Autismo, respeito e compreensão

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No dia 02 de abril é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Durante todo o abril azul, é dado destaque para que o preconceito e discriminação pela falta de conhecimento, diminuam.

Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data também nos faz refletir sobre o que os autistas e seus familiares mais precisam: compreensão e respeito. É fundamental que mais pessoas entendam que há uma grande complexidade envolvendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que nenhum indivíduo é afetado da mesma forma.

O TEA é o transtorno do neurodesenvolvimento cujas características podem ser observadas ainda na primeira infância por meio da consulta a um especialista e de diagnóstico precoce. O autismo é uma condição que atualmente é entendida também como uma síndrome comportamental de nível complexo, além disso, o autismo combina fatores genéticos e ambientais.

Fonte: encurtador.com.br/ayCI7

Geralmente, os autistas apresentam problemas na interação, na comunicação e no comportamento. Por exemplo, na interação social comprometida, o relacionamento com pessoas do mesmo contexto familiar ou etário é aquém do esperado. Pode haver falta de reciprocidade emocional, pouco uso de meios não verbais para comunicação. Podem apresentar também comunicação deficitária, com ausência de linguagem verbal (falada), fala extremamente rebuscada para idade, ecolalias, pronúncia sem a cadência que as pessoas geralmente utilizam (sem alteração de tom) entre outros.

Além disso, há comportamentos marcados por estereotipias, como interesses não usuais em intensidade ou foco, movimentos motores repetitivos, rotinas invariavelmente rígidas e não funcionais, preocupação com partes de objetos, etc.

No entanto, esses fatores variam de caso a caso, ou seja, nenhum autista é igual ao outro. O autismo é muito variado, podendo apresentar intensidades severas em alguns pontos e leves em outros. Por isso, o TEA deve ser muito bem avaliado, por meio de escalas diagnósticas específicas e uma bateria de avaliações cuidadosas. Isso é necessário, pois somente dessa forma é possível saber a intensidade e as áreas que devem ser melhor trabalhadas.

Fonte: Arquivo Pessoal

Por todos esses motivos, é essencial que profissionais das áreas da saúde e da educação possam buscar mais conhecimento e compreender melhor tudo o que envolve o transtorno para tentar, de alguma forma, amenizar as dificuldades provocadas pelo TEA. Assim, conseguiremos tratar essa condição de maneira mais adequada e responsável.

(*) Dr. Clay Brites é pediatra, neurologista infantil, autor de livros sobre autismo e transtornos de aprendizagem, além de ser um dos fundadores do Instituto NeuroSaber

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Inclusão do autista no mercado de trabalho

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Há muitos mitos em torno de pessoas autistas e um deles é de que elas não podem entrar no mercado de trabalho. Pelo contrário, é possível. Quem tem TEA pode conseguir se firmar num emprego de maneira independente. É importante ressaltar sobre a existência de graus de autismo. Aqueles que são mais funcionais e com menos prejuízo cognitivos irão conseguir se sair melhor.

Para que um autista possa se desenvolver bem, é muito importante a detecção precoce. Quanto mais cedo o autismo for diagnosticado e havendo uma intervenção, melhor será o prognóstico e processo de inclusão social futura. Desde cedo, a família deve trabalhar a autonomia da criança e ver as habilidades e interesse dela e focar nisso.

O quadro autístico é extremamente elástico. Por exemplo, a pessoa pode se transformar num médico excepcional, mas por outro lado pode nunca deixar de ser dependente dos seus pais.

Fonte: encurtador.com.br/hoBLN

No seriado The Good Doctor, estrelado por Freddie Highmore, vemos a história do personagem Shaun Murphy, um médico residente com caso de TEA leve. A série mostra as suas dificuldades de comunicação e para se socializar dentro do ambiente de trabalho. No entanto, realiza de maneira brilhante o seu trabalho.

Para que o autista se saia bem na carreira, depende muito do interesse dele por determinado assunto. Podemos ter pessoas com TEA que se interessem por música, jogos ou informática. Depende de cada caso. Porém, quando eles realmente focam conseguem sair-se muito bem no mercado de trabalho.

Para as empresas é uma vantagem ter um profissional autista, pois são bem focados, honestos (tem dificuldade em mentir), perfeccionista, atenção aos detalhes, são organizados, aderem com facilidade a rotinas e cronogramas.

Fonte: encurtador.com.br/vwyT9

Uma característica comum do autismo são as restrições ao expressar emoções, ao entender linguagem de duplo sentido, além expressões faciais e mudanças de tom da voz. Mas como eles não tem preocupações sociais, eles não se preocupam em competir com os outros, não se preocupam também em ter sucesso daquilo que ele faz. Ele quer que dê certo o que se propôs a fazer.

Ele quer terminar o processo sem se preocupar se vai ser elogiado, se vai ser promovido, se ele vai ser excessivamente acarinhado por todos ou bem ou mal aceito. O indivíduo com autismo não se preocupa com esse tipo de coisa, ele só quer fazer aquilo que ele gosta. Portanto, as empresas que tiverem autistas de grau leve só tem a ganhar.

A saber:

Clay e Luciana Brites são fundadores do Instituto NeuroSaber. A iniciativa tem como objetivo compartilhar conhecimentos sobre aprendizagem, desenvolvimento e comportamento da infância e adolescência.

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The Good Doctor: profissionais que lidam com a crise

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Meu pai tinha esse mantra… “Seja como uma pedra, nunca chore”. Isso me tornou forte, o nem sempre foi uma coisa boa, mas foi o suficiente. (Dr. Alex Park)

A crise é uma série de eventos, ocorrências que podem acontecer de formas distintas, muitas vezes imprevisíveis. Como grandes situações catastróficas como terremotos, incêndios, estupros, momentos que podem ameaçar a integridade física, psíquica, social e a vida das pessoas. Na disciplina de Intervenção em situações de crise, do curso de Psicologia, é visto que pode existir uma ruptura psíquica do sujeito com essas conjunturas, ocasionando uma crise psicológica. Neste cenário o indivíduo pode experimentar uma perda familiar, término de relacionamento e mudanças radicais em torno do ambiente.

Vivenciar uma crise é uma experiência normal de vida, que reflete oscilações do indivíduo na tentativa de buscar um equilíbrio entre si mesmo e o seu entorno (SÁ, WERLANG, PARANHOS, 2008). Contudo, se esse equilíbrio não é firmado ou for alterado, rompido por alguma causa, a crise se instaura, fazendo com que o sujeito sofra com inúmeras alterações, físicas, comportamentais, ambientais e psíquicas. O estado de crise é limitado no tempo, quase sempre se manifestando por um evento desencadeador, e sua resolução final depende de fatores como a gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais da pessoa afetada (MORENO et al., 2003).

Fonte: encurtador.com.br/iloD3

Ao estudar sobre os profissionais que lidam com a crise, foi percebido que existem muitos profissionais que não apenas encaram esses acontecimentos, bem como sofrem com esses problemas. Como profissionais da saúde, educação, militares, bombeiros, psicólogos, entre outros.

A crise como uma experiência da vida humana é permeada pela necessidade de um cuidado profissional imediato pautado em conhecimento teórico-prático e vinculado a um modelo, para responder à pessoa em crise, coerente com os processos transformadores que impactam a prática interdisciplinar profissional e alinhado às atuais políticas públicas de saúde mental (ALMEIDA, et al, 2014).

Contudo, existem muitos profissionais que já estão adoecidos ou em estado constante de pressão, assim quando o dever os chama, eles sofrem em dobro. Não porque não sabem lidar com a situação, mas porque precisam estar em ótimas condições para englobar as necessidades das pessoas. Por também estarem em condições críticas, podem romper com a crise até no ambiente de trabalho.

Um bom exemplo disso é expressado durante a série The Good Doctor. Uma produção médica ambientada nos Estado Unidos, do qual um médico diagnosticado com síndrome de savantismo, um tipo de Autismo raro, desempenha grandes feitos através de habilidades intelectuais inimagináveis. Shaun Murphy é o protagonista principal, tido como um jovem e brilhante médico, contudo ele possui dificuldades em socializar com os funcionários do hospital e até com os pacientes. Após enfrentar numerosas barreiras em sua função como médico, Shaun consegue se adaptar da melhor forma possível no ambiente de trabalho. Até que nos episódios dez e onze da segunda temporada, ele e toda a equipe do San Jose St. Bonaventure Hospital passam por uma grande experiência traumática.

Fonte: encurtador.com.br/psCN5

Durante a véspera de Natal dois pacientes dão entrada no hospital com sintomas parecidos, sendo depois descoberto ser um vírus originário da Malásia e que pode levar as pessoas a morte. Toda a equipe da emergência teve que ficar em quarentena por causa do incidente, incluindo Dr. Marphy, que desde cedo se encontrava nervoso com os sons do pronto socorro. A crise começa no ambiente a partir do momento que as pessoas infectadas adentram o hospital, mas com o restante das pessoas o processo é mais longo.

A parte do episódio que evidencia a crise é o momento que tudo parece dar errado. Uma pessoa morre com o vírus, outra precisa ser operada, um garoto sofre com uma crise de asma e Shaun parece não aguentar mais a pressão do ambiente. No que tange ao fato dos profissionais enfrentarem a crise junto com os pacientes, parecia algo normal, que todo médico ou profissional da saúde deveria saber fazer. Mas não contavam com os fatores emocionais, pressão por ajudar várias pessoas assustadas, pouco material disponível e a ameaça iminente de morte.

O que parecia ser um dia normal na emergência, culminou em uma grande crise para todos os envolvidos. Os profissionais de saúde estavam cometendo erros, gritavam, entravam em traze, morriam na quarentena e mesmo em uma grande bagunça como aquela tentavam de alguma forma alcançar o equilíbrio.

Fonte: encurtador.com.br/psCN5

Embora tudo pareça ficção é visto na série que todos conseguem de alguma forma sobreviver ao acontecimento. Pois, eles se ajudaram, não deixaram a crise absorver tudo deles, cada um lidou com o problema com suas próprias reservas emocionais, psíquicas, físicas, etc.

Do exemplo em questão, percebe-se que a crise é uma perturbação temporária e em algumas pessoas pode ser uma forma de crescimento, uma forma de mudança e oportunidade para enxergar a vida com outros olhos. Para Parada (2004), quando a solução da crise se dá de forma adaptativa, surgem três oportunidades: a de dominar a situação atual, a de elaborar conflitos passados e a de apreender estratégias para o futuro. Logo, a elaboração da situação através de habilidades as vezes desconhecidas, pode servir como base para o manejo de situações conflituosas futuras. Que mais profissionais tenham o treinamento e as condições necessárias para realizar o manejo de modo adequado.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Título Original: The Good Doctor
Direção:Mike Listo, Freddie Highmore, Larry Teng, Steve Robin, Michael, Patrick Jann, Alrick Riley, David Straiton, Allison Liddi-Brown, Joanna Kerns, Steven DePaul
Elenco: Freddie Highmore, Nicholas Gonzales, Antonia Thomas, Tamlyn Tomita
País: Estado Unidos da América
Ano: 2017
Gênero: Drama Médico

REFERÊNCIAS

ALMEIDA. A. B.; et al. Intervenção nas situações de crise psíquica: dificuldades e sugestões de uma equipe de atenção pré-hospitalar. Rev Bras Enferm. 2014 set-out;67(5):708-14.

PARADA, E. (2004). Psicologia Comportamental Aplicada al Socorrismo Profesional. Primeros Auxilios Psicologicos. Acesso em: 29 de abril de 2019. Disponível em: http://members.fortunecity.es/esss1/Jornadas97ParadaE.htm.

MORENO, R. R.; PEÑACOBA, C. P.; GONZÁLEZ-GUTIÉRREZ, J. L. & Ardoy, J. C. (2003). Intervención Psicológica en Situaciones de crisis y emergencias. Madrid: Dykinson.

SÁ, D. S.; WERLANG. B. S. G.; PARANHOS. M. E. Intervenção em crise. REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2008, Volume 4, Número 1

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O autismo não é o fim de tudo

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Esclarecer informações valiosas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e reforçar a importância do diagnóstico. Essas são uma das propostas do livro “Mentes únicas”, de Clay e Luciana Brites. Publicada pela Gente Editora, a obra mostra que o transtorno não é o fim do mundo e que é possível ajudar um autista a desenvolver suas habilidades impulsionando seu potencial.

Com linguagem acessível e trazendo um panorama histórico sobre o tema até os tempos atuais, a obra pretende mostrar que o conhecimento é o fator fundamental responsável por fazer as crianças, dentro do espectro, tornem-se seres humanos realizados dentro de suas particularidades.

“Mentes Únicas” ensina também como o autismo foi descoberto, quais são as pesquisas atuais sobre o assunto, como o cérebro de uma criança autista funciona, como identificar o espectro numa criança ou adolescente e quais são as melhores abordagens e práticas no dia a dia.

Pais desinformados

O neuropediatra Clay Brites explica que o autismo é um transtorno de desenvolvimento que afeta de maneira decisiva e predominante a capacidade de percepção social. Segundo o especialista, estima-se que, aproximadamente, 1% da população tenha autismo. “Apesar disso, o assunto ainda é pouco discutido em âmbito nacional. Por esse motivo, há tantas dúvidas de familiares e profissionais das áreas de educação e saúde”.

– Seja por preconceito ou dificuldade de aceitação, fato é que precisamos estar mais atentos aos primeiros sinais apresentados na infância para conseguir trabalhar de maneira correta com essa condição – reforça.

Segundo a psicopedagoga Luciana Brites, a falta de informação é o grande vilão. Ela diz que é comum ver pais e professores apresentarem grandes dificuldades em lidar com os autistas. “Mas, apesar de todas os desafios, é possível ajuda-los a ter uma vida melhor”.

Para a profissional, o que realmente faz a diferença é o diagnóstico. Quanto mais cedo, melhor e mais rápido será o processo que irá ajudar o autista a ter uma vivência mais conectada com a vida social, além de saber como lidar com as suas instabilidades. “Para isso, é necessário conhecer mais e descobrir cedo”.

– O livro mostra que é possível vencer os obstáculos do autismo. Além de identificar as particularidades do TEA, ensina pais e profissionais da saúde e da educação a estimular uma pessoa com autismo de modo que ela consiga desenvolver suas habilidades impulsionando seu potencial– ressalta.

Sobre os autores do livro:

Dr. Clay Brites é cofundador e speaker do Instituto Neurosaber, Pediatra e Neurologista Infantil pela Santa Casa de São Paulo, membro titular da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), doutor em Ciências Médicas pela UNICAMP e é vice-presidente da ABENEPI-PR. Luciana e Clay têm três filhos.

Cofundadora do NeuroSaber, Luciana Brites é palestrante e especializada em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Unifil Londrina e mestranda em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Mackenzie. É especialista em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação Ispe – Gae São Paulo, além de coordenadora do Núcleo Abenepi em Londrina.

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TEA: uma abordagem de inclusão escolar, legislativa e psicopedagógica

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A escola representa um recurso fundamental no tratamento, visto que estreita a relação social, oportunizando a interação entre seus pares

O motivo que despertou o interesse em realizar este estudo deu-se em razão de conviver profissionalmente com alunos especiais em particular Autistas em uma escola especial e presenciar situações que necessitam de explicações teóricas. E também por notar que existe grande número de alunos, familiares e professores que sofrem por não conhecer o Transtorno do Espectro Autista – TEA como também não saber trabalhar com deficiência, sendo que as mesmas necessitam de um atendimento especializado e que muitas vezes deixa a desejar por falta de profissionais habilitadas, tecnologias assistivas, como também recursos didáticos adequados para o processo ensino aprendizagem e socialização do aluno com TEA.

Assim, este artigo parte da necessidade de propor discussão e/ou reflexão sobre a Para tanto se faz necessário realizar pesquisas bibliográficas nos fundamentos teóricos que norteiam estudos relacionados à temática em questão.

Neste cenário, fez-se necessário desenvolver fases de fundamental importância para a contemplação dos objetivos propostos, assim, o objetivo principal deste artigo é apresentar uma abordagem teórica sobre transtorno do espectro autista – TEA no processo da legalidade, psicopedagógico e da inclusão escolar.

Enquanto os objetivos específicos são: Compreender a real definição do Transtorno do Espectro Autista – TEA e seu quadro sintomático; Refletir e aprofundar conhecimentos acerca dos princípios da legalidade e por fim pontuar o TEA no seu âmbito Psicopedagógica e de inclusão escolar de maneira de maneira a enfatizar os aspectos da aprendizagem do aluno com autismo a fim de colaborar para desmistificar o olhar estigmatizante que há sobre o mesmo.

Fonte: encurtador.com.br/adhpX

Nessa perspectiva, o respectivo artigo vem ao encontro de apresentar O TEA -Transtorno do Espectro Autismo trata-se de uma condição classificada no DSM-5 como transtornos de neurodesenvolvimento. Sendo assim, o TEA é definido como um distúrbio do desenvolvimento neurológico, presente desde a infância e que apresenta déficits nas dimensões sociocomunicativa e comportamental (DSM-5, 2013, p.53). E que estas características podem provocar o isolamento da criança, o que prejudica ainda mais suas habilidades comunicativas.

Nesse sentido, a escola representa um recurso fundamental no tratamento, visto que estreita a relação social, oportunizando a interação entre seus pares e contribuindo para o desenvolvimento de novas habilidades.  Destaca-se que no Brasil, a inclusão educacional escolar é uma ação política, cultural, social e pedagógica que objetiva garantir o direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando.

A discussão sobre o deficiente vem sendo difundida nas últimas décadas devido à crescente preocupação com as condições de vida dos deficientes, principalmente no que se refere às questões educacionais. De acordo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2011) o termo Deficiência é usado para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Portanto, deficiência é a restrição, limitação que pode ser física, sensorial ou intelectual. As pessoas deficientes necessitam de atenção especial por parte dos familiares, professores e da sociedade num geral, por apresentarem dificuldades especificas como: andar, falar, aprender, entre outras que acarretam em dificuldades para se relacionar com o meio físico ou social.

Segundo Mazzotta (2005.p.15)

A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas com deficiência é atitude muito recente em nossa sociedade. Manifestando-se através de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos, a conquista e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiência podem ser identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados deste século.

Fonte: encurtador.com.br/ilAKP

Desse modo entender o universo do Autismo não é nada simples. Para que isso ocorra de fato é fundamental compreender a sua definição de acordo com a compreensão de alguns teóricos. Esta empreitada não é fácil exatamente pelo fato de envolver aspectos clínicos acerca do termo em discussão.

De acordo com Lira (2004), o significado da palavra autismo é da junção de duas palavras gregas: “autos” que significa “em si mesmo”, “Eu próprio” designação que tem acepção direta com uma perturbação global do desenvolvimento humano, em que o indivíduo se centra em si mesmo e se isola do “mundo exterior e “ismo” que significa “voltado para”, ou seja, o termo autismo significa “voltado para si mesmo”.

A Organização Mundial de Saúde (CID10, 1993) classifica o autismo como um transtorno invasivo do desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ ou comprometido que se manifesta antes da idade de três anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo.

Segundo Gauderer (1985) seus sintomas são na maioria dos casos muito graves e se apresentam por meio de gestos repetitivos, autodestruição, e às vezes até comportamentos agressivos. A fala e a linguagem podem se apresentar de formas atrasadas ou até ausentes, habilidades físicas reduzidas e um relacionamento anormal frente a objetos, eventos ou pessoas.

Fonte: encurtador.com.br/hkGNW

Acredita-se, portanto, que diante destas características, torna-se difícil cuidar, criar e educar uma criança autista, pois representa um grande desafio para pais, familiares, educadores e pessoas à sua volta, principalmente porque há uma grande necessidade de uma abordagem adequada e eficiente para que estes possam se desenvolver, mesmo que de forma lenta. São muitos os estudiosos que procuram explicações para as causas e consequências do Autismo.

Assim, Mantoan (1997) sustenta esta ideia definindo o Autismo como:

Um distúrbio do desenvolvimento, sem cura e severamente incapacitante. Sua incidência é de cinco casos em cada 10.000 nascimentos caso se adote um critério de classificação rigorosa, e três vezes maior se considerar casos correlatados, isto é, que necessitem do mesmo tipo de atendimento.

A primeira descrição dessa síndrome foi apresentada por Leo Kanner, em 1943, com base em onze casos de crianças que ele acompanhava e que possuíam algumas características em comum: incapacidade de se relacionarem com outras pessoas; severos distúrbios de linguagem (sendo esta pouco comunicativa) e uma preocupação pelo que é imutável. Esse conjunto de características foi denominado por ele de autismo infantil precoce (KANNER, 1943 apud BOSA; CALLIAS, 2000).

O autor supracitado, parte do pressuposto de que este quadro se caracteriza por um autismo extremo, estereotipias e ecolalia. Ele também descobriu por meio do estudo de observação que os sintomas do Autista passa a existir muito precocemente, ou seja, desde o nascimento, e adverte até que as crianças autistas poderiam ter uns bons potenciais cognitivos e até mesmo certas habilidades especiais, como uma memória mecânica.

Para Silva e Mulick (2009), o autismo no DSM-IV está dentro de um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento que são chamados de: Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs), Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TIDs) ou Transtornos do Espectro do Autista (TEAs). Esses transtornos dividem-se em três áreas específicas são elas: déficits de habilidades sociais, déficits de habilidades comunicativas (verbais e não verbais) e presença de comportamentos, interesses e ou atividades restritas, repetitivas e inalteráveis.

Fonte: encurtador.com.br/noDLX

Já em maio de 2013, foi publicada, a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5, onde, o Autismo e todos os distúrbios acrescentando o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado e Síndrome de Asperger, foram reunidos em um único diagnóstico chamado.

O transtorno do espectro autista engloba transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger. (DSM-5, 2013, p.53).

Sendo assim, todos os distúrbios passarão a ser considerados em uma única análise Transtorno do Espectro Autista – TEA, que é um estado geral para um grupo de desordens complexas adotando, finalmente, o termo TEA como categoria diagnóstica.

De acordo com o DSM-5 (2013, p.53) caracteriza o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) por “Um quadro clínico em que prevalecem prejuízos persistentes na comunicação social recíproca, na interação social e padrões repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.”

Fonte: encurtador.com.br/blO68

A criança autista tem dificuldade de conviver com outras pessoas, não consegue responder adequadamente e manifesta comportamento inadequado. A falta de atenção, de concentração, o ato de se levantar e pular, movimentar os braços e emitir certo barulho ocorre como sendo uma necessidade de extravasar e isso atrapalha no processo de aprendizagem desse aluno. A aprendizagem do autista é um processo lento, requer muita paciência por parte dos envolvidos nessa empreitada, é fundamental o reconhecimento dos ritmos e diferenças entre os alunos para que todos tenham as suas especificidades atendidas, é necessário profissional qualificado e apto para estimular e despertar o máximo que essa criança possa revelar.

A preparação destes profissionais educadores para o trabalho com alunos autistas é de suma importância, pois o educador é um dos agentes responsáveis não somente por transmitir conteúdos pedagógicos, como também transmitir valores e normas sociais que possam inserir a criança na esfera simbólica do discurso social. Sendo assim, o trabalho com educadores deverá englobar, de forma permanente, programas de capacitação, supervisão e avaliação (SANT’ANA, 2005 apud PRATES, 2011, p. 05).

A prática inclusiva dos alunos autistas nas classes comuns das escolas regulares é de suma importância e ao mesmo tempo desafiadora, nos leva a refletir que a inclusão não pode ser reduzida unicamente à inserção dos alunos com deficiências no ensino regular, esta deve atravessar todo o processo educacional, envolvendo toda a comunidade escolar, ou seja, a educação especial deve perpassar os muros da escola, através de ações realizadas pela escola, promovendo o sentido de equidade mostrando que esse público, independente da “deficiência”, é detentoras de direitos e devem ser respeitadas como parte integrante do sistema educativo.

Segundo a Declaração de Salamanca, a Educação inclusiva se caracteriza como uma política de justiça Social:

As escolas devem acolher todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham crianças de minorias linguística, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavoráveis ou marginalizadas. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA 1994, p. 17- 18).

Fonte: encurtador.com.br/suO13

Nesse processo, a Constituição Brasileira (1988) torna-se um ponto determinante na afirmação dos direitos da pessoa com deficiência, destacando o papel da política educacional e nela, o papel da escola no processo de prática dessa política e sua legislação e seus desafios. Em seu Artigo 5º, a Constituição garante o princípio de igualdade: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…)”. A Constituição Federal garante a todos os alunos a frequência no ensino regular, com base no princípio de igualdade. Assim, todo aluno tem direito de estar matriculado no ensino regular e a escola tem o dever de matricular todos os alunos, não devendo discriminar qualquer pessoa em razão de uma deficiência ou sob qualquer outro pretexto.

Com base especificamente no autismo, em 2012, foi promulgada a Lei nº 12.764 que trata da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL, 2012).

Esta Lei possibilita que qualquer pessoa com as características do Autismo tenha direito ao diagnóstico ainda no início para obter o devido tratamento, com acompanhamento médico, com acesso aos medicamentos necessários. Que tenham direito ao mercado de trabalho, assim como, capacitação profissionalizante, principalmente direito ao ensino regular. A referida lei considera Transtorno do Espectro do Autismo como:

I – deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II – padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos (BRASIL, 2012, § 1º, Incisos I e II).

No que diz respeito à escolarização do aluno autista, o Art. 3º, Inciso IV, da lei, preconiza a garantia do direito “[…] à educação e ao ensino profissionalizante”; e, em casos que comprova a necessidade, “[…] a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado”. O ingresso de uma criança autista em escola regular é um direito garantido por lei, como aponta o capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), que trata sobre a Educação Especial. A redação diz que ela deve visar à efetiva integração do estudante à vida em sociedade. Além da LDBEN, a Constituição Federal, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA entre outros documentos, todos asseguram esses direitos.

Fonte: encurtador.com.br/npFW7

Sabe-se que a questão educativa assume um papel de grande importância na discussão acerca do autismo, sendo que algumas interrogações surgem como obrigatórias. Assim, é necessário indagar de como devem ser educados os alunos identificados como autistas, como também conhecer como é o espaço educativo destinado à aprendizagem escolar, pois oferecer um atendimento adequado a esse grupo requer conhecer suas principais características, e principalmente a garantia do serviço de atendimento educacional destinada a esses alunos, de forma a atender atendem suas necessidades especificas. A esse respeito Cool (1995) faz menção de como deve ser esta estrutura tão importante para educação do autista.

[…] As crianças autistas têm um maior aproveitamento, quando são educadas em grupos pequenos […], que possibilitem um planejamento bastante personalizado dos objetivos e procedimentos educacionais em um contexto de relações simples e, em grande parte, bilaterais; Em segundo lugar, o ambiente deve facilitar a percepção e compreensão, por parte da criança, de relações contingentes entre suas próprias condutas e as contingências do meio […]; 3) além disso, o educador deve manter uma conduta educadora[…] estabelecendo, de forma clara e explícita, seus objetivos, procedimentos, métodos de registro, etc. (COOL, 1995, p. 286).

 Assim, fica claro que os autistas requerem ambientes educacionais estruturados e adequados às suas necessidades. Assim, percebem-se importância de termos bons professores contribuindo para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno autista nas escolas, amparando-os, a fim de ajudá-los nesta tarefa difícil que é a educação especial.

Fonte: encurtador.com.br/mxyD1

Considerações finais – De acordo com o estudo bibliográfico realizado foi possível constatar que o autismo pode ser considerado um transtorno e não uma doença, visto que o desenvolvimento de vias de pesquisa tem sido implantadas e aprimoradas na busca de uma resposta na questão diagnóstica. Ao mesmo tempo no entorno de compreensões cientificas, temos também o entendimento de reflexões realísticas que devem buscar o entendimento dessa população afetada, da maneira pela qual as mesmas veem o mundo a sua volta, e assim ajuda-las da melhor maneira possível, nesse sentido, destaca-se a ação da escola e de professores qualificados.

Entretanto, é relevante destacar que os tratamentos tem sido importantes na busca pelo desenvolvimento de habilidades que uma pessoa normal pode ter, mas existira a dificuldade nas áreas caracteristicamente atingidas como por exemplo comunicação e interação social, sendo que os mesmos podem ser minimizados e não curados. Portanto, deve-se ter em mente que o autismo é na atualidade combatido por meio de métodos comportamentais, devido à limitação de teorias cientificas e reafirmar a necessidade de conhecer e aprofundar estudos que possam garantir e assegurar o indivíduo autista dentro de suas necessidades, seja ela pessoal, educacional entre outras.

Portanto, analisa-se que existem diferentes caminhos a percorrer ainda sobre o tema inclusão, mas esta pesquisa se constitui em um deles, por ora. Espera-se que o presente estudo seja fonte de inspiração para outros pesquisadores, dedicados e ávidos pelo tema da educação especial ou por outros educadores, direcionados para a pesquisa, que terão a oportunidade e o privilégio de terem algum estudante com deficiência.

Fonte: encurtador.com.br/lnzY9

REFERÊNCIAS

BOSA C. A. As Relações entre Autismo, Comportamento Social e Função Executiva. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2001.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

_____. Lei Federal nº 12.764/2012, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Disponível em http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,lei-berenice-piana-e-o-acompanhante-especializado,53247.html.Acesso em 20/03/2018.

______. Lei 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/s.lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência pdf. Acesso em 21/03/2018.

______. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº. 8.069/1990. Brasília: 1990.

______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

______. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial Básica. 3 ed. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC, SEESP, 2003.

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Via Lago terá programação de Conscientização sobre o Autismo

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O evento, realizado pela Prefeitura e instituições parceiras, tem início às 17 horas, com atividades como oficinas, palestras, roda de conversa e circuito com educadores físicos

O Autismo pertence a um grupo de doenças do desenvolvimento cerebral, conhecido por “Transtornos de Espectro Autista” – TEA

Profissionais que cuidam de crianças autistas em Araguaína realizam várias atividades no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado hoje, 2. A programação começa às 17h e segue até às 20 horas, na Via Lago.  Um dos objetivos do evento é ajudar a conscientizar e informar as pessoas sobre o que é o autismo e como lidar com a doença.

Serão realizadas oficinas de Arte-terapia e de Musicoterapia e uma palestra lúdica com performance corporal educativa sobre o trânsito. As crianças que participarem do evento irão ganhar pintura artística no rosto e lembrancinhas.

Roda de conversa, circuito com educadores físicos, distribuição de panfletos informativos e exposição de desenhos em tela produzidos pelos alunos da Clínica-Escola Mundo Autista são outras atividades que serão realizadas durante o evento.

O evento é uma organização da Prefeitura de Araguaína, por meio da Diretoria de Ensino Especial da Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a Clínica Escola Mundo Autista e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

O que é o Autismo?
O Autismo pertence a um grupo de doenças do desenvolvimento cerebral, conhecido por “Transtornos de Espectro Autista” – TEA.

Os sintomas do autismo são: fobias, agressividade, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de relacionamento, por exemplo. No entanto, vale ressaltar que o autismo é único para cada pessoa. Existem vários níveis diferentes de autismo, até mesmo pessoas que apresentam o transtorno, mas sem nenhum tipo de atraso mental.

Clínica Mundo Autista
Em 2016, foi fundada a Associação Mundo Autista em Araguaína. No mesmo ano, a Prefeitura de Araguaína criou a Clínica-Escola Mundo Autista, a terceira no Brasil e primeira na região Norte.  Administrada pela associação, a clínica atende a aproximadamente 450 pessoas com algum grau de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e cerca de 200 usuários, com terapias e consultas médicas, atendidos mensalmente.
 

Serviço
O quê? Programação do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo;
Quando? Hoje, das 17h às 20 horas;
Onde? Via Lago.

Serão realizadas oficinas de Arte-terapia e de Musicoterapia e uma palestra lúdica com performance corporal educativa sobre o trânsito

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Em “O menino feito de blocos”, autor se inspira na própria vida para contar história de reconexão com o filho autista graças ao Minecraft

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No texto “A verdadeira história por trás de ‘O menino feito de blocos’”, Keith conta como a experiência de sua família inspirou a trama. Leia no Blog da Record: bit.ly/KeithStuart.

Keith Stuart virá ao Brasil em dezembro para falar sobre o assunto na Comic Con Experience. O autor participa da mesa “Games como conexão com mentes especiais”, no dia 3 de dezembro, às 15h30.

O jornalista britânico Keith Stuart é editor de games do jornal The Guardian e, portanto, acostumado a ter uma série de jogos e consoles espalhados pela casa. Zac, o filho de Keith, é autista. Aos 6 anos, ele descobriu o Minecraft, e a relação do menino com o jogo foi uma revelação para a família: a nova experiência o ajudou a se expressar e, principalmente, fez com que os pais entendessem melhor quem ele era. A história da vida real é a inspiração para o romance “O menino feito de blocos”, que chega às livrarias pela Record no fim de novembro.

Na trama, Keith conta a história de Alex, um homem que incorpora perfeitamente o sentimento de “estar perdido”. Casado há 10 anos com Jody, ele é o pai de Sam, um menino autista de 8 anos. Alex nunca soube lidar com o filho. Para se afastar de todo o choro, dos ataques de fúria e das reações inexplicáveis, se afundou num trabalho burocrático do qual nem gosta. Sua ausência deixa o casamento por um fio, e Jody decide que os dois precisam de uma “separação experimental”. Não ajuda muito o fato de Alex ainda guardar um trauma de infância: a morte de seu irmão mais velho, George, quando eram crianças.

Agora, Alex está vivendo no colchão inflável do melhor amigo e precisa dar um jeito de se reerguer. E, ele logo percebe, grande parte disso passa por conhecer de verdade o próprio filho. Um dia, por acaso, os dois começam a jogar Minecraft.  O jogo é uma espécie de Lego mais elaborado e online, onde é possível construir mundos com blocos feitos de materiais diversos. Naquele ambiente, Sam se ilumina e se expressa como nunca fez antes. Ali, no “Mundo do Sam e do Papai”, como eles batizam sua criação, eles vão trabalhar juntos e se conectar de uma forma que acaba influenciando também a vida real, para além do virtual.

Keith narra com sensibilidade a jornada de Alex, um personagem que reflete de forma muito verdadeira algumas das angústias comuns aos adultos contemporâneos. Sua experiência também permite uma sinceridade tocante ao falar sobre as dificuldades de lidar com uma criança com autismo, e as delícias de conseguir criar uma relação verdadeira com os filhos.

O autor virá ao Brasil para participar da Comic Con Experience.  Keith vai conversar com o apresentador Marcos Mion (que também tem um filho autista) e com o quadrinista Flavio Soares, que escreve uma história em quadrinhos sobre sua relação com o filho que tem síndrome de Down.

TRECHOS:

.“Enquanto trabalhamos, me dou conta de uma coisa. Em geral, quando brincamos juntos – nos preciosos momentos em que ele está disposto a se concentrar –, o que experimentamos é uma solidão compartilhada: ou eu observo, ou o guio, ou me preocupo com ele. Ou, quando brincamos com blocos de montar ou de LEGO, eu faço alguma coisa com a qual ele brinca por alguns minutos ou simplesmente a destrói. Mas aqui, por algumas horas, estamos trabalhando como se fôssemos um só – bem, contanto que eu faça o que tenho de fazer. Mas esse é outro ponto positivo. Nesse universo, onde as regras são precisas, onde a lógica é clara e infalível, Sam está no controle.”

.“Típico da Jody – ela sempre conseguiu explicar o mundo para o Sam, converter as experiências dele em uma linguagem que ele utiliza e entende. Isso é algo que vivo esquecendo – que, de várias maneiras, ele é um turista no nosso mundo, um viajante desorientado sem noção das peculiaridades e dos costumes do lugar. Ela é o Google Tradutor dele. Enquanto eu paraliso, recuo e me retiro, Jody o pega pela mão e o guia. Eu sou um merda. Tenho que parar de ser um merda.”

.

Keith Stuart é editor de games do jornal britânico The Guardian e escreve sobre o assunto desde 1995. Ele recebeu enorme retorno, de diversos pais com experiências semelhantes, depois de contar sobre sua dinâmica com o filho autista no jornal. A repercussão acabou rendendo um convite da editora inglesa para que escrevesse “O menino feito de blocos”.

FICHA TÉCNICA

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O MENINO FEITO DE BLOCOS

Autor: Keith Stuart

Tradução: Ana Carolina Delmas

Páginas: 378

Editora:  Record

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Autismo e Síndrome de Asperger – como compreender e agir

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O Autismo e a síndrome de Asperger são os mais conhecidos entre os transtornos invasivos do desenvolvimento das habilidades sociais e comunicativas do indivíduo. Em entrevista ao Portal (En)cena, a psicóloga Lauriane dos Santos Moreira explica detalhadamente as principais característica destes transtornos, bem como as formas de tratamento e outras orientações.

Lauriane dos Santos Moreira é Psicóloga, professora do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, mestranda em Desenvolvimento Regional (UFT), especialista em Saúde Pública (ITOP) e em Análise Comportamental Clínica (IBAC).

(En)Cena – O que é o Autismo e a Síndrome de Asperger?

Lauriane Moreira – Autismo e Asperger até pouco tempo atrás faziam parte dos chamados Transtornos Globais do Desenvolvimento, o que abarcava outras problemáticas como Transtorno de Rett, por exemplo, tendo como elo unificador problemas na comunicação, interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento. Em 2013, com a publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais V (DSM V) pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), asperger e autismo deixaram de ser considerados transtornos distintos para comporem o que atualmente se chama de Transtorno do Espectro Autista (TEA), com níveis variados de gravidade. Apesar da mudança de nomenclatura pelo referido manual de classificação, os sintomas permanecem como antes, mas foram agrupados de modo que, ao invés de três características básicas, agora temos duas: problemas de interação social, essa permeada pela comunicação e os problemas acerca de comportamentos repetitivos e estereotipados.

(En)Cena – Em que idade estes transtornos costumam se manifestar?

Lauriane Moreira – Em geral os sintomas aparecem nos primeiros anos de vida, antes dos cinco anos de idade. Uma criança precisa comunicar-se, interagir socialmente e aprender uma série de comportamentos para se desenvolver de modo integral e, quando estamos lidando com uma criança que apresenta dificuldades bem marcadas nessas áreas, logo seu desenvolvimento fica prejudicado e os pais e/ou cuidadores costumam perceber isso bem cedo. Por exemplo, o costumeiro interesse de crianças de um ou dois anos de idade de explorar o ambiente e buscar a atenção das outras pessoas para brincadeiras ocorre sumariamente em algumas formas do espectro autista, em especial as mais graves, com uma tendência a preferir ficar sozinha e em locais com pouca estimulação sensorial.

(En)Cena – Quais as suas principais características?

Lauriane Moreira – Como já citado, as pessoas com autismo tem dificuldade em interagir com outras pessoas e em comunicar-se. Contudo, esse primeiro conjunto de sintomas não pode ser confundido com timidez ou fobia social. Nos graus variados em que o espectro se apresenta, temos desde pessoas que ignoram a presença dos outros, tratando-os como se fossem objetos, até casos em que a pessoa costuma se comunicar, mas com extrema dificuldade em compreender as regras sociais e o uso simbólico da linguagem. No que se refere aos comportamentos repetitivos, fixos e estereotipados, notamos nessas pessoas uma rigidez na rotina e interesses incomuns, como passar demasiado tempo olhando para um ventilador ligado. Além disso, muitos casos apresentam ecolalia e hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Importante lembrar que é comum também verificar a existência de retardo mental associado, costumeiramente com alterações neurológicas, mas não são todos os casos.

(En)Cena – Como é feito o diagnóstico?

Lauriane Moreira – O diagnóstico é feito de forma multidisciplinar, em geral por psicólogo, psiquiatra, pediatra e neurologista, e tem cunho clínico, ou seja, é a partir da presença dos sintomas citados acima que se confirmará o transtorno do espectro autista, já que os exames de imagem e laboratoriais não mostram nenhum padrão que esteja presente em todos os casos. No entanto, tais exames costumam ser feitos para descartar outros diagnósticos prováveis, então sempre são requeridos. Obviamente, o diagnóstico deve ser rigoroso porque muitas crianças apresentam ao longo do seu desenvolvimento dificuldades em alguma das esferas citadas, o que é comum e esperado, então, somente um profissional da área tem condições de avaliar o caso, tendo em vista, por exemplo, a intensidade dos sintomas, desde quando eles estão presentes e a forma como afeta a rotina da criança e daqueles que com ela convivem.

(En)Cena – E quanto ao tratamento? Como ele deve ocorrer?

Lauriane Moreira – As terapias tradicionais direcionadas ao TEA tinham como objetivo eliminação ou redução de comportamentos inapropriados, seja via psicoterapia ou medicação. Atualmente, elas buscam também, e principalmente, ensinar novas habilidades para promover certo grau de independência e controle do ambiente pelo autista. Por exemplo, temos o Método TEACCH (da sigla em inglês, Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Desvantagens na Comunicação), que é uma estratégia de educação individual em que, a partir de uma série de imagens, ensinam-se tarefas como usar o banheiro, alimentar-se, vestir-se, além de outras mais complexas como leitura e escrita, objetivando a organização do cotidiano dentro da realidade do autista e de sua família.

Outro método, elaborado por analistas do comportamento, é o chamado ABA (da sigla em inglês, Análise Comportamental Aplicada), que visa diminuir a frequência de comportamentos inapropriados ao mesmo tempo em que ensina novos comportamentos, a partir das especificidades, necessidades e interesses da pessoa com TEA e daqueles que convivem com ela. Além desses, as psicoterapias de um modo geral tem sido amplamente utilizadas nesses casos, com diferentes técnicas. Alguns casos, em especial aqueles que apresentam problemas neurológicos, costumam se valer de terapia medicamentosa. Além disso, a área da educação tem trabalhos excelentes na alfabetização de autistas, no entanto, ainda são experiências tímidas já que as escolas, em geral, carecem de profissionais que compreendam essa condição e as necessidades específicas que apresentam.

(En)Cena – Quais os principais cuidados que a família deve ter em relação ao acompanhamento  em casa de um paciente em tratamento?

Lauriane Moreira – A família tem papel fundamental no tratamento de pessoas com TEA. Quanto antes a criança receber o diagnóstico, melhor prognóstico terá, e isso só é possível se os familiares forem observadores e buscarem um profissional logo que notarem algum dos sintomas. Algumas famílias, mesmo percebendo que há características pouco comuns na sua criança, esquivam-se de procurar um profissional por receio do diagnóstico. Outras, a qualquer sinal de comportamento não esperado, preocupam-se demasiadamente e buscam ajuda. A orientação é que, em caso de dúvida, não hesite em realizar uma consulta, seja para iniciar o tratamento, seja para livrar-se da preocupação.

Outro ponto importante é que, caso seja confirmado o TEA, a família deve informar-se sobre as características dessa condição para saber como lidar, pois não se trata de um, mas de vários problemas que a família precisa mediar, e desconhecendo o transtorno ficaria mais difícil. No entanto, a educação e o tratamento são possíveis, devendo a família auxiliar a “equipar” seu filho para conviver na sociedade e desfrutar de seus direitos, como educação, saúde e lazer.

(En)Cena – Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos pacientes em seu convívio social?

Lauriane Moreira – Um dos principais sintomas do TEA é justamente a dificuldade no convívio social. Tal dificuldade permeia inclusive a relação com pessoas do seu ciclo doméstico, como pais e irmãos, podendo ser desde uma postura de total indiferença à simples dificuldade em manter contato visual. Nesse ínterim, uma série de situações podem ser listadas, como resistir ao contato físico, não se misturar com outras pessoas, tratar os outros como ferramentas, apresentar risos e movimentos “inapropriados” ou descontextualizados, agir como se fosse surdo, dentre outras características. Por exemplo, estudar numa sala de aula com 30 alunos pode ser uma situação suportada com muito sofrimento por pessoas com TEA. Pela dificuldade em compreender regras sociais e realizar abstração, o convívio social precisa ser mediado por outra pessoa que lhe ensine como se portar de modo o mais prático e concreto possível.

(En)Cena – As síndromes acompanham o paciente ao longo de sua vida sendo remediada, ou há uma cura definitiva?

Lauriane Moreira – A literatura não aponta casos de “cura” do TEA, até porque não se sabe ainda o que gera essa condição. Muitas teorias foram desenvolvidas ao longo de pouco mais de 60 anos em que o autismo tem sido estudado com mais afinco, desde que o médico austríaco Kanner em 1944 divulgou estudo realizado com onze crianças que apresentavam os sintomas de TEA. No entanto, apesar de não conhecermos casos de “cura”, existem muitos relatos de desenvolvimento importante, como o de Temple Grandi, americana que foi educada formalmente, sendo PhD em zootecnia. Ela relata que ainda tem dificuldade em olhar nos olhos dos outros, mas compreendeu como o mundo funciona e não se sente mais como um “E.T.” num planeta desconhecido.

A história de Grandi é um exemplo de TEA que foi diagnosticado e tratado desde muito cedo, mostrando que avanços enormes podem ser atingidos, como proporcionar independência. Casos de TEA com retardo mental grave associado são mais complicados, mas ainda assim possíveis de serem tratados com alcance de melhorias, em especial se a estratégia for interdisciplinar e com apoio e cuidado da família.

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