Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. A série teve seu início em 4 de novembro de 2013 e teve sua conclusão em 27 de março de 2020.
O desenho animado retrata a história de um garoto de 13 anos (no início da série, porém que aparenta ter bem menos) que sai pelo mundo ajudando suas fortes amigas, e também cuidadoras, em várias aventuras. Steven não é humano, ao menos não totalmente, pois embora seu pai Greg seja humano, sua mãe, Rose Quartz, veio de uma raça alienígena muito distante chamada “Gems”, que são pedras capazes de fazer seu próprio corpo através de luz e que não envelhecem.
Ametista, Garnet e Pérola
Infelizmente, sua mãe precisou dar a própria vida para que Steven fosse capaz de nascer, o deixando aos cuidados de Greg, Pérola, Ametista e Garnet, amigas de Rose, que também são Gems.
Steven Universo aborda diversas temáticas como relacionamentos, amizades, família, amadurecimento, preservação do meio ambiente, resolução de problemas, diversidade, temáticas LGBT, emoções e configurações familiares, tudo isso de forma sutil e gradativa ao decorrer de toda a série.
A série é contemporânea, aborda temáticas atuais, como as citadas anteriormente, e também mostra personagens femininas como protagonistas muito fortes, levando em conta que além de Steven e seu pai, todas as personagens principais da animação são mulheres.
Além disso, Steven faz parte de uma configuração familiar não-comum, pois Garnet, Ametista e Pérola são suas cuidadoras, e figuras maternas; quebrando a configuração de uma família nuclear, como citado em um de seus episódios.
Durante toda sua trajetória, Steven encontra diversos problemas, muitos dele os quais ele não consegue resolver inicialmente. Ele conta com ajuda, gradativamente amadurece e vai se tornando um personagem cada vez mais bem desenvolvido. Não só ele, mas as outras personagens também. O desenho aborda dificuldades típicas e outras mais complexas que crianças podem passar, desde se preocupar com animais ou até mesmo a preocupação de fazer novas amizades. A série também aborda a diversidade contemporânea em seus outros personagens, como a mãe de Connie (amiga e paixão de Steven), que é uma médica bem-sucedida e negra.
Ao longo dos episódios, a série retoma e aborda outros assuntos que não são muito falados, ou ainda considerados tabus, de forma bem delicada e bem desenvolvida, como: o relacionamento e casamento de pessoas do mesmo sexo, em que duas personagens femininas formam um casal que se ama e é capaz de se fundir através da magia para estarem sempre juntas.
Personagens femininas resolvendo seus próprios problemas e sendo heroínas que não dependem de outro homem para isso;
E problemas psicológicos como trauma, ansiedade e baixa autoestima, que afeta tanto adultos quanto jovens e crianças.
Aos poucos, esses e muitos outros assuntos são abordados gradativamente de forma sutil e delicada para o espectador, cheio de fantasias, com um enfoque na naturalidade e capacidade de melhora que os personagens possuem para aceitar ou resolver esses problemas.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Steven Universe Direção: Rebecca Sugar, Ian Jones-Quartey, Kat Morris, Joe Johnston, Kevin Dart, Elle Michalka, Jasmin Lai, Ricky Cometa, Liz Artinian Duração: 11 minutos por episódio (5 Temporadas + epílogo) Classificação: 10 anos Ano: 2013 – 2020 Gênero: Ação, Animação, Aventura, Comédia, Drama, Fantasia, Ficção científica, Musical, Suspense, Mistério País: Estados Unidos da América Onde assistir: Netflix, Cartoon Network
O filme “Onde está segunda?” é original da Netflix e a história se passa no ano de 2073 onde a população mundial cresceu mais do que o planeta terra pode suportar, então para controlar o crescimento populacional e para que todos tenham qualidade de vida, o governo estabelece um limite para os casais onde cada casal só por ter um filho, entretanto uma mulher chamada Karen Settman teve sete filhas e faleceu no parto, e seu esposo Dr. Settman, começa a trabalhar em mecanismos para burlar a lei e esconder suas sete filhas.
A vida desmedida e fora da lei está completamente fora dos planos de toda a população, e quem burla o sistema de filhos tem os filhos congelados numa máquina para que sejam descongelados no futuro quando houver estabilidade. Essa briga de forças nos remete ao dionisíaco e apolíneo trazidos por Nietzsche.
Fonte: encurtador.com.br/frNO4
A obra a origem da tragédia ou nascimento da tragédia, helenismo e pessimismo, foi a primeira obra de Nietzsche, (CASTRO, 2008). De acordo com Vieira (2012), esta obra de Nietzsche foi publicada em 1872 quando ele ainda era professor universitário no curso de filologia, e é considerada por algum autores uma das principais obras da filosofia moderna. Neste livro, Nietzsche aborda sobre a tragédia que era segundo Vasconsellos (2001) um coro composto por doze homens e era cantada por um ator denominado Hipocritas que representava deuses ou seres legendários vivos ou mortos, sobretudo a tragédia era aberta ao público e o público participava livremente e se comovia com os coros e entravam em uma catarse.
A tragédia de Nietzsche aborda a dialética entre o deus Apolo e o deus Dionísio, onde Apolo representava as artes plásticas, o sonho, perfeição, luz, beleza, razão, sonho e Dionísio representava o vinho, a embriaguez, os prazeres carnais, a falta de limites e regras, pois para Nietzsche (2006) a vida se dava entre essa dialética apolínea e dionisíaca, entre o equilíbrio das duas forças, contrariando as ideias socráticas e discorrendo sobre o helenismo que foi o período onde o apolíneo e o dionisíaco viviam em perfeita harmonia, e o autor também traz a tragédia ática que resgata o dionisíaco e é a manifestação artística, é o equilíbrio do espírito dionisíaco e por meio desse processo o grego consegue manter-se diante da vida rodeado por essas duas forças, na tragédia ática o espirito dionisíaco prevalece. A tragédia nasceria na Grécia a partir do espírito da música e renasceria na modernidade a partir do espírito wagneriano. O nascimento da tragédia proveniente do espírito da música (NIETSZCHE, 2008).
Fonte: encurtador.com.br/egTV7
As sete filhas recebem o nome de dias da semana, sendo Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo, e ridiculamente todas as filhas possuem personalidades que remetem a esses dias da semana. Elas são treinadas desde criança a terem uma personalidade igual, e a cada dia da semana que corresponde ao seu nome, uma delas pode sair e viver a identidade de Karen Settman. Tudo o que acontece naquele dia é registrado visto que possuem grande tecnologia de registro de dados e imagens, porém mesmo assim é necessário que ela se reúna com todas as irmãs e conte detalhadamente tudo o que houve durante o seu dia.
Karen Settman trabalha num banco e em uma segunda-feira quando Segunda foi trabalhar no seu lugar, misteriosamente Kate some e as irmãs tentam localiza-la por seu sistema moderno, porém não conseguem, então na terça-feira, a Terça sai para tentar desvendar o que houve e reencontrar a irmã, entretanto ela também é pega e descobre que o governo já está sabendo sobre a falta identidade delas. Homens que trabalham para o governo invadem a casa e há confronto e luta. Toda a tecnologia do filme e todos os apetrechos mostrados, são extremamente belos e bem feitos, tudo muito perfeito e bem estruturado.
Fonte: encurtador.com.br/INP58
O espírito apolíneo criava ao redor da forma uma cortina estética perfeita e bela, criando também uma ilusão utilizando da arte para os gregos mostrando apenas o lado belo da existência, e o espirito apolíneo foi reforçado pelo cristianismo, pois mantem a ideia de submissão do homem. O espírito apolíneo representa as artes plásticas e o espírito dionisíaco representa a música e Nietzsche (2008), em sua obra busca o equilíbrio das duas forças, visto que os gregos moldavam o mundo com formas e arte: apolínea e dionisíaca, duplo caráter, teatro e música. E Nietzsche (2008) também retrata sua enorme influência proveniente de Schopenhauer, onde aborda a vida como sendo essencialmente sofrimento e acontecimentos negativos de forma nua e crua, de maneira transparente e fiel a estes relatos de sofrimento e desprazer, rasgando o véu ilusório criado por Sócrates e por Apolo. E Nietzsche (2008) retrata Hegel como o processo de conhecimento do mundo é dialético, tese e antítese, na obra Nietzsche traz uma tese apolínea e uma antítese dionisíaca, resultado disso é a tragédia ática.
De acordo com o que é trazido e apresentado na obra de Nietzsche, o principium individuationis é o processo onde o indivíduo se constrói quanto individuo, uma armadilha da natureza para nos fazer acreditar que somos únicos e podemos vencer a morte e escapar do destino trágico.
CASTRO, M.C. , A inversão da verdade. Notas sobre o nascimento da tragédia 2008: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 de novembro de 2020.
NIETZSCHE, Friedrich. A ORIGEM DA TRAGÉDIA. Rio de Janeiro: Cupolo Ed, 2008.
Eu sofri BULLYING na escola e as consequências são muito dolorosas…
Por isso, eu preciso escrever sobre isso…
Era o primeiro dia dos Jogos Internos do colégio que eu estudava. Eu tinha 10 anos de idade e cursava a quinta série. Lembro tão perfeitamente desse episódio porque era um dia MUITO ESPECIAL para mim e para meus irmãos. Afinal, era a primeira vez que iríamos sair todos juntos para um evento no colégio que eu amava, e amarei para sempre, onde eu estudava como bolsista.
Arrumano-nos, dentro da nossa gigantesca simplicidade, com as melhores roupas que tínhamos. Roupas que nossa mãe fazia, sapatos de couro (sempre pretos para combinar com todas as roupas) e uma felicidade gigantesca estampada em nossos rostos. Era uma espécie de ida à Disney.
Chegamos todos juntos, seis irmãos, seis crianças que se encantaram com as bandeiras coloridas, representando cada série, que dançavam ao vento como a nos acenar dando boas-vindas.
Os alunos todos vestidos com camisas padronizadas, o espírito de competição salutar dos jogos se respirava no ar… Tudo era tão mágico…
Íamos caminhando para a quadra (era nosso sonho assistir aos jogos em uma quadra, como víamos na TV) quando um grupo nos cercou, primeiro com olhares de deboche, depois com questionamentos do tipo ” O que eles estão fazendo aqui? … E se seguiram os risos escrachados ridicularizando nossas roupas, nossos sapatos, nosso cabelo. Sentíamos como bichinhos acuados.
Fonte: https://bit.ly/2EENFM2
É assustador como para ridicularizar o outro, as pessoas se unem numa velocidade incrível. Senti vergonha por permitir que meus irmãos ouvissem àquelas palavras tão cruéis. Eles eram pequenos demais para compreender o instinto maternal de irmã mais velha que me impulsionou a pedir com que déssemos as mãozinhas, para darmos meia-volta e retornássemos para casa.
Ainda lembro que meu irmãozinho perguntou “Mas nem vamos ver a quadra enfeitada? E os jogos?” Fingi que não ouvi, porque não sabia o que responder. A dor na alma tem a capacidade de nos EMUDECER.
Foi o primeiro contato com a “brincadeira maldosa” que algumas pessoas insistem conosco, sem nos consultar se queremos “brincar de maldade”. Então, passa a ser rotineiro e comum para muitos chamá-la de “feia”, “cabelo de Tina Turner”, ” Olivia Palito” “Nariz de tomate” “mal vestida”, “pobre”, ou simplesmente te ignorar porque, para alguns, você não é gente.
E os professores, coordenadores? Sempre fizeram intervenções eficientes para coibir esse tipo de conduta repulsiva. O que as pessoas precisam compreender é que o Bullying acontece também longe dos “olhos de professores e coordenadores”.
Como no dia, antes do desfile da semana da pátria, único dia que podíamos ir sem a farda oficial do colégio, que fui “recepcionada” por um grupo que achou divertido me ridicularizar, enquanto eu descia as escadas, com piadinhas do tipo “Olha que roupa linda! Olhem essa roupa… essa roupa… Deve ser de MARCA… Que modelo! Linda! E esse cabelo? E esse sapato? E esse sapato? E esse sapato?”
Aquela era minha melhor roupa e aquele era o único sapato que eu tinha… Mas, quem quer saber?
A partir desse dia, nunca mais fui à escola nesse dia que podíamos ir com roupas comuns. Porque aprendi que “o seu comum” para muitos é aberração.
Quantos anos se passaram, desde então? E até bem pouco tempo, ainda me surpreendia comprando 14 pares de sapatos de uma única vez, comprando roupas compulsivamente… ou me comportando feito “bichinho do mato” diante de pessoas estranhas. De alguma forma, aquelas vozes zombeteiras ainda ecoam na minha memória, embora não me agridam mais.
Nunca pensei em matar aqueles que me humilhavam. Mas as pessoas reagem de forma diferente. As vítimas de Bullying tendem a seguir dois caminhos: a violência ou o isolamento.
Fonte: https://bit.ly/2SRQyhE
Eu optei pelo isolamento. Quem convive comigo sabe que a professora mega extrovertida se converte em um exemplo de timidez e introspecção fora da sala de aula.
E como nós, sociedade, devemos combater o Bullying?
Tomando ATITUDE de nos posicionarmos: Quem sou eu? O que humilha, ameaça ou difama? O que ri porque acha engraçado as piadinhas com os colegas? O que assiste a tudo e não fala nada? Ou aquele que se indigna e luta para conscientizar que BULLYING não é brincadeira, pois magoa, fere e pode matar a alma.
Eu decidi LUTAR CONTRA O BULLYING E TODO TIPO DE PRECONCEITO. Por isso, menos julgamento e mais Ação é o que o mundo precisa.
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Utilitarismo de Jeremy Bertham: o princípio da felicidade coletiva
O trabalho desenvolvido a seguir, tem como objetivo discorrer sobre o Utilitarismo como corrente filosófica ética e apresentar alguns princípios que levaram Bentham a criá-la. Será também comparada de forma breve a teoria de Bentham com a de Rawls, analisando em quais aspectos as duas se incidem ou se contrapõe, bem como analisar os prós e contras do utilitarismo, uma vez que ele é baseado na conduta ética e moral do ser humano.
O utilitarismo é uma teoria sobre os fundamentos da conduta moral que nos permite avaliar e julgar as ações que praticamos, ela utiliza como base o princípio da felicidade, mas não a felicidade individual e sim a coletiva. Tendo sido criada pelo jurista, economista e filósofo Jeremy Bentham, que preferiu o estudo do direito ao invés de exercer a profissão de advogado, chefiando um grupo de radicais filósofos que buscavam por reformas políticas e sociais.
Jeremy Bentham por Henry W Pickersgill. Fonte: http://zip.net/bftHjm
Essa teoria foi vista como uma ideia revolucionária, pois pela primeira vez filósofos defendiam que a moralidade não dependia de Deus nem de idéias abstratas, sendo os utilitaristas reformadores sociais, apoiando mudanças como abolição da escravatura, e igualdade entre homens e mulheres. Segundo Bentham, a dor e o prazer nos regem, nos dizendo a direção de nossas ações, dentro de um padrão de certo e errado, determinando suas causas e defeitos, tendo que ser analisado o efeito do ato a ser praticado.
Formada por vertentes fundamentais, entre eles: o princípio do bem estar, que visa o bem estar de forma geral. O princípio do consequencialismo, que defende como certo o ato que maximiza o bem. Contudo, a avaliação deve ser feita de forma imparcial, pois nenhuma felicidade conta mais que a outra, assim dentro de diferentes circunstâncias o ato pode ser moral ou imoral, dependendo exclusivamente de suas consequências. O princípio da agregação, que por sua vez leva em conta a quantidade global de bem estar produzida, sendo válido sacrificar uma minoria a fim de aumentar o bem geral, baseada na ideia de compensação, se o saldo for positivo a ação julgada moralmente boa.
Outros princípios que compõem essa teoria são: o princípio de otimização, imparcialidade e universalismo. Na otimização se exige a maximização do bem estar como um dever. Na imparcialidade e no universalismo, os prazeres e sofrimentos são considerados da mesma importância. A priori, todos têm o mesmo peso, não se privilegia ou prejudica ninguém. O aspecto universalista é uma atribuição de valores do bem estar que não depende das culturas ou particularidades regionais, ele pretende definir uma moral que valha universalmente.
Na visão de Jeremy Bentham, a ética utilitarista baseia-se no princípio da maior felicidade, ou seja, o ato realizado em si depende apenas da sua contribuição para a felicidade geral, contrariando assim o egoísmo ético, e dando início ao hedonismo, que por sua vez visa o prazer como meio correto para atingir o objetivo supremo do homem: a felicidade. Segundo Bentham, cada um dos diferentes prazeres e dores na vida das pessoas tem certo valor que em última análise, é determinado apenas por duas coisas: a sua durabilidade e a sua intensidade, em outras palavras, um prazer é melhor quanto maior for a sua intensidade e duração.
Fonte: http://zip.net/bqtJkG
O utilitarismo de Bentham foi fortemente criticado, pois para alguns filósofos não era prático somar os prazeres ou as experiências dolorosas daquela maneira, e ainda mais por pensarem que a perspectiva dele conduziu ao sensualismo, ou seja, a um modo de vida baseado apenas na procura do prazer. Se analisarmos o princípio da maior felicidade, pode-se verificar que os utilitaristas avaliam as ações atendendo somente as suas consequências e que em qualquer ação o melhor ato é aquele que comparado com os demais, tem resultados mais valiosos.
A grosso modo, o utilitarismo ensina que uma ação é boa quando promove a felicidade do maior número possível de pessoas. Apesar de atualmente o utilitarismo não ser a ética mais utilizada, influenciou e modificou bastante o passado, com doutrinas como o utilitarismo clássico, hedonismo e o utilitarismo de preferências que revolucionaram o pensamento filosófico da época.
Mediante a teoria do utilitarismo é possível comparar duas idéias totalmente contrárias, defendidas por autores de grande influência Bentham e Rawls; suas teorias causam sem nenhuma dúvida uma divisão ideológica na sociedade contemporânea, o que nos induz a questionar ambos os pensamentos. Há uma clara aversão entre a teoria de Bentham e Rawls, pois embora Rawls tivesse como ideia principal a fundamentação de uma sociedade justa, seu pensamento se contrapõe ao de Bentham quando faz defesa ao “principio da diferença”.
Para ele a desigualdade econômica é justa, pois existem pessoas extraordinárias, talentosas e existem pessoas medíocres, com faltas de talento, “seria injusto não permitir a desigualdade entre essas pessoas”, em sua visão deve-se permitir que a distribuição da riqueza e rendimentos, seja determinada pela distribuição natural de capacidade e talento.
Fonte: http://zip.net/brtHmK
A teoria de Bentham se contrapõe totalmente ao pensamento naturalista, utilitarista. Como Bentham pensava em redimir a pobreza através do controle, tinha-se a ideia do protagonismo das classes dominantes. E consequentemente, cabia a essas classes exercer esse protagonismo sem egoísmo. É claramente possível ver que Bentham colocava a felicidade como bem comum, onde todos deveriam possuí-la.
Embora a filosofia tenha aceitado a teoria de Jhon Rawls, uma grande parcela da sociedade se volta com críticas diretamente ligadas ao pensamento defendido por ele. Todas as críticas e exposições referentes ao utilitarismo feitas por Rawls, fizeram com que ele fosse visto como egoísta mediante aos defensores desta. Rawls menciona que “não tem em mente os refinamentos feitos pelos seus defensores contemporâneos”. Portanto, é perceptível que em ambos os pensamentos existem verdades, mesmo que para muitos sejam inaceitáveis, podem sem dúvidas serem discutidas e revistas para que se tenha melhor entendimento e, talvez, a formação de novas ideologias.
Contudo, afirma-se que Jeremy Bentham é considerado o gerador da filosofia utilitarista, que por sua vez pode ser apontada como a preeminente corrente da filosofia moral. Sabe-se que o utilitarismo se encontra dentro de três linhagens de consequencialismo, sendo essas: o egoísmo ético, o altruísmo e o utilitarismo, no entanto sendo as duas primeiras espécies consideradas insustentáveis, a linhagem mais provável em relação ao consequencialismo seria de fato o utilitarismo, que tem como princípio geral a ação moralmente correta, ou seja, aquela cuja consequência seja um bem maior (prazer), ou cause um menor sofrimento (mal) para as pessoas/sociedade, e também ao próprio indivíduo.
O utilitarismo é intitulado consequencialista, pois é a partir da avaliação de cada ação e suas decorrências, que poderá ser refletido se tal procedência é reprovável ou não com base na ética, a partir do preceito de utilidade. Várias objeções foram feitas a teoria e prática do utilitarismo, principalmente em relação ao que exige de forma demasiada que os indivíduos estejam igualmente interessados no bem de todos, sem exceção. Atualmente percebe-se que se tornam cada vez mais escassas pessoas que de fato se interessem pelo bem de todos e, quando se interessam há em maior parte um objetivo específico e individualista por trás.
Fonte: http://zip.net/bqtJkK
Por fim, há de se considerar que essa corrente fornece soluções aceitáveis, uma vez que ainda soluciona parte dos problemas, pois proporciona ao indivíduo poder analisar e julgar suas ações que determinará qual será o tipo de consequência, se boa o má, e por conseguinte afetarão de forma coletiva. No entanto é necessário que haja sempre uma revisão constante com o intuito de verificar e identificar imprecisões neste modelo para assim melhorar sua teoria e prática, revisando constantemente sua dimensão, com a finalidade de analisar sua veracidade ante conflitos que atualmente são cada vez mais densos e complexos.
REFERÊNCIAS:
COSTA, Cláudio. Razões para o utilitarismo: uma avaliação comparativa de pontos de vista éticos. ethic@ – An international Journal for Moral Philosophy, Florianópolis, v. 1, n. 2, p. 155-174, jan. 2002. ISSN 1677-2954. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/view/14591>. Acesso em: 08 mar. 2017.
GERALDO, Pedro Heitor Barros. O utilitarismo e suas críticas: uma breve revisão. Anais do XV, 2008.
CAILLÉ, Alain. O princípio de Razão, e o utilitarismo antiutilitarismo. Estado. [Online]. 2001, vol.16, n.1-2, pp.26-56. ISSN 0102-6992. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922001000100003>.
O que há em comum entre a física newtoniana e os estudos sobre psicopatologia do psicanalista Wilhelm Reich? Tudo, pelo menos no caso da atual crise de audiência da novela da TV Globo “Babilônia”. A rejeição de telespectadores e grupos evangélicos pregando o boicote à telenovela nas redes sociais (tudo motivado pelo beijo de um casal de idosas lésbicas) tem uma relação direta com a pesada atmosfera política atual alimentada diariamente pela TV Globo através do telejornalismo e teledramaturgia. Lei newtoniana de ação e reação: clima de intolerância e radicalismo político converte-se em conservadorismo moral, sexual e de caráter que atinge em cheio o principal produto da grade da TV Globo – a novela do horário nobre. Além disso, a crise de “Babilônia” guarda paralelos com outra crise global: a da novela “O Dono do Mundo” de 1991, também de Gilberto Braga, em um contexto pré-impeachment de Fenando Collor de Mello.
Toda ação resulta numa reação oposta e de igual intensidade. Não há como deixar de lembrar desse princípio clássico da física newtoniana na atual crise que envolve a novela do horário nobre da TV Globo chamada Babilônia. Depois dos 46 pontos que a novela anterior Império marcou na sua última semana, Babilônia despencou para 23 pontos. Portanto, abaixo da novela das 19h e do reality Big Brother Brasil. Isso, no horário mais caro da TV brasileira.
A novela de Gilberto Braga surge nas telas num momento onde se acirra a contradição vivida pela TV Globo: de um lado, nos últimos anos vem assumindo o papel de partido de ferrenha oposição política ao Governo Federal; e do outro, a necessidade comercial de reerguer a audiência em queda com a crescente concorrência da Internet e os novos dispositivos móveis de comunicação.
Apesar da queda vertical da audiência, a Globo vem mantendo o crescimento da receita publicitária graças ao conhecido BV – “Bonificação por Volume”, propina legalizada onde a Globo adianta para as agências as verbas que elas planejam gastar no ano. Isso garante a fidelidade das agências em colocar dinheiro na TV Globo.
Silvio Santos: “eu também vejo Netflix”
Mas a Globo sabe que essa estratégia que aplica há décadas está com seus dias contados, como sinalizam diversos acontecimentos: o crescimento de uma mídia disruptora como é a Internet; a declaração de Sílvio Santos de que ele próprio assiste ao Netflix; o fantasma da regulamentação da Lei dos Meios; a entrada do instituto de pesquisa alemão GfK que vai medir a audiência quebrando o monopólio do Ibope; e a recente vitória do SBT na Justiça de sentença de 2003 que obriga o Ibope a revelar a sua “caixa preta” – dados confidenciais da sua metodologia de aferição da audiência.
Paralelo a essas ameaças à sobrevivência comercial, ao mesmo tempo se vê compelida a criar em seus telejornais e até em minisséries como Felizes para Sempre e Questão de Família (peças ficcionais que fizeram apologia à judicialização e achincalhamento niilista da Política, um clima de guerra e intolerância política contra Governo, PT, bolivarianos, comunistas, Venezuela, o fantasma do Chavismo e contra qualquer um que tente relativizar a atual onda neoconservadora – o golpismo na política com os desejos incontidos pelo Golpe Militar, intervenção de mariners dos EUA no Brasil ou uma espécie de “golpe paraguaio” por meio da possibilidade do Impeachment.
Ação e Reação
Pois essa intervenção política da TV Globo ignora aquele princípio da física clássica newtoniana: tudo volta com igual intensidade – ou num viés mais espírita “aqui se faz, aqui se paga”.
Depois do jornalista César Tralli incitar estudantes ao ataque no SPTV (“temos que infernizar o MEC”) no caso do FIES e a programação esportiva da emissora no domingo das manifestações Anti-Dilma se transformar praticamente numa convocação para os telespectadores saírem às ruas em protesto, vem a volta: o clima de intolerância e acirramento político transforma-se em conservadorismo moral que atinge em cheio o principal produto da grade da TV Globo – a novela do horário nobre.
Redes Sociais: rejeição e fundamentalismo justificados pelo clima de intolerância política
Como apontou em diversas oportunidades o psicanalista Wilhelm Reich em livros como Psicologia de Massas do Fascismo, Escuta Zé Ninguém! ou Psicopatologia e Sociologia da Vida Sexual, o conservadorismo político tem uma relação direta e proporcional com a rigidez moral, sexual e de caráter.
No atual atmosfera politicamente pesada que a grande mídia diligentemente vem sustentando, o neoconservadorismo político (“conservador” porque golpista) facilmente se converte em conservadorismo psicossexual – o nostálgico assanhamento de muitos pela volta dos militares corresponde ao recrudescimento da moralidade e a intolerância sobre quaisquer formas de prazer sexual.
O beijo de um casal de idosas lésbicas protagonizado por Fernanda Montenegro (Tereza) e Nathália Timberg (Estela) fez as redes sociais serem tomadas por mensagens de grupos evangélicos organizando um boicote à novela. “Não tenho dúvida que a Rede Globo é a maior patrocinadora da imoralidade e do homossexualismo no Brasil”, bradou o pastor Silas Malafaia com milhares de “likes” e compartilhamentos no Facebook.
O que mais se vê nas redes sociais são mensagens como “A Globo nos quer fazer engolir esta ditadura gay” – com algumas variantes impublicáveis. Para a cabeça neoconservadora, “ditadura gay” ou “ditadura comunista” são equivalentes, assim como para os norte-americanos na década de 1930, a invasão de marcianos ou de nazistas eram sinônimos: o que levou Nova York ao pânico com a transmissão de rádio do “Guerra dos Mundos” em 1938.
Fernanda Montenegro e Nathália Timberg nas entrevistas apontam para “caça às bruxas” – ironicamente para Timberg que, acompanhado de outros atores de uma novela anterior, apareceu vestida de preto e cara de luto consternada em uma foto nas redes sociais protestando contra o ministro Celso Melo que assegurou a alguns réus no processo do Mensalão a oportunidade de apelação.
Ironicamente, o pequeno gesto da atriz que ajudou a tornar mais densa a atmosfera política, volta-se contra ela mesma na intolerância moral de telespectadores.
Nathália Timberg protestando contra as apelações do Mensalão: ação e reação
Coincidências com o caso “O Dono do Mundo”
Tudo parece ser irônico no caso da crise de audiência da novela Babilônia. Principalmente o fato que, mais uma vez, a reprise de Carrossel do SBT assombra o horário nobre global – Carrossel saltou em 31% nos números de audiência.
Isso lembra uma outra crise de outra novela de Gilberto Braga: O Dono do Mundo de 1991-1992. Coincidentemente, a novela foi ao ar em um período pré-impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, assim como no momento atual apela-se por um impeachment contra a atual presidenta.
Novela “O Dono do Mundo” (1991-92)
Na oportunidade, a questão foi a perda da virgindade da heroína da trama (Márcia, interpretada por Malu Mader) para o vilão da história logo nos primeiros capítulos – Felipe Barreto, vivido por Antônio Fagundes. Braga esperava um apoio do público para uma futura vingança da protagonista, o que não aconteceu. Os telespectadores ficaram escandalizados pela prazerosa entrega da virgindade de Márcia e ficou perdido sem saber, afinal, quem era mocinho ou bandido na trama.
Naquela oportunidade a novela caiu de 42% para 38% – sinal dos tempos, comparado com a crise atual de Babilônia.
“Pobres não querem perder a virgindade”, concluiu o colunista de TV do jornal Folha de São Paulo naquele momento. Assim como tenta-se fazer na atual novela Babilônia tornando o logo menos pesado (ao invés do fundo de concreto, agora o nome da novela está sobre um nascer do sol estilizado e abertura mais clara com nova animação), O Dono do Mundo também foi “relançada” com cenários com atmosferas menos lúgubres e o colorido mais em tons pastéis para dar uma atmosfera mais leve e otimista.
De ninfomaníaca fria e vulgar, Márcia tornou-se na trama uma menina frágil e com marido assexuado que, por isso, não resistiu a uma forte sedução. Márcia foi sadicamente punida na trama por maldades comparáveis às novelas da Janete Clair nos anos 1970.
E novamente Carrossel apareceu naquela oportunidade como um fantasma que roubava a audiência: supostamente os telespectadores estavam preferindo o mundo “puro e ingênuo” da professorinha Helena e de seus alunos Cirilo, Maria Joaquina e Jaime ao mundo de mulheres que entregam a virgindade por volúpia como na novela O Dono do Mundo.
O fato é que ao longo da história da teledramaturgia muitos tabus ligados à sexualidade e moral foram desafiados e quebrados – as ardentes cenas com Maitê Proença em Dona Beija (1986) da extinta Rede Manchete ou o primeiro beijo gay no final da novela Amor à Vida (2013-14).
Mas, em momentos de pesado clima político e escalada do neoconservadorismo por obra da própria Rede Globo, o extrato mais conservador da sociedade se sentirá estimulado e justificado a protestar violentamente contra uma trama que combina personagens lésbicas, sexo e prostituição.
Ironicamente a Globo arrisca-se a ter o mesmo destino do intrépido cantor Lobão: depois que tocou fogo e viu o tamanho do incêndio, tentou dizer que não era bem assim (sem milicos ou intervenções dos EUA). A TV Globo começa a sentir as primeiras chamuscadas do incêndio que ela criou.
Por isso a TV Globo parece criar a pior conjuntura possível: compelida a ser partido de oposição tem ao mesmo tempo, de um lado, as tecnologias de convergência roubando nacos da audiência; e do outro, o recrudescimento do conservadorismo moral que se volta contra ela mesma.
A partir da Revolução Industrial, um dos mais fascinantes e intrigantes temas levantados pela Filosofia, Sociologia e, mais recentemente, pelas Ciências Políticas, é a eterna busca pelo real significado do trabalho na vida cotidiana dos homens e mulheres. Achincalhado por uns, mas fortemente defendido por outros, o trabalho é fonte inesgotável de interesse.
Na Sociologia, Karl Marx e Max Weber deixaram contribuições que ainda hoje influenciam as gerações. O Capital, de Marx, por exemplo, está entre as principais obras do século XX. Não se pode, no entanto, passar incólume aos pontos de vista de uma pensadora judia-alemã que lançou novas luzes sobre o tema: Hannah Arendt.
No texto “Trabalho, Obra e Ação” Arendt pontua observações que até então não haviam sido levantadas, como o fato de ser impossível atingir a “vida contemplativa” sem, ao menos, existir um lastro cimentado pela “vida ativa”.
A alemã alerta para o fato de que qualquer definição de vida ativa, passa pelo prisma do ideal de vida contemplativa deixado pelos gregos. De certa forma, haveria no imaginário (tanto de parte dos pensadores como da religião, sobretudo da Igreja Católica Romana) a ideia de que o trabalho subverte a condição humana, enquanto que a contemplação é o objetivo a ser atingido.
A filósofa radicada nos Estados Unidos (que não gostava de ser definida como filósofa) tenta, então, desconstruir tais premissas ao dividir o “viver” humano numa tríade de trabalho, obra e ação, tríade essa que estaria imbricada na própria constituição representativa do que é “ser humano”.
Especificamente sobre a dicotomia entre a vida ativa e a vida contemplativa, Arendt induz para um olhar menos conflituoso, já que ao mesmo tempo em que constata ser na vida ativa a condição em que a maioria das pessoas está engajada, também conclui que “ninguém pode permanecer em estado contemplativo durante toda sua vida”. Ou seja, a ação, em qualquer caso, precederia a contemplação. “Pois é próprio da condição humana que a contemplação permaneça dependente de todos os tipos de atividade”.
Ao tocar nesse ponto, Arendt chama a atenção para o fato de que faz parte da nossa constituição biológica criar as condições para que o corpo permaneça estável. E esse “eterno” movimento em busca da estabilidade já demanda, em si, trabalho. A filósofa, no entanto, parece não se preocupar muito com nuances que outros pensadores levantaram, como a “mais valia”, o “lucro” e a “diferença de classes” decorrentes dessa potencialidade de trabalho que representa o próprio homem. Isso não quer dizer que neste texto ela tenha negligenciado as relações de dominação, pelo contrário. Ao citar a imposição de trabalho forçado a terceiros, por uma classe dominante, Arendt deixa claro que reconhece tais distorções. Mas a análise desse fato, em contraposição a Marx, se dá pelo viés da busca pela fuga do trabalho (daí se impingir aos outros o que, para alguns, é uma tortura: o próprio ato de trabalhar). No entanto, a princípio, conceitos como a elevação/manutenção de status social, como próprio ato de viver a partir do acúmulo de bens, não entra no raio crítico da autora.
Voltando à “tríade”, é necessário fazer uma rápida diferenciação entre seus componentes. A começar pelo “trabalho”, Arendt o define como atividade repetitiva, laboriosa (por vezes com uma conotação penosa) e que serve para, de seu fruto, manter as condições adequadas do corpo. A “obra” é a própria produção e representação dos bens duráveis, e que o homem tenta “cristalizar” para, implícita ou explicitamente “construir” um mundo que, aparentemente, se mostre de forma mais fixa, durável. Mas aqui a alemã pontua que nem todos os bens são duráveis, e faz uma comparação do ciclo de identificação (das demandas de consumo), produção, consumo e/ou descarte de tais “obras” com a própria dinâmica da natureza. Há também nessa dinâmica, uma semelhança enorme com o ciclo de existência humana. Por fim, a “ação”, ápice da tríade, representa a própria forma como as pessoas se inserem no mundo. É uma definição direta do papel político do homem, que não apenas trabalha e produz, mas que deliberadamente (porque esta condição lhe é peculiar) interage com o mundo para que as demandas dessa interação sirvam de referência para a sua própria representação de “ser”. Voltemos a falar mais à frente sobre a “ação”.
Retomando as assertivas de Arendt sobre o trabalho, a pensadora diz que o Cristianismo valoriza a contemplação em detrimento do trabalho, uma vez que o “deleite” prometido no pós-morte lembra a “superioridade” do estilo de vida apregoada pelos filósofos gregos clássicos, que recusavam o “labor” e até consideravam-no um modo de ser “degradante”. Desta forma, Arendt usa como referenciais não os filósofos socráticos, ou neoplatônicos, lembrados por seus pontos de vista pró-contemplação, mas os pré-socráticos e atomistas. Há, nesta escolha, uma clara demonstração de que a alemã entende o trabalho e o mundo, de um lado, e a vida contemplativa, de outro, não como objetos antagônicos, mas entrecruzados numa espécie de “oposição complementar”.
Provavelmente ao situar o Cristianismo nestas fronteiras, Arendt está se referindo ao Catolicismo, pois o Protestantismo (sobretudo o Calvinismo) já havia sido intimamente ligado ao Capitalismo (A Ética Protestante e o “espírito” do Capitalismo), em Max Weber, e o trabalho saiu dos patamares inferiores para tornar-se a égide da ligação/intimidade com os aspectos do sagrado. Ou seja, sob este ponto de vista de Weber, o trabalho e seu fruto não apenas passaram a ter representação enobrecedora para parte da humanidade, como se configurou como um fim em si.
Apesar de enquadrar o Cristianismo (Católico Romano) na esfera do ideal de contemplação, Arendt não deixa de relacioná-lo (o Cristianismo) à “ação”. Isso porque a filósofa lembra que o Mandamento de “Amar ao próximo” requer um movimento por parte do agente em direção ao interlocutor, típico de uma “ação” socialmente inclusiva (e construtiva), marca das “teias” de relacionamentos próprias do homem.
Por fim, Arendt diferencia “trabalho e obra” dos aspectos da “ação”. Isso porque, para a pensadora, se os homens forem definidos apenas como “criaturas vivas” (e aqui Arendt deixa transparecer sua influência habraâmica – “criador e criatura”), o trabalho nada mais é do que a reprodução dos padrões cíclicos da natureza, sendo que o constante “labutar” e descansar podem ser perfeitamente comparados ao próprio movimento do dia e da noite, eternamente intercalados. No entanto, a “ação” é o campo libertador do ser, pois é através dela que a alteridade se manifesta e, pelas palavras, o homem se insere no grande grupo de sua própria espécie, em sentido de unicidade. E diferente do “trabalho”, que se dá como condição indispensável para a sobrevivência do corpo, a “ação” não é imposta pela necessidade mas, antes disso, é incondicionada.
Ou seja, para Arendt a “ação” surge desde o nascimento do homem/mulher e se perpetua cada vez que esse “ser” inicia novos processos criativos. Uma visão “libertadora” que retira os homens/mulheres dos extremos da negação do trabalho, por um lado, ou da entrega total a ele, por outro.
Referência:
ARENDT, Hannah. Trabalho, Obra e Ação – Tradução de Adriano Correia – Revisão de Theresa Calvet de Magalhães. Texto disponibilizado em <http://www.fflch.usp.br/df/cefp/Cefp7/arendt.pdf> ; visualizado em 08/05/2013.