Caos 2021 – A importância de grupos de orientação familiar para usuário de álcool e outras drogas

Compartilhe este conteúdo:

No dia 04 de novembro às 19:00 aconteceu o minicurso: A importância de grupos de orientação familiar para usuário de álcool e outras drogas, mediado pela psicóloga Ana Carolina Peixoto de Nascimento, em continuação ao CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia.

O mini curso iniciou com a apresentação do currículo da mediadora Ana Carolina, que contou um pouco sobre sua trajetória e primeiras experiências como profissional psicóloga. A mediadora descreveu sua experiência de trabalho com as famílias de usuários de álcool e outras drogas no CAPS, e ressaltou as dificuldades e barreiras pela busca de um tratamento.  

Após a apresentação formal, a mediadora debateu sobre o assunto que pode ser ressaltado no tema, as drogas. Neste momento, Ana Carolina apresentou o conceito proposto pela Organização Mundial da Saúde do que é uma droga, quais são elas, como se apresentam e os possíveis efeitos que estas causam nos usuários e as consequências que trazem para eles e também para a família.

Sobre a família, a mediadora aponta a sua importância e ressalta que a participação desta se apresenta em diversas nuances. A principio, a família aparece como fundamental participação no processo que o usuário vive dentro de uma instituição como CAPS, visto que sua presença vai desde o receber acolhimento da instituição enquanto família, até promover apoio ao usuário que está em situação de vulnerabilidade e sofrimento. A mediadora esclarece ainda que a participação da família é importante para garantir a compreensão de como as relações familiares destes são estabelecidas, e como elas operam no surgimento e manutenção dos sintomas apresentados pelo usuário. 

Ademais, durante todo o tempo o minicurso contou com a participação ativa dos que estavam presentes, com bastante perguntas, apontamentos e relatos pessoais. 

Compartilhe este conteúdo:

Steven Universo – diferentes configurações familiares em “Fusion Cuisine”

Compartilhe este conteúdo:

Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link.

No episódio “Fusion Cuisine”, ou “Jantar em família” em português, temos uma abordagem sutil sobre família e suas novas configurações na contemporaneidade.

Sinopse: Steven vai conhecer os pais de Connie e para que isso aconteça, Steven pede para as Gems se fundirem para fazerem o papel de sua mãe.

O episódio começa com Steven e Connie assistindo uma série de televisão de drama hospitalar. Connie agradece por poder assistir com Steven, pois é uma série que sua mãe não a deixaria assistir em casa. Em seguida, sua mãe liga, pedindo para falar com a mãe de Steven, ele então explica que sua mãe não existe mais, pois desistiu de sua forma física para dar vida a Steven. Connie diz que não pode dizer isso para a mãe dela, então Steven pede para que Garnet finja ser a mãe dele no telefone, o que não dá muito certo pois Garnet fica ansiosa e entra em pânico.

No dia seguinte, Steven chama Connie para sua casa para assistir TV novamente, mas ela diz que seus pais a proibiram de saírem juntos enquanto não conhecerem os pais de Steven. Ele diz que poderia levar Garnet, Ametista e Pérola para um jantar com eles, mas Connie é contra a ideia, pois disse aos seus pais que Steven possui uma familia nuclear. Steven não entende e diz que sua família não é radioativa, mas Connie explica que uma família nuclear consiste em um núcleo de pai, mãe e filho(s). Steven diz para ela apenas explicar a situação das gems, mas Connie tem medo de seus pais acharem que ela está mentindo e a proibir de sair com Steven novamente.

Posteriormente, Steven tenta decidir quem levar para o jantar no papel de sua mãe, mas tem dificuldades pois diz que Ametista não tem muitos modos, Garnet é série demais e não conversa, e Pérola não gosta de comer. Com isso, Steven propõe que elas se fundam para acompanha-lo no jantar, pois considera as 3 como mãe, e embora elas rejeitem a ideia de primeira, logo acabam aceitando tendo em vista em como isso era importante para Steven.

No jantar, Steven aparece 20 minutos atrasados com seu pai Greg que apresenta Alexandrite, a fusão entre Ametista, Pérola e Garnet, como sua esposa. Steven começa a inventar histórias sobre como eles se conheceram e o que eles fazem, mas Connie se expressa muito descontente. Durante o janter, o comportamento de Alexandrite se apresenta instável, Connie então chama Steven para conversarem em outro lugar. Connie reclama por ele ter trazido uma fusão pro jantar, e Steven percebe que ela ainda utiliza óculos, mesmo ele há alguns dias tendo curado os problemas de visão de Connie com seus poderes. Ele então começa a suspeitar e questiona se Connie tem vergonha dele e de sua família, por não serem comuns, e eles retornam para a mesa.

De volta ao jantar, Alexandrite começa a desestabilizar ao tentar comer camarão, que Ametista gosta, mas Pérola não, e a discórdia acaba fazendo com que a fusão acabe. Garnet briga com as duas por terem colocado suas necessidades a frente dos desejos de Steven, enquanto os pais de Connie brigam com ela por ter mentido.

Connie e Steven saem correndo, querendo fugir para serem amigos sem precisar se preocupar com a desaprovação dos pais de Connie, mas Alexandrite se funde novamente e vai atrás deles, fazendo-os voltar.

Com isso, as gems dão uma bronca em Steven, explicando o quão perigoso seria se eles tentassem fugir, e dão um castigo nele, o deixando sem televisão. Steven fica triste, mas Greg e as gems dizem que fizeram isso porque amam Steven.

Os pais de Connie ficam impressionado com as habilidades da família de Steven em lidar com a situação, e os admiram pela demonstração de afeto, mesmo eles sendo uma família fora do comum ainda são funcionais a sua maneira. Eles ficam felizes por Steven possuir uma representação parental tão boa e permitem Connie de sair com Steven novamente.

Com isso, o episódio termina mostrando Steven e sua família fora dos padrões resolvendo uma situação cotidiana, de maneira funcional e natural. Connie e seus pais, que estavam receosos com a diferente configuração familiar de Steven por possuir um pai e três cuidadoras incomuns, passam a ficar tranquilos e familiarizados com as diferenças.

 

Compartilhe este conteúdo:

“Pequena Miss Sunshine”: um olhar psicológico

Compartilhe este conteúdo:

O filme “Pequena Miss Sunshine”, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, com roteiro de Michael Arndt conta a história da família Hoover, moradores do Novo México. O pai da família, Richard, é uma espécie de coaching, palestrante motivacional que está tentando vender seu programa de autoajuda chamado Nove Passos, que promete transformar qualquer pessoa em um vencedor. Richard repete sempre que só há dois tipos de pessoas: vencedores e perdedores.

Sheryl, a mãe é uma mulher que trabalha fora, faz as funções domésticas e é responsável por apaziguar os conflitos dentro da família.

Seus filhos são Dwayne e Olive. Dwayne resolveu fazer o voto do silencio até conseguir se integrar na escola de pilotos da força aérea: está sem falar há meses e segue o niilismo, um dos princípios presentes na filosofia de Friedrich Nietzsche. Se sente um incompreendido e gosta de ficar sozinho no seu mundo, sem ser incomodado. Olive é uma menina de nove anos que sonha em se tornar miss.

Fonte: encurtador.com.br/enJL2

Frank é irmão de Sheryl, um professor universitário que se diz maior conhecedor sobre a vida do escritor Marcel Proust, é gay, foi rejeitado pelo parceiro e recentemente tentou o suicídio. Completa o grupo Edwin, o pai de Richard, um senhor que foi expulso do asilo por ser viciado em heroína.

O conflito se inicia quando Olive recebe um telefonema para participar de um concurso chamado de Little Miss Sunshine, no sul da Califórnia. Mesmo com dinheiro insuficiente, a família decide partir para realizar o sonho da menina. Resolvem viajar todos juntos e se esforçam ao máximo para chegar no local em que ocorrerá o concurso de beleza.

Logo no início, o carro da família, uma Kombi amarela, quebra e eles são obrigados a empurrar toda vez que precisa dar partida no veículo. É nesse momento que se mostra a unidade da família. Apesar das diferenças, todos se unem para atingir o objetivo: realizar o sonho de Olive, um sonho incentivado pela cultura americana.

Fonte: encurtador.com.br/htxPR

Durante o trajeto, várias situações vão delineando um pouco da visão dos personagens. Por exemplo, quando param para lanchar e a garota Olive pede um sorvete, o pai tenta dissuadi-la da ideia, utilizando argumentos como o fato de que as modelos geralmente são mulheres magras. Antes ele havia perguntado à garota se ela estava competindo por competir ou competindo para ganhar, tendo ela concordado em competir para vencer o concurso.

Em uma cena anterior, a garota relata sobre seu medo de não vencer e de desapontar o seu pai. O avô explica a ela que perdedor é quem desiste de seus sonhos por medo, e que se ela vai tentar, não é uma perdedora. Ao longo da viagem, muitos contratempos acontecem, o primeiro deles é a decepção do pai, que precisa lidar com o fracasso e rejeição do seu programa de autoajuda. Richard vai até um hotel e procura o responsável, a fim de obter aceitação para o seu programa, numa cena que demonstra uma dualidade: Richard está sem os trajes adequados e os meios para persuadir alguém, está com uma moto que pegou de um estacionamento, contrariando totalmente o pacote de sucesso que pretendia vender, o que acentua a noção de fracasso.

Ao longo da viagem, o perfil dos personagens vai sendo construído: o silêncio de Dwayne, a depressão de Frank, o fracasso de Richard, o desejo de retorno ao passado de Hoover e a impotência de Sheryl se misturam para compor uma cena em que não se sabe o que esperar de cada personagem.

Fonte: encurtador.com.br/oJMQT

Durante esse meio tempo, o avô, Hoover, morre enquanto dormia o que desestabiliza ainda mais a família e gera outros contratempos, como o enterro do avô, que ocorre de forma conturbada e já dá um indício da essência transgressora da família.

Em seguida, numa brincadeira em que Olive pergunta sobre uma letra de cor vermelha no centro de um cubo, tio Frank descobre que Dwayne é daltônico, ocasião em que o garoto entra em desespero, grita, reclama da falta de estrutura da família e se afasta de todos, numa espécie de surto. Nesse momento, e expressa através da fala e quebra o silêncio com a família, vindo a expressar um processo de maturidade nas cenas seguintes.

Ao chegar a Califórnia, estão atrasados para as inscrições do evento e são rechaçados por uma das organizadoras do concurso, que demonstra a total falta de empatia pela garota e sua família. Conseguem realizar as inscrições graças a outro profissional, que critica a postura da senhora e se propõe a resolver a situação em poucos minutos.

Fonte: encurtador.com.br/qGW17

No início do concurso, já se observa uma deformação da realidade: um concurso de miss infantil, onde as crianças parecem plastificadas, com roupas, cabelos e trejeitos de adultos, em contraposição à pequena Olive, que é desengonçada e se comporta de forma espontânea. Seu figurino também se diferencia: enquanto as meninas usam roupas mais femininas, Olive se apresenta com um short, blusa, sobretudo, gravata e chapéu, compondo um figurino mais livre e irreverente.

A coreografia ensinada pelo seu avô é ousada e divertida, porém não agrada ao público bem-comportado e conservador, que vaia, faz tumulto e tenta impedir o fim da apresentação, numa resposta clara à transgressão da música/dança/comportamento.

Como forma de reação, os pais da menina invadem o palco a fim de impedir que ela seja retirada de lá e conseguem que ela termine a apresentação. Aqui chega-se ao clímax da narrativa, que tem como resultado a união crescente da família.

Fonte: encurtador.com.br/beiCD

 Apesar de não ter vencido o concurso, a garota demonstra alegria com o resultado, o que foi possível graças às palavras do avô, que desconstrói a ideia da competição, e ao incentivo da família.

Pode-se dizer que a viagem foi uma experiência reveladora, na medida em que vai descortinando a complexidade dos personagens, que estão longe de ser uma-visão-única-uma-coisa-só, que produzem no espectador uma sensação de afeto e compreensão diante dessas pessoas, a quem foi prometido o sonho americano, e das situações decorrentes da não- realização desses sonhos.

FICHA TÉCNICA

Título: Pequena Miss Sunshine
Título Original: Little Miss Sunshine
Origem: EUA
Ano de Produção: 2006
Gênero: Aventura/Comédia/Drama
Duração: 102 minutos
Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris

Compartilhe este conteúdo:

Configuração familiar e movimento: um passeio pela definição de parentalidade

Compartilhe este conteúdo:

O presente estudo tem como objetivo discutir a noção de parentalidade, considerando as formas sucessivas como a configuração da família e as relações de parentesco foram se construindo ao logo do tempo. Pretende-se, ainda, abordar as recentes atualizações quanto à definição de família, enfatizando as transformações contínuas no mundo contemporâneo, em especial nas últimas décadas, observando como se dá a construção da parentalidade em sua dimensão afetiva.

O conceito de parentalidade refere-se ao processo de construção no exercício da relação dos pais com os filhos e é um termo relativamente recente que começou a ser utilizado no Brasil a partir da década de 80. Atualmente, o conceito vem sendo usado para designar o processo dinâmico pelo qual passam os pais, que vai além do biológico, envolvendo aspectos que vão desde a história familiar de cada um  até o contexto sociocultural vigente na atualidade.

Quando estudamos a história das famílias e das relações de parentesco, podemos constatar que a noção de parentalidade nem sempre esteve presente. As relações familiares foram evoluindo ao longo da história de forma complexa e acompanhando as transformações ocorridas na sociedade. A construção do vínculo de parentesco, dessa forma, encontra-se em mudança permanente, assim como o indivíduo e sua forma de se relacionar com o mundo à sua volta.

Fonte: encurtador.com.br/jrMQW

Como nos relata Silvia Maria Zornig, (2010), “nas sociedades tradicionais, as relações de aliança eram estabelecidas em função do patrimônio familiar”, marcado pela transmissão do nome e dos bens. Somente a partir do século XVIII, um novo modelo de família, não mais atrelado à tradição e sim calcado em laços afetivos, estendeu-se às diversas classes sociais, levando consigo os valores e ideologias oriundas da sua classe social de origem. Assim, “as alianças conjugais passam a ser estabelecidas com base no afeto e não mais como arranjos externos, que não levavam em consideração as escolhas individuais”. (ZORNIG, 2010).

Philippe Ariès (2006) enfoca as mudanças da família ao longo da história a partir de outra perspectiva, ou seja, o lugar que a criança ocupa na família e na sociedade. De acordo com o autor, na Idade Média, a transmissão dos valores e dos conhecimentos, e de modo mais geral, a socialização da criança, não eram, portanto, nem asseguradas nem controladas pela família. A criança se afastava logo de seus pais, e pode-se dizer que durante séculos à educação foi garantida pela aprendizagem, graças à convivência da criança ou do jovem com os adultos. A criança aprendia as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las. (ÀRIES, 2006).

Desse modo, quando a criança se tornava independente das pessoas responsáveis por cuidar dela, já ingressava no mundo adulto, aprendendo as tarefas do cotidiano e questões práticas, ligadas à sobrevivência e ao convívio com os adultos, de forma que as relações afetivas não tinham dimensão relevante.

Fonte: encurtador.com.br/bnFT8

Tal processo, descrito por Ariès (2006), inicia-se após a Idade Média e se estende pelos séculos seguintes, evidenciando as constantes transformações em curso. O papel da criança na família se modificava, portanto, na medida em que a organização familiar também se transformava, em favor da inclusão das trocas afetivas e das práticas de cuidado nas relações entre os membros da família. Assim, a família, como instituição social, torna-se responsável pela sociabilidade, afetividade e uma enorme variedade de elementos no processo de desenvolvimento dos filhos.

Nesse contexto, ideias sobre moralidade, condutas adequadas no meio social, educação e aprendizagem passam a ser incorporadas pela sociedade progressivamente, dando início à noção de criança como indivíduo, ao mesmo tempo em que se toma consciência das obrigações de cuidado por parte dos adultos e da necessidade de dar a ela um tratamento adequado.

O desenvolvimento das relações afetivas passa, dessa forma, a ser uma característica central da família. Singly (2007) distingue dois períodos da família contemporânea: o primeiro que vai do século XIX até os anos 1960, marcado pelo “amor no casamento, pela divisão do trabalho entre o homem e a mulher, a atenção à criança, à sua saúde e à sua educação” e o segundo período, situado após 1960, marcado pelo crescente individualismo e uma busca por maior autonomia dos indivíduos, as quais engendram inúmeras transformações nas organizações familiares. (SINGLY, 2007, p. 130).

A família do tipo nuclear consolida-se principalmente depois da Revolução Industrial, quando ocorre a organização populacional e a fixação em núcleos urbanos, sendo composta basicamente por pai, mãe e filhos, constituindo assim a família patriarcal que se organizou em torno da figura do pai, fechada em sua intimidade e com um determinado padrão de educação para seus filhos.

Fonte: encurtador.com.br/czGV1

Alguns estudiosos como Poster (1979) relatam que “por volta do séc. XIX e início do séc. XX as famílias das classes trabalhadoras também acabaram adotando o modelo de família nuclear burguesa, quando foram forçadas a deixar o campo e ingressar no trabalho em indústrias nas cidades” (POSTER, 1979, p. 25).

Com as transformações em pauta e reorganizações constantes, a família altera sua estrutura e seus papéis, ao mesmo tempo em que se mantém como uma forma de organização social consistente. A família brasileira, por exemplo, já não tem a mesma estrutura rígida. A monoparentalidade passa a ser bastante comum, encontrando-se com muita frequência a mulher como chefe de família, além de diversas outras formas que fogem do modelo convencional de família.

Para Szymansky (1998), a própria ideia de família vem mudando, influenciada, dentre outros fatores, pela saída da mulher do espaço doméstico para o mercado de trabalho, o que transformou a instituição, além de outros elementos como o controle da natalidade, o aumento do número de divórcios, declínio da autoridade paterna e marital, a acentuação do individualismo e da liberdade dos membros da família.

Nesse contexto, Michelle Gorin et al. (2015) entende que, as reorganizações são constantes e a parentalidade continua a ser exercida, não necessariamente pelo pai e pela mãe biológicos, no contexto da família nuclear tradicional, mas pelo arranjo que se compõe para exercer as funções parentais em relação às crianças. Tais funções podem ser exercidas, por exemplo, pelos próprios pais, por dois pais, duas mães, madrastas e padrastos, por exemplo.(GORIN et al., 2015, p. 4).

Fonte: encurtador.com.br/aqNX4

Para Vilhena et al. (2011), os fatores biológicos têm sido cada vez menos utilizados como referência do que é uma família, de modo que esta pode ser pensada sob diferentes aspectos, seja como unidade doméstica, assegurando as condições necessárias à sobrevivência, como um conjunto de laços de parentesco, como um grupo de afinidade, com variados graus de convivência e proximidade e de tantas outras formas.

Segundo os autores, devemos pensar a família como uma construção social, sem tomarmos nenhum arranjo como norma, mesmo porque esta instituição passa por um processo de desinstitucionalização, no sentido de ser considerada cada vez mais uma realidade privada, diminuindo o seu significado púbico.

Nesse sentido, assim como expressa Gorin et al. (2015), a discussão sobre as formas de ser família hoje não deve se realizar apenas em torno do exercício das funções paternas e maternas, mas independentemente do arranjo conjugal, a parentalidade deve se ocupar da estruturação psíquica do sujeito, por meio por meio da troca afetiva e da transmissão dos interditos, transmitindo a noção da renúncia como regra estruturante da ordem familiar.

Desse modo, o papel das figuras parentais se mostra absolutamente libertador e formador, no sentido de preparar os filhos para suas responsabilidades em relação às normas de convívio social e para a entrada na vida adulta, de modo que a formação do sujeito seja reflexo tanto da vivência em família quanto da vida em sociedade.

REFERÊNCIAS

ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006. Disponível em: http://files.grupo-educacional-vanguard8.webnode.com/200000024-07a9b08a40/Livro%20PHILIPPE-ARIES-Historia-social-da-crianca-e-da-familia.pdf

GORIN, Michelle Christof; MELLO, Renata; MACHADO, Rebeca Nonato; Féres-CARNEIRO, Terezinha. O estatuto contemporâneo da parentalidade. Rev. SPAGESP, vol. 16, n. 2, Ribeirão Preto, 2015. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000200002&lng=pt&nrm=iso

PONCIANO, E. T.; FÉRES-CARNEIRO, T. Relação pais-filhos na transição para a vida adulta, autonomia e relativização da hierarquia. Psicologia: Reflexão e Crítica, n. 27, 2014. Disponível em:     https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722014000200388&script=sci_arttext&tlng=pt

POSTER, M. Teoria critica da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 25.

SZYMANSKY, H. A relação família/escola desafios e perspectivas. Brasília: Líber Livro, 1998.

VILHENA, J;SOUZA, A. C. B;UZIEL, A. P;ZAMORA, M. H;NOVAES, J. V. (2011). Que família? Provocações a partir da homoparentalidade. Revista Mal-Estar e Subjetividade, n. 11. Disponível em:  https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/5034/4040. Acesso em: 12 abr. 2021.

ZORNIG, Silvia Maria Abu-Jamra. Tornar-se pai, tornar-se mãe: o processo de construção da parentalidade. Rev.Tempo Psicanal. vol. 42, n. 2. Rio de Janeiro, jun. 2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382010000200010&lng=pt&nrm=iso

Compartilhe este conteúdo:

Esforço e incerteza – (En)Cena entrevista Raianne Silva

Compartilhe este conteúdo:

“Um homem deixar a sua casa e cruzar o país, buscando a melhoria da família, é normal. Afinal de contas ele é pai de família: o provedor. Mas quando nós tomamos esse papel para nós, quem não tem força e não se impõe desiste na primeira crítica”.
Raianne de Nazaré Silva e Silva

O Portal (En)Cena conversa com Raianne de Nazaré Silva e Silva, para entender sua perspectiva acerca dos desafios de mulher, migrante econômica do Estado do Pará para o Tocantins (em 2019), mãe de três crianças entre 3 e 9 anos alunos da escola pública municipal de Palmas-TO e sem aulas desde março de 2020 no Brasil da pandemia. A entrevistada destaca os desafios de ser migrante econômica e sair do seu estado deixando a casa, a família e os filhos para buscar oportunidades de trabalho em outro estado, aponta o sofrimento psíquico agudo causado pelas inseguranças vividas durante a pandemia, especialmente, por de saber que os filhos não estão estudando como deveriam e, por fim, indica a importância de ter empatia e de “ouvir” suas dores e cargas emocionais como meio para buscar saúde mental no pós-pandemia.

Raianne de Nazaré Silva e Silva. Foto: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, esposa, mãe de três crianças, migrante, profissional de marketing, responsável por seleção de outras mulheres para o cargo de promotora de vendas da empresa NATUMIX e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Raianne Silva – Posso dizer com firmeza que é ser resiliente. É buscar forças de onde a gente acha que não tem mais para fazer dar certo. Nós não podemos nos dar ao luxo de não tentar, ou aceitarmos a falha. É buscar constantemente o equilíbrio entre ser uma boa profissional, uma excelente mãe e, ainda, buscar um espaço para se enxergar como mulher.

(En)Cena – Para você, como a pandemia impacta a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres?  E qual é o efeito deste impacto na rotina de casa e do trabalho?

Raianne Silva – A pandemia veio como sinônimo de incerteza, né? A incerteza é devastadora.  Não saber quando tudo isso acaba. Quando teremos efetivamente um dia normal, em que eu possa trabalhar sem estar preocupada em como os meus filhos estarão passando, em casa. Quando eu possa ter certeza de que eles possam estar sendo bem instruídos, em relação a ensino. É muito preocupante este cenário. E ao mesmo tempo, um sentimento de impotência toma conta da gente. Principalmente porque isso não é algo que esteja ao nosso alcance para ser controlado. Então é triste ver que os meus filhos não estão sendo as crianças que eles deveriam ser agora. É triste acordar e deixar tudo pronto, enquanto eles ficam mais um dia sem aula, enquanto eu saio para trazer o sustento. E mais triste ainda é saber que eles têm essa noção e compreendem algo que não deveria atingir eles, mas atinge. E o sentimento resumidamente é esse: impotência.

Figura 1 pixbay

(En)Cena – O Ministério da Saúde do Brasil [1] apresenta a migração como um dos fatores de risco para o adoecimento psíquico. Estar em trânsito, exilado ou asilado é uma ameaça para a saúde mental do migrante que sofre de solidão, luto e perseguição velada ou explicita, e um desafio para os agentes do cuidado humano que é confrontado pelas leis em geral e pela sociedade em particular. Depois de ter vivido a experiência de ser migrante, deixando família e amigos no Pará para vir, inicialmente sozinha, buscar trabalho no Tocantins: na sua opinião, como podemos compreender o sofrimento emocional das mulheres migrantes econômicas, durante a pandemia?

Raianne Silva – É muito louco quando a gente fala de mulher migrante. Porque quando você ouve histórias de mulheres que deixaram suas casas e foram em busca de uma melhoria de vida para si e para os seus, é emocionante. Normalmente, as pessoas falam como um exemplo a ser seguido. Mas, na prática nós somos muito julgadas. Um homem deixar a sua casa e cruzar o país, buscando a melhoria da família, é normal. Afinal de contas ele é pai de família: o provedor. Mas, quando nós tomamos esse papel para nós, quem não tem força e não se impõe desiste na primeira crítica.

– Ah! Você vai deixar seus filhos.

– E se não der certo?

– Vai para um lugar onde ninguém te conhece? Onde você não conhece ninguém te conhece?

– Vai viver longe da família?

Isso é um pouco do que a gente ouve. Além de ser taxada de louca. Pouco é o apoio, o incentivo. E é triste. Porque a gente enfrenta uma jornada terrível de desligamento, de distanciamento dos filhos, de saudade e de tristeza. Acho que o apoio é muito importante para que essa carga se torne um pouco mais tranquila de ser carregada.

Figura 2pixbay

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Raianne Silva – O caminho é ser empático e reconhecer o esforço do nosso trabalho. Buscar se colocar no nosso lugar (de mulher) para compreender um pouco, ou pelo menos ouvir mais das nossas dores e cargas emocionais. Todos nós estamos travando diariamente lutas internas. Tudo pode ser um pouco mais leve. A gente merece ser reconhecida pelo nosso esforço, pela nossa garra e pelas nossas vitórias.

Nota:

[1] FARBER, Sonia Sirtoli e outros. O sentido da vida e a depressão: uma reflexão sobre fluxo migratório e fatores preditivos de suicídio. https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/2471/4735

Compartilhe este conteúdo:

Sacrifício e resiliência – (En)Cena entrevista a médica Susana Silva

Compartilhe este conteúdo:

“Acho que só outra mulher conseguiria entender o sofrimento de uma mulher que está na linha de frente contra o COVID, é o medo de perder a família medo de contaminar a família, e se identificar com os pacientes, com as famílias dos pacientes e de se esquecer toda a vaidade de ser mulher para garantir a segurança de não transmitir a doença”
Susana Bernardes da Silva

Como podemos pensar a saúde mental das mulheres que lideram a linha de frente contra a COVID 19? O Portal (En)Cena conversa com a médica Susana Bernardes da Silva, chefe da UTI COVID da Unimed de Palmas-TO, para entender sua perspectiva acerca dos desafios de ser mulher, no Brasil da pandemia.

Susana Bernardes da Silva – Foto: arquivo pessoal

A entrevistada apresenta os sacrifícios diários do bem-estar e da vaidade como parte da dura rotina na linha de frente do combate ao coronavírus. Além disso, retoma as dificuldades enfrentadas usualmente pelas mulheres para serem reconhecidas como sujeitos capazes pela família e pela sociedade. Por fim, a médica destaca como soluções para as mulheres no pós-pandemia: a importância de ter foco e de manter a capacidade de crescer; apesar das inegáveis marcas que o sofrimento psíquico causado pela atual situação de calamidade deixará em profissionais da linha de frente, pacientes e cuidadoras.

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala de: mulher, médica, profissional da linha de frente na luta contra a COVID 19, líder de equipe e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Dra Susana Bernardes da Silva – O que é ser mulher durante essa pandemia? Para mim, ser mulher sempre foi se desafiar, sempre foi tentar vencer uma luta todos os dias. Então nessa pandemia me sinto exercendo com mais vigor e com mais força aquilo que sempre vivenciei. Se desafiar a encontrar um lugar melhor para si e para todos que te cercam, mostrar para si e para os outros que você é capaz. Capaz de unir forças para vencer a dor, o medo, o pavor e cuidar e recuperar a vida das pessoas.

 (En)Cena – Na sua opinião, como podemos compreender o sofrimento emocional das mulheres que estão na linha de frente da luta conta a pandemia no Brasil?

Dra Susana Bernardes da Silva – Acho que só outra mulher conseguiria entender o sofrimento de uma mulher que está na linha de frente contra o COVID. Em resumo: é o medo! Medo de perder a família, medo de contaminar a família. É se identificar com os pacientes, com as famílias dos pacientes e se esquecer de toda a vaidade de ser mulher para garantir a segurança de não transmitir a doença. Eu tendo que tomar vários banhos por dia e lavar o cabelo duas ou três vezes ao dia, não posso usar maquiagem ou joias e preciso manter o uso de várias roupas que dificultam ir ao banheiro. É também anular a vaidade e até seu bem-estar para garantir a segurança de quem você ama. Sacrifícios que as mulheres são mais acostumadas a suportar.

Fonte: encurtador.com.br/prBPY

(En)Cena – Quais são os maiores desafios e quais são os maiores aprendizados da sua experiência como médica coordenadora da uti da Unimed-Palmas durante a pandemia?    

Dra Susana Bernardes da Silva – Acredito que o maior desafio e aprendizado nesta pandemia é a resiliência, é como se Deus estivesse testando nossa capacidade de resistir, enviando em forma de ondas de mortes o recado para continuarmos focados em ficarmos mais voltados para nossas próprias famílias. No entanto, nós da saúde precisamos nos dividir entre cuidar das nossas e das outras famílias.

Fonte: encurtador.com.br/acjJP

(En)Cena – Segundo seu conhecimento profissional, como a experiência da COVID pode afetar a saúde mental das mulheres enquanto pacientes? E enquanto cuidadoras?

Dra Susana Bernardes da Silva – Acho que todos ficaremos afetados pelo terror e pavor de estar muito próximos da morte. As pacientes que cuidamos na UTI, acredito que passam por uma sensação de ter renascido e uma eterna gratidão, muitos terão crises de ansiedade. As cuidadoras também sofrem com ansiedade por exaustão, tanto física como mental.

Fonte: encurtador.com.br/kuDNY

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Dra Susana Bernardes da Silva – O caminho para as mulheres pós pandemia é manter a capacidade de crescer e manter o foco, mesmo em momentos de extrema adversidade. Não creio que seja algo novo para as mulheres. Como disse no início, sempre vivemos em adversidades e crescemos cada vez mais, dentro da sociedade e da família.

Compartilhe este conteúdo:

As origens da família moderna e a Geração Canguru

Compartilhe este conteúdo:

O capítulo “As Origens da Família Moderna”, do livro de Jonas Melman, “Família e Doença Mental – repensando a relação entre profissionais de saúde e familiares”, discorre sobre o processo histórico que resultou na constituição da família moderna da forma como se configura nos dias atuais. A obra aborda a temática das transformações sociais ocorridas desde o final da Idade Média até a atualidade e aponta como esses acontecimentos sociais influenciaram e condicionaram as mudanças ocorridas na estrutura da organização familiar ao longo dos séculos.

Busca compreender como as mudanças na estrutura da sociedade influenciam na estrutura e dinâmica do grupo familiar, detendo-se em aspectos como criação dos filhos, afetividade, ambiente familiar, separação entre vida profissional, vida privada e vida social, educação escolar, dentre outros.

De acordo com o autor, a estrutura familiar, centrada na afeição e na intensificação das relações entre pais e filhos é uma invenção recente na história do homem ocidental (MELMAN, 2001, p. 39). Ele toma como exemplo a sociedade medieval, que não dispunha de condições propícias para construir essa noção de privacidade e intimidade que temos hoje, por conta da forma como os indivíduos se relacionavam com o espaço familiar.

Além de conviverem pessoas alheias ao núcleo familiar, como servidores e criados, a família se agrupava em grandes casas onde se reuniam amigos, religiosos, clientes e visitantes. E essa condição não dependia de classe econômica. Enquanto nos grandes casarões conviviam dezenas de pessoas, nas casas das pessoas mais pobres, pequenas e menos habitadas, a situação era a mesma, não havia espaço para o isolamento em ambientes privados.

Outro aspecto importante diz respeito à educação da criança. A transmissão de saberes e valores não era responsabilidade da família. Geralmente ao completar sete anos de idade, esta ia residir com outra família que ficava responsável pela sua socialização, onde tinham obrigações, realizavam trabalhos domésticos e eram tratados como aprendizes.

Dessa forma, desde muito cedo a criança se tornava independente da própria família, embora muitas vezes a ela retornasse. Nessas condições, não se alimentava um sentimento profundo entre pais e filhos, ao contrário, a família representava mais uma responsabilidade moral e social, destinada à transmissão dos bens e do nome.

Fonte: encurtador.com.br/vOVW7

O estudo mostra como se deu essa passagem da família medieval para a família moderna, construindo-se um novo modelo de família em que a escola passa a ser o principal meio de iniciação social da criança, desde a infância até a fase adulta. Gradativamente, com o aumento do número de instituições de ensino, a partir do século 18, a escola vai se estendendo aos diversos setores da sociedade. Ao mesmo tempo, impõe sua autoridade moral e passa a adotar um sistema disciplinar cada vez mais rigoroso.

Esse movimento vem acompanhado de modificações também no ambiente familiar, que vai perdendo seu aspecto de espaço aberto à visitação pública e passa ter uma fisionomia de espaço privado, reservado à segurança, intimidade e privacidade dos seus membros. A partir do final do século 19, a configuração da família vai se modificando, sendo raras as famílias mais abastadas que viviam como as famílias medievais, afastando as crianças da casa dos pais como processo de formação.

Após estudarmos um pouco mais sobre a história das origens da família, nos questionamos a forma como vivem hoje as famílias modernas, em que há um excesso de proteção por parte dos pais e até que ponto essa forma de educação contribui para a ampliação de experiências, para o alcance da autonomia da criança/jovem e sua preparação para a vida.

Temos observado com frequência, famílias em que os filhos entre 25 e 34 anos têm adiado a saída da casa dos pais, uma tendência em ascensão no Brasil. Atualmente, apenas um de cada cinco jovens nessa faixa etária já conquistou sua independência e autonomia. Há pouco mais de 10 anos, a proporção era maior, quando um de cada quatro jovens entre 25 e 34 anos eram independentes. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda destaca que a maioria dos jovens da Geração Canguru é composta por homens (60,2%).

Fonte: encurtador.com.br/vCEJO

Ou seja, o que era um processo natural há alguns anos – buscar a independência pessoal, seguir o próprio caminho – vem mudando gradualmente e dando origem a uma nova perspectiva. A lógica de caminhar com as próprias pernas tem ficado para trás, e vem dando espaço à chamada “Geração Canguru”.

Muitos fatores podem estar por trás do crescimento desse fenômeno no Brasil, que já foi registrado em outros países. O primeiro é financeiro. O aumento do custo de vida, principalmente nas grandes cidades, faz com que os jovens acabem morando por mais tempo na casa dos pais.

O segundo motivo que pode incentivar o crescimento da Geração Canguru é o receio de colocar em risco questões emocionais importantes, como a autoestima e a autoconfiança. Ou seja, possivelmente pela falta de oportunidades propiciadas ao longo da vida, o jovem/adulto não se sente preparado para enfrentar uma vida independente sem a proteção dos pais.

Daí a importância de questionar até onde é válida a educação nos moldes da família contemporânea, pois alimentar essa relação de dependência pode prejudicar não somente o amadurecimento dos jovens, mas ser prejudicial para toda família.

Referência

MELMAN,  J.  As origens da família moderna. In: Família e Doença Mental, repensando a relação entre profissionais de saúde e familiares. São Paulo: Escrituras Editora, 2001. p. 39-54.

Compartilhe este conteúdo:

Pandemia e transtornos psiquiátricos em crianças

Compartilhe este conteúdo:

Não são só os adultos que apresentam transtornos psiquiátricos. As crianças também podem ter transtornos psiquiátricos, depressão, TOC, pânico ou fobia. Vale lembrar que a pandemia pode ajudar a desencadear algum transtorno psiquiátrico infantil. Então, é importante que pais, avós, cuidadores e professores redobrem a atenção. Diante de alterações sérias de comportamento, leve a criança ao médico.

O médico precisa estar informado e conhecer muitos aspectos dos transtornos nos pequenos, pois o diagnóstico é clínico. O que deve chamar atenção é se o comportamento traz algum tipo de prejuízo seja social, biológico e/ou afetivo na vida dessa criança. É necessário também prestar atenção se acontece em vários locais como, por exemplo, na escola, em casa ou com os amiguinhos. Verifique e anote se ocorre por um período maior de seis meses e sempre comente com o médico. 

 

Os pais têm de procurar profissionais habilitados para que o filho seja bem assistido. O psiquiatra infantil e o neurologista infantil estão capacitados para auxiliar no tratamento. É necessário ainda uma equipe multidisciplinar composta por psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos, dependendo do nível das áreas prejudicadas. 

Vale ressaltar que não é só a medicação que resolve. É fundamental que haja uma união entre profissionais da saúde, pais e a escola. O ambiente escolar também deve estar envolvido, pois é o local em que os pequenos ficam mais tempo no decorrer da vida. Assim, o tratamento trará melhores resultados e a criança vai conseguir recuperar a sua qualidade de vida. 

Compartilhe este conteúdo: