Estágio em Ênfase Hospitalar: experiências de uma estudante de psicologia

15/08/2016

Primeiro dia em que entrei na UCI, primeiro dia em que vi a vida de uma maneira tão incomum, a vida tangenciando a morte, a vida em sua etapa final, a vida ressignificando outras vidas de maneira tão própria e única. Embalados pelo som (bip… bip, bip) dos aparelhos, vi pacientes que carregam uma história, com personagens importantes, e, no entanto, estão totalmente dependentes e a mercê do cuidado do OUTRO, o outro que não é família, que não é amigo, mas o OUTRO que é ser humano e portador da mesma matéria-prima, a natureza. O OUTRO cuida, zela e luta junto com o sujeito pela melhor condição de vida, dentro do possível.

Impossível não se deparar com histórias que, de certa forma, também são suas. Revivi algumas tristezas e como foi difícil segurar o choro e a vontade de abraçar e acalentar os familiares que ouviam notícias tristes sobre seus amados. A expectativa e vontade de ajudar só crescem dentro de mim.

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Fonte: http://migre.me/vwPp3

29/08/2016

O Hospital Geral de Palmas passa por um momento muito complicado e de completo caos, a ponto de existir manifestações no próprio hospital e de faltar recursos básicos como comida, luvas, álcool em gel e outros materiais. Foi nesse cenário de calamidade que percebi a necessidade de uma conduta criativa para lidar com a situação. Vi quanto amor os profissionais demonstram por seus trabalhos, chegando até a “tirar do bolso” para não fragilizar ainda mais a situação de pessoas e familiares que estão em sofrimento pela hospitalização.

31/08/2016

O clima estava pesado porque havia uma iminência de morte e os familiares se revezavam para se despedirem de alguém importante em suas vidas. Ficamos próximas para suporte à família, caso nossa ajuda fosse solicitada.

O choro de desespero pelo sofrimento de perder alguém, ainda é e acredito que será por muito tempo, a situação que me evoca ao choro também. Sei que é preciso equilíbrio para se manter firme o suficiente como suporte de ajuda psicológica, mas esse sofrimento de compaixão me deixa feliz pelo fato de não perder de vista o que há de sensibilidade humana em mim.

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Fonte: http://secom.to.gov.br

14/09/2016

Hoje foi muito especial. Uma mulher, familiar de um homem que faleceu na UCI, foi muito gentil ao agradecer pelo serviço prestado pela equipe de psicologia. Foi um momento inspirador que me trouxe um sentimento de gratidão por ter a oportunidade de ajudar pessoas em sofrimento. Foi emocionante e, cada vez mais, percebo-me como uma psicóloga hospitalar.