Envelhecer com saúde: saiba o segredo para uma vida ativa e feliz

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A fase terceira idade pode ser repleta de realizações e bem-estar e, para isso, é essencial que sejam adotados hábitos e cuidados que promovam a saúde física, mental e emocional. Com o aumento da expectativa de vida para 76,4 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o  olhar para as necessidades dessa parcela da população também mudou, dando ênfase para os cuidados e precauções que merecem ser tomados para uma boa qualidade de vida dos idosos. Jaqueline Fátima de Souza, franqueada de Londrina (PR) da Padrão Enfermagem, empresa de agenciamento de profissionais na área da saúde, listou algumas dicas de como promover essa melhora.

Saúde mental e as relações sociais: manter o cérebro ativo é fundamental para prevenção de doenças como Alzheimer e depressão. “Atividades como leitura e grupos de convivência são ótimas opções. Além de trabalhar a cognição, proporcionam momentos de descontração e alegria, fundamentais para os idosos que, com o isolamento, tendem a sentir-se sós e depressivos”, destaca a especialista.

Estímulo e companhia: Outra maneira de evitar a solidão e receber auxílio necessário é optar por cuidadores. “Mais do que prestar assistência, existe um papel crucial dos profissionais no aspecto emocional.  Além de auxiliar nos cuidados diários, o cuidador é uma ponte para que o idoso tenha uma vida mais ativa e feliz. O profissional promove independência e bem-estar, além dgarantir o convívio com a família e a saúde mental do paciente, visto que a sua companhia é essencial”, completa.

Exercícios físicos: Praticar atividades regularmente é uma boa maneira de manter-se saudável na terceira idade. “O primeiro passo para a escolha correta da atividade física é uma avaliação, que deve ser feita por um especialista preparado para identificar condições clínicas que podem interferir na segurança e desempenho desse idoso, como complicações cardiovasculares, por exemplo. A partir daí é interessante optar por exercícios que os agrade e se encaixe em suas limitações e condições físicas. Entre os idosos os mais comuns são caminhadas, musculação, dança, pilates e hidroginástica”, detalha. 

Hidratação e alimentação balanceada: A associação de alimentos saudáveis com a ingestão correta de água ao longo do dia ajuda a prevenir doenças e manter a energia necessária para o bom funcionamento do organismo. “Recomenda-se o consumo de proteínas magras, frutas e legumes e ingestão regular de água. Criar esses hábitos é importante para que o idoso proteja seu sistema imunológico e mantenha-se saudável”, afirma.

Sobre a Padrão Enfermagem

Fundada em 2006, é uma rede de franquias com mais de 40 unidades no Brasil, especializada no agenciamento de profissionais da saúde para uma série de serviços primordiais aos pacientes, tais como: Acompanhamento hospitalar, Serviços de enfermagem, Cuidador de idosos e Cuidador infantil. Todos os profissionais agenciados pela Padrão Enfermagem estão preparados e habilitados para atender com segurança e qualidade a clientes em ambiente domiciliar, hospitalar e empresarial, com suporte 24h. Os sócios da rede, Rafael Schinoff e Roberta Bellumat, são autores do livro O Dever de Cuidar. A obra é um guia para apoiar famílias e inspirar quem deseja empreender no segmento

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Pré-CAOS 2025: afetos e desafios em famílias com pessoas dependentes é pauta em evento promovido pelo Portal (En)Cena

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Na última sexta-feira (01/11), o Portal (En)Cena promoveu a roda de conversa “Laços de Cuidado: Afetos e Desafios em Famílias com Pessoas Dependentes” nas dependências da Ulbra Palmas. O evento reuniu profissionais e acadêmicos para discutir a importância dos vínculos no cuidado de pessoas dependentes, abordando os aspectos emocionais e os desafios envolvidos.

Com a participação especial do enfermeiro e gestor de aprendizagem, James Stefison Sousa e da psicóloga e professora da Ulbra Palmas, Isaura Rossatto, ambos pesquisadores na área do cuidado de pessoas dependentes, integraram uma roda de conversa que trouxe uma rica troca de experiências e perspectivas. Os convidados destacaram a relevância do apoio emocional no contexto familiar e compartilharam vivências e conhecimentos que enriqueceram o debate. Além dos especialistas, compôs a mesa a discente Amanda Mariana, com o seu relato como cuidadora familiar e Lilian Rosa, como mediadora.

O enfermeiro James Stefison destacou que o envelhecimento saudável, ou senescência, é caracterizado pela manutenção da saúde física e mental dos idosos, enquanto o envelhecimento patológico, ou senilidade, exige cuidados específicos devido às limitações de saúde. Com a presença de doenças crônicas e a necessidade de suporte, o papel do cuidador se torna essencial, especialmente quando são familiares que assumem essa responsabilidade. 

Convidado: James Stefison

De acordo com James Stefison, no Brasil, cerca de 91,7% dos cuidadores são familiares, e em sua maioria mulheres, refletindo um padrão cultural onde o cuidado é visto como papel feminino. Ele acrescenta que esses cuidadores enfrentam desafios significativos, incluindo jornadas intensas e condições físicas específicas, como dores crônicas, além de impactos emocionais como isolamento e tristeza, especialmente quando o cuidado é uma demanda constante e pouco compartilhada. 

Em outros países, há políticas de apoio e folgas para cuidadores, mas no Brasil, a ausência de políticas públicas adequadas sobrecarrega os familiares responsáveis. Segundo James Stefison: “a pesquisa indica ainda que o cuidado de idosos envolve uma dimensão afetiva profunda, onde sentimentos de retribuição e amor coexistem com cansaço e, muitas vezes, frustração”. Ele cita o filósofo Leonardo Boff que afirma que: “o cuidado é mais que um ato, ele é uma atitude”, ou seja, ele abrange mais que um momento de atenção, ele representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilidade e de envolvimento afetivo com o outro.

A discente Amanda Mariana vive a dimensão de ser cuidadora informal de seu pai. Como cuidadora, ela administrou com dedicação e criatividade os cuidados diários que ele requer, desde a organização dos medicamentos e organização dos horários de tomá-los, até o auxílio nas necessidades básicas. Amanda busca dessa forma humanizar o cuidado, recriando rotinas que lembram os hábitos e gostos do pai, como colocar na TV o programa favorito dele, o que traz algum conforto em meio à rotina exaustiva: “Eu não tenho uma palavra que defina o cansaço e o amor que a gente tem por aquele ser que está acamado”, aponta. 

Amanda Mariana, Isaura Rossatto, James Stefison, Erika Santos e Lilian Rosa

Para a acadêmica de Psicologia, Isabella Fernandes, participar da roda de conversa foi uma experiência enriquecedora: “Pude olhar para o cuidado, questionar as influências culturais e suas significações. Foi apresentado a perspectiva do cuidador, perguntas como: quem cuida de quem cuida? A possível romantização desse papel, mas ao mesmo tempo ser um lugar de sofrimento. Foi uma oportunidade incrível e um evento imperdível!”.

Segundo a discente, Nádia Ramos, através da roda de conversa foi possível alinhar pesquisas e trocas de experiências: “Gostei muito, e a contribuição da fala da Amanda veio elucidar a teoria. No nosso curso falamos muito sobre humanizar atendimentos, e a roda de conversas ontem mostrou que a humanização, a dignidade das pessoas, não se resume a um atendimento clínico/hospitalar, mas nas relações humanas mesmo. Pessoas acamadas que dependem de cuidado, muitas vezes são colocadas numa posição passiva que as distanciam do senso de pertencimento de suas vidas, nas falas ficou bem clara a importância da rotina, dos costumes no processo de cuidado, para a pessoa dependente, mas também para os cuidadores”.

O evento faz parte da série de atividades Pré-CAOS, que antecede o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2025, previsto para fevereiro do próximo ano. Os eventos Pré-CAOS, programados para o mês de novembro, seguem com o objetivo de explorar os laços familiares em diferentes contextos e seus impactos. A abertura oficial do CAOS 2025 acontecerá no dia 7 de novembro, durante os Diálogos Clínicos, onde os acadêmicos estagiários da Clínica Escola de Psicologia (SEPSI) apresentarão uma discussão de um caso clínico, na visão das diferentes abordagens da psicologia.

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Saúde mental dos cuidadores de autistas

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É frequente que os pais e cuidadores de crianças com TEA passem a vivenciar emoções de solidão e autorrecriminação.De acordo com a estimativa dada pelo IBGE, no Brasil existem cerca de 2 milhões de autistas(2023)

Nas famílias que têm crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é comum que os pais e cuidadores comecem a experimentar sentimentos de isolamento e culpa. Esses sentimentos surgem devido à pressão associada ao diagnóstico e à autocobrança de tentar acompanhar e aliviar os sintomas do TEA. Outra característica frequentemente observada é o isolamento social, que se torna necessário para garantir os cuidados adequados à criança, intensificando a sensação de impotência e, consequentemente, a culpa.

De acordo com Cadman et al. (2012), após a detecção inicial de sinais e sintomas ou comportamentos atípicos, os familiares e cuidadores de crianças com TEA tendem a experimentar níveis elevados de estresse em comparação com as famílias de crianças com desenvolvimento típico, o que, por sua vez, afeta a qualidade de vida familiar.

Além das emoções e desafios mencionados, a falta de informação também desempenha um papel significativo. Muitas vezes, a falta de conhecimento leva a buscas desesperadas, levando os cuidadores a submeterem as crianças a tratamentos não regulamentados e/ou exaustivos na esperança de reduzir os sinais e sintomas. A ignorância também pode resultar na recusa dos responsáveis em seguir o tratamento recomendado, criando assim um ciclo de impactos negativos na saúde e bem-estar da criança e da família.

É notável que houve avanços significativos na identificação precoce e no diagnóstico do TEA no Brasil. No entanto, ainda se observa uma lacuna considerável em relação ao apoio oferecido às famílias após o diagnóstico. Como mencionado anteriormente, as crianças com TEA exigem mais atenção e cuidados de seus responsáveis devido às suas dificuldades em realizar tarefas comuns para suas idades e estágios típicos de desenvolvimento. Isso resulta em um alto nível de dependência por parte dessas crianças.

                                                                                                           Fonte: seguireaba

Ainda se observa uma lacuna considerável em relação ao apoio oferecido às famílias após o diagnóstico.

Conforme destacado por Ebert, Lorenzini e Franco da Silva (2015) e Bosa (2006), o diagnóstico de TEA muitas vezes representa uma reviravolta na vida da família, exigindo uma reorganização para atender às necessidades específicas do filho. Muitas vezes, os planos e expectativas anteriormente estabelecidos pelos pais são deixados de lado.

De acordo com os autores Bronfenbrenner e Morris (2006), os pais se tornam uma parte crucial de uma equipe multifacetada, desempenhando papéis de cuidadores, modelos, disciplinadores e promotores da socialização de seus filhos. Eles ocupam uma posição central na estimulação do desenvolvimento dos filhos. Portanto, não é surpreendente que o diagnóstico de TEA seja reconhecido como uma fonte de estresse para os pais, que geralmente experimentam níveis mais elevados de estresse em comparação com pais de crianças com desenvolvimento típico e atípico de acordo com as pesquisas de Cadman, Hayes e Watson (2012).

Além disso, Sá e Rabinovich (2006) ressaltam a importância do apoio às famílias após o diagnóstico para facilitar os estágios previsíveis de luto. Inicialmente, ocorre o choque, acompanhado de choro, sentimentos de desamparo e desejo de escapar da realidade. Em seguida, vem a fase de negação e questionamento sobre o diagnóstico. Posteriormente, surgem sentimentos de tristeza e raiva, seguidos pela aceitação da condição e, por fim, pela reorganização da família, que implica na reintegração e reconhecimento da situação do filho.

Jerusalinsky (2007) também aborda esse aspecto do luto após o diagnóstico, que ocorre devido à quebra das expectativas de ter uma criança típica, muitas vezes concebida antes mesmo do nascimento – uma criança completamente saudável, sem deficiências ou necessidades especiais. Isso pode causar sentimentos de fracasso e culpa nos pais.

Pesquisas de Gomes (2015) destacam, ainda, uma diferença de gênero nesse contexto, com as mães apresentando níveis mais elevados de estresse em comparação com os pais de crianças com TEA. Schmidt e Bosa (2007) também revelaram que o alto nível de estresse está relacionado com a demanda intensiva de cuidados à criança, isolamento social e falta de apoio. Essas autoras identificaram que as tarefas cotidianas, como vestir-se, higiene pessoal, sair de casa e as barreiras de comunicação da criança, estão entre os fatores que contribuem para a sobrecarga materna.

                                                                                                         Fonte: gettyimages

Pesquisas apontam níveis mais elevados de estresse em mães em comparação com os pais de crianças com TEA. 

Em um estudo epidemiológico, Lecrubier et al. (2002) encontraram taxas elevadas de depressão (68%) e ansiedade generalizada (28%) em cuidadores de crianças com autismo na Europa Ocidental e em países em desenvolvimento. Essas taxas estavam relacionadas a desafios sociais significativos e eventos estressantes. Resultados semelhantes foram observados em Taiwan por Shu, Lung e Chan (2000), com uma prevalência de 33% de transtornos psiquiátricos entre as mães de crianças com TEA. Os autores consideram a condição autista da criança como uma fonte de sobrecarga emocional, física e financeira para as mães e para a família.

Essas situações frequentemente deixam as mães em uma posição de vulnerabilidade, em que são responsáveis por dedicar-se integralmente às crianças, além de cuidar da casa e da família. O tempo que sobra para o autocuidado, interações sociais e carreira pessoal é escasso. Além disso, essas mães vivem em constante preocupação sobre o futuro de seus filhos quando não puderem mais desempenhar o papel de cuidadoras. Conforme afirmado por Nunes e Santos (2010), até mesmo o tempo em que as crianças estão na escola ou em clínicas especializadas é frequentemente dedicado às tarefas domésticas, o que resulta em isolamento social e limitações significativas em suas vidas.

Referências

EBERT, M., LORENZINI, E. F. Mothers os children with autistic disorder: perceptions and trajectories. (2015)

BACKES, Bárbara; Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos Pais. Disponívell em <https://www.scielo.br/j/ptp/a/9VsxVL3jPDRyZPNmTywqF5F/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 16 de maio de 23.

MINETTO, M. de F., CREPALDI, M. A., BIGRAS, M., & MOREIRA, L. C.. (2012). Práticas educativas e estresse parental de pais de crianças pequenas com desenvolvimento típico e atípico. Educar Em Revista, Disponível em <: https://doi.org/10.1590/S0104-40602012000100009 >. Acessado em 12 set. 2023.

OLIVEIRA, Isaura Gisele de; POLETTO, Michele. Vivências emocionais de mães e pais de filhos com deficiência. Rev. SPAGESP,  Ribeirão Preto ,  v. 16, n. 2, p. 102-119,   2015 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  13  set.  2023.

SILVA, D. F. D.; ALVES, C. F.. Aceitação Familiar da Criança com Deficiência: Revisão Sistemática da Literatura. Disponível em <: https://doi.org/10.1590/1982-3703003209337>. Acesso em 13 set. 2023

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Minha experiência como cuidador de crianças em uma escola municipal

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Todo o dia chegava às 7h no trabalho, já ficava na porta da entrada à espera da minha criança, eu cuidava de duas crianças que vou chamar de Daniel e João (nomes fictícios). No  caso da criança que eu cuidava pela manhã, vou chamar de Daniel. Pela manhã, quando Daniel chegava eu pegava a sua mochila e o conduzia pela mão guiando até a sala de aula, após isso tirava o seu caderno de sua bolsa e alguns  lápis e o sentava na mesa e fazia com que ao menos tentasse acompanhar um pouco a aula,  claro que nem sempre isso era possível pois o Daniel de dias em dias vinha com uma  personalidade diferente.

Após isso o levava antes das 9h para uma sala especial onde continha uma televisão com conteúdo didático e alguns brinquedos com que eu tentava estimular um pouco o conhecimento e a criatividade dele. Nesse momento, ele se juntava com outras crianças com deficiências que naquele instante não conseguiam acompanhar mais a aula. Logo  depois o levava para fazer o lanche pela manhã onde ele se sentava comigo e com outros cuidadores. Fazíamos a refeição ao lado do irmão dele que era gêmeo e continha o mesmo  problema mental.

Depois da refeição o levava para a sala com um pedagogo onde ele  tentava interagir com a criança, e depois o retirava da sala assim que terminava e ia até a  portaria ficar à espera de sua mãe, tirava o meu horário de almoço e retornava à portaria para  a espera da outra criança que vou chamar de João. O João era mais agitado, então eu tinha uma rotina diferente com  ele, pois com dez minutos em sala com as outras crianças ele logo começava a bater e gritar.

João necessitava de uma maior atenção, então o levava para passear  no pátio visto que ele machucaria as outras crianças como já aconteceu na sala especial. Juntos praticamos exercícios e esportes, depois eu o levava na sala da pedagoga onde ele adorava jogar xadrez, e assim o levava à portaria. No meu tempo livre buscava organizar um material didático que pudesse auxiliar no aprendizado dos garotos já que percebia que os  professores e os pedagogos não desenvolviam atividades profundas ou dava atenção às suas  necessidades de aprendizado.

No início do serviço acreditava que as atividades seriam rotineiras já que as crianças nos primeiros momentos aos meus cuidados apresentavam comportamentos corriqueiros. Porém, após duas semanas de trabalho, apareceram os primeiros relatos dos professores e idas à coordenação, percebi que de início ambos estavam sendo medicados por isso o comportamento era mais calmo.

Fonte: encurtador.com.br/lrT39

Quando passaram a não receber a medicação começaram a ficar agitados, fazendo com que eu tivesse que em vez de tentar acompanhá-los eu recebesse a tarefa de manter eles na sala de aula, uma coisa que era distante da realidade, visto que os mesmos apresentavam comportamentos agitados diante as outras crianças, o que comprometia o aprendizado deles e dos demais. Passei a perceber certa irritação e incômodo dos professores(as), pois o objetivo era que todos aprendessem, mas as outras crianças se contagiam com a agitação dos meninos e eu passei a fazer a retirada dos mesmo da sala na maioria dos dias para praticar atividades isoladas dos demais enquanto eles se acalmavam.

As dificuldades começaram a surgir e a mais frequente era a falta do que fazer com as crianças visto que eu tinha que acompanhá-los a todo momento e ambos estavam sempre agressivos o que dificultava a presença deles em sala de aula pois diminuía o rendimento da turma. Eu não tive nenhum treinamento então o que  me fazia tentar aumentar a produtividade das crianças era o amor que eu cultivei por elas.

Com o passar do tempo, enquanto por um lado parecia que o meu processo com Daniel estava a evoluir pois percebi que com a prática de esportes ele conseguia desenvolver melhor as atividades em sala. Por outro lado, com João as coisas ficaram mais difíceis, ele passou a pular os muros da escola e agredir a mim, as outras crianças e professores, isso acontecia pois ele soltava da minha mão quando íamos ao refeitório, e sempre findava em uma busca preocupada minha, da coordenação e até do diretor pela escola ou pelas ruas aos arredores da escola; soube inclusive que o último cuidador dele também passou por isso, e abandonou o cargo por esse motivo.

João no início era uma criança bastante calma que se enchia de alegria ao jogar xadrez e se tornou uma criança bem agitada, sendo que até a pedagoga às vezes apresentava desdenha para cuidar dele. Mesmo eu tentando praticar o que ele gostava em dias que estava incontrolável eu não conseguia sucesso.

Após um período percebi que minha saúde mental estava sendo afetada, quando saía do trabalho estava sempre com a cabeça e a mente descoordenadas pelo cansaço, na época eu fazia um curso superior de matemática e minha mente na sala de aula estava nula, não  conseguia mais prestar atenção no professor. Após decidir pedir demissão me senti mais relaxado, pois estava desenvolvendo ansiedade, e sentia muito estresse.

Bem, atualmente trabalho em outro ramo em que gosto, mas realmente ainda me lembro do  Daniel e do João, mesmo já tendo se passado 3 anos ainda lembro de algumas falas repentinas  deles: “Tio Daniel tá com fome”, “Eu sou o Joãozoca”. Penso que o retorno financeiro não valia a pena, apenas o amor pelas crianças e a oportunidade de vê-los se desenvolvendo, mas com a falta de preparo (como um curso) minha e dos meus colegas cuidadores, o que nos fazia trabalhar era apenas pensar que aquelas crianças realmente precisam de atenção especial pois todas tem um ótimo futuro!

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