como no Brasil 86,8%[1] da população é adepta do cristianismo e o relacionamento cristão ideal é o monogâmico, os adeptos ao poliamor ainda sofrem um descaso, que é refletido em leis, já que o casamento civil e religioso poliamoroso ainda não é assegurada na lei, o que torna estas relações familiares invisíveis. No momento, a monogamia é vista como regra, tem-se como responsável principal, o conservadorismo, por fazer com que essa regra seja tão presente.

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O amor é fruto de uma construção histórica e social, tendo como normas o amor romântico, monogâmico, patriarcal e heteronormativo. Na Idade Média, o amor cortês foi a primeira manifestação de amor. No Renascimento, a vigilância moral foi fortalecida, tendo o casamento como negociação, se tornando popular o casamento religioso. Na Idade Moderna, houve uma separação entre amor e paixão.  Com o iluminismo, a razão era foco, sendo o amor visto como ridículo. Hoje o amor romântico ainda é prioridade das massas, de acordo com a maioria dos arranjos atuais, mas novas necessidades estão presentes. (DEL PRIORE, 2006; LINS, 2012). O romantismo defende a liberdade de escolha do cônjuge, tendo como ideia que o casamento deve ser baseado no amor, mas ainda é visto como utópico, isto porque ainda é baseado na relação patriarcal e burguesa.

Em 1960 houve uma revolução sexual contra a repressão, a favor da liberdade sexual e, em 1980, a homossexualidade deixou de ser considerada como “desvio” no DSM-III (DEL PRIORE, 2006; TONIETTE, 2005). Tal revolução permitiu alguns questionamentos sobre as normas de amor. O casamento passou a não ser determinante como uma decisão eterna e o divórcio deixou de ser visto como tragédia, passando a ser, em muitos casos, a salvação de alguns indivíduos. A ampla legalização do divórcio resultou em algumas modificações de papeis de gênero. A mulher passou a ser inserida no mercado de trabalho e o advento da pílula anticoncepcional, proporcionou uma maior liberdade sexual para o gênero feminino, adquirindo autonomia sobre seus corpos, tendo escolha de reproduzir ou de ser ativa sexualmente com o único intuito de dar e receber prazer. Diante de tal cenário, a família monogâmica passou a não ser mais vista como o único símbolo de felicidade amorosa.

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Cada ser humano é fruto das experiências vividas no meio ambiente em que está inserido. Cada núcleo familiar é carregado de genéticas, crenças e visões de mundo transgeracionais. A partir da auto percepção, o sujeito subjetivo percebe as diferenças de si em relação aos demais. (PIAGET, 1975; YOUNG, 2008). Logo, cada forma de se relacionar é permeada por seres subjetivos, com interesses particulares, convencionais ou não à época em que vive.

Referências:

ARAUJO, Maria de Fátima. Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 22, n. 2, p. 70-77,  Junho  2002 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000200009&lng=en&nrm=iso>.Acesso em: 04  Nov 2018.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932002000200009.

SOUZA, Thuany Barbosa de. Amor Romântico. 2007. 36 f. TCC (Graduação) – Curso de Comunicação Social, Centro Universitário de Brasilía, Brasília, 2007. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/1833/2/20366245.pdf>. Acesso em: 20 Out. 2018.

LINS, Regina Navarro. Novas Formas de Amar – Nada vai ser como antes, grandes transformações nos relacionamentos amorosos. 2017: Ed. Planeta do Brasil.

[1] Dados retirados da matéria ´O IBGE e a religião – Cristãos são 86,8% do Brasil; católicos caem para 64,6%; evangélicos já são 22,2%“. Acessado em < https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/o-ibge-e-a-religiao-cristaos-sao-86-8-do-brasil-catolicos-caem-para-64-6-evangelicos-ja-sao-22-2/ > no dia 17/11/2018.

Psicóloga egressa do Ceulp/Ulbra. Pós-graduanda em Terapia de casal: abordagem psicanalítica (Unyleya). Colaboradora do Portal (En)cena.