Tá, mas e agora? Sobre se formar em Psicologia durante a pandemia

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Meu nome é Giovanna Gomes, eu tenho 22 anos e já estive em mais lugares do que eu pensei que estaria. Já morei em quatro das cinco regiões do país, e estudei ao todo em treze instituições de ensino (somando o ensino regular com a universidade).

Nada disso me preparou para me transferir para um estado do qual eu nunca tive, em uma faculdade em que eu não conhecia ninguém presencialmente. Mudei-me para cá no segundo semestre de 2020, e estou atualmente no 9º semestre. Quando você estiver lendo isso, talvez eu esteja até formada.

As salas de aula são ocupadas por e-mails, usuários com fotos de anime, fotos deles mesmos, ou até mesmo sem nenhuma foto. No meio de uma pandemia em que não podemos ter contato, o contato que era tão necessário para que eu pudesse me sentir integrada não existiu. Formar grupos é algo que só aumenta a sensação de estranheza. Não sei se a forma de trabalhar e desenvolver as tarefas de cada pessoa funciona, então é quase como uma roleta russa. Não conheço a aparência de grande parte dos alunos, não consigo associar o rosto aos nomes com facilidade, não sei como eles gostam de se expressar, qual a sonoridade da voz de grande parte deles.

Fonte: encurtador.com.br/gCHLS

Vou me formar sem nunca ter pisado na faculdade. Vou ter habilidades, conexões sociais, boas o suficiente para conseguir um emprego após a formação? Algum colega do qual eu me dou bem está pensando em abrir um consultório compartilhado? Não faço ideia. Estou assustada? Com certeza.

Mas a vida é sobre jornada, sobre momentos.

Tive sorte que outros alunos em situações similares não tiveram. Em Junho de 2021 tive a oportunidade de me tornar estagiária no SEPSI – Serviço Escola de Psicologia, e aceitei de todo o coração. As meninas de lá me acolheram, me ensinaram, me abraçaram em toda a minha confusão e medo. É por causa delas que tenho a oportunidade de conhecer parte dos alunos que fazem estágio em ênfase clínico, que estão na mesma jornada que eu.

Os nomes, os usuários, agora têm rosto. Sim, ainda tenho o medo existencial de me graduar, eu acho que ele nunca nos deixa completamente. Mas é maravilhoso saber que não estou sozinha.

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Adaptação ao novo normal – O desafio de formar na pandemia

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Um dos grandes desafios que todo o mundo está enfrentando com certeza é a pandemia pelo coronavírus. Além de trazer uma nova realidade e um novo “normal”, tivemos que aprender a conviver com a distância, descobrir novos talentos e também nos reinventarmos diante deste novo cenário.

Como estudante de Psicologia, foi um grande susto vivenciar um fato como este, já estudamos várias pandemias que aconteceram no decorrer dos séculos e décadas, mas nunca esperei que eu pudesse viver algo do tipo. Inicialmente seria apenas uma quarentena, que começou a se estender por dois, quatro, seis meses e depois um ano.

Inicialmente quando as aulas pararam me senti assustado e sem saber o que poderia acontecer, mas a esperança de que as aulas voltassem e tudo normalizasse estava presente. Tivemos que nos adaptar a um novo contexto, as aulas não poderiam voltar de forma presencial e, portanto tivemos que aderir ao modelo de ensino remoto.

Fonte: Pixabay

No primeiro foi um pouco estranho, muitos colegas não conseguiram se adaptar e até trancaram o curso para esperar o retorno das aulas presenciais. Este retorno a cada semestre era adiado e então não tivemos escolha, a não ser nos adaptar a isto.

Cheguei ao último ano de curso e vi vários colegas que se formaram na modalidade online e foi tudo diferente. O sonho de estar no auditório com a família, amigos e a emoção comovendo todos, deu lugar a uma tela de computador onde tudo era transmitido através de uma videochamada.

Sinto-me privilegiado de mesmo diante deste cenário poder ter a oportunidade de continuar estudando e contribuindo para o meu sonho de me tornar um psicólogo. Mesmo tendo que me adaptar, eu me sinto confiante de não ter desistido. Não foi fácil, as aulas remotas muitas vezes eram pesadas e cansativas e chegava a pensar se estaria mesmo aprendendo.

Fonte: encurtador.com.br/gruI7

Com o avanço da vacinação, fico mais alegre de ver que as matérias de estágios voltaram de forma presencial, mas tenho muitas saudades de andar pelos corredores da Ulbra, encontrar os amigos, professores, dividir uma sala de aula, reclamar do frio do ar condicionado e vivenciar a experiência de estar em uma sala de aula. Ainda não é o momento de voltarmos ao total, mas a alegria de ver que as pessoas estão conseguindo ficar imunizadas, me deixa mais tranquilo de fazer a minha parte tomando todos os cuidados.

Com o início do estágio, essa confiança retornou com mais força e me sinto mais próximo de alcançar o meu objetivo. Confesso que ainda tenho a esperança de que quando for a minha vez, eu esteja no auditório para conseguir me formar. Acredito que o grande êxito da faculdade além de poder exercer a profissão, é ver as pessoas que amo celebrando comigo a vitória de conseguir finalizar uma parte da vida acadêmica, pois sei que um psicólogo nunca deve parar de estudar.

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Vida acadêmica: da expectativa ao enfrentamento de dificuldades

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Josélia ingressou na faculdade no ano de 2014, com 39 anos de idade, havia concluído o ensino médio há mais ou menos 20 anos. Não obstante a mesma já tinha iniciado outros dois cursos superiores, mas não havia dado certo. Iniciou a faculdade de Psicologia com muitas expectativas, sonhos, como se estivesse indo para escola pela primeira vez. Josélia, além de ser acadêmica, era filha, mãe de dois filhos de 22 e 12 anos, esposa e empreendedora. Cursar Psicologia naquele momento era uma realização pessoal de muito, muito tempo atrás, um sonho que não foi possível realizar antes, mas agora tinha investimento, recursos e talvez tempo para arriscar a realizar este sonho.

Logo no primeiro semestre se deparou com uma disciplina muito complexa para quem há tanto tempo permaneceu afastada dos estudos. Foi neste momento que ela teve sua primeira frustração e desencanto, pois o seu rendimento acadêmico não foi um dos melhores, uma vez que sua nota foi baixíssima por ter dificuldade de assimilar o conteúdo e compreendê-lo. Para ela, a única explicação, foi o fato de ter passado tanto tempo acomodada no que tange aos estudos, mas afinal, quem sabia da sua história mais do que ela mesma? A resposta seria: “Naquele momento, apenas ela!”.

Logo após ter recebido o resultado de sua primeira avaliação, Josélia sofreu bullying por parte de um dos professores, foi chamada de burra, não só uma, mas várias vezes pelo fato de não entender a matéria. Tal professor fazia questão de dar o “atestado de burrice” a qualquer aluno(a) que demonstrasse falta de entendimento na sua disciplina. Josélia ficou estarrecida e volta e meia se questionava, como uma instituição de ensino daquele porte, com professores renomados, num curso de Psicologia, poderia ter esse tipo de comportamento?

Fonte: encurtador.com.br/cnFMQ

O que ocorreu naqueles primeiros momentos marcou profundamente a vida acadêmica e pessoal dela, seu sofrimento foi tanto que pensou em desistir. Certo dia, ao chegar à sua residência, trancou-se em um dos quartos e chorou descompassadamente como criança. O sentimento dela era de que o seu mundo havia desmoronado, o seu sonho havia se tornado um pesadelo. E não era apenas a pressão acadêmica que gerava sofrimento a ela, mas os vários papéis que tinha de desempenhar, como ser mãe, ser trabalhadora, ser esposa.

Infelizmente, ela se sentia só e não tinha uma rede de apoio suficiente para ter melhores resultados acadêmicos e se dedicar o suficiente aos estudos, como queria. Percebeu então que carecia de outros recursos além dos financeiros para poder se formar, como tempo para estudar e se dedicar.

 Seus familiares não entendiam o que havia acontecido, pois ela não tinha coragem de falar por vergonha de dizer que fraquejou, pelo baixo desempenho e pela vergonha que passou perante todos seus colegas de disciplina. Talvez eles nunca se dessem conta do quão imenso foi o sofrimento causado na vida dela. O mais doloroso foi ter que retornar às aulas como se nada tivesse ocorrido, mesmo ciente de que as mais profundas marcas de dor e tristeza não eram visíveis exteriormente, mas interiormente nela.

Fonte: encurtador.com.br/tFTZ5

É importante destacar que essa pressão, o excesso de demandas acadêmicas, às cobranças constantes da rotina universitária fizeram com que Josélia desenvolvesse sintomas que nunca sentiu antes, identificados por ela como reações psicossomáticas. Tristeza constante, paralisação, procrastinação, ansiedade excessiva, falta de confiança, baixa autoestima foram alguns dos sintomas que ela começara a desenvolver depois dessa experiência e de outras semelhantes.

Josélia após se dar conta de que sua longa caminhada estava apenas iniciando decidiu passar por cima de toda aquela dor para tentar ser melhor e mais forte. Assim o fez e mesmo com pouco apoio e se esforçando sozinha, vieram às avaliações, ela deu o máximo de si e conseguiu recuperar sua nota e ser aprovada no final. O mesmo professor que a humilhou perante todos, reconheceu os seus esforços e mudou seu posicionamento e sua percepção em relação à sua “burrice” no passado. A partir desse ocorrido, ela tornou-se uma nova estudante, mais dedicada, porém também, mais retraída.

Contudo, mesmo que ela tenha superado essa experiência, sequelas ainda permaneceram ao decorrer da trajetória acadêmica, pois outra situação semelhante a essa acabou passando. Um exemplo disso foi quando ela passou por procedimentos intensos de saúde para tratamento de hanseníase e mesmo passando mal por conta disso foi assistir aula. Na sala de aula, passou mal, chegando a evacuar na roupa por ter perdido o controle do esfíncter decorrente da dor no estômago que sentia e dos efeitos colaterais do tratamento (poliquimioterapia), após isso desmaiou. Após acordar, várias pessoas estavam ao seu redor juntamente com a professora.

Fonte: encurtador.com.br/vwPZ2

O tratamento da professora quanto a esse ocorrido foi bastante frio, distante e robotizado, como se fosse um procedimento automatizado e mecânico. Não se direcionou empaticamente a estudante, era como se a acadêmica fosse culpada por atrapalhar e interromper a aula (essa foi a visão dela e de muitas outras colegas diante da forma como a professora reagiu naquele momento). Durante esse período percebeu que já estava passando dos seus limites físicos, psicológicos e emocionais e que estava totalmente esgotada, mas pretendia continuar mesmo assim.

Ao decorrer dos semestres, Josélia percebeu que a rotina acadêmica exigia muito esforço e, portanto, é um cenário que pode ser desencadeador de adoecimento psíquico, e não era nada do que imaginava no começo. Mesmo passando por decepções dentro da faculdade, ela viu também outras vantagens, como enxergar a realidade em uma percepção diferente e até mais apurada da realidade a partir do aprendizado de conteúdos relacionados ao curso que escolheu.

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Passe em concurso militar em 2020

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Muitas pessoas sonham em passar em concursos militares. Com o começo de ano e novas metas estabelecidas, esse período é o ideal para tirar os projetos do papel e buscar realizar seus objetivos. Muitas dúvidas sobre preparação, vantagens da carreira militar e principais características de editais surgem durante o período de escolha de qual curso fazer. Porém, é importante se manter motivado e focado nos seus objetivos para alcançá-los.

Um dos motivos que levam muitos jovens a buscar a carreira militar é por conta da preocupação com a estabilidade financeira num país com mais de 13 milhões de desempregados. Por exemplo, quando a pessoa entra no militarismo estudando, ela já ganha auxílio. A pessoa estuda já com a certeza que vai conseguir sua estabilidade, seu emprego, bons salários. Os jovens trocam uma parte da vida se dedicando aos estudos, em troca por uma vida inteira bem em sentido financeiro.

As vantagens da carreira militar são a estabilidade, o salário e o plano de carreira, que automaticamente a pessoa vai crescendo conforme o tempo vai passando, e ainda a aposentadoria com o salário integral. Por exemplo, os militares são os que vão sofrer menos na nova reforma da previdência.

Além de receber o auxílio para estudar, ela ainda tem à disposição plano de saúde, plano odontológico, atividades físicas e intelectuais. E quando a pessoa se forma, a tão sonhada estabilidade, plano de carreira, crescimento na força militar. Isso tudo cria um grande diferencial.

Fonte: encurtador.com.br/mrwY1

A preparação antecipada é importante para qualquer o concurso, principalmente para quem deseja entrar numa carreira militar com as provas de 2020. Vale ressaltar que alguns concursos militares anteciparam seus cronogramas, o que reforça a necessidade de começar logo os estudos. Por isso, inicie o quanto antes a preparação.

Além disso, é essencial que se conheça bem o edital, pois ele é o norteador para os candidatos. Portanto, baixe o edital, estude-o e conheça-o a fundo. A prova militar é muito forte por ser “conteudista”. Por exemplo, para oficiais, cobra-se muito matemática, português, física, inglês, como são os casos da Academia da Força Aérea (AFA) e da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM).

Já na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) entram essas disciplinas, além de história, geografia, química e literatura. No caso dos sargentos, tem a Escola de Sargentos das Armas (EsSA) e a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EAAR), que é bem abrangente. Por serem conteudista, eles cobram bem o edital da prova.

Outro diferencial no sucesso do aluno é a organização e o planejamento. Sempre destaco a importância de se conhecer as matérias da prova. Muitas das vezes, a pessoa começa a estudar sem planejamento, estudando de qualquer jeito. O aluno fica horas numa mesma matéria e esquece do conteúdo do concurso no geral.

Fonte: encurtador.com.br/iKNU8

Com o planejamento, a pessoa pode conseguir ter tempo para estudar as outras matérias do edital. Outro benefício de conhecer o edital, você vai saber onde deve focar sua atenção. É importante também fazer os mapas mentais. Essas técnicas vão ajudar o aluno a sair lá na frente.

Além dos estudos, a resiliência sempre será a grande companheira dos alunos. Geralmente, a vontade de desistir é grande, principalmente quando começa a estudar conteúdos mais pesados e complexos de concursos. A pessoa começa a ver a quantidade de vagas e relação candidato/vaga, começa a ver o tempo de prova, a média do último concurso. Com isso começa a bater a insegurança.

Para combater isso, é fundamental a automotivação. É entender que você pode e que a oportunidade é para você. Por esse motivo, tenha em mente que você só precisa de uma vaga, que você está dando o seu máximo e que você vai conseguir.

Lembre-se que não adianta, por exemplo, ficar atacando vários concursos. É preciso ver a idade da pessoa, qual concurso pode fazer. No máximo, faça um ou dois concursos que tenham a mesma característica. Por isso, foque no seu concurso, no seu desejo e conquiste a tão sonhada vaga.

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A espetacularização e o culto ao corpo na contemporaneidade

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A época em que vivemos caracteriza-se por uma sociedade cujos integrantes, em parte, estão bastante preocupados com seus corpos. Para sentir-se bem, é necessário ter o padrão de beleza considerado bonito e ideal. Os valores que antes eram importantes para a construção da identidade do indivíduo, são agora substituídos por padrões estéticos. Não é preciso mais ter cultura, ideologias, crenças, se você tiver um rosto perfeito, um cabelo bonito e um corpo escultural, é possível observar o deslocamento da moral. Caracterizamos aqui a personalidade somática do nosso tempo.

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O documentário “Tabu: cirurgias Plásticas” apresenta-nos ações praticadas pelos indivíduos na busca desse ideal de beleza. Quando falamos em atingir uma identidade corporal, falamos em “Bioascese”. É grande o número de pessoas que não estão satisfeitas com seus corpos, e que, portanto, estão fazendo tudo para alcançar o “corpo ideal social”, aderindo a cirurgias plásticas, rotinas de academia intensas, dietas rigorosas, produtos de estéticas, enfim, estilos de vida que possam propiciar um padrão aceitável para a sociedade homogeneizada.

Ter uma boa aparência se tornou sinônimo de sucesso social. Aqueles indivíduos que não se enquadram nesse novo e “único” modelo de vida passam a ser e sentirem-se excluídos e inferiorizados pela “massa dominante”. É importante destacar que no decorrer desse processo de adequação social estético, o núcleo da identidade do indivíduo vai sendo atingido e deteriorado cada vez mais. A preocupação em ser aceito é tão grande, que todas as outras faces que poderiam ser desenvolvidas e melhoradas são deixadas de lado, desinvestidas literalmente.

As consequências do ideal de corpo perfeito sobre a autoestima e a autoimagem dos indivíduos

Entende-se por autoestima, a auto-aceitação ou auto-rejeição que o ser tem de sua própria imagem. A autoimagem pode ser descrita como a percepção que o indivíduo tem sobre ele mesmo, e sobre os retornos referentes aos seus sentimentos e ações nas relações interpessoais por ele estabelecidas. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).

A aparência pessoal está intimamente ligada com a satisfação ou insatisfação da pessoa. Quando existe a satisfação com a aparência, a pessoa se gosta, se aceita, e ela só quer manter a sua auto-estima e auto-imagem, consequentemente a sua qualidade de vida. Quando existe insatisfação, a pessoa busca incansavelmente recursos da estética e nunca está contente com ela mesma, quando deveria tratar o seu interior. Nos dois casos, tanto da satisfação quanto da insatisfação pessoal, a pessoa busca pelos recursos da estética. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010, p.1)

Diante disso, nota-se a importância de se ter uma boa aparência na sociedade atual, já que além de estar interligada à uma boa auto-imagem e consequente auto-estima, também tem sido um dos fatores facilitadores no estabelecimento de novas relações sociais.Buscando então um corpo ideal e uma imagem satisfatória, muitos indivíduos se submetem a procedimentos cirúrgicos estéticos, à utilização de cosméticos e a prática de exercícios pesados em academias (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).

É válido ressaltar ainda a relação existe entre a auto-estima e autoconfiança, já que quanto maior for a autoestima da pessoa, maior será também a confiança que ela vai ter ao tomar suas próprias decisões. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).  Depreende-se então que na contemporaneidade, há uma busca por um corpo mais embelezado, decorrente da supervalorização de determinados padrões de beleza, estabelecidos pela própria sociedade. (SAMPAIO, FERREIRA, 2009).

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Fonte: http://migre.me/vpQ6u

O capitulo “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais” do livro Corpos Mutantes, apresenta informações sobre a potencialização e a grande expansão do uso da imagem como fenômeno de conquista de vários objetivos, dentre eles os esportes corporais como o boxe, o MMA e esportes fisiculturistas. É evidente que atletas precisam e utilizam do seu corpo como objeto para conquistas de competições e de campeonato, consequentemente eles utilizam de varias técnicas para o aperfeiçoamento da condição física, estética e funcional do corpo. No texto escrito por Claudio Ricardo e Silvana Vilodre “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficiente corporais” é retratado um pouco da história, bem como o desenrolar desse processo de potencialização corporal.

Há diferença na potencialização do corpo entre os atletas e pessoas amadoras. Os atletas buscam solidificação e resistência corporal, a fim de ter maior capacidade física, por exemplo, de levantar pesos, correr, saltar, entre outras modalidades, eles buscam apresentar maior condição física para executar os esportes com maior eficiência e qualidade. Já as pessoas amadoras buscam a prática de esporte como a musculação, apenas para um fim estético, raramente com exceções objetivando a saúde e o bem-estar. Portanto o desempenho e os ganhos entre as duas características são diferentes.

Dentro dessas performances afirma-se que “ainda que apanhar, bater e resistir, sejam atitudes vinculadas ao aprendizado pessoal do lutador e ao seu repertorio corporal, a preparação de seu corpo passa, também pela apropriação de conhecimentos tecnológicos e do nível de cientificização do seu treino” (NUNES, GOELLNER, 2007). Há portanto, um aprendizado corporal e significativo para a conduta do atleta, tanto dentro do ringue como fora dele. Esta preparação é capaz de mostrar ao atleta a capacidade de conseguir sofrer lesões; maior capacidade de suportar dores recorrentes de lesões devido ao grande esforço nos treinamentos; capacidade de adquirir maior resistência física, corporal e também psicológica; capacidade lhe dar com a pressão do esporte, do treinador, das dores constantes, do campeonato, do seu adversário.

Na construção muscular é apresentado diversas técnicas de aprimoramento no ganho de força e resistência física, objetivando a construção corporal do atleta lhe dando uma “identidade” como é o atleta dentro do esporte, se é forte o bastante para vencer uma possível lutar, a genialidade de utilização de técnicas, golpes, se seu corpo é tão esteticamente perfeito afim de intimidação, que se certa forma ele consiga “ostentar” com sua capacidade física, motora, técnica e corporal de atleta. Afirmam também que o confronto visual dos atletas antes da luta gera e expressam nos atletas atributos como força, concentração, fibra, coragem e destemor, sentimentos que na realidade eles precisam para conseguir derrotar o oponente e vencer a luta.

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Fonte: http://migre.me/vpPLQ

 O consumismo vem sendo uma marca registrada em todo o mundo, onde para ter o corpo desejado é preciso gastar com academias, suplementos, esteróides anabolizantes, personal trainner entre outros. O capítulo “o espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais”, tem como ponto de partida a forma como as pessoas se percebem em meio às outras:

A potencialização do corpo está na forma como percebemos nossas eficiências e deficiências mensuradas na contemporaneidade, através de nossa anatomia e contornos corporais. Julgamos a nós mesmos a partir de um referente corporal cuja  expressão primeira aproxima – se da potência, da jovialidade, da produtividade […] que marca os corpos a partir das performances cada vez mais aproximadas, demarcando sua aparição como um espetáculo a atrair e prender sobre si o olhar do outro. (NUNES, GOELLNER, 2007) 

Observa–se atualmente uma grande espetacularização do corpo, em prol da saúde, beleza ou por uma questão social. A mídia é um dos fatores sociais que vem exercendo grande influência na vida das pessoas, propagando um corpo a ser seguido e a ideia de que “somos o que aparentamos ser”.

Nota-se que na atualidade boa parte da juventude e adultos estão preocupados com a aparência física. Muitos passam a aderir a uma vida de alimentação saudável, frequentam academias e alguns usam o discurso que o faz em prol da saúde, mas na verdade seu objetivo real é o espetáculo do seu corpo. Esta espetacularização está presente em várias instâncias da vida das pessoas, como por exemplo nas redes sociais, como uma forma de propagação de seu desempenho.

Pensar, portanto, o esporte e a cultura física como instância sociais a produzir novas eficiências corporais significa analisar o quanto representações idealizadas de saúde, de beleza estética e de performance estão colaborando para designar, na atualidade, os corpos que não se ajustam a essas eficiências construídas por nossas culturas como sendo deficientes e, por consequência, hierarquicamente inferiorizados ante a expressão de tamanha perfectibilidade(NUNES, GOELLNER, 2007)

Diante de uma análise geral sobre o capítulo, sintetiza-se o seguinte: dois corpos que foram bastantes treinados, entram em uma disputa pelo espetáculo, espetáculo esse experimentado em forma de glória, que é proporcionado pela plateia.

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Fonte: http://migre.me/vpPYU

Os sujeitos fora do padrão de beleza dominante, são tachados como “doentes” mesmo que estejam em ótimas condições de saúde, apenas por terem outros tipos de beleza. A partir daí surgem os preconceitos, os desprezos, a falência da empatia, pelo outro que é diferente do resto. Toda essa compulsão por beleza traz sofrimento e frustração a todos nós. É triste perceber que de fato somos por “dentro” invisíveis, sendo o externo o que temos de mais importante e valorizado pelos outros.

REFERÊNCIAS:

Beleza, identidade e mercado. Psicol. rev. (Belo Horizonte) [online]. 2009, vol.15, n.1, pp. 120-140. ISSN 1677-1168. Acesso em: 08 set. 2016.

DANTAS, Jurema Barros. Um ensaio sobre o culto ao corpo na contemporaneidade. 2011. Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v11n3/artigos/pdf/v11n3a10.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

FLORIANI, Flávia Monique; MARCANTE, Márgara Dayana da Silva; BRAGGIO, Laércio Antônio. Auto estima e auto imagem: A relação com a estética. 2010. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/FlaviaMoniqueFloriani,MárgaraDayanadaSilvaMarcante.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

NUNES, Cláudia Ricardo Freitas; GOELLNER, Silvana Vilodre. O espetáculo do ringue: O esporte e a potencialização de eficiente corporais. In: SOUZA, Edvaldo. GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. 55-71.

SANTOS, Verônica Moura; MEZZAROBA, Cristiano. A percepção da imagem corporal: algumas representações de corpo na juventude. 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd182/a-percepcao-da-imagem-corporal-na-juventude.htm>. Acesso em: 08 set. 2016.

Tabu Brasil: Cirurgias Plásticas. Direção: Eduardo Rajabally. Coordenação de Produção: Luana Binta. National Geographic, 2013. 47’35. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7N9wVtONEMY>. Acesso em: 24 mar. 2016.

Fontes da imagem: <http://migre.me/vpP8K>, <http://migre.me/vpP9Q>, <http://migre.me/vpPam>.

 

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Os percursos do corpo feminino na contemporaneidade

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O presente ensaio tem como objetivo mostrar a corporeidade ilustrada pelo corpo feminino idealizado, incorporado, de moda mais comum, em elementos relacionados a juventude e ao vigor referente a um corpo levado aos limites da potencialização de força e beleza. No que se refere às estratégias discutidas sobre o corpo nos meios de comunicação em geral, são justamente homens, mulheres, jovens e urbanas, objetos preferenciais. No entanto, esse corpo “ideal” é complexo, vivendo e afirmando-se como pessoa, cada um está em um contexto social e cultural por vezes marcado pela corporeidade canônica.

Com isso, para análise desse corpo ideal deve-se levar em conta a cena midiática, incluído os discursos da televisão, os meios em massa, principalmente os especializados em publicidade, sobretudo aquela voltada para o público feminino, comumente ancorada na valorização da beleza, da juventude, da sensualidade e da boa forma física. Na corporeidade, o corpo canônico é caracterizado pelo recurso de práticas gerais com propósito de reconfigurar o biológico, diluindo todo e qualquer “defeito” que esse alguma vez já possuiu. Nas concepções filosóficas, Aristóteles definira o corpo como instrumento da alma, um corpo sem alma não tinha funcionalidade. A existência do corpo físico estava intimamente ligada à alma.

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Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=XbotrqucYCg

O período em que nos encontramos, a referência de corpo nada mais é do que uma autoafirmação, a busca exacerbada por algo inalcançável, mas algo que está a venda, algo manipulado, de certa forma ao alcance da última proposta da medicina plástica, a aquisição sem esforço pelo corpo canônico, diferentemente da proposta de Aristóteles. No decorrer do século XX, o conceito de corpo em todos os âmbitos socioculturais sofreu mudanças radicais. Segundo Lipovetsky, o individualismo contemporâneo é uma fonte inesgotável de intensas e novas necessidades. A atenção voltada para o seu corpo, em forma de protesto ou não, pode esconder a falta ou ausência de alguns pilares de sustentação como a família, religião, política e escola (GOLDENBERG, 2002).

“Pode se dizer que, de modo panorâmico, ao longo do século XX o corpo passa por três estatutos culturais básicos: o corpo representado, o corpo representante e o corpo apresentador de si mesmo’’ (FONTES, p. 79). O corpo, na atualidade fala por si só, o lindo, o belo, o escultural é o que representa a pessoa. Jovens e adultos de periferias acreditam que esse padrão é uma forma de inserção no meio da sociedade com poder aquisitivo superior a eles. Porém, o que tem acontecido nos últimos anos é a busca rápida e efêmera desse padrão de beleza, e para isso as idas às academias já não são mais suficientes, por isso os jovens recorrem as cirurgias, um meio rápido mas nem sempre eficiente de adquirir a boa forma.

Segundo Sant’Anna (1995, p.61): “(…). O corpo é um jogo de armar, suscetível a todos os arranjos de combinações insólitas com outros corpos, ou a experimentações surpreendentes”. O jogo de armar citado por Sant’Anna, é a triunfal cartada das cirurgias plásticas que proporcionam a imagem não alcançada com os esforços frustrados das horas passadas nas academias de ginástica. Aos nossos olhos, esse “fenômeno” que temos presenciado, parece recente, mas nem tanto. Esse movimento pelos corpos construídos tomou força após o movimento da contracultura e guerra fria em que essa geração estava desiludida com os acontecimentos mundiais, onde buscavam m mundo sem guerra, solidário e livre. Nasce então a cultura narcisista, de corpos esculpidos, cultura da massa, não da massa popular, mas da massa muscular.

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Fonte: http://www.fcnoticias.com.br/cirurgia-plastica-abdominoplastia/

Os corpos inflados tornam-se atração, não há olhares que resistam, nem mesmo aqueles que são críticos. Hoje não há distinção do feminino para o masculino, elas disputaram e ganharam também esse direito de ter o corpo “ideal” ou o corpo da “atualidade”. Tal corpo feminino que antes, na Idade Média, era a fonte do pecado ou determinado somente a procriar, tem hoje, o título de canônico, ideal ou perfeito. Vivemos em uma sociedade onde a buscar pelo “corpo perfeito” é uma prioridade essencial. Para que uma pessoa (em especial as mulheres) possa se encaixar nesta sociedade ela tem que passar por algumas mudanças que são impostas, são normas e regras tidas muitas vezes como injustas e desleais. A mídia e a indústria da beleza somam foças juntas para que esta idealização deste “corpo perfeito” seja vigente na sociedade.

As mulheres são o alvo principal desta busca frenética por beleza estética e intervenções cirúrgicas. A autora Malu Fontes faz uma análise e denomina este corpo tão idealizado como corpo canônico que seria um corpo que segue as regras de “perfeição” imposta pela sociedade e mídia. Pessoas que não se encaixam nestes atributos são intituladas de corpos dissonantes, não tendo assim uma boa aceitação do grupo social em que vivem; estes indivíduos sofrem, pois seus corpos servem de elemento de angústia, pois não consegue se colocar no mercado de beleza para servir de atrativo e espetáculo para uma sociedade marcada pelo consumo de estereótipos.

Há um alto consumo de bens e produtos para se ter um corpo desejável, propagandas veiculadas na TV ajudam que esta busca não cesse. A mídia tem feito propagandas a uma “ditadura” de que o corpo ideal é aquele com perfeita formação, sem defeitos naturais. Modelos com corpos esculturais são utilizados como um padrão para toda uma sociedade, tal ato se torna injusto, pois para se ter este “corpo perfeito” tem que estar atento a todas as mudanças deste modelo corpóreo. Segundo o livro Corpos Mutantes, ressaltar os padrões que hoje definem o corpo canônico da mídia, significa aceitar que tal modelo sofre alterações ao logo do tempo, e tais alterações são muitas das vezes difíceis de ser obtidas.

O corpo canônico é a versão mais sofisticada do body-building dos anos 80/90, ele é a construção a partir de todos os artifícios e recursos disponíveis, seja por medicamentos, inibidores e suplementos alimentares, alteres e horas exaustivas de malhação e até pelo recurso do bisturi. As mídias de massa tem empurrado uma grande maioria ao desejo de consumo, na busca do corpo perfeito. Tem se cultivado o narcisismo e elevado a busca de afirmação da autoimagem. “Assim, o sujeito busca sempre a estetização de si mesmo, transformada na finalidade crucial de sua existência” (BIRMAN, 2001, p.84).

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Fonte: http://segredosdomundo.r7.com/selfie-na-academia-e-sinal-de-problemas-psicologicos/

O corpo canônico é um corpo que é capaz de atender às necessidades exigidas socialmente,”nesse contexto, a mídia se destaca como instrumento fundamenta para que se forje o polimento exaltado de si-mesmo pelo indivíduo, que se esmera então para estar sempre presente nos meios de comunicação de massa, em jornais ou televisão” (BIRMAN, 2001, p.167). O que não necessariamente seja sinônimo de beleza plena ou perfeição tendo em conta a subjetividade do ser humano, mas precisa ser um corpo magro e saudável.

(…) a cultura da imagem é o correlato essencial da estetização do eu, na medida em que a produção do brilhareco social se realiza fundamentalmente pelo esmero desmedido na constituição da imagem pela individualidade. Institui-se assim a hegemonia da aparência, que define o critério fundamental do ser e da existência do eu, o sujeito vale pelo que parece ser, mediante as imagens produzidas para se apresentar na cena social, lambuzado pela brilhantina eletrônica (BIRMAN, 2001, p. 167).

Com toda esta demanda pela busca da perfeição corporal, podemos observar que as pessoas estão cada dia mais vivendo um simulacro de existência; as mídias eletrônicas, propagandas e todos os tipos de veículos de comunicação de massa que reforçam ainda mais a busca por beleza, incentivam aqueles que querem estar na posição do corpo perfeito e desejável a irem ao encontro desse ideal.

A premissa de que corpos musculosos, esbeltos e saudáveis longe de qualquer sinal de velhice é o adjetivo ideal para se ter uma vida feliz e satisfatória, tem sido o slogan da nossa sociedade contemporânea. “O belo supremo está na Ideia, que equivale ao “belo em si”; quanto um ser humano pretende realizar algo belo, pode fazê-lo apenas a partir da Ideia. As almas e os corpos são belos apenas devido à sua proximidade em relação à Ideia do belo. Sua beleza é transitória: somente a Ideia do belo é eterna” (TATARKIEWICK apud KIRCHOF, 2003, p. 146).

Encerramos essa discussão de corpo ideal, com uma ligeira compreensão do que é belo, segundo a concepção de Platão, em que ele ressalta que a beleza está para além da imagem ou de paixões, ela se concretiza em um conceito abstrato que se perpetua pela eternidade. Então podemos dizer que o que hoje pode ser belo, amanhã não será ou será para sempre na ideia daquele que percebe a beleza, íntima e subjetiva pertencente a cada um que a idealiza.

REFERÊNCIAS:

BIRMAN, Joel. MAL-ESTAR NA ATUALIDADE: A PSICANÁLISE E AS NOVAS FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO./ Joel Birman. – 3ª ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

 

CRISÓSTOMO, Nadjane et al. OS PERCURSOS DO CORPO NA CULTURA CONTEMPORÃNEA – Malu Fontes. 2010. Disponível em: <http://asticsnaformacaodosprofessores.blogspot.com.br/2010/07/os-percursos-do-corpo-na-cultura.html>. Acesso em: 07 de setembro de 2016.

 

KIRCHOF, Edgar Roberto. A ESTÉTICA ANTES DA ESTÉTICA: de Platão, Aristóteles, Agostinho, Aquino e Locke a Baumgarten./ Edgar Roberto Kirchof.- Canoas: Ed. ULBRA, 2003.

 

NASCIMENTO, Diego Ebling do; AFONSO, Mariângela da Rosa. Os corpos na sociedade contemporânea. 2014. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd190/os-corpos-na-sociedade-contemporanea.htm>. Acesso em: 05 de Setembro de 2016.

 

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi de, Et al. POLÍTICAS DO CORPO. São Paulo: Estação Liberdade, 1995.

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