Amnésia: uma vida sem futuro

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Todo fã de filmes “cult” já assistiu ou ouviu falar do clássico Amnésia (Memento), lançado em 2001, uma obra cinematográfica dirigida por Christopher Nolan. O filme tem como história central a vida de Leonard Shelby (Guy Pearce), um Investigador de uma Companhia de Seguros que fora vítima de um assalto onde acabou perdendo sua esposa e sofrendo um traumatismo em seu cérebro que acabou lhe causando a chamada amnésia anterógrada, situação que lhe impede de criar novas memórias após o evento traumático.

Apesar da sua condição, Leonard desenvolve um método próprio para recordar dos eventos recentes. Ele faz anotações importantes em seu corpo, além de viver tirando fotografias com anotações para poder se recordar das coisas que sua memória não armazena.

A obra trata a história de forma bastante interessante, onde os momentos são divididos em preto e branco e outros coloridos. Os eventos em preto e branco são imediatamente após o acidente, ou seja, o passado do personagem, já os eventos coloridos começam com o desfecho da história e vão sendo retroagidos até se conectarem com o passado.

Leonard procura o algoz de sua esposa, por essa razão, dada a importância desta missão, ele tatuou em seu corpo todas as principais informações que possuía sobre o caso. Como ele próprio diz, as lembranças não são confiáveis, podem ser modificadas, os fatos são reais e imutáveis. E assim ele vai, dia após dia, buscando o máximo de informações possíveis para garantir a vingança de sua amada esposa.

Fonte: encurtador.com.br/qzH39

A ideia de memorizar as informações se dá por conta de um caso em que Leonard trabalhou como investigador, o caso o Sr. Sammy Jankis (Stephen Tobolowsky), que sofrera um acidente e acabou se tornando incapaz de armazenar qualquer informação por um período não superior a alguns minutos.

A condição mental do Leonard, como é visível no filme, não prejudicou seu discernimento, tampouco suas capacidades de deduções e interpretações das situações que experimenta. Além disso, Leonard desenvolveu uma incrível capacidade de criar novos hábitos, repetindo sempre determinados movimentos para que assim possa se guiar com a sua nova condição física.

A trama do filme, que apesar de antigo, não será tão facilmente entregue, se dá em uma confusão de histórias que o personagem tem com a do caso Sammy, como dito memórias não são confiáveis, os fatos são.

Casos de amnésia anterógrada, apesar de incomuns, ocorrem por todo o globo, pessoas que sequer lembram-se de ter tomado banho ou escovado os dentes, mesmo tendo acabado de fazê-lo. Sammy, a pessoa que Leonard tanto falava, acabou não conseguindo o seguro que deseja da empresa de Lenny. O caso de Sammy é extremamente importante para o desfecho da história.

Fonte: encurtador.com.br/przE6

Leonard toda vez narrava que Sammy sofrera um acidente de carro com sua esposa e por esta razão acabara perdendo a capacidade de armazenar novas memórias, com isto, Lenny sempre dizia que submeteu Sammy a diversos testes e, pois, acreditava que com as repetições de algumas situações, Sammy começaria a mudar suas escolhas e hábitos (este ponto é evidente quando ocorre a eletrificação de objetos que Sammy devia escolher).

No final, Leonard encerra essa história dizendo que negou o pedido de Sammy em razão dos problemas sofridos por estes eram da esfera psicológica e não estaria protegido pelo seguro. O fim da vida de Sammy é de que, uma vez, sua esposa querendo testar realmente sua memória, pediu para que ele aplicasse duas doses de insulina em um único dia, o que acabou levando-a a óbito.

O filme guarda grandes reviravoltas que até hoje são incríveis de se assistir e tentar compreender a complexidade da obra, dado que o fato da amnésia ser o epicentro de tudo, isso acaba ofuscando outras condições que o personagem possa vir a carregar consigo.

O filme apresenta que, apesar de tudo, Leonard só conseguirá se lembrar das coisas que anota, ou seja, mesmo que tivesse sua vendeta, somente saberia se tivesse um registro disso. Esse fato é comprovado em dois momentos cruciais.

Fonte: encurtador.com.br/lAKR5

Em determinado momento, Leonard tem uma discussão pesada com Natalie (Carrie-Anne Moss) que esconde todas as canetas disponíveis na casa e após ofende Leonard de todas as formas possíveis, inclusive sua falecida esposa. Leonard perde o controle e acaba agredindo Natalie e ela sai do recinto por alguns momentos – tempo suficiente para a memória de Leonard ser “resetada”.

Após isto, Natalie entra novamente na casa e cria uma nova história e, dada a condição de Leonard este acaba acreditando em sua palavra.

Um ponto interessante sobre a trama é que Leonard nunca diz há quanto tempo perdera sua esposa, ou apresenta maiores fatos sobre o episódio, somente se agarra um desejo insaciável de vingança que nunca será suprida.

Outro momento em que é perceptível que Leonard não possui a capacidade de armazenar memória é no último ato do filme (que também é o primeiro). Lenny discute calorosamente com Teddy, seu amigo policial que, desde o começo do filme, é apresentado para o público como o principal suspeito da morte de sua esposa.

No momento dessa briga, Leonard havia acabado de matar um traficante de drogas, achando que este era o seu alvo, Jimmy (Larry Holden), porém, quando Teddy lhe conta a dura verdade sobre seu caso e condição e a morte de sua esposa, Leonard não acredita nele e constrói uma nova narrativa pois estava ciente que no momento seguinte não recordaria de mais nada e “poderia” confiar nos fatos que havia registrado.

Por fim, mesmo sem ter conhecimento, Leonard acaba matando Teddy, cena apresentada no primeiro ato, achando ter conseguido alcançar sua vingança. É impressionante a forma que a amnésia anterógrada é abordada, a riqueza de detalhes comportamentais de uma pessoa vítima desta condição é fidedignamente representada.

Os aspectos jurídicos da conduta de Leonard são outro assunto, mas, fica a questão, ao manipular sua própria memória, Leonard apresentou um comportamento narcisista e homicida, sedento de vingança e que nunca estaria realmente satisfeito com a verdade pura e simples como alegava estar.

Ficha Técnica

Título: Memento (Original)

Ano produção: 2001

Dirigido por: Christopher Nolan

Duração: 116 minutos

Classificação: 16 anos

Gênero: Mistério – Filmes Noir – Suspense

País de Origem: Estados Unidos da América

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Analucy Aury Vieira De. Perfil neuropisológico de uma amostra de voluntários sadios e de idosos e diagnosticados com a doença de alzheimer em Palmas-TO. 2012. Universidade de Brasilia. Disponível em <https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/11233/1/2012_AnalucyAuryVieiradeOliveira.pdf> acesso em 25 mar 2022.

OLIVEIRA, Maria Gabriela Menezes; BUENO, Orlando F. A.. Neuropsicologia da memória humana. Psicol. USP,  São Paulo ,  v. 4, n. 1-2, p. 117-138,   1993 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771993000100006&lng=pt&nrm=iso>. acesso em  25  mar.  2022.

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Avaliação neuropsicológica precoce pode evitar o aparecimento de Alzheimer em idosos

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No Brasil, cerca de 1,2 milhão vivem com a doença

Segundo o Fundo da População das Nações Unidas – UNFPA, a população acima dos 30 anos, especialmente os idosos, vem aumentando em relação a novos nascimentos. Por conta desse  contexto demográfico se faz necessária a avaliação neuropsicológica constante de idosos para evitar problemas como Alzheimer. A Neuropsicóloga, Pós Graduada em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Marcella Bianca, dedica – se ao processo de envelhecimento humano. A neuropsicologia trata com atenção as necessidades físicas, emocionais e sociais que surgem com a idade. “A avaliação neuropsicológica é um processo que avalia as funções cognitivas e emocionais dos idosos, com o objetivo de detalhar lesões com comprometimento neurológico. A utilização de avaliações neuropsicológicas tem se mostrado eficiente na confirmação de diagnóstico precoce. ” relata Marcella Bianca.

Os idosos são propícios a desenvolverem doenças neurológicas, pois as conexões das células cerebrais e as próprias células se degeneram e morrem, eventualmente destruindo a memória e outras funções mentais importantes. Alguns sintomas analisados são a perda de memória e confusão em ações do dia a dia.  As avaliações neuropsicológica são imprescindíveis para a mudança de hábitos, alterações de comportamentos para que ajudem a retardar o estado crítico das doenças neurológicas.

Fonte: https://goo.gl/J5ytf8

Idosos com Alzheimer que contam com acompanhamento das terapias neuropsicológicas possuem grandes relatos de melhorias do modo interdisciplinar, trazendo um conjunto de mudanças ao indivíduo, que são neuropsicológicas, morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, psicológicas/psiquiátricas, sociais e culturais.

Sobre a Neuropsicóloga Marcella Bianca:

Graduada em 2012 na faculdade Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP  em Ribeirão Preto, Pós graduada em Gerontologia, entre outras especializações em Psicologia, a Dra. Marcela atende em um conceituado consultório, na cidade de São Paulo.

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Alzheimer merece tanto alarme?

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Mesa redonda vai discutir sobre o tema nesta quarta-feira, em Palmas


O Alzheimer é um dos tipos de demência mais comum e também um termo usado para descrever as condições que ocorrem quando o cérebro não consegue mais funcionar corretamente. Em decorrência da doença surgem problemas na memória, pensamento e comportamento. Mas será que o Alzheimer merece tanto alarme?

Este é o tema de uma mesa redonda que será realizada nesta quarta-feira pela Universidade da Maturidade (UMA), que é ligada à Universidade Federal do Tocantins (UFT), com apoio da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

O evento acontecerá no auditório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), na Quadra 102 Norte, Av. LO-4, Lote 01 – Plano Diretor Norte, em Palmas. Participarão da discussão a terapeuta ocupacional Fernanda Vieira dos Santos Lima e a psicóloga Maria das Graças G. Monteiro.

O evento tem como público os profissionais da área da saúde, familiares de pessoas com a doença, cuidadores de idosos e será aberto para toda a comunidade. A entrada é gratuita e a mesa redonda terá início às 19 horas. Conforme a assessoria de comunicação da UMA, haverá certificação para os participantes.

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Para Sempre Alice: Alzheimer e a arte de perder

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Indicado ao Oscar de Melhor Atriz: Julianne Moore

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Atriz – Filme Categoria Drama (Julianne Moore)

“Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente… Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância.”  Para Sempre Alice, Lisa Genova

O filme é baseado no livro homônimo da neurocientista e escritora Lisa Genova e tem como personagem principal Alice (Julianne Moore), uma mulher de 50 anos, bonita, bem sucedida na carreira (como professora de Linguística na Universidade de Columbia) e na vida pessoal (três filhos crescidos, um marido atencioso), convidada constantemente para eventos científicos para apresentação das ideias defendidas em seu livro “De Neurônios a Pronomes”. No universo de Alice, o entendimento das palavras e de como elas ganham sentido e significado em nosso cérebro compõe a base de toda a sua trajetória como pesquisadora. Assim, ao começar esquecê-las, mesmo que aparentemente em forma de simples lapsos de memória, a sua vida, antes tão direcionada e objetiva, começa a ser encoberta por um estranho e crescente borrão, tirando-lhe não apenas a coerência, mas a forma.

 

A doença de Alzheimer (DA) é clinicamente dividida em dois subgrupos de acordo com seu o tempo de início. Dado antes dos 65 anos (DA de início precoce), se caracteriza por um declínio rápido das funções cognitivas. Esses casos são mais raros, correspondendo a 10% do total, e observa-se um acometimento familiar em sucessivas gerações diretamente relacionado a um padrão de transmissão autossômico dominante ligado aos cromossomos 1, 14 e 21 (SENI, 1996; ENGELHARDT et al., 1998 apud TRUZZI & LAKS, 2005).

 

Alice foi fazer os exames temendo deparar-se como uma doença como o Câncer, então, depois de algumas consultas e acompanhada pelo marido (a pedido do seu médico), recebe o diagnóstico devastador: tinha Alzheimer e, como estava no subgrupo de portadores da doença “antes dos 65 anos”, teve que dolorosamente concluir que suas funções cognitivas seriam afetadas rapidamente. Além disso, havia, também, uma grande possibilidade de seus filhos virem a ter os mesmos sintomas no futuro, pois nessas situações a doença é transmitida geneticamente.

Ironicamente, a inteligência de Alice e sua vida dedicada à produção de conhecimento contribuíram para atrasar o diagnóstico, já que ela foi capaz de pregar peças em seu cérebro e encontrar artifícios para mascarar sua doença, sustentando a efetividade dos processos mentais por mais tempo. Assim, quando o problema veio à tona, a estabilização tornou-se menos efetiva e a deterioração cognitiva mais rápida.

 

“Eu sempre fui muito guiada pelo meu intelecto, pelo meu modo de falar, pela minha articulação. E agora vejo as palavras na minha frente e não consigo me expressar. Não sei quem sou, não sei o que mais vou esquecer.” (Alice)

O devastador entendimento de que aquilo que a define é o que lhe será bruscamente tirado marca o início da complexa jornada de Alice. O rápido progresso da doença e suas consequências para a família é retratada de forma sensível e direta. Vimos como alguns tentam se esquivar de responsabilidades, como outros tentam manter a esperança em uma possível cura e há aqueles (como Lydia, sua filha mais nova, interpretada por Kristen Stewart) que escolhem permanecer por perto e aceitar que ainda há uma Alice, mesmo que as lembranças de quem ela fora não reflitam a pessoa que ela é.

 

“Sou uma pessoa vivendo no estágio inicial de Alzheimer. E, assim sendo, estou aprendendo a arte de perder todos os dias.” (Alice)

 

O que há de mais especial no filme é a interpretação de Julianne Moore, pois através das suas expressões, especialmente do seu olhar, e o tom da sua voz, vimos Alice pouco a pouco desaparecendo ou, quem sabe, abrigando-se em algum universo ainda não explorado de sua mente. Com ela, iniciamos o processo de esquecimento, a estranha arte de perder, vimos suas tentativas de manter as palavras na memória a partir do uso de jogos em seu smartphone, de suportar entender a brevidade da vida ao lembrar-se das histórias que ouvia de sua mãe:

“Quando eu era bem nova, na segunda série, minha professora falou que borboletas não vivem muito, algo em torno de um mês, e fiquei tão chateada. Fui para casa e contei para a mamãe. E ela disse: ‘É verdade. Mas elas têm uma linda vida’. E isso me faz pensar na vida da minha mãe, na da minha irmã. E, de certa forma, na minha vida.” (Alice)

E tudo isso é, por vezes, devastador porque a coloca frente a frente com o estágio mais latente da fragilidade humana: a inevitável constatação de que somos breves, frágeis e vivemos cercados por medo. Há um constante desamparo em Alice, ou melhor, em todos nós, mesmo que nossas habilidades cognitivas tentem criar mecanismos para nos manter firmes em meio a um universo em movimento, sem delimitações claras, talvez um universo indiferente (como diria Carl Sagan).

Abaixo, na íntegra, o discurso de Alice em sua última palestra. Um fato interessante é que ela havia escrito um texto extremamente científico sobre o Alzheimer, mas sua filha a orientou a dizer algo sobre o que, de fato, sentia e não uma mera descrição de sintomas, assim ela o fez:

“A poetisa Elisabeth Bishop escreveu: ‘A arte de perder não é nenhum mistério; tantas coisas contêm em si o acidente de perdê-las, que perder não é nada sério’. Eu não sou uma poetisa. Sou uma pessoa vivendo no estágio inicial de Alzheimer. E assim sendo, estou aprendendo a arte de perder todos os dias. Perdendo meus modos, perdendo objetos, perdendo sono e, acima de tudo, perdendo memórias.

Toda a minha vida eu acumulei lembranças. Elas se tornaram meus bens mais preciosos. A noite que conheci meu marido, a primeira vez que segurei meu livro em minhas mãos, ter filhos, fazer amigos, viajar pelo mundo. Tudo que acumulei na vida, tudo que trabalhei tanto para conquistar, agora tudo isso está sendo levado embora. Como podem imaginar, ou como vocês sabem, isso é o inferno. Mas fica pior.

Quem nos leva a sério quando estamos tão diferentes do que éramos? Nosso comportamento estranho e fala confusa mudam a percepção que os outros têm de nós e a nossa percepção de nós mesmos. Tornamo-nos ridículos. Incapazes. Cômicos. Mas isso não é quem nós somos. Isso é a nossa doença. E como qualquer doença, tem uma causa, uma progressão, e pode ter uma cura. Meu maior desejo é que meus filhos, nossos filhos, a próxima geração não tenha que enfrentar o que estou enfrentando. Mas, por enquanto, ainda estou viva. Eu sei que estou viva. Tenho pessoas que amo profundamente, tenho coisas que quero fazer com a minha vida. Eu fui dura comigo mesma por não ser capaz de lembrar das coisas. Mas ainda tenho momentos de pura felicidade. E, por favor, não pensem que estou sofrendo. Não estou sofrendo. Estou lutando. Lutando para fazer parte das coisas, para continuar conectada com quem eu fui um dia. 

‘Então, viva o momento’, é o que digo para mim mesma. É tudo que posso fazer. Viver o momento. E me culpar tanto por dominar a arte de perder. Uma coisa que vou tentar guardar é a memória de falar aqui hoje. Irá embora, sei que irá. Talvez possa desaparecer amanhã. Mas significa muito estar falando aqui hoje. Como meu antigo eu, ambicioso, que era tão fascinado em comunicação. Obrigada por essa oportunidade. Significa muito para mim.”  Alice

 

Lydia: O que eu acabei de ler, você gostou?
Alice: O quê?
Lydia: Sobre o que era?
Alice: Amor. Sobre amar.
Lydia: Isso mesmo, mãe. Era sobre o amor.

Em “Para sempre Alice”, vimos como uma pessoa, em um dado contexto, reage à sua própria deterioração, como ela avalia cada fase desse processo (quando ainda tem condições para isso) e observamos as decisões que ela é capaz de tomar quando o futuro é, de fato, totalmente incerto ou certo de uma forma muito ruim. Em algumas das decisões de Alice podemos fazer um paralelo com o filme Amour, em que a morte passa a ser uma possibilidade menos angustiante do que imaginar uma vida na qual você não se reconheça.

Alice aprendeu a ser autossuficiente desde muito cedo, afinal sua mãe e irmã morreram quando ela era bem jovem, e seu pai era um alcóolatra. O pensar a fazia existir. Daí quando sua mente se torna um labirinto e as palavras deixam de formar discursos ou, até mesmo, meras sentenças, quando não há como resgatar lembranças da memória, pois nela esse conceito estava caótico ou totalmente perdido, fica aquela sensação estranha que, talvez, a Alice tenha deixado de existir. Porém, o filme também é sobre esperança, por isso que, ao final, quando vimos uma Alice quase sem voz, balbuciando com dificuldade algumas palavras, mas entendendo (ainda que parcialmente) o significado de um texto recitado por sua filha, tem-se um vislumbre de alguém que ela foi e isso, naquele momento, é tudo.

 

TRUZZI, Annibal; LAKS, Jerson. Doença de Alzheimer esporádica de início precoce.Rev. psiquiatr. clín.,  São Paulo ,  v. 32, n. 1,   2005 .   Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000100006&lng=en&nrm=iso. access on  20  Jan.  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832005000100006.

 

Mais filmes indicados ao OSCAR 2015: http://ulbra-to.br/encena/categorias/oscar-2015


FICHA TÉCNICA DO FILME

PARA SEMPRE ALICE

Título Original: Still Alice
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Lisa Genova (livro), Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Elenco Principal: Julianne Moore, Kristen Stewart, Alec Baldwin, Kate Bosworth
Ano: 2014
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O Alzheimer, uma avó e um neto

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Uma história de amor e gratidão que envolve os mais fortes sentimentos, um livro diferente e que protagoniza a história entre um neto e sua avó, tudo isso não seria novidade, exceto, quando envolve como causa principal o Alzheimer, uma doença em que, as causas e curas, são de pouco conhecimento pela classe médica científica. Toda essa história de amor incondicional, acabou sendo contada em um livro: Quem, eu? Uma avó. Um neto. Uma lição de vida, Editora Belas Letras, 240 páginas.

O (En)Cena entrevistou o autor, um dos protagonistas, o neto Fernando Aguzolli Peres, 22 anos, nascido e criado em Porto Alegre. Há seis anos, sua avó, que lhe dedicou boa parte da vida, foi diagnosticada com uma doença muito peculiar, o Alzheimer. Foi então que ele decidiu abandonar todos os projetos e dedicar tempo possibilitando a uma melhor qualidade de vida para a avó, Nilva Aguzzoli, apelidada carinhosamente de, “Nonna Nilva”.

A história, começa com o autor revelando a vida difícil enfrentada por sua avó, filha de imigrantes Italianos e que nasceu em fevereiro de 1934 em Caxias do Sul-RS. Diante de dificuldades financeiras, e com a separação dos pais, dona Nilva, teve que abandonar a escola e começar a trabalhar logo aos 13 anos de idade.

Quem pensa que o conteúdo é somente tristeza, vai se surpreender com histórias humorísticas vividas e contadas por “Nonna Nilva”. Como o principal sintoma do Alzheimer é o esquecimento, vovó Nilva se envolvia em situações divertidas que certamente podem arrancar risos dos leitores, uma estratégia do autor que, durante a fase doentia da avó, acreditou e usou de risos e gargalhadas como filosofia e terapia de estratégia para retardar o avanço do Alzheimer. “Tem duas formas, rir dos outros ou rir com os outros, eu escolhi rir com minha avó”, lembra o neto.

O livro tem a intenção de alertar e informar sobre o diagnóstico e os cuidados para com esses idosos que sofrem de Alzheimer. “Estamos vivendo mais, mas ao passo que envelhecemos voltamos a ser como crianças e precisamos de cuidados”, alerta o autor, lembrando ainda que depois do diagnóstico, os estudos e as orientações apontavam para o abandono do idoso doente. “Não abandonei a minha vida, apenas inseri minha avó nela”, diz.

Dona Nilva, faleceu no ano de 2013, e deixou como legado toda essa história emocionante de dedicação e solidariedade e que pode ser conferida ainda, com a entrevista exclusiva concedida pelo autor para o En(Cena).

En(Cena) – Você é jovem e demonstra preocupação com uma doença que atinge cada vez mais a população brasileira. Diferente da maioria dos jovens, acabou se dedicando ao bem estar de sua avó, por que? 

Fernando Aguzolli – Por gratidão! Não sei quanto aos outros jovens, e acho que cada um tem a sua história, mas eu tive uma avó maravilhosa, coruja e muito dedicada. Ela também deixou um momento importante de sua vida para se tornar vó, eu viria a retribuir esse gesto alguns anos depois, cuidando dela em um momento delicado, quando vivíamos o Alzheimer. Na nossa família a geração do meio – meus pais – sempre incentivaram essa aproximação entre neto e avó, proporcionando momentos maravilhosos, lembranças positivas e uma amizade incrível. Isso certamente contribuiu para a decisão que tomei na sua velhice, me tornar pai!

En(Cena) – De onde partiu a ideia de transferir toda essa história para um livro?

Fernando Aguzolli – Primeiro criei a fanpage facebook.com/vovonilva, onde compartilhava nosso dia a dia através de fotos, vídeos e postagens cômicas com nossos diálogos. Era uma forma que encontrei pra trazer um pouco de informação pra quem não conhecia o Alzheimer, e também mostrar uma perspectiva mais leve de convívio com a doença. Foram os próprios curtidores da página que sugeriram um livro, e dessa forma passei a escreve-lo ao lado da vovó, mas sem a pretensão de lançá-lo. Como ela veio a falecer durante esse processo, achei que seria uma linda homenagem finalizar o livro e publicá-lo. E foi o que fiz!

En(Cena) –  Você descreve histórias de humor vividas por sua avó. O que pretende transmitir para o leitor com tais relatos?

Fernando Aguzolli – Pretendo mostrar que a formalidade entre gerações as vezes atrapalha, e que quando desconstruímos essa formalidade podemos criar uma relação mais próxima, uma amizade onde com muito bom humor e amor, diversas situações complicadas podem ser atravessadas! Não é por utilizar o bom humor como fuga da doença que eu passo a encarar o Alzheimer com menos importância, muito pelo contrário, a família também encontra-se doente, e o bom humor é uma ótima alternativa pra que posssamos lutar contra a depressão e seguir oferecendo uma ótima qualidade de vida ao idoso doente.

En(Cena) – Sua avó abandonou tudo quando criança para estudar e trabalhar, depois de adulta teve que se dedicar para cuidar de você em sua infância. Que relação você faria desse ciclo completo com a sua decisão de abandonar e dedicar seu tempo a ela, um gesto de gratidão?

Fernando Aguzolli –  Não, o livro não diz nada disso. O livro diz que ela teve que sair do colégio aos 13 anos para trabalhar, ela sempre amou estudar mas não teve condições, e então entrou para uma fábrica onde ficaria por muito tempo. E não, ela não TEVE que dedicar a cuidar de mim, justamente o contrário, meus pais eram muito presentes, minha avó TOMOU essa decisão para de fato participar da minha criação, se tornar avó de corpo e alma. Foi uma decisão, que – aí sim – como disseste, vim a retribuir por gratidão quando deixei minhas obrigações atemporais de lado para lidar com um período que não voltaria mais tarde!

En(Cena) – Quando decidiu deixar a vida profissional para cuidar da sua avó, foi muito criticado por amigos ou parentes?

Fernando Aguzolli – Não, alguns me sugeriram reduzir cadeiras ou outras medidas que não cabiam ao momento, mas com o convívio comigo e minha avó foram percebendo que era inviável fazer de outra forma, e então meus amigos me deram apoio total, 100%, inclusive fazendo visitas a vovó, indo lá pra casa nos dias em que eu não podia sair e nos levando pra passear. Eles são fantásticos!

En(Cena) – A criação de uma página no facebook, hoje com quase 100 mil curtidas, você esperava tanta repercussão?

Fernando Aguzolli – Hoje a página está com quase 100 mil elos de uma ‘corrente do bem’, onde todos compartilham suas vidas e buscam ali a esperança de aprender a lidar com uma doença galopante, cada vez mais presente na vida do brasileiro. Nunca esperei a repercussão que a nossa história ganhou, conquistou, mas fico feliz em saber que o brasileiro está dando valor a uma boa história, assim talvez mudemos nossas prioridades e passamos a enxergar o idoso, a velhice e suas doenças com outros olhos.

En(Cena) – Quando sua avó não te reconhecia como neto, o que isso te causava?

Fernando Aguzolli – Ela sempre dizia: “eu não sei quem tu és, mas sei que te amo muito”, isso já me deixava feliz, o que importa é saber que ela me ama e tem noção desse sentimento, saber que esse sentimento pulsa mesmo que a lembrança lhe falhe. Então me sentia alegre em saber que ela estava lutando contra a doença automaticamente, enquanto o sentimento se mostrava ali! Mas claro, muitas vezes me entristeci, normal, mas é por não entendermos que na verdade não é culpa deles, nada é pessoal, eles estão passando por um processo do envelhecimento que traz obstáculos como esse, temos que aceitar uma hora, ou vamos enlouquecer!

En(Cena) –   Qual a historia ou momento de esquecimento causado por sua avó que você lembra e considera mais engraçado ou marcante?

Fernando Aguzolli – Ela vez que outra acordava procurando um cachorro que não tínhamos em lugares onde ele não caberia. Era muito engraçado pois ela levantava na madrugada meio cambaleante em busca do tal cachorro. Eu ficava louco pois sabia que aquilo devia ter vindo de um sonho bem provavelmente, mas não adiantava procurar, a solução era sair com ela em busca do totó até ela esquecer o que estava procurando e voltar pra cama! haha…

En(Cena) – Após a morte da sua avó, como foi a sua adaptação de voltar a um novo estilo de vida?

Fernando Aguzolli – Minha vida segue sendo nossa história, quer dizer, eu continuo vivendo nossa história. O livro esta aí fazendo um baita sucesso, mostrando que as pessoas tem carência por boas histórias e estão abertas a compartilhar boas experiências, estou dedicando meu tempo a isso e tem sido uma rotina muito gratificante.  Penso em voltar pra faculdade, mas agora pra psicologia, não mais filosofia, e também penso em arriscar outro livro, sobre outra temática! haha

En(Cena) – O que você pode reforçar para pessoas que estão ou que possam enfrentar a situação que você viveu?

Fernando Aguzolli – Mantenham a paciência, respeitem seus limites e sorriam muito, nunca sozinhos, sempre com aqueles que amamos. Compartilhar a dor, seja compartilhando nossas histórias ou nos aproximando do sofrimento alheio, não implica em sofrermos todos juntos, mas assim podemos livrar aquele que por uma dificuldade passa e sofre! Compartilhe sorrisos com avós, pai, mãe, netos, amigos, irmãos…essas lembranças serão muito importantes!

FICHA TÉCNICA

QUEM, EU? UMA AVÓ. UM NETO. UMA LIÇÃO DE VIDA

Editora Belas Letras

Autor: Fernando Aguzzoli
ISBN: 9788581741826
Formato: 15x22cm
Páginas: 240
Preço de Capa: R$ 34,90

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Alzheimer: lembranças que não voltam

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O que Ronald Regan, ex-presidente dos Estados Unidos e William Hanna, cartunista e criador dos desenhos animados “Tom e Jerry” e “Os Flinstones”, falecidos em 1989 e 2001 respectivamente, tinham em comum? Além, é claro, de serem norte-americanos, foram diagnosticados com uma doença degenerativa: o Alzheimer.

Em entrevista ao (En)Cena, a neuropsicóloga e psicogerontologista, Mayra Dias nos conta com detalhes como esta patologia se desenvolve, quais os sintomas e de que forma pode ser tratada.

Foto: Arquivo pessoal

(En)Cena – Como é ocorre o processo da perda da memória curta, a doença de Alzheimer?

Mayra Dias – Na verdade, o Alzheimer antes de se manifestar, ele já está, digamos, “encubado” de 5 até 10 anos. O processo está acontecendo, tem mudanças, mas clinicamente nós não percebemos. Tem muita gente que fala “Ah de uma hora para a outra apareceram os sinais”. Mas se formos ver nos exames, já está ocorrendo a mudança, no caso a degenerescência que vem muito tempo antes dos primeiros sinais do Alzheimer.

(En)Cena – Quais são esses sinais?

Mayra Dias – Os primeiros sinais todo mundo conhece que é na memória onde, por se tratar de uma degenerescência, o volume do cérebro reduz. A primeira parte a ser reduzida neste processo é o hipocampo, que é a região subcortical e fica do lado temporal que é a região responsável pela memória, ou seja, a primeira a ser atingida.

Há alguns casos que fogem do padrão. Às vezes, a primeira forma do Alzheimer se manifestar não é pela memória, mas pelo comportamento. Então, a pessoa tem um comportamento desadaptado. Por exemplo, andar nua pela casa. Enfim, coisas que chocam. Tem um comportamento desadaptado como ser egoísta demais também.

(En)Cena – Podemos, então, dizer que a doença de Alzheimer desencadeia atitudes não manifestadas anteriormente?

Mayra Dias – Não necessariamente. O egoísmo, por exemplo, pode ser um traço psicológico, mas existem “N” traços. Existem muitas pessoas com Alzheimer que são extremamente dóceis, compartilham o que sentem. Porém, esse traço, com o passar do tempo e a manifestação desta patologia, a pessoa não consegue mais administrar. É involuntário, digamos. Não estou dizendo que uma pessoa que tem Alzheimer é egoísta, mas são traços que se evidenciam.

(En)Cena – Conheço um padre, um senhor já idoso, quetem a doença de Alzheimer. Em todas as ocasiões, ele repete o mesmo discurso do dia anterior ou da semana passada. Por que ocorre essa repetição?

Mayra Dias – Tem algumas regiões que são afetadas com a doença, como a fala, também a compreensão, que é a área burocrática da fala. Mas é algo involuntário mesmo. A pessoa não está refletindo, não tem consciência disso.

(En)Cena – Na hora, vejo pessoas rindo dessa situação…

Mayra Dias – Costumamos dizer que, em um estágio mais avançado, a família sofre muito mais que o paciente, porque no início do Alzheimer, ele tem consciência de tudo. E essa fase é de extremo sofrimento, justamente porque ele se dá conta que está esquecendo, que tem alguma coisa errada acontecendo, que ele sai na rua que ele viu a vida inteira e não reconhece a praça, que ele não sabe voltar pra casa. Então, essa fase inicial é muito angustiante. Mas no caso do padre que repete demais o discurso, ou seja, está em um estágio mais avançado, não há sofrimento porque ele não tem mais a mesma consciência de antes.

(En)Cena – Ainda assim, é possível o paciente com Alzheimer ter uma vida social como as outras pessoas?

Mayra Dias – Esse é um grande desafio, na verdade, porque a vida social e afetiva é abalada. Veja bem, a pessoa que cuida também sofre bastante porque tem que estar sempre com a pessoa, é algo desgastante. As únicas pessoas que se mantém ao lado do paciente são as que têm laços de sangue, porque têm o amor incondicional. Então, a vida social fica muito restrita, geralmente, à familiar. Há outros eventos esporádicos, inclusive há centros que tratam pacientes com Alzheimer, mas já em estágio avançado.

(En)Cena – E nesses centros de tratamento, os pacientes conseguem ter uma vida social mais ativa?

Mayra Dias – Há muito pouca interação porque os diálogos entre os pacientes são, digamos, incoerentes. A qualidade desse diálogo é muito comprometida, assim como toda a vida social de quem tem a doença.

(En)Cena – A doença de Alzheimer é desencadeada por fatores genéticos?

Mayra Dias – Na verdade, tem hipóteses genéticas, mas não há um consenso. Estamos em uma fase de intensas pesquisas sobre a causa, mas ainda focamos mais com o pensamento (como o paciente se comporta) do que com a causa. O que provocou essa mudança? Realmente, fatores genéticos contam. Mas não quer dizer que porque meu avô teve que eu vou ter e meus filhos também vão ter.

(En)Cena – Mas há a possibilidade…

Mayra Dias – Sim, há a uma possibilidade maior. Não significativamente como algumas doenças e síndromes que passam de geração em geração, mas já de forma familiar.

Gráfico: OS SINTOMAS DO ALZHEIMER

(En)Cena – Existe alguma atividade que acelere essa degeneração?

Mayra Dias – Sim. A falta de estímulos ao cérebro. Há estudos de 10, 15 anos, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.Eles já investigaram até casos de irmãos gêmeos, considerados pessoas com perfis muito parecidos, explicando porque um desenvolveu melhor e o outro não. Um irmão tem perfil mais acadêmico, gosta de ler e isso estimula, cria uma rede neural mais importante e pode até tardar o aparecimento da doença. Agora, quem assiste muita televisão, é muito passivo, não gosta de ler, não é curioso e não interage com outras pessoas,somado a outros fatores, como o genético, tem maior probabilidade de desenvolver o Alzheimer mais precocemente. Então, esse é um fator de risco.

(En)Cena – Geralmente, encontramos a doença de Alzheimer em idosos. Há casos em mais jovens?

Mayra Dias – É muito raro. Nós tratamos o Alzheimer como uma doença senil, ou seja, que se manifesta com a idade. Mas tem casos pré-senis que são muito mais raros e, aí sim, estão ligados à fatores genéticos. Se fizermos uma genotipagem, podemos encontrar algum indício, raro, mas possível de encontrar. Um caso pré-senil, geralmente, se manifesta entre os 40 e 50 anos de idade.

(En)Cena – Um trauma vivido pela pessoa também pode acelerar o processo degenerativo?

Mayra Dias – Sim, em casos de acidentes. Um traumatismo craniano, uma queda ou pancadas na cabeça podem acelerar.

(En)Cena – E os hábitos cotidianos, condição física?

Mayra Dias – Sim, o colesterol alto, diabetes. A diabetes influencia em que? Na circulação, ou seja, toda a rede vascular e, isso pode acarretar em uma complicação. Então, quando vamos fazer o exame de avaliação cognitiva já verificamos os fatores de risco: diabetes, colesterol alto, hipertensão arterial, algum tipo de traumatismo, para ver como é o dia-a-dia do paciente.

(En)Cena – Em outros casos, com perda de memória, pode não ser Alzheimer?

Mayra Dias – Claro, existem vários casos que não são Alzheimer. Tem muitas outras demências com sintomas parecidos. Isso precisa ser analisado profundamente, porque um paciente pode ir ao médico, dizer “Doutor, estou esquecendo de muita coisa. Não sei o que está acontecendo. Faz pouco tempo que estou assim” e ser apenas consequência de um trauma que, com certeza, a memória fica abalada. Em pessoas que apresentam depressão, a primeira hipótese é a mais clara: a depressão, mas se os sintomas da perda de memória continuarem, podemos considerar um caso de Alzheimer.

(En)Cena – No aspecto biológico, como se dá essa degeneração da memória?

Mayra Dias – Nós temos os grupos de tratamento em fase inicial que chamamos de “Ansiosos”, depois vem o grupo com pacientes onde já foi diagnosticada nos exames a presença da proteínaTAU. Isso ainda na fase inicial e pode evoluir, porque é uma degeneração. Por isso a importância de ser diagnosticado o quanto antes, para a manutenção do quadro. E a gente controla de que forma? Com medicamentos. Cada fase tem um medicamento próprio para não evoluir. Jamais um médico pode falar que vai melhorar o quadro, porque não melhora, mas pode ser controlado.

Saiba mais:

Primeiro caso de Alzheimer revertido http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=58047&op=all

Vídeo: Famosos com Alzheimer http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=oul3YJx1B5U

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