Quarta edição da Mostra exibe documentários sobre a ditadura civil-militar no Brasil de março a abril
Em 2015, o Brasil comemora 30 anos de volta à democracia, mas as marcas de 20 anos de ditadura civil-militar não devem ficar esquecidas. Com o objetivo de debater esse período marcante da história do país, a Mostra Cinema pela Verdade exibe gratuitamente quatro documentários sobre o tema em universidades dos 27 estados do país. O festival teve inicio dia 26 de março e segue até o final do mês de abril. A cidade de Palmas dá continuidade à quarta edição do projeto com a exibição do filme “Em Busca de Iara”,de Flávio Frederico. A sessão acontece dia 28 de abril, às 19h, no miniauditório – sala 543 do Centro Universitário Luterano de Palmas. Após as sessões são promovidos debates com acadêmicos, pesquisadores e debatedores convidados. Além desse, os outros três filmes selecionados foram: “Democracia em Preto e Branco”, de Pedro Asbeg, “Osvaldão”, de Vandré Fernandes, Ana Petta, Fábio Bardella e André Lorenz Micheles e “500 – Os bebês roubados pela Ditadura Argentina”, deAlexandre Valenti. Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
O pontapé para essa quarta edição aconteceu no início de março, com a capacitação de 27 universitários para atuarem como agentes mobilizadores em cada um dos estados do país. Eles serão os responsáveis por produzir e promover o projeto nas cidades onde estudam. Durante o encontro em um hotel fazenda em Paulo de Frontin, no interior do Rio de Janeiro, os jovens assistiram aos quatro filmes selecionados para o projeto, participaram de debates com os diretores, de palestras com membros da Comissão de Anistia, e de dinâmicas promovidas por pedagogos e professores de teatro. Em Palmas,o agente mobilizador é a estudante de Administração da Universidade Federal do Tocantins, Marina Ponce.
Nas três edições anteriores, a Mostra Cinema pela Verdade atingiu um público de 54.728 pessoas. Foram 12 filmes exibidos em 623 sessões nas 27 unidades federativas. Ao todo, 1.124 debatedores participaram em 605 debates realizados.
Promovido pelo Instituto Cultura em Movimento (ICEM), com patrocínio do BNDES e apoio da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, o Cinema Pela Verdade tem como objetivo fomentar a discussão em torno da Ditadura Civil-Militar, permitindo que toda a sociedade conheça o passado e dele extraia lições para o futuro.
Sobre os Filmes Selecionados:
Democracia em Preto e Branco, de Pedro Asbeg
Documentário, 10 anos, 90 min., Brasil, 2014.
Sinopse:Durante o ano de 1982 a ditadura militar completava 18 anos. A música popular brasileira sobrevivia de metáforas, devido a grande opressão e censura, e o clube de futebol Corinthians passava por um período interno turbulento. No meio disso, o rock nacional começava a nascer. O filme mostra como a música, o esporte e a política se encontraram para mudar o rumo da história do país.
Em Busca de Iara,de Flávio Frederico
Documentário, 12 anos, 90 min., Brasil, 2013
Sinopse: Através de uma investigação pessoal de sua sobrinha, Mariana Pamplona, o filme resgata a vida da guerrilheira Iara Iavelberg. Uma mulher culta e bela, que deixou para trás uma confortável vida familiar, optando por engajar-se na luta armada contra a ditadura militar. Vivendo na clandestinidade, na esteira de uma rotina de sequestros e ações armadas, tornou-se a companheira do ex-capitão do exército Carlos Lamarca, compartilhando com ele o posto de um dos alvos mais cobiçados da repressão. O filme desmonta a versão oficial do regime, que atribui sua morte, em 1971 a um suicídio.
Osvaldão, de Vandré Fernandes, Ana Petta, Fábio Bardella e André Lorenz Michiles
Documentário, 12 anos, 80 min., Brasil, 2014
Sinopse:A vida de Osvaldo Orlando da Costa, comandante da Guerrilha do Araguaia que virou herói entre o povo local, por conta de sua coragem e generosidade. Muitos até o consideram como um ser mítico. Uma visão não só da lenda ao redor do nome de Osvaldão, mas também de suas aventuras humanas. Vindo de uma família de ex-escravos, uma trajetória onde um jovem campeão carioca de boxe na década de 1950 se transforma em um dos principais guerrilheiros do país.
500 – Os bebês roubados pela Ditadura Argentina, de Alexandre Valenti
Documentário, 14 anos, 100 min., Brasil/Argentina, 2013
Sinopse: Entre 1976 e 1983, a Argentina viveu sombrios anos de ditadura militar. Neste período, famílias inteiras foram despedaçadas pela repressão clandestina empreendida por um estado terrorista que ceifou a vida de cerca de 30 mil argentinos. Dentre as práticas mais aterradoras deste regime estava o sequestro sistemático de bebês e crianças, filhos de presos e desaparecidos políticos, que eram apropriados por seus algozes com espólio de guerra. A partir da iniciativa das Avós da Praça de Maio criou-se o “Banco dos 500”, com amostras de seu próprio sangue, o que possibilitou a descoberta de 114 das 500 crianças sequestradas. Reunidos às suas famílias reais e às suas verdadeiras identidades, os jovens nascidos nas maternidades dos campos da morte, juntamente com as Avós da Praça de Maio confrontam, em 2011, perante o Tribunal de Buenos Aires, os dignitários da mais sangrenta ditadura Argentina, acusados de genocídio e crimes contra a Humanidade: um caso histórico, único e universal. O documentário “500 – Os bebês roubados pela Ditadura Argentina” narra esta incansável luta das avós e seus netos que continua, diariamente, até que o último dos “500” seja encontrado.