Os efeitos da Pandemia na saúde mental das famílias brasileiras

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A crise sanitária mundial ocasionada pela pandemia da Covid 19, iniciada em Wuhan, na China, no ano anterior, trouxe várias consequências negativas à saúde mental da humanidade, nos quatros cantos do mundo. No Brasil, não foi diferente. Conhecido por ser um povo alegre e festeiro, o brasileiro viu-se obrigado a ficar mais tempo, em casa, bem como foi preciso manter um distanciamento social, para evitar a disseminação do vírus.  Apesar da vacina ter sido elaborada, em tempo recorde, e distribuída para imunização em massa, os efeitos do coronavírus à saúde mental das pessoas não passaram. Haja vista que durante a pandemia, muitos indivíduos perderam familiares, vítimas do vírus, outros o emprego. Situações que contribuíram para o desequilíbrio emocional de muita gente.

Outro fator que levou muitos brasileiros ao desespero, foi o consumo desenfreado de fakes sobre a doença. Torales, O’Higgin, Castaldelli, Ventriglio (2020) apontam que a falta de uma fonte confiável aumentaram a incerteza e o medo do indivíduo, em face ao desconhecido.  Efeito agravado no Brasil, pela crise institucional entre o Governo Federal e os Estados da federação, informou a revista científica Lancet (2020), bem como os veículos brasileiros de comunicação. “Conforme editorial escrito na Lancet” (2020), o Brasil atravessou a pandemia em meio a uma crise político-institucional de grandes proporções, pelo fato dos governantes terem um posicionamento diferente ao enfrentamento da doença, que vitimou mais de 600 mil brasileiros, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais de Saúde (CNDS, 2008) observa que a equidade ganha cada vez mais destaque no debate brasileiro e mundial a respeito da organização dos sistemas de saúde, para responder à questão de como melhorar o acesso e resolubilidade do sistema, para diminuir as imensas disparidades no estado de saúde entre indivíduos, grupos da população e países. Nesse sentindo, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi determinante para o recebimento de diversos pacientes com Covid, 19, haja vista que a rede particular de saúde não conseguiria atender a demanda de pessoas, bem como nem todo mundo tem condições de arcar com um plano de saúde. 

As ondas da pandemia foram um verdadeiro cenário de guerra, a humanidade não estava preparada emocionalmente para viver um cenário pandêmico que vitimou muitas famílias.  As cenas de filas de carros de funerária em cemitérios de todo o país, para enterrarem os mortos pela Covid 19, ficou eternizado na memória de cada brasileiro.  A saúde mental de quem perdeu alguém precisa ser levada em consideração, muitos perderam todo uma família, os relatos podem ser assistidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. 

Fonte: Freepick

 

Outro ponto é a crise econômica, no Brasil, tem tirado o sono de muitos brasileiros, que são arrimos de família, ou seja, provedores dos lares. Situação que provoca um quadro de ansiedade e até mesmo de depressão, em muitas pessoas, por não saberem, como lidar com as dívidas, e não deixar faltar o alimento aos entes.  Esse cenário pode ser explicado pela alta da inflação, a qual influencia diretamente no aumento dos preços. Somente este ano, o gás de cozinha e a gasolina aumentaram mais de uma vez, fora o aumento da cesta básica. Sobre o assunto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disse que a economia brasileira encolheu 4,1%, no ano de 2020.  Segundo o órgão os problemas de ordem econômica foram piorados com a pandemia, que deixou muitas pessoas desempregadas.

Os últimos dois anos não têm sido fáceis para o povo brasileiro, o qual vivencia uma crise econômica e de saúde, oriundas da pandemia. Fatores que interferem na saúde emocional de uma forma direta.  Por isso, é necessário cuidar da mente, por meio do SUS, que oferece tratamento gratuito. É preciso falar sobre saúde mental, em especial, em momentos de crise.  Além de buscar ajuda profissional evite ficar ligado muito tempo no noticiário, concentra-se em soluções.

Fonte: Freepick

Referência

Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais de Saúde (CNDS,2008) “As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. 

Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE)(2020). Disponível em < https://www.ibge.gov.br/> Acesso: 27, de out de 2021.

Organização Mundial de Saúde (OMS)

Revista Eletrônica BBC. PIB: Pandemia agrava o que seria pior década de crescimento do Brasil em mais de um século. Publicação 3 de março, de 2021. Disponível em < https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56257245> Acesso. 27, de out de 2021.

Brasil, Senado Federal. Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Covid 19.

Torales J, O’Higgins M, Castaldelli-Maia JM, Ventriglio A. The outbreak of COVID-19 coronavirus and its impact on global mental health. Int J Soc Psychiatry. 2020.

The Lancet. COVID-19 in Brazil: “So what ?” (Editorial). Lancet. 2020.

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Protagonismo e apoio – (En)Cena entrevista a empresária Fabíola Bocchi

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“O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e pra mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio”

O Mapa das Empresas pela Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia [1], informa que, em janeiro de 2020, o Brasil já ultrapassa a marca de 20 milhões de pequenos negócios. Segundo o SEBRAE, em 2020, os pequenos negócios representaram 98% das empresas do país, são responsáveis por 54% dos empregos formais, 30% de toda a riqueza nacional e estão presentes em 100% dos municípios brasileiros.
E durante a pandemia da Covid 19, o empreendedorismo, foi a saída encontrada por muitas pessoas ante ao desemprego e à redução de salários causados pelo contexto do coronavírus [2].

Mas como podemos pensar a saúde mental da mulher e empreendedora, no contexto da pandemia?

O Portal (En)Cena conversa com Fabíola Bocchi para entender sua perspectiva acerca dos desafios de ser mulher, a empresária e administradora da franquia do Divino Fogão em Palmas-TO, mãe e estudante de psicologia no Brasil da pandemia. A entrevistada destaca problemas ligados à “sobrecarga invisível” de trabalho que caracteriza a rotina de muitas mulheres e, ainda, destaca a importância da solidariedade e do protagonismo feminino como soluções no pós-pandemia.

Fabíola Bocchi. Foto: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, empresária, mãe e estudante de psicologia e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Fabíola Bocchi – É um imenso desafio. Ser mulher já vêm com a sobrecarga invisível anexada durante tempos normais, agora então a situação se intensificou muito mais. O excesso de trabalho, estudos de forma remota, responsabilidades domésticas e acompanhamento escolar recaiu sobre todas nós, nos deixando mais sensíveis à ansiedade e ao estresse. Tivemos um impacto muito brusco, sem precedentes… tivemos que nos adaptar muito rapidamente, e muitas vezes o psicológico não acompanha.

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(En)Cena – Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere na rotina de casa e do trabalho?

Fabíola Bocchi – Com as emoções desestabilizadas, ficamos muito mais vulneráveis a sofrer com os efeitos negativos de tantas atividades, e isso acaba impactando muito como lidamos com as coisas mais simples do dia a dia na nossa casa e trabalho. O momento nos desafia a transmitirmos à quem mais amamos (principalmente os pequenos) segurança, otimismo, força, mas não são todos os dias que isso é possível, infelizmente.

(En)Cena – Quais os desafios de empreender sendo mãe e mulher, durante a pandemia?

Fabíola Bocchi – O meu negócio exigiu muito mais atenção do que o normal, pois precisou ser totalmente reinventado. O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e para mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio. E como mãe e mulher, equilibrar tudo isso está sendo um esforço imenso, acho que o maior de todos os obstáculos. Como meus filhos são pequenos e em idade escolar, fica praticamente impossível acompanhá-los durante as aulas online e acompanhar as minhas aulas como estudante ao mesmo tempo. A noite é que me sento com calma e revisamos o aprendizado do dia e então auxílio nas tarefas. Mas nunca imaginei que teria que ser tão vigilante com o tempo, e desenvolver tanto mais minha habilidade de administrar e planejar para conseguir dar conta de tantas demandas.

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(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Fabíola Bocchi – Percebo o quanto é benéfico grupos de pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades, que se relacionam e interagem buscando desabafar, buscando apoio, solidariedade e uma palavra animadora. Penso que nós mulheres poderíamos buscar mais estas redes de apoio, nos fortalecendo mutuamente. Também podemos procurar diferentes formas de combater a ansiedade, buscando ter maior flexibilidade com as rotinas de casa e trabalho, e com nossos objetivos pessoais, tentando baixar as exigências sobre si mesmas, aprendendo a observar nossos limites, ter autocompaixão e não buscar a perfeição. O caminho para as mulheres no pós-pandemia é ser protagonistas na reconstrução da nossa realidade.

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Nota:

[1] https://www.gov.br/governodigital/pt-br/mapa-de-empresas

[2]https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Sites%20Modulares/Agentes%20P%C3%BAblicos/Guia%20de%20Empreendedorismo%20do%20Candidato.pdf

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Passo o ponto

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Nas minhas caminhadas, observo as placas de “passo o ponto”, que podem significar “passo meu projeto de vida” ou “o negócio passou do ponto” porque não vinga na era digital, e penso que muitas das pessoas que trabalhavam ali caíram no infortúnio do desemprego.

Fatores externos, fora de nosso controle, como crises que empobrecem um país e seu povo, podem tirar tudo da gente, menos o nosso entusiasmo, que depende só de nós. Temos de lutar para que tragédias econômicas não empobreçam nosso espírito e enriqueçam nossa descrença na vida.

Em 1989, pedi as contas de uma multinacional para abrir uma agência de eventos. Aí veio o Plano Collor e os eventos que mais organizei foram “falta de dinheiro”, “falência relâmpago” e “medo do despejo”.      

Fonte: encurtador.com.br/MQRV4

Para aumentar os infortúnios, capotei meu carro, quebrei a clavícula e ganhei um corpo tatuado de hematomas. Sem plano de saúde e falida, um médico recomendou repouso de três meses. Nem cogitei essa opção. Repouso era um luxo para mim.

Eram tantas as pedras no meu caminho que pensei em construir uma caverna para me enfiar lá. Sem dinheiro para condução, andava horas procurando emprego. Um dia, vi um anúncio de “Assistente de Marketing” e fui até a agência. A selecionadora achou que eu era qualificada para uma vaga de gerente administrativo-financeiro por ter sido empresária. Espantada, respondi-lhe que se tivesse talento para empresária não estaria me candidatando a uma vaga de assistente. Mas ela insistiu na maluquice de me indicar para a posição.

Fui para a entrevista e quando me apresentei ao diretor da empresa, achei que estava diante de outro doido, que fumava cachimbo, quando ele me disse que tínhamos um amigo em comum. Mas ele conhecia meu ex-chefe da multinacional e já tinha as minhas referências. Lembrei-me do velho ditado de sempre deixar uma portinha aberta ao sairmos.

Fonte: encurtador.com.br/ailAO

Porém, disse-lhe, honestamente, que abominava matemática e era incompetente com números. Sem se abalar e fumando seu cachimbo, ele me perguntou se eu tinha entusiasmo. Respondi que até de sobra. Então, ele falou que dominava matemática e que tinha paciência de sobra para me ensinar se eu tivesse entusiasmo para aprender. Aceitei o desafio e os números mudaram minha vida.

Se você me perguntar qual é a receita para se motivar diante dos obstáculos da vida, que a todo instante nos faz escolher entre agir ou reclamar, eu diria que, no meu caso, é a Fé inabalável em Deus, amor à vida e frases de sabedoria, como a de Albert Einstein: “Lembre-se que as pessoas podem tirar tudo de você, menos o seu conhecimento” e eu acrescentaria “menos o seu entusiasmo” também.

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Adam Smith: o homem é um animal que faz barganhas

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Twenty Pounds adam smith

Fonte: http://migre.me/voshf

Este ensaio apresentará os conceitos principais criados por Adam Smith e sua relação com a filosofia. Inerente às definições criadas por ele está o campo social, que é um dos principais focos efetivos de seus estudos. Vários textos foram usados como referencial para auxiliar na pesquisa do grupo, e também para fomentar as informações obtidas através do texto base. Adam Smith é escocês e é contemporâneo às revoluções sócias mais marcantes da humanidade, como o Iluminismo e a Revolução Francesa. Foi neste contexto histórico que as obras dele valeram de grande importância para a economia global, já que o mundo estava experimentando a conversão de valores. É neste período em que ocorre a transformação do teocentrismo para o antropocentrismo, um campo fértil para lançar suas ideias.

No texto base apresenta primeiramente a biografia de Smith, que estava inserido em elevado grau social, mas não considerado nobre. Isto já contribui para receber influências importantes para suas obras, como David Hume. Depois é introduzido o conceito central de sua obra mais importante, A Riqueza das Nações, que é o trabalho excedente como lucro produzido por trabalhadores úteis por meio dos recursos naturais de uma nação. A partir disso ele afirma que a riqueza de uma pátria está na produção da população e na divisão do trabalho e não no acúmulo de metais ou de capitais, conceito que ainda vigorava na época.

De acordo com Myrdal, o crescimento de estoque de capital se dá a partir do aumento de excedente dos salários com a divisão e em seguida a especialização do trabalho que tem como principal consequência o elevado crescimento da produtividade. As melhoras na condição de vida dos trabalhadores e da população são causadas pelo acúmulo de capital, que impõe maior demanda na mão de obra e por fim o aumento de seus salários. A espiral de crescimento se dá quando ocorre o crescimento de empregos, salários e população ao mesmo tempo, que exige a ampliação do mercado e da divisão do trabalho (CANNAN, 1996).

A moralidade, segundo Smith, nada mais é que convenções sociais usadas para coibir o desejo do homem e é através da simpatia que os seres humanos criam a moralidade. Porém, a partir da busca de interesses de cada homem, a evolução tecnológica e o crescimento econômico são seus resultados finais dessa busca. O liberalismo econômico nasce daí, do conjunto de interesses entre os trabalhadores por meio da livre iniciativa e com a mínima ou nenhuma interferência de instituições governamentais. A procura dos desejos pessoais aperfeiçoa o trabalho produzido assim como as condições da vida em comunidades.

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Fonte: http://migre.me/vorJY

Adam Smith cria um conceito inovador, que é a mão invisível. Com a busca de seus anseios, cada indivíduo acaba ajudando a todos como uma cooperação mesmo com a ausência de órgãos que orientam a solidariedade e o cooperativismo. Com esta definição se expandindo, há a queda de preços em determinados produtos e fica mais acessível à sociedade.  Também causou a busca por produtos inovadores e meios de produção mais acelerados, o que significa o incentivo a tecnologia e à criatividade.

Este conceito hoje em dia é conhecido como a lei da oferta e da procura, que consiste na seguinte ideia: quanto mais há um produto em grande escala e pouca procura, mais baixo será seu preço; quanto mais um produto é procurado e estiver em escassez no mercado, mais elevado será seu preço. Inicialmente suas ideias foram consideradas como heresia por pregar a busca do interesse próprio e a valorização do egoísmo, entretanto, atualmente tais definições são usadas em todo o globo, por ser de extrema eficácia. Desse modo o trabalho seguinte irá expor a relação entre o trabalho, trabalhador e suas consequências sociais de acordo com Adam Smith.

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Adam Smith dedicou-se, dentre outras temáticas, à defesa do que é riqueza na sociedade de seu tempo e o princípio geral que define esta riqueza e as causas fundamentais para a expansão dela. Conceitua a riqueza na sociedade capitalista quanto os limites ao progresso que podem emergir do modo como se compreende esta riqueza. A principal tese criada por Adam Smith foi o liberalismo econômico, o que implicava a pouca intervenção estatal, para que as instituições privadas pudessem se desenvolver sem restrições.

Tais condições no mercado provocariam as quedas dos preços e maior concorrência entre os empresários, assim como a inovação da tecnologia. As ideias dele atacavam diretamente o sistema feudal do período, além do mercantilismo, comum nessa época pelo absolutismo. Assim suas teorias foram muito valorizadas pela burguesia, que estava em ascensão e teve grande circulação no continente europeu.Sua obra prima, A Riqueza das Nações, tema cerne deste trabalho, foi fundamental para a evolução do capitalismo nos dois últimos séculos, que como principais processos históricos foram a Revolução Industrial e a Guerra Fria. Nesta obra ele também tenta legitimar a economia como ciência independente e insubordinada das ciências políticas, além de diferenciá-la da ética e da jurisprudência.

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Fonte: http://migre.me/vorQS

A prosperidade de uma sociedade e o progresso econômico está na divisão do trabalho, este é o ensinamento central do seu livro. A divisão do trabalho é crucial para que haja o abaixamento dos preços de produtos e dos meios de produção. Com isso, ele defende a livre concorrência entre o mercado e o acúmulo de capital para culminar na evolução econômica. Na altura em que editou a obra de que nos ocupamos, já a primeira fase da revolução industrial estava em curso, o ferro, o tecido, o vapor, estavam já em franco desenvolvimento, no que se refere à sua utilização. Os movimentos protestantes de Calvino, e em menor escala Lutero introduziram com o renascimento a especulação com os juros bancários, outra significação foi atribuída ao trabalho, a vocação e a devoção eram a forma de realizar os desígnios de Deus em terra (WEBER, 1996 [1905]: 57).

No início da obra, em seu primeiro capítulo, Smith explica detalhadamente seu procedimento usado para sustentar suas ideias. Além disso, a sua obra revela forte influências de filósofos contemporâneos a sua época. Sua obra é dividida em cinco livros, sendo o segundo o que explica a separação de setores para maior aproveitamento e rapidez da produção. Isto é, ele apresenta as características do capital e os efeitos de sua acumulação de capital.

Em A Riqueza das Nações, introduzido por Edward Cannan, apresenta o contexto histórico desta obra de Adam Smith e a relação com o homem. O ano da divulgação desse livro coincide com o iluminismo e a independência dos Estados Unidos da América. Segundo Edward, surgem por meio das influências filosóficas duas concepções revolucionárias a partir de tal obra. A primeira afirma que as ciências econômicas estão subordinadas a leis naturais objetivas e diretas. A segunda apresenta-se como uma doutrina. É fundamental que haja liberdade individual nessa área da ciência por proporcionar a base da teoria de Smith. A partir da liberdade de cada um, ocorre a seleção do trabalho na sociedade e por fim o desenvolvimento coletivo (CONNAN, 1996).

No texto usado como referência, Fernando Nogueira relaciona o sentimento de egoísmo como predominante nas relações sociais depois da liberdade adquirida pelo Iluminismo. Este sentimento é crucial para o progresso da sociedade. O autor também apresenta a psicologia da barganha, que nada mais é do que uma relação de interesses mútuos. Isto é, oferece o que se precisa a alguém e este alguém lhe retribui a partir de sua necessidade. Com isso, todo o conjunto social leva vantagens desse esquema que vigora na economia. Este processo ocorre somente nos seres humanos, já que os animais irracionais usam a força para coibir ou encurralar sua presa.

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Fonte: http://migre.me/vorS2

De acordo com Adam Smith, o homem realiza barganhas devido à necessidade dele de depender dos serviços e produções do outro. Desse modo, é preciso ter divisão do trabalho a fim de adquirir mais lucros e eficiência na linha de produção. Com a criação da moeda, o escambo foi extinto e trouxe novas funções, como a substituição de produtos por dinheiro. Com isso, o liberalismo econômico exige a separação do trabalho, que resulta em uma elevada produção, que por fim corrobora para uma sociedade saudável e bem-sucedida, com todos à procura de seus próprios interesses.

Além disso, o liberalismo econômico de Smith pregava a mínima intervenção estatal. A única função do estado na economia é garantir a propriedade privada e sua segurança. Em outro estudo feito sobre o surgimento do discurso econômico sobre o criador da economia, diz-se que o trabalho é o único meio de riqueza de uma nação. O trabalho e a troca são termos inerentes entre si e que são os basilares na economia. O célebre economista defende que as maiores necessidades humanas são supridas pelo trabalho do homem e não da natureza.

De modo sintetizado, Smith anuncia que a divisão do trabalho causa muitos efeitos em diferentes graus, que atingem desde as camadas mais baixas até a elite. Entretanto, a produção de cada um dos trabalhadores está interligada como uma rede de comunicação. Portanto, o interesse individual e a liberdade natural causam o egoísmo que é benéfico para a sociedade devido à produção desse indivíduo, que necessariamente estará executando a demanda de alguém, e assim sucessivamente. Logo, a cooperação coletiva é causada a partir da individualidade pela divisão social e técnica do trabalho executado por todos em uma sociedade, cuja riqueza está somente no trabalho. Além disso, o produtor simultaneamente persegue seus anseios individuais.

Diante do crescimento do mercado e, com a capacidade do homem de fazer barganhas, Smith colocou fim à ideia de que toda família fosse autossuficiente em termos econômicos e com isso, passou a defender a ideia da subdivisão do trabalho, pois assim, aumentaria produtividade, consequentemente todos poderiam se candidatar a alguma tarefa, assim sendo, essa proposta poderia levar a uma riqueza universal em uma sociedade bem ordenada, num estado de perfeita igualdade.

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Fonte: http://migre.me/vorNb

A subdivisão do trabalho é o que move o capitalismo, sendo que, o consumo seria a única finalidade da produção e isso fez surgir uma série de novas características e pessoas com habilidades particulares. Smith chega ainda a citar em seu livro o quanto fica deslumbrado com a produção subdividida, e o quanto que acha que isso fazia a produção aumentar. Porém, trabalhadores que não tinham alguma especialização, ficavam diretamente prejudicados nesse processo, talvez até mesmo, não conseguiriam sobreviver com isso. O objetivo era uma sociedade unida pela barganha baseada em um mútuo interesse próprio. Essa barganha tornou possível que, as pessoas focassem em produzir cada vez menos bens, até produzir um único bem.

Afirmava que, se todos os cidadãos tivessem sua liberdade, a sociedade em si, se beneficiaria. As pessoas agiriam até mesmo de modo involuntário pelo o interesse maior da sociedade, mesmo que buscassem maximizar seus ganhos. Afirmava também, que o mercado era essencial para uma sociedade justa. Apesar de buscarem um interesse maior, os homens eram movidos por interesse próprios e com a troca de bens, o homem poderia ser beneficiado. Isso é o que poderia ser chamado de “liberdade natural”. Assim sendo, o trabalho não seria diretamente responsável à existência do homem. O conceito de barganha levava a diferentes tipos de acordo para um bem ou interesse comum.

Sendo assim, com a eliminação da necessidade de permuta e criação do dinheiro, Smith afirmava que só aquele que não tinha condições de trabalhar, oferecer seus serviços ou produtos, que necessitaria de algum tipo de ajuda da caridade. Para isso, mais uma vez o mercado seria crucial. No mercado seria possível a negociação. Porém, hoje em dia, o mercado se tornou um conceito abstrato trabalhado pela filosofia e administração e não apenas um lugar físico. Os princípios de economia de Adam Smith fazem influência até hoje, sendo que sua ideia naquela época casava com as necessidades burguesas. Sua ideologia, que com certeza foi uma das mais lógicas e melhores que o campo da administração, economia já tiverem, não proporciona um mundo de oportunidades, mas sim de condições semelhantes, ou até mesmo iguais.

Em suma, o valor de um bem é sempre igual à quantidade de trabalho, que ele pode comprar, ou ser trocado, segundo Smith. Contudo essa afirmação é inconsistente com a realidade de uma economia caracterizada pela apropriação privada dos meios de produção e trabalho assalariado, onde a produção não vise somente a troca, mas o lucro. A divisão do trabalho, na medida em que pode ser introduzida, gera, em cada ofício, um aumento proporcional das forças produtivas do trabalho. Ele defendia que a simpatia e a moralidade são imposições sociais, isto é, a simpatia é a relação do indivíduo com os demais e isso gera a cooperação e troca de interesses, e a moralidade são valores estabelecidos socialmente que perduram pela tradição.

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Fonte: http://migre.me/vorb0

O mundo pós-invenção do dinheiro aliado a uma mão de obra fabril especializada e em constante atualização permitiram níveis de produção nunca imaginados; além de maior oportunidade a todos, exceto os incapazes que necessitariam de caridade e deveriam ser atendidos pelo Estado. O economista lançou a hipótese de um Estado voltado apenas à resolução de problemas como defesa, justiça e educação deixando o mercado livre para se autorregular através da lei da oferta e da demanda; restando ao Estado à criação de leis para igualdade universal nas condições de busca do trabalho.

Foi deste economista a primeira reestruturação sistemática de um estado para atender negócios internacionais além de propor a tese de que a riqueza de uma nação deve ser medida por sua capacidade produtiva e não pela riqueza de seus príncipes e sua reserva em ouro. O mundo resultado de Adam Smith é com certeza melhor do que o anteriormente existente, contudo seu modelo favoreceu apenas uma classe social que ascendeu ao trono há 200 anos e ainda desfruta de imensurável poder devido ao apoio ou esperança do povo. A concepção de Adam Smith gerou um mundo de iguais condições, porém não de oportunidades.

REFERÊNCIAS:

file:///C:/Users/DAYSE/Downloads/Adam_Smith_-_A_Riqueza_das_Nacoes_Vol_1.pdf

https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o_invis%C3%ADvel

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ideia-de-ordem-espontanea/

http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2012/01/filosofo-iluminista-adam-smith-criou-teorias-sobre-economia-do-mundo.html

https://www.trabalhosgratuitos.com/Sociais-Aplicadas/Filosofia/Liberalismo-222203.html

http://www.suapesquisa.com/biografias/adam_smith.htm

http://adamsmithj2m.blogspot.com.br/

https://www.trabalhosgratuitos.com/Outras/Diversos/Resumo-Riqueza-Das-Nações-52836.html

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bola dinheiro

Futebol e Copa – quando a paixão vira negócio o povo não entra no jogo

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Desde o ano de 2007, o Brasil entrou no circuito de sede e realização de grandes/mega eventos esportivos. Neste mesmo ano foi realizado, na cidade do Rio de Janeiro, o Pan-americano. Junto a isso, o nosso país foi escolhido para ser sede da Copa do mundo de futebol de 2014, e a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para ser sede dos Jogos Olímpicos de verão no ano de 2016.

Neste texto vamos no ater à Copa do mundo de futebol de 2014, que vem recebendo diversas críticas, desde as mobilizações de Junho do ano passado. Assim, tentaremos responder o que de fato a copa de 2014 significa para um país de terceiro mundo, com uma economia emergente, e qual o verdadeiro legado e quais as verdadeiras lições que este mega evento poderá deixar para o povo desta nação.

Bem, o que se pode observar é que, o país do futebol não é, necessariamente, contra a copa do mundo, visto que de quatro em quatro anos, milhares de brasileiros e brasileiras torcem por mais uma vitória da nossa seleção nos jogos mundiais, e torce para que os convocados possam representar bem o Brasil, frente as outras seleções de países de primeiro mundo.

Mas, o que se pode analisar, diante das manifestações que vem ocorrendo contra os gastos com a copa do mundo, é que parte do povo brasileiro, de forma “inconsciente”, tomou “consciência” do quanto os interesses sociais e essenciais – saúde, transporte, educação, cultura… – historicamente são deixados de lado, em troca de interesses da iniciativa privada.

Todas as iniciativas buscam favorecer o mercado, e ocorre com a anuência do Estado. E de que forma isso se concretiza? Na flexibilização da legislação urbanística; na parceria público-privada; na desregulamentação dos direitos sociais; na criminalização dos movimentos sociais ONGs (…) e em nome dos grandes projetos e volumosos investimentos, são definidas as obras que redesenham o modelo de cidade em nome dos interesses do capital, e de um planejamento urbano excludente. (ALVES, 2012, p.01)

A Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) conseguiu o que o povo brasileiro sempre lutou para ter em suas mãos, o PODER. Foi a FIFA que desde o inicio determinou quais seriam as modificações que precisariam ocorrer, inclusive alterando leis e legislações, para que os jogos pudessem acontecer, o que demonstra um total abuso da soberania do Brasil.

As consequências dessas mudanças, e das intransigências da FIFA, diante da situação social da saúde, educação, transporte, moradia, entre outros, caíram no imaginário brasileiro como uma bomba prestes a explodir, onde se demonstrou uma situação insustentável. Enquanto se exigia um “padrão FIFA” nas obras da Copa, hospitais e escolas, por exemplo, não tinham e não têm o mínimo de “padrão humano” para atender ao povo.

Mas, afinal, o que justifica de fato esse enorme gasto, que segundo os diversos Comitês Populares da Copa, vai fica na ordem de R$ 65 bilhões? Bom, além de se esperar que o país anfitrião seja o vencedor do evento, espera-se também, que, com todo investimento, a economia do país possa dar-nos resultados a curto prazo, e que possa trazer “benefícios” a sua população.

Porém, no ano de 2007, vários autores já faziam o prognóstico do que seria e para quem seria a copa de 2014 no Brasil,

Estão de voltas as promessas de melhorias na infraestrutura das cidades-sede e do país; estão de volta as garantias de que quem vai financiar as reformas e construção de estádios será a iniciativa privada (mas, claro, com financiamentos camaradas do BNDES); estão de volta as certezas quanto aos valores a serem agregados ao turismo e à economia do país; está de volta, enfim, um estranho sentimento de que quem é contra é anti-patriota e que o povo brasileiro deve se sentir agradecido à FIFA e aos envolvidos na proposta nacional (CBF, Governo Lula, governos de estados e municípios), pela oportunidade de realizarmos e “participarmos”. (SILVA e PIRES, 2007, p. 12-13)

Os megaeventos esportivos, nas últimas décadas, têm representado um importante aliado do capitalismo mundial, no que diz respeito a investimentos bilionários e lucros exorbitantes. Desde 2003, o “Relatório da Força Tarefa entre Agências das Nações Unidas sobre o Esporte para o Desenvolvimento e a Paz: Em Direção à Realização das Metas de Desenvolvimento do Milênio”, já previa o uso do esporte, agora de forma sistematizada e orientada dentro dos moldes norte-americanos, enquanto política pública de estado para atender às suas metas de desenvolvimento dentro das nações.

No quesito “Esporte e desenvolvimento econômico”, o relatório chama a atenção para o fato de que o esporte é tão importante para o desenvolvimento humano, quanto o é para o desenvolvimento da economia. Explica que as atividades econômicas relativas ao esporte envolvem, entre outros aspectos, o estímulo à fabricação de produtos esportivos, à promoção de eventos de grande porte, à ampliação do setor de serviços, além do grande interesse que desperta nas corporações midiáticas. Nesta perspectiva, defende que os programas de esportes oferecem oportunidades de emprego, assim como “estimulam a demanda de produtos e serviços”, sendo também uma “fonte importante de gastos públicos e privados”, tais como os gastos em “infraestrutura (sic) durante grandes eventos e em consumo”. (PENNA, 2012, p.18)

Dessa forma, observa-se no Brasil, que os maiores interessados em fazer com que a Copa de 2014 aconteça, que os investimentos urbanos em infraestrutura aconteçam e que a Copa e o Brasil saiam “bem na foto” perante o mundo, são os grandes investidores, representados na figura das grandes empreiteiras, das grandes multinacionais de consumo, nos grupos de comunicação e o setor imobiliário, que através do evento estão tendo a chance de enriquecerem ainda mais.

Neste momento, chamo a atenção para uma coisa de extrema importância: toda a melhoria urbana-estrutural e social que é consequência dos jogos, e dos investimentos do setor privado e público, e que poderão vir a beneficiar o povo deve ser levada em consideração, visto que são poucas as oportunidades que temos de ver ganhos reais que afetem diretamente as nossas vidas. Porém, não devemos cair no engano de que estas melhorias foram pensadas para diminuir os problemas urbanos existentes nas grandes capitais. Não se deve cair também, na fantasia de que as obras da Copa foram pensadas para atender a população e muito menos que essas melhorias mínimas vão sanar os problemas estruturais que temos.

Em um relatório do Tribunal de Contas da União em 2011, podemos verificar como estavam até então sendo tratadas pelo Ministério do Esporte as obras para a copa,

A partir da inspeção realizada no âmbito deste processo, verificou-se a insuficiência das análises técnicas e de custos das obras de estádios e mobilidade urbana relacionadas à Copa do Mundo de 2014. Observou-se então a necessidade de maior participação desta Corte nessas análises, apesar de essa atribuição não constar do rol de competências do TCU, uma vez que se trata de financiamentos concedidos pela Caixa e BNDES (…) Além disso, foram verificadas falhas no processo de acompanhamento das diversas ações relacionadas ao evento pelo Ministério do Esporte. (BRASIL, 2011).

As consequências da falta de planejamento e da falta de participação do povo já podem ser sentidas, visto que os diversos comitês populares da Copa existentes nas cidades sedes do evento, já relatam os prejuízos e os abusos cometidos contra a população. Estima-se que 170 mil pessoas serão removidas de suas casas, por causa do reordenamento urbano, principalmente no entorno dos estádios. E adivinha para onde estas pessoas estão sendo encaminhadas? Cada vez mais para as periferias, longe dos centros e da visibilidade dos turistas.

Nos países onde ocorreram megaeventos semelhantes, como china (Pequim) e África do Sul, as intervenções urbanísticas buscaram eliminar a pobreza do entorno dos estádios e a tendência com essas experiências é que a população pobre foi banida de vivencia e convivência nos centros urbanos. (ALVES, 2012, p.01)

Todos os despejos servem somente para causar boa impressão a determinadas áreas, e com isso valorizar determinadas regiões, fazendo com que a especulação imobiliária garanta lucros altos a custo do despejo de milhares de famílias.

Outro fato que merece o devido destaque é que a terceirização das obras e a urgência para cumprir os prazos de entrega, colaboraram até agora para a morte de 09 trabalhadores, tragédias que já vinham sendo anunciadas pelas greves que ocorreram durantes as construções dos estádios e que mostravam a falta de fiscalização nas condições de trabalho.

Outro problema é o superfaturamento nas obras, o que demonstrou mais uma vez a total falta de planejamento e transparência dos recursos envolvidos. Entre vários exemplos, podemos cita o caso da cidade de São Paulo, onde o Comitê Popular da Copa do estado denunciou que no final do ano de 2010 o custo do estádio do Itaquerão era estimado em R$ 530 milhões, porém, em maio de 2011 esse custo já era de R$ 1, 07 bilhões.

O que fica de legado com a Copa?

Diante de tudo o que foi colocado, a Copa, além de estar sendo um espaço para os ricos ficarem mais ricos, pode ser considerada uma aula de onde podemos tirar 02 lições para a geração de jovens, que se colocam nas ruas para criticar o sistema político do nosso país.

A primeira lição que devemos nos atentar é para o fato de que, não podemos mais cair na ilusão de que a forma político-econômica em que vivemos, pode algum dia resolver os problemas do povo. Portanto, os problemas de moradia causados pela especulação imobiliária, os problemas de transporte urbano causado pela falta de planejamento das cidades e pela falta de investimento em transporte coletivo público, os problemas na saúde causados pela falta de uma reforma no SUS, os problemas na educação causados pela falta de investimentos em escolas e universidades públicas, entre outros, sempre serão problemas atuais, se os ricos continuarem a dizer de que forma o dinheiro público dos nossos impostos deve ser gasto.

Da forma como nossa economia está organizada, os interesses da iniciativa privada sempre serão mais vantajosos financeiramente, frente aos interesses da população. Assim, fazer estádio novo vai continuar sendo prioridade frente à garantia de moradia digna para o povo.

E para não cairmos no erro de somente culpar partido político “A” ou “B” pelas mazelas históricas de nossa nação, a segunda lição que devemos nos apoiar, e que completa a primeira, é para o fato de que nosso sistema político não dá mais conta de representar o povo. As pessoas e os movimentos sociais saíram às ruas em junho do ano passado, e mostraram que precisam ter vez e voz na política, por isso a necessidade e a urgência de uma ampla reforma do nosso sistema político, devemos sair da democracia representativa e avançarmos para a democracia participativa.

O povo deve ter condições reais de eleger ao congresso pessoas que representem os negros, as mulheres, as juventudes, LGBT, trabalhadores… O povo deve ter condições de dizer de que forma quer que seja gasto o dinheiro público e quais as prioridades que temos, o povo precisa ter o poder de decidir, por exemplo, quais megaeventos querem sediar.

Atentando-se para este fato, dezenas de movimentos sociais e sindicais reunidos em uma plenária em São Paulo, em novembro do ano passado, tiraram como proposta realizar um Plebiscito Popular, durante a semana da pátria – 1 a 7 de setembro – para perguntar ao povo se o Brasil é a favor de uma nova Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, pois só a partir dessa nova constituinte, construída com representações dos diversos setores da sociedade, sem a interferência do congresso, é que poderemos mudar as regras do jogo, e só assim o povo vai poder entrar em campo, só que agora para ganhar.

Referências:

ALVES, Mércia. Copa do mundo – de qual legado se está falando?Endereço:http://www.portalpopulardacopa.org.br/ Acessado em: <20/05/2014>

BRASIL. Tribunal de Contas da União.Dispões sobre copa do mundo de 2014. Monitoramento. GRUPO I – CLASSE V – Plenário TC 023.291/2010-9. 2011.

COMITÊ POPULAR DA COPA DE SÃO PAULO. Cartilha copa pra quem? São Paulo, 2014.

PENNA, Adriana Machado. Megaeventos esportivos no Brasil: políticas públicas para a expansão do capital. In: VII Colóquio Internacional Marx E Engels. São Paulo. 2012

PIRES, Giovani De Lorenzi; SILVA, Mauricio Roberto.Do Pan Rio/2007 à copa 2014 no brasil. Que Brasil? E para qual Brasil? Motrivivência Ano XVIII, Nº 27, p. 09-17 Dez./2006.

UZZO, Karina Gaspar; SAULE JÚNIOR, Nelson. Conhecendo o direito: proteção e garantia dos direitos humanos no âmbito de mega projetos e mega eventos – São Paulo: Instituto Pólis; Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2012. p. 65.

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