Concurso Público Nacional já tem fotografias premiadas

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O Concurso Público Nacional de Fotografia – Prêmio Fotográfico: Palmas 30 Anos, já tem os vencedores. A comissão julgadora avaliou as fotografias inscritas no Concurso e selecionou as ganhadoras.

A comissão julgadora foi composta por 05 membros titulares, o professor universitário, membro organizador do Fotoinovar Tocantins, o arquiteto e urbanista Andherson Prado. A pesquisadora, professora de pós-graduação, coordenadora do Coletivo 50 graus – Grupo de Pesquisa e Prática Fotográfica na cidade de Palmas/TO, editora na Revista Observatório (Seção Visualidades/UFT), a fotógrafa e pós-doutora, Amanda Leite. O geógrafo, fotógrafo de natureza e contextos sociais que já teve suas fotografias divulgadas em revistas como National Geographic Brasil e em meios de comunicação como BBCBrasil, Clóvis Cruvinel. O professor, especialista em desenho, arquiteto e urbanista Eber Nunes Ferreira. A coordenadora do Portal (En)Cena e do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, a fotógrafa e doutora, Irenides Teixeira.

O presidente do CAU/TO, Silenio Camargo, avaliou positivamente a realização desse primeiro Concurso neste segmento. “Recebemos fotografias excelentes. Acredito que a comissão teve muito trabalho na hora da seleção devido a qualidade dos materiais enviados. É uma honra para o Conselho realizar esse primeiro concurso e, ver como temos profissionais atentos à beleza e a arquitetura da Cidade. São 30 anos que merecem esse olhar atento aos detalhes, e principalmente, valorizando cada espaço dessa belíssima Capital”, reforçou.

Fonte: encurtador.com.br/bejHO

Confira os premiados do Concurso Público Nacional de Fotografia – Prêmio Fotográfico: Palmas 30 Anos

Tema Arquitetura
1º Lugar: Rafael Silva Oliveira
Título: Memorial Coluna Prestes – Foto Interna
2º Lugar: Samia Caroline Cayres Lima
Título: Memorial Coluna Prestes – Foto Noturna
3º Lugar: Helen Lopes de Sousa
Título: Toda ponte precisa de pilastras

Tema Arquitetura Paisagística
1º Lugar: Nielcem Fernandes
Título: Espaço Cultural
2º Lugar: Rafael Silva Oliveira
Título: Memorial Coluna Prestes
3º Lugar: Gustavo Henrique Lima Ferreira
Título: O caminho

Tema Paisagem Urbana
1º Lugar: Nielcem Fernandes
Título: Palmas Capital
2º Lugar: José Djair Casado de Assis Júnior
Título: Dourado sobre a serra
3º Lugar: Nielcem Fernandes
Título: Parque Cesamar

O concurso é uma realização do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Tocantins (CAU/TO) e tem como objetivo homenagear a Cidade e sua arquitetura. Ao final do concurso, os vencedores terão as fotografias apresentadas na 1ª Mostra Fotográfica do CAU/TO, em comemoração aos 30 anos de fundação da capital do Tocantins, além de premiação em dinheiro. As fotografias premiadas se encontram no site do Concurso, no site do Conselho e nas redes socais.

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Em busca do caminho das nuvens

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A vida cotidiana sempre foi repleta de desafios, principalmente quando o assunto é sair em busca de um ideal, um objetivo de vida ou uma meta. A trajetória que alguns indivíduos percorrem em busca seus ideais poderia até mesmo virar roteiro de cinema. Tanto na vida real quanto na ficção tem sempre alguém percorrendo algum caminho em busca de algo que mude sua vida.

As produções cinematográficas brasileiras estão repletas de boas histórias e personagens que contam casos que até poderiam ser verdade na vida real, tirando claro um aspecto aqui e outro ali que acabam dando um ar de mera ficção. Um bom exemplo disso é o filme O Caminho das Nuvens (2003) estrelado pelos atores Wagner Moura e Claúdia Abreu que traz uma narrativa cheia de drama e leva ao seguinte questionamento: o que você faria em busca de um ideal?

O longa metragem narra a história de Romão (Wagner Moura), caminhoneiro que está desempregado e precisa sustentar a mulher Rose (Cláudia Abreu) e cinco filhos. Para isso, ele  decide partir em busca de um local onde possa conseguir o sonhado emprego com salário de R$ 1 mil , no Rio de Janeiro. Romão e a família partem então numa jornada de 3,2 mil km, saindo de Santa Rita, no sertão da Paraíba, até a cidade maravilhosa. Detalhe: de bicicleta.

A saga dramática da família paraibana é repleta de situações capazes de levar o espectador às lágrimas, porém em nenhum momento o pai da família desvia do objetivo e vai com esposa e filhos percorrer o caminho das nuvens na certeza de que chegando ao Rio, o desejado trabalho estará à sua espera.

Romão, o caminhoneiro, talvez não seja o único que decide mudar o rumo de vida em busca de um ideal. Mudar nem sempre é fácil, mas em alguns momentos o desejo de sair em busca por novos objetivos faz com que algumas pessoas abram mão de seu conforto, estabilidade, família e amigos em busca de seus ideais.

André Limberger, inovador tecnológico, é um bom exemplo disso. À reportagem, André conta sua trajetória e em busca de seus “mil reais”:

“Características da minha personalidade e que resultam diretamente na profissão que escolhi é a CONSTANTE MUDANÇA e a VONTADE DO NOVO.

Sou migrante por natureza… Vindo do Rio Grande do Sul aos 13 anos, estabelecido em Gurupi, Tocantins, já aos 17 anos fui emancipado para abrir uma empresa de informática, onde iniciei a vida profissional com desenvolvimento de softwares para a área comercial, venda de computadores e cursos.

Com sede em Gurupi, casa própria e clientes sólidos, mantive a vida durante 12 anos, quando senti o mercado pequeno e sem desafios, momento em que ocorreu a mudança com a empresa para a capital, Palmas.

Em Palmas estabelecido na área de Cursos e Serviços de Tecnologia durante 13 anos, comecei a sentir a necessidade de inovação, que me empurraram para a criação de um produto tecnológico próprio, onde criei  a CASA INTELIGENTE, totalmente automatizada que rendeu reportagens em jornais televisivos locais, abrindo visibilidade para os meus conhecimentos.

 Apesar de possuir uma vida estável em Palmas, com casa própria, proprietário de uma empresa conhecida e vida financeira estável… sentia que precisava me REINVENTAR, INOVAR e sair da rotina abrindo perspectivas de novos horizontes. Foi quando surgiu outro bem sucedido empresário da área de educação à distância, propondo uma parceria para a criação e inovação de tecnologias para a área de educação.

Este empresário possuía empresa com sede em Maceió, Alagoas, com estúdios, central de satélite e equipe administrativa, além de pólos espalhados por todo o país.

Previamente conhecedor de meu potencial tecnológico, propôs inovação na área de educação, além da possibilidade de morar a beira mar… Maceió.

Hoje resido em Maceió, capital de Alagoas e trabalho com INOVAÇÃO TECNOLÓGICA para a área de educação, produzindo softwares e hardwares, desenvolvendo salas de aulas virtuais, simuladores, jogos educativos, gameficação da educação e novas formas de ensinar.

Hoje tenho uma certeza que nunca irá mudar… A MINHA VONTADE DE INOVAR…”

Meu nome é ANDRÉ LIMBERGER, sou casado com a Nieli Martins Borges Limberger, tenho 43 anos, sou INOVADOR TECNOLÓGICO e feliz”.

Sandra Machado, empresária do ramo da beleza também não ficou atrás e resolveu, assim como o personagem do filme, percorrer o seu caminho das nuvens em busca do seu objetivo.

Tem um momento na vida em que você recebe um “estalo”. É bom, e é importante que isso aconteça. Eu fui empregada por muitos anos sem intervalos, trabalhava como uma formiguinha, incansável e disciplinada, mas nunca satisfeita. Tinha algo que constantemente me incomodava, era o desejo de melhoria, e eu não acreditava que aquilo era tudo que a vida tinha pra mim, e muito menos acreditava que aquilo era tudo que eu era capaz de conseguir. Um dia eu tive que recomeçar, e foi aí que eu decidi que seria de uma forma totalmente diferente. E seria rápido, imediatamente! Era a minha oportunidade e eu não tinha dúvida nenhuma de que esse era o caminho certo. Decidi abrir minha própria empresa e fiz isso logo, no calor da emoção, para que o medo não me alcançasse; por que o medo vem! A incerteza também, as responsabilidades e riscos existem, são reais e enormes! Mas isso é normal, eu sabia. Não houve dúvida de que eu estava certa no caminho que tinha escolhido, mas foi preciso ser forte, ter coragem, equilíbrio emocional e principalmente controle psicológico, sem isso colocaria tudo a perder. Tem coisas que só a gente entende, tem coragens que não dá pra explicar, tem uma luz que só a gente vê (cada um tem sua luz). Eu continuo caminhando, continuo na estrada enfrentando as adversidades, elas já foram maiores, meu objetivo já esteve mais longe. Uma coisa é certa e absoluta; Eu não vou ficar no mesmo lugar, nem mesmo por 1 minuto sequer.

Meu nome é Sandra Machado, sou empresária e mãe.”

Para Jonatan Ornellas, consultor de empresas, a trajetória do personagem lembra um pouco a sua corrida. Para tanto ele não mede esforços e enfrenta todas as mudanças que possam surgir pelo caminho.

“Iniciei minha trajetória como trainee de uma renomada e respeitada empresa de consultoria e auditoria de porte internacional. Após um criterioso, processo seletivo fui convocado para a mesma, tendo sido promovido, até me tornar auditor sênior.

Posteriormente, migrei para uma empresa congênere com o objetivo de ter acesso a uma maior autonomia na coordenação dos trabalhos e maior ganho nos resultados. Durante esse período, passei bastante tempo em São Paulo, atendendo aos clientes da empresa. No momento em que percebi, que as expectativas de crescimento desaceleraram, busquei um outro rumo.

Em outra nova etapa, fui trabalhar em uma empresa de energia elétrica, a qual me proporcionou a oportunidade de residir em outra cidade. Natal – RN. Com essa nova circunstância, houve um afastamento físico dos meus amigos e familiares que continuarem vivendo em Salvador. Contudo, eu já tinha experiência em mudanças e esta circunstância não trouxe nenhum tipo de dano. O objetivo nesta mudança era o crescimento profissional e financeiro, os quais aconteceram durante três anos. Porém, após este período, percebi que era a hora de desenvolver novas oportunidades.

Sendo assim, retornei para Salvador, por ser um pólo comercial relevante, e investi na estruturação de produtos de consultoria empresarial, com foco na geração de resultados financeiros e prevenção de perdas. Atualmente têm sido obtidos excelentes resultados. O cenário mercadológico tem expressado tendências de crescimento para serviços de alto padrão qualidade com foco na geração de efetivo valor agregado. Sendo assim, do ponto de vista profissional e pessoal, me sinto realizado, porém, nunca satisfeito. Sempre podemos fazer mais. Sempre podemos fazer melhor.

Meu nome é Jonatan Ornellas e sou consultor de empresas.”

O caminho das nuvens talvez não seja a chave para o sucesso, mas é sem sombra de dúvidas uma porta para aqueles que saem do estado de inércia e partem em busca da realização de seus objetivos, seja para conquistar um cargo de chefia ou tão somente um emprego com a singela remuneração de mil reais.

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“Saramandaia” ou o desejo irrefreável de voar

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Coronel Zico Rosado expele formigas pelo nariz; Dona Redonda come, come, até explodir;  João Gibão tem suas asas cortadas pela mãe todos os dias, para que as pessoas não saibam de seu segredo; Aristóbolo vira lobisomem; Marcina, ao ficar excitada, queima todo objeto em que se encosta. 

Era o realismo fantástico de Dias Gomes tomando conta do Brasil de 1976, em plena ditadura militar (1964 – 1985). O general Ernesto Geisel tinha assumido a presidência da república no ano anterior (governou o Brasil de 1974 a 1979) e, defrontando-se com a deterioração da economia (as decisões erradas do período de milagre econômico, que durou de 1968 a 1973, já mostrava seus efeitos nefastos) e do alto grau de insatisfação popular, declarou que promoveria uma abertura política de forma lenta, gradual e segura.  Entretanto, a censura continuava rigorosa e não poupava de cortes os textos de peças teatrais, músicas, reportagens em que o censor, por ventura, tivesse encontrado algum indício de crítica ao regime militar.

Dias Gomes, comunista de carteirinha, havia sido demitido da Rádio Nacional pelo seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro. Boni, já todo-poderoso da Rede Globo e que, ao contrário do que se esperava de alguém nessa posição tinha contratado alguns artistas perseguidos pela ditadura como uma forma de garantir-lhes a sobrevivência financeira, convida-o para escrever para a televisão. De 1969 a 1979 Dias Gomes dedicou-se exclusivamente a produzir para a TV.

Dina Sfat e Ary Fontoura

Com Saramandaia, Dias Gomes leva para a TV o realismo fantástico então em moda na literatura latino-americana.  No Brasil, essa forma de escrever teve como seus expoentes Josué Guimarães, José J. Veiga e Murilo Rubião. Érico Veríssimo também enveredou pelo realismo fantástico, como se pode ver de forma bem evidente em Incidente em Antares, de 1971. “Fellinis, Buñuels, Garcias Márquez e muitos Incidentes em Antares, de Veríssimo, habitam o clima dessa obra-prima de estética, arte, bom gosto e talento” (SILVA, 2002, p.  171). “Encontramos traços análogos da obra de Gomes nos expoentes célebres do Teatro do Absurdo, na pintura de Frida Kahlo, no cinema de Fellini e nas obras literárias de Gabriel Garcia Márquez, como “Cem anos de Solidão” (1962) e “A triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada” (1972).” (PAIVA, 2003, p. 1)

salvador dali Landscape-With-Butterflies

Pintura: Landscape With Butterflies, Salvador Dali

“Percebemos que a televisão se utiliza deste recurso, nos anos 70, na telenovela ‘Saramandaia’, abrindo novas arestas para a produção de um discurso que renovou o sentido da teledramaturgia, numa época de fechamento ideológico, imposto pela censura” (PAIVA, 2003, p. 1). Foi especialmente utilizado como uma forma de reação à ditadura militar, pois se aproveitava de metáforas e analogias para elaborar críticas ao regime sem que a censura as percebesse de forma clara.

Dias Gomes diria, em entrevistas após o fim da ditadura, que “Saramandaia foi, também, uma novela muito perseguida pela censura (…) por isso eu apelei para o realismo fantástico” (MATTOS, 2004, p. 82) e que havia escolhido este formato para driblar a censura. Vale lembrar que no ano anterior Roque Santeiro, outra novela sua baseada na peça O Berço do Herói, também de sua autoria, havia sido proibida no dia de sua estreia. Como curiosidade, a novela que substituiria Roque Santeiro foi Pecado Capital, de Janete Clair, com quem era casado.

“A censura não entendia bem a novela Saramandaia e passou a fazer cortes aqui e ali, indiscriminadamente. Os cortes chegaram a tal ponto que não dava para eu continuar a contar a história” disse Dias Gomes (MATTOS, 2004, p. 82). E como entender? A história se dá em uma cidade, Bole-bole, que enfrenta uma disputa entre seus moradores a respeito de uma proposta de alteração de seu nome para Saramandaia.  O confronto se dá entre figuras importantes da política local: o coronel Zico Rosado, aquele da formiga pelo nariz, lidera os tradicionalistas, e se baseia em justificativas históricas para a manutenção do nome. Os mudancistas, liderados pelo coronel Tenório Tavares, têm o apoio do vereador João Gibão, o das asas, autor do projeto e alegam vergonha do nome Bole-Bole, relacionado a um episódio ocorrido com D. Pedro II na cidade.

Assim, “inspirado no realismo fantástico, Dias Gomes apresentou um painel de personagens exóticos para, por meio da ficção, abordar questões políticas, culturais e socioeconômicas, transformando a cidade fictícia da novela em um microcosmo do Brasil” (MEMÓRIA GLOBO, 2012, online). Claro que tal propósito não passava batido pelos censores que, entretanto, desejosos de não serem enrolados pelo autor, cortavam seu texto inclusive nos pontos mais, digamos, inocentes. Dias Gomes relembrou que, ao confrontar o chefe da censura com uma situação destas, ele acabou chamando o censor responsável para lhe pedir explicação, já que ele mesmo não via motivos para o corte:

‘Fulano, o Dias Gomes está intrigado’ ele disse ‘e eu também. Por que você cortou isto aqui?’. O censor ensaiou, então, uma pose, fez um ar de inteligente e, olhando para mim , disse: ‘Bem, o que o senhor colocou aí no texto, quando se lê parece não ter problema nenhum, não é? Mas o que o senhor estava pensando quando escreveu esse diálogo, aí é que está o problema’. Vejam só, ele havia censurado o meu pensamento! A que ponto chegou a censura no regime militar! (MATTOS, 2004, p. 83)

E realmente, ao se olhar a construção do texto de Dias Gomes, verifica-se que o censor tinha motivos para preocupação: “Interesses políticos e econômicos estão por trás da discussão sobre a mudança do nome da cidade. O coronel Tenório Tavares defende a troca, pois pretende lançar no mercado a cachaça Saramandaia (…). A bebida será concorrente da cachaça Bole-Bole, produzida por seu inimigo, Zico Rosado” (MEMÓRIA GLOBO, 2012, online).

Dias Gomes atuaria, através de seu texto, “como vetor de libertação e autonomia da imaginação criativa numa época de sufoco” (PAIVA, 2003, p. 2). Gibão com asas ansiava a liberdade, representava o país que, ele sim, ansiava pela liberdade… e por não ser compreendido vinha tudo, polícia, exército, persegui-lo. Dona Redonda e sua compulsão de comer até explodir denota a compulsão consumista da sociedade capitalista, tema representativo das discussões político-sociais na década de 70. As formigas que saem pelo nariz do Coronel representariam a podridão da sociedade que, ainda que se apresente forte e dominadora por fora, tem seu interior deteriorado e carcomido pelos insetos. É assim que “o fantástico, o absurdo e o grotesco, através de angulações tecnológicas e poéticas imprevistas, informam a imaginação estética dos telespectadores, utilizando-se do recurso da inversão dos valores da sociedade e da política” (PAIVA, 2003, p. 2).

Pintura: The Wings, Salvador Dali (1958)

Isso se reflete até na sua trilha sonora, como Walter Silva nos apresenta ao descrever a música Pavão Mysteriozo, tema principal da novela: “Já com ela sem seus braços, o galã apaixonado profere estas palavras: ‘- Eles são muitos, mas não sabem voar.’”, o que pode ser lido como uma clara alusão à incompreensão dos agentes da ditadura a respeito dos desejos de liberdade e sua incapacidade de sair do chão e… voar! Foi assim que “a  telenovela “Saramandaia” ritualizou, no Brasil dos “anos tristes”, a loucura necessária; funcionou como uma espécie de pulmão que permitiu os indivíduos respirarem numa atmosfera sufocada por um regime político autoritário e, foi igualmente, uma das expressões originais de descontração, apesar de todas as interdições da época” (PAIVA, 2003, p. 4).

Referências

ALENCAR, Mauro. A Hollywood Brasileira: Panorama da Telenovela no Brasil, São Paulo: SENAC, 2002.

MATTOS, David José Lessa (Org.). Pioneiros do rádio e da TV no Brasil: depoimentos à Pró-TV (Volume 1). São Paulo: Codex, 2004.

MEMÓRIA GLOBO.  Saramandaia. 2013. Disponível em  http://memoriaglobo.globo.com. Acesso em 24 jun. 2013

PAIVA, Cláudio Cardoso de . Comunicação e Latinidade: um estudo de televisão e ficção seriada. UQAM. Canadá. América Terra das Utopias. Desafios da Comunicação Social, Quebec, Canadá, v. 1, n.1, p. 1-15, 2003. Disponível em http://www.er.uqam.ca/nobel/gricis/actes/ utopie/Paiva.pdf. Acesso em 24 jun. 2013

SILVA, Walter (Pica-Pau). Vou te contar: Histórias de Música Popular Brasileira. São Paulo: Codex, 2002.

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Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde

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No período colonial o Brasil era tomado por epidemias de febre amarela, cólera, varíola, malária, que levaram os portos a entrarem em crise. O que era um problema, já que a economia do país se sustentava na exportação de café. Com a resistência de alguns países de importarem os produtos brasileiros, temendo às epidemias, houve uma queda na produção agrícola. Nesse período a saúde era privada para ricos, que eram os únicos com recursos financeiros para pagar os altos preços cobrados pelos médicos. Os pobres se contentavam com os serviços prestados pelas instituições filantrópicas e/ou benzedeiras.

O filme narra que, com o advento da República, Rodrigues Alves, então presidente, nomeou Oswaldo Cruz como Diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública. Oswaldo Cruz criou o controle epidemiológico e liderou a Reforma Sanitária Brasileira, instituindo a vacina contra a varíola como medida obrigatória. Esta medida não é foi aceita pela população da cidade do Rio de Janeiro, que se manifestou, organizando a Revolta da Vacina.

Com o advento do capitalismo no Brasil, começaram os primeiros movimentos de industrialização do país, e cresce o número de imigrantes, que traziam consigo a experiência do modelo industrial que já era forte na Europa. A saúde ainda era precária no país, principalmente no que dizia respeito à parcela da população sem recursos financeiros. Os vários movimentos de greves dos operários, principalmente na cidade de São Paulo, em busca de melhores condições de trabalho e de acesso à saúde, resultaram na consolidação da Lei Eloy Chaves em 1923. Essa lei criava e regulamentava as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s), que garantiam assistência medica para os trabalhadores.  Essa lei é o marco para a criação da Previdência Social no Brasil.

Em 1930 Getúlio Vargas assume a presidência da republica e provoca algumas mudanças no quadro sociopolítico brasileiro. Dentre elas acontece a descentralização da política café com leite, no eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além da criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em 1939, que estipulam carga horária fixa para os trabalhadores, salários mínimos e asseguram direitos à previdência. Em 1932 São Paulo resiste à constituição de 30, e a elite paulista perde dinheiro. Getúlio Vargas vendo a quantidade de dinheiro acumulado pelas CAPS’s e resolve centralizá-los, instaurando em 1933 os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP’s). A partir de agora, o estado iria gerir os recursos dos CAPS por meio dos IAPS, que estenderia os direitos dos trabalhadores e uniformiza as estruturas de saúde.

Em 1945, Vargas é deposto, e Dutra assume o poder. Acontecem avanços significativos na saúde. O modelo de saúde nacional sofre influuência do modelo americano que ia contra o método médico assistencialista. A saúde no Brasil agora recebe investimentos diretos do governo e conta com hospitais grandes, modernos e bem equipados, além de diversas especialidades médicas. Em 1953 é criado o Ministério da Saúde.

Na década de 1960, Brasília é criada, e o governo brasileiro investe para trazer fábricas automobilísticas, cresce a industrialização. Acontece nesse período a expansão da medicina de lucro, onde empresas médicas prestam serviços médicos privados, com hospitais próprios. Em 1964 quando Janio Quadros assume a presidência da república, ele tenta a reforma da saúde, mas os militares tomam o poder, e com o golpe militar instaura-se a ditadura.

Em 1967 aconteceu a unificação de todos os IAP’s, e criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Ficava a cargo do INPS assegurar a Previdência Social a todos os trabalhadores (urbanos e rurais), assim como garantir acesso a saúde, no que diz respeito à prática da medicina curativa. As medidas de prevenção, assim como controle epidemiológico eram responsabilidade do Ministério da Saúde.  Durante o Regime Militar acontecem altos investimentos nos hospitais privados, uma vez que, como o INPS atendia a todos os trabalhadores do país. O serviço de saúde, sozinho, não seria capaz de atender a esse público. Criam-se o Instituto Nacional de Atenção Médica da Previdência Social (INAMPS).

Com a crise financeira mundial, o sistema capitalista entra em colapso, cresce o número de manifestações em prol do direito à liberdade de expressão e melhor qualidade de vida no Brasil, dentre eles, as Revolução Sanitarista em 1980, que reivindicava saúde para todos, não apenas para trabalhadores com carteira assinada, e o movimento: Diretas Já, em 1985, que culminou na eleição de Tancredo Neves, marcando o fim do Regime Militar. Surgem nesse período os conselhos populares querendo ter vez e voz nos serviços já conquistados e nas políticas de saúde.

Em 1986 aconteceu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que lutava pela criação de um sistema único de saúde, igualitário e com controle popular. Nessa conferência foi aprovada a constituinte o Sistema Único de Saúde (SUS).

Na constituição de 1988, o SUS nasce com os princípios de: universalidade, Integralidade e equidade, com participação popular. Em 1990 é implantada a Lei 8.080 que estabeleceu recursos destinados ao SUS. Em 1996 as Normas de Operação Básica (NOB) do SUS regulamenta e lançado o Programa Saúde da Família (PSF) e Programa de Agentes Comunitários (PACS). Em seguida, foi permitida a transferência da gestão de serviços públicos de saúde para Instituições Privadas e Sem Fins Lucrativos (OSS). Acontece a Reforma Previdenciária, mas o SUS não é afetado, pois não depende mais Previdência Social para se manter. Em 2006 o SUS disponível para todos, igualmente, como uma política social pública, popular e democrática.

A jornada histórica de nosso país para a conquista de um Sistema Único de Saúde perdurou por mais de um século. Vários foram os eventos que nos permitiram chegar aqui. O SUS ainda está longe de ser o que todos idealizam, mas sem dúvida alguma, dentre as políticas públicas que existem em nosso país, é uma das poucas que saíram do papel. Claro que a realidade mostra grandes filas em hospitais, desvios de dinheiros públicos, e morosidade nos serviços que dependem diretamente de funcionários públicos. Mas não podemos nos deixar entristecer. O que ainda falta de melhoria no SUS, depende diretamente de nós, cidadãos. Devemos lembrar que vivemos em um país livre, e democrático. Se nos lembrarmos de que o SUS, ao contrário dos IMANPS, é descentralizado, podemos sim cobrar desses candidatos propostas que visem melhorias do sistema. A mudança está em nós, enquanto administradores do SUS. O SUS nasceu de movimentos sociais sérios, que viram a necessidade de uma mudança. E se eles conseguiram, por que nós não podemos? É mais fácil depositar nos políticos a culpa pelas falhas no sistema, do que nos implicarmos ativamente no processo.


FICHA TÉCNICA DO FILME

POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: UM SÉCULO DE LUTA PELO DIREITO À SAÚDE              

Direção: RenatoTapajós
Duração: 60 minutos

Ano: 2006

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Pro Dia Nascer Feliz: os sistemas escolares devem ser problematizados

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O documentário “Pro Dia Nascer Feliz” começa com um comentário do ano de 1962, quando o locutor diz que apenas metade dos alunos que frequentava as aulas sabia ler, e desde aquela época o jovem era visto como um problema, principalmente de rebeldia e agressividade. Fazendo um paralelo com os dias atuais, parece que tal fato não mudou muito, tanto em relação aos jovens que realmente sabem ler e escrever quanto à “rebeldia e agressividade”. Os problemas continuam os mesmos, porém a grande diferença para os dias atuais é que houve uma patologização dos problemas, fazendo assim com que a culpa seja dissipada em várias instâncias.

O documentário inicia-se em uma cena em 1962 e, depois, passa para o ano de 2002. Os autores trazem os seguintes dados: “44 anos depois, 97% das crianças entram na escola, mas muitas abandonam; sendo que 41% não concluem o ensino médio.” Segundo avaliações do MEC, metade dos estudantes não consegue ler ou escrever corretamente.

Dados de 2010 do IBGE apresentam que há um abandono escolar de 3,7% no ensino fundamental e 10% no ensino médio. Mesmo com a diminuição da porcentagem, esse é o maior índice de abandono dentre os países Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela (países considerados pobres e com pouco desenvolvimento). Outro dado importante é que cerca de 50% dos estudantes que tem entre 15 e 17 anos não estão no nível adequado para sua idade – boa parte ainda não terminou o primeiro grau. No norte e nordeste apenas 40% dos alunos estão no ritmo certo. O questionamento inicial se faz em torno de considerarmos o Brasil um país em desenvolvimento, com melhores condições de vida que os países citados acima. Como um país em desenvolvimento possui números tão alarmantes? Ressaltamos, ainda, que existe essa carência não somente na educação, mas também na saúde, no saneamento. “O Estado tem a obrigação de respeitar, proteger cada cidadão, promover políticas públicas de educação e saúde e prover os Direitos Humanos, garantindo alimentação, moradia adequada, educação, saúde com dignidade a pessoas, grupos e comunidades.” (Declaração Universal dos Direitos humanos, 1948).

O primeiro relato do documentário traz a história de uma garota que os colegas acham diferente, pois ela gosta de ler e de escrever poemas, mas ela era desestimulada, pois os professores não acreditavam que  os textos haviam sido realmente escritos por ela, achavam que ela havia copiado de algum local, e também a questão de que os alunos desistentes tinham a mesma nota dos alunos que frequentavam as aulas. Um dos textos lidos foi bem carregado de informações, e traz muito do que a criança tem que viver naquele local, apesar de ainda ser criança, precisa trabalhar e estudar, e acabam assumindo uma responsabilidade de adultos.

Outro fator que contribui bastante para esse estado precário da educação é a omissão por parte dos professores. Foi relatado que existe muito o problema com faltas, já que a grande maioria dos professores faz pós-graduação no mesmo dia e acaba não repondo as aulas e a escola não possui verba para contratar professores substitutos. Isso faz com que os alunos fiquem sem aulas e desestimulados.

A escola de Mandari foi reformada em 2006, trazendo melhoria para a comunidade, no entanto, será que somente uma reforma na estrutura física seria suficiente? É preciso reformar também o modo como os professores veem a escola, para que comecem a ter compromisso com seus alunos, valorizando o esforço de ir estudar, mesmo nas condições de vida exaustiva que levam. Uma alteração deve ser feita também no sistema de transporte da educação, porque os ônibus estavam sempre quebrados, o que dificultava a frequência dos alunos na escola.

Aqui, os autores trazem outro dado importante: (em 2002) existe uma média de 210 mil escolas no Brasil. Mais de 13 mil não possui banheiros. Mais de 9 mil não tem água.

Em outra escola estadual há 15 quilômetros do Rio de Janeiro, em Duque de Caxias, a realidade não é muito diferente. A escola possui um pouco mais de estrutura, porém os alunos são considerados ”desinteressados”. Existe muito stress dos professores pela própria falta de preparo em como lidar com os alunos, especialmente porque há uma grande diferença de idade entre eles. Os mais velhos, que eram os que “queriam estudar” ficavam na frente, enquanto os mais novos, que “não queriam estudar”, ficavam fazendo bagunça, jogados e excluídos da visão dos professores no fundo da sala, apenas eram notados quando a indisciplina era muito grande.

Os alunos acabam não aprendendo os conteúdos colocados como básicos, e quando vão para o conselho de classe por reprovação, os professores são orientados a não reprovar para não desestimular os alunos, assim, tem-se duas situações: ou os alunos são aprovados em todas as disciplinas, ou participam do sistema de dependência, em que continuam fazendo a disciplina reprovada no próximo ano junto com as outras. Essa prática parece não ser adequada  tendo em vista que as disciplinas tem uma continuidade, e se o aluno não passa nem por uma das etapas de uma matéria, como vai conseguir lidar com duas etapas de uma vez só? Se o real interesse fosse a aprendizagem e a preparação do aluno para o futuro, o mesmo seria reprovado. Porém o que é discutido nos conselhos de classe é: onde o aluno estará se for desmotivado pela escola, visto que seu contexto é cercado por atrativos como drogas e crimes?

Foi apresentada uma discussão do conselho de classe sobre o caso de um aluno que havia reprovado em quase metade das matérias. A justificativa para passá-lo é que ele havia evoluído muito em sala e reprová-lo iria desestimulá-lo a ir para a escola. O Conselho de Classe passou o aluno para o ensino médio, e no ano seguinte ele reprovou. Daí geram-se os dados de alunos que não sabem ler nem escrever mesmo tendo frequentado a escola. Isso porque não há interesse real em ensinar, seja pela metodologia do sistema educacional proposta pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), seja pelo despreparo dos professores e direção das escolas.

Um fato que vale ser ressaltado é a fala de uma Coordenadora do Núcleo de Cultura durante o documentário, onde ela diz que “o aluno assume um comportamento que não é dele, assume um comportamento que é dessa droga de bairro que não vale nada”. Isso só mostra o quanto a grande maioria das pessoas do ensino público está despreparada para lidar com a realidade nua e crua. Em uma fala preconceituosa e rotuladora, a coordenadora fez um comentário infeliz a respeito do bairro onde a escola é situada, e culpa o próprio bairro pela precariedade da escola. As pessoas estão acostumadas a colocar a culpa sempre no mais fraco, no caso, é o bairro onde a escola é situada, mas esquecem de que o governo é também responsável pelo desenvolvimento do bairro.

Em outra escola estadual, localizada a 50 quilômetros de São Paulo, a escola é exposta como a “atração do bairro”, como responsabilidade do estado e da comunidade, o que faz com que ela seja muito mais atraente para as pessoas, tendo em vista que participam da construção do local, porém ainda existe o problema da omissão dos professores, que segundo a própria diretora relata: “a legislação dá o direito dos professores faltarem aulas”. Além disso, o poder público não está realmente presente na escola, e existe muita maquiagem com relação aos resultados de qualidade da escola. Um aluno de 16 anos diz que “os professores falam que os alunos não aprendem, mas os professores faltam muito, as vezes por cansaço, e aí os alunos ficam sem aula”. Além disso, os próprios funcionários da escola assumem que o modelo atual de escola é muito antigo, e que do lado de fora existe muito mais informação vista como interessante pelos alunos. O aluno tem que ver de que forma o conhecimento vai ser usado e como ele pode ser benéfico no futuro, se ele não consegue ter esse ponto de vista, a matéria será vista como “chata” ou “desinteressante”.

Enquanto isso em uma escola particular de São Paulo, os alunos não conhecem realmente a realidade, e caracterizam como “dois mundos” diferentes, o mundo dos ricos e dos pobres, com uma imagem ilusória do que realmente ocorre fora de sua realidade. A escola  poderia também ter um papel social, tendo em vista que se um profissional for formado com uma visão distorcida da realidade, muito provavelmente, quando se deparar com um contexto diferente do seu, terá dificuldade em promover ações que possam contribuir, de fato, com a sociedade. Muitos alunos dessa escola falaram do pouco apoio familiar, o que torna suas vidas um tanto caóticas. Muitos relataram que procuravam apoio com alguns professores, como a professora de filosofia. Percebe-se que até as escolas particulares, que são colocadas como estruturalmente melhores, não possuem a estrutura adequada para dar suporte aos alunos.

Em linhas gerais, o documentário mostra realidades ditas como diferentes, mas que, em alguns aspectos, são bem parecidas. A grande diferença é que o sistema das escolas particulares é bem mais rígido quanto ao aprendizado e detém como meta preparar o aluno para o futuro e não prender a atenção do mesmo como forma de proteção da drogadição e violência que ultrapassam os muros das escolas. Agrega-se a isso, o fato do professor, nas escolas particulares, ter melhores condições para o ensino. Mas, de uma forma geral, o modelo de ensino continua ultrapassado, tendo em vista  que o professor teria que se adentrar mais na realidade do aluno, e não apenas cumprir horário ou jogar conteúdos para os alunos “se virarem”. Assim, esse documentário corrobora com o fato de que há um problema educacional grave e de que é preciso iniciar um planejamento de melhoria com urgência, tendo em vista de que a educação é o pilar central de uma sociedade, e uma sociedade bem educada pode diminuir diversos problemas em outras áreas.

Para finalizar, cabe ressaltar que a gritante diferença tratada no documentário pode ser vista com clareza na divergência no discurso de duas alunas, uma de colégio público e outra de colégio particular. A primeira relata sobre o seu esforço incessante nos estudos, do amor pela leitura que a faz escrever muito bem, porém, por estar em um colégio público e viver em um contexto com dificuldades financeiras, os créditos de seus textos não aparecem, seus professores simplesmente desclassificavam-os por acreditarem que os mesmos tinham sido retirados de outras fontes que não sua própria ‘cabeça’. Já a segunda garota,  que possui boa condição financeira, devido sua grande dedicação aos estudos é inscrita em maratonas de química, competições de matemática, sem que isso, muitas vezes, seja o seu desejo, visto que ela se percebe durante o relato tão dedicada ao estudo que deixou de lado coisas que caberiam à sua idade. ‘Uns com tanto e outros com tão pouco’, cabe aqui esse comentário informal,  mas que se encaixa nas contradições não só do documentário, mas de uma realidade que tropeçamos diariamente pelas escolas do Brasil.


FICHA TÉCNICA DO FILME

PRO DIA NASCER FELIZ

Título Original: Pro Dia Nascer Feliz.
Gênero: Documentário
Origem: Brasil, 2006.
Direção: João Jardim.
Roteiro: João Jardim.
Produção: Flávio R. Tambellini e João Jardim.
Fotografia: Gustavo Hadba.
Edição: João Jardim.
Música: Dado Villa-Lobos.

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