Marketing e DNA: como o uso do nosso DNA tem revolucionado o consumo no mundo?

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O marketing busca entender as necessidades dos clientes para atendê-las eficientemente [1], e agora, até mesmo nosso DNA é material para influenciar e recomendar determinados produtos e serviços para os consumidores. Segundo a pesquisadora Susan Young, “em seu genoma estão pistas sobre sua saúde, sua ascendência e até mesmo suas preferências de compra”.

Em 2013, foi publicado o artigo “Marketing para o Big Data dentro de nós”, na revista MIT Technology Review [2] sobre o marketing e as informações obtidas pela análise de DNA. Nessa publicação, foi observada a proposta da empresa Miinome, que prometia direcionar a compra de remédios específicos, tratamentos de estética e, até mesmo, encontrar padrões sobre gostos alimentares, como pessoas que tenham preferência por comidas condimentadas. Um dos principais pontos dessa matéria é que o custo para analisar esses dados era um impedimento para a difusão dessa tecnologia, já que para realização desse processo era necessário um analista com PhD, a fim de conseguir encontrar naquele emaranhado de dados, informações relevantes sobre o genoma do cliente. Alerta de Spoiler: essa empresa não apresenta novidades desde a época desse artigo, mas a ideia permanece entre nós, e em diversos segmentos de produtos nosso DNA está sendo utilizado como matéria-prima para a oferta de produtos e serviços.

Tendo em vista que a Miinome, empresa responsável por alavancar a ideia da análise de DNA para utilização no marketing em organizações, não prosseguiu com o projeto, outras empresas adotaram esse conceito e o transformaram em uma peça-chave para atrair clientes. Atualmente, entre essas empresas estão a Sushi Singularity [3], a Younom [4] e a Genera [5].

A primeira é um restaurante que será sediado em Tóquio que oferece um sushi hiper-personalizado baseado em biometria e dados genéticos. Para desenvolver esses produtos, três tecnologias de alto nível são utilizadas. São elas: a máquina de fabricação de alimentos, que se assemelha a uma impressora 3D, capaz de imprimir o alimento em formatos específicos; o sistema operacional de alimentos, que é um software utilizado para construir o design do alimento, incluindo sabores, texturas, ingredientes e cores; e o identificador de saúde, o qual oferece os nutrientes que o corpo do cliente necessita baseado no DNA e dados biométricos.

O segundo baseia-se no DNA do cliente para fornecer produtos personalizados de cuidados para a pele, através da análise dos 11 genes responsáveis pela hidratação, elasticidade, fotoenvelhecimento e proteção antioxidante da pele. Após o cliente receber o Relatório do seu DNA, ele poderá conhecer aspectos não-superficiais sobre sua pele e entender as recomendações de cuidado mais relevantes para seu genótipo.

O último é um laboratório de genética brasileiro, parte do segmento de medicina genômica. Esse laboratório oferece diversos serviços como a ancestralidade da pessoa, informações sobre qual seria o estilo de vida mais saudável, risco de desenvolver doenças genéticas, desempenho físico, envelhecimento, entre outros serviços.

Fonte: encurtador.com.br/gnxzK

Conforme apresentado acima, o uso do DNA já está presente em nossa realidade. A perspectiva é que isso se intensifique e se torne parte do conjunto de tecnologias ubíquas, as quais chegam ao nível de se integrarem de tal forma ao nosso cotidiano, a ponto de se fundirem em nossas vidas sem que as percebamos.

Logo, podemos observar os impactos tanto positivos quanto negativos em diversas áreas como, por exemplo, a saúde. Nesse contexto, alguns dos pontos positivos são: o entendimento do impacto de determinadas doenças em nossas vidas, a possibilidade de prevê-las e, caso necessário, iniciar o tratamento precoce, após identificar a alta probabilidade de adquirir determinada enfermidade [6].

Como nem tudo são flores, há diversos fatores que inviabilizam ou que prejudicam a aceitação dessa tecnologia. Entre esses fatores, está o uso antiético dos dados levantados da análise do DNA como, por exemplo, a comercialização desses dados para empresas de seguro de vida, as quais poderiam aumentar as tarifas dos clientes que possuam predisposição genética a desenvolver algum câncer.

É indiscutível que nós somos dados e eles são capazes de gerar informações que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas de uma forma que, até pouco tempo, era inimaginável. Apesar de necessitar de alguma cautela, os benefícios citados superam em muito os malefícios. Portanto, é necessário que exista uma regulamentação para o uso ético das informações extraídas através do DNA, para que possamos usufruir das vantagens que essa tecnologia tem a oferecer à nossa sociedade.

Referências:

https://www.guiadacarreira.com.br/blog/o-que-e-marketing

https://www.cin.ufpe.br/~cjgf/TECNOLOGIA%20-%20material%20NAO-CLASSIFICADO/BIG%20DATA%20Business_Report_Personal_Data.pdf

https://www.open-meals.com/sushisingularity/index_e.html

https://younom.com/

https://www.genera.com.br/

https://estudio.folha.uol.com.br/johnnie-walker/2021/02/uso-da-genetica-vai-revolucionar-o-combate-a-doencas-graves.shtml

Observação: artigo desenvolvido na disciplina “Tecnologias Criativas” do Programa Extensionista Interdisciplinar “Tecnologias para a Vida” dos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia de Software da Ulbra Palmas.

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Comprar, comprar e comprar: somos o que consumimos?

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Algo cada vez mais frequente em nossa rotina diária: compramos, consumimos e nos desfazemos de coisas o tempo todo.  Se refletirmos sobre a constituição de nossos objetivos, uma parte considerável deles estão associados à aquisição de bens a serem consumidos. Para algumas pessoas seus maiores sonhos e momentos de felicidade estão relacionados a conquista de bens materiais, os melhores carros, celulares, bolsas e sapatos, mas se questionamos um pouco essa relação, podemos analisar se no final das contas, realmente precisamos de todos estes pertences para sermos felizes, em uma eterna corrida para acumular dinheiro e comprar, comprar e comprar. 

Para grande parte da população seu dia a dia se resume em acordar, trabalhar, dormir, acordar e trabalhar de novo, sempre visando o momento em que o esforço será compensado. Normalmente esse momento se configura no ato de consumir. Na televisão, revistas, redes sociais e até mesmo nas ruas, em outdoors, as propagandas não vendem só um objeto com uma utilidade, mas um ideal de felicidade, conquista e realização pessoal. 

Nosso dever é ser feliz e a felicidade implica o consumo. Como salienta Baudrillard, a aquisição dos objetos na nossa sociedade traduz-se pela ilusão de que o consumo pode preencher a demanda de felicidade. Os objetos neste registro simbólico são marcados por uma equivalência entre possuir bens e usufruir a felicidade. Deste ponto de vista, a referência à felicidade articula-se com a ideologia igualitária-individualista do bem-estar, na qual o conforto e o bem-estar passam a ser sinônimo de felicidade, assim como permitem uma espécie de mensuração da igualdade (FORTES, 2009, p. 1127).

A cultura do consumo é instituída na vida cotidiana, com a frequente criação de coisas indispensáveis para se ter, tornando impossível que se alcance a satisfação plenamente, pois sempre vai existir um novo item para se cobiçar. Ainda que você consiga comprar aquilo que almeja, em pouco tempo surgirá  um produto “melhor”, e o mal estar persistirá.

Fonte: encurtador.com.br/vB029

Lançado em 2009 o filme “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” acompanha a saga de Becky, uma compradora compulsiva, com uma enorme dívida a personagem reflete sobre a sensação despertada pelo ato de consumir: “Porque quando faço compras, o mundo fica melhor. O mundo é melhor. E depois já não é mais. E eu preciso comprar de novo.”. No filme assim como na vida real, os produtos desejados pela personagem são substituídos por outros, a felicidade não dura, as propagandas remodelando bens de consumo em desejos, fomentando a crença de que precisamos consumir cada vez mais, porém assim que adquirido o produto parece perder o valor, e o ciclo recomeça.

No atual contexto social pode-se reconhecer de maneira errônea o consumo como sinônimo de felicidade, conquista, prestígio social, como se por intermédio da ação de consumir o status pessoal fosse elevado, porém quase sempre isso se configura em uma armadilha bem arquiteta, pois a alegria sentido após uma compra é breve, com sujeitos fardados a buscar essa satisfação comprando novamente, ainda que raramente se use verdadeiramente tudo o que é comprado, por fim a felicidade prometida não passa de propaganda enganosa. 

Referências:

FORTES, Isabel. A psicanálise face ao hedonismo contemporâneo. Revista mal-estar e subjetividade, Fortaleza, vol. 9, n. 04, pp. 1123-1144, dez. 2009.

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Meritocracia e consumismo: exercendo o capitalismo nas entrelinhas

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Segundo Catani (2017), o capitalismo pode ser considerado um sistema em que a força de trabalho serve como mercadoria de troca e produz também outras mercadorias de trocas. Esse sistema então se estabelece através da divisão social em classes, em que uma parte da população se encontra como detentora dos meios de produção, e outra grande parte que é responsável pela venda da sua força de trabalho. Mas como aumentar os ganhos dos detentores dos meios de produção e aumentar a produtividade dos trabalhadores? Surge então a meritocracia.

A meritocracia é caracterizada pela ideia de que a posição de um indivíduo na sociedade sofre influência de seu esforço, sendo então suas conquistas obtidas pelo mérito individual. Nessa perspectiva, são ignoradas então questões como posição social, acesso a privilégios hereditários e corporativos, renegando a importância de biografias e trajetórias sociais. As discriminações sociais então saem de cena, e são possibilitadas novas formas de obter mudanças de status sociais (BARBOZA, 2010).

O capitalismo então se fortalece e desenvolve a ideia de que uma pessoa pode obter maior poder aquisitivo, e melhoria de vida a partir da compra de itens materiais. Surge então a relação entre consumo e a meritocracia. Os indivíduos como forma de demonstrar que estão conquistando uma melhoria de vida pelo seu mérito, buscam aumentar seu poder de compra e consumir cada vez mais em pequenas ou grandes escalas.

O consumo passa a ser almejado e movimenta grande parte da população, são desenvolvidas ideias e sensações, a partir do simples ato de poder comprar qualquer item de consumo. A possibilidade de poder comer em um estabelecimento externo aos finais de semana, presentear alguém especial, obter um aparelho eletrônico de última geração e assim por diante, movimenta e impulsiona os trabalhadores a permanecerem em sua rotina. O consumo passa a estar relacionado ao sentimento de prazer, poder e muitas vezes compensação pelo trabalho exercido.

Fonte: l1nq.com/9reDq

Porém em situações em que os indivíduos se veem seduzidos pelas sensações e emoções da compra, ou consomem com o objetivo de preencher algum vazio causado por diversos fatores, o consumismo pode ser estabelecido, e causar problemas como ansiedade, depressão, compulsão por compras etc. O ato de consumir exageradamente, muitas vezes se desenvolve como forma de mascarar os problemas derivados da exagerada busca pela melhoria de vida (SILVA, 2014).

A sociedade na contemporaneidade, busca ser mais produtiva e os integrantes desta passam a se ver envoltos por cobranças individuais cada vez mais exigentes. A meritocracia então age de forma a impulsionar os indivíduos ou a produzir mais para que consigam cada vez mais demonstrar seu poder aquisitivo e suas conquistas elevando seus status sociais, ao mesmo tempo que pode gerar sentimento de culpa, baixa autoestima, estresse etc. De ambas as formas impulsionando o consumismo, e desenvolvendo o capitalismo ao ponto que a produtividade aumenta a cada vez que ocorre o desejo de consumo por um item e mantem a divisão de classes na perspectiva em que o trabalhador cada vez precisa trabalhar mais para obter uma falsa sentimento de melhoria.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, L. Igualdade e meritocracia: a ética do desempenho nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

CATANI, A.M. O que é capitalismo. Brasiliense, 2017.

SILVA, A.B.B. Mentes consumistas: do consumismo à compulsão por compras. Globo Livros, 2014.

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Especialistas discutem sobre os apelos excessivos da publicidade infantil

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As crianças, de um modo geral, têm um alto poder de absorção de qualquer tipo de conteúdo. Por exemplo, toda Páscoa, chovem propagandas sobre chocolates entre outros itens. O resultado é o consumo exagerado de doces que só pioram a saúde dos pequenos.

Por meio de diversas técnicas, as marcas conseguem exercer um poder de influência muito grande em cima das crianças para que possam incentivar os pais a comprarem brinquedos e guloseimas. Mas quais são efeitos negativos e como lidar com os desejos causados pela publicidade?

Para a psicóloga Livia Marques, as propagandas abusivas acarretam grandes influências negativas nas crianças. Ela diz que o efeito disso surge de uma forma muito ruim na mente delas, fazendo com que fiquem inflexíveis ao não e a qualquer argumento. “Tanto na TV como na internet, o conteúdo massivo pode causar uma fixação muito grande na mente delas”.

Livia fala que os sinais de que algo está errado com o desejo de ter um brinquedo ou de lanchar é refletido geralmente no comportamento agressivo e inflexível ao pedir aos pais. “Há casos que a criança não aceita de forma alguma o limite que é imposto”.

Fonte: Pixabay

Para Dario Perez, professor acadêmico e especialista em publicidade e marketing, o problema está no fato de que muitas empresas acabam “perdendo a mão” em suas ações publicitárias e comentem alguns excessos. Ele comenta que o público infantil é extremamente sensível a qualquer tipo de técnica de marketing que possa ser utilizado dentro dos parâmetros de um comercial de TV ou na internet, por exemplo.

– As crianças absorvem com muita facilidade todos os tipos de influências direcionadas. Mesmo as campanhas, que não possuem um bom comercial ou técnica apurada de publicidade, conseguem converter a venda, utilizando-se de uma comunicação lúdica e aspiracional, aproveitando personagens para gerar empatia e elevar sua credibilidade – explica.

Dario diz ainda que um dos objetivos da publicidade é gerar, por meio da influência, a sensação de felicidade através do consumo. Dessa forma, as crianças falam para os pais sobre a necessidade de ter tal produto. Eles, por sua vez, acabam satisfazendo o desejo para a alegria dos filhos.

Fonte: encurtador.com.br/adgkQ

Como lidar

A psicóloga Livia diz que a melhor forma de proteger a família é por meio do diálogo. Ela comenta que é importante os pais saberem dizer não, mesmo quando é muito difícil. Por outro lado, é preciso mostrar o porquê do não, talvez pela falta de condições financeiras, se a criança já tem muitos brinquedos e ganhou algum recentemente ou até explicando que determinado lanche ou doce pode fazer mal se comer muito dele.

– A conversa é fundamental. A criança também precisa saber para compreender e respeitar. Os responsáveis precisam entender também que a permissividade não pode ter espaço nessas lacunas – reforça.

Regulamentação

Para o especialista em marketing e publicidade, a regulamentação da publicidade infantil ainda é muito delicada no Brasil. Segundo o profissional, existe um projeto de lei mais rigoroso e voltado para a proteção da criança durante a exposição de alguma marca. Porém, ainda não foi aprovado. “Enquanto isso, observamos alguns efeitos colaterais, como, por exemplo, o alto índice de consumo de alimentos ditos como não saudáveis”.

– Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças no Brasil estão com sobrepeso. Além disso, o segmento de brinquedos para crianças só cresce, segundo os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Claramente isso são reflexos do poder persuasão – destaca.

Dario diz que para que as marcas respeitem a ética, é preciso, primeiro, assumir sua responsabilidade no processo de influência das crianças.  Segundo, é fundamental que as empresas sejam claras. Ou seja, elas devem encarar do ponto de vista educacional, mostrando os benefícios e os malefícios desses produtos. “Não quer dizer que é preciso fazer uma campanha socioeducativa. E, sim, ser mais transparente”.

– Por exemplo, pode avisar que a criança não deve beber determinada bebida todo dia, pois pode fazer mal para a saúde. Isso vai mostrar que aquele produto em alto consumo pode gerar efeitos negativos – comenta.

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Frivolidade cultural no liberalismo contemporâneo

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Este trabalho irá abordar um ensaio teórico entre dois autores, sendo o principal Vargas Llosa, trazendo o livro “Civilização do espetáculo”, e o autor de apoio Cláudio Novaes Pinto Coelho, com a obra “Indústria cultural e sociedade do espetáculo: a dimensão política da crítica cultural”.

De acordo com Coelho (2016, p.31) “política, sociedade do espetáculo e indústria cultural são conceitos inerentes ao capitalismo.”. Porém, até chegar à fase que predomina hoje, é necessário entender as nuances históricas. Já para Llosa, esse tipo de sociedade gera certas consequências, como a “banalização da cultura, a generalização da frivolidade e a proliferação do jornalismo irresponsável” (LLOSA, 2012, p.30).

A sociedade do espetáculo, que vigora atualmente, caracteriza-se pela busca desenfreada de diversão e entretenimento, através de recursos publicitários e midiáticos, nos quais foram criados com o intuito de vender e comercializar tais recursos. Em pleno século XXI, o valor supremo da civilização não é o fomento do intelecto muito menos a busca pela resolução dos problemas através do conhecimento, mas sim a diversão e lazer. O que é priorizado é a fuga dos problemas e causas de angústia através daquilo que proporciona prazer e conforto imediato, como por exemplo, as drogas.

Fonte: goo.gl/k9PKAP

Após a Segunda Grande Guerra, a economia dos países já desenvolvidos e emergentes cresceu exponencialmente e por consequência, a classe média também. Isto gerou maior mobilidade social. Além disso, os valores sociais se alargaram, pois se tornaram mais flexíveis com as transformações sociais e culturais.
Desse modo, o cenário formado com essas mudanças foi de uma sociedade com liberdade de costumes, com um bem estar social razoável e hipervalorização do ócio. Estas condições atraíram a publicidade e a mesma as tornou o foco de mercadorias, a fim de comercializar a própria cultura.

Llosa (2012) apresenta mais algumas causas para que essa realidade falsificada surgisse. Uma delas é a democratização da cultura. Afirma que antes desta etapa acontecer, a cultura era restrita a aristocracia. Quando a elite deixou de ter o monopólio do “bom gosto” e passou a compartilhar com a cultura popular, os conteúdos culturais passaram a ser produzidos apenas para fins comerciais, com alta superficialidade e mediocridade, sem sequer passar por uma avaliação crítica profissional e especializada. Fazendo um paralelo com o ensaio de Coelho (2016, p. 33), o mesmo afirma que ‘a indústria cultural unificou a cultura erudita à cultura popular.”. E isso põe em risco a democracia dos próprios consumidores.

Com a massificação da cultura, sendo esta apenas mais uma forma de passar o tempo, tudo o que se é produzido, é válido como elemento cultural, pois seu significado agora é amplo, não como outrora, onde era elitizado. A abrangência da ressignificação deste termo acarreta uma consequência nociva à cognição: estagnação intelectual. O indivíduo não busca mais fomentar seu conhecimento através da música, do teatro, das artes; ele apenas a “consome”, como um produto já moldado e preparado para ele.

Fonte: goo.gl/VLiwVe

Com isso, a publicidade age como um regime totalitário, onde as propagandas publicitárias trabalham com a repetição e consequentemente com a razão instrumental, devido à alta eficácia do elemento repetitivo. Desse modo, produz a redução do conhecimento racional, pois “tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação” (Debord, 1997, p.13). Essa afirmação de Debord exemplifica a sociedade do espetáculo e ao mesmo tempo capitalista, pois as pessoas julgam que os objetos produzidos por elas mesmas tem um valor já próprio, antes da sua produção.

O indivíduo não compreende que os produtos são resultados das interações humanas, com isso, ele acaba atribuindo valores que não pertencem ao objeto, mas por se identificar com o mesmo, dão-se atributos aos produtos. Essa concepção é um traço de fetichismo. A formação da cultura “light” faz com que o indivíduo seja cômodo no que ele recebe das produções publicitárias, como os livros, músicas e até mesmo a culinária.

Antes, a crítica era crucial para que dado recurso cultural fosse aceito pela maioria ou não. Já hoje, apenas a publicidade é quem decide o que entra e sai da moda, o que se ouve ou se lê. Antes, as obras artísticas, sendo elas de cunho literário, musical ou teatral, eram carregadas de influências filosóficas, ou de crenças religiosas ou ideologias. Entretanto, hoje em dia, as agências de publicidade tem o domínio sobre o que se vai consumir.

Fonte: goo.gl/SfetZT

Há vários exemplos onde o indivíduo já não filtra mais o que é comercial e o que é pura arte; um exemplo disso são as músicas, como em shows e raves. Nessas situações os sujeitos perdem sua individualidade e se torna comum ao restante da massa. Assim acontece também no futebol, quando um dado grupo se reúne para praticar ações violentas ao time rival. E por fim as drogas, exemplo claro da fuga da sociedade dos problemas e angústias. Antes, este último recurso era usado pela boemia ou a classe produtora da arte, a fim de aprimorar sua visão e experiências. Hoje, o uso desse recurso causou a dependência de muitas pessoas no escape da realidade.

Por fim, essa sociedade do espetáculo, formada basicamente pelo consumo exacerbado e inconsciente de produtos fetichizados, causa a separação das experiências concretas com representação de imagens. Isso causa a perda do controle da dimensão simbólica no indivíduo, pois ele não sabe o porquê de fazer dado comportamento, apenas o reproduz.

Há uma notável diferença cultural se for comparado à cultura produzida hoje com a dos últimos dois séculos, onde o valor intelectual passou por uma desvalorização muito grande, e foi trocado por valores culturais mais específicos e de pouco conteúdo. E com isso é nítido uma regressão artística, política, e nas práticas religiosas também. Na sociedade em geral, o erudito, ou em outras palavras algo mais elaborado, e com certo nível de complexidade maior, não tem mais tanto espaço na atualidade.

REFERÊNCIAS:

COELHO, Cláudio Novaes Pinto. Indústria cultural e sociedade do espetáculo: a dimensão Política da crítica cultural.

DEBORD, G. Sociedade do espetáculo. Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

LLOSA, M. V. (2013). A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Objetiva.

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Ecovilas: alternativa a estruturação Capitalista da Sociedade

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José Paulo Netto (2012) afirma que duas inferências são inquestionáveis em relação as mudanças proporcionadas pelo Capitalismo nos últimos anos, que nenhuma das transformações modificou a exploração e dominação inerente a forma atual de estruturação da sociedade e que o capital esgotou a sua capacidade civilizatória.

Segundo o filósofo Herbert Marcuse, membro da primeira geração do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, a sociedade atual é caracterizada pelo pensamento unidimensional, implementação de uma única forma de pensamento que leva o homem a perceber apenas um horizonte possível de existência, dando-lhes uma aparente liberdade de escolha e um ilusório estado de bem-estar, exigindo em troca submissão a lógica capitalista. Segundo ele a Sociedade Unidimensional oscila entre duas possibilidades históricas, a saber: “1) a de que a sociedade industrial desenvolvida seja capaz de sustar a transformação qualitativa durante o futuro previsível; 2) a de que existem forças e tendências que podem romper essa contenção e fazer explodir a sociedade” (MARCUSE, 1978, p. 14).

A necessidade de uma transformação qualitativa da sociedade visando o estabelecimento de uma ordem fundada na possibilidade de suavizar a vida de todos os seus membros é necessária porque quando o arranjo social estabelecido é comparado com outras maneiras possíveis de ordenamento fica escancarada a sua irracionalidade.

Não existe organização social que não apresente possibilidade de felicidade. A felicidade e a liberdade oferecida pela sociedade capitalista visam à manutenção da ordem social para o progresso e elevação do capital.

Fonte: https://goo.gl/GZhVZ8

Segundo Aldous Huxley, no prefácio ao livro “Admirável mundo novo”, publicado em 1934, a dominação só pôde ser estabelecida mediante uma grande transformação na mentalidade e nos corpos dos indivíduos. Parece que foi exatamente esta transformação que o capitalismo possibilitou. Os homens abdicaram de uma liberdade de construção da própria vida por uma ilusória promessa de bem-estar permanente. A racionalidade da sociedade capitalista é irracional porque ao mesmo tempo em que cria abundância produz escassez, miséria e destruição da natureza.

Como apontou Herbert Marcuse existem na sociedade projetos alternativos que nos levam a perceber um outro modo de organizar a vida individual e coletiva, dentre essas tendências os modelos sustentáveis de vida, conhecidos como ECOVILAS, são excelentes exemplos que estão se consolidando como opções concretas.

As ECOVILAS, são assentamentos humanos sustentáveis, que estruturam um novo modo de vida fundamentado na preservação das riquezas naturais e na economia solidária.

Segundo Marcio Bontempo (2011) “Ecovilas são comunidades organizadas, preferencialmente rurais, compostas por pessoas que se identificam em ideais ou princípios, que procuram viverem em harmonia com as leis naturais, através de um estilo de vida ambiental, econômica e socialmente sustentável. No escopo das ecovilas estão itens como a produção orgânica dos alimentos, a geração de energia limpa, o destino adequado dos resíduos sólidos e líquidos, a reciclagem e o reuso, a economia solidária e de troca, a recuperação de áreas degradadas e a conservação das florestas e mananciais de água”.

A proposta de organização social sustentável já está presente em todos os continentes como forma de vida alternativa que vem se firmando como uma maior capacidade civilizatória. O documentário intitulado ECOVILAS BRASIL – Caminhando para a Sustentabilidade do Ser, “ visitou 10 lugares para entender quais aspectos e valores as Ecovilas estão trazendo para a humanidade e como estes podem colaborar para uma mudança de paradigma do nosso modelo civilizatório”. Vale a pena assistir o documentário, as Ecovilas são formas de percebermos que sempre existiram formas distintas de organizar a vida, elas nos fazem lembrar que inúmeras possibilidades estão abertas. Na sociedade coexistem forças opostas, o capitalismo que busca harmonia e coesão social e, ao mesmo tempo, existe uma força capaz de romper essa ideologia de coesão.

No site do Movimento Brasileiro de Ecovilas é possível encontrar uma lista com informações sobre Ecovilas instaladas no Brasil.

Fonte: https://goo.gl/a3Vqhp

REFERÊNCIAS:

BOMTEMPO, Marcio. Ecovilas, Sustentabilidade e Consciência Planetária. 2011. Disponível em: https://mbecovilas.wordpress.com/2011/11/30/ecovilas-sustentabilidade-e-consciencia-planetaria/.

HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. Tradução de Lino Vallandro e Vidal Serrano. São Paulo: Globo, 2009.

NETTO, José Paulo. Crise do capital e consequências societárias. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 111, p. 413-429, jul./set. 2012.

MARCUSE, Herbert. A ideologia da sociedade industrial. Trad. Giasone Rebuá. 6° Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978

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Suicídio, um mal que se alastra entre a Juventude

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A vida sempre foi um tema complicado, não é de hoje que se analisa o valor de tudo que cerca o ser humano, qual o sentido de existir e se há algum objetivo em viver o ciclo eterno de prazer e desprazer que dá significado a passagem do tempo. A maioria das respostas para essas perguntas giram em torno de algo para conquistar, o sentido é chegar a algum lugar, atingir um objetivo, dependendo do subdesenvolvimento do raciocínio, até provar algo a alguém. Independente da resposta, a conclusão é que vale a pena, apesar do ônus, desistir por conta própria da vida é algo impensável.

Então por que cometer suicídio? Por que desistir de algo que apesar da cultura, da religião ou da localização geográfica, é certo que vale a pena? A resposta não reside em apenas um fator, ou uma ideologia, um acontecimento traumático. É preciso considerar o grupo social, o passado, a cultura, as maneiras de se relacionar com o meio, genética em certa proporção.

Fonte: http://zip.net/bwtKZl

Cerca de nove a cada 10 pessoas que cometem suicídio sofrem de alguma patologia de ordem mental, as que figuram com mais frequência nesses casos são os transtornos de humor, os transtornos de personalidade e a dependência de substâncias químicas. A partir destes dados, é completamente derrubada a ideia de que quem comete suicídio, o faz no pleno controle de suas faculdades mentais e no exercício de seu livre arbítrio.

Isolamento social também tem uma parcela de culpa considerável pela decisão de autoextermínio. O homem é um ser social e isso não vai mudar tão cedo, a interação saudável com o grupo e com o meio são necessidades que não podem de maneira alguma ser negadas, uma vez que isso acontece a pessoa se sente deslocada, e aos poucos, suas ideias do sentido ou objetivo da vida começam a ser alteradas. A certeza de que o bônus é maior que o ônus começa a desmoronar, contribuindo imensamente para o surgimento de ideias suicidas.

Fonte: https://4.bp.blogspot.com

É impressionante o fato de o grupo com maior índice de suicídios ser o de jovens de 15 a 29 anos. Parece contraditório que o suicídio, um impulso originado de sensações de impotência, insatisfação com o próprio corpo ou personalidade, possa atingir com mais frequência quem passa pela época da vida tida como o auge da disposição e felicidade. O jovem tem energia para tudo, trabalha, estuda, sai aos finais de semana com os amigos, chega em casa depois do amanhecer. No entanto, estas mesmas pessoas são cercadas de responsabilidades e expectativas que excedem em muito o tolerável para um ser humano saudável.

O que dizem as estatísticas

Segundo a Organização Mundial da Saúde, dependências química ou psicológica, abusos, acontecimentos traumáticos e transtornos mentais, são os maiores contribuintes para os altos índices de suicídio entre os jovens. Ainda segundo a OMS, mais 800 mil pessoas no mundo morrem vítimas de suicídio todos os anos, o que resulta em uma média de 11,4 suicídios a cada 100 mil habitantes. O Brasil por sua vez tem índices bem mais baixos do que a média mundial, 6 para cada 100 mil habitantes, no entanto antes de comemorar é necessário lembrar que aqui os dados são mais incertos. No Brasil ainda há casos em que a certidão de óbito de um suicida é preenchida constando acidente de trabalho ou doméstico, até mesmo homicídio em alguns casos. Em algumas regiões o corpo é velado sem sequer um médico legista para assinar a certidão de óbito.

Fonte: http://zip.net/bptL42

O suicídio representa 1,4% das mortes no mundo, mas lidera o ranking de mortes violentas com 56% do total. Apesar de atingir com mais frequências pessoas acima de 70 anos, é com preocupação que se constata que essa é a causa de morte de 8,5% das pessoas que tem de 15 a 29 anos, ficando atrás apenas de mortes no trânsito, o que representa 6 vezes a média de todas as faixas etárias. Para ter uma noção mais clara de como o suicídio se distribui e preciso olhar para números absolutos e proporções. 75,5% dos suicídios registrados ocorrem em países de renda média ou baixa, porém em países de renda alta, o suicídio representa 81% das mortes violentas.

O sociólogo polonês Zygmund Bauman traz em seus livros “Amor Líquido” e “Modernidade Líquida”, um conceito que define segundo ele a instabilidade da sociedade pós-guerra fria. Onde os valores adquirem uma plasticidade cada vez maior, e as relações seguem este mesmo caminho, se tornando algo mais adaptável e ao mesmo tempo superficial. É uma época de imediatismo, trocas rápidas, relacionamentos do tipo “macarrão instantâneo” (rápido para fazer, rápido para consumir, rápido para jogar fora). Há uma ausência de padrões nos quais as pessoas possam se apoiar, e o gozo desse novo nível de liberdade traz consigo a insegurança e o vazio de não ter nada sólido para recorrer em tempos de crise. Mas este estilo de vida é necessário para que a máquina capitalista funcione a todo vapor.

Os jovens indígenas

Segundo uma pesquisa do Estadão de 07/06/2014, “nos últimos dez anos, entre 2002 e 2012, o Amazonas foi o estado onde o suicídio de jovens mais cresceu (134%)”. No Amazonas a população indígena segundo as pesquisas da folha representa 4,9% da população em geral, ou seja, 20,9% dos suicídios foram praticamente indígenas, a folha ressalta que no Mato Grosso do Sul a situação não é diferente, afirma que “onde a proporção de índios entre os que se mataram é sete vezes maior do que a fatia deles na população”. Mas porque isso acontece? Infelizmente, em muitos países a população indígena esta desgarrada, afastada de sua cultura, pois não possui espaços ou terra para praticar seus costumes e ritos, um grande exemplo é os Estados Unidos, por conta do progresso acabou matando e expulsando os índios de suas terras.

Fonte: http://zip.net/bxtMjs

No Brasil ainda não chegamos a essa realidade, mas há várias notícias de confronto entre fazendeiros e índios pela posse de terra. Os jovens indígenas muitas vezes optam por uma vida urbana, longe de suas aldeias, pois muitas vezes ficam encantados com as cidades, quando isso a aldeia passa a vê-los como não-índios, como alguém que cresceu e participou de sua cultura, mas a população urbana não é dessa forma, muitas pessoas discriminam esse “ex-indígena” e por consequência ele mesmo acaba tendo um pensamento de não pertencer a lugar algum.

Influência do sistema socioeconômico no suicídio

Hoje em dia, sabemos que o sistema geopolítico e socioeconômico hegemônico no mundo, é baseado no acúmulo gradativo de capital e no consumo das massas, ele é chamado de neoliberal. Por mais que muitos teóricos defendam que este modelo garanta liberdade individual, vemos que cada vez mais os indivíduos se prendem a valores e práticas superficiais para preencherem seus vazios existenciais ou para se sentirem aceitos: uso de drogas, o consumismo e adesão aos padrões estéticos, são exemplos de comportamentos que podem levar os sujeitos a sentimentos depressivos.

Fonte: http://zip.net/bqtMq5

Segundo o banco Credit Suisse, em 2015, 1% da população mais rica do mundo concentrou metade de toda riqueza do planeta. Tal fato só se tornou possível graças ao modelo de consumo desenfreado que sustenta a economia. As pessoas procuram no ato de comprar uma alegria rasa e momentânea. Para aqueles que transferem aos objetos a condição para serem felizes, isso é extremamente perigoso, pois nunca irão se sentir saciados e plenos. Além disso, os meios de publicidade bombardeiam pessoas de todas as idades com ideias superficiais sobre o sentido da vida, restringindo seus horizontes e determinando o modelo de que nosso valor é medido pelo que possuímos. Numa sociedade onde se vale o que se tem, quem tem pouco tende a se sentir inferiorizado.

A publicidade influencia a vida dos indivíduos em sociedade de várias formas, tudo para leva-los a consumir os milhões de produtos disponíveis no mercado. No que se trata de estética, a padronização de modelos de beleza determina que tipos de pessoas sejam mais aceitas, com seus rostos ou corpos. Acontece que a grande maioria da população não atende a esses quesitos e então, procuram formas de se moldarem nos padrões, comprando produtos que se dizem milagrosos e regulando suas práticas de alimentação e exercícios. Cuidar da saúde e do corpo não é algo negativo, o problema é que existem aqueles que se sentem extremamente tristes por não atenderem aos valores estéticos e a não aceitação em sociedade pode levar á casos mais graves, como a depressão e até mesmo ao suicídio.

As drogas são um dos fatores que também aumentam a chance de suicídio na vida de alguém, boa parte dos países possuem políticas de proibição e repressão a alguns tipos destas, acontece que as legalizadas também contribuem para este fator, por exemplo, o álcool. 15 a 25% dos suicídios no mundo são causados por esta droga, porém as políticas de controle são mínimas por parte dos governos, mesmo que seja sabido que 11,2% da população mundial é alcoólatra. Antidepressivos e tranquilizantes não ficam de fora, pois alteram comportamento, humor e cognição dos usuários, tornando-os dependentes químicos e agravando seus quadros depressivos.

Fonte: http://zip.net/bmtLl2

Vimos exemplos de problemas que contribuem para ansiedade, depressão e sentimentos autodestrutivos, os pilares que sustentam um possível suicídio. Todos eles possuem raízes na dinâmica econômica e social do sistema capitalista neoliberal, nos mostrando que por mais que hoje tenhamos avanços tecnológicos e conforto para viver nossas vidas, é necessário também que se rompam os agentes de controle que afastam o ser humano de sua plenitude existencial e o mergulham numa ilusória e superficial realidade.

Considerações Finais

A partir deste estudo foi possível analisar a amplitude do suicídio, e como se torna complexo estudá-lo, principalmente tratando-se do adolescente. Trabalhar o suicídio é um assunto delicado, já que a temática é um tabu e desperta medo nas pessoas. Ao estudar os livros “Amor e sobrevivência”, “Viver é a melhor opção” e “O suicídio”, ampliamos nossos conhecimentos sobre a temática e compreendemos que é necessário amparar a saúde mental nas pessoas com profissionais que possuam mais capacitação para esse cuidado.

Fonte: http://zip.net/bstLN5

As internações com os profissionais de saúde, considerando a importância da enfermagem em saúde mental, são cruciais, para proporcionar o cuidado ao ser humano e atender suas necessidades psicossociais, servem como uma ferramenta para disseminar informações aos pacientes e também aos familiares e agir na sociedade, fornecendo orientações sobre o suicídio e assim poder identificar riscos e preveni-los. Para que isso ocorra, é necessário não somente estar baseado nos recursos técnicos e teóricos, mas sensibilizar e humanizar nossos sentidos. Os preconceitos e até mesmo as dificuldades pessoais fazem com que o profissional da área da saúde, apresente dificuldades em manejar estes casos. Ocorrendo com certa frequência até menosprezo para com o jovem suicida.

REFERÊNCIAS:

DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 513 p., il.

MENDES, André Trigueiro. Viver é a melhor opção. 3. ed. São Bernardo do Campo, SP: Correio Fraterno, 2017. 190 p., il.

ORNISH, Dean. Amor & sobrevivência: a base científica para o poder curativo da intimidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 263 p., il.

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Hiperconsumismo e problemas contemporâneos

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O Psicologia em Debate ocorrido no dia 26/04/17, com o tema O impacto do hiperconsumismo na autopercepção, foi realizado no CEULP/ULBRA pela acadêmica Iule Lourraine da Silva Landinho. O evento teve início às 17 horas e finalizou por volta das 17:50hs. A apresentação foi baseada no livro Vida Para Consumo, de Bauman. O principal foco do debate foi mostrar que vivemos em uma sociedade consumista, que a todo momento estamos buscando suprir desejos e necessidades mesmo que muitas vezes não tenhamos condições para atender tais satisfações. E quando não se tem, pode acarretar sérios prejuízos à saúde física e mental do ser humano, como estresse, ansiedade, depressão, entre outros.

Vivemos em uma sociedade movida por status, na qual na maior parte da vida só nos sentimos bem, se estivermos publicando informações boas ao nosso respeito nas redes sociais. O que muitas vezes podemos chamar de simulações de sentimentos, na qual a pessoa publica uma foto sorrindo, em um lugar lindo, no entanto aquela felicidade expressada no rosto, não existe de fato na maior parte das vezes, é só uma maneira de chamar atenção para si, e gerar mais status social.

Iule expôs também que as mídias sociais tratam o consumo como um fator de felicidade, quanto mais você obter tal objeto, degustar tal produto, tanto mais você estará indo de encontro à felicidade que tanto procura. O exemplo disso é o incentivo para se comprar um carro em lançamento, tomar uma Coca-Cola, comprar certa roupa, tudo com preços altíssimos na maioria das vezes, com intuito de fazer com que o indivíduo se sinta incluído na sociedade.

Fonte: http://zip.net/bqtKDF

 

No entanto, não leva em consideração que para o ser humano ser de fato feliz, é necessário ter um equilíbrio em diversas áreas da vida, como: ter no mínimo o básico para se viver, uma moradia, saúde, educação, segurança, lazer, enfim autorrealização em todas as partes da vida.  As pessoas estão tão envolvidas com o consumismo, com sua vida pessoal e profissional, que não tem tempo para lhe dar com o outro, e quando percebem o quão longe estão de sua realidade social (comunidade), como por exemplo a própria família, familiares, amigos, tentam suprir essa ausência dando presentes.

Bauman diz que não tem como fugirmos do consumismo, todos consomem, porém existem os casos de hiperconsumismo ou seja em excesso e isso torna a vida do indivíduo massacrante. Consequentemente, esse fator traz adoecimentos, devido à incapacidade de atingir o ápice do ideal de consumo esperado, que é ter o que muitos têm.

REFERÊNCIA:

BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo: A Transformação das Pessoas em Mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Hazar, 2008, 199 p.

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O Ressentimento é sempre do Outro?

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A Era do Ressentimento: Uma Agenda para o Contemporâneo, do filósofo e psicanalista Luiz Felipe Pondé, através da palestra organizada pelo Psicologia em debate, em uma exposição claramente proferida pelo acadêmico em Psicologia Lenicio Nascimento, no dia 08/03/2017, deixou todos os presentes já de início reflexivos, ao questionar: “Você é uma pessoa ressentida?”.

Penso que nesse momento, todos se voltaram para seus próprios pensamentos, e se deixaram refletir acerca desse tema, que coloca em xeque, um sentimento tão forte e negativo, quanto o ressentimento. Sabe por quê? Acredito que talvez seja, por pensarmos que o outro seja um ressentido, porém nós não somos. Nesse sentido, o autor coloca de maneira expressiva sua visão desse homem que age pelo ressentimento, sequer questionando sua verdadeira essência, entre o ter e o ser.

Fonte: http://zip.net/bctGbv
Fonte: http://zip.net/bctGbv

Nesse diálogo contemporâneo da Psicologia com a Filosofia, o autor segue apontando críticas pertinentes aos relacionamentos sociais, em que as pessoas estão preocupadas muito mais com a quantidade de “curtidas” nas redes sociais, que mostram em tempo real tudo o que elas desejam que vejam; tendo assim seus segundos de fama. Para o autor, vivemos a era do ressentimento, perdemos tempo vivendo pela exteriorização, individualismo onde “eu me basto”, um consumismo exacerbado; e constantemente correndo atrás de uma singularidade, assim buscando um reconhecimento dessa imagem que criou; imagem que não corresponde ao seu eu real; fora a isso, essa geração vive a solidão e o adoecimento com as psicopatologias, que nasce desse descompasso em não olhar para nosso interior, como somos de verdade.

Para o autor, a palavra ressentimento carrega um teor negativo; porém acredita que o primeiro passo é se perceber como sendo um ressentido, aceitando e assim buscar uma mudança que poderá trazer um crescimento pessoal. No desespero, a auto superação será a única e viável saída para uma cura e melhora interior.

Fonte: http://zip.net/bxtG7B
Fonte: http://zip.net/bxtG7B

O filósofo, apontando várias nuances dos relacionamentos superficiais, dos casais modernos que não desejam ter filhos; a secularização do papel da mulher na qual ela vive em busca de uma autonomia frente à sociedade, que nos permite perceber essa mulher correndo em busca de uma realização superficial; em que a perfeição do corpo surge como uma feminilidade vazia e inútil. Nesse ponto, possibilitamos entender a preocupação que o autor demonstra frente às demandas que nosso tempo se apresenta.

Portanto, para fugir disso, o autor sinaliza para que sejamos extra contemporâneos; seria basicamente lutar contra essa onda de ter mais do que ser; em um movimento socrático de levar o individuo a sair de dentro para fora. E, principalmente não colocar a culpa do seu ressentimento no outro, procurar a verdade, o sentido da vida.

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