A vida de Steve Jobs e um olhar da psicologia positiva

Steve Paul Jobs nasceu em fevereiro de 1955, em São Francisco, e morreu em outubro de 2011. Seus pais biológicos eram Joanne Schieble e Abdulfattah, de nacionalidade Síria. Porém, ele foi adotado pela contadora Carla Jobs e Paul Jobs, mecânico e membro da guarda costeira. A adoção não ocorreu de forma muito tranquila, pois sua mãe biológica temia pelo futuro de Steve devido ao baixo nível educacional dos pais, que não haviam completado o segundo grau. O processo é completado apenas quando Paul promete que enviaria o filho para a faculdade.

Depois de concluir o ensino médio, Steve Jobs começou um curso na Reed College, porém, o abandonou depois de um semestre, mas permaneceu em aulas de caligrafia como ouvinte (que anos mais tarde influenciaria na tipografia do Macintosh).

O primeiro emprego de Steve Jobs, foi como designer de videogames na Atari, no ano de 1974. Assim, ele trabalhou lá por alguns meses, mas depois optou por viajar para a Índia para se enriquecer espiritualmente.

Steve Jobs e o amigo Steve Wozniak se uniram, em 1976, e criaram na garagem uma fábrica de computadores. Como resultado, no mesmo ano, eles lançaram o Apple I, primeiro computador a ser vendido já montado para uso pessoal. Em síntese, o aparelho consistia em uma placa mãe coberta com chips instalada em uma caixa de madeira. Os jovens continuaram a trabalhar e, em 1977, lançaram o Apple II. Esse foi só o começo da revolução que os jovens iriam trazer para a indústria de computadores.

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Jobs teve 4 filhos: Lisa, sua primeira filha, com a namorada Chrisann Brennan, e Erin, Eve e Reed com Laurene Powell Jobs, com quem se casou em 2011.

Na sua biografia, é relatado que durante a juventude, foi usuário de maconha e LSD. Jobs comenta no livro que o uso de LSD “reforçou meu senso do que era importante – criar ótimas coisas em vez de ganhar dinheiro, colocar as coisas de volta no fluxo da história e da consciência humana, tanto quanto eu pudesse”.

Dezenas de pessoas que conviveram com o cofundador da Apple dão seus depoimentos, revelando defeitos e facetas controversas: perfeccionista em excesso, explosivo, zen, egoísta, aficionado por situações adversas, cheio de dons artísticos.

Christopher Peterson, pós-doutor e professor de psicologia da Universidade de Michigan, faz uma análise psicológica da biografia de Jobs, e traz suas percepções, demonstrando que o foco do livro não é a tecnologia que Jobs ajudou a trazer ao mundo. O foco está em Jobs, e a imagem transmitida é a de um indivíduo incrivelmente complexo e motivado.  Como ele é pesquisador de psicologia positiva, acredito que caiba aqui um resumido conceito do que é esta abordagem dentro da ciência da psicologia para melhor compreensão do contexto da análise.

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A psicologia positiva é um campo de estudo dentro da Psicologia que foca nos elementos que podem trazer felicidade às pessoas, e oferece práticas e ferramentas para melhorar o desempenho e aumentar a sensação de bem-estar pessoal do indivíduo. Aplicada à área profissional, essa abordagem contribui para equipes mais colaborativas, lideranças e liderados mais satisfeitos.

De acordo com o especialista considerado pai desse campo de estudo, Martin Seligman, o bem-estar subjetivo é definido pela ausência de depressão e presença de estados cognitivos e emoções positivas.

Peterson relata que sua reação inicial ao ler o livro foi de tristeza e consternação porque uma pessoa tão talentosa parecia infeliz a maior parte do tempo. Da sua perspectiva como pesquisador de psicologia positiva, Jobs tinha tudo em termos de ingredientes para uma vida satisfeita (um senso de significado e propósito, envolvimento com seu trabalho, amigos e família, realizações em abundância), mas a satisfação era muitas vezes evasiva. 

Além disso, Jobs parecia um cara totalmente difícil. Ele era impaciente com os outros, severo em seus julgamentos e manipulador. Uma das ideias recorrentes no livro é que Jobs tinha um “campo de distorção da realidade” que o levou a ignorar os fatos e, de fato, encorajou outros a fazerem o mesmo. Novamente, de sua perspectiva como pesquisador de psicologia positiva, essas tendências deveriam ter tornado sua vida e sua carreira um desastre duplo, mas não o fizeram. 

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O perfeccionismo se manifestou não apenas em relação a seus produtos, mas também em como ele vivia sua vida. Uma das máximas da psicologia positiva, amplamente apoiado por pesquisas, é que aqueles que “maximizam” suas escolhas e decisões, tentando fazer as melhores possíveis (mais perfeitas possíveis), não são tão felizes quanto aqueles que “satisfazem” suas escolhas e decisões, tentando fazer decisões que sejam boas o suficiente, mas não necessariamente perfeitas (Schwartz, 2002). 

Jobs nunca tomou uma decisão que fosse simplesmente boa, seja projetar um gabinete de computador, projetar uma loja da Apple ou pedir uma refeição em um restaurante. Por exemplo, Jobs não achava que os computadores deveriam ter um ventilador interno porque o ruído perturbaria a experiência do usuário, (isso também é mostrado durante o filme). Criar um computador sem ventiladores foi extremamente difícil para os engenheiros da Apple, mas acabou sendo possível. Para outro exemplo, Jobs insistiu que o interior de um computador seja tão atraente quanto o exterior, não importando que o usuário nunca visse o interior dele. A preocupação também ia até a aparência e a construção da caixa de papelão em que um computador Apple foi enviado, apesar do fato de que essas caixas seriam, naturalmente, descartadas.

Existem duas tradições em psicologia positiva (Bacon, 2005). Uma que diz respeito a enfatizar emoções positivas e relacionamentos harmoniosos. Muitas pessoas associam essa tradição a toda a psicologia positiva, e é dentro desta perspectiva que causou ao pesquisador uma consternação inicial ao ler a biografia de Steve Jobs. Mas, segundo a opinião dele, a segunda tradição merece tanta atenção. Ele enfatiza as realizações, os êxitos e conquistas de uma pessoa. É uma linha dentro da psicologia positiva que sugere certo elitismo e é mais difícil de abraçar porque pode não te abraçar de volta. Pode ser que o esforço em busca das realizações seja em vão, pode ser que ele nunca chegue. Mas se nossa preocupação é com uma vida boa e plena, precisamos reconhecer contemplar e compreender ambas as tradições. 

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Acredito que a crítica aqui seja de que a felicidade pode ser vista por cada pessoa de um ponto de vista, e a faceta da realização (dentro da linha da psicologia positiva) na vida de Jobs se sobressaiu e muito da outra linha que seriam relacionamentos harmoniosos ou sentimentos de alegria e gratidão frequentes. Em boa parte do tempo tanto na biografia quanto nos filmes e documentários, mostra que ele não possuía esse manejo positivo nos relacionamentos, nem essa harmonia que a teoria traz para um bem estar e uma melhor qualidade de vida, mas atingiu um nível de êxito e realização que dificilmente qualquer um de nós irá alcançar. 

Em 2003, Steve Jobs foi diagnosticado com um câncer raro. Descoberto no início, mas Jobs se negou a fazer a cirurgia e optou por fazer tratamentos alternativos. Durante nove meses adiou a cirurgia, que só foi realizada em 2004, para remover um tumor no pâncreas.

Em 2009, sua saúde estava fragilizada, ele emagreceu muito. Em um e-mail enviado aos funcionários, Jobs revelou: “problemas de saúde são mais complexos do que se pensava”.

Steve Jobs faleceu em Palo Alto, Califórnia, Estados Unidos, no dia 5 de outubro de 2011.Durante a madrugada da sua morte, fãs se reuniram em frente à loja da Apple, em Nova York. No local, diversos de veículos da imprensa americana se posicionaram para transmissões ao vivo. Lojas da Apple em diversas cidades do mundo também foram palco de homenagens. Recebeu homenagens também à parte do universo tecnológico, como a homenagem que recebeu do presidente americano, Barack Obama.  Na China, dezenas de admiradores se reuniram nas lojas da marca em Pequim e Xangai para homenagear o cofundador da Apple. “É o melhor professor que tive nesta vida”, afirmava na porta de uma loja de Pequim o engenheiro de software Jie Bing, enquanto outros admiradores deixavam junto à entrada flores, mensagens de carinho e outras homenagens.

Alguns críticos argumentaram que Steve Jobs nunca inventou nada. Como dito por Christopher Peterson: Eu peço desculpas, mas não concordo. Ele inventou o século 21 e fez do seu jeito. E o caminho dele se tornou o nosso. Se a vida de Jobs não se conforma com os pronunciamentos da psicologia positiva sobre uma vida boa e feliz, então são nossas teorias que precisam mudar e se expandir e – ouso dizer – se tornarem mais perfeitas”.

REFERÊNCIAS: STEVE Jobs, Wikipedia, 2018. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Steve_Jobs/>. Acesso em 06 de out. de 2021.

LEARNING from the life of Steve Jobs, Psychology Today, 2011. Disponível em: <https://www.psychologytoday.com/us/blog/the-good-life/201112/learning-the-life-steve-jobs>. Acesso em 06 de out. de 2021.

STEVE Jobs – empresário americano, E-biografia, 2020. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/steve_jobs/ >. Acesso em 08 de out. de 2021.

PSICOLOGIA Positiva: o que é, importância e como aplicar?, FIA – Fundação Instituto de Administração, 2020. Disponível em: <https://fia.com.br/blog/psicologia-positiva/>. Acesso em 08 de out. de 2021.