Diferenciação entre pessoas de “mente aberta” e as de “mente fechadas”

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Vivemos em um mundo em constante evolução, com a pandemia o uso e crescimento das tecnologias da informação ganharam força. Com isso, é nítido a necessidade de evoluirmos em relação a esse progresso ao qual o mundo passa. É normal sentirmos estranheza e desconforto em algumas circunstâncias que envolvem mudanças, fazendo-se necessário o ajustamento da forma em que pensamos a respeito das situações que estamos vivenciando, no caso de já termos uma opinião formada previamente onde possivelmente existe influências externas, poderá ser uma causa para que o processo de mudança ou flexibilidade de pensamento seja mais difícil de ocorrer.

De acordo com Marques (2021), para fazermos parte desse processo de evolução ao qual o mundo passa é necessário termos a mente aberta, pois isso poderá nos levar a níveis cada vez mais elevados, em todos os aspectos de nossas vidas. Mesmo sabendo disso, existe pessoas que possuem dificuldades em aceitar mudanças “São indivíduos considerados inflexíveis de mente fechada, que se sentem bem mal só de ver algo se transformando em sua rotina” (MARQUES, 2021).

Fonte: encurtador.com.br/qCK47

Com isso convido você a conhecer algumas entre as tantas características desses dois perfis de pessoas, as de mente aberta e as de mente fechada. Entre as peculiaridades existentes podemos encontrar:

  • Autoestima; as pessoas de mente fechada tendem a ser inseguras, demonstrando comportamentos próximos aos de autoritarismo, em busca de aceitação, sendo o oposto das pessoas que possuem mente aberta, tendo uma autoestima elevada, disposta à evolução e a um continuo aprendizado.
  • Falar e Ouvir; as de mente aberta dão preferencia para ouvir, são atenciosas e possuem uma observação aguçada, conseguido gerar uma maior conexão com as pessoas que estão ao seu redor; as pessoas de mente fechada, forçam as relações a ponto de serem importunas em um dialogo, querem a qualquer custo ser o centro das atenções e interrompem os demais que também estão conversando.
  • Humildade; é uma característica de fácil identificação, comumente as pessoas de mente fechada costumam procurar ter uma falsa fachada de que possui humildade. “Geralmente, quando vão emitir uma opinião, elas costumam começar a frase da seguinte maneira: “Posso estar errado, mas…” e logo dizem o que pensam.” (MARQUES, 2021). Sendo uma opinião considerada desnecessária por ser contraditória. Em contrapartida, as pessoas de mente aberta preferem se colocar no lugar de aprendizes, preferindo calar-se possibilitando uma oportunidade para quem realmente poderá favorecer.
  • Compreensão e entendimento, quem possui mente aberta não vive em busca de obrigar as pessoas a aprovarem sua forma de pensar, são compreensíveis, abertas ao diálogo, promovem respeito e discussão saudável. Referindo-se a pessoas de mente fechada, trata-se de alguém que se esforça para que todos que estão em torno de si o entenda, chegando a ser insistente e repetitivo a fim de convencer a outra pessoa para que concorde com o que está sendo dito.
  • Afirmar e Perguntar, são características que indicam que quem tem a mente fechada vivem fazendo fortes declarações sobre qualquer que seja o assunto, mesmo que não tenha propriedade no que está comunicando. “Trata-se de indivíduos que adoram opinar, porém não têm a menor paciência para ouvir a opinião dos outros.” (MARQUES, 2021). Já quem possui mente aberta, só opinam sobre algo quando verdadeiramente conhecem, pois primam pelo aprendizado com o outro.
  • Ideias desafiadas, as pessoas de mentes abertas, aceitam sem nenhum problema as ideias que as diferem de sua forma de pensar, diferente das de mente fechada que não concordam em ter suas ideias afrontadas. Pelo contrário, o que elas querem, na verdade, é que todos concordem com o que elas sugerem, sem questioná-las.

Dessa forma, “A mente é, hoje, até fácil de descrever em seus aspectos mais gerais, mas a função mental em cada circunstância específica de nossas vidas continua sendo um mistério” (IZQUIERDO, 2004, p. 07). Faz-se necessário que estejamos sempre atentos a que tipo de mentalidade que desenvolvemos: mentes limitadas ou mentes dispostas a expandir.

É necessários nos desafiarmos, a fim de que tenhamos mais proatividade e consciência de si mesmo, obtendo crescimento pessoal e profissional; para nos adaptarmos melhor com quem estar a nossa volta, tornando importante reconhecer se o outro possui uma mentalidade aberta ou fechada para um melhor relacionamento.

Referências

IZQUIERDO, Iván. A mente humana. Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS, 3 de Out. de 2004. Porto Alegre (RS), Brasil. Disponível em: <https://www.ufmg.br/online/arquivos/IZQUIERDO.pdf >Acesso em: 17, Jul. de 2021.

MARQUES, José Roberto. Quais as principais diferenças entre pessoas de mente aberta e mente fechada?. Instituto brasileiro de coaching. 17 de Fev. de 2021. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/mudanca-de-vida/quais-as-principais-diferencas-entre-pessoas-de-mente-aberta-e-mente-fechada/>. Acesso em: 17, Jul. de 2021.

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“Pequena Miss Sunshine”: um olhar psicológico

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O filme “Pequena Miss Sunshine”, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, com roteiro de Michael Arndt conta a história da família Hoover, moradores do Novo México. O pai da família, Richard, é uma espécie de coaching, palestrante motivacional que está tentando vender seu programa de autoajuda chamado Nove Passos, que promete transformar qualquer pessoa em um vencedor. Richard repete sempre que só há dois tipos de pessoas: vencedores e perdedores.

Sheryl, a mãe é uma mulher que trabalha fora, faz as funções domésticas e é responsável por apaziguar os conflitos dentro da família.

Seus filhos são Dwayne e Olive. Dwayne resolveu fazer o voto do silencio até conseguir se integrar na escola de pilotos da força aérea: está sem falar há meses e segue o niilismo, um dos princípios presentes na filosofia de Friedrich Nietzsche. Se sente um incompreendido e gosta de ficar sozinho no seu mundo, sem ser incomodado. Olive é uma menina de nove anos que sonha em se tornar miss.

Fonte: encurtador.com.br/enJL2

Frank é irmão de Sheryl, um professor universitário que se diz maior conhecedor sobre a vida do escritor Marcel Proust, é gay, foi rejeitado pelo parceiro e recentemente tentou o suicídio. Completa o grupo Edwin, o pai de Richard, um senhor que foi expulso do asilo por ser viciado em heroína.

O conflito se inicia quando Olive recebe um telefonema para participar de um concurso chamado de Little Miss Sunshine, no sul da Califórnia. Mesmo com dinheiro insuficiente, a família decide partir para realizar o sonho da menina. Resolvem viajar todos juntos e se esforçam ao máximo para chegar no local em que ocorrerá o concurso de beleza.

Logo no início, o carro da família, uma Kombi amarela, quebra e eles são obrigados a empurrar toda vez que precisa dar partida no veículo. É nesse momento que se mostra a unidade da família. Apesar das diferenças, todos se unem para atingir o objetivo: realizar o sonho de Olive, um sonho incentivado pela cultura americana.

Fonte: encurtador.com.br/htxPR

Durante o trajeto, várias situações vão delineando um pouco da visão dos personagens. Por exemplo, quando param para lanchar e a garota Olive pede um sorvete, o pai tenta dissuadi-la da ideia, utilizando argumentos como o fato de que as modelos geralmente são mulheres magras. Antes ele havia perguntado à garota se ela estava competindo por competir ou competindo para ganhar, tendo ela concordado em competir para vencer o concurso.

Em uma cena anterior, a garota relata sobre seu medo de não vencer e de desapontar o seu pai. O avô explica a ela que perdedor é quem desiste de seus sonhos por medo, e que se ela vai tentar, não é uma perdedora. Ao longo da viagem, muitos contratempos acontecem, o primeiro deles é a decepção do pai, que precisa lidar com o fracasso e rejeição do seu programa de autoajuda. Richard vai até um hotel e procura o responsável, a fim de obter aceitação para o seu programa, numa cena que demonstra uma dualidade: Richard está sem os trajes adequados e os meios para persuadir alguém, está com uma moto que pegou de um estacionamento, contrariando totalmente o pacote de sucesso que pretendia vender, o que acentua a noção de fracasso.

Ao longo da viagem, o perfil dos personagens vai sendo construído: o silêncio de Dwayne, a depressão de Frank, o fracasso de Richard, o desejo de retorno ao passado de Hoover e a impotência de Sheryl se misturam para compor uma cena em que não se sabe o que esperar de cada personagem.

Fonte: encurtador.com.br/oJMQT

Durante esse meio tempo, o avô, Hoover, morre enquanto dormia o que desestabiliza ainda mais a família e gera outros contratempos, como o enterro do avô, que ocorre de forma conturbada e já dá um indício da essência transgressora da família.

Em seguida, numa brincadeira em que Olive pergunta sobre uma letra de cor vermelha no centro de um cubo, tio Frank descobre que Dwayne é daltônico, ocasião em que o garoto entra em desespero, grita, reclama da falta de estrutura da família e se afasta de todos, numa espécie de surto. Nesse momento, e expressa através da fala e quebra o silêncio com a família, vindo a expressar um processo de maturidade nas cenas seguintes.

Ao chegar a Califórnia, estão atrasados para as inscrições do evento e são rechaçados por uma das organizadoras do concurso, que demonstra a total falta de empatia pela garota e sua família. Conseguem realizar as inscrições graças a outro profissional, que critica a postura da senhora e se propõe a resolver a situação em poucos minutos.

Fonte: encurtador.com.br/qGW17

No início do concurso, já se observa uma deformação da realidade: um concurso de miss infantil, onde as crianças parecem plastificadas, com roupas, cabelos e trejeitos de adultos, em contraposição à pequena Olive, que é desengonçada e se comporta de forma espontânea. Seu figurino também se diferencia: enquanto as meninas usam roupas mais femininas, Olive se apresenta com um short, blusa, sobretudo, gravata e chapéu, compondo um figurino mais livre e irreverente.

A coreografia ensinada pelo seu avô é ousada e divertida, porém não agrada ao público bem-comportado e conservador, que vaia, faz tumulto e tenta impedir o fim da apresentação, numa resposta clara à transgressão da música/dança/comportamento.

Como forma de reação, os pais da menina invadem o palco a fim de impedir que ela seja retirada de lá e conseguem que ela termine a apresentação. Aqui chega-se ao clímax da narrativa, que tem como resultado a união crescente da família.

Fonte: encurtador.com.br/beiCD

 Apesar de não ter vencido o concurso, a garota demonstra alegria com o resultado, o que foi possível graças às palavras do avô, que desconstrói a ideia da competição, e ao incentivo da família.

Pode-se dizer que a viagem foi uma experiência reveladora, na medida em que vai descortinando a complexidade dos personagens, que estão longe de ser uma-visão-única-uma-coisa-só, que produzem no espectador uma sensação de afeto e compreensão diante dessas pessoas, a quem foi prometido o sonho americano, e das situações decorrentes da não- realização desses sonhos.

FICHA TÉCNICA

Título: Pequena Miss Sunshine
Título Original: Little Miss Sunshine
Origem: EUA
Ano de Produção: 2006
Gênero: Aventura/Comédia/Drama
Duração: 102 minutos
Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris

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A escuta sensível na interface Psicanálise-Paulo Freire

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A Psicanálise faz uso do discurso que coloca o outro da relação na posição de sujeito e o psicanalista consegue recuar da sua posição de saber e poder para escutar o outro na sua verdade. Conteúdo este, que vem de encontro com a pedagogia de Paulo Freire com essa posição discursiva, de escutar o outro em sua verdade e, assim, produzir a aprendizagem e a comunicação política. Entra-se então a importância política da escuta, em tempos de cultura do ódio e do cancelamento.

Paulo Freire usou a escuta como uma grande ferramenta em sua teoria, essa escuta freiriana na prática pode mudar relações. O autor em sua obra Pedagogia da Autonomia (2009), aborda sobre a importância de respeitar o conhecimento que o discente leva para a escola. Isso implica na troca que pode ocorrer entre professor e aluno.

Outro ponto importante a se retirar importância de lidar com o outro, é praticar essa escuta sem objetificação. A escuta política surge como uma arma potente para aqueles que querem utilizá-la. “Tem significação precisamente porque os sujeitos dialógicos não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e assim crescem um com o outro” (FREIRE, 2009, p. 118).

Fonte: encurtador.com.br/htFN0

Freud em sua essência traz essa preocupação com a escuta qualificada, abordando sobre o valor dado ao autoconhecimento e consequentemente a liberdade pessoal, a partir essa escuta trabalhada, isto foi considerado como um diferencial entre a psicanálise e as demais abordagens.

A importância dessa escuta para Freud é evidenciada a partir do momento em que você começa a ler os seus textos. Para além, pode observar uma crítica ao analista:

É possível pretender que fórmulas simples permitam compreender o processo analítico? Não, analisar é hipercomplexo: escutar com atenção flutuante, representar, fantasiar, experimentar afetos, identificar-se, recordar, auto-analisar-se, conter, assinalar, interpretar e construir (2003, p. 105).

Fonte: encurtador.com.br/cFJWY

Observa-se a preocupação entre os dois autores em relação a escuta, uma vez que esta prática está interligada a compreensão de realidades concretas, do seu contexto histórico, para além disso, observa a sua inserção no mundo a partir dessa escuta.

A escuta produz a conscientização libertadora e transformadora. Conscientização esta que traz um caminho para reinvenção de novos seres, cada um com a sua subjetividade, buscando a necessidade de coerência para ação e reflexão do ser existencial.

REFERÊNCIA

HORNSTEIN, L. Intersuibjetividad Y clínica. Buenos Aires: Paidós, 2003.

SOUZA, Anna Inês. Paulo Freire: vida e obra. São Paulo: Expressão Popular, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia Autonomia: Saberes Necessários à prática da educativa. Editora Paz Terra, Rio de Janeiro. 2009. Disponível: https://nepegeo.paginas.ufsc.br/files/2018/11/Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf

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A Psicologia Jurídica na mediação de conflitos

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A Psicologia se relaciona intimamente com o ser humano em seu aspecto mais íntimo: “De acordo com o conceito fornecido pela Associação Americana de Psicologia, a psicologia é a ciência que tem por objeto o estudo das funções mentais e do comportamento” (LORDELO, 2017). Na discussão dos métodos de resolução de conflitos, ela ajuda a compreender a verdadeira intenção das partes com o processo, muitas vezes saindo do aspecto jurídico e abarcando interesses derivados das relações e interações sociais.

Ultimamente, percebe-se uma ampla comunicação entre a Psicologia e a área jurídica, derivada da necessidade de melhor compreender o comportamento humano. A interface da Psicologia com o Direito constitui a Psicologia Jurídica, que até então, vem delimitando seu campo de atuação, contribuindo com a ampliação entre essas duas ciências, permeando pelas seguintes varas da jurisdição: varas da infância e da juventude, vara da família, direito do trabalho, direito penal e direito civil, dentre outras (SILVA, 2012).

O que se pretende com a colaboração entre a Psicologia e o meio jurídico é atingir a justiça de maneira justa, capaz de satisfazer as necessidades do povo, pois o desígnio é resolver o conflito de fato e não só extinguir o processo. Os métodos alternativos de resolução de conflitos, exemplificados posteriormente no presente trabalho pela conciliação e mediação, já são utilizados por todo o país na intenção de amenizar a situação do Judiciário.

Fonte: encurtador.com.br/joEO2

Conforme Müller (2005), a Mediação de Conflitos é uma técnica de resolução na qual os assistidos buscam ou aceitam a intervenção de um terceiro imparcial e qualificado, o mediador. Esse facilitador os auxilia por meio da reabertura do diálogo a encontrar soluções criativas e alternativas para o conflito, na qual ambos ganhem. Portanto, na mediação a decisão não é imposta por um terceiro. E esse é um aspecto significativo e diferencial de seu procedimento: não é o mediador quem trará a solução como ocorre na justiça estatal mas sim as próprias partes.

Assim, a mediação é um método de solução de conflito pelo qual um terceiro neutro facilita o diálogo entre as partes para ajudá-las a chegar a um acordo (HIGHTON & ÁLVAREZ, 1999). Uma de suas peculiaridades, segundo Müller (2005), é a capacidade de expansão das discussões tradicionais que são feitas para chegar a um acordo, ampliando-as para além das questões jurídicas envolvidas, como já foi dito.

Em conflitos familiares (guarda e visitação dos filhos), a mediação familiar se apresenta como um instrumento amplamente favorável para as partes e para o Judiciário, uma vez que as próprias partes chegaram à resolução pacífica de seus conflitos sem a necessidade de embate judicial que demora vários anos para serem resolvidos, contribuindo de forma eficaz para o exercício da guarda compartilhada.

Fonte: encurtador.com.br/enM19

Determinadas situações da vida humana requerem a atuação de profissionais de diferentes áreas do conhecimento, assim como ocorre com a criminalidade, a pobreza e a família. De acordo com Maria Berenice Dias (2011), no que se refere à família, torna-se relevante o envolvimento conjunto de vários profissionais das áreas jurídica, sociológica, psicológica, de serviço social, etc. Desta forma, “o aporte interdisciplinar, ao ampliar a compreensão do sujeito, traz ferramentas valorosas para a compreensão das relações dos indivíduos, sujeitos e operadores do direito, com a lei” (DIAS, 2011, p. 84).

A mediação, utilizando técnicas da Psicologia, tais como o rapport, resumo e enquadre, amplia e torna mais compreensíveis as diversas mensagens e mostra a importância da escuta ativa, da interpretação do que está por detrás do discurso, da linguagem corporal etc. 

Na mediação, a comunicação é ponto fundamental. Dado que as partes estão submetidas a uma autocomposição, sem o diálogo eficaz a solução do conflito não se materializa (BACELLAR, 2016). Pode se dizer que todo o processo é envolto das técnicas comunicacionais, pois as partes sozinhas, a partir de uma conversa bem estruturada, terão mais chances de chegar a um consenso.

Como preleciona Rosemberg (2006), o método da comunicação não violenta deve ser aplicado em todas as áreas do convívio social, acolhendo conflitos pessoais, como uma briga entre amigos, e de repercussão internacional, como a questão da Palestina: “É um processo poderoso para inspirar conexões e ações compassivas. Ela oferece uma estrutura básica e um conjunto de habilidades para abordar os problemas humanos, desde os relacionamentos mais íntimos até conflitos políticos globais.” (ROSEMBERG, 2006, p.357).

Fonte: encurtador.com.br/houN6

A falta de comunicação entre as partes ou uma comunicação não apropriada criam mais conflitos e tornam difícil a realização da mediação. Para isso, “em mediação, a comunicação deve ser direta, autêntica, desprovida de artifícios e de jogos de poder” (ÁVILA, 2002).

A Psicologia auxilia a interpretação dos diálogos travados entre as partes, influindo diretamente no desfecho da situação conflituosa. A conciliação de ideias que envolve cada caso concreto levado à apreciação do Poder Judiciário deve ser compreendida integralmente para chegar à finalidade de pacificação social visada. Diante disso, há perfeita harmonia da Psicologia com o Direito, uma vez que o objeto para o qual se volta o estudo daquela é justamente o comportamento humano, sendo este incisivo no momento de proceder à solução das contendas sociais.

Uma das possibilidades de trabalho de psicólogos em contextos jurídicos é nos processos de Mediação Familiar. Segundo Ávila (2002), a mediação familiar proporciona uma separação menos traumática e mais humana, considerando que as formas tradicionais de finalizar um casamento ou união estável não estão suprindo as reais necessidades dos envolvidos e de seus filhos.

A mediação familiar no contexto de separações judiciais surge, parafraseando Ávila (2002) como, “uma forma inovadora de abordagem jurídica e também como alternativa ao sistema tradicional judiciário para tratar de conflitos”, na qual dois aspectos são fundamentais: a cooperação entre as partes e a disponibilidade de solucionar o conflito para que aconteça um acordo entre os envolvidos.

REFERÊNCIAS

ÁVILA, E. M. (2002). Mediação familiar. Florianópolis: Divisão de Artes Gráficas do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. 2. ed. São Paulo (SP): Saraiva, 2016.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. São Paulo: RT, 2011.

HIGHTON, E. I., & ÁLVAREZ, G. S. (1999). A mediação no cenário jurídico: Seus limites &– A tentação de exercer o poder e o poder do mediador segundo sua profissão de origem. Em D. F. Schnitman, & S. Littlejonh (Orgs.), Novos Paradigmas em mediação (pp. 185-206). Porto Alegre: Artmed.

LORDELO, João Paulo. Noções gerais de direito e formação humanística. Salvador (BA): Juspodivim, 2017.

MULLER, F. G. (2005). Competências Profissionais do mediador de conflitos familiares. Dissertação de Mestrado. Programa de pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC.

ROSEMBERG, Marshall Bertram. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamento pessoais e profissionais. São Paulo (SP): Ágora, 2006.

SILVA, D. M. P. Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro: a interface da psicologia com o direito nas questões de família e infância. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. 

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Autismo, respeito e compreensão

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No dia 02 de abril é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Durante todo o abril azul, é dado destaque para que o preconceito e discriminação pela falta de conhecimento, diminuam.

Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data também nos faz refletir sobre o que os autistas e seus familiares mais precisam: compreensão e respeito. É fundamental que mais pessoas entendam que há uma grande complexidade envolvendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que nenhum indivíduo é afetado da mesma forma.

O TEA é o transtorno do neurodesenvolvimento cujas características podem ser observadas ainda na primeira infância por meio da consulta a um especialista e de diagnóstico precoce. O autismo é uma condição que atualmente é entendida também como uma síndrome comportamental de nível complexo, além disso, o autismo combina fatores genéticos e ambientais.

Fonte: encurtador.com.br/ayCI7

Geralmente, os autistas apresentam problemas na interação, na comunicação e no comportamento. Por exemplo, na interação social comprometida, o relacionamento com pessoas do mesmo contexto familiar ou etário é aquém do esperado. Pode haver falta de reciprocidade emocional, pouco uso de meios não verbais para comunicação. Podem apresentar também comunicação deficitária, com ausência de linguagem verbal (falada), fala extremamente rebuscada para idade, ecolalias, pronúncia sem a cadência que as pessoas geralmente utilizam (sem alteração de tom) entre outros.

Além disso, há comportamentos marcados por estereotipias, como interesses não usuais em intensidade ou foco, movimentos motores repetitivos, rotinas invariavelmente rígidas e não funcionais, preocupação com partes de objetos, etc.

No entanto, esses fatores variam de caso a caso, ou seja, nenhum autista é igual ao outro. O autismo é muito variado, podendo apresentar intensidades severas em alguns pontos e leves em outros. Por isso, o TEA deve ser muito bem avaliado, por meio de escalas diagnósticas específicas e uma bateria de avaliações cuidadosas. Isso é necessário, pois somente dessa forma é possível saber a intensidade e as áreas que devem ser melhor trabalhadas.

Fonte: Arquivo Pessoal

Por todos esses motivos, é essencial que profissionais das áreas da saúde e da educação possam buscar mais conhecimento e compreender melhor tudo o que envolve o transtorno para tentar, de alguma forma, amenizar as dificuldades provocadas pelo TEA. Assim, conseguiremos tratar essa condição de maneira mais adequada e responsável.

(*) Dr. Clay Brites é pediatra, neurologista infantil, autor de livros sobre autismo e transtornos de aprendizagem, além de ser um dos fundadores do Instituto NeuroSaber

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BBB19: O homem é bom ou mau?

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“O homem é, naturalmente, bom, a sociedade é que o corrompe”. – Jean-Jacques Rousseau

O Big Brother Brasil 2019 tinha (isto por que alguns participantes já foram eliminados) todas as lenhas para fazer o circo pegar fogo. Conseguiram garimpar diferentes tipos de personalidades. A casa mais vigiada do Brasil foi habitada por pessoas que defendem diferentes tipos de causa, assim como quem se opõe às mesmas. Inicialmente teve uma discussão sobre o racismo, fazendo com que a Polícia investigasse os fatos. Mas logo os participantes se ajustaram e, até o momento atual (com 11 jogadores), vivem em parcimônia no confinamento. No entanto, tal show de compreensão e carisma não tem agradado muito o público, que de modo ferrenho critica a edição, alegando ser a pior temporada da história, já que até hoje não teve nenhum barraco.

As edições anteriores eram minadas por discussões, barracos e confusão. Havendo até expulsão do reality por mau comportamento. Diante de tal cenário o público ia à loucura, e a cada barraco a audiência aumentava. Mas, apesar do engajamento do público, muitos se auto intitulavam juízes da moral, de modo a criticar severamente a maldade de alguns participantes, o que é ambivalente, já que hoje lamentam a ausência da maldade nos participantes. E desde então a direção do programa tem feito de tudo para criar alguma rivalidade no jogo. Já fizeram desde o ´Jogo da Discórdia`, assim como algemaram os participantes um ao outro por meio de sorteio. Mas tudo isto serviu para aproximar os que não eram próximos e fortalecer os que já eram próximos. Diante de tal cenário, vale o questionamento: Seria o homem mau por natureza e/ou a natureza que corrompe o homem?

Fonte: globo.com

Hobbes e Maquiavel tem uma visão negativa em relação à raça humana, já que acreditam que tal raça é egoísta, tende a maldade e é movida pelo medo de perder e/ou de morrer. Logo, vivem em busca do poder, independente do caminho a trilhar, construindo um caráter sombrio sem sequer perceberem. Ainda de acordo com Hobbes, “o homem é mau; o homem é o lobo do homem”. Assim, todos os seres humanos são egoístas e só em estado de forte ameaça e punição é possível que mantenham controle sobre si próprio. Já para Rousseau, o homem nasce bom e a sociedade o prostitui. Logo, as ações humanas são resultado de uma cadeia de relações entre interior e exterior, abarcando cultura, costumes, moral, hereditariedade, experiência, entre outros.

Em relação ao comportamento ambivalente do público (que assiste o BBB19) em cobrar uma moral, e quando se tem, sente falta da discórdia, pode ser, também, explicada pela Psicologia Analítica de Jung, que nos traz a psique humana como uma composição simultânea de luz e sombra.  Sendo a sombra a parte mais obscura da psiquê (o desejo pela discórdia do público que assiste ao programa) e que não há reconhecimento, já que geralmente não é visto com bons olhos pela moral social, e devido ao processo de negação, é dificilmente percebida pela própria pessoa. O não perceber a sombra, não significa que não exista Luz (o público julga a maldade, enquanto se está cheio dela, o que faz sentir falta quando esta se está ausente).

Fonte: instagram

A Luz seria, então, o lado bom. Logo, Jung acredita que o homem é constituído pelo bom (Luz) e pelo mau (Sombra). Geralmente uma sobrepõe a outra, e tal sobreposição se dá através de escolhas pessoais de cada indivíduo.  Ou seja, mesmo o homem estando cheio de maldade, é responsabilidade dele reconhecer e escolher ou não mudar sua forma de agir. Já para Santo Agostinho, o homem já nasce sendo imagem e semelhança do Criador, logo, sua essência é boa e capaz de amar verdadeiramente.

Mas e então, diante do levantamento acima, o homem é bom ou mau? Para Nietzsche, o conceito de bom ou mau depende do significado social de cada comunidade. Desta forma, em sua essência, o homem é objetivamente bom e tampouco mau. Nietzsche compara a vida a uma folha em branco. Em uma folha em branco cada indivíduo pode escrever a história que quiser, mas se a folha for rasgada, amassada e/ou constituída por uma história considerada ruim, a história permanecerá, assim como seus amassos e os cortes.  Perante o que foi exemplificado, eu lhe convido a refletir sobre sua forma de agir. E em relação ao questionamento se o homem é bom ou mau, responda para você mesmo, depois de uma análise de seus atos: você é uma pessoa boa ou má?

Referências

BBB19: Polícia investiga suspeita de racismo e intolerância religiosa. Acessado por <  https://veja.abril.com.br/entretenimento/bbb19-policia-investiga-suspeita-de-racismo-e-intolerancia-religiosa/ > em 22/02/2019.

“BBB19” tem pior estreia da história, mas eleva audiência da faixa. Acessado por < https://natelinha.uol.com.br/televisao/2019/01/16/bbb19-tem-pior-estreia-da-historia-mas-eleva-audiencia-da-faixa-123722.php > em 22/02/2019.

CAMPREGHER, G. e LONGONI,L. A natureza humana do comportamento individual nos primórdios do pensamento econômico: uma comparação entre Hume, Smith e Bentham. Acessado por < http://www.scielo.br/pdf/ecos/v26n1/1982-3533-ecos-26-01-00111.pdf > em 22/02/2019.

G1 PE. Para o filósofo inglês Hobbes, o homem é essencialmente mau. Acessado por < http://g1.globo.com/pernambuco/vestibular-e-educacao/noticia/2013/11/para-o-filosofo-ingles-hobbes-o-homem-e-essencialmente-mau.html > em 22/02/2019.

CLARK, M. A contribuição de Nietzsche para a ética. Acessado por < http://www.scielo.br/pdf/cniet/v38n3/2316-8242-cniet-38-03-181.pdf > em 22/02/2019.

iG São Paulo. “BBB 19″: o que pode ser feito para agitar o reality? https://gente.ig.com.br/bbb/2019-02-14/como-agitar-bbb-19.html > em 22/02/2019.

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O amor narcísico no contexto familiar

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Nossa sociedade cresceu cognitivamente de tal forma, que diferentemente dos nossos ancestrais, a família passou de uma configuração para sobrevivência a instituição geradora de desejos.

 

Precisamos falar sobre família e, sobretudo, temos de reavaliar os títulos que damos as nossas instituições enraizadas. Somos a princípio ‘pequenos sapiens’ em extrema necessidade de cuidados básicos, e nosso primeiro contato social, é o olhar da mãe juntamente com as carícias e segurança do cenário materno; claro, nos casos em que esse indivíduo é desejado. E sobre as mãos dessas pessoas que nos prestam as boas vindas, somos como reais massinhas de modelar, já que de fato, somos novatos no mundo, e tudo que nos é mostrado durante a infância poderá influenciar diretamente nas próximas fases da vida.    

 

encurtador.com.br/kN789

 

Nossa sociedade cresceu cognitivamente de tal forma, que diferentemente dos nossos ancestrais, a família passou de uma configuração para sobrevivência a instituição geradora de desejos. E como massinhas que somos, moldando-se dia pós dia, nem sempre as mãos que nos lapida são as de nossos pais ou cuidadores, logo, todo o contexto nos influencia e por vezes nos tira da projeção que nos foi dada desde o concebimento.   

Quem somos, ou quem queriam que nós fôssemos, tal qual o desejo de nossas famílias, é um processo que se inicia antes mesmo do nascimento da criança, que carrega o sexo e ‘as caixas de gênero’, assim como outras necessidades completamente particulares, que muitas vezes refletem alguma frustração dos pais que os influenciará, nas áreas como a profissão, hobbies, educação, e seus desejos exacerbados de sucesso e uma inteligência acima da média. Um ser humano de fato idealizado.   

Não seria problema o desejo, se não houvesse por vezes uma pressão sobre essa criança que cresce em sua maioria sobre olhares e comandos que os apertam de todos os lados. Parte da infância e da leveza única desta etapa é cortada ou dividida em curtos tempos, para que o pequeno prodígio possa ser construído, saciando dessa forma, o sonho que esses pais desejaram um dia para si. Aquele velho arrependimento “se eu tivesse começado mais cedo, eu poderia ser o que eu sonhava” passa ser projetado nesse filho, logo, uma segunda chance daqueles que nos concebem surte, sobre uma negligência devastadora.  

 

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É comum que a obsessão pelo projeto mirabolante e falho chegue a um patamar pelo qual pais (ou cuidadores), entendendo que seus filhos não atingiram o grau de rendimento esperado, os levam aos psicólogos em busca que sejam indicados urgentemente a um psiquiatra, pois constata-se por si só que se tem Déficit de atenção ou TDH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), quando na verdade esses pequenos só estão distraídos observando o novo mundo que os cerca ou agitados em suas aventuras que são de fato cruciais para seu desenvolvimento. Mas a busca incessante da perfeição e a quebra das etapas desses indivíduos leva essas mães tomarem drásticas decisões, medicando sem que haja real necessidade, já que não se tem compreensão do mal que os fazem. 

 

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O espelho que os pais projetam sobre os filhos, notoriamente, boa parte das vezes não condiz com a imagem que lhes veste, logo inicia-se por consequência uma vida familiar com atritos sobre a personalidade do indivíduo que se criou sobre e longe de seus olhares. A contingência desproporcional ao almejado se mostra, a frustração e o estresse juntamente com as consequências psicológicas desses indivíduos que agora crescem por si só e desejam suas vidas com objetivos diferentes, chocam e quebram toda a expectativa planejada. É como se os pais tivessem aprendido a amar seus desejos, voltando-se para si, e por consequência usando a criança como objeto de amor, que se classifica como amor narcísico. 

Quando os filhos se mostram com traços vindo de seus próprios erros, herdados pela convivência e aprendizado, assim como a expressão da personalidade individual, esse amor se quebra, e o luto inicia-se, pois, a projeção morre e tudo que resta é frustração e atrito.   

 

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A saída para boa parte dos problemas vem da compreensão. Os pais que aqui existem também tem suas histórias de vida. Se analisássemos profundamente cada caso veríamos que há motivos pelos quais esses são como são. Há sempre algo a se desvendar e revelar dentro de nossas ações e relações com o outro, e parte delas se justifica ou se entende levando-se em conta a trajetória anterior do sujeito. Se olharmos de forma micro para qualquer indivíduo, dificilmente entenderemos suas motivações internas que se exterioriza em ação; a busca de reavaliar e compreender faz parte das interações bem-sucedidas.   

Pertence ao crescer, o rompimento dos laços de simbiose que se inicia na amamentação, assim como é do processo que as pessoas sejam únicas dentro de seus contextos e realidades. Ser adulto é entender que de fato, não seremos agradáveis a todo instante; é preciso seguir caminhos em busca de nós mesmos. Tal momento acontece de forma muito dolorosa quando os filhos se tornam objeto de desejo. O sentimento de fracasso e de desafeto acomete os adultos que se formam, pois não podem ser por toda uma vida um projeto, afinal, são pessoas, e têm o direito de viverem sua liberdade. 

É preciso quebrar o paradigma de que família é um laço saudável necessariamente, pois nem sempre essa é a realidade. Não é justo desejar que se tenha uma relação abusiva e que esse indivíduo ali se mantenha só porque há laços consanguíneos. Mais que dar a vida, é necessário que a família dê condições psicológicas para que eles tenham uma boa vida.  

 

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Os pais precisam urgentemente compreender que cedo ou tarde o cordão umbilical se desfaz, e tudo que restará são os alicerces que os deram durante a infância quando ainda eram um andaime. Se essa base não for bem formada e alimentada, dificilmente será possível dizer as frases clichês sobre a importância da família, pois serão nada mais que sombras ou lembranças negativas para seus filhos, cuja tendência é o afastamento, caso não haja a compreensão das falhas de seus pais por sua parte. 

Aqueles que alimentam seus filhos com seus melhores aprendizados, respeitam o seu espaço, e entendem suas fases, terão mais segurança e verão de perto seus filhos crescerem, não se sentirão tão amedrontados com seu afastamento pois tem em si a clareza que todos seus ensinamentos estarão gravados em suas memórias e os influenciarão por toda a vida; e caso precisem, esses filhos se sentirão gratos em retornar, e os titular de família.

 

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