COVID-19: população Indígena em contextos excludentes

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O cenário da pandemia COVID-19 exige a reorganização das formas de atenção e cuidado, pautada pela definição dos objetivos e ações prioritárias.

É realmente triste ver como as epidemias deixam cicatrizes duradouras nas comunidades, especialmente nas populações indígenas. A pandemia de Covid-19 trouxe à tona não apenas desafios de saúde imediatos, mas também ressuscitou memórias dolorosas do passado. A vulnerabilidade dessas populações a doenças infecciosas é um reflexo das disparidades históricas e sociais. É crucial aprender com essas experiências e trabalhar para fortalecer os sistemas de saúde e promover a equidade. O respeito às comunidades indígenas, suas tradições e conhecimentos é essencial para construir abordagens mais eficazes na prevenção e resposta a futuras crises de saúde. (CARDOSO, 2010.)

A população indígena durante a pandemia de Covid-19 enfrentou desafios específicos devido a fatores sociais, econômicos e de saúde que ampliaram as disparidades existentes. Aqui estão algumas das questões enfrentadas pelos povos indígenas durante a pandemia:

  • Vulnerabilidade à Infecção: Povos indígenas frequentemente vivem em comunidades remotas, com acesso limitado a serviços de saúde. Isso pode tornar difícil a detecção e o tratamento precoce da COVID-19.
  • Barreiras de Acesso à Saúde: Algumas comunidades indígenas enfrentam barreiras significativas no acesso a serviços de saúde, incluindo falta de infraestrutura, transporte precário e distâncias geográficas consideráveis até os centros de atendimento médico.
  • Condições de Saúde Pré-existentes: Algumas populações indígenas podem ter taxas mais altas de condições de saúde pré-existentes, como diabetes e doenças respiratórias, o que as torna mais vulneráveis às complicações da COVID-19.
  • Impacto Econômico: Muitas comunidades indígenas dependem de atividades econômicas específicas, como o turismo cultural, que foram drasticamente afetadas pelas restrições impostas pela pandemia. Isso pode levar a dificuldades econômicas e falta de recursos para enfrentar a crise de saúde.
  • Desigualdade Social: As disparidades sociais enfrentadas pelos povos indígenas, como o acesso limitado à educação e emprego, podem ser exacerbadas durante crises, incluindo pandemias.
  • Respeito às Práticas Culturais: É crucial respeitar as práticas culturais e os sistemas de crenças das comunidades indígenas ao implementar medidas de saúde pública. Isso inclui envolver líderes comunitários e respeitar os protocolos locais.

A colaboração efetiva entre os governos, organizações de saúde e comunidades indígenas é crucial para superar esses desafios. A abordagem sensível à cultura não apenas promove uma melhor compreensão das necessidades específicas de cada comunidade, mas também constrói confiança, o que é fundamental para o sucesso de qualquer programa de saúde pública. (VALENTE, 2017.)

A disparidade na cobertura vacinal é realmente preocupante e destaca a importância de abordar as barreiras específicas que as comunidades indígenas enfrentam. Isso inclui a criação de estratégias de vacinação que levem em consideração a logística em áreas remotas, além de esforços para combater a desinformação e promover a educação em saúde.

O fato de que apenas 48,7% da população indígena tem o esquema vacinal completo, em comparação com 74,8% entre os não-indígenas, destaca a necessidade de esforços adicionais para garantir uma distribuição equitativa das vacinas e para superar os obstáculos específicos enfrentados pelas comunidades indígenas. (FIOCRUZ, 2020.)

É particularmente preocupante que a região Norte, que abriga a maior proporção de população indígena, tenha uma cobertura vacinal ainda mais baixa, em torno de 40,3%. Isso ressalta a importância de estratégias direcionadas para melhorar a acessibilidade e a aceitação da vacinação nessas áreas.

A colaboração entre instituições de saúde, governos locais e organizações indígenas pode desempenhar um papel crucial na elaboração e implementação de estratégias eficazes para aumentar a cobertura vacinal e abordar as desigualdades na resposta à pandemia.

O conceito de “fato social total” foi introduzido por Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia. Segundo Durkheim, um “fato social total” é um fenômeno que abrange todos os aspectos da vida social e que não pode ser compreendido apenas por meio de uma análise parcial, exigindo uma abordagem holística. (ABRASCO & ABA, 2020.)

A pandemia de COVID-19 entre os povos indígenas no Brasil pode ser considerada um exemplo de “fato social total”. Isso porque a pandemia não afeta apenas a saúde física das pessoas, mas também tem implicações abrangentes em várias dimensões da vida dessas comunidades.

Frente a essa situação de extrema vulnerabilidade, os idosos foram bastante atingidos. E como os povos indígenas costumam enfatizar, a perda destes conhecedores acaba ameaçando conjuntos de saberes, que são transmitidos de geração em geração

Portanto, analisar a pandemia de COVID-19 entre os povos indígenas no Brasil como um “fato social total” requer uma abordagem que leve em consideração não apenas os aspectos de saúde, mas também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos. Essa abordagem holística é crucial para entender a complexidade e a interconexão dos desafios enfrentados por essas comunidades durante a pandemia.

Além disso, é fundamental considerar e respeitar as práticas culturais e as perspectivas das comunidades indígenas ao desenvolver estratégias de saúde, garantindo que as intervenções sejam culturalmente sensíveis e adequadas às necessidades específicas dessas populações.

Em reconhecimento a esses problemas, medidas tomadas:

  • Evitar que pessoas infectadas, incluindo assintomáticas, entrem nas aldeias, já que tanto indígenas quanto não indígenas circulam nas aldeias e seu entorno, ampliando a possibilidade de transmissão da doença, atuação feita FUNAI. povos.
  • Os povos indígenas já são prioritários na vacinação anual contra influenza. Foi solicitado antecipação do calendário vacinal;
  • Foi solicitado implementação de ações com foco em controle e combate da COVID –19.
  • Foi afirmado a necessidade grande articulação dos funcionários SASI-SUS, junto às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de garantir acesso à informação da situação epidemiológica e das ações que estão sendo realizadas em cada local.

O reconhecimento pelo Estado Brasileiro das necessidades de saúde desses povos levou a criação do Subsistema de Atenção à Saúde Indigena (SASI-SUS) que se torna responsável pela provisão de atenção primária em territórios indígenas, representando a linha de frente de prevenção e cuidado com os doentes e, que necessita ser fortalecido para ser eficaz e eficiente.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO) & ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA (ABA). A Covid-19 e os povos indígenas: desafios e medidas para controle do seu avanço. Nota Técnica. Rio de Janeiro, 21 mar. 2020. Disponível em: . Acesso em: 27 out. 2023.

CARDOSO, A. M. A persistência das infecções respiratórias agudas como problema de Saúde Pública. Cadernos de Saúde Pública, 26(7): 1.270-1.271, 2010.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Info Gripe. Monitoramento de casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) notificados no Sivep Gripe. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2023.

Núcleo de Métodos Analíticos de Vigilância Epidemiológica do Programa de Computação

Científica, Fundação Oswaldo Cruz e Escola de Matemática Aplicada, Fundação Getúlio

Vargas; Grupo de Trabalho sobre Vulnerabilidade Sociodemográfica e Epidemiológica dos Povos Indígenas no Brasil à Pandemia de COVID-19. Risco de espalhamento da COVID-19 em populações indígenas: considerações preliminares sobre vulnerabilidade geográfica e sociodemográfica. 4o relatório – segunda edição.

https://gitlab.procc.fiocruz.br/mave/repo/-/blob/master/Relat%C3%B3rios%20t%C3%A9cnic

os%20-%20COVID-19/procc-emap-enspcovid-19-report4_20200506-indigenas.pdf(acessado em 12/11/2023).

Valente R. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura. São Paulo: Companhia das Letras; 2017.

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Um último adeus…

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Aquele dia poderia ser como todos os outros, mais um turno no hospital, mais um paciente atendido, mais uma entubação, apenas mais um, mas isso estava muito longe de ser a realidade. Naquela tarde passando pela estrada paralela a cidade, havia um caminhoneiro, assim como todas as pessoas, cheia de vivências, pessoas que o amavam e histórias a serem escritas, em um momento de agonia decidiu parar no hospital.

Debilitado, pressão baixa, respiração alterada, esses foram apenas alguns dos sintomas que ele sentia, em meio a esse turbilhão de sintomas e sentimentos chega o diagnóstico, ele estava com Covid, mas não só isso, devido sua saúde fragilizada seu estado já estava deplorável, logo a equipe multidisciplinar já entende que será necessário a intubação.                                                                                 

Fonte: pixabay

A equipe tenta contato com a família e como de costume faz perguntas para investigar as nuances de seu estado de saúde. Ele fumava? Usava substâncias entorpecentes? Algo que o fazia ficar acordado?, todas essas e mais perguntas feitas. Sim, ele fumava, e para aguentar longos períodos na estrada também fazia uso de algumas substâncias, então anunciamos a necessidade da intubação.

O medo, desespero, agonia, todos esses sentimentos mistos que geram tamanha insegurança, fez com que a família negasse, muito mais do que negar a intubação, eles estavam negando a possibilidade de uma perda, um luto. Em meio a tudo isso, o caminhoneiro só pedia uma coisa: “Preciso falar com minha esposa!”, então ofereço meu celular e naquela pequena tela de celular vejo uma mulher, em prantos, com um bebe no colo buscando esperanças para acreditar que o pior não vai acontecer, mas falhando nisso.

O caminhoneiro a tranquiliza, diz que tudo bem ser intubado e que tudo vai ficar bem, diz que voltará para cuidar da filha e que não precisava se preocupar com nada. Então ele vai, e ao entrar na sala segura fortemente a mão do médico, e com uma firmeza ainda maior em seu olhar pede desesperadamente que façam de tudo para que ele viva, afinal ele precisava viver, tinha uma filha que há três dias estava no mundo, não podia deixá-la, nem ela e nem as suas outras duas filhas e muito menos sua mulher desamparada.

Fonte: pixabay

No meio do processo, todos os medos são concretizados, o caminhoneiro não suportou e naquele dia, que poderia ser tão comum, a equipe se olha, e ao perceberem, estão todos no chão, em prantos. Chorando pelo homem que partiu, pela filha que não conheceu, pela esposa que não vai ganhar mais um beijo e pela família que não vai tê-lo mais presente.

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“Não tivemos tempo para chorar a nossa dor”

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Maria Bernardo, 63 anos, a professora aposentada reside em Goianésia-Go. Seus pais faleceram em 2020 acometidos pela COVID-19.

Um furacão ocorre em um curto período de tempo, porém, provoca estragos de terríveis proporções. 2019 foi um ano marcado pelo início dessa grande peste, COVID-19, como ficou conhecido e que pela sua dimensão e proporção que foi tombado, trouxe pânico para muitos e indiferença para outros, alguns pensavam que não se passava de notícias e dados exagerados e até mesmo fake news.

Enquanto só ouvíamos falar dela, tudo parecia distante de nós, porém quando casos foram acontecendo em nossa cidade, bairro, a preocupação é o medo iam tomando conta de nossas emoções, pessoas trancadas em suas casas, sem poder sair para as inúmeras necessidades. Ninguém tinha informações concretas a respeito dessa enfermidade, muito menos a forma de contágio e tão pouco os medicamentos eficazes no combate desse mal. Foi algo tão impactante e ao mesmo tempo tenebroso que gerou polêmicas no Sistema de Saúde, na política, no meio social, enfim, nas diversas esferas da vida. De tudo acontecia e de nada se sabia. As coisas iam acontecendo e delas as experiências, trazendo aprendizado em algumas e prejuízos em outras. O fato é que nem os médicos se sentiam capacitados a lidar com a situação que se desenvolvia em uma velocidade alarmante.

Meu marido e eu fomos os primeiros da família a sermos sintomáticos do COVID-19. Fomos atendidos, medicados e posteriormente meu marido foi internado, esteve mais de uma semana sendo acompanhado por médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Enquanto éramos cuidados já de alta e em casa, meus pais começaram com sintomas de gripe e foram levados ao hospital para consulta. O médico plantonista prescreveu os medicamentos  como se fosse gripe e retornaram para casa (meus pais). Porém, na segunda-feira retornaram para uma consulta mais minuciosa e já foram internados. Foram submetidos a exames e os resultados mostraram que os seus pulmões já estavam com 85% de comprometimento. Foram imediatamente transferidos para a UTI.

                               Fonte: Acervo Pessoal

Meu pai com 92 anos de idade e minha mãe com 85 anos, já não tinham tanta resistência física para um tratamento mais agressivo, como era necessário.

    Após três dias na UTI, dia 13/09/2020 meu pai veio a óbito. Notícia que causou grande emoção a nossa família. Contudo, o momento era de ação para cuidar dos trâmites do funeral. Não tivemos tempo para chorar a nossa dor e nem os consolos de nossos amigos e conhecidos. A luta pela sobrevivência continuava e buscamos em Deus a força e a esperança de um milagre, especialmente pela nossa mãe que se encontra na UTI. Estávamos unidos (cinco irmãos), em orações e apoio mútuo por meio de informações, recebendo alimentos, chás, tudo que alguém sabia que era bom para a imunidade, era compartilhado entre nós. Nossa família estava na expectativa de um milagre e ficamos frustrados, recebi uma ligação do hospital para comparecer no mesmo, ao chegar recebi a notícia do óbito da minha mãe (24/09/2020).

                                                                                              Fonte: acervo pessoal 

    Nós que éramos uma família de cinco irmãos e nossos pais vivos até então, de uma forma brusca nos encontramos desprotegidos, tristes e impotentes. Todos os membros da minha família, inclusive dos irmãos, seus cônjuges e filhos, foram acometidos do vírus, alguns em estágios mais graves, outros menos, mas não houve novos casos de óbito. Trazendo à memória esses momentos de grande sofrimento, angústias e perdas, é como descortinar uma página de nossa história que ficou congelada no tempo. Foram dias difíceis, de grandes desafios mas de aprendizados também. Fomos tomados de empatia e amor pelo nosso próximo, pois estávamos no mesmo barco e naufragando; tentando nos salvar mutuamente. A tristeza passa, a dor suaviza, a esperança renasce e o amor prevalece! Assim nos apresenta a vida! Viva a vida com intensidade!

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Psicologia: O que me levou a trilhar por esse caminho?

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            Fonte: imagem retirada em Pixabay

2019 foi um ano que iniciou de maneira muito difícil. No dia 20 de janeiro tive a terrível experiência de poder entrar para a estatística das pessoas que vivenciam um luto. Percebi que ao perder quem nós amamos, nos tornamos muitas das vezes pessoas sem chão, não conseguindo nem mesmo firmar nossos passos.

E foi assim o meu primeiro semestre daquele ano, não conseguia cumprir minhas metas pessoais, profissionais e nem enxergar de que maneira conseguiria levantar-me daquela situação. Viver o processo de perdas significativas sempre foi uma tarefa muito difícil para mim.

Vivenciar a partida de uma pessoa que era minha amiga, irmã, companheira para todas as aventuras, e saber que não poderia mais abraçá-la, fazer nossas sopas de ervilha, nosso Natal não seria o mesmo sem a presença dela, tudo isso me consumia dia após dia.

Foi em agosto do mesmo ano, em um acampamento de família que vi um anúncio sobre o curso de psicologia da Ulbra/Palmas, e estabeleci para minha vida o início de um novo ciclo. Diante da minha dor do luto, decidi buscar armas para lutar.

Encarar uma segunda graduação, após 12 anos longe de uma sala de aula, diversos sentimentos me definiam como: a insegurança, medo, cansaço, e tantos outros que não consigo nomear.

Os meses foram passando, e pude ver o que jamais imaginei presenciar nos telejornais, redes sociais. Pessoa a nível mundial morrendo por um vírus, muitas famílias sofrendo dor por uma perda irreparável, que não tinha volta.

Eram idosos, jovens e crianças, não fazia escolha de raça, classe social, profissão, mas ia pouco a pouco alcançando a humanidade e de maneira trágica fomos vendo o ciclo fechando e pessoas conhecidas partindo deixando um enorme vazio.

Comecei a compreender que o luto é algo público, em algum momento da vida todas as pessoas passam ou passarão por esse processo. Uns sofrem mais, uns expressam sua dor, chora intensamente, fala sobre o ocorrido, outros nem gostam de tocar no assunto.

Mas isso não significa que não estão vivenciando esse processo, pois cada um possui uma singularidade, expressões, maneiras e costumes diferentes. Assim como nossa impressão digital, assim também são as nossas reações.

Então comecei a encarar minha vida acadêmica com coragem e determinação, vivendo meus processos, buscando conciliar as demandas de casa, os filhos, esposo, mas sempre tentando realizar da melhor forma possível, priorizando o que é necessário e vivendo um dia de cada vez.

Gosto de ler assuntos que envolvem saúde mental, perdas significativas, seja artigo, livros, histórias e observo como as pessoas lidam diante das perdas. Desde os antepassados, perder gera os mais variados tipos de sentimentos na humanidade, mas quase sempre diante de uma perda as reações são as mais diversas.

Seja o fim de um relacionamento, uma empresa que não conseguirá mais manter-se aberta, pessoas que possuíam o nome sem restrição e de repente tudo desmorona e faz parte da lista de negativados, um brinquedo tão especial que quebra, a morte de um animal de estimação, ou de um ente querido.

Buscar entender de que maneira o luto pode afetar a saúde mental, os tipos de luto existentes, sempre mexeu muito comigo. E foi aí que comecei a ter alguns insights de minha missão como futura psicóloga, e o campo que desejo fazer especializações.

Em 2021/1 tive o privilégio de cursar a disciplina de Processos Grupais, onde fizemos a elaboração de um pré-projeto com o nome de Grupo Terapêutico para pais em situação de luto, que me fez compreender mais sobre a dor de pais enlutados.

Quando um dos cônjuges falece, certamente o estado civil passará a ser viúva(o), os filhos ao perderem seus pais tornam-se órfãos, mas quando trata-se de pais que perdem filhos, não existe uma palavra que defina tamanha dor.

Então, em minha caminhada acadêmica no ano 2021/2 tive a terrível sensação de perda, e dessa vez era diferente, pois minha mãe estava viva, mas havia recebido um diagnóstico de C.A em alto grau. A minha sensação era de luto, por não entender o processo que teríamos que enfrentar.

Em dezembro do mesmo ano foi submetida a uma cirurgia. Em Março de 2022 iniciaram-se as radioterapia da minha mãe. Eu não me sentia muito bem, mas não reclamava, pois entendia que a dor da minha mãe era maior.

Nesse mesmo mês após sair de uma aula passei mal e fui internada e logo após submetida a uma cirurgia também suspeita de C.A. no ovário. Eram muitas incertezas dentro de mim, medo, preocupação com a minha mãe, pois era uma das fases mais críticas do seu tratamento.

Durante todo esse tempo fui obrigada a descansar minha cabeça em relação ao tratamento da minha mãe pois nós tínhamos papai que cuidava dela da melhor forma possível. Fazia a comida, levava-a para a realização das sessões de quimioterapia, exames e retornos médicos.

Logo eu já estava na ativa com meus trabalhos acadêmicos, e a minha rotina em busca do meu CRP. Contei com a ajuda de amigos que a faculdade me presenteou durante esse processo muito difícil.

Em agosto de 2022 entrei para o tão sonhado estágio específico em processos clínicos, aguardei muito por esse dia. Após uma semana de treinamento, atendi o meu primeiro paciente, e a noite tive a pior notícia da minha vida, meu pai havia nos deixado em decorrência de um infarto fulminante.

Naquela noite nada fazia sentido, a dor era terrível sem descrição, palavras não são capazes de descrever tamanha dor, por ver mais uma vez a partida de quem amamos. Os sentimentos são os mais variados, mas o que me marcou desde o primeiro momento foi a saudade.

No mesmo mês minha mãe foi submetida a nova cirurgia, estávamos lá novamente no hospital, mas agora em um nível mais pesado, pois aquele que era nosso porto seguro já não estava mais, e continuamos lutando e em luto.

Se eu pensei em desistir? Sim. Mas o que fez a minha caminhada tornar-se mais leve, e continuar minha jornada acadêmica foi o acolhimento do meu professor, supervisor, e mestre Sonielson Luciano Sousa, durante esse processo difícil em minha vida. A maneira que ele transmite através da sua vida uma frase de Jung que diz: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

Atualmente estou cursando o último período, a abordagem que escolhi para ter como base foi a teoria de Carl Gustav Jung, conhecida como psicologia analítica. Buscando compreender os arquétipos, a psique, o inconsciente coletivo e pessoal, e o processo de individuação, onde tudo isso faz muito sentido para mim.

Apesar das lutas, sinto-me em paz com os processos que tenho enfrentado, buscando viver dias mais leves, acreditando que o tratamento da minha mãe está sendo eficaz, lutando pelo meu objetivo que é a minha formação em psicologia.

Vale a pena viver o processo e não desistir diante das lutas. Mas se não der para caminhar, e por algum motivo estagnou. Não se culpe, faça o que der conta e estará tudo bem. Respire, levante a cabeça e prossiga assim que for possível

Quando temos a convicção que estamos no caminho certo, embora surjam os espinhos, pedras, crateras, mas mesmo assim, ainda é possível ver o colorido das flores e o arco íris em dias chuvosos.

 

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Como a autocompaixão pode ajudar mulheres com excesso de demandas?

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É fato de que as mulheres cotidianas podem possuir duplas a triplas jornadas e apresentar certas dificuldades em conciliar tudo. Há uma multiplicidade de papéis e atribuições da mulher contemporânea: ser mulher, mãe, esposa, filha, profissional, estudante, empresária, artista ou todos eles ao mesmo tempo. Para conciliar maternidade e carreira, felicidade e amor, as mulheres contemporâneas se deparam com muitas tarefas e muitas exigências. A mulher muitas vezes se vê prensada entre o modelo anterior e o atual, esforçando-se arduamente para ser a “mulher-maravilha”, mas também profundamente exaurida afetivamente. A intervenção em grupo visa criar estratégias de enfrentamento buscando auxiliar aqueles que participam.

Existem várias formas de dinâmica em grupo, destacamos aqui duas delas: a de Kurt Lewin, que foi o primeiro a conceituar a Dinâmica em grupo. Dentro da visão dele, para se entender um indivíduo é necessário conhecer a dinâmica do espaço em que vive. De acordo com Feitosa e Soares (2018), a Teoria de Campo estuda o comportamento na perspectiva     da totalidade, sem uma análise das partes separadas. O campo psicológico influencia tanto sobre o comportamento que se não tem mudança no campo não haverá mudança no comportamento.

Segundo Ramalho (2010) “grupo é um conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe de forma explícita ou implícita a realização de uma tarefa” (apud RIVIÉRE, 1980). Nesse sentido a dinâmica de grupo é um importante trabalho a ser desenvolvido para incentivar a comunicação e facilitar o desenvolvimento social individual mútuo.

Fonte: Imagem de Pexels por Pixabay

Felizmente, nós também possuímos uma capacidade inata para responder ao nosso próprio sofrimento de uma maneira tranquilizadora e curadora – a autocompaixão. Dalai Lama (1995) define a compaixão como “uma abertura ao sofrimento, aliada ao desejo de aliviá-lo” e a mesma atitude direcionada para si mesmo associado ao bem-estar psicológico e saúde mental, incluindo resiliência emocional frente a eventos negativos, de forma que ela merece uma consideração cuidadosa.

Neff (2003) destaca que a autocompaixão possui três componentes principais: (1) auto gentileza, (2) uma percepção de humanidade comum, e (3) mindfulness. A auto gentileza implica em sermos calorosos e cuidadores com nós mesmos quando as coisas acabam mal em nossas vidas. A humanidade comum implica no reconhecimento da natureza compartilhada do sofrimento quando as situações difíceis surgem, em vez do sentimento de estarmos desesperadamente sozinhos. E mindfulness se refere aqui à habilidade de se abrir à experiência dolorosa (“isso dói!”) com consciência não-reativa e equilibrada. Juntos, a autocompaixão é precisamente o oposto de nossa reação típica às ameaças internas – auto criticismo, autoisolamento e auto absorção.

Schanche, Stiles, McCollough, Swartberg, & Nielsen (2011) relata que através da autocompaixão previram menos sintomas psiquiátricos e problemas interpessoais.

Fonte: Imagem por Pixabay

Uma vez que a autocompaixão prevê a conexão com emoções difíceis sem autojulgamento, parece que ela leva a um funcionamento psicológico mais saudável.

Pereira, T. T. S. O. (2013) a dialética é como a arte do diálogo. Não pode haver transformação sem diálogo, sem interação, sem a troca, sem a palavra do outro construindo sentidos junto à primeira palavra, seja na mesma direção, seja em sentidos contraditórios, em um movimento permanente, dialético e em espiral.

Nesse, (1993) fez um rápido relance que permiti compreender o estabelecimento na linguagem filosófica feito por Platão sob a dialética, diz-se que “[…] a dialética é a arte de discutir; tensão entre opostos”.

De acordo Castanho (2012) para o filósofo grego, a dialética era um modo de conhecimento. Argumentos inicialmente contraditórios eram confrontados através do diálogo e da conversa, podendo-se chegar a uma conclusão satisfatória para todas as partes envolvidas. Esse processo, dentro da concepção platônica de mundo, era a possibilidade da passagem do mundo sensível (da contradição inicial) ao mundo inteligível (visto como imutável). A dialética era, portanto, o modo de ascese de um mundo ao outro.

Fonte: Imagem de Jerzy Górecki por Pixabay

Há uma multiplicidade de papéis e atribuições da mulher contemporânea: ser mulher, mãe, esposa, filha, profissional, estudante, empresária, artista ou todos eles ao mesmo tempo. Para conciliar maternidade e carreira, felicidade e amor, as mulheres contemporâneas se deparam com muitas tarefas e muitas exigências. É a época dos recasamentos e da maternidade tardia, (o parto é uma escolha, não uma obrigação). Elas são mais livres sexualmente, ficam longe de relacionamentos abusivos, são mais autoconscientes, buscam mais irmandade e são menos críticas. Entre aqueles que trabalham em casa e no exterior, eles experimentam estresse e dor por não estarem totalmente comprometidos com todas essas áreas da vida como deveriam estar. Muitas mães se sentem culpadas e inadequadas por não conseguirem passar o máximo de tempo possível com seus filhos, familiares, amigos, ter lazer e diversão.

Segundo Paiva (1989). As mulheres de hoje devem cumprir todas as tarefas antes desempenhadas apenas pelos homens e ainda manter todas as suas velhas atribuições e a mesma feminilidade que lhes foi historicamente atribuída. A imagem vendida pela mídia é de mulheres independentes, eficientes, bem sucedidas profissionalmente, bem resolvidas sexualmente, e ainda bonitas, atraentes e sempre jovens. Ao mesmo tempo espera-se que sejam mães modernas e esposas amorosas.

Este é o modelo de mulher moderna, o papel esperado a ser bem desempenhado, sua nova persona.  A mulher muitas vezes se vê prensada entre o modelo anterior e o atual, esforçando-se arduamente para ser a “mulher-maravilha”, mas também profundamente exaurida afetivamente.

REFERÊNCIAS

AMADO, Gilles. GUITTET. André. A dinâmica da comunicação nos grupos. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

ARANHA, M. L. MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.

CASTANHO, Pablo. Uma Introdução aos grupos operativos: Teoria e Técnica. Vínculo – Revista do NESME, 2012, v.9, n. 1, pp 1-60

DEREK griner, MARK E. beecher, GARY M. burlingame, DAVID M. erekson, ANDE kara,Terapia na compaixão em grupos.2010.

FEITOSA,C.M.Beleza e SOARES, S. M. A concepção de envelhecimento com base na teoria de campo de Kurt Lewin e a dinâmica de grupos, Ciência & Saúde Coletiva, 24(8):3141-3146, 2019

JUNG, C.G. Considerações gerais sobre a teoria dos complexos. In. A natureza da psique. Tradução de Pe Dom Mateus Ramalho Rocha. Petrópolis: Vozes, 2000b p.27-39.(Obras Completas de C.G Jung v.9/2). 1934.

LAMA, Dalai. The power of compassion. New Delhi, India: HarperCollins. 1995.

LINEHAN, M.M. Manual de treinamento de habilidades para o tratamento do transtorno de personalidade borderline. Imprensa Guilford. 1993.

PEREIRA, T. T. S. O. Pichon-Rivière, a Dialética e os Grupos Operativos. 2013

RAMALHO. Cybele. Psicodrama e dinâmica de grupo, Aracaju, 2010

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Desafios de ser Universitário em meio a Pandemia

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No início do ano, janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública em razão ao surto ocasionado pelo novo coronavírus, que deu origem a Covid-19 e ainda advertiu quanto ao grande aumento de contaminação pelo vírus em vários países do mundo e assim em 11 de março de 2020, disse se tratar de uma grave pandemia.  No mesmo mês a maioria dos países já estava com pessoas contaminadas pela doença com vários números de mortes (OLIVEIRA, et. al 2020). No Brasil, em consonância com a OMS, o Ministério da Saúde, expediu a Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020, na qual declarou a emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, também em decorrência da infecção Humana, pelo novo Coronavírus (BRASIL, 2020).

A Covid-19, de acordo com Santos (2020), é uma patologia resultante de um vírus da família do Coronavírus.  Os primeiros casos da doença ocorreram na cidade de Whuran, na China, sendo que posteriormente a Covid-19 espalhou-se por vários lugares do planeta, sendo classificada assim pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma pandemia, devido o alto nível de alcance dela.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2020), por mais que a pandemia ainda estivesse em fase de estudos, já era do conhecimento que o contágio ocorria pelo vírus resultante do contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse e catarro.  Assim, as pessoas não deveriam procurar ter contato com outras pessoas, através de toque ou aperto de mão e ainda com materiais que poderiam estar contaminados, seguido ainda de contato com a boca, nariz ou os olhos.

Fonte: Imagem no Pixabay

Apreensivas com o atual quadro de saúde da população, decorrente da pandemia, as Instituições de ensino Superior (IES) dos mais variados países e estados brasileiros   seguindo orientação da OMS e consequentemente após medidas tomadas pelos seus respectivos governos, pararam suas tarefas acadêmicas de forma presencial. Isso em razão da possibilidade de transmissão do vírus decorrentes da aglomeração, tendo como consequência o distanciamento social de toda comunidade acadêmica da unidade escolar.  (OLIVEIRA, et. al 2020).

No Brasil, devido a situação de caos instalada pela Covid-19, o Ministério da Educação em busca de uma alternativa, autorizou a utilização de meios de tecnologias de informação e comunicação em substituição as disciplinas presenciais. Com isso, os alunos se depararam com uma nova realidade em que além dos desafios já existentes, por estarem fazendo um curso superior, tiveram que se adequarem a um novo ambiente para aprendizagem, bem como se prepararem com estrutura tecnológica para tal fim, pois muitas instituições, principalmente as privadas se adequaram a modalidade remota.

Além disso, essa modalidade apresentou novos desafios, dentre eles de acordo com Cavalcante et al. (2020), os contrastes sociais no Brasil, tendo em vista que muitos discentes e docentes não dispunham de condições para possuírem uma estrutura adequada para atuarem na EAD em suas residências;  questões voltadas para gênero (no caso de mulheres, devido a    necessidade de cuidar dos filhos e familiares); falta de estrutura domiciliar para as atividades educacionais; necessidade de complementar renda (devido o afastamento das atividades sem vínculos); peculiaridades cognitivas e de aprendizado dos alunos.

Fonte: Imagem no Freepik

Percebe-se que a pandemia trouxe ainda aos universitários alterações no estado emocional, psíquico, associados a vários outros fatores.  De Acordo com Martins et al. (2020), em março foi realizada uma pesquisa numa universidade privada e filantrópica localizada no município de Fortaleza, tendo como objetivos identificar a prevalência do sentimento de angústia autorreferido e seus fatores relacionados, bem como a adesão ao isolamento social de universitários da área da saúde durante a pandemia da COVID-19, sendo os alunos com maior proporção da faixa etária entre 19 e 29 anos. Os participantes eram alunos dos cursos de Educação Física, Psicologia e Estética e Cosmética.

 Dos dados levantados do total de 541 universitários que participaram da pesquisa, 59,3% disseram   ter conhecimento suficiente sobre a doença; 93,9 tinham envolvimento com as notícias; 90,4% eram favoráveis ao isolamento social e 93,5 aderiram ao isolamento social como combate a Covid-19. Os impactos na formação educacional 75,7 %; em relação a questões financeiras 97,4 % e emocional 88,5 %. Quanto as rotinas de estudos virtuais 71,5% e de atividades físicas em casa como estratégias para enfrentar o isolamento social foi de   52,8%. Quanto aos sentimentos 89,5% disseram estar angustiados e 91,7 % preocupados com a pandemia em relação ao mundo 91,3% e em relação ao próprio estado 91,3.   Ainda sobre a pesquisa verificou-se que o sentimento de angústia era associado ao envolvimento com as notícias, a preocupação com o mundo e com o Estado do Ceará. (MARTINS et al. 2020, p. 5)

De uma forma geral, a crise resultante da pandemia trouxe grandes impactos em vários setores da sociedade e com o meio universitário isso não foi diferente.  O isolamento social exigido como uma das medidas preventivas, e todas as outras questões que envolveram a pandemia, como por exemplo notícias trágicas   disseminadas pelos meios de comunicação, provocaram medo, ansiedade e estresse na população em geral e para os docentes e discentes, isso não foi diferente.  Além de tudo isso, os universitários ainda tiveram os desafios da nova modalidade online, para aqueles que continuaram suas atividades e a falta dela para aqueles que não foi possível dar continuidade nos estudos.  Toda essa problemática trouxe consequências para o ensino aprendizagem, além de várias situações de sofrimento psíquico e emocional para os estudantes universitários.

Fonte: Imagem no Freepik

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial da União, ed. 24-A, seção 1, Brasília, DF, p. 1, 04 fev. 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388>. Acesso em:  05 dez 2021.

CAVALCANTE, et. Al. Educação superior em saúde: a educação a distância em meio à crise do novo coronavírus no Brasil. Revista UNAL, 2020. Disponível em: <https://revistas.unal.edu.co/index.php/avenferm/article/view/86229/75046>. Acesso em: 05 dez 2021.

FIOCRUZ. Covid-19- Perguntas e respostas. FIOCRUZ, 2020. Disponível em: <ttps://portal.fiocruz.br/pergunta/o-que-e-o-novo-coronavirus>. Acesso em: 05 dez 2021.

MARTINS et al. Sentimento de angústia e isolamento social de universitários da área da saúde durante a pandemia da COVID-19. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Periódicos UNIFOR, 2020.  Disponível em: <https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/11444/pdf>.Acesso em:  05 dez 2021.

OLIVEIRA, et. al. Estratégias para retomada do ensino superior em saúde frente a COVID-19, Revista Enfermagem Atual, 2020. Disponível em: <http://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/803>. Acesso em: 05 dez 2021.

SANTOS, V. S. Coronavírus (COVID-19). Brasil Escola, 2020.  Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/doencas/coronavirus-covid-19.htm>. Acesso em: 05 dez 2021.

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Terapia, muito amor e atividade física podem ajuda a recuperar a saúde mental dos idosos no pós-pandemia

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A crise sanitária ocasionada pela pandemia da Covid-19 mudou a rotina de todas as pessoas dos quatro cantos do mundo, como o uso obrigatório da máscara e o distanciamento social, como forma de conter o avanço do vírus e salvar vidas. No Brasil o cenário não foi diferente, todos se viram obrigados a ficar o maior tempo possível dentro de casa, como forma de prevenção da doença.  No entanto, a sociedade não esteva preparada para enfrentar uma pandemia, em especial, a terceira idade, que foi a mais afetada pelo coronavírus. 

Considerada o grupo mais vulnerável a contrair o vírus, a terceira idade teve sua rotina totalmente modificada, e por recomendação da OMS, os familiares tiveram que evitar as visitas para não contaminarem os parentes mais velhos. Então, muitos avós celebraram virtualmente os aniversários dos filhos e netos, e as declarações de amor e abraços calorosos, foram substituídos por mensagens de áudio e abraços virtuais. Ninguém estava preparado para essa mudança, situação que mexeu com a emoção de muito idoso.

 Sobre o assunto, Rodriguez (2020) explica que as pessoas idosas, fazem parte do grupo de maior risco para a COVID-19, devido à maior exposição à comorbidades associadas ao aumento da letalidade da doença. Ou seja, por ser o grupo prioritário, foi preciso precaução para evitar o contágio, mesmo assim, muitos idosos morreram, antes da entrega da vacina em massa.  Fatores que desencadearam efeitos psicológicos nesse público.

 

Fonte: Freepick

 

Insônia, medo de ser contaminado, ansiedade, bem como as preocupações com os familiares, além da frustração por não saber como seria o desfecho da pandemia são alguns fatores que afetaram a saúde mental do grupo pertencente à terceira idade informaram Rocha, Dias, Silva, Lourenço e Santos (2020). Ainda reforçam que a falta de atividade física, pelo fato de ficarem mais tempo em casa, contribuiu para o desgaste emocional. 

De acordo com Fiorillho e Gorwood (2020) o aumento da solidão por não estarem mais próximos dos familiares fisicamente, como consequência a redução das interações sociais colaboraram para que muito idoso desenvolvesse quadros de depressão geriátrica.  E foi para evitar uma depressão por morar sozinho, o ator Ary Fontoura, de 88 anos, resolveu compartilhar sua rotina durante o lockdown, que fez um sucesso nacional, o que acumulou para o artista três milhões de seguidores, no Instagram. Atividades físicas, receitas estão entre seus postes que mais rederam likes nas redes sociais.

Fonte: Freepick

 Infelizmente a história de muitos idosos foram diferentes do ator global, e por isso é necessário a procura de um profissional para ajudar a equilibrar e curar as dores emocionais, de muitas pessoas, em especial, da terceira idade, o que irá trazer uma melhor qualidade de vida, em especial a aqueles que perderam entes queridos. Ademais agora que os estabelecimentos voltaram a funcionar, incentive o idoso da sua família a fazer atividade física orientada, para evitar qualquer tipo de lesão. Por fim, faça muitas visitas aos seus familiares, que já estão na terceira idade, só não se esqueça de usar álcool gel e máscara em lugares públicos. 

 

Referências

Fiorillho A, Gorwood P. The consequences of the COVID-19 pandemic on mental health and implications for clinical practice. Eur Psychiatry( 2020)

Organização Mundial de Saúde(OMS). Disponível em < https://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/> Acesso:  12, de nov, de 2021.

Rocha, S; Dias C; Silva, M; Lourenço e Alves, S. A pandemia de COVID-19 e a saúde mental de idosos: possibilidades de atividade física por meio dos Exergames(2020). Disponível em< file:///C:/Users/Daniel/Downloads/14424-Texto%20do%20Artigo-55964-1-10-20201029.pdf> Acesso:  12, de nov, de 2021.

Rodríguez MA, Crespo I, Olmedillas H. Exercising in times of COVID-19: what do experts recommend doing within four walls? (2020)

Fontoura, Ary. Disponível em < https://www.instagram.com/aryfontoura/>  Acesso:  12, de nov, de 2021.

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A Pandemia e suas Facetas

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No final de 2019, a história do mundo mudou,

começou-se uma pandemia, que aos poucos se dissipou.

No mundo a partir daí, tudo foi diferente,

e todos tiveram que aceitar, este momento presente.

 

O vírus teve sua propagação inicial, lá na China do Oriente

aos poucos foi se espalhando, contaminando muita gente.

Há até quem diz por aí, que foi tramoia de um povo

no entanto, verdade mesmo é que sua família não é algo novo.

 

De um dia para o outro, tudo no mundo mudou,

todos se viram numa situação, cujo tempo não avisou.

Ricos, pobres, desafortunados, todos no mesmo barco,

lutando pela vida, procurando sair do embaraço.

 

O vírus continua ainda, alcançando muita gente,

aqueles que se fazem alheios, tornam-se mais um na frente.

O vírus não escolhe cara, todos estão sujeitos,

por isso preste atenção e reconsidere seu trejeito.

 

Em todos os segmentos da sociedade, o vírus fez sua história,

na educação superior, ele também fez sua trajetória.

De uma sala de aula presencial, todos foram para educação online,

mesmo achando estranho, todos tiveram que se adaptarem.

 

Professores e alunos, todos na mesma situação,

procurando a melhor forma, de fazer a educação.

Por mais que fosse difícil, isso era a missão,

que precisava ser cumprida, com muito esmero e dedicação.

 

Aos poucos a vida acadêmica, continuava sua missão,

mesmo em meio as dificuldades, muitos seguiam com atenção.

Para se chegar a isso, foi preciso muito esforço,

professores e alunos unidos, cada um com seu reforço.

 

Não se pode esquecer ainda, daqueles da administração,

que labutam dia e noite, para fazer fluir a missão.

Assim todos unidos, lutando na mesma trajetória,

com muito afinco e mãos dadas, aos poucos alcançam a vitória.

 

O tempo foi se passando, a vida precisava seguir,

por mais que fosse  difícil, não havia como desistir.

Se você é confiante, com certeza há de crê,

que a vida, às vezes, parece difícil, mas pior mesmo é deixar de viver.

 

Em meio a tantas notícias ruins, uma delas deu esperança,

do surgimento de vacinas, que vieram em formas de tantas.

Daí começou um novo tempo, que precisava fluir,

todos tomando vacina, para um novo tempo surgir.

 

Se você não acredita na vacina, não espere acontecer,

o vírus bater sua porta, para poder você crê.

Com a vida não se brinca, nem mesmo um momento se quer

pois nem sempre temos tempo, de saber qual verdade é.

 

Antes de finalizar, ainda preciso dizer algo importante,

nada que a acontece na vida é algo insignificante.

Se você pensar um pouco, você vai perceber,

que a pandemia mudou o mundo, começando dentro de você.

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Caos 2021 – Psicologia em Debate aborda o tema Pandemia no Sistema

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Aconteceu na tarde desta quarta-feira, dia 3, o Psicologia em Debate, como parte da programação da 6ª edição do CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia, com o tema “Psicologia e Atuação Psicossocial em Situações de Emergência”. 

Em uma das salas temáticas do Psicologia em Debate, que teve início às 14h foi apresentado o documentário a Pandemia no Sistema, que teve por mediadora a professora e psicóloga Lauriane dos Santos Moreira, que possui especialização em Saúde Pública com Ênfase em Saúde Coletiva e da Família e em Análise Comportamental Clínica. É mestre em Desenvolvimento Regional (UFT). Atualmente é professora no curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA). Atua principalmente nos seguintes temas: Políticas Públicas de Saúde Mental, Psicologia Social Comunitária e Análise do Comportamento e Cultura. A mediação do evento foi feita pelo acadêmico de Psicologia Gabriel Pereira Lopes, e foi transmitida pelo Google Meet. 

O documentário a Pandemia no Sistema, discorre sobre o impacto dos determinantes sociais que permeiam pessoas e comunidades vulnerabilizadas. Como estratégia para ampliar o campo de visão sobre outras realidades, a ilustre convida Lauriane Santos fala sobre micropolítica, a ação de compartilhar com o próximo, nos seus espaços coletivos, de articular meios de intervenção para melhoria de vida de pessoas em situação de vulnerabilidade. O documentário traz inúmeras reflexões sobre o impacto da pandemia da Covid-19 sobre a vida de pessoas negras e a discrepâncias de mortes entre negros e brancos. Também foi mencionado sobre o lugar de fala dessas pessoas na sociedade. 

‘’Estar coerente com os princípios fundamentais do código de ética do profissional Psicólogo não é uma escolha, é uma obrigação’’: é a fala da mediadora do evento, que enfatizou a importância da Psicologia social e as demandas reais e as desigualdades que surgem a partir desse campo de atuação. As cartilhas que orientam o fazer do profissional Psicólogo também foram mencionadas. Dentre tantas reflexões, a fala de uma mulher trans teve destaque: “Antes da Covid-19 já não havia o direito de sair à rua e permanecer vivo”.  Esta fala, assim como dos demais participantes do documentário, proporciona reflexão sobre até onde vai o olhar e o fazer da Psicologia no campo social.

Durante todo o tempo de apresentação houve interação do público com a mediadora, havendo até acréscimo de tempo devido o engajamento do público com o tema. Certamente este Psicologia em Debate superou as expectativas dos envolvidos, temas sempre necessários de serem mencionados e a brilhante mediadora Lauriane Santos, que demonstrou muito afeto, empatia e humanidade durante toda a apresentação do evento. Aguardem ansiosos pelos próximos eventos, o CAOS 2021 promete!

Para se inscrever basta entrar no site www.ulbra-to.br/caos/edicoes/2021/ e seguir a programação

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