A crise sanitária ocasionada pela pandemia da Covid 19 trouxe um forte impacto emocional em toda a humanidade. De Norte ao Sul do planeta, a sociedade sentiu os efeitos da doença, que mudou o comportamento das pessoas em escala global. Foi preciso o uso de máscara, distanciamento social, para evitar o contágio, e em muitos casos, houve a perda de entes queridos, vítimas da corona vírus. Nesse contexto, que inúmeros questionamentos apareceram, como: “Por que a humanidade está vivendo isso? E, como ficar em casa sem ver pessoas?”.
A pandemia pegou todo mundo de surpresa, como consequência uma crise existencial afetou muita gente, em busca de respostas para os acontecimentos decorrentes do fenômeno viral. Isto é, uma onda de dilemas afetou a cabeça das pessoas, por não saberem como ficaria o mundo, após a pandemia. Nesse contexto, Knobloch (1998), observa que a crise pode ser designada como uma experiência em que existe algo insuportável, no sentido de não haver suporte, experiência que nos habita. “Como um abismo de perda de sentido, em que se perdem as principais ligações”.
Em uma analogia, o ser humano não tinha preparo nenhum para enfrentar uma crise pandêmica, foi uma corrida contra o tempo até a elaboração da vacina, fora o cenário de filme, em que cidades ficaram vazias. Situação que mexeu com todo o mundo. Nessa linha, Morin (2005), esclarece que uma mega crise tem a capacidade de atingir o existencial. “Somos levados questionar nosso modo de vida, nossas reais necessidades, nossas verdadeiras aspirações mascaradas nas alienações da vida cotidiana”.
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Sobre crise existencial, Frank (2016) observa que a influência da falta de sentido da vida pode levar a um desequilíbrio psíquico, por um vazio existencial. Fatores que geram depressão, ansiedade, cansaço mental, falta de apetite, e depressão explica Guimarães (2019) e afirma que “a crise existencial interfere na saúde mental do sujeito, através da falta de sentido da vida”. Como consequência, o autor supramencionado acrescenta que a crise existencial gera um “adoecimento relacionado ao sofrimento psíquico” como, ideações suicidas, ansiedade e diversos transtornos mentais de origem existencial.
Hertel (2006) revela que a angústia existencial é um aspecto inerente da humanidade, da qual todos fazem parte. Para ele, é importante que as pessoas tenham autoconhecimento sobre o assunto, no sentindo de ter conhecimento sobre o fim da vida. Tendo a necessidade de que, o indivíduo entenda suas emoções, e, quais são os efeitos que elas provocam em seu comportamento. Nesse ínterim, cada um poderá saber lidar com os questionamentos oriundo de uma crise existencial.
Andrade (2011) define que a ansiedade existencial está na essência do ser humano e pode evidenciar várias nuances, como ansiedade de morte, falta de sentido ou vazio, ansiedade de culpa. “A ansiedade é resultante de algo irreconhecível, o que pode gerar mais angústia, pois se torna difícil lidar com a situação sem ter um ponto de partida para tal.” Segundo Andrade (2011), é impossível acabar totalmente com o aspecto da ansiedade, e aconselha a procurar meios positivos para lidar com ela, pois a ansiedade na medida em que vai crescendo é um sintoma inerente a crise existencial, a qual precisa de tratamento com especialista.
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Com outra perspectiva, Angerami (2018), aponta que o sentido da vida é uma condição que determina uma existência pautada no equilíbrio emocional, ou melhor, uma vida sem a presença de vazio existencial, como consequência sem enfermidades somáticas. Conforme o autor supracitado, o equilíbrio emocional, é uma força vital que possibilita o enfrentamento das dificuldades e surpresas durante a trajetória do indivíduo emocionalmente estável.
Isto significa que em meio as diversidades da vida, a pessoa é capaz de enfrentar diferentes situações justamente por ter uma saúde emocional fortalecida, a qual é capaz de propor soluções em meio ao caos. Quando isso, não acontece é aconselhável a procura de ajuda por meio de um profissional da saúde mental, o qual irá ajudar a trilhar um caminho saudável para as emoções, e por fim a crise existencial, ou seja, ao sofrimento.
ANGERAMI, V. A. Psicoterapia existencial: noções básicas. 15 ed. São Paulo: Artesã. 2018.
FRANKL, V. E. Teoria e terapia das neuroses: introdução à logoterapia e à análise existencial. Tradução Claudia Abeling. 1. ed. São Paulo : É Realizações, 2016.
GUIMARÃES, Vinícius. O comportamento humano em busca de um sentido (2019). Disponível em <https://sistema.atenaeditora.com.br/index.php/admin/api/artigoPDF/27506>. Acesso: 13, de nov, de 2021.
HERTEL, Hildegart. Espiritualidade e crise existencial na vivência do câncer(2006). Disponível em < http://dspace.est.edu.br:8080/jspui/bitstream/BR > Acesso: 13, de nov, de 2021.
Knobloch, F. (1998). O tempo do traumático. São Paulo: Educ.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005.
Com a pandemia da COVID-19, não apenas a saúde biológica da mulher foi afetada, mas também todas as suas relações, sejam elas relações de amizade, familiares ou conjugais. Pesquisas demonstram impactos relacionados ao aumento da violência doméstica, desemprego, isolamento social, luto entre outros fatores. Os impactos causados pela pandemia nos contextos econômicos e sociais podem impossibilitar o atendimento das necessidades básicas das mulheres no contexto familiar, o que é causado devido a fatores como desemprego, isolamento social e etc (SANTOS et al, 2020).
Segundo dados da OMS, com o isolamento social ocorrido devido a pandemia da COVID-19 houve um aumento de 22,2% nos casos de feminicídio entre os meses de março e abril de 2020 em alguns estados do Brasil no ano de 2020, comparado ao ano anterior, ligado a isso ainda foi verificado a diminuição do número de denúncias da violência doméstica (SANTOS et al, 2020). Ocorre ainda aumento na incidência da depressão e ansiedade na população brasileira, indicando maior prevalência em mulheres (SILVA et al, 2020).
Em uma pesquisa realizada com 200 mulheres por acadêmicas de psicologia, os pontos relatados como os que mais afetam as mulheres no processo da pandemia e do isolamento social são: incertezas quanto a patologia (62,5%), necessidade de isolamento social (57,5%), perder entes queridos (53,5%), as mídias sociais/informações (50,5%), a sobrecarga de tarefas (46%), falta de estabilidade financeira (32%), falta de rede de apoio (17,5%) e o cenário político (2%).
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Diante de um contexto onde percebem-se impactos sociais, econômicos e sociais, o contexto familiar e as relações conjugais podem também apresentar-se vulneráveis. Sobre o distanciamento social nas relações, 43,5% das mulheres dizem ter se sentido mais sozinhas do que de costume, 39% disseram estar distante de seus familiares, 24,5% relataram que apesar de não mudarem sua forma de se relacionar enfrentaram dificuldades e 15,5% informaram não terem enfrentado dificuldades e nem alterações em seus relacionamentos.
De acordo com Insfran e Muniz (2020), as mulheres têm enfrentado durante a pandemia dificuldade pelo distanciamento de redes de apoio como escolas, creches, babás, avós. Devido ao contexto pandêmico, a rede de apoio social como por exemplo, a rede familiar, foi fragilizada devido ao distanciamento social causando mudanças percebidas no enfrentamento do luto (SILVA et al, 2020). Alguns fatores citados pelas mulheres como origem do luto foram morte, desemprego, separação, isolamento social e adiamento/mudança de planos e sonhos.
Ainda de acordo com a pesquisa, 23,5% das mulheres afirmaram também que tiveram problemas em seus relacionamentos devido ao isolamento social. Alguns fatores apontados como origem dos problemas foram: problemas já existentes sem relação com o isolamento social (42,6%), distanciamento social (38,3%), problemas de ordem financeira (36,2%), violência doméstica (4,3%) e agravamento de questões relacionais que aconteciam antes (2,1%).
Fonte: encurtador.com.br/diBP1
Apesar de todos os impactos econômicos e sociais para as famílias e em especial as mulheres, ainda são encontrados relatos de famílias e casais que não sofreram com os efeitos da pandemia. Apontando não terem passado por maiores mudanças em suas rotinas ou suas relações sociais, ou que conseguiram desenvolver novas formas de relação e manejo dos problemas (SILVA et al, 2020).
Segundo a pesquisa, 83% das mulheres afirmaram não terem tido alterações em seu estado civil durante a pandemia, 76,5% dizem não terem tido problemas nos seus relacionamentos devido isolamento ou distanciamento social, 21,5% relatam se sentirem sempre amparadas em casa durante a pandemia.
REFERÊNCIAS
INSFRAN, Fernanda; MUNIZ, Ana Guimarães Correa Ramos. Maternagem e Covid-19: desigualdade de gênero sendo reafirmada na pandemia. Diversitates International Journal, v. 12, n. 2, p. 26-47, 2020.Disponível em:<http://www.diversitates.uff.br/index.php/1diversitates-uff1/article/view/314> Acesso em 26 mar. 2021.
SILVA, I.M. et al. As Relações Familiares diante da COVID-19: Recursos, Riscos e Implicações para a Prática da Terapia de Casal e Família, Pensando fam., Porto Alegre , v. 24, n. 1, p. 12-28, jun. 2020. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2020000100003> Acesso em 26 mar. 2021.
SANTOS, L.S.E. et al. Impactos da pandemia de COVID – 19 na violência contra a mulher: reflexões a partir da teoria da motivação humana de Abraham Maslow, 2020. Disponível em:<https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/pps-915> Acesso em 26 mar. 2021.
Por conta da quarentena, os professores estão tentando criar aulas online criativas, divertidas e interativas para que as crianças menores sintam menos falta do ambiente escolar e da professora. Vale ressaltar que os menores devem demorar mais para voltar a ter aulas presenciais, porque eles têm dificuldade de manter os hábitos de higiene e principalmente o distanciamento necessário.
Vemos casos de alunos que pedem para as mães ligarem para as professoras ou até mesmo fazer videochamadas para que possam matar as saudades. Muitas crianças pequenas não se adaptaram as aulas online e com isso acabam ficando desanimados e sem vontade de fazer as tarefas. Essa falta de ânimo mostra como a interação do ambiente escolar é importante para as crianças.
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O colégio é mais que um lugar para aprender as matérias e adquirir conhecimento. Para elas, é um local onde reforçam as relações, exercitam habilidades sociais e desenvolvimento cognitivo e emocional.
A rotina é algo que também aprendemos quando vamos à escola. O pequeno tem que se arrumar, tem o horário de chegar e sabe que aquele período e o ambiente são dedicados para aprender. Em casa, a criança perde esse hábito e acaba tentando chamar a atenção dos pais.
Fonte: encurtador.com.br/bvX16
Para tentar diminuir a falta que eles sentem devemos tentar manter o relacionamento deles com os amigos mesmo que por videochamadas. Outra opção é brincar online com jogos como dama ou dominó, por exemplo, mas sempre com a supervisão de um adulto. As professoras podem tentar contar histórias em tempo real perguntando se eles estão entendendo ou pedindo para que ajudem a continuar a história.
Os pais podem brincar de fantoche, jogos da memória e até mesmo da forca para estimular os pequenos em casa. É importante também que os filhos sejam incentivados a dizerem o que sentem e demonstrarem a saudade que sentem. Assim, aliviam o estresse e mostram os sentimentos para os educadores que também estão tendo que se adaptar ao novo modo de ensiná-los.
Primeiramente convém analisar o significado de vida social, entender o que vem a ser o viver em sociedade. O termo “sociedade” vem do Latim societas cujo significado é “associação amistosa com outros”. Trata-se de um grupo de pessoas que compartilham semelhanças e experiências, estabelecendo interdependências, e que ao mesmo tempo são distintas umas das outras tanto em seus aspectos exteriores quanto em seus interesses subjetivos.
Branco (2011, s.p.) escreve que o primeiro grupo social no qual um indivíduo está inserido é a família, onde a criança gradativamente descobre o mundo além de seu lar. Considerando, então, que a família é o primeiro exemplo de sociedade que envolve uma pessoa, deve-se antes focar a tecnologia e sua direta atuação no ambiente familiar.
Fonte: http://zip.net/bhtJxn
Uma pesquisa feita com 1.521 crianças de 6 a 12 anos por uma revista infantil norte-americana mostrou que 62% das crianças reclamam da demasiada distração dos pais a ponto de estes não ouvirem os filhos. A pesquisa constatou que os celulares eram os principais responsáveis nesses casos. Além disso, celulares, TV’s, smartphones e tablets juntos foram a causa do distanciamento entre filhos e pais em 51% dos casos (SALEH, 2014).
Nem mesmo quando a família está à mesa para refeições os smartphones são poupados. Momentos que deveriam ser oportunidades únicas para dialogar e estreitar laços familiares são desperdiçados, o que é lamentável principalmente quando os próprios pais não dão o bom exemplo nesses infrequentes momentos em que estão perto dos filhos. Em virtude disso, os filhos pequenos seguem o mesmo caminho, o que traz mais danos ao ambiente familiar e afetarão negativamente outras áreas da vida.
Fonte: http://zip.net/bptJ4b
Paiva e Costa (2015, p. 4) ressaltam que desde muito cedo a criança tem contato com tecnologias como celulares e tablets, o que provoca questionamentos devido ao fato de tratar-se de um ser que ainda não tem maturidade para lidar bem com esses aparatos. Diante de variadas opções de entretenimento, a mente de uma criança logo se apega a esse impressionante mundo virtual, caracterizado por jogos eletrônicos, jogos onlines e redes sociais, gastando tempo e energia.
Inevitavelmente são menosprezadas as brincadeiras tradicionais tais como amarelinha, pega-pega, esconde-esconde e jogar bola, atividades que envolvem esforço e contatos físicos. Percebe-se, portanto, o prejuízo da interação social, já que a criança passa a maior parte do seu tempo dentro de sua casa, sozinha com um equipamento eletrônico.
De acordo com o psicólogo Cristiano Nabuco, quanto mais uma criança é apegada à tecnologia, mais distante ela fica do ambiente social, tornando-se incapaz de se entrosar com outras. Ainda segundo o psicólogo, essa incapacidade impede de serem desenvolvidas habilidades sociais que compreendem a inteligência emocional, portanto, a criança ligada à tecnologia não é capaz de empatizar, sentir-se no lugar do outro, um nobre gesto indispensável para uma sociedade melhor (FOLHA DE SÃO PAULO, 2014).
Fonte: http://zip.net/bktJpD
Eisenstein e Estefenon (2011) escrevem que a criança se vê envolvida numa mistura de mundo real com o mundo virtual. No caso das redes sociais, são criados novos códigos de relacionamentos, resultando na aquisição de novos “amigos”. São construídas uma ou várias versões virtuais de identidade. Nesse caso, o nome já não é tão importante, sendo substituídos por logins e senhas.
Já que a criança está por perto, contidamente entretida com a tecnologia, dentro de casa, os responsáveis ficam mais tranquilos, sentindo-se sob o controle, mantendo a ordem sem grandes dificuldades. Henríquez (2014, s.p.) diz que isso pode ser útil a curto prazo, mas a longo prazo os efeitos viciantes desses aparatos trarão consequências nefastas ao vínculo familiar e à vida futura da criança.
Portanto, é necessário analisar a que ponto a situação da criança pode estar chegando, e se isso está sendo benéfico ou maléfico, esse papel cabe exclusivamente aos pais, pois a criança ainda não tem discernimento sobre si mesma e poderá desenvolver uma profunda dependência da tecnologia, acarretando por fim o isolamento social.
Assim sendo, é inerente aos pais ou responsáveis a responsabilidade de zelar pela vida social das crianças, estimulando a interação pessoal dela com os colegas do bairro ou da escola, leva-las a passeios e programações culturais.
Ações como esse fortalecem o vínculo familiar e causam efeitos positivos não só no presente como no futuro, tornarão a criança em um adulto de saudáveis relacionamentos cognitivos, profissionais e afetivos, aprimorando, portanto, todo o viver em sociedade. A participação dos adultos é essencial para que a criança compreenda a função das tecnologias presentes em seu dia a dia, para que elas as usem com confiança (KELLY, 2013, s.p.).
Fonte: http://zip.net/bxtKf4
Efeitos negativos da tecnologia na vida educacional da criança
É inquestionável a grandeza do papel escolar na vida do ser humano, especialmente nos primeiros anos de sua existência. Quinalha (2010, s.p.) escreve que a escola é o segundo lugar mais importante na vida da criança, vendo-o como o ambiente onde emerge “uma segunda sociabilidade”. Tal relevância se deve ao fato de que é na escola onde a criança irá aprender a observar e questionar, constituindo-se assim como um ser pensante, além de prepará-la para um pleno exercício da cidadania.
Assim sendo, deve-se garantir que, ao adentrar no ambiente educacional, o estudante tenha suas capacidades fisiológicas e cognitivas preservadas para que seu aprendizado seja pleno. Infelizmente, pesquisas têm apresentado relações de causa e efeito entre o uso abusivo da tecnologia e problemas de aprendizagem.
É importante ressaltar que, para fins de debate e reflexão, o presente trabalho abrange somente os efeitos deletérios da tecnologia usada de forma abusiva ou em fases não adequadas para crianças, portanto, essa pesquisa não tem um caráter generalizador e nem radical.
Fonte: http://zip.net/bktJpG
Estudos têm mostrado que uma ou duas horas de TV (televisão), sem a supervisão dos responsáveis, trazem significativos efeitos danosos ao rendimento escolar de crianças, especialmente no quesito leitura (ROJAS, 2008). A televisão dá aos pequenos uma série de informações já prontas, o que, de modo geral, os impede de raciocinar e desenvolver seu pensamento crítico. Isso explica o fato de a leitura, que envolve não só a decodificação de palavras, mas também o assimilar do conteúdo, tornar-se dificultosa e por fim ser desprezada por quem gasta expressivas horas com tecnologias.
Problemas de atenção também advêm do uso abusivo de aparatos eletrônicos, especificamente da televisão. Um efeito do abuso desse aparelho é a hiperatividade, uma condição física que se caracteriza pelo subdesenvolvimento e mau funcionamento do cérebro, cuja principal característica é a atenção deficiente. Setzer (2014, s.p.) declara:
A produção de hiperatividade pela TV é fácil de ser compreendida: crianças saudáveis não ficam quietas, estão sempre fazendo algo, pois é assim que aprendem, desenvolvem musculatura, coordenação motora etc. Uma criança saudável só fica parada se ouvir uma história: aí se pode observar que ela fica como que olhando para o infinito, pois está imaginando interiormente os personagens, o ambiente e a ação. No caso da TV, a criança fica fisicamente estática […], não tendo nada a imaginar, pois as imagens já vêm prontas e se sucedem com rapidez. Ao se desligar o aparelho, a criança tem uma explosão de atividade, para compensar o tempo que ficou imóvel e passiva […].
Por sua vez, a hiperatividade afeta negativamente o aprendizado da criança, já que a atenção desta está desordenada. Santos (2016, s.p.) escreve que as escolas frequentemente lidam com esta questão, registrando que pesquisas apontam que para cada vinte alunos de uma turma escolar, cinco apresentam comportamento hiperativo.
Amâncio (2014, s.p.) cita a sobrecarga cognitiva como outro resultado negativo da exposição às tecnologias da informação. Rebouças (2015, s.p.) explica:
Toda demanda de memória utilizada no processo de aprendizado é referida como carga cognitiva, ou seja, toda quantidade de conteúdo e desdobrar de conhecimento que a pessoa registra em sua memória durante a instrução e capacitação. No uso do computador e da internet como meios de instrução, a carga cognitiva abrange o processo mental capaz de acessar e interpretar o conteúdo apresentado em janelas, ícones e objetos. A sobrecarga cognitiva gera um descompasso entre experiência, habilidade e temperamento da pessoa. Além de prejudicar o nível de detalhes e qualidade de uma tarefa.
De acordo com Luiz Vicente Figueira de Mello, do Ambulatório de Transtornos Ansiosos do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), o excesso de informações, que supera a capacidade neuronal, leva à sobrecarga das conduções elétricas do cérebro e ao estresse (REDE GLOBO, 2016). Não é ilógico concluir que uma sobrecarga cognitiva é extremamente danosa ao cérebro de uma criança, órgão este que ainda está em formação, e extremamente prejudicial a ela como aluna, seu aprendizado escolar é limitado.
Fonte: http://zip.net/bwtHVL
Agora falando especificamente sobre a Internet, esta trouxe novas formas de escrever e expressões. Deve-se ressaltar o tão falado “internetês”, que consiste em abreviar palavras e ignorar pontuações, desrespeitando assim as normas gramaticais. Alguns exemplos são: “Td d bom p vc”; “xau bju” e “A gnt se fla por aki”. (O certo seria “Tudo de bom pra você”; “tchau, beijo” e ”a gente se fala por aqui”). O problema está no fato de tal linguagem ser usada no ambiente escolar, devido à confusão gerada por diferentes formas de escrita.
Hamze (2008, s.p.) ressalta o seguinte:
Em português, ou em qualquer outra língua do mundo, a Internet já começa a modificar os habituais meios de comunicação considerados como politicamente corretos. É melhor pensar nas consequências desse acontecimento antes que haja uma descaracterização dos idiomas cultos pela extrema e cada vez mais rápida fama da rede.
Não se deve demonizar o “internetês” que facilmente pode ser assimilado pela criança, nem proibir o seu uso, mas ressaltar aos pequenos a maior importância da língua materna, falando-lhes sobre os benefícios que existem em obedecer às normas gramaticais, e não se desvincular delas. Papéis não podem ser invertidos, é, portanto, dever dos responsáveis de averiguarem se esses novos dialetos não estão confundindo a criança em seu ambiente escolar.
Portanto, percebe-se que o abuso da tecnologia por parte das crianças traz a elas efeitos negativos a curto e longo prazo. Diante dessa situação, é reafirmado o fato de que recai sobre os pais a responsabilidade de monitorar os filhos, sempre dialogando com eles sobre a importância do uso adequado desses aparelhos que inevitavelmente compõem o cotidiano do presente século, características marcantes da sociedade da informação.
Os pais devem orientar seus filhos do mesmo modo que o fariam em relação às atividades e relacionamentos convencionais. O diálogo deve preceder o uso consciente da internet (PERES, 2015).
Fonte: http://zip.net/bwtHVM
A recomendação supracitada deve estender-se além da internet, abrangendo a tecnologia em suas mais diversas formas de representação. Como consequência do esclarecimento a respeito desses aparatos eletrônicos, aliado à orientação dos responsáveis, a criança terá uma plena participação no contexto social, garantirá um pleno aprendizado no ambiente educacional e, portanto, terá um futuro com menos problemas.
REFERÊNCIAS:
AMÂNCIO, Wagna Ferreira S. Pontos Positivos e Negativos em relação ao uso da Tecnologia no Processo de Ensino-Aprendizado. Disponível em: <http://www.pedagogiaufesead2014.blogspot.com.br/>. Acesso em 04 outubro 2016.
BRANCO, Anselmo Lázaro. Sociedade: Relações sociais, diversidade e conflitos. Disponível em: <http://www.educação.uol.com.br/>. Acesso em 08 outubro 2016.
EISENSTEIN, Evelyn; ESTEFENON, Susana B. Geração Digital: Riscos das novas tecnologias para crianças e adolescentes. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, 2011. Disponível em: <http://www.revista.hupe.uerj.br>. Acesso em 27 setembro 2016.
HAMZE, Amelia. Internetês. Disponível em: <http://www.web.archive.org>. Acesso em 06 outubro 2016.
HENRÍQUEZ, Omar. Adicción a la tecnología em los niños. El papel de los padres em la prevención. Disponível em <http://www.colombianosune.com>. Acesso em 03 novembro 2016.
KELLY, Clare. Los niños y la tecnología. Disponível em: <http://www.cbeebies.com/>. Acesso em 03 outubro 2016.
PAIVA, Natália Morais de; COSTA, Johnatan da Silva. A influência da tecnologia na infância: Desenvolvimento ou ameaça? Psicologia, Teresina, 2015. Disponível em: <http://www.psicologia.pt>. Acesso em 26 setembro 2016.
QUINALHA, Ivone Honório. A importância da escola e seu lugar na constituição humana. Disponível em <http://www.cuidademim.com.br/>. Acesso em 19 novembro 2016.
REBOUÇAS, Fernando. Sobrecarga cognitiva. Disponível em: <http://www.agendapesquisa.com.b/r>. Acesso em 04 outubro 2016.
REDE GLOBO. Excesso de informação pode causar exaustão do sistema nervoso central. Disponível em: <http://www.redeglobo.globo.com/>.
ROJAS O., Valéria. Influencia de la televisión y vídeo juegos en el aprendizaje y conducta infanto-juvenil. Revista Chilena de Pediatría, Santiago, v. 79, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.com>. Acesso em 27 setembro 2016.
SALEH, Naíma. A tecnologia está afetando as relações familiares dentro da sua casa? Disponível em: <http://www.revistacrescer.globo.com/>. Acesso em 08 outubro 2016.
SANTOS, Bárbara. Como agir com crianças hiperativas e desatentas na escola. Disponível em <http://www.centropsicopedagogicoapoio.com.br>. Acesso em 17 novembro 2016.
SETZER, Valdemar W. Efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças, adolescentes e adultos. Disponível em <http://www.ime.usp.br>. Acesso em 17 novembro 2016.
UOL. Infância sem risco – Saiba como proteger as crianças dos criminosos digitais. Disponível em: <http://www.uol.com.br>. Acesso em 06 outubro 2016.