Violência é um aspecto inerente à natureza humana – (En)Cena entrevista Hellen Reis

O (En)Cena entrevista a Psicóloga Hellen Reis que irá abordar os “Arquétipos da violência nos contos de fada” em minicurso.

Durante os dias 21 a 25 de agosto de 2017, semana em que se comemora o Dia do Profissional de Psicologia, o Caos – Congresso Acadêmico de Saberes da Psicologia– será realizado no Ceulp/Ulbra e contará com uma série de atividades que irão se debruçar sobre um dos temas mais emergentes da contemporaneidade, a violência. Temas como ‘Manejo clínico de vítimas de violência doméstica’, ‘Violência no Trânsito’, ‘Prevenção ao Suicídio e automutilação’, ‘Violência nas redes: em que momento nos tornamos tão insensíveis ao outro?’, ‘Alienação Parental no contexto sociojurídico’, ‘Violência e Sofrimento Psíquico no Trabalho’, Arquétipos da violência nos contos de fada’ e ‘Mídia, Corpo e Violência’ serão alguns assuntos abordados, dentro de uma programação que envolve aproximadamente 30 atividades.

Uma das palestrantes confirmadas no evento é a psicóloga Hellen Reis Mourão. Ela é analista Junguiana e especialista em Mitologia e Contos de Fadas. Atua como psicoterapeuta, professora e palestrante de Psicologia Analítica e Contos de Fadas em São Paulo e Rio de Janeiro. Criadora do Blog Café com Jung e colaboradora do Portal (En)Cena – A Saúde Mental em Movimento. Abaixo, Hellen concedeu uma entrevista para o portal (En)Cena. Confira.

Hellen Reis Mourão. Foto: arquivo pessoal

(En)Cena – Quais os arquétipos que estão associados ao fenômeno da violência?

Hellen Reis – A violência é um aspecto inerente à natureza humana. Podemos associar a violência com algumas imagens arquetípicas presentes na Mitologia e nos contos de fadas.  O Deus grego Ares, representa a violência, os impulsos agressivos irrefreados e a sede de sangue. Nos contos de fadas temos a violência presente como temática nas bruxas que tentam assassinar as princesas, ou devorar os heróis. Todos representam a agressividade e violência presentes em cada ser humano.

(En)Cena – Em sua opinião, este tema – violência -, apesar de ser algo recorrente no Brasil – um dos países mais violentos do mundo -, recebe o tratamento devido dentro da Psicologia?

Hellen Reis – A sociedade como um todo precisa olhar e dar um tratamento melhor para esse tema, pois a violência é um aspecto sombrio da sociedade, que foi reprimido. Todo aspecto sombrio que não tem o seu lugar na consciência age de forma descontrolada e primitiva.A Psicologia precisa começar a olhar para essa sombra coletiva, ou seja, os aspectos coletivos que foram suprimidos da consciência coletiva e que necessitam ser reintegrados.

(En)Cena – Quais as formas mais comuns de violência enfrentadas por seus clientes/pacientes, no setting terapêutico?

Hellen ReisO bullying, a violência sexual contra a mulher e a violência contra o homossexual.

(En)Cena – Qual será a tônica de sua palestra?

Hellen Reis – A tônica será o olhar sobre a sombra coletiva do homem ocidental!

(En)Cena – O que a Psicologia tem que avançar, para que a temática ganhe destaque nas rodadas de produção de conhecimento?

Hellen Reis – Avançar no olhar do homem moderno que se afastou de seus instintos. Olhamos para o instinto sexual e agora precisamos olha para o impulso agressivo sem sermos dominados por ele e nem reprimi-lo. A violência é um dos aspectos da psique humana e está presente na vida desde épocas remotas. Perdemos os ritos de iniciação e rituais sagrados onde se encarava a violência de frente, com isso vamos precisar de novas formas de contatarmos nosso instinto agressivo e assim ? Canaliza-lo.

Por que Caos?

A subversão de conceitos aparentemente fechados é uma das marcas das mentes mais invejáveis de todos os tempos. E pensar de forma subversiva é também quebrar com a linearidade das considerações pré-concebidas. Assim, resignificar e despir as “verdades” são a tônica de toda a produção científica, de toda a produção de saberes. Caso contrário, não se estaria produzindo ciência, mas, antes, dogmas.

A palavra CAOS, neste contexto, ganha especial sentido, já que remete à possibilidade do princípio da impermanência e da criatividade. A Física diz que é do princípio do CAOS que surge parte dos fenômenos imprevisíveis, cuja beleza se materializa na vida que se desnuda a todo instante.

É neste sentido que, também, para a Psicologia, o CAOS possibilita pensar sobre uma maneira de enxergar o Ser para além de rótulos ou de concepções a priori. Este microcosmo humano que é objeto de escrutínio do profissional de Psicologia guarda uma gama de imprevisibilidade e de originalidade que representam a própria riqueza da existência. Afinal, pelo CAOS pode-se iniciar intensos processos de mudanças, autossuperações e singularidades. É pelo princípio do imprevisível e do radicalmente distinto que se vislumbra a beleza da diferença. Estas são, em súmula, as bandeiras da Psicologia, área da ciência calcada essencialmente no Humanismo, que busca elevar a condição humana em toda a sua excentricidade, sem amarras, sem julgamentos. Esse é o princípio do CAOS, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia do Ceulp/Ulbra.

Mais informações:

Coordenação de Psicologia: Irenides Teixeira (63) 99994.3446
Assessoria do Ceulp/Ulbra: 3219 8029/ 3219 8100

Inscrições: http://ulbra-to.br/caos/

Psicólogo. Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT). Pós-graduado em Docência Universitária, Comunicação e Novas Tecnologias (UNITINS) e em Psicologia Analítica (UNYLEYA-DF). Filósofo, pela Universidade Católica de Brasília. Bacharel em Comunicação Social (CEULP/ULBRA), com enfoque em Jornalismo Cultural; é editor do jornal e site O GIRASSOL, Coordenador Editorial do Portal (En)Cena.