A questão da morte é um tema muito presente no consultório dos psicólogos e psicanalistas. Os analisandos falam muito do medo da morte, mas vou ousar afirmar que eles falam muito mais sobre uma certa aposta na morte, como uma das saídas possíveis para escapar das angústias da vida. A morte como uma espécie de abertura para uma outra vida, não necessariamente transcendente.
Minha experiência como analista me ensinou que, na imensa maioria das vezes, quando as pessoas falam sobre o desejo de morrer ou do impulso para a morte, elas não estão falando necessariamente em suicídio. O que elas estão dizendo é que, de algum modo aparentemente contraditório, só é suportável viver e passar por determinadas situações em vida, se tivermos como horizonte a possibilidade da morte, inclusive a de dar fim a ela, mesmo que a maioria das pessoas nunca chegue a tal ponto.
Com isso, aprendi a escutar com mais tranquilidade o tema do desejo pela morte, sem a todo momento identificar suicidas em potencial. Ou, dito de outro modo, entender que, em última análise, todos somos suicidas em potencial, simplesmente porque a vida contém em si a morte.
Fonte: encurtador.com.br/tOSX6
Nesses tempos de pandemia por Covid-19, a questão da morte se faz extremamente próxima e presente, e dessa vez como uma experiência do real. Deixa de ser uma promessa, uma saída idealizada ou fantasiada, para ser uma realidade, e, nesse caso, uma realidade compartilhada por todos, em termos planetários.
Mas, diante do real que invadiu nosso cotidiano nos últimos dias, é interessante perceber como muitos analisandos vêm ressignificando a posição diante da própria finitude. Como se a possibilidade real de experimentar a morte – a própria ou a de um outro próximo – os tivesse levado a apostar na vida de um modo novo, a lutar por ela e a compreender que, no final das contas, desejam viver. Que talvez o que não desejavam ou desejam mais, é a vida que vinham ou vem vivendo.
Diante da morte, e de uma política que parece apostar na morte, tenho escutado no meu consultório (apenas virtual, para cumprir o isolamento social) afirmação da vida e desejo de viver. Mesmo que venham com modos obsessivos e neuróticos de cuidar de si e dos seus, é pulsão de vida, o que eu vejo.
Fonte: encurtador.com.br/xyDRT
Por outro lado, temos visto vários discursos e manifestações que negam a pandemia e seus riscos. Entendo que também não deixa de ser uma tentativa de apostar na vida, só que um modo débil, delirante e equivocado; negando a morte. E é exatamente essa forma de lidar com o real do Covid-19 – pela rejeição da nossa limitação e finitude – que mais nos coloca em risco de morte. Ou seja, muito pior do que pensar na morte como saída possível para a vida, é negar que ela exista. Desdenhar da morte é se deixar arrastar por ela. Não acredito que seja necessário ter medo da morte, mas é preciso sim, ter respeito e cuidado ao lidar com ela.
O verdadeiro suicida não é aquele que pensa na morte, mas aquele que a nega.
Admitir, assumir a morte como destino é a única via possível para quem deseja viver.
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Romance mostra as consequências de uma desilusão amorosa
Um romance envolvente com personagens cativantes que enfrentam desilusões amorosas, conflitos religiosos e preconceitos sociais. Essas são as palavras que definem o mais novo livro da escritora Celina Moraes, intitulado “Jamais subestime os peões – eles valem uma rainha”. Disponível em e-book no Amazon, a obra aborda temas tão conflitantes e ao mesmo tempo tão comuns a todos nós.
O romance conta a história da personagem Raquel, uma garota do campo, de rara beleza e desiludida com o amor. O rompimento com o ex-namorado levou não só à desilusão como também à prisão injusta de seu pai. Na delegacia, fica revoltada ao ver o policial fichar o pai e promete que um dia rasgará o documento em praça pública. “A partir daí, novos conflitos se somam à história de Raquel, como problemas religiosos no lar, vício da melhor amiga e humilhações vindas de rapazes ricos”.
Quando a dor da decepção atinge seu auge, Raquel decide abandonar o campo e recomeçar uma nova vida em São Paulo. Desembarca na capital paulista trazendo na mala o coração fechado e a raiva de burgueses.
– Do outro lado do tabuleiro, está o personagem Aron, um cobiçado herdeiro milionário que mora em São Paulo e arisco a compromissos amorosos. As peças estão postas no tabuleiro. Peões podem ser promovidos à rainha, mas a peça fundamental do jogo é movida por um sentimento certeiro de ‘Xeque-mate’ – revela a autora.
Fonte: Arquivo Pessoal
Essência e inspiração
Para Celina Moraes, o romance busca abordar a verdadeira essência do amor, como, por exemplo, a união sem preconceitos, sem diferenças raciais, sociais, sexuais e comportamentais. “No livro, a autora mostra que as dificuldades enfrentadas por seus personagens acabaram sendo forças propulsoras de mudanças radicais em suas vidas”.
Celina diz que as fontes de inspiração para o livro foram o jogo de xadrez, o cavalgar e a flor de Lótus. “Sempre admirei quem sabe jogar xadrez e andar a cavalo com maestria. Além disso, a simbologia da flor de lótus para a vida me fascina, já que é uma planta que tem as raízes fincadas no lodo, supera essa sujeira e floresce limpa e bela acima da superfície, ou seja, é preciso encontrar nossa flor de lótus no meio das dificuldades que deparamos na vida”.
Fonte: Arquivo Pessoal
Disponível apenas em e-book no Amazon:
“Jamais subestime os peões, eles valem uma rainha”
22 de outubro de 2019 Governo do Tocantins
Notícias
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Desde a criação, o projeto já realizou 831 atendimentos a pacientes e acompanhante.
Um projeto vem fazendo a diferença para pacientes internados no Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Aires (HGP), a Cinoterapia (terapias com cães). Desde a criação, o projeto já realizou 831, que inclui pacientes e acompanhantes com os seguintes benefícios: amenizar os impactos da hospitalização o estresse, a angústia, depressão. Além do trabalho com pacientes e acompanhantes, os cães tem ajudado os servidores, pois melhora a interação de todos os envolvidos no ambiente hospitalar. A cerimônia de comemoração aconteceu nesta terça, 22, na sede do 1º Batalhão do CBM.
Foto: Nielcem Fernandes – Na ocasião foram entregues certificados de reconhecimento pela atuação aos voluntários, as equipes do Corpo de Bombeiro e da Humanização do hospital
Na ocasião foram entregues certificados de reconhecimento pela atuação aos voluntários, às equipes do Corpo de Bombeiro e da Humanização do hospital e assinado o termo de cooperação técnica entre o Corpo de Bombeiros e o HGP.
O sargento Raphael Mollo conta sua experiência na terapia com cães. “Sinto-me muito feliz. É muito gratificante este projeto. A gente poder atender e ver a retribuição dos pacientes. Eu tive a oportunidade de levar o cão até uma paciente que hoje já não está mais internada no HGP, e foi um momento único quando ela recebeu o cão. Eu falo para todo mundo que durante as visitas ao hospital, nós nos tornamos mais humanos. A pessoa que se interessar em participar com seu cão pode nos procurar pelo telefone principal do Corpo de Bombeiros, onde será avaliação o animal e demais tramites”, explicou.
Foto: Nielcem Fernandes – A responsável pelo setor de Humanização do HGP, Goiamara Borges
A responsável pelo setor de humanização do HGP, Goiamara Borges fala da comemoração e a relevância de ter mais voluntários. “É uma alegria está comemorando dois anos da Cinoterapia no HGP. E ao longo destes anos o projeto se aperfeiçoou. Foram agregadas mais pessoas, tivemos muitos desafios. Um dos objetivos hoje é poder ter mais voluntários”, ressaltou.
Na ocasião o diretor geral do HGP, Leonardo Toledo falou da importância do projeto. “Sabemos o quanto os pacientes ficam tão alegres e satisfeitos ao ver os Bombeiros juntamente com os voluntários e cães entrando nos leitos. Muitas vezes esquecem por um instante da doença. Que venham mais anos desde projeto tão bonito que beneficia nossos pacientes”, destacou.
Foto: Nielcem Fernandes – Na ocasião o diretor geral do HGP, Leonardo Toledo falou da importância deste projeto
Terapia de amor e carinho
A professora Valdirene Cássia, voluntária do projeto leva o Fred para visitar os pacientes e agora vai levar a Hana também. “Eu achei extremamente importante trabalhar em prol daqueles que precisam de um carinho. Os cães trazem uma sensação diferente, para a vida. O sentimento muda quando nós estamos em convivência permanente com estes animais. Então, por que não compartilhar aquele amor dos meus cães com os pacientes que estão fragilizados?”, declarou.
Foto: Nielcem Fernandes – Pascua Lourença agradeceu aos voluntários que a ajudaram quando esteve internada na unidade
“Quero agradecer a Deus, aos médicos, aos meus filhos, a equipe toda do HGP, aos Bombeiros e aos cães. Quando eu olhei o cachorro no hospital, eu chorei de emoção. O HGP não foi um hospital foi um hotel cinco estrelas. Eu só tenho gratidão. Eu descobri um aneurisma e fui bem tratada lá”, afirmou a professora de 57 anos, Páscua Lourença.
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Psicologia presente em evento da Quavi sobre relacionamentos amorosos
7 de junho de 2019 Sonielson Luciano de Sousa
Notícias
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A coordenadora e psicóloga Cristina Filipakis, que também atende como terapeuta de casais, destacou a importância de o casal estar atento tanto às demandas individuais quanto às da dupla.
O curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, através das disciplinas de Antropologia e Psicologia das Relações Familiares, foi parceiro de uma campanha do Dia dos Namorados promovida pela Quavi, a maior empresa de produtos naturais do Tocantins.
O evento, ocorrido na noite desta quinta-feira, dia 06/06, na sede da Quavi em Palmas, contou com a participação da coordenadora de Psicologia do Ceulp, psicóloga Cristina Filipakis, e da médica Ana Virgínia Gama.
Fonte: Divulgação
Na ocasião, Cristina e Ana abordaram os processos de comunicação nas relações amorosas e conjugais. Baseadas em suas experiências acadêmicas e profissionais, elas relataram uma série de situações em que os relacionamentos podem ser repensados e ressignificados, sobretudo naqueles casos de desgastes ocasionados pelo tempo de convivência.
A coordenadora e psicóloga Cristina Filipakis, que também atende como terapeuta de casais, destacou a importância de o casal estar atento tanto às demandas individuais quanto às da dupla, para na medida de cada um respeitar o princípio da privacidade sem negligenciar a dinâmica dos afetos. “Cada casal deve encontrar a sua medida quanto ao princípio da individualidade dos parceiros, ao mesmo tempo que, também, se investe no contato íntimo. Um casal que é muito grudado pode reverberar em algo tão negativo quanto um casal sem muita intimidade”, pontuou.
Fonte: Divulgação
De acordo com a proprietária da Quavi e acadêmica de Psicologia do Ceulp, Maria Fantine, o evento foi um sucesso, uma vez que possibilitou que clientes da empresa e acadêmicos do Ceulp, além do público em geral, pudessem conversar sobre um tema relevante, que deve ser encarado de modo democrático. “Este encontro foi um grande presente para todos nós”, pontuou.
De modo geral, para os casais que optam por manter o relacionamento mas enfrentam algumas dificuldades, a barreira da comunicação é a principal queixa enfrentada por eles. Nestes casos, um acompanhamento psicoterapêutico é uma das melhores estratégias para que eles consigam encontrar estratégias de enfrentamento dos problemas e ressignifiquem o relacionamento.
Pra começo de conversa é necessário dizer que o fanatismo não é uma espécie de loucura, ele tem uma estrutura própria: é burrice somada à canalhice. O fanático é burro porque aceita incondicionalmente o que lhe aparece sem questionar; não opera nele nenhum corte ou atravessamento. É canalha porque vê, mas não olha; ouve, mas não escuta; encontra e reconhece, mas não quer saber sobre isso. O fanático é um cínico; não tem nenhum compromisso com a verdade e não se afeta pelo discurso do outro. O fundamentalismo que sustenta o fanático é a rejeição da filosofia e o avesso do diálogo.
O fanático possui uma fragilidade simbólica. Ele está, na maior parte do tempo, assujeitado a um discurso que não tem compromisso algum com algo que lhe seja singular, que lhe atravesse, que o faça deslizar de suas certezas. O fanático possui um discurso desabitado de eu – do eu inconsciente, dividido – está preso apenas ao campo do imaginário, que é frágil e, por isso, precisa ser refeito o tempo todo. O eu do fanático se sustenta por meio de uma imagem que ele cria para si e que precisa manter incólume. E ele a constrói a partir de um discurso que considera o “politicamente correto” ou “moralmente correto” e no qual se mantem preso; discurso fundamentalista por excelência.
Fonte: https://bit.ly/2HzjEAy
Por outro lado, este discurso que o fanático reproduz como sendo seu, não tem nada que lhe seja singular, trata apenas de uma espécie de fé ou crença inabalável que ele reproduz sem questionar. Mas, não sejamos ingênuos, não é apenas o discurso religioso que pode se encaixar nessa categoria discursiva. Teorias das mais diversas, dietas, gostos musicais, um time de futebol, uma bandeira política; tudo pode servir para alimentar o fundamentalismo do fanático. Basta que este faça uso de tal discurso para obter uma resposta unívoca e definitiva para qualquer pergunta que faça. Pois, o fanático, não busca um discurso para transitar no mundo, mas para lhe servir de manual de como agir e se portar. Na medida em que lhe faltam recursos simbólicos para buscar um modo próprio de se arranjar no laço social, o fanático precisa seguir verdades que já estejam dadas, às quais ele precisa apenas se submeter e obedecer. O que o fanático quer é se tornar o servo ideal de uma teoria.
Li recentemente o livro: Como curar um fanático? de Amós Oz. Oz parte do princípio que o fanatismo é uma semente que está em todos nós. É muito mais velho que todas as ideologias e religiões; um componente intrínseco à natureza humana. A questão é apenas alimentá-lo ou não, e isso pode acontecer por várias vias. Todavia, é obvio que não podemos comparar um vegano fanático com um terrorista fanático. Existem gradações de mal que cada um desses pode causar, e isso faz toda a diferença. Mas, o importante é atentarmos para o fato de que o fanatismo pode brotar a qualquer momento em nós, e é contagioso, exatamente pela sua simplicidade. Oz supõe que o crescimento do fanatismo pode ter relação com o fato de que o mundo tenha se tornado demasiadamente complexo. E quanto mais complexas as questões se tornam, mais as pessoas anseiam por respostas simples.
É interessante que o maior problema do fanático seja sua tendência ao altruísmo, já que ele parece estar mais interessado em você do que nele próprio. O fanático quer, sobretudo, mudar você porque, afinal, é ele quem sabe o que é melhor pra você. Como diria Amos Oz: “Ele quer salvar sua alma, quer te redimir, quer te livrar do pecado, do erro, de fumar, de sua fé ou de sua falta de fé, quer melhorar seus hábitos alimentares, ou te curar da bebida ou de sua preferência na hora de votar. O fanático se importa muito com você, ele está sempre pulando em seu pescoço porque te ama de verdade, ou então está em sua garganta caso demonstre ser irrecuperável. E seja qual for o caso, falando topograficamente, pular em seu pescoço e estar em sua garganta é quase o mesmo gesto. De um modo ou de outro, o fanático está mais interessado em você do que nele mesmo, pela muito simples razão de que o fanático tem muito pouco de “ele mesmo”, ou nenhum “ele mesmo”.
Fonte: https://bit.ly/2HDDElc
Mas o que causaria tal insistência de conversão? É que quando um fanático consegue converter o outro, ele conquista a garantia de que seu discurso seja validado. Ao enlaçar o outro, o fanático atualiza sua própria imagem e reforça sua paixão por si. O objetivo é transformar o outro em si mesmo, assim, apaga-se todas as diferenças e tudo se mantém igual. De algum modo, o que o fanático deseja é destruir o outro que insiste em se manter como outro; ou tentando transforma-lo no mesmo ou apagando-o. O fanático precisa apagar toda a diferença para que seu eu frágil se reforce entre seus iguais e, assim, sobreviva.
Sobretudo, o fanático é um cínico. Afinal, ele sabe que, ainda que seu discurso não possua nenhum compromisso com a verdade, este jamais poderá ser desconstruído ou questionado, afinal, isso significaria sua própria derrocada. Se o eu singular do fanático é frágil e depende da teoria fundamental que ele abraça, desmontar tal teoria é fazê-lo experimentar sua própria morte. É por isso que o fanático não fala, ele vocifera. Vocifera porque precisa a todo custo sustentar sua teoria, mesmo que ela seja uma mentira. A outra opção seria sucumbir com ela. Oz exemplifica: “Conheço antitabagistas que queimariam você vivo por acender um cigarro perto deles! Conheço vegetarianos que comeriam você vivo por comer carne! Conheço pacifistas, alguns deles meus colegas no Movimento Israelense pela Paz, que gostariam de dar um tiro na minha cabeça só porque eu defendo uma estratégia um pouco diferente de como chegar à paz com os palestinos.”
Fonte: https://bit.ly/2F15Mfu
Enfim, há fanáticos por todos lados e de todos os tipos e modos. Concordo com Amos Oz que o maior embate global de nossa época é a luta universal contra todos os tipos de fanatismos e fundamentalismos, ainda que seja apenas para minimizar seus danos ou evitar sua propagação. E alguns antídotos para esta luta são, segundo este autor: o humor, a capacidade de suportar situações onde não há nenhuma certeza e a capacidade de desfrutar da diversidade. O humor é aquilo que nos faz rir de nós mesmos, ou seja, ele relativiza nosso lugar e nossas teorias, pois nos permite que olhemos para nós do modo como o outro nos vê. Quanto mais alguém é capaz de rir de si mesmo e de suas teorias, mas ele está vacinado contra o fanatismo. Outro antídoto é abrir-se para as incertezas, suportar o que está em aberto, o que não tem resposta. Viajar para além de si mesmo é também um exercício eficaz contra o fanatismo. É a capacidade de se imaginar no lugar do outro, mesmo no momento que acreditamos estar totalmente certos. É se deixar afetar pelo outro, de algum modo.
Depois de toda esta reflexão, não pude deixar de pensar no momento político atual do Brasil. De certo modo compreendi porque tem sido tão difícil sustentar o debate. É perceptível que a grande maioria se encontra aprisionada em suas certezas e crenças; não importa a verdade, não importam os fatos, não importa se o outro que está em jogo hoje pode se tornar o eu em jogo de amanhã… Nada disso importa. O que importa é que cada um se mantenha nas suas bolhas de certeza, para sustentar a própria imagem. O que importa é que tal certeza não se abale nunca, mesmo que eu saiba que estou sustentando uma farsa, já que a outra opção seria admitir estar errado e, consequentemente, ter que lidar com a morte daquilo que sou. Tais bolhas de certeza funcionam como as bolhas das redes sociais, que formamos e reforçamos cada vez que bloqueamos ou excluímos quem pensa diferente de nós.
Nesse sentido, é fundamental manter o diálogo, o humor e a diferença, pelo menos para evitar que o fanatismo se propague ainda mais ou nos contamine. É claro que não é possível transigir com genocidas, chauvinistas, terroristas e outros tipos, mas não se pode ignora-los ou se apartar deles, é preciso reconhece-los, confronta-los e combatê-los. Pois, caso os não fanáticos declinem desta tarefa, estarão apenas poupando o trabalho dos fanáticos em silenciar o que diverge deles, reforçar suas bolhas e angariar mais adeptos/servos.
Fonte: https://bit.ly/2O5dEk6
Ao escrever este parágrafo me peguei pensando se eu mesma não estou aqui a alimentar o germe do fanatismo, me assegurando da certeza de não ser uma fanática. Mas a dúvida já me deu um consolo, e rir do meu mal-estar com o parágrafo me aliviou mais um pouco, mas não o suficiente, confesso.
Por fim, o que sustento é que mantenhamos uma arena de combate e debate possível. E uma que suporte a ideia de que o laço sempre está pronto para se desfazer, mas pode ser refeito logo adiante e desfeito novamente. E é saudável e desejável que seja assim. Um laço não pode pretender capturar o outro para sempre, porque o outro também quer estar em outra parte e de outro modo diferente do que eu penso ou quero.
Na fragilidade do laço mora todo mal-estar do mundo, mas também toda a possibilidade daquilo que no senso comum chamamos amor, que é a capacidade de enlaçar o outro sem prendê-lo, ou seja, suportando a sua alteridade e mais ainda, dialogando com ela.
Sobre a tragédia na escola em Suzano? “Precisamos desarmar corpos mas, sobretudo, desarmar almas”… eu preciso escrever sobre isso…
Quando se é professor, mortes como essas, impactam-nos de forma que destrói o coração. Porque ser Professor é ser um pouco pai, um pouco mãe, um pouco amigo, um pouco “ser que busca inspirar para o bem”, um pouco ator e um pouco artista… E, quando necessário, quase sempre, também um pouco Super Heróis (como os professores que fecharam as portas da sala, colocando-se como escudo humano, para salvar seus alunos).
Fonte: https://bit.ly/2TDflLF
Cada aluno e cada educadora mortos ontem se tornaram ora aluno de todos nós, ora filho de todos nós, ora amigo de todos nós… Por isso essa comoção que me motivou a escrever este texto.
Observo que vociferam em busca de culpados. Julgo pertinente este questionamento. Contudo, mais relevante seria tentar compreender todo esse processo de violência explícita que destoa, como citou Dias Toffoli, da conduta social do povo brasileiro.
É urgente nos desarmarmos de toda “arma” que fomenta o ódio e o desejo de “exterminar” tudo e todos que divergem do que pensamos.
Precisamos nos conscientizar que há várias armas que matam: revólver, faca, machado… e, também, palavras.
Todo ódio se incorpora, se movimenta e se vivifica, se estimulados. Então, cabe o questionamento “Como cada um de nós, enquanto sociedade,pode contribuir para que tragédias como essa não ocorram novamente”?
Podem me julgar boba, utópica, romântica, pacifista… é seu livre arbítrio. Porém, a resposta é simples. Precisamos agir enquanto SOCIEDADE que ABOMINA A VIOLÊNCIA.
Cobrar SEGURANÇA do estado, SIM. Porque se eu defendo que “professores e funcionários armados” evitariam essa chacina, estou aceitando que “eu sou a lei, a ordem e a segurança”. Para mim, é um passo para a barbárie.
Então, que reorganizemos nossas práticas sociais, no contexto, precipuamente, familiar. Posteriormente, escolar e social.
Fonte: https://bit.ly/2Jg6ryP
Então, nesse jogo de xadrez que é a vida, numa batalha entre o Bem e o Mal, que saibamos lutar pelo BEM. E nossa luta é diária e ininterrupta.
Lute pelo Bem compreendendo que temos opositores, não inimigos.
Lute pelo BEM ensinando nossos semelhantes a conviver com as diferenças.
Lute pelo Bem acreditando que o diálogo é sempre mais adequado que a violência física.
Lute pelo Bem tendo responsabilidade com o uso de palavras, quer faladas, quer escritas, para que elas não se transformem em munição de ódio que engatilharão ARMAS que matarão, muitas vezes, inocentes.
Os educadores e alunos, que morreram ontem, levaram uma lição para a casa eterna “Entender por que a Violência, o desamor, o ódio alimentado parece querer se legitimar entre nós”?
Com certeza, Deus, na sua infinita misericórdia, recebeu-lhes e todas essas perguntas se tornaram inférteis.
Mas, e nós, “cidadãos do Bem”, o que responderemos aos que morreram?
Então, que defendamos o uso da única arma que salva “O AMOR AO PRÓXIMO”, independente de quem seja.
Foi essa Arma de Amor que se manifestou no coração das merendeiras, que empurraram freezeres para fechar portas, colocando suas vidas em risco para salvar crianças.
Fonte: https://bit.ly/2TUgEW1
Foi essa Arma de Amor que motivou professores a se posicionarem como escudo humano, fechando portas, para proteger seus alunos.
Foi essa Arma de Amor que fez com que médicos, de um hospital particular, atendessem feridos, gratuitamente, priorizando a missão de salvar vidas, QUALQUER VIDA.
Foi essa Arma de Amor que nos sensibilizou ao ponto de, ao nos colocarmos no lugar do outro, fazer chorar o coração.
Aos familiares e amigos daqueles que foram vítimas de horrenda violência, meus sinceros sentimentos.
Aos que morreram, meu pedido de perdão e minha promessa de que continuarei lutando por um mundo mais ARMADO DE AMOR!
Conforta-me saber que, nesta batalha, NÃO ESTOU SÓ.
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Se a rua Beale falasse: uma ode ao amor e à resistência
Melhor Atriz Coadjuvante (Regina King), Melhor Roteiro Adaptado (Barry Jenins), Melhor Trilha Sonora Original (Nicholas Britell)
Baseado na obra homônima de James Baldwin (1974), com roteiro adaptado por Barry Jenkins (premiado por Moonlight), o filme Se a rua Beale falasse se passa em Harlem, nos anos 70, época de forte opressão étnica por parte da polícia nos Estados Unidos. Entretanto, a sensação que cada cena do filme passa é a de que elas não estão distantes dos dias atuais e não caracterizam a realidade de apenas um lugar no mundo. Assim como o fez em Moonlight, Jenkins trabalha a realidade de forma poética e não apelativa, deixando para o espectador o trabalho de fazer maiores reflexões.
A história é contada por Tish (Kiki Layne), que ao longo do filme vai situando o espectador na jornada vivida por ela e por Fonny (Stephan James), trazendo lembranças da infância e da amizade entre ambos até o momento em que se apaixonam. Os detalhes dessas lembranças ganham um roteiro mais contido, entretanto, nada impede que o público se emocione com o que eles têm a contar. Os closes demorados das câmeras ajudam nisso, enfatizando os olhares e expressões faciais dos personagens.
Fonte: https://bit.ly/2DQKKzg
Há também uma narrativa lenta, com diálogos curtos e calmos, que enaltecem o sentimento puro e inocente vivenciado por Tish e Fonny. Assim, o filme entrega uma história de amor, não daquelas vistas em contos de fadas, mas daquelas que resistem a obstáculos colocados pela sociedade, incrustrados de preconceito e intolerância. Essa história se passa em um cenário que tem como pano de fundo o preconceito étnico, trazendo à tona a cumplicidade, coragem e força de dois jovens negros que têm um sentimento recíproco entre si.
A narrativa de Tish nos apresenta a rotina dela e de Fonny, na qual tem de lidar com julgamentos pela cor da pele. Em um desses julgamentos, Fonny acaba sendo preso por um crime que não cometeu, tendo como base a palavra de um policial – branco – que representa toda a intolerância e racismo agindo como opressão na vida de quem não fez nada mais do que nascer negro.
Fonte: https://bit.ly/2DMhvxQ
Isso tudo parece muito clichê. Porém, clichês existem por uma razão. Essa mesma história pode ser vista em vários outros filmes e, como a arte imita a vida, sabemos que fatos assim são comuns na sociedade, como, por exemplo, um homem negro ser morto pelo segurança de um hipermercado, tendo como aparente justificativa o racismo deste.
Agora, além do sentimento mútuo de amor, o casal vivencia também a dor da prisão injusta. Ao descobrirem que Tish está grávida, passa a existir uma ambivalência de sentimentos: a alegria pela nova vida e a angústia por tentarem tirar Fonny da prisão antes do nascimento dessa nova vida.
Jenkins opta por focar as atenções nas repercussões que a acusação e prisão de Fonny tem em Tish e familiares, não perdendo tempo com as questões jurídicas. O drama pessoal e a injustiça social se apresentam como efeitos colaterais traumáticos, levando Tish e seus familiares a formarem um sistema coeso em função da gravidez e da tentativa de tirar Fonny da prisão.
Fonte: https://bit.ly/2BFJi2C
Um ponto interessante é que o filme não aborda o racismo de forma escancarada e utilizando-se de apelo. Não há a necessidade de brigas e violência, apenas cenas cotidianas, corriqueiras e fatuais que são complementadas pela narração de Tish e dos diálogos envolventes.
Focar a atenção no drama pessoal e injustiça social, tal como trazer isso de forma natural, foram escolhas acertadas de Jenkins. Não é pertinente, nesse contexto, entender a atuação jurídica na história. O principal objetivo do filme é mostrar o quão arcaica a sociedade de modo geral está, onde ainda é necessário haver conscientização sobre questões que nem deveriam precisar disso, nesse caso, questões étnicas.
Fonte: https://bit.ly/2BDRzUU
A poesia desse romance acompanhada por sua crítica social leva o espectador a se envolver com os personagens e a refletir sobre questões pertinentes nos dias atuais. Se a rua Beale falasse, com certeza estaria pedindo clemência e, principalmente, evolução nos modos de conviver em sociedade e das pessoas enxergarem o mundo e a si mesmas.
FICHA TÉCNICA:
SE A RUA BEALE FALASSE
Título original:If Beale Street Could Talk Direção: Barry Jenkins Elenco: Kiki Layne, Stephan James, Regina King; Ano: 2018 País: EUA Gênero: Drama
Todos morreremos e o que deixaremos como lembrança, Vovó Helena? Porque hoje o café da tarde foi acompanhado por doces feitos de SAUDADE… Eu preciso escrever sobre isso…
Já escrevi outras vezes que, durante a vida, eu e a morte nunca seremos amigas íntimas. O que não me impede de dialogar com ela, às vezes, sobre a brevidade da vida. Tantas mortes em Brumadinho, tantas mortes no RJ ontem, tantas mortes diárias e repentinas me forçam a refletir se eu deixarei uma mensagem positiva para as pessoas neste mundo.
Esse texto não é mórbido, nem funesto, tampouco depressivo. Contudo, é reflexivo.
Lembrei do filme Sociedade dos Poetas Mortos quando o professor pergunta “Que verso você está escrevendo no poema da sua vida?”
Por isso, quero ser lembrada como a leveza das brumas do céu, igualmente como rememorei minha vó Helena, que faria aniversário estes dias.
E a SAUDADE chega sem pedir licença, e nos abraça tão forte que mareja os olhos… Como há pouco, quando entrei na padaria e vi esses doces da foto. Recordei que quando criança, vovó Helena nos levava com ela ao Banco da Amazônia para receber sua aposentadoria.
Íamos andando pelo cais de Santarém e, na volta, era ritualístico pararmos na saudosa Padaria Lucy para que vovó comprasse essas doçuras, que eram irmamente divididos para seus netos, uns 5 doces para cada. Era a nossa ida ao shopping naquela época.
Fonte: https://bit.ly/2Er4dZ6
Então, essa recordação fez meus pensamentos viajarem pelo túnel do tempo. Foi tanta saudade que comprei os doces e, inevitavelmente, também dividi com as pessoas que tanto amo.
Então, despertou-me a vontade de escrever que pequenos gestos eternizam pessoas em nossos corações.
Por isso, que tenhamos o cuidado e a sabedoria de deixar na memória daqueles com quem convivemos sempre ” um verso de amor”.
Não precisa ser clássico ou com rimas raras.
Pode ser simples.
Pode ser um sorriso, uma gentileza, uma palavra que engrandeça, um abraço, uma mão amiga, uma presença sincera, uma solicitude …enfim.
Porque o AMOR não precisa de grandes manifestações para morar para sempre nas nossas reminiscências.
Não te irrites, por mais que te fizerem
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio.
– Mario Quintana
O que você espera de um amor? Tenho certeza que sua primeira resposta não foi dividir um pão duro numa segunda feira. Talvez seu pensamento foi recheado de pétalas vermelhas pelo chão, olho à olho, declarações e um fondue de queijo sexta à noite. Querido leitor você não está errado (não disse também que estava certo, vamos com calma)! Afinal que sentimento é esse que faz poesias mais bem trabalhadas, o som do violino que faz serenata à Torre Eiffel, ou todas as cores de Van Gogh ganharem sentido?
O que você espera de um amor? Pessoalmente acho mais fácil dizer que está apaixonado do que dizer que não está. As pessoas te olham tipo: “Mas e agora? Vai andar sem destino? Há quem irá contar seus segredos ou dedicar músicas do Jorge & Mateus?” Infelizmente passei pelo processo popular de ficar desiludida com o amor e as pessoas. Mas queridos leitores não sigam meu exemplo!
Tenho certeza de que, assim como eu, você também já passou por isso, a questão é o que você faz após ter seu coração partido (junta os pedaços, é obvio). Atenção: Esse clichê tem a intenção de deixar de ser discurso e virar prática!
Fonte: encurtador.com.br/empBT
Certa vez vi o rapaz que eu gostava em um banco perto de umas arvores, ele não estava fazendo nada especial mas parecia uma daquelas pinturas que depois de muito tempo guardada é encontrada e exposta em galerias e todos os artistas iniciantes querem fazer uma igual. Poderia facilmente dizer que ali ele estava em seu habitat natural. Ah querido leitor, coitada de mim! Mal sabia eu que aquele rapaz cercado de natureza e vida era tão frio como um cubo de gelo dentro de um iglu no Alaska.
Mas que culpa eu tive? Porque ele deveria suprir as expectativas que eu mesma coloquei e ainda ficar chateada por isso não acontecer? E de que adiantaria condenar as outras pessoas que entrariam em minha vida, ou pior, à mim mesma ao desamor? Aí de nós se isso acontecesse, não existiria os poemas de Mario Quintana, nem Clarice Lispector, nem Nando Reis com seu all star preto de cano alto. Os sentimentos ruins são pistas para o autoconhecimento porque nos dão perguntas, de que outra forma eu chegaria à elas?
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Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
– Vinicius de Morais
Eu te conto porque alguém deveria ter me contado, que nada adiantaria subir degraus cada vez mais altos rumo a racionalidade, com um leve vislumbre do que seria se não tivesse negligenciado os desejos do meu coração. E que apesar de tanto esforço não chegaria a lugar algum porque somos seres incompletos, dependentes de relacionamentos. E que sorte a nossa!
Passamos toda a vida tentando desvendar o enigma do amor. Essa é a vida como ela realmente é, um eterno equilíbrio em cordas bambas: amor e revolução, fantasia e realidade, paz e caos, inícios e fins. Apesar dos apesares aguente firme, se amarre em um mundo cor de arco íris, contos de fadas, fadas madrinhas e sapatinhos de cristal.
O tempo passa tão rápido que quando vê, nem se viu. Temos inúmeras possibilidades. Você pode se apaixonar amanhã (ou não). Você pode se desapaixonar depois de amanhã (ou não). E está tudo bem assim. O amor é frágil e nós não somos os seres mais delicados da terra, só resta esperar que essa coisa frágil sobreviva.