Ao longo dos anos tenho feito várias pesquisas com o público de nosso grupo (Saúde Mental) a respeito da medicação e seus efeitos. Observei vários integrantes impacientes com o desgaste emocional que causa a dependência química dos remédios além de se frustrarem pela ineficácia desses. Após anos sendo medicados, desistiam do tratamento por acreditar que não pudessem melhorar.
Baseando-me sempre na pesquisa de Andrew Solomon (na qual este diz que transtornos mentais são 20% filosóficos e 80% genéticos), pergunto sobre a família do paciente, procurando saber se existe algum outro caso de doença mental conhecido.
Leia-se como filosofia, experiências e traumas, reais ou fictícios.
A realidade é una, estamos mais evoluídos na psiquiatria do que há 50 anos atrás e muito atrasado pelo que virá nos próximos 50 anos. Medicações novas e aparentemente milagrosas tem sido testadas, um exemplo é como a cetamina que promete curar a depressão em uma hora.
Então qual é o parâmetro para escolha da medicação e por que não está fazendo efeito? Lembre-se: cada organismo, lida de uma maneira diferente frente à uma medicação. Os psiquiatras em geral começam com as dosagens mais baixas dos medicamentos mais comuns. A ideia é que o medicamento faça efeito em 15 dias e após o retorno, o paciente relate alguma mudança que possa favorecer seu tratamento.
Porém há casos em que o paciente toma por mais de anos o mesmo medicamento e não obtém os efeitos esperados, principalmente em casos de depressão. Pessoalmente, após dez psiquiatras pude conseguir fechar meu diagnóstico como bipolar, e então algo: a farmácia inteira foi testada em mim. Psiquiatria vive de chute e acerto, mas acerta. Se seu remédio não faz efeito, fale ao seu médico sobre a possível troca, fale sobre as dosagens, converse sobre seu tamanho e peso, para que seu aquele possa ajustar a dosagem correta de acordo com seu físico. O importante é não pare de tentar. Por mais complicado que seja seus tratamentos e os efeitos colaterais desse, o conforto que procura está ao alcance de seus dedos.
Um erro comum é acreditar que o oposto da depressão é a felicidade. Errado. A depressão é a falta de vitalidade, como por exemplo levantar da cama e realizar tarefas rotineiras. A felicidade e a tristeza são apenas estados de espírito momentâneos, passageiros.
A depressão é mais comum do que parece, uma em cada cinco pessoas a possui, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o que pressupõe que 25% do mundo tem depressão, sendo essa a doença mais incapacitante da atualidade, ao lado da síndrome do pânico.
O que destila essa pesquisa são as condições sociais do sujeito, ou seja, o índice da depressão em indigentes é maior do que em outras classes, pouco tratado por ser pouco observado. Relaciona-se, através do preconceito, a condição da pessoa (de morar na rua por exemplo) com seu estado de humor deprimido. Leia-se “sua vida é um lixo e por isso você se sente como um lixo.”
Em contrapartida, isso não se vê em classes médias e altas, pois um novo tipo de preconceito iminente vem à tona. Quando em condições melhores, o fato de estar em depressão significa, para ignorantes, que a pessoa é mal-agradecida ou carente. “Se você tem tudo, por que age e se sente assim?”
A depressão não escolhe indivíduos, ela existe. E deve ser tratada.
Não se sabe por onde começa. Pode ser súbita, como pode demorar. Eu fui diagnosticado aos 16, mas conheço pessoas diagnosticadas com 49. Independente do quando ela aparece, deve ser tratada com fármacos e auxílio terapêutico para assim, obter-se o efeito desejado: sua remissão.