(Re)pensando a Saúde Mental

O termo saúde segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos remete a um estado de completo bem-estar, que pode ser físico, mental e social, que não representa apenas a ausência de doenças ou enfermidades. Entende-se que este conceito de saúde recebeu inúmeras críticas, por ter um significado irreal, no qual as diversas limitações humanas e ambientais fariam o estado de completo bem-estar impossível de ser alcançadas (GAINO et al., 2018).

No que tange à Saúde mental, percebe-se que por muito tempo o discurso psiquiátrico prevaleceu, que a entendia como oposta à loucura. A ideia era de que a pessoa com algum transtorno era “louca” e que a mesma não teria discernimento para gerir sua vida, como se suas crises ou sintomas fossem contínuos (GANIO et al.,2018).

Fica evidente que as críticas recebidas em torno do tema saúde resultaram em discussões sobre o novo paradigma de “Saúde” que passa a ser vista como produção social, com base na abordagem da medicina preventiva e da saúde integrativa. O conceito foi revisado e discutido principalmente na 8° Conferencia Nacional de Saúde (1986), gerando um movimento que buscava a desinstitucionalização deste termo, provocando mudanças na forma de pensar sobre as concepções de saúde mental, embasadas no movimento da Reforma Psiquiátrica (AREND et al .,2017).

Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social – AUTOSSUSTENTÁVEL

Em 2017, a Organização Mundial de Saúde – OMS define saúde mental como um estado de bem-estar onde o indivíduo percebe suas habilidades, lidando com os estressores do cotidiano, podendo trabalhar com produtividade e sendo capaz de contribuir positivamente para a comunidade. Percebe-se que o termo ‘’bem-estar’’ está presente na definição da OMS tanto para o conceito de saúde, quanto para saúde mental.

A ausência de saúde mental pode comprometer diversas áreas da vida do indivíduo, tais como: esfera profissional; esfera afetivo relacional; pode envolver as condições do corpo, influenciando a qualidade do sono, apetite, a motivação do dia-a-dia e também hábitos e estilo de vida; pode afetar padrões de comportamento, de pensamento e de interações sociais (MORAIS et al., 2012).

Durante nossa rotina, a saúde mental acaba sendo pouco compreendida – por vezes nem mesmo é percebida – devido a seu caráter invisível, ou seja, ela não é tão óbvia quanto algumas limitações físicas que nós podemos apresentar. Isso faz com que as pessoas criem expectativas irrealistas sobre a forma como a saúde funciona e as formas de cuidar da saúde mental, ou de como lidar com o sofrimento humano (GAINO et al.,2018).

Segundo Amarante (2007), para além de como nos sentimos e experienciamos os acontecimentos da vida, saúde mental também é área do conhecimento, que diz respeito ao estado mental dos sujeitos e das coletividades. Percebe-se também que nesse contexto de saúde mental, o paciente, a família e os profissionais são os maiores provedores de cuidado. E isso exige que haja articulação entre os serviços de saúde que contém os diferentes os diferentes níveis de atenção (CARDOSO; GALERA, 2011).

Cardoso e Galera (2011) postulam que o cuidado em saúde mental não se limita apenas em reduzir as internações ou controlar os sintomas. Este cuidado atualmente envolve questões sociais, pessoais, emocionais e financeiras, têm relação com a convivência e com o adoecimento mental. Ou seja, é melhor compreender a saúde mental, quebrando suas barreiras ao cuidado digno dessas pessoas adoecidas.

Referências

AMARANTE, Paul. Saúde Mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.

AREND, Josi; GABBI, Patrícia; CASAROTTO, Veronica Jocasta. Saúde mental brasileira: sua história, desafios e potencialidades. 2017 Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd228/saude-mental-brasileira-sua-historia.htm Acesso 17 março de 2021.

CARDOSO, Lucilene; GALERA, Sueli Aparecida Frari. O cuidado em saúde mental na atualidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 45, n. 3, p. 687-691, 2011.

GAINO, Loraine Vivian et al. O conceito de saúde mental para profissionais de saúde. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português), v. 14, n. 2, p. 108-116, 2018.

MORAIS, Camila Aquino et al. Concepções de saúde e doença mental na perspectiva de jovens brasileiros. Estudos de Psicologia (Natal), v. 17, n. 3, p. 369-379, 2012.

Organização Mundial da Saúde. Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) – 1946. 2017.