A voz feminista de Nísia Floresta

Compartilhe este conteúdo:

“Por que os homens se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?” – Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto foi uma educadora que teve como principal frente de atuação a luta pelo feminismo no Brasil. Nascida em 1810 na cidade de Papari, Rio Grande do Norte, aquela que viria ser reconhecida a primeira educadora feminista do Brasil, teve uma vida marcada por ideais que contrariavam a sociedade vigente da época, ao qual buscava prevalecer o respeito e garantia de igualdade a todos os cidadãos, sem qualquer distinção.

Assumiu o pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta, quando resolveu escrever para um jornal chamado “O Espelho das Brasileiras”, editado em Recife-PE. O Nome adotado para se expressar nos meios de comunicação da época, demonstrava o seu amor pelo País e principalmente pelo reconhecimento de sua luta e necessidade de mudanças na sociedade, principalmente a respeito do lugar que a mulher ocupava na época.

Nísia teve uma vida itinerante e por esse motivo, teve contato com diferentes cenários de luta que se estabelecia no período. Em Goiânia, teve seu primeiro acesso aos ideias liberais, um traço característico encontrado em seu pai, sua grande referência.

Um fato considerado importante na vida de Nísia, diz respeito ao seu rompimento de um casamento arranjado aos treze anos, algo considerado uma atitude corajosa, em tempos com tradição conservadora, uma situação que marca a sua história, pois na vida adulta seguia firme em desconstruir a posição da mulher imposta por uma sociedade machista, algo que se atualiza quando observamos a necessidade de continuidade de discussões já levantadas à época dessa personagem que tem grande importância para o feminismo no Brasil.

Fonte: encurtador.com.br/eMNPX

Seus primeiros escritos datam de 1831 e tem como pauta mulheres nas antigas culturas, que foram gradativamente sendo ampliadas para discussões acerca dos motivos das mulheres não ocuparem cargos de comando, ou mesmo, de não estarem nas universidades, algo que acende um debate que impacta as elites patriarcais da época.

Aos vinte e dois anos publica seu primeiro livro “Direitos das mulheres e injustiças dos homens”, sendo também considerado um dos mais importantes e que marca a expansão de sua luta. Nesse livro, Nísia faz uma provocação quanto ao predomínio dos homens em relação às mulheres, numa perspectiva de direito e enfrentamento ao conservadorismo rígido, indicando que a mulher precisava buscar um espaço até então ocupado somente pelos homens.

Nísia sofre perdas que influenciam a sua história de luta, primeiro a de seu pai e posteriormente de seu marido, algo que a fez assumir um papel de liderança junto a sua família, bem como a convicção do seu papel e também da sua capacidade enquanto mulher de desenvolver diversas atividades, até então reconhecida aos homens, o que reforçou seu empenho em continuar firme nos seus ideais feministas no país.

A autora de diversos escritos voltados para o contexto da mulher, reconheceu a importância de expandir as barreiras literárias para atuação voltada para a educação, sendo então a primeira mulher a fundar e dirigir um colégio voltado para meninas no Rio de Janeiro, ao qual tinha como foco a emancipação feminina.

Fonte: encurtador.com.br/vzLM9

Nísia trazia em seu discurso, o retrato da insatisfação ao qual viviam várias mulheres que tinham que se calar frente ao domínio patriarcal, que permaneciam sufocadas ou mesmo anuladas, diante de um contexto de supremacia masculina. No entanto, seus debates foram de suma importância para o levantamento de questões que se inserem até hoje nos espaços de discussões a respeito dessa temática. Muito se avançou e também muito ainda tem que se avançar, quando ainda encontramos espaços em que a mulher se ver necessitando provar sua capacidade e ver reconhecido os direitos adquiridos ao longo de vários anos de luta.

Nísia morreu em meados de 1885, vítima de uma pneumonia, mas com certeza, se encontrava a frente de seu tempo e hoje se constitui uma inspiração para nós mulheres, pois enfrentou adversidades impostas a ela numa época em que sua voz para não ser calada servia de um pseudônimo, ou mesmo, sofria fortes repressões às suas atitudes numa sociedade conservadora.

No entanto, sua voz ecoou e hoje ressoa nas nossas lutas diárias, reflete em todos os sucessos alcançados e principalmente, na constante busca em ver nossos direitos reconhecidos e efetivados. Nísia deixa um legado singular, pois diante de um contexto tão desfavorável não se intimidou, ao contrário, sua vida foi motivada pelos seus ideais feministas.

O olhar dessa grande mulher foi um importante ponto de partida para as reflexões que se inserem diante da emancipação das mulheres no brasil e de como isso impacta nas relações sociais na atualidade, desde a prática cotidiana de funções domésticas, até a ocupação de grandes espaços então somente ocupados por homens em outros tempos.

Referências:

ALBERTON, M.; CASTRO, A. M. A.; EGGERT, E. Nísia Floresta A mulher que ousou desafiar sua época: educação e feminismo. Poiésis – Revista de Pós-Graduação em Educação, Tubarão, v.3, n.5, p.46-55, 2010. Disponível em: https://silo.tips/download/nisia-floresta-a-mulher-que-ousou-desafiar-sua-epoca-feminismo-e-educaao. Acesso em: 24 ago de 2021.

DUARTE, C. L. Feminismo e literatura no Brasil. Estudos avançados, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/6fB3CFy89Kx6wLpwCwKnqfS/?format=pdf&lang=pt.

Acesso em: 24 ago de 2021.

ITAQUY, A. C. de O. Nísia floresta: ousadia de uma feminista no brasil do século XIX. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura Plena em História, do Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em:https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/2730/NISIA%20FLORESTA%20PDF.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 ago de 2021

Compartilhe este conteúdo:

“Elize Matsunaga – Era uma vez um crime”: conteúdos psicológicos da controversa série brasileira

Compartilhe este conteúdo:

A série brasileira “Elize Matsunaga – Era uma vez um crime” é um documentário televisivo original da Netflix em parceria com a produtora Boutique Filmes, dirigida por Eliza Capai. A produção lançada em julho de 2021, tem conteúdo com censura 14 anos, melancólico focado, especialmente, nos sintomas psicológicos e jurídicos da autora confessa de um dos crimes mais impactantes da história recente do país ocorrido em 19 de maio de 2012.

Figura 1 – (Crédito: Reprodução/Netflix)

A série explora fotos e vídeos de conteúdo intimista do antigo casal, apresenta vasto material jornalístico veiculado à época do julgamento, as falas de amigos, familiares e de especialistas sobre o caso oferecendo, e, por fim, destaca-se por conter muitas horas de declarações diretas de Elize tomadas durante uma saída oficial do ressesso de páscoa da prisão de Tremembé em 2019, falando em primeira pessoa, com iluminação e enquadramentos ajustados para fazer audiência sentir-se em frente a ela, olhando nos olhos, com expressiva proximidade.

Os episódios da série são: 1 – Estado civil: viúva; 2 – Uma vida de princesa; 3 – A infeliz ideia de Eliza e 4 – Ecos de um crime.

Figura 2- (Crédito: Reprodução/Netflix)

São apresentados temas de muito relevo para a psicologia e psicanálise, sadismo, masoquismo, depressão, e psicopatia foram conceitos diversas vezes mencionados pelos que tentavam enquadrar e compreender a subjetividade complexa da autora do crime bárbaro.

No julgamento, tanto a defesa como a acusação fundavam seus argumentos e aspectos psicológicos relativos a Elize. Os primeiros arguiam que a pena do crime deveria ser afastada, atenuada ou reduzida, pois no momento que atitou no marido, e esquartejou o corpo dele e o transportou em malas, ela não respondia por suas ações, pois estava tomada por violenta emoção.

Segundo a defesa, a autora do crime teve uma crise de ansiedade decorrente de longo período do medo que sentia de ser machucada e morta pelo marido, e tal medo estaria justificado no longo período de violência psicológica sofrida por ela contexto do casamento.

Já a acusação também faz uso da psicologia para pedir aumento da pena de Elize, que teria cometido o crime por motivo torpe, por mero ciúme e a associa a figura estigmatizada da mulher que deseja ser Cinderela, e ter “uma vida de princesa”, deixar as raízes humildes e ascender socialmente por meio do casamento do qual ela não estaria disposta a abrir mão.

Figura 3 – (Crédito: Reprodução/Netflix)

Neste contexto, entre argumentos de defesa e de acusação as personalidades de Elize e do marido assassinado tornam-se objeto de diversas discussões e especulações ao longo da série num esforço de compreensão e categorização da barbárie.

Como exemplo, tem-se a apresentação ao público de “fatos novos” que poderiam justificar para o público os comportamentos de Elize. Isso porque, foi descrito o impacto da morte prematura do pai na história dela. Foram retratados a vida difícil em termos de condições materiais que a família enfrentava e o contexto rural e muito rústico que ela viveu a infância e adolescência.

Além disso, tem-se um possível abuso sexual que ela teria sofrido aos 15 anos, perpetrado pelo padrasto e que teria marcado profundamente sua subjetividade e, por fim, a experiência vivida como profissional do sexo que a levou a sair do contexto familiar e a conhecer o futuro marido.

Por fim, vale destacar a releitura feminista que a série se propõe a fazer tanto do crime em si questionando diversos pontos de pré-conceitos ligados ao fato de a autora ser uma mulher, ter sido profissional do sexo e ter agido motivada por ciúmes, destacando, ainda, diversos casos famosos como o de Ângela Dinis morta pelo marido nos anos 60. O crime de Elize teria o mesmo fim caso fosse cometido por um homem? Fica a dúvida necessária e o convite à reflexão.

FICHE TÉCNICA

Elize Matsunaga – “Era uma vez um crime”

Ano produção: 2021

Dirigido por Eliza Capai

Classificação – Não recomendado para menores de 14 anos

Gênero: Documentário

Compartilhe este conteúdo:

Como mães feministas têm criado/educado seus filhos?

Compartilhe este conteúdo:

O curso de Psicologia conta, em sua grade curricular, com o Estágio Específico em Processos institucionais e de Saúde, contexto em que o portal (EN)Cena é um dos cenários de prática. Durante o estágio foi percebido o quanto questões culturais afetam a saúde mental das pessoas, e com intuito de estudar e aprofundar esses aspectos no que tange principalmente a saúde mental da mulher, propusemos essa roda de conversa com a intenção de conhecer e entender como mães feministas têm criado/educado seus filhos (meninos).

O bate papo foi mediado pelas estagiárias, Bárbara Fronza e Mayara Bezerra e pela supervisora de campo Mayelle Batista da Silva. As participantes do bate papo foram escolhidas e convidadas a partir de indicações das estagiárias, sendo A. mãe de dois meninos de idades 6 e 9, M. mãe de dois meninos com idade 6 e 8, e R. mãe de dois meninos com idades de 2 e 7 anos.

O bate papo ocorreu virtualmente na plataforma Google Meet, o formato foi diretivo, porém livre para assuntos e temas fora das questões estruturadas, que apesar de não atuarem diretamente no tema proposto, acabam por entrar no cotidiano das mães, suas famílias e rotinas. 

Foram apresentadas algumas questões disparadoras para promover as discussões, conforme apresentado a seguir:

(En)Cena: Como vocês se descobriram feministas?

  1. sic [quando eu descobri que o meu segundo menino era menino, eu falei graças a Deus, eu já entrei nessa loucura, vamos endoidar de vez, a casa vai ser barulhenta e pendurada, do jeito que já era o primeiro. Não que a menina não pudesse né, mas que eu já estava acostumada naquele ritmo e eu sempre falei tenho medo de ter filha mulher porque eu não sou delicada e não sei ser delicada, fui criada em um meio muito conservador, então naquele momento da minha vida tudo isso representava uma quebra muito grande da imagem que a gente tem de que uma menina tem que ser assim].
  2. sic [sempre fui muito contestadora, meus pais sempre foram muito machistas, criaram eu e minha irmã de forma muito machista, do tipo ‘tem que casar virgem meninas são pra casar’, mas eu só queria saber de estudar. Me assumir feminista foi um processo natural, eu já era feminista antes de ser mãe, ser mãe de menino só reforçou minha preocupação, a partir do momento que fiquei grávida e vi que era um menino, pensei “e agora, como vou criar esse menino diferente dos homens que eu conheço?”, “como vou fazer isso em mundo extremamente machista?”, a gente tá cercado o tempo todo de atitudes machistas e muitas vezes as pessoas nem se dão conta que alguns comportamentos são comportamentos machistas].
  3. sic [eu sempre fui a ovelha negra da família, tenho quatro irmãos, tem a minha irmã, ela é mais velha e temos a diferença de 10 anos e no meio de nós tem três homens então praticamente fui criada com eles, sempre vivi no meio de homens, meus pais não eram preconceituosos,  mas também não entendiam, não incentivavam, tinham atitudes diferentes, era o que é sociedade achava e colocava como normal para eles né então tem muitas coisas do tipo de dormir na casa de amiga, viajar sozinha escolher que faculdade queria fazer, colocavam barreiras, não eram explícito o que eu não poderia fazer mas eles também não gostavam e não incentivaram, mas enfim, eu sempre quis fazer minhas coisas].

Durante o bate papo as convidadas trouxeram assuntos que são relevantes, mas que na prática acontecem diferentemente de como são abordados na teoria tipo: inclusão social, sentimentos, tarefas domésticas e divisão de afazeres, machismo e diversidade de gêneros.

(En)Cena:  Qual é a maior dificuldade em educar meninos sendo uma mãe feminista?

  1. sic [os meninos são ensinados a não chorar, aqui em casa fazemos diferente, os meninos choram, demonstram fragilidade, mas a minha maior dificuldade é ensinar eles a expressarem sentimentos e ao mesmo tempo serem fortes.]

O assunto “expressão de sentimentos” foi muito explorado durante o bate papo, e elas trouxeram questões sobre o quanto abordar esse assunto é relevante, tal como uma das convidadas aponta:

  1. sic [tratar de sentimentos é muito importante, principalmente porque hoje existe muito o fato de inclusão social e meu filho estuda com um colega especial (autista) por isso tento explicar que existe uma diferença, mas as vezes fico em dúvida se é bom falar mesmo sobre essa diferença ou não, por causa de brincadeiras que podem não ser interpretadas da mesma forma, mas eu tento explicar.]

Do mesmo modo, elas trouxeram a questão da diversidade em várias perspectivas, incluindo assuntos sobre gênero e família:

  1. sic [existem diversos formatos de família e fazer ele entender isso com naturalidade é a melhor coisa, achamos que não vamos dar conta, mas sendo mãe a gente dá. É responder apenas o que é perguntado e eles vão entendendo de forma natural e sem preconceitos.]
  2. sic [como não convivemos com nenhum casal homoafetivo, fico pensando que se eles não conviveram não vão entender, e por isso tenho exposto eles a conteúdos que tratam sobre esse assunto, para que eles aprendam de forma natural sem que eu tenha que sentar e conversar sobre esse assunto.] 

(En)Cena: Sobre a afirmação “ser mãe é sinônimo de culpa!”, vocês sentem esse sentimento?

  1. sic [a culpa é uma coisa que me acompanha em todos os aspectos da minha vida, com os meus filhos ela é terrível, então assim, se não tá comendo a quantidade de vegetais que eu queria, é minha culpa e aí eu me sinto mal por causa disso, eu me culpo e acho que a culpa acaba atrapalhando a gente de prosseguir, não é uma definição ou uma estratégia ela só é um peso, não é nada que ajuda em muita coisa mas eu me sinto culpada em tudo e em todos os aspectos da vida deles.]
  2. sic [nunca tive, sempre quis ser mãe, desde pequena essa foi a única decisão que tive e não mudei ao longo da vida, que quando veio para mim foi muito resolvido, outra questão que sempre tive é que eu teria uma profissão e iria exercer essa profissão, que eu não renunciaria a ela por nada e nem por ninguém.]
  3. sic [essa questão de mãe que abre mão é algo que queria fazer se tivesse disponibilidade financeira, mas não, também nunca tive aspiração de ser só dona de casa, a maioria das mulheres que conheço e que fizeram isso, hoje são mulheres de meia idade e são frustradas, pois deixaram de viver a vida delas para viver a da família.] 
  4. sic [sou bem resolvida nessa questão da minha vida, graças a Deus cheguei nela pelos caminhos que foram me levando, trazendo onde estou, tanto é que tive filho mais velha, fiz minhas coisas, quando chegou a maternidade eu estava mais madura, então a maternidade veio realmente para somar no meu relacionamento e na minha vida, então em relação a ter tido essa escolha de ficar em casa e cuidar dos meninos foi uma escolha minha mesmo, sempre tive uma rede de apoio muito boa, de mãe, sogra, pai, irmãos e condições financeiras também, mas comigo já foi o contrário quando eu estava no meu trabalho eu não estava completa eu ficava só pensando no meu filho, então quando resolvi sair do emprego e fui para dentro de casa cuidar 24 horas, ficar por conta  de ensinar e participar e está ali junto isso me completou  e me deixou bastante feliz.]

Além desses assuntos, foram abordadas outras temáticas relevantes associadas ao modo de como a cultura influencia na educação e no modo de como essas mães se posicionam em relação ao ambiente e a cultura que elas estão inseridas, mas isso será assunto de outra produção, considerando a relevância que esses temas têm para a sociedade em geral, bem como em relação a saúde mental da mulher.

As mães participaram de forma muito ativa e descontraída, trazendo relatos e experiências pessoais e familiares, com exemplos de como ensinam os seus filhos assuntos como: divisão de papéis, tolerância à frustração e como naturalizam isso, instruindo eles a demonstrarem sentimentos e ao mesmo tempo se defenderem, respeitando as diversidades mesmo quando essas não são do convívio deles, tornando assim, esses assuntos mais naturais construindo novos repertórios comportamentais numa direção muito mais diversa e de aceitação.

Embora as convidadas tenham relatado sobre essas experiências, ainda assim, estas são passivas de generalidade, considerando que são muitos os fatores que influenciam na realidade social e cultural de cada indivíduo e família.

Compartilhe este conteúdo:

Sofrimento e arte – (En)Cena entrevista a artista Laís Freitas

Compartilhe este conteúdo:

“A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem”.

O Portal (En)Cena entrevista a artista plástica Laís Freitas, de Palmas-TO, para conhecer o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo olhar da jovem pintora de 18 anos que utiliza das redes sociais como meio para divulgar e comercializar seu trabalho.

Durante a conversa, Laís explica como é ser jovem, mulher e pretender viver de arte no Brasil, apontando os desafios impostos pelo machismo estrutural. A artista também fala sobre os aspectos de saúde mental na sua obra mais recente, a série de quadros “ilusão”. Para ela, o pintar e a possibilidade de se expor e se expressar têm efeito terapêutico e chama a arte de “salvação” que oportuniza tanto ao artista como ao expectador, acessar e entender sentimentos que nunca haviam sido percebido.

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, mulher, jovem, artista  e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Laís Freitas (@aloisam_) – Como jovem artista, vejo que ser mulher nos dias atuais de pandemia é uma constante luta, em todos os aspectos. Ao longo da história conseguimos como feministas muitas conquistas, mas ainda existem muitas pautas a serem tratadas. Com um olhar sensível, observo que o sofrimento da mulher, incluindo o meu, parte de um sentimento de solidão, diante de uma cobrança muito grande que fomos ensinadas desde pequenas, o peso do mundo em nossas costas, que claro, parte de um machismo estruturado da nossa convivência.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –  Ao falar sobre a sua série de quadros “ilusão” no post do Instagram , @aloisam, do dia 25/04/2021  você afirma ter descoberto que o pintar te salva, quando permite contar a sua história. Como você entende a relação entre arte e saúde mental?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Como disse na minha postagem, vejo o momento da pintura como uma “quase meditação”, é o momento que mais me sinto conectada comigo mesma, pelo processo ser demorado e estar transcrevendo meus sentimentos em símbolos.

 Nunca fui de me abrir conversando sobre meus problemas, mas sinto que me encontrei na minha pintura. Acho mais fácil escrever sobre o que estou passando e transformar em desenhos, me expresso dessa forma. Às vezes quando falo sobre esse processo com alguém, brinco que se não pintasse eu explodiria, porque desconheço forma mais eficiente de expressão. A arte é salvação, tanto para o artista quanto para o expectador, com ela conseguimos acessar e entender sentimentos que nunca tínhamos percebido, ela é sensível, conta uma história.

(En)Cena –    Como artista jovem em 2021, qual sua perspectiva diante do mercado de trabalho tão modificado e adaptado pela pandemia, com inúmeras possibilidade de interações comerciais online por meio das redes sociais?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Com a pandemia, todos tivemos que nos reinventar. Já havia o pensamento de ter uma renda com o mercado online, mas não como eixo principal. Essa adaptação, para mim, abriu meus olhos para outras oportunidades e uma interação com o público muito rápida. A necessidade de criar conteúdo nas redes sociais confesso que me assusta um pouco, percebo que é mais fácil falar com mais pessoas, mas conseguir manter uma visibilidade e crescer em cima disso é mais difícil. Em relação a vendas, uma queda bem grande, a arte querendo ou não, no sistema econômico que vivemos quem compra é quem tem dinheiro, e com a pandemia trabalho está escasso então ninguém tem renda para contribuir no trabalho de um artista.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena – Quais os desafios de ser mulher e querer viver de arte no Brasil?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Lembro-me da primeira vez que fui ao MASP, logo quando entrei havia um poster enorme do grupo Guerrilla Girls (de Nova York) com um texto adaptado “as mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?” e logo embaixo dados afirmando que apenas 6% dos artistas do acervo em exposição eram mulheres (2017).

Como mulheres, não temos visibilidade, ainda mais na arte que temos pouquíssimas referências ao longos dos movimentos. Por exemplo, em 1909 foi lançado o “Manifesto Futurista” de F. T. Marinetti que fundamentou a vanguarda europeia “futurismo”, em que dizia em seu texto ”Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.”. Sabemos que a arte, assim como todas práticas intelectuais, sempre foram afastadas das mulheres mas, porque ainda não temos visibilidade até hoje?

A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem. Essa, na minha visão, é a maior dificuldade de ser mulher e querer viver de arte, não temos a representação e a fama que um homem teria fazendo a mesma coisa. Por isso acho tão importante o movimento de mulheres apoiarem umas as outras, pois outros não vão fazer isso por nós.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Alguns dos seus quadros trazem imagens de rostos, mãos e órgãos humanos. Num tempo de pandemia em que o corpo e a saúde viraram pauta de constantes sofrimentos físicos e mentais, de que tratam os corações da retratados na sua arte?

Laís Freitas (@aloisam_) –    A arte que faço é completamente minha, todas as faces mesmo que não sejam meu rosto, de alguma forma sou eu, assim como os corações e mãos. Minha última série “ilusão”, foi uma tentativa de me colocar em primeiro lugar, sem ter vergonha de mostrar fragilidade, por isso são todos autorretratos. Antes me escondia por medo de demonstrar sentimentos, tanto que publicava os quadros, mas não conseguia escrever sobre eles para explicar para o público o intuito do quadro.

Com muito esforço de passar por um processo de autodescoberta e aceitação, consegui parar de ter medo de demonstrar sentimentos através dos textos sobre os quadros. No primeiro quadro da minha série, que deu início a todos os outros, explico sobre essa “ilusão” de idealizar o sofrimento e até fugir dele, com medo da solidão. Mas a partir do momento que me permito sentir essa dor e percebo que faz parte do processo, essa solitude não incomoda mais, e até passo a gostar dela.

Para mim, o coração é o símbolo dos sentimentos e desse sofrimento. Demonstro as etapas da minha vida como as sensações que sentia no meu coração. Demonstrei ele pertencente a alguém, livre, sereno e também com fome.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Acredito que com essa pandemia, conseguimos ver ainda mais o que as mulheres passam em casa. As taxas de feminicídio só aumentam, relações abusivas disfarçadas de amor é o que mais têm. Que essa solidão que falei sirva de aprendizado, o sofrimento da cobrança em cima de nós é muito grande.

Revoluções assim, são de extrema importância. Todas entendemos o conceito de feminismo, ainda que tenha muito tabu em cima, devemos nos apoiar, creio que seja a única saída, o movimento de mulheres para mulheres.

Compartilhe este conteúdo:

Dia Internacional da Mulher: temos motivos para comemorar?

Compartilhe este conteúdo:

Chegamos em mais um dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mas com poucas razões para celebrar. O número de casos de feminicídio e violência contra o sexo feminino não para de crescer.

Antes da pandemia, por exemplo, o instituto “É Possível Sonhar”, que atende crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica, recebia de 5 a 12 casos por semana. Agora, o número gira em torno de 18 a 23 casos. E os dados só aumentam. 

Não é segredo para ninguém que a violência sempre existiu, mas o isolamento social fez evidenciar casos em que o homem agredia psicologicamente a mulher. Então, a parceira mesma procurava justificar tais atos como momentos de chateação ou raiva pontual do companheiro, pois, para muitas, o abuso só acontece quando chega a agressão física.

Para entender o que é abuso, é preciso esclarecer primeiramente o que é um relacionamento saudável. Geralmente, trabalhamos com a cultura, crença e a idealização do “para sempre”. Essa ideia fantasiosa facilita a manipulação do agressor, que primeiro prende com palavras sutis e muito carinho, o que dificilmente faz a mulher enxergar o controle extremo.

Fonte: encurtador.com.br/qwLOW

Os agressores/assassinos justificam os atos como forma de amor, ciúmes ou até mesmo dizem que foram provocados. Essas questões são fatores cruciais para impedir e desencorajar a mulher de pedir ajuda.

A manipulação faz com que a pessoa se sinta culpada e alimente pensamentos como se não estivesse com tal roupa não iria provocar outros homens e o parceiro não sentiria ciúmes, já que se sente ciúmes é porque a ama. Esse tipo de pensamento gera um grande perigo. Por isso, precisamos urgentemente parar de romantizar algo que não é normal. Sentir ciúmes é um descontrole emocional causado pelo sentimento de posse.

Quando o indivíduo só diminui a pessoa, ofende, controla suas amizades, roupas e lugares aonde você vai, cuidado. Pode estar enfrentando um relacionamento abusivo. Você não é posse de ninguém. Um casal precisa andar de acordo mútuo, com amizade e respeito.

Além disso, não tem como generalizar, porque cada caso é um caso. Há muitas mulheres que sofrem de transtorno de personalidade dependente e vão sentir um vazio ou até mesmo uma dor por não estar com companheiro ao lado. Mas a pessoa precisa aprender a se amar.

Ninguém nasceu para ser maltratada. No entanto, muitas vezes podemos entender isso como um ciclo de como nossos pais nos tratavam. Porém, para compreender o que realmente acontece é necessário, primeiro, entender o que é um relacionamento saudável. Por isso, ao primeiro grito, procure o diálogo e, se persistir, busque ajuda. É possível sonhar e recomeçar, basta pedir ajuda e entender quem você realmente é, as coisas boas que pode conquistar e viver.

Compartilhe este conteúdo:

“As sufragistas” à luz da análise de contingências

Compartilhe este conteúdo:

A busca pela compreensão da conduta humana pode a princípio ser resumida no seguinte questionamento: “O que a pessoa fez?”, assim se identifica o comportamento. Posteriormente, poderíamos questionar “O que aconteceu então?”, assim são identificadas as consequências do comportamento. (SIDMAN, 1995, p. 104-105 apud MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 145). Os questionamentos supracitados resumem muito bem o que se conhece como “análise de contingências”.

A versão online do Dicionário Michaelis explica que contingência é “caráter do que é contingente”. Por sua vez, “contingente” é descrito como algo “que pode, ou não, suceder ou existir, duvidoso, eventual, incerto. Já no paradigma behaviorista, contingência é a relação que há entre o comportamento emitido e a consequência dele (MORÁN, 2010). Shimabukuro (2010) escreve que contingência se refere a uma relação de dependência entre eventos ambientais ou entre eventos comportamentais e ambientais, e apresenta a concepção de Sousa (2001) segundo a qual “o enunciado de uma contingência é feito em forma de afirmações do tipo “Se… então…”. A cláusula “se” pode especificar algum aspecto do comportamento ou do ambiente, enquanto “então” denota o evento ambiental consequente.

Compete, por fim, trazer à tona a análise funcional do comportamento, que nada mais é do que a busca dos determinantes da ocorrência do comportamento. Os eixos fundamentais de tal análise são os paradigmas respondente e, principalmente, o operante. Sob uma perspectiva behaviorista radical, os determinantes do comportamento estão na interação do organismo com o meio. “Skinner defende a existência de três níveis de causalidade do comportamento, que, em maior ou menor medida, estarão sempre atuando em confluência na ocorrência ou não de uma resposta de um comportamento” (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 146).

São eles: a) Filogênese – a nossa interação com o meio advém da evolução de nossa espécie. Nossas características fisiológicas e alguns traços comportamentais (comportamentos reflexos e padrões fixos de ação) são determinados pela filogênese. […] b) Ontogênese individual – esse nível de análise aborda a modificação do comportamento pela interação direta com o meio durante a vida do organismo. Em outras palavras, trata-se da aprendizagem por experiências individuais com o meio. […] Skinner defende que esse seria o nível de análise ao qual a psicologia deveria concentrar os seus esforços, uma vez que são os determinantes do comportamento mais relacionados à subjetividade e à individualidade de cada ser. [..] c) Ontogênese Sociocultural – por fim, o nosso comportamento será determinado por variáveis grupais, como moda, estilo de vida, preconceitos, valores etc. Nosso contato com a cultura estabelecerá a função reforçadora ou aversiva da maioria dos eventos. (MOREIRA; MEDEIROS, 2017, p. 146).

Para Skinner, se insistirmos em falar de “causa” na psicologia, devemos levar em conta esses três níveis de análise. Além disso, deve ser enfatizada a relação de troca do organismo com o ambiente, rejeitando a ideia de eventos mentais hipotéticos como causa de comportamento. Assim sendo, para explicar, predizer e controlar o comportamento, é preciso uma análise funcional – ou seja, descobrir qual é a função das respostas observadas – buscando no ambiente externo e interno os determinantes do comportamento.

Fonte: encurtador.com.br/orsJX

 

Breve discussão histórica

As mulheres burguesas passaram a se organizar em torno da luta pelo reconhecimento do direito ao sufrágio, ou voto, o que explica o fato de serem chamadas de “sufragistas”, na segunda metade do século XIX. As sufragistas, personagens centrais no filme ao qual este trabalho se presta a analisar, não somente lutaram pelos direitos políticos de todas as mulheres, mas também pela igualdade em outros aspectos e campos. Sua prioridade ao voto era devido ao fato de que, uma vez tendo conseguido esse direito, poderiam ascender aos parlamentos e assim mudar as leis e instituições. Na Europa, o movimento sufragista britânico foi o mais ativo. Em meados do início do século XIX, começou uma larga série de iniciativas políticas a favor das mulheres. No entanto, os esforços para convencer o Parlamento inglês sobre a legitimidade de tais direitos provocavam zombaria e indiferença, em campanhas midiáticas cujos conteúdos depreciavam o movimento sufragista.

Como consequência, o movimento passou a desenvolver ações mais radicais. Em 1913, Emmeline Pankhurst fundou, em Londres, a “União Social e Política das Mulheres”, cujas militantes protagonizaram uma infinidade de ações com grande repercussão midiática, tais como protestos, manifestações e greves de fome. Como resultado, a repressão foi severa com elas; a própria Pankhurst foi detida e condenada a três anos de cadeia e trabalhos forçados, sendo acusada de “atividades contrárias à segurança e estabilidade do povo inglês”.

Nos Estados Unidos, o movimento sufragista esteve inicialmente mui relacionado com o movimento abolicionista, um grande número de mulheres uniu suas forças para combater a escravidão. As ideias utilizadas para reivindicar a igualdade entre os sexos eram baseadas na lei natural como fonte de direitos para toda a espécie humana, na razão e ao bom sentido de humanidade. A Primeira Guerra Mundial foi fator mui importante na história do processo de emancipação feminina, já que os governos precisavam da entrada de mulheres nas fábricas frente a evidente escassez de mão de obra masculina. Terminada a guerra, as mulheres desenvolveram uma clara consciência de sua importância na sociedade. O caminho para conseguir o voto estava se abrindo no Reino Unido, ainda que na Nova Zelândia isto já houvera ocorrido em 1893, bem como em 1902 na Austrália. Em 1918 as mulheres britânicas maiores de 30 anos enfim podiam votar, em todo caso, só em 1928 à todas, em idade legal tal qual em relação aos homens, foi concedido o direito ao sufrágio.

No Brasil, as mulheres com renda podiam votar desde 1932. Em 1934, apenas aquelas que tinham empregos remunerados. Em 1946, o direito e a obrigação se estenderam a todas as mulheres. Em 1948, a ONU incluiu, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que os governos devem realizar eleições periódicas com voto secreto e igualdade de gênero.

Fonte: encurtador.com.br/sBS47

Análise de Contingências

O foco desta análise é o comportamento observável da personagem central do filme histórico “As sufragistas”, de nome Maud Watts. Nortearão tal análise os três níveis de causalidade do comportamento explanados por Moreira e Medeiros (2007, p. 146), os quais são “filogênese”, “ontogênese individual” e “ontogênese sociocultural”.

Levando em conta a filogênese, ou evolução da espécie humana, vê-se em Maud Watts, bem como também nas demais mulheres, a luta contra o aversivo e por uma situação mais confortável à sua existência. É uma característica peculiar à raça humana em seu desenvolvimento ao longo dos séculos, lutar pela sobrevivência e, à medida que é reforçada nesse empenho, evoluir, uma contingência que não seria possível caso a espécie humana não tivesse um necessário nível de maturação biológica. É importante frisar que a asserção “não seria possível” não implica que é a filogênese que causa comportamentos, mas que ela, como substrato biológico, “abre caminho” para que comportamentos ocorram.

A astúcia das mulheres, o pensamento estratégico contra o aversivo, as reações aos castigos físicos, a incansável luta ideológica ou, claro, as respostas mais básicas como as emocionais (por exemplo, raiva e choro), na verdade todo seu repertório comportamental não compreendia características por elas obtidas de uma hora para outra, mas fruto de uma longa história evolutiva vivenciada por seus antepassados, história cuja evolução se consistiu na progressiva adaptação ao meio, ou influência sobre este último, e na inteligência mais acurada cuja maior complexidade foi permitida pelo desenvolvimento biológico da espécie.

Resumidamente, a filogenia, muito mais que o “primeiro” nível de causalidade do comportamento do indivíduo, é o complexo substrato que torna possível, senão todos os aspectos observáveis, grande parte do repertório comportamental – o qual é expresso nos comportamentos respondentes e operantes – possibilitando tais comportamentos por toda uma vida.

O segundo nível de causalidade do comportamento é a ontogênese individual (MOREIRA; MEDEIROS, 2007, p. 146). O foco se restringe ao aspecto mais peculiar à personagem central, sua interação direta com o meio no qual estava inserida e a experiência decorrida desta interação, é neste nível de análise que estão presentes as determinantes mais ligadas à individualidade e subjetividade de um indivíduo. Para melhor compreensão, algumas contingências do filme, a partir de agora, serão enunciadas em afirmações do tipo “Se… Então…”.

Fonte: encurtador.com.br/fpCW9

Analisando o contexto familiar de Maud Watts, sexo feminino, 24 anos de idade, percebe-se que ela vive com seu marido e o filho pequeno. Subtende-se que a personagem central tem pouca escolarização. Se ela tem pouca escolaridade, então é explicado, não única e suficientemente, sua dependência em relação ao marido. Além disso, é evidenciada a interligação da ontogênese individual com a ontogênese sociocultural quando se considera o gênero da personagem como outro fator de sua dependência em relação ao homem, um comportamento submisso determinado por valores da época. Além disso, a opressão do Estado e sociedade sobre praticamente todos os aspectos da vida das mulheres também é fator importante da restrição do desenvolvimento intelectual e pessoal delas, explicando assim grande parte de seu repertório comportamental.

Se a submissão ao marido traz, em alguma medida, segurança à personagem principal, então ela segue em tal comportamento de submissão, reforçada pelo sustento financeiro do esposo, visto que o da própria é insuficiente, é reforçada pelo prazer que o filho lhe proporciona, assim seguindo embora no outro lado da moeda estivessem os estímulos aversivos, os quais consistiam nos abusos físicos e sexuais, os quais são mais evidentes na lavanderia onde a personagem trabalha.

A ontogênese sociocultural é o outro nível de causalidade do comportamento, muito bem explicitado no filme, sendo na verdade o nível principal da história, visto que se trata de um fenômeno social que envolveu várias mulheres unidas por um propósito. O movimento sufragista já vinha ganhando força e atenção por toda a Europa, convertendo-se em potente fator de comportamentos que caracterizaram a causa feminista.  No filme em questão, o primeiro contato da personagem central com as sufragistas ocorre acidentalmente enquanto ela levava uma encomenda. Ali ela viu mulheres depredarem lojas, e entre as tais estava uma colega de trabalho de Maud, exigindo direito de voto às mulheres. Esse primeiro encontro, embora indireto e substancial, desperta a curiosidade da personagem principal que pouco a pouco é envolvida pelo movimento, em virtude da influência direta de sua companheira de trabalho.

O comportamento feminista da personagem central toma proporções maiores a partir do momento em que ela vai ao parlamento inglês para assistir a um testemunho pretendido a conquistar a reinvindicação das sufragistas, no entanto, é a própria Maud que o apresenta no lugar de quem deveria fazer isso, tornando-se, por um momento, porta-voz da classe feminina. Por um lado, a personagem recebe reforço positivo por parte das sufragistas, no entanto, o contrário ocorre por parte do marido, que, num caráter um tanto punitivo, a ridiculariza por ela agora procurar exercer seus direitos.

A despeito do esforço das mulheres, as autoridades britânicas rejeitam a ideia de conceder às reivindicadoras o direito ao sufrágio, isso desencadeia nelas fortes respostas emocionais, logo a polícia reage com repressão violentíssima e algumas sufragistas são presas. A provisória perda da liberdade é para Maud uma dura punição negativa que, no entanto, não a afasta da causa sufragista, pelo contrário, parece reforçá-la nesse quesito, embora isso implique no descrédito e censura recebidos pelo marido e pela vizinhança.  – A persistência das mulheres é devido ao aprendizado de que elas estavam sendo ouvidas, embora ainda não atendidas, logo, seu ativismo vinha sendo funcional tendo em vista seu objetivo. – Tendo saído da prisão, Maud está evidentemente apegada ao feminismo, participando das estratégias e reuniões do movimento, e novamente é detida com outras mulheres. Por conseguinte, é expulsa de casa pelo marido. Agora sustentada pelas companheiras, Maud entra em uma fase mais aversiva, contudo, segue firme nos ideais feministas.

À essa altura percebe-se que o comportamento da personagem já não é o mesmo; Maud não mais aceita submeter-se a situações humilhantes e abusivas, chegando ao ponto de queimar a mão do seu chefe com um ferro de passar roupa. Em virtude disso, é detida novamente. – A detenção já não lhe perturba tanto quanto no princípio, a personagem habituou-se a tal estímulo aversivo. – Recusando-se a cooperar com as autoridades contra o movimento, a personagem mostra-se de fato interligada à causa das mulheres, já com seu comportamento mudado drasticamente, apesar das implicações aversivas que tal mudança trouxe, ínfimas aos olhos da personagem se comparadas com os reforços gradualmente obtidos na luta por uma vida melhor.

Discussão

Fica evidente no filme “As Sufragistas” o impacto do ambiente sobre a vida dos indivíduos, desde o grau mais subjetivo de cada pessoa até os aspectos mais notáveis de uma sociedade em determinado tempo. Levando em conta a personagem central, vemos como seu gênero biológico, sua vida privada e familiar são importantes na manutenção de hierarquias e valores de sua época. É também evidente a influência de um contingente mais amplo, o social, sobre o comportamento da personagem, a ponto de mudá-lo drasticamente. Além disso, percebe-se como a personagem habitua-se às variações do ambiente, a despeito dos estímulos e punições aversivos, bem como é reforçada pelos reforços positivos, as consequências agradáveis que aumentam a possibilidade de a personagem central seguir na luta pelos objetivos de sua classe.

Fonte: encurtador.com.br/fyNO4

Referências:

MORÁN, Luis Javier Rodríguez. Contigencias de refuerzo vs Fuerza de voluntad. Disponível em: < http://javierconductismo.blogspot.com/2010/07/contingencias-de-refuerzo-o-fuerza-de.html>. Acesso em 21 outubro 2018.

MOREIRA, Márcio Borges; MEDEIROS, Carlos Augusto de. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007, 224 p.

SHIMABUKURO, Fabiana Harumi. O que são Contingências. Disponível em: < http://wwwfabishimabukuro.blogspot.com/2010/06/o-que-sao-contingencias.html> Acesso em 21 outubro 2018.

Artigo originalmente publicado no site: <https://comunidadepsi.com/>.

Compartilhe este conteúdo:

Movimento Antipornografia alerta para o combate à indústria obscura da exploração sexual

Compartilhe este conteúdo:

20O portal (En)Cena entrevista Gabrielle Gonçalves, que é acadêmica de letras da Universidade de São Paulo (USP) e se sensibiliza com a ação que a página Recuse a Clicar promove. O movimento Antipornografia tem como principal pauta o não acesso a sites pornográficos, que possuem uma indústria obscura que objetificam a mulher em vários aspectos, banalizam a violência e suscitam outros crimes como a pornografia infantil, alusão a estupro e outros. Confira a entrevista a seguir:

(En)Cena – Me conta um pouco sobre o seu conhecimento desse movimento anti pornografia? Como ele funciona?

Gabrielle Gonçalves – Eu tive contato muito cedo com a pornografia. Ela foi parte da minha vida por vários anos e, durante muito tempo, normalizei bastante os vídeos que  assistia. Por vezes eu esbarrava em algum explicitamente violento e/ou problemático, mas só pulava ele e achava que estava tudo bem. Só que, conforme eu fui saindo da adolescência, fui tendo mais e mais contato com o movimento feminista. Numa dessas, conheci o movimento do Recuse a Clicar, e eles tinha várias matérias que basicamente diziam que aqueles vídeos que eu ignorava eram regra, não exceção. A partir deles, busquei mais informação e descobri diversos outros grupos anti-pornografia.

Fonte: encurtador.com.br/ewTU1

(En)Cena – Qual a relação do feminismo com esse movimento?

Gabrielle Gonçalves – A pornografia é especialmente violenta com as mulheres (cis ou trans) que nela atuam. Não é raro encontrar vídeos que mostram cenas de mulheres sendo sufocadas ou com expressões de dor. Inclusive, em uma entrevista feita pela Medium com uma ex-atriz pornô, ela afirma que “Quanto mais real era a minha dor,(…) mais visualizações os vídeos tinham”. (link para a entrevista)

Para além disso, existe a problemática do consentimento dentro da pornografia. Há quem diga que o pornô é aceitável pois todos os atores consentiram em estar ali. Porém, há um grande debate sobre se é possível comprar consentimento. Especialmente de mulheres em situação financeiramente vulnerável.

O movimento feminista busca ouvir essas mulheres que estão diretamente envolvidas com pornografia e acolhê-las, além de tentar garantir que nenhuma outra mulher tenha que passar por essa violência desnecessária.

Fonte: encurtador.com.br/cI134

(En)Cena – Quais são os principais males que assistir pornografia pode trazer para a saúde da pessoa, considerando que saúde envolve uma gama de fatores?

Gabrielle Gonçalves – Um dos problemas mais básicos, e que sempre surgem quando se fala dos malefícios à saúde causados pelo pornô é a disfunção erétil. Mas, pessoalmente, considero que os problemas mais sérios desencadeados pela exposição à pornografia são psicológicos. Veja, o consumo de pornografia desencadeia uma produção de dopamina. À medida que esse consumo vai aumentando, o corpo vai se acostumando com ele e a produção de dopamina diminui. Assim, para obter os mesmos resultados de antes, os usuários partem para outros vídeos, mais estimulantes e, eventualmente, mais violentos. Além disso, esse mesmo processo pode levar à depressão, visto que os picos de dopamina do usuário estão “desequilibrados”, por assim dizer. As coisas que antes causavam prazer, mesmo coisas inocentes, como ir ao cinema, de repente não têm o mesmo efeito.

Atrelado a isso, temos também a dessensibilização à violência. Como o usuário vai tendo contato com vídeos cada vez mais pesados, o que antes parecia inaceitável para ele, aos poucos vai se tornando rotina. Nas palavras de Carolina Dias, em seu artigo, a pornografia “cria uma realidade prejudicial, estabelecendo uma conexão entre a excitação e o estupro, humilhação, tortura, etc. causados às mulheres.”. (link do artigo)

(En)Cena – Você considera que a pornografia te afeta negativamente como mulher? De que modo?

Gabrielle Gonçalves – Sim. A pornografia afeta bastante o modo como eu me vejo. As mulheres retratadas normalmente passam por diversas cirurgias e procedimentos estéticos, ao ponto de, na maioria das vezes, não terem um pelo sequer no corpo. Isso acaba se tornando um padrão que, inconscientemente, eu e muitas outras mulheres buscamos seguir. Quando eu percebo que não consigo, sinto uma insatisfação muito forte. E esse sentimento tem origem já no início da minha adolescência, quando me percebi mulher. E isso não acontece só comigo. O simples fato de uma cirurgia estética como a Ninfoplastia, cujo objetivo é diminuir os pequenos lábios, existir e ser altamente procurada (de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil é líder em intervenções íntimas femininas no mundo!) já demonstra como esse é um problema enfrentado por muitas mulheres.

Compartilhe este conteúdo:

Criativas e dinâmicas, mulheres se reinventaram com mais facilidade para manter seus negócios vivos durante 2020

Compartilhe este conteúdo:

Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de Novembro, marca a força e táticas das mulheres para se manterem à frente de seus próprios negócios

O Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais, ou seja, até 42 meses, e foram responsáveis por 34% dos empreendimentos criados no Brasil em 2018, segundo o último estudo divulgado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), maior e principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, que contou com dados de 49 países. Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE, mostrou que atualmente cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil, o que representa 34% deste universo do empreendedorismo.

A pandemia ocasionada pelo coronavírus deixou seus lastros principalmente entre elas e estimativas dão conta que cerca de 52% tiveram que fechar suas empresas, seja temporariamente ou de vez. Mas, embora as mulheres tenham sentido mais os efeitos, foram elas também quem tiveram as melhores reações para se restabelecer. A capacidade de diversificar os pontos de vista na tomada de decisão foi essencial para oxigenar o negócio e definir uma nova relação entre cliente e prestador de serviço. Não é de se espantar, portanto, que o estudo do McKinsey Global Institute projetou o impacto financeiro de um cenário com participação plena das mulheres no mundo dos negócios: os ganhos no PIB mundial chegariam a US$ 28 trilhões até 2025.

Histórias de mulheres empreendedoras inspiram, como é o caso da Rosana Braem, que deixou a carreira estável em uma emissora de televisão brasileira para se tornar freelancer e ressuscitar uma paixão: produzir brownies e cookies. De pequenas e médias encomendas, logo Rosana sentiu a necessidade de alugar um espaço que funcionou como seu ateliê. Com o ritmo fluindo, inaugurou o Bendito em 2009, em Copacabana. Com apenas 28m², a simpática loja já funcionava com sua marca bem formatada, unindo estética à qualidade excepcional. Em 2014, instalou-se em um espaço maior, de 150m² no mesmo bairro e, num intervalo de apenas quatro anos, abriu mais quatro lojas. Foi ao abrir a quinta, que a empresária decidiu entrar no franchising, unindo-se à rede Espetto Carioca.

Fonte: Rosana Braem
Divulgação

Quem também abdicou de uma carreira estável no setor público para se lançar ao empreendedorismo foi Regina Jordão, CEO da rede de depilação Pello Menos. O começo na área, quando auxiliava um amigo médico, parecia mais tranquilo, até o marido ser desligado do trabalho e a necessidade bater a porta. Foi então que criou um centro de depilação em 1996, contrariando as projeções pessimistas de quem dizia que as mulheres no Rio de Janeiro não precisavam do serviço. De boca em boca e muita panfletagem, Regina mostrou às cariocas o produto de excelente qualidade que desenvolveu com uma amiga e que ameniza a dor e agiliza todo o processo. Não é a toa que o negócio que começou com investimento de R$ 40 mil alcançou um faturamento de R$ 46 milhões em 2019 e hoje tem mais de 50 lojas.

Fonte: Regina Jordão
Divulgação

E foi a necessidade que fez o negócio da Paula Machado sair do papel. Dentista por formação, precisava de uma solução segura e eficaz de esterilização do consultório odontológico que, em meio a pandemia do coronavírus, continuava operando. Foi então que a startup Meister Safe ganhou vida por meio das mãos dela e de mais dois amigos. Através de raios UV-C, aliada ao uso de tecnologia, a empresa desenvolve soluções customizadas e individuais de esterilização de ambiente. O que a princípio seria apenas para utilização própria, tornou-se uma ideia de negócio. Hoje, eles também oferecem uma solução para ser acoplada aos aparelhos de ar condicionado e reduzir a transmissão do Sars-Cov-2.

Fonte: Paula Machado
Lina Kyara

Camila Miglhorini criou o Mr Fit em 2013, a primeira rede de alimentação saudável a utilizar o conceito de fast food no Brasil. Saindo de uma reunião após o almoço, percebeu a dificuldade de encontrar um local com comida saudável e viu aí uma lacuna no mercado. Já experiente no ramo, formatou o negócio para operar por meio de franquias, com valores acessíveis e rentáveis. Vendeu o carro e apostou no sonho do negócio próprio. Hoje, comanda bem de perto as mais de 376 unidades distribuídas em 17 estados brasileiros. Durante a pandemia do coronavírus, para ganhar capilaridade, reduziu em cerca de 75% o valor de investimento dos modelos de negócios oferecidos pela sua rede e vendeu cerca de 190 novas franquias.

Fonte: Camila Miglhorini
Divulgação

A necessidade também foi o motivo que impulsionou a criação da Casa de Bolos. Aos 74 anos, Sônia Maria Napoleão Ramos, ou simplesmente ‘Vó Sônia’, como é carinhosamente chamada, hoje colhe os frutos de uma atitude tomada em 2009. Quando Rafael Ramos, o filho caçula, perdeu o emprego, a família viu-se obrigada a encontrar uma maneira urgente de complementar a renda e fechar as contas do mês. A ideia de fazer os bolos caseiros e sair vendendo pela redondeza ganhou não só as ruas de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, como pessoas que passaram a encomendar as iguarias e fazer o “boca a boca”, a propaganda mais eficaz do mundo. Hoje são 370 unidades e 10 anos de história.

Fonte: Vó Sônia
Divulgação

Há 10 anos construindo sua própria história está Melina Alves, fundadora e CEO da DUXcoworkers. A jovem que saiu de Passos, interior de Minas Gerais, aos 17 anos com vontade de transformar vidas, adentrou no universo do UX, que significa User Experience, por meio da publicidade, quando veio estudar em São Paulo. Encantada com o poder do ‘bom uso’ da tecnologia, Melina rapidamente se destacou na área digital e, envolvida com o tema, desenvolveu junto com a agência em que trabalhava o primeiro app de realidade aumentada. Estudando e investindo todo o tempo possível em sua capacitação e consolidando seu nome no mercado, tornou-se pioneira no Brasil a profissionalizar o tema, criando a primeira consultoria e coworking de UX.

Fonte: Melina Alves
Jhonatan Chicaroni

Enquanto umas transformam vidas de pessoas, outras transformam vidas de bichos. Foi assim com a Alexandra Gimenez, que sonhava em ter um espaço bem grande para poder socorrer os pets de rua e outros animais que precisassem de ajuda. O sonho de infância a motivou a criar um negócio: a AmahVet, uma clínica veterinária que reúne consultórios, centro cirúrgico, laboratório próprio com tecnologia de ponta e farmácia. Com boa gestão e controle de estoque, as consultas são realizadas por um preço acessível e podem ser parceladas em até 12 vezes, para proporcionar um atendimento digno a um número maior de animais de estimação. A clínica funciona há três anos, no bairro do Tatuapé, na zona leste da capital paulista e conta com mais de 10 diferentes especialidades veterinárias.

Fonte: Alexandra Gimenez
Divulgação

Compartilhe este conteúdo:

Estupro culposo não existe!

Compartilhe este conteúdo:

Cada vez mais ASSUSTADOR SER MULHER….
Mulheres , VAMOS NOS UNIR! Nesse caso, vocês não precisam se declararem FEMINISTAS para se INDIGNAREM…. Basta SERMOS MULHERES….. eu preciso escrever sobre isso…

E essa nova ABERRAÇÃO do judiciário brasileiro: O ESTUPRO CULPOSO?

QUE NOJO! ESTUPRO é ESTUPRO e ponto final.
Cansada de ser ” atropelada” diariamente por um sistema de convenções sociais que nos IMPÕEM UM MOLDE para que sejamos consideradas MULHERES DE BEM.Porque DECIDI SER INDEPENDENTE, já ouvi cada ABSURDO ” Eu disse para a minha mãe que a senhora é MARAVILHOSA. Mas, ela disse que a senhora tem algum defeito grave porque nunca casou “- Como se o SUCESSO de uma Mulher tivesse diretamente ligado ao casamento. Não casou? Tem defeito! Aff!

” Olá! Tudo bem? Sozinha? Precisando de companhia?”- nas noites que ouso sair para curtir minha solitude. Como se NENHUMA MULHER TIVESSE O DIREITO DE SAIR SÓ PARA FICAR SÓ…

Ouvir Boa música, tomar um bom vinho e se inspirar para escrever….Não Pode? Sempre a mulher tem que estar acompanhada? E se sair só? “Está procurando homem, com certeza!”- pensam muitos.

“A senhora fez reserva só para uma pessoa?”. Respondo ” Sim! Estou só”..
O atendente responde atônito ” A senhora está viajando Sozinha?”..Como se viajar só fosse atributo somente dos homens ” fortes e destemidos”.
” A senhora não tem marido, nem namorado, nem ficante, nem ” peguete” ..nem um ” contatinho”?

Que ABSURDO! Essa é problemática, FATO! .
Como se para sermos completas, temos que ter sempre a presença masculina ao lado…Se não temos, ALGO ESTÁ ERRADO!
Nós, Mulheres, independente da idade, vivemos sob a égide da submissão à presença masculina. Vocês já perceberam?

Já escrevi mil vezes, que MULHER EMPODERADA é aquela que luta e conquista O QUE ELA QUISER SER….Casada…Solteira….Enrolada….Antenada…..Desligada…
Estar acompanhada é Maravilhoso…mas se ” não rolar”…estamos bem! Somos independentes, lembram?

A decisão é nossa! Respeitem-nos!

Nós somos donas do nosso corpo! Aprendam, de uma vez por todas:
1- Ser simpática e educada não significa ” dar mole”…
2- Sair sozinha não significa ” estar disponível”
3- Meu corpo…Minhas regras…
4- NÃO É NÃO!

ESTUPRO CULPOSO NÃO EXISTE!

Cada corpo de mulher violado, sem consentimento, VIOLENTA TODAS NÓS!

Por isso, JAMAIS DEFENDA UM ESTUPRADOR! JAMAIS!

Compartilhe este conteúdo: