Fonte: Imagem de arquivo próprio

Psicologia no Esporte: Roberto Burns fala sobre a atuação do psicólogo no futebol

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O (En)Cena entrevista o psicólogo Roberto Burns, que carrega em sua história um laço antigo com a Psicologia do Esporte. Quando criança, começou a jogar futebol, que é enraizado em suas origens familiares, e ainda menino se apaixonou pelo esporte. Iniciou trabalhos na área do futebol em estágios quando cursava Psicologia e atualmente possui experiência como coordenador técnico esportivo; técnico e auxiliar técnico de categorias de base e Analista de Desempenho de futebol profissional.

Roberto possui foco em clubes e escolas de futebol; consultoria para atletas de alto rendimento e atendimento clínico para redes (casais e famílias). Em 2023, o psicólogo fundou a empresa Ampliase, que atua na coordenação e consultoria para atletas e equipes de alto rendimento.

(En)Cena – Roberto, como foi a escolha de trabalhar na área da Psicologia do Esporte?

Roberto Burns – O esporte no geral, mas especificamente no futebol, está na minha vida desde o início. Meu pai sempre foi apaixonado por futebol, jogou futebol, meu avô jogou futebol, então isso vem muito forte desde as minhas origens familiares e também acabou que durante o meu desenvolvimento fui pegando gosto também. Joguei futebol de forma competitiva, nunca fui um atleta de algum clube relevante, sempre atuei em Palmas, mas em escolinhas foi de forma competitiva até os 11, 12, 13 anos. Consequentemente, fui pegando gosto não apenas pela parte do jogar o futebol, mas também compreender o jogo e as situações. Entrei no curso de Psicologia, depois disso comecei a conhecer um pouco a Psicologia do Esporte e acho que foi um caminho construído já desde a minha infância que culminou com a Psicologia e a atuação nessa área. Foi algo que eu tinha esse interesse e ainda no 8º período já comecei a atuar em estágios e logo que me formei também já estava basicamente encaminhado em um clube que eu já havia feito estágio anteriormente.

Seu trabalho é focado em algum ramo específico do esporte?

É focado no futebol. Eu ainda não tive experiência e também não tenho bagagem teórica para outros esportes. No futebol, especificamente, eu pude juntar a parte técnica por ter trabalhado na parte técnica como analista de desempenho, técnico e auxiliar técnico do Palmas nas categorias de base dos 14 até os 17 anos de idade e depois sub-20 também. Atuei na equipe profissional como analista de desempenho, então muito dessa parte técnica eu estudei e experienciei e alinhando essa parte técnica alinhei também a parte mental com a Psicologia. O meu foco hoje é integralmente no futebol, não excluo outras possibilidades, mas hoje é onde me sinto seguro e onde me traz desafios e motivação para trabalhar.

Como é a atuação do psicólogo no futebol?

O psicólogo no futebol contempla uma das áreas de atuação. Acho que tem que colocar a psicologia no lugar que ela deve estar. Eu não gosto de dar relevância exacerbada à nossa atuação e nem também de não dar a relevância merecida. Eu não concordo com a psicologia ser a salvadora do mundo. Mas também não concordo com algumas vezes em que ela é subestimada por fatores sociopolíticos, por fatores também de mercado que acabam englobando só os políticos. Então eu gosto de colocar a Psicologia no lugar que ela está hoje no futebol. A psicologia está integrada em uma das quatro partes de trabalho. No futebol a gente tem a parte técnica, que é a parte de tudo aquilo que tem a ver com a bola nos pés. A parte tática que tem a ver com posicionamento, leitura de jogo, filosofia do time, a parte física que envolve tudo aquilo que tem a ver com o corpo. Então, impulsão, aceleração, velocidade e força é a parte mental. E é nessa parte mental que a psicologia entra. Eu gosto muito de deixar a gente bem quadrado, onde eu acho que deva estar. Não só eu acho, mas enfim, pelas fontes, que é por onde eu sempre estudei e fiz os cursos. Eu entendo que esse é o caminho, então ela é uma das quatro partes de atuação, deve ser respeitada como tal, deve receber a relevância que cabe a ela. Hoje a gente está em uma crescente boa de questão de reconhecimento. Tem uma disputa muito forte também com outras áreas que trabalham a performance em relação à parte mental. Então a gente às vezes está ali dividindo o mercado com alguém que trabalha com coaching, com mentoria esportiva, coisas do tipo. E eu acho que temos que trabalhar mais, tem que estar acessível cada vez mais sob o ponto de vista de linguagem, de conteúdo, para que consigamos fazer com que as pessoas compreendam a Psicologia como uma prática técnica e uma prática capaz de trabalhar em vários lugares, que a gente tira um pouco desse misticismo que existe em relação à Psicologia e passe a trazer ela cada vez mais para um mercado comum, não algo fora da caixinha. Resumindo, dentre as quatro partes de atuação dentro do futebol, a Psicologia entra em uma delas, que é a parte mental. Então, a comissão técnica é composta por pessoas que trabalham com a parte técnica, tática, física e também a parte mental.

Como é realizada a coordenação e consultoria para atletas e equipes?

Ela faz parte da empresa que eu criei em janeiro, que se chama Ampliase, uma empresa que tem foco na coordenação de projetos esportivos, não necessariamente na área de atuação da Psicologia. Então, eu trabalho em escolinhas de futebol, trabalho em projetos sociais e desenvolvimento, desenvolvendo metodologia e a parte da coordenação. Já a consultoria para atletas e equipes é outro ramo que eu trabalho dentro da própria Ampliase. Então, dentro da Ampliase eu tenho o trabalho dedicado à parte de coordenação, a parte de desenvolvimento de projetos. Aliado a isso tem a parte que entro com a Psicologia. Não que a Psicologia esteja separada uma parte ou outra, mas eu entro formalmente com ela na parte de consultoria para atletas. E o que é isso? Um pouco distante do processo psicoterapêutico. Eu, dentro da parte mental, dentro daquilo que eu sou capaz de propor. Reflexão de ampliar a visão do atleta sobre a perspectiva mental. Então a gente trabalha bastante a questão das emoções, a questão da ansiedade, como isso é aplicado no campo, como que não é. “O que eu posso fazer com isso? O que eu faço com o meu erro? Qual é o tamanho do erro? Qual é a importância do erro?” É uma parte em que eu coloquei como consultoria, porque eu acredito que seja isso. Então não é um processo psicoterapêutico, é um processo que eu faço intervenções mais práticas, intervenções às vezes mais objetivas. E, enfim, é um trabalho com atletas e hoje no futebol principalmente com atletas de base. Atualmente eu tenho trabalhado com mais de dez atletas, dos oito até os 17 anos. Coordenação esportiva e desenvolvimento de projetos esportivos não necessariamente é a parte psicológica. A consultoria é uma parte psicológica, mas que também não é psicoterapia. Tudo isso é endossado pela Ampliase como um CNPJ. Então, eu decidi traçar esse caminho para que eu pudesse fugir um pouco da imagem do Roberto e deixar isso profissionalizado em nome de uma empresa, porque eu acho que eu poderia ampliar a minha área de atuação e possibilitar novas oportunidades.

O atendimento é feito de forma individual e em grupo?

O atendimento é feito de forma individual em relação à consultoria. Eu atendo cada atleta de maneira diferente e a metodologia tem uma base, mas é bastante resiliente nesse sentido. Já o atendimento em grupo ocorre com as equipes. Hoje eu trabalho para o FlaPalmas, que é uma equipe de desenvolvimento de base aqui, mas é a equipe mais vencedora do estado. Esse trabalho eu faço quase que integralmente em grupos. Então eu trago os atletas para a clínica. Lá a gente trabalha várias perspectivas, mas principalmente o ponto é propor reflexões. Eu tento não deixar grandes frases de efeito, algumas máximas, eu evito fazer isso. Eu tento principalmente propor reflexão para que eles se compreendam enquanto grupo, se compreendam enquanto pessoas que se relacionam profissionalmente, se relacionam socialmente e, enfim, o foco e propósito são levantar temas do cotidiano que eles estão vivendo ou que eles não estão vivendo, o que eles podem viver, o que eles não podem viver. Tudo isso de maneira bem democrática, quase que como um facilitador do processo, né? Então, me baseei também na época que eu estudei na faculdade sobre Pichon-Rivière e gostava muito. Tem um foco bastante grande na questão da intervenção em grupos.

Como é executada a preparação dos atletas para as competições?

Eu acredito que é uma das partes do processo de preparação de um atleta em uma dessas partes em que eu atuo, que é a parte da Psicologia. Eu tento trazer os temas do cotidiano, trazer os temas às vezes que a gente consegue aprender na teoria e correlacionar eles no contexto do futebol. Então é o foco principal, propondo reflexão, dando espaço para que eles conversem, para que eles se compreendam, para que eles deem novos significados para determinadas situações. Pontualmente, vamos supor que os atletas vão estão se preparando para a Go Cup, que foi algo que aconteceu mês passado. A Go Cup, a maior competição de base do mundo, tem clubes do mundo inteiro. Ela corre em Goiânia. Então, um exemplo pontual do sub-9, eu trouxe os atletas para a clínica e debati com eles, conversei, trouxe visões que querendo ou não, quando a gente fala no papel de psicólogo ela é mais legitimada. Então, é aproveitar esse papel não para induzir ou para convencer, mas é aproveitar esse papel para conseguir fazer o máximo de reflexões possíveis. Eu trazia temas como motivação, como dificuldade, como objetivo. Eu trabalhei bastante a diferença entre objetivo e sonho. Ansiedade é o que mais é trabalhado, acho que na Psicologia inteira e no futebol não é diferente. Então, o que acontece com o nosso corpo durante a ansiedade, durante o processo de ansiedade? Como que isso de alguma maneira nos ajuda e nos ajudou historicamente? Como é que isso nos atrapalha e o que a gente pode fazer com isso? Então é bastante ampla a área de atuação.

Quais são os desafios de trabalhar com equipes?

Eu acredito que é aquela questão de colocar a Psicologia onde ela deve estar. Algumas pessoas vão creditar um valor à ela, que às vezes é um tanto exagerado como às vezes uma frase muito comum que é usada. O pessoal fala assim: “a mentalidade é tudo”, já eu não vejo por esse lado. Eu acho que mentalidade é um processo importante. Ou algumas pessoas que falam “eu não quero psicólogo na minha equipe”, nunca aconteceu comigo, mas pode acontecer e acontece no mundo inteiro. E aí vem o processo de você mostrar o valor da Psicologia na equipe. E eu acho que a dificuldade é você lidar com essas diferentes visões de conseguir caminhar em um rumo que você consiga ser justo no que está fazendo, sem passar por cima das pessoas ou deixar que elas passem por cima de você. É um processo. A Psicologia em si já é nova num contexto mais amplo, histórico. Mas, no futebol ela é bem recente. A gente teve um exemplo da Copa do Mundo de 2022 que foi bastante debatido, em que o treinador declarou que o psicólogo da equipe seria ele mesmo, não nessas palavras, mas deu a entender. Até aquele momento a gente via muita progressão, mas aí quando a gente vê um treinador da seleção brasileira, ou seja, hierarquia máxima dentre os profissionais técnicos no Brasil, dá uma declaração dessa a gente vê que às vezes não estamos onde deveríamos. E aí entra um debate muito gigante sobre por que os porquês disso ou não. Como que aconteceu, o que aconteceu para a gente chegar nesse ponto de estar debatendo isso? Eu acho que o passo principal que eu já repeti várias vezes é de nos colocar onde a gente tem que estar. E se a gente trabalhar onde a gente deve trabalhar e onde podemos trabalhar, as chances de darem errado são muito menores. Consequentemente, as chances de conseguirmos ser mais validados e conseguir ter uma maior credibilidade. Então, trabalhar dentro da ética, conseguir ter um respaldo teórico bom, mas principalmente conseguir se relacionar de forma ética e de forma segura sobre o que estamos fazendo. Acho que quando há insegurança, quando há uma dificuldade em passar o que a gente sabe, andamos uns passinhos para trás, mas quando a gente consegue mostrar de fato o que podemos fazer, como a gente pode fazer, sem receio do que os outros estão fazendo parecido ou semelhante, como por exemplo, o caso dos coaches. Eu acho que a gente consegue trabalhar da melhor maneira e aí, naturalmente, conseguimos assumir o lugar que a gente precisa de fato estar.

Seu trabalho é norteado por qual abordagem teórica da Psicologia?

O meu trabalho é baseado na perspectiva sistêmica e não necessariamente na abordagem, já que eu tenho trabalhado um pouco menos a questão da psicoterapia, mas o pensamento sistêmico, o paradigma sistêmico, a ciência paradigmática é algo que me pegou logo que eu li. A gente ainda não tem tantos materiais falando especificamente disso, mas é algo que me norteia desde sempre. Então, os princípios básicos que eu sou apaixonado, que é o da instabilidade, o da intersubjetividade e o da complexidade são os que me guiam e os que conseguem me dar um norte a ser seguido. Hoje eu acredito na psicologia sistêmica, no pensamento sistêmico novo-paradigmático.

Roberto, como é a atuação fundamentada na abordagem da Psicologia Sistêmica na área do esporte?

Eu pego esse pilar e pego muito do paradigma, que é algo que é bastante debatido nos livros, de que antes de a gente responder a uma teoria, a gente responde o paradigma, responde à visão de mundo que corresponde àquela teoria. E eu acredito fortemente nisso, que a gente não precisa estar munido de todas as informações, de todas as teorias existentes no mundo, mas sim tendo um comportamento que evidencia e que legitima. O nosso paradigma que legitima a nossa visão de mundo. Então, quando eu compreendo que eu não sou um especialista de conteúdo, mas um especialista de relação, que eu vejo o ser humano como um ser complexo, como um ser instável, intersubjetivo, ou seja, que trabalha ele em relação ao outro e, diferentemente, ele em relação a outra pessoa diferente desse outro, eu acho que a gente fica contemplado para trabalhar, não preso na abordagem e não preso no pensamento, mas abraçado pelo paradigma. E é aí quando você, abraçado pelo paradigma, consegue ter um trabalho muito mais confortável, mais seguro, mais afetivo e mais efetivo também.

Para você, essa fundamentação auxilia no manejo do trabalho e na compreensão do esporte e da atuação dos atletas como um conjunto complexo de elementos?

Acho completamente, não só um conjunto complexo, mas um conjunto instável, um conjunto intersubjetivo. Auxilia e como falei, nos guia de uma maneira confortável de se trabalhar e instigante para que consigamos cada vez mais novas reflexões e novas formas de se atuar que correspondam a isso. A fundamentação auxilia, contempla e nos dá força para que a gente consiga seguir.

Quais são os desafios a serem enfrentados pelo psicólogo esportivo?

O psicólogo esportivo, falando pessoalmente e também como classe, tem dificuldades em vários fatores. Eu acho que um dos que eu posso citar é encontrar o nosso lugar e saber se a gente é importante demais, se a gente é importante de menos ou se somos simplesmente importantes, né? E também conseguir passar tudo isso que aprendemos durante cinco anos de uma maneira acessível. Não passar os conteúdos, até porque alguns não devem ser passados, mas conseguir passar o que a gente pode e o que conseguir, é trazer a Psicologia cada vez mais a um contexto acessível, ainda mais num país tão inacessível sob o ponto de vista intelectual, sob o ponto de vista de conteúdos. São poucas as pessoas que conseguem acessar determinadas coisas e eu acho que a psicologia enquanto classe, quando ela consegue se aproximar da população, quando ela consegue se aproximar de quem precisa de forma integral dela, conseguimos fazer o nosso trabalho de uma maneira muito suave e muito mais segura, sem receio do que outras pessoas que trabalham também com isso possam tomar o nosso lugar. Eu acho que o caminho é bem objetivo nesse sentido. Nós fazendo o nosso com segurança, com ética, com acessibilidade temos o melhor a oferecer. E tendo o melhor a oferecer, a gente consegue superar os obstáculos. Mas, nesse caminho de acessibilidade eu acho que às vezes não conseguimos passar tudo e tu também não consigo às vezes passar o que conseguimos aprender. A gente tem uma dificuldade em questão de expectativa e realidade do que acontece dentro da prática da Psicologia e sofremos igualmente como qualquer pessoa que se forma e que atua com todos esses estigmas, né? Aí eu acho que já é algo mais generalizado, foge um pouquinho do esporte. Generalizações de que estamos sempre analisando, que somos pessoas calmas e que não temos emoções intensas e que conseguimos controlar as emoções. Eu acho que quando entramos nesse discurso, damos brecha para que as pessoas consigam ocupar os espaços que não deviam. Quando não criamos expectativas surreais, a gente se iguala. E aí, quando a gente se iguala, a gente tem um campo para trabalhar. Consequentemente dividido. Então, é fugir às vezes de um uma frase simplificada para exemplificar uma parte da atuação, sabe? É fugir disso e fugir de frases prontas e de receitas, porque não cabe a gente e não é o nosso papel. Tem muita gente aí fazendo isso de forma competente ou não, mas existem e elas estão fazendo. E eu acho que temos coisas diferentes a oferecer e que estamos conseguindo cada vez mais dar sensibilidade a isso.

Como a Psicologia contribui e pode ajudar para que os atletas alcancem um bom desempenho e alto rendimento no futebol?

A Psicologia é uma área de atuação junto ao preparador físico, junto ao técnico, junto ao auxiliar técnico e é um componente do processo. Ela ajuda a partir do momento que é efetiva e técnica, que ela é embasada, que ela é democrática, que ela sabe se relacionar e ajuda o atleta do alto rendimento. Ela ajuda o atleta que não é do alto rendimento, ajuda a pessoa, ajuda as redes dessa pessoa, os laços afetivos. Ela ajuda tudo quando é bem feito, quando é feito da maneira que temos o domínio e conhecimento pra fazer. Quando a gente escapa um pouquinho disso, ela já passa a se confundir com algumas coisas que não devem ser confundidas e às vezes também não são tão efetivas. Então, acho que a Psicologia contribui nesse sentido e especificamente no contexto que eu trabalho hoje, eu vejo que contribui principalmente na forma que nos relacionamos com os outros, que é um passo importante e decisivo no futebol. É uma base muito, muito, muito importante. Coincidentemente, a gente tem a TCC hoje com uma área de grande abrangência, de grande atuação na psicologia do esporte. Porque é uma demanda bem forte nesse sentido. E aí eu vou ali de cantinho trabalhando, porque as relações também, na minha visão, são algo que se não for de uma maneira saudável, se não for de uma maneira respeitosa, de uma maneira perspicaz, pode frustrar um processo inteiro. E se for de uma maneira eficaz, se for de uma maneira responsável, pode potencializar as pessoas de uma maneira impressionante

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A impetuosidade nos estádios de futebol: um estudo das perspectivas extrínseca e intrínseca

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O futebol como distração é apontado como a grande paixão mundial e descrito pelos entendedores do esporte como o maior acontecimento da sociedade dos últimos anos. Essa declaração é fácil de ser presenciada ao se observar o amor que os torcedores têm pelo seu time.

Contudo, há algum tempo que uma inquietação vem incomodando o cotidiano de todo torcedor que ama futebol: os episódios de violência que viraram habito nos estádios. Essa realidade tem distanciado o torcedor do estádio, que vem preferindo por, várias vezes, ver os jogos em casa, em seu conforto e, logicamente, longe da violência.

Nas análises de Paim e Strez, no momento em que uma pessoa entra para uma torcida organizada, ela está sendo exposta há situações de expansão de várias emoções, frequentemente reprimidas pelo grupo de torcedores dessa torcida organizada.  Assim, é a frente da torcida que esse indivíduo mostra sua identidade e começa a exteriorizar e se comportar de forma que não faria sozinho, expressando todo sentimento de impotência e desapontamento exclusivo seu, que foram desfeitas entre as arquibancadas.

Em relação a esse quesito, Filho se atentou que, se apropriando como paixão cultural, o futebol contém proporções positivas associadas a diversão e o incentivo e satisfação de várias pessoas. Entretanto, esse autor contou que o futebol também tem carregado a violência, em que um fragmento de componentes dos jornais esportivos vem demonstrando que, no campo, entre os jogadores, e na arquibancada, entre os torcedores, vem decorrendo um número muito alto de violência.

Uma das maneiras mais bárbaras de violência no futebol, vigente nos campos de futebol e nas arquibancadas, é o racismo, que curiosamente existe desde as origens do futebol, quando apenas brancos e nobres ricos podiam jogar futebol.

Silva e Votre salientaram que a comunicação social tem interferência muito grande na questão do racismo. De acordo com estes autores, quando o Brasil não consegue obter sucessos em competições importantes, todo tem a tendência em buscar um culpado para dar justificativa de sua derrota, e em geral, por meio da mídia, a culpa é dada aos jogadores negros.

REFERÊNCIAS

PAIM, Maria Cristina Chimelo; STREY, Marlene Neves. Violência no contexto esportivo. Uma questão de gênero? Revista Digital, Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 12, n. 108, maio 2007. Disponível em: www.efdeportes.com. Acesso em: 4 jun. 2007.

FILHO, Nei Alberto Salles. Futebol e cultura da paz: jogando para a paz. Plano de aula, Paraná, ago 2004. Disponível em: www.novaescola.com.br. Acesso em: 12 maio 2005.

SILVA, Carlos Alberto Figueiredo da; VOTRE, Sebastião Josué. Metáforas da discriminação no futebol brasileiro. Gramado, RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000. Trabalho apresentado no 8º Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa em dezembro de 2000 e no VII Congresso Brasileiro de História da Educação Física, Esporte, Lazer e Dança.

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Na hora de votar, seja um vencedor contra a corrupção

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Meu amigo eleitor

Escrevo esse cordel

Num ano em que o povo

Cumpre um honroso papel

Ansiando insistente

O momento em que a gente

Se alegra ou bebe fel.

O momento em que uns moços

De uniforme dourado

Representam nosso sonho

No presente e no passado

De ser campeão do mundo

O desejo mais profundo

Que já vimos alcançado.

Afinal, já somos penta

O país do futebol,

Nenhuma nação no mundo

Detém tão brilhante rol

De conquistas alcançadas

Vitórias tão celebradas

Faça chuva ou faça sol!

Tais vitórias são a mostra

Da tal criatividade

Que o povo brasileiro

Seja no campo ou na cidade

Demonstra quando precisa

E ninguém lhe dá a pisa

Garante tranquilidade.

Mas houve um tempo mau

Em que o país varonil

A grande pátria querida

Que chamamos de Brasil

Viveu dias mui sombrios

De cidadania frios

De pólvora em barril.

A alegria do povo

Só se dava no gramado

Onde nossa euforia

Contrastava um bocado

Com as torturas sangrentas

Sobremodo violentas

De jovem inconformado.

Os militares vieram

E saíram dos quartéis

Os tenentes, os majores,

Capitães e coronéis,

 Mataram a mocidade

Que queria a verdade

Do canto dos menestréis.

O canto de todo artista

Foi por eles censurado

Falar o que pensava

Era risco endiabrado

De um dedo-duro falar

Totalmente te ferrar

E tu ir engaiolado!

Mas, hoje, estamos livres

E o canso insistente

Da torcida brasileira

Antecede o batente

Da campanha eleitoral,

Depois, para bem ou mal,

Votamos pra presidente.

As Câmaras do Congresso

Tem sua renovação

De acordo com o voto

Dado pelo cidadão

Câmaras estaduais

Com muitos “vivas” ou “ais”

Sentem a transmutação.

 

(Deixa uma explicação

Eu aqui pronunciar

Câmara estadual

Assembleia vais chamar

Pois a métrica do verso

Me jogou em um reverso

Que eu tive que driblar!)

 

O voto é importante

Porque para funcionar

A nossa sociedade

Alguém precisa mandar

Que pelo povo eleito

Deve fazer o direito

De nossa nação cuidar.

 

Assim deveria ser

Desses nossos governantes

Desses nossos deputados

Que são os representantes

Por nosso povo eleitos

Para serem verdadeiros

Exatos, certos, brilhantes.

Só que a realidade

É infame e diferente

Candidato troca voto

Por tratamento de dente

Numa botina lustrada

A farra é consumada

De maneira inclemente.

E assim o nosso povo

É de novo derrotado

Pela tal corrupção

Pelo jeito tão errado do tempo eleitoral

Que se mostra o sinal

Do mal que tem se achegado.

E lá vai a cesta básica,

E o voto vem chegando,

Olha uma dentadura

Pelo voto se trocando,

Olha o povo azarado,

Com o direito negado,

Desespero assustando…

Saiba que quem vence a luta

Pelo espaço do poder

Nunca é o povo pobre

Enquanto não aprender

Que essa corrupção

Destrói a nossa nação

Não deixa nada crescer.

A vitória do país

Desta enorme nação

Vem da nossa consciência

Comandando a ação

O voto não mais vender

A consciência crescer

Produzindo a benção.

Chamo agora o povo pobre

Que venha se levantar

E nas suas mãos cansadas

De sofrido batalhar

Tome a rédea da história

E acabe com a esbórnia

Dos bandidos a reinar!

Dê voto com consciência

Não se deixa enganar

Pois quem compra o seu voto

Não irá se importar

Se a escola tá caindo

Pela reforma bramindo

Ele vai ignorar.

Ou então, quando a obra

Esse tal mandar fazer

Aproveita para a verba

Dentro do bolso meter

Porque ele é ladrão

Não tem consideração,

Por você, nunca vai ter!

Craque na cidadania

Tu precisas te tornar

Hábil como um Pelé

De precisão para driblar

Toda promessa vazia

Que de noite e de dia

Vem para te atentar.

Seja tu um Ronaldinho

Ou Robinho para votar

Em político honesto

Não queira desperdiçar

Em candidato fuleiro

Esse brado verdadeiro

Que na urna tu vais dar.

Brasil, país da alegria

O país do futebol

País que é maltratado

Pelo grande besteirol

Que é promessa vazia

Que tal vômito em pia

É falta de “cimancol”!

Meu país que tanto sofre,

O povo pode mudar

Essa história tão triste

Que nos faz todos

Penar que causa a comoção

E grande perturbação

Nos faz sofrer e chorar.

Meu país, se o povão

Vive para se esforçar

Decide que não quer mais

Sob engano se arrastar,

Saiba que a solução

Terá chegado, então,

Poderemos festejar.

Cidadão e cidadã,

Que estas setilhas leu,

Agradeço a atenção,

Mas peço um favor teu:

Dê o voto consciente

E coloque em sua mente

O que de mim entendeu.

Ilustração: Hudson Eygo

Transcrição: João Victor Morita

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Don Diego Armando Maradona, um gigante entre os gigantes

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É fato que o futebol mundial teve e sempre terá muitos ídolos. Mas os genuínos astros do esporte, aqueles personagens que surgem como joias raras, e que possuem a capacidade ímpar de revolucionar o esporte tornando-se deuses, estes, são verdadeiramente escassos.

Diego Armando Maradona é uma destas joias raras que aparecerem uma vez em décadas. Um craque que possuía talento invejável na condução da bola, aliado a sua força física, velocidade estupenda e domínio impressionante da posse da pelota.

Argentino de nascimento, Maradona é reconhecido e cultuado pelo mundo como um dos maiores talentos da história do futebol. Uma de suas principais características e maiores virtudes era a garra, a fibra com que entrava em campo. Pode-se dizer que é a personificação perfeita do mais alto padrão de estilo de jogo argentino.

Maradona possui uma trajetória um tanto quanto messiânica em sua vida profissional e pessoal, e em função disto acabou por tornar-se não apenas um jogador de destaque, mas um dos ícones argentinos de todos os tempos, comparado em popularidade com figuras históricas como Eva Peron e Carlos Gardel. Como um herói de revistas em quadrinhos vagava do fundo do poço ao céu, numa vida repleta de altos e baixos.

Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960, e fora revelado ao futebol pela Asociación Atlética Argentinos Juniors, equipe pequena, porém tradicional da capital Buenos Aires. Conta a história que seu talento quando criança era tão impressionante que pessoas vinham vê-lo jogar das mais variadas partes do subúrbio de onde morava.

Pela projeção que deu aos Argentinos foi rapidamente sondado pelo Boca Juniors, uma das mais tradicionais equipes da Argentina e do futebol mundial, e mais: seu time de coração, o qual defenderia por muitos anos. O Argentinos Juniors mais tarde, em reconhecimento ao grande craque, acabou por renomear seu estádio para Diego Armando Maradona.

Aliado as habilidades futebolísticas incríveis do jogador e a “passion” com que atuava, o futebol de Maradona foi se potencializando o que o levou a performances cada vez mais destacadas.

Aos 17 anos de idade Maradona já era convocado pela primeira vez para a seleção nacional de futebol e, nesta época, sua fama já se espalhava para além das fronteiras argentinas. Atuou dentro das quatro linhas como meio campista e atacante, na formação das jogadas e conclusões ao gol. Maradona possuía aptidão técnica espantosa, sendo um atleta muito diferenciado frente aos demais de sua época.

Quando apareceu para o futebol a Argentina vivia um momento especial no que se refere ao esporte, sagrando-se inclusive campeã mundial na Copa de 1978. Nesta oportunidade, o técnico da equipe era César Luis Menotti que não convocou “El Pibe de Oro” (O garoto de ouro) para o evento. Maradona viria a revelar depois que esta foi uma das maiores decepções de sua vida, uma vez que já brilhava como atleta apesar da precoce idade.

Talvez a principal característica de Maradona, aquilo que o diferenciou de fato dos demais, foi a sua incrível capacidade de arrancada aliado ao domínio de bola. Era como se a bola colasse em seus pés, assim ele poderia deferir velocidade espantosa para atacar os adversários.

Foi por várias oportunidades artilheiro de competições disputadas pelos clubes por onde passou, finalizando sua carreira com 365 gols apurados oficialmente.

O apogeu da carreira de Maradona ocorreu no ano de 1986. O jogador viria a se tornar a partir daí um dos imortais do futebol. Levou a seleção argentina à conquista do campeonato mundial do México. O contexto social e político na época eram conturbados para o país, que acabara de sair de uma guerra com a Inglaterra pela disputa da soberania do arquipélago das ilhas Malvinas, chamadas de Falklands pelos ingleses. Na ocasião houve cerca de 1.000 baixas militares, sendo dois terços deste montante de mortes argentinas (fonte:http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-a-guerra-das-malvinas). A partida de maior destaque deste mundial não poderia ser outra senão justamente contra a seleção inglesa, e esta ocorreu durante as quartas de final da competição.

Após a Guerra das Malvinas esta seria a primeira oportunidade onde os rivais se enfrentariam dentro de campo. Foi então que Maradona protagonizou alguns dos momentos mais lembrados da história do esporte. Primeiro viria a marcar um gol com a mão, encobrindo o arqueiro Peter Shilton. Com o punho esquerdo cerrado alcançou altura acima do goleiro inglês, levando a bola ao fundo das redes. Este tento ficou conhecido como “La mano de Dios”, após Maradona declarar ao fim da partida que “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios”. Aconteceria depois, então, um outro momento memorável do esporte, o segundo gol da seleção argentina, o qual recebeu a alcunha de “O gol do século”. Foi realmente eleito o gol mais bonito da história das Copas do Mundo. Maradona encarou uma fila de marcadores ingleses e foi deixando um a um os adversários para trás, com dribles curtos e rápidos, adentrou então à área e chutou para o fundo das redes defendidas por Shilton.

A Inglaterra ainda faria um gol, mas a vitória estaria assegurada e a Argentina passaria à próxima fase da competição.

A Argentina avançou após isto pela Bélgica e chegou a grande final contra a Alemanha Ocidental. A partida final foi também uma das mais memoráveis da história das Copas. A Argentina saiu ganhando por dois a zero, mas permitiu o empate no final do jogo. Foi então que Maradona serviu o companheiro Burruchaga que fez o terceiro gol argentino dando o título para a equipe.

O jogador foi laureado com o título de melhor jogador do mundo, honraria que receberia ainda em outra oportunidade por revistas especializadas. A FIFA criou o prêmio de melhor jogador do mundo somente em 1991.

Em clubes, foi pela Società Sportiva Calcio Napoli, da Itália, clube intermediário, sem grandes expressões no futebol italiano, que Maradona atingiria seu melhor momento. Maradona foi transferido para este clube após uma passagem com muitos altos e baixos pelo Barcelona. No Barça, Maradona chegou com grande expectativa na maior transação financeira do futebol até então. Porém, teve dificuldades de adaptação ao estrangeiro, além de sofrer lesões que lhe custaram períodos fora dos gramados e de se envolver em brigas dentro e fora de campo, as quais lhe renderem suspensões por tempos consideráveis. Apesar disso, a passagem de Maradona pelo clube catalão é lembrada pelos espanhóis, sendo que vestimentas e vídeos com gols do jogador são expostos no museu no clube, localizado nas dependências do estádio Camp Nou.

Maradona é, e sempre será lembrado no Napoli como um deus. A importância do atleta foi tamanha para a equipe, que o clube passou a ser uma das equipes mais importantes e famosas do planeta em sua época. Conduziu a equipe do Napoli ao título de dois campeonatos italianos e a conquista da Copa dos Campeões da UEFA, a Champions League no ano de 1989.

Para exemplificar a dimensão da popularidade de Maradona nesta época recorda-sea Copa de 1990, realizada na Itália. Maradona jogava então pelo Napoli e o jogador argentino, para a ira dos dirigentes italianos, chegou a fazer um apelo a população local para que torcessem pela Argentina e não para a Itália naquele mundial.

A repercussão do pedido tomou proporções mundiais, sendo alvo de críticas ferrenhas de boa parte da população italiana.

Por uma incrível ironia do destino a Argentina viria a enfrentar a Itália naquela copa na cidade de Nápoles! Após fazer uma primeira fase da competição medíocre, perdendo no jogo de estreia para a equipe de Camarões, classificou-se como melhor terceira colocada (pelas regras da competição na época).

Na segunda fase eliminou o Brasil, equipe que tinha até então 100% de aproveitamento na competição. O gol da desclassificação brasileira saiu com jogada de Maradona, que deixou Cláudio Caniggia livre para tirar a bola do alcance de Taffarel e, mandar para as redes brasileiras.

O jogo semi-final, contra a Itália foi decidido nos pênaltis, resultando com classificação da Argentina para a grande decisão. Maradona foi o principal jogador de uma equipe nacional de qualidade contestável, mas que ainda assim chegou ao vice-campeonato mundial perdendo o jogo final para a Alemanha, com um gol de pênalti numa marcação duvidosa.

A fama de Maradona vai muito além dos domínios das quatro linhas. Jogador polêmico envolveu-se em diversos escândalos públicos principalmente por problemas com uso de substâncias entorpecentes, em especial a cocaína. Este foi seu maior adversário em vida. Foi suspenso do futebol por períodos longos de tempo, após ser pego em exames antidoping, que acusaram uso da substância. No início da década de 90 tornam-se públicos seus problemas com o vício.

Amigo de figuras controversas como Hugo Chavez e Fidel Castro, Maradona procurou tratamento médico em Cuba no intuito de se livrar da dependência química.Em sua vida pessoal Maradona teve ainda dois filhos fora do casamento, os quais não reconheceu como seus. Chegou a declarar publicamente “Minhas filhas legítimas são Dalma e Gianina. Os outros são filhos do dinheiro ou do erro”. Esta figura carismática e controversa acumulou um histórico de brigas e acusações contra a FIFA e imprensa em geral. Chegou a atirar em um jornalista que fazia vigília em frente a sua casa, após um episódio de recaída do argentino em sua luta contra as drogas. Maradona literalmente quase morreu em várias oportunidades por problemas de overdoses.

Maradona foi eleito em 2002, pela FIFA, como o melhor jogador do século por votação na Internet. Na ocasião retirou-se da festa para não ter que cruzar com seu eterno desafeto, Pelé.

Dieguito recuperou-se das drogas e problemas de sobrepeso e, atacou ainda como apresentador na televisão argentina, no comando do programa de entrevistas e reportagens “La Noche Del Diez”. Seu primeiro convidado foi justamente o rival Pelé. Durante a atração Pelé e Maradona conversaram amistosamente sobre coisas ligadas ao futebol e sobre seus problemas com drogas, no caso de Pelé sobre seu filho Edinho, o qual foi preso por tráfico de drogas. Ao final trocaram passes de cabeça e cantaram juntos. Maradona receberia ainda no programa seu amigo Fidel Castro e outros ícones televisivos como Xuxa, e ídolos do esporte como Mike Tyson.

Após abandonar os gramados, viria a se tornar tempos mais tarde treinador de futebol, classificando a seleção nacional de seu país para a Copa do Mundo de 2010 disputada na África do Sul. A vaga foi obtida com dificuldades, com derrotas históricas para a Colômbia e Bolívia, e Maradona seria criticado pela forma como escalaria o time e treinava os atletas. A vaga foi conquistada em jogo derradeiro contra o Uruguai em pleno Estádio Centenário, na capital Montevideo.

Durante a Copa da África do Sul Maradona comandou a equipe que fez uma boa primeira fase, mas foi eliminado nas quartas de final com derrota incontestável para uma forte seleção da Alemanha por quatro gols a zero. Após a derrota Maradona foi demitido do cargo.

A saída de Maradona das atuações no gramado significou um vazio muito grande na história do futebol mundial e ainda mais na história do futebol argentino. Este ícone do esporte bailava em campo como um apaixonado pelo futebol como se dançasse um tango dramático, escrito por Gardel.

Em tempos onde se vive uma escassez de craques amantes do esporte, e aonde o dinheiro vem falando mais alto a cada dia, a saudade do futebol espetáculo, como o protagonizado por Maradona, fica cada vez mais latente. Sua perna esquerda será eternamente lembrada pelos lançamentos certeiros, dribles rápidos e chutes poderosos.

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As Necessidades históricas do povo brasileiro e a Copa do mundo 2014

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“O povo brasileiro tem uma longa experiência no combate permanente que trava com as classes dominantes, visando obter o triunfo da democracia (não a democracia burguesa formal, mas aquela que
mais de perto diz respeito à realidade econômico-social) e,
simultaneamente, objetivamente chegando ao aniquilamento
do imperialismo e do latifúndio”

(Carlos Marighella)

Mas afinal o que a Copa do Brasil 2014 tem a ver com ditadura empresarial/militar e com a democracia brasileira? Acreditamos que essa deve ser a primeira pergunta que aparece quando lemos ou ouvimos alguém relacionar temas, tempos e espaços tão diferentes e distantes a primeira vista.

Desde Outubro de 2007 quando foi oficializado que a copa do mundo de 2014 seria realizada no Brasil, povo brasileiro teve a promessa por parte do então presidente da república Luis Inácio Lula da silva da não utilização de verbas públicas para sediar a copa do mundo, mas não é isso que está acontecendo, vide Dossiê da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (S/D).

Quando foi mesmo que o povo brasileiro foi consultado sobre o investimento de verbas públicas para construção de estádios e rodovias ao invés de hospitais, creches, escolas, universidades, transporte públicos de baixo custo e de boa qualidade, reforma urbana, reforma agrária, sistema público de saúde de qualidade boa?

Segundo consta no Portal Popular da Copa e das Olimpíadas, só o governo municipal do Rio de Janeiro gastou 1,6 bilhões com a rodovia “Transcarioca”.

[…] Maracanã é emblemático. De 1999 a 2006, cerca de R$ 400 milhões foram gastos pelo governo do Rio de Janeiro em reformas que prometiam deixar o estádio pronto para o chamado “padrão FIFA” e para a Copa de 2014. Em meados de 2010, no entanto, o Maracanã foi novamente fechado para “reformas” para o mundial. Na realidade, o estádio foi praticamente implodido, permanecendo apenas sua estrutura, tombada pelo patrimônio histórico nacional. A reconstrução sairá a um custo total estimado em R$ 1 bilhão, mas que será provavelmente superado. (DOSSIÊ DA ARTICULAÇÃO NACIONAL DOS COMITÊS POPULARES DA COPA, S/D, p. 12).

Gawryszewski e Penna (S/D) fazem uma análise do que tem representado os megaeventos esportivos e concluem que seu caráter mercadológico, aceleram a circulação e expansão do capital, constroem grandes estruturas que se convertem em desocupação e muita miséria no cotidiano das populações atingidas pela obras “[…] a ampliação fetichizada do consumo capitalista totalmente descolada das necessidades humanas […] (p.01).

“Não existe” nada de boas intenções no deslocamento dos megaeventos esportivos dos países capitalistas desenvolvidos como Estados Unidos da América do Norte (Copa de 1994), França (Copa de 1998), Correia do Sul e Japão (Copa de 2002), Alemanha (Copa de 2006). Precisamos ficar muito atentos para as mudanças na “escolha” de países sedes para estes megaeventos a partir de 2008 – ano que marca uma nova crise cíclica estrutural do capitalismo, pois a intenção é taxativa, lucro sobre lucro.

Houve um direcionamento para os países ditos “em desenvolvimento”, essa expansão geográfica faz parte da estratégia do capitalismo de “se livrar” do excedente de capital produzido o quanto antes para que este não se desvalorize, fazendo assim, com que as taxas de lucros diminuam consideravelmente, Gawryszewski e Penna (S/D).

Sendo assim, a lógica capitalista – incontrolável e incorrigível – não permite a humanização dos megaeventos esportivos e do esporte de rendimento, pois os mesmos como vimos, não são produzidos para atender as necessidades da classe trabalhadora. Sem a superação do próprio modo de produção, reprodução e organização capitalista não “endireitaremos” nem o esporte muito menos os megaeventos esportivos. (RAMOS e LUDUVICE, 2013, p. 05).

Mas falar de megaevento esportivo no Brasil e não falar do papel que a Federação Internacional de Futebol Associado – FIFA– a Confederação Brasileira de Futebol[1] – CBF, o Comitê Olímpico Internacional – COI e o Comitê Olímpico Brasileiro vêm cumprindo é negar que sabemos que os mesmo são agentes tenazes do capital internacional[2].

Essas entidades segundo Vainer (2013) recebem do governo Federal, Estaduais e Municipais isenções de impostos, monopólios de espaços públicos, monopólio de equipamentos esportivos construídos com verbas públicas, os mesmo se dizem neoliberais, mas adoram um estado intervencionista para suas necessidades.

Todavia para nós o que existe de pior nestas concessões dos governos brasileiro é a Lei Geral da Copa, pois a mesma é uma “ultra-mega-violação” aos diretos do povo brasileiro, como por exemplo, violação explícita ao estatuto do torcedor que ferem o direito do consumidor, remoções forçadas, usurpação do direito de ir e vir, implementação de uma política implícita de “limpeza étnico-social”, Vainer (2013).

Essas são algumas das milhares infrações que o governos municipais, estaduais e federal tem cometido a mando das entidades citadas anteriormente e seus megaeventos esportivos, o rasgar da constituição pelos militares em 64 tem sido algo comumente feito pelos governos posteriores e o governo PT/Lula/Dilma infelizmente não foge a regra.

Por tudo que expomos até aqui é que entendemos que o sistema político brasileiro é a “caixa preta” do poder no Brasil, pois é a partir das instituições como o poder executivo, legislativo e judiciário que o poder se materializa contra o povo. Como esses três poderes parecem “pairar” sobre as nossas cabeças como entidades sobrenaturais sem possibilidade de controle por parte do povo, todas as nossas necessidades históricas continuo sem ser saciadas.

A questão mais importante, a fundamental, é a questão do poder. Os revolucionários no Brasil não podem propor a uma outra coisa senão a tomada do poder, juntamente com as massas. Não porque lutar para entregar o poder à burguesia, para que seja construído um governo sob a hegemonia da burguesia. Foi o que se pretendeu com o governo nacionalista e democrático. E o que se pretende agora, propondo-se a conquista de um ‘mais ou menos avançado’, eufemismo que traduz a esperança num governo sob hegemonia burguesa, fadado a não resolver os problemas do povo. (MARIGHELLA, 2013, 227).

Tanto quanto em todos os outros momentos da história da sociedade civil e do Estado brasileiro a burguesia nacional – latifundiários, empresários, banqueiros – além de não ter interesse em mudanças estruturais não tem um projeto que supere a atual situação do povo brasileiro “[…] as classes dominantes nada tem a oferecer — ou dominação ou caos. O que fazer diante da miséria? O que fazer com o desemprego crescente? O que fazer com o papel das forças armadas? O que fazer com a propriedade, a iniciativa privada e o Estado?” (FERNANDES, 1989, p. 05).

Precisamos apontar para algum lugar, pois entendemos que o lugar que ocupamos atualmente não é nem mesmo de longe o lugar mais avançado para o povo brasileiro.

Retornar ao trabalho de base que faça avançar a consciência política do povo brasileiro nos subsidiando na construção do reacenso das lutas de massa. Mas não podemos nos furtar a disputa do poder, por isso entendemos que precisamos ter uma pauta política e neste momento essa pauta baliza-se pelo Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político proposto pelos Movimentos Sociais brasileiros desde Setembro de 2013[3].

A cada dia fica mais evidente para o povo brasileiro que as mudanças almejadas não virão pela via eleitoral, pois a mesma é sustentada por um sistema político arcaico, e que como vimos, foi construído para ser o que está sendo.

A campanha eleitoral teve esse alvo: difundir a ideologia dos estratos dominantes das classes burguesas. Assim, ampliam e aprofundam sua coisificação, iniciada nas fábricas, prolongada nas escolas e nas igrejas, completada nos sindicatos e nos partidos comprometidos com o melhorismo, o obreirismo pacífico, a alienação refinada e aguçada graças ao consumismo de massa e à indústria da comunicação cultural.” (FERNANDES, 1988, p. 86).

Se verdadeiramente queremos alcançar a democracia direta participativa que nos proporcione tomar em nossas mãos o poder de decidir sobre a utilização de nossas riquezas estratégicas e assim fazer acontecer as reformas estruturais que historicamente foram negadas como a reforma agrária, a reforma urbana, reforma tributaria, a democratização dos meios de comunicação, a qualificação da educação e da saúde pública, um transporte público gratuito e de qualidade, precisamos lutar por uma Assembléia Constituinte Exclusiva e Soberana para mudar o sistema político Brasileiro.

Como nos diz Saviani (2012), uma sociedade verdadeiramente democrática requer necessariamente o acesso ao que a humanidade produziu e acumulou de mais avançado durante toda a história civilização, o domínio da cultura constitui-se como instrumento indispensável para a participação política do povo brasileiro, sendo assim, nossa compreensão é que esse acesso só será possível se o poder estiver nas mãos do povo brasileiro.

Todo fundamento da lei deve estar remetido à produção e reprodução da vida humana concreta em comunidade (DUSSEL, 2000), e é esse o fundamento de toda comunidade política para considerar justa ou injusta uma lei, legítima ou ilegítima uma instituição política. Esse foi o fundamento dos protestos da juventude brasileira, e a reforma política, feita por um poder instituinte legítimo (daí a necessidade de uma Assembléia Constituinte exclusiva e soberana), deverá criar mecanismos políticos para viabilizar uma democracia participativa, que permita ao povo fiscalizar o poder instituído, e ter meios de participação democrática para externalizar demandas que deverão ser atendidas por seus representantes, a partir do exercício do poder obediencial. (DIEHL, 2014, p. 85).

Portanto entendemos e defendemos que nem de longe vivemos um período como o do regime empresarial-militar ditatorial[4], que existe sim um aproveitamento por parte do governo neodesenvolvimentista do PT da Copa do Mundo – dos megaeventos esportivos – como forma de dinamizar a economia, mas que nem de longe supera as misérias da vida do povo brasileiro.

Mas isso nos faz lembrar Harnecker (2004) Saviani (2012) quando falam sobre os cuidados de não confundir o primário/central com o secundário. Pensemos juntos, se o “programa máximo” do “não vai ter copa” fosse materializado e a Copa do Mundo 2014 fosse cancelada, os jogos não acontecessem os turistas não conseguissem chegar ao Brasil, o que mudaria na vida do povo brasileiro? Passaríamos a ter uma correlação de forças favorável? Teríamos mais participação popular no congresso? A consciência política do povo brasileiro daria um salto qualitativo? Qual seria o projeto político a ser seguido?

Entendemos também que se repete como dantes a “anulação” dos direitos Constitucionais, mas que as “jornadas de junho” impulsionadas pelas contradições do Governo PT nos permitiram adentrarmos num novo período nas lutas massa no Brasil que não podemos chamar ainda de acenso, mas que nos tirou do descenso.

Sendo assim está colocada a oportunidade de explorarmos as contradições do atual período rumo a construção de um projeto Popular para o Brasil, pois como nos diz Florestan Fernandes “A emancipação dos oprimidos e das classes trabalhadoras precisa começar dentro da sociedade civil e do Estado existentes […] […] O que se coloca em questão não é o ponto de chegada; é o ponto de partida”.  (1989, p. 04).

Referências:

DIEHL, Diego Augusto. A constituição inacabada e a reforma política: aportes desde a política de libertação. In Constituinte exclusiva: um outro sistema político é possível. 2014. Disponível em<http://www.plebiscitoconstituinte.org.br/> Acesso em 20/05/2014.

DOSSIÊ DA ARTICULAÇÃO NACIONAL DOS COMITÊS POPULARES DA COPA: megaeventos e violação dos direitos humanos no Brasil. S/D.

FERNANDES, Florestan. A Constituição como projeto político. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 1(1): 47-56, 1.sem 1989.

____. A percepção popular da Assembléia Nacional Constituinte. 1988 Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141988000200010> Acesso em 01/10/2013.

GAWRYSZEWSKI, Bruno; PENNA, Adriana Machado. O esporte na sua expressão contemporânea: vias de expansão do capitalismo monopolista. (S/D, a). Disponível em
<http://www.ifch.unicamp.br/cemarx/coloquio/Docs/gt4/Mesa2/guerra-ou-paz-o-esporte-como-producao-destrutiva.pdf> acessado em: 15/01/2011.

HARNECKER, Marta. Estratégia e Tática. 1° ed. Expressão Popular, São Paulo, 2004.

MARIGHELLA, Carlos. Carta à comissão executiva do partido comunista brasileiro. In. PINHEIRO, Milton; Ferreira, Muniz (org). Escritos de Marighella no PCB. São Paulo: ICP; Rio de Janeiro: FDR, 2013.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. – Campinas, SP. Autores Associados, 2012.

SILVA, Jeffirson Ramos da; LUDUVICE, Paulo Vinicius Santos Sulli. Educação física:reafirmando posições no campo da cultura corporal em época de megaeventos esportivos. Anais Eletrônico do V Encontro de Educação Marxismo e Emancipação Humana – EEMEH, 2013.

VAINER, Carlos. Quando a cidade vai às ruas. In MIRICATO, Ermínia [et al.]. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. 1° ed. São Paulo: Boitempo: Carta Maior, 2013.

[1]Para não dizer que não falamos em capacho dos militares temos no atual presidente de Confederação Brasileira de Futebol – CBF a representação personificada em José Maria Marin, o mesmo foi governador biônico de São Paulo, cúmplice no assassinato de Vladimir Herzog. Se diz fã declarado do torturador e assassino Fleury delegado Dops, Vide mais na crônica “Os bastiões do atraso” de Luiz Ricardo Leitão no Jornal Brasil de Fato, Ano 11 número 566 de 02 a 08 Janeiro de 2014.

[4]Para aquele/aquela que duvidam destas diferenças vide  “A esquerda e o golpe de 64” de Dênis de Morais Expressão Popular.

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mané guarrincha

Garrincha: o “anjo de pernas tortas”

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Nascido em 28 de outubro de 1933, Manoel Francisco dos Santos – o popular Mané Garrincha – é um dos principais nomes do “panteão dos grandes” do futebol mundial, reconhecido em todas as esferas históricas da Fifa (a polêmica e toda poderosa congregação mundial do futebol com sede na Suíça) como um atleta controverso, mas extremamente talentoso cuja atuação extrapolou os limites do futebol e acabou por marcar, inclusive, o imaginário de gerações de amantes do esporte.

Fotos: Foto-net/Fifa.com

A exemplo de outros grandes nomes em diferentes áreas de atuação, e em decorrência de um estilo de vida que desafia qualquer limite – afinal, quão difícil deve ser para um gênio suportar a contingência da vida –, Garrincha morreu jovem, com apenas 49 anos em janeiro de 1983. Em menos de 5 décadas, no entanto, suscitou as mais espantosas reações em todas as partes do globo. “Afinal, de que planeta ele veio”, teria questionado um jornalista chileno, sobre as habilidades do jogador.

Garrincha imprimia em campo algumas de suas características mais marcantes, como a imprevisibilidade, a agilidade, a velocidade e “uma inteireza de presença” que o tornava famoso não apenas no gramado, mas também entre integrantes da torcida feminina. E foi com este perfil que Mané Garrincha ajudou o país a conquistar dois campeonatos mundiais, o de 1958 (Suécia) e de 1962 (Chile). “Se, para os brasileiros, Pelé é o jogador tecnicamente perfeito, Garrincha será lembrado para sempre como o atrevimento em pessoa”, lembra a Fifa, no perfil dedicado ao ídolo. “Ousado, alegre e divertido, o ponta-direita arrancou sorrisos de milhares de torcedores em todas as suas atuações”, complementa.

Infância

Garrincha nasceu de família humilde em Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro. Recebeu este apelido em decorrência de uma espécie de passarinho – de mesmo nome – que havia em grande quantidade naquelas plagas.

Desde pequeno se interessava pelo futebol, mas além de enfrentar as limitações financeiras também teve de “encarar” outro grande desafio, um problema físico. Com a perna esquerda seis centímetros mais curta que a direita, “nas visitas aos médicos, era sempre aconselhado a esquecer das ‘peladas’”. Por ironia do destino – ou por avidez e perspicácia do futuro jogador – foi justamente esta característica que o fez ter uma atuação originalíssima, responsável por encantar multidões.

As pessoas que conheceram o Garrincha menino não poderiam acreditar que aquele “moleque magro, manco, com os pés curvados e a coluna torta” poderia ter alguma chance nos clubes profissionais de futebol. E foram muitos os times que não se interessaram pelo craque, de cara por considerar que seu problema físico seria um empecilho irremediável. Até que, em 1953, por recomendação de um grande nome do futebol à época – Nilton Santos –, finalmente Garrincha é contratado pelo Botafogo, e num dos primeiros treinos provou que não estava para brincadeira ao humilhar o próprio Nilton Santos “com os seus dribles que mais pareciam números de mágica”.

E foi no Botafogo que “o ponta exibiu todo o seu repertório contra os defensores adversários e cansou de enganá-los com as suas arrancadas imprevisíveis”. O resultado foi imediato e a torcida logo se rendeu ao talento de Mané Garrincha, que também passou a ser conhecido como “A Alegria do Povo”.

Sucesso

Da atuação no time carioca para a defesa do país pela Seleção Brasileira o percurso de Garrincha foi rápido. Em 1955 o jogador disputa seu primeiro jogo, num duelo de Copa do Mundo contra o Chile que terminou em empate de 1 a 1. “Ao todo, com a camisa canarinha, foram 60 partidas e 17 gols. Apenas cinco anos depois de estrear na primeira divisão do Rio, ele se tornou campeão mundial na Suécia 1958”, lembra a Fifa.

Foi na Seleção que Garrincha passou a ser mundialmente conhecido ao compor um ataque que para muitos ainda é considerado como a melhor formação que os canarinhos já apresentaram. Na Copa da Suécia e ao lado de Didi, Vavá, Zagallo e Pelé (naquela época, com apenas 17 anos), Garrincha e a equipe brasileira pareciam imbatíveis. A equipe brasileira tornou-se, então, “a primeira campeã fora do seu continente a levantar a taça de forma invicta”.

Quatro anos depois, no Chile (1962), Garrincha conseguiu “espantar” o mundo com seus dribles excepcionais. A repercussão mundial das facetas do ídolo recebeu a ajuda da nascente e crescente transmissão pela TV. A atuação brilhante no Chile e a “conquista do bicampeonato mundial engrandeceram ainda mais a carreira do atacante do Botafogo no Brasil, onde muitas pessoas o consideram o segundo melhor jogador da história do país”, lembra a Fifa.

Garrincha ainda jogaria na Copa da Inglaterra, em 1966, sua última participação em uma Copa. Mas a campanha brasileira, sob a batuta do técnico Vicente Feola, foi uma das mais desastrosas. O país é eliminado já na primeira fase por duas seleções europeias, a de Portugal e da Hungria. O torneio parecia ser um prelúdio para o que viria ocorrer na própria vida do craque Mané Garrincha.

Decadência

Apesar de ter superado suas limitações físicas e de ter se tornado um dos maiores dribladores do mundo, com uma destreza inconfundível, no final dos anos 60 e toda a década de 70 Garrincha “se perdeu em uma vida tumultuada e cheia de vícios”. O “anjo de pernas tortas” – denominação que recebeu de Vinícius de Moraes – perdia a guerra para o consumo de álcool. “Apesar da incrível habilidade nos gramados, ele não conseguiu driblar o seu notório alcoolismo e o persistente gosto pela vida boêmia, que impediram um final à altura da sua brilhante carreira”, lembra a Fifa.

Esquecido e “judiado” por uma cirrose decorrente dos excessos, Mané Garrincha morre em 20 de janeiro de 1983. “O seu corpo foi velado no Maracanã, onde milhares de torcedores lhe deram o último adeus. Beijado por muitos, o seu caixão estava coberto pela bandeira do Botafogo”. Se estivesse vivo, contaria com 81 anos. Provavelmente estaria orgulhoso tanto dos cinco títulos conquistados pelo Brasil, quanto pelo país ser o centro do global do futebol ao realizar a 20ª. Copa do Mundo da Fifa. Na memória dos brasileiros, fica o registro de um atleta que, antes de tudo e para o bem ou para o mal, impingia garra e paixão em suas atitudes.

O anjo de pernas tortas – Vinicius de Moraes (1962)

A um passe de Didi, Garrincha avança

Colado o couro aos pés, o olhar atento

Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança

Mais rápido que o próprio pensamento,

Dribla mais um, mais dois; a bola trança

Feliz, entre seus pés – um pé de vento!

Num só transporte, a multidão contrita

Em ato de morte se levanta e grita

Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!

É pura imagem: um G que chuta um O

Dentro da meta, um L. É pura dança!

Marcos Vinicius da Cruz e Mello Moraes, ou Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 – Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)

Carreira como jogador

Conquistas pela seleção

– 50 partidas pelo Brasil, com 12 gols

– Copa do Mundo da FIFA Suécia 1958, campeão

– Copa do Mundo da FIFA Chile 1962, campeão

– Copa do Mundo da FIFA Chile 1962, melhor jogador e artilheiro (quatro gols)

– Copa do Mundo da FIFA Inglaterra 1966, primeira fase

Clubes

– 1953 – 1966: Botafogo

– 1966 – 1967: Corinthians

– 1967 – 1968: Barranquilla (Colômbia)

– 1968 – 1969: Flamengo

– 1969 – 1971: Red Star (França)

– 1972 – 1973: Olaria

Conquistas pelos clubes

– Campeão carioca em 1957, 1961 e 1962

Referências:

Garrincha: Era mais do que apenas um (conteúdo da Fifa)– Disponível emhttp://pt.fifa.com/classicfootball/players/player=63868/ – acessado em 13/06/2014 .

Garrincha – biografia do UOL. Disponível emhttp://educacao.uol.com.br/biografias/garrincha.jhtm – Acessado em 14/06/2014.

O Anjo de pernas tortas. Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/06/16/o-anjo-de-pernas-tortas-vinicius-de-moraes-298906.asp  – acessado em 14/06/2014.

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Pelé: o jogador

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encena em campo

Falar de Pelé sem cair em clichês como “Rei do Futebol”, ou “Atleta do Século”, não é tarefa fácil. E não é tarefa fácil porque dentro das quatro linhas Pelé foi simplesmente “O Cara”. Era de fato um verdadeiro atleta, na exata concepção da palavra.

Sua capacidade técnica, física, tática e psicológica, características estas que formam as verdadeiras sumidades do esporte, eram e ainda hoje são elogiadas pelos conhecedores e especialistas do futebol ao redor do mundo.

Basta ver algumas declarações de colegas de profissão:

“O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stefano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo.” – Ferenc Puskas, craque da Hungria e do Real Madrid na década de 50.

“Subimos juntos, fora do tempo, para cabecear uma bola. Eu era mais alto e tinha mais impulsão. Quando desci ao chão, olhei pra cima, perplexo. Pelé ainda estava lá, no alto, cabeceando a bola. Parecia que podia ficar no ar o tempo que quisesse.” – Fachetti, zagueiro italiano na Copa do México, em 70.

“Jogava com grande objetividade. Seu futebol não admitia excessos, enfeites nem faltas. Ele quase não fazia embaixadas, não driblava para os lados, mas sempre em direção ao gol. Quando tentavam derrubá-lo, não caía, devido à sua estupenda massa muscular e equilíbrio.” – Tostão, companheiro de ataque na Copa de 1970.

Fonte: Revista Placar.

Pelé tinha velocidade de Hermes, preparo físico invejável, capacidade pulmonar muito acima da média, era “A Fera” em todos os fundamentos do esporte. O passe, o chute, o drible, a cabeçada, a matada no peito, habilidades na condução da pelota, visão de jogo, enfim, tinha inteligência futebolística e atributos fora do comum.

Todas estas qualidades fizeram de Pelé um dos futebolistas, senão, “o futebolista”, mais famoso de todos os tempos. A popularidade que Pelé atingiu limites incomparáveis em sua época.

Pelé nasceu Edson Arantes do Nascimento. É natural de Três Corações, cidade de porte médio, ao sul de Minas Gerais, em 23 de outubro de 1940, conforme informações de seu site oficial. Poderia ter iniciado sua carreira no Atlético Mineiro, ou no Cruzeiro, mas o destino quis que ele surgisse como profissional no Santos Futebol Clube. O motivo: ele mudou-se com sua família para Bauru, em São Paulo.

Começou então a jogar em times infantis e juvenis locais, sendo sempre precoce em relação aos companheiros, e de lá o passo seguinte foi ingressar no Peixe, o glorioso alvinegro praiano. Pelé simplesmente imortalizou o Santos Futebol Clube. Logicamente existiam outros craques no elenco, mas nenhum deles com a capacidade de Pelé. “Criou”, com suas jogadas magníficas gerações de santistas. Muitos são aqueles que torcem pelo Santos por causa do Pelé. Aliás, todo mundo conhece alguém que torce pelo Santos por causa do Pelé.

Diz a história oficial, que fora descoberto por outro craque, Waldemar de Brito. Pelé iniciou sua carreira de profissional muito novo, apenas aos 15 anos, fato que por si já demonstra sua genialidade. Com 16 foi escalado para a Seleção Brasileira. Como se não bastasse, aos 17 já estava disputando uma final de Copa do Mundo, e não apenas disputando, estava vencendo sua primeira Copa do Mundo fazendo gol de placa numa final com direito a chapéu em zagueiro sueco.

Aliás, “gol de placa” surgiu por conta de um de seus maravilhosos gols. Conta a história que ao fazer um gol passando aos dribles magníficos por uma fila de jogadores do time adversário, o narrador da partida teria dito de forma eufórica que o gol havia sido tão lindo que mereceria uma placa para seu registro. A placa de fato foi feita, encontra-se no Maracanã até hoje, e a partir dali, os gols majestosos são apelidados de “gol de placa”. Várias e várias vezes foi artilheiro de campeonatos nacionais e internacionais. Projetou o alvinegro praiano mundialmente.

Pelé jogou em apenas dois clubes em sua carreira, coisa difícil de se ver hoje em dia no futebol. Jogou no Santos Futebol Clube e, retornou após sua primeira tentativa de aposentadoria para jogar no New York Cosmos dos Estados Unidos da América.

As estatísticas de Pelé não deixam dúvida que ele foi e sempre será um dos maiores atletas de todos os tempos. Não somente um dos maiores futebolistas, mas um dos maiores atletas. Pelé é o maior artilheiro de todos os tempos da seleção brasileira. Ao todo foram 95 gols. É o único jogador de futebol da história a conquistar três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970). Pelé fez quase 1.300 gols em sua carreira, marca incrível, com uma média de aproximadamente 0,93 gols por partida.

São de Pelé os títulos de Atleta do Século de todos os esportes pelo jornal L’Equipe, e “Atleta do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional (informação do site oficial de Pelé), e de “Jogador de Futebol do Século XX” pela FIFA. Pelé foi e ainda é cultuado por muitos como herói, por seus feitos ao futebol.

Uma das histórias mais conhecidas e notáveis da história de Pelé refere-se a sua passagem pela África no final da década de 60. Naquela época, o Santos Futebol Clube fazia uma série de amistosos pelo mundo e em plena guerra Congo Belva houve uma trégua entre os rivais para que Santos de Pelé pudesse transitar e jogar dois amistosos no país africano. O episódio ficou marcado como o momento em que “Pelé parou a guerra”.

Houve outra oportunidade, menos importante do ponto de vistahistórico político, mas não menos interessante e até engraçada, quando um juiz foi expulso de campo por causa de Pelé. Ocorre que o referido juiz aplicou cartão vermelho em Pelé, mas todos no campo (era um jogo amistoso) foram ao jogo para ver o rei. Resultado: Pelé voltou aos gramados e o juiz foi substituído para que pudesse ser dada continuidade à partida.

O esporte desde a sua aposentadoria evoluiu muito. Evolui não no sentido de melhora, mas no sentido de adaptação. Como se fosse um darwinismo futebolístico… Logicamente não se deve cometer o pecado da comparação de jogadores atuais com os de outras épocas. Seria injusto, pois os recursos são outros, o momento é outro, todo o contexto é diferente. Mas mesmo cometendo este sacrilégio da comparação, e observando as suas jogadas mais famosas, como, por exemplo, “o gol que Pelé não fez”, lance protagonizado na final da Copa do Mundo de 1970 vencida pelo Brasil, pode-se com certeza dizer que Pelé tem espaço em qualquer time de qualquer época. Sobre este lance em especial foram realizadas análises técnicas profundas, que culminaram inclusive em livros técnicos sobre o assunto.

Pelé teve sua despedida definitiva como atleta em 1977 em partida disputada entre New York Cosmos e Santos Futebol Clube. A festa teve participação do mundialmente famoso boxeador Muhammad Ali. O jogo se deu nos Estados Unidos da América, sendo que Pelé, na oportunidade, jogou um tempo por cada time, marcando1 dos 2 gols do New York Cosmos, que venceu a partida pelo placar de 2 tentos a 1.

Anteriormente Pelé havia anunciado uma primeira despedida, em terras brasileiras, quando ainda jogava pelo Santos. Foi no ano de 1974, mas retornou aos gramados em campos americanos e fez lá contribuição semelhante ao que Zico fez ao Japão na década de 90.

Se dentro das quatro linhas Pelé é uma unanimidade, fora dos gramados sua conduta já foi por vezes contestada. Após aaposentadoria Pelé teve atuação na música, uma de suas paixões, no cinema, atuando no filme “Fuga para a Vitória”, o qual teve no elenco o ator americano Sylvester Stallone, e ainda participação em telenovela na TV aberta brasileira. Envolveu-se algumas vezes em sua vida pessoal em situações que repercutiram em certo escândalo público, como por exemplo, quando namorou a apresentadora Xuxa, e principalmente no episódio da prisão de seu filho, o também jogador de futebol Edinho, que atuava como goleirodo Santos Futebol Clube, por envolvimento com tráfico de drogas.

É justo dizer que Pelé tem certo reconhecimento por suas realizações fora de campo, destacando-se em ações de cunho filantrópico. Na marca de seu milésimo gol Pelé se atirou às redes, pegou a gol em mãos, beijou-a e disse a seguinte frase:

“Neste momento afirmo que devo tudo ao povo brasileiro. E faço um apelo para que nunca se esqueçam das crianças pobres, dos necessitados e das casas de caridade!”.

Ainda assim, a frase soou para alguns na época como demagogia.

Pelé foi ainda Ministro dos Esportes entre os anos de 1995 e 1998 sendo sua maior contribuição no período a criação da chamada “Lei Pelé”, a Lei n° 9615 de 24 de março de 1998, a qual dentre outras situações determinou a obrigatoriedade da transformação dos clubes em empresas.

Desde sua aposentadoria Pelé vem se dedicando principalmente a causas ligadas ao futebol, sendo embaixador mundial do esporte pela FIFA.

Foi por vezes acolhidopor diversos chefes de estado tendo inclusive recebido prêmio por seus feitos em carreira das mãos do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, além de ser recebido na Casa Branca pelo presidente Ronald Reagan e laureado com medalha de honra do império britânico pela Rainha Elizabeth II, sendo o único brasileiro a receber tal condecoração.

A mais recente honraria recebida foi o prêmio FIFA Ballon d’Or em 2014.

Em tempos de Copa do Mundo Pelé não se envolveu tão a fundo no evento como outros ex-atletas, seja na organização, a exemplo de Ronaldo Nazário, ou mesmo sendo um crítico do evento, como o caso do baixinho agora deputado Romário.

Talvez o rei, como a maioria de nós, esteja um tanto quanto decepcionado com aquilo em que se transformou este evento tão grandioso. As promessas de melhorias pelo Brasil afora em nada se concretizaram, sendo que até mesmo alguns estádios, faltando um mês para a Copa, não se encontram prontos.

Os gastos astronômicos com as arenas poderiam ser utilizados para resolverem muitos dos problemas de infraestrutura de que a nação tanto precisa. Somente o que foi gasto no Estádio Nacional de Brasília, o popular Mané Garrincha, daria para se ter construído cerca de 150 mil casas populares segundo informações passadas pela Assessoria de Imprensa do ex-jogador Romário.Isto sem comentar o fato de que vários estádios, como o próprio Mané Garrincha, assim como a Arena da Amazônia e outros tantos, muito possivelmente virarão grandes elefantes brancos por não se ter tradição futebolística nestas regiões.

Estes fatos acabam por tirar em muito o brilho da Copa.

O próprio Pelé em entrevista a revista Lance citou a questão dos estádios “superfaturados”, mas, segundo site da revista, pediu que eventuais manifestações acontecessem somente após a Copa, para fins de não estragar a festa. Pelé foi bastante criticado por isso, recebendo o que a revista Exame chamou de “vaia virtual”, onde milhares de pessoas nas redes sociais, responderam às declarações recordando uma fase dita por Romário em 2005: “Pelé calado é um poeta”.

Mas enfim, esta é outra história…

O fato é que Pelé, dentro do palco verde, deixou sua marca indelével na história do futebol. As frases de Armando Nogueira ilustram bem o que representou a carreira do rei:

“Se Pelé não tivesse nascido homem, teria nascido bola.“.

“Até a bola do jogo pedia autógrafo a Pelé.”.

Armando Nogueira.

Podemos até esperar que surja algum jogador parecido, mas igual ao rei, este seria um anseio inalcançável.

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Nunca houve um homem como Heleno!

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Filme sobre a vida do futebolista Heleno de Freitas entra em cena no Cine Cultura em Palmas.

O título deste “Em Cartaz” é homônimo da biografia, de autoria de Marcos Eduardo Neves, que inspirou o filme “Heleno” produção brasileiro que traz a história do mais polêmico jogador que o país já viu. Não há exagero em dizer que Heleno de Freitas teve uma das trágicas e brilhantes carreiras de todo nosso futebol. Em 116 minutos, Rodrigo Santoro dá vida à Heleno reencenando amores, desilusões e jogadas espetaculares do jogador, que fez história como atacante do clube Botafogo de Futebol e Regatas.

Exemplo de bon vivant, imagem da boêmia carioca dos anos 1940, Heleno era a síntese de dois mundos: era um representante da elite do Rio de Janeiro, circulava pelos melhores salões e cassinos da cidade, mas também alimentava uma paixão pelo futebol, até então reduto que ainda carecia do prestígio e o glamour que hoje o esporte, multimilionário, tem.

Com elenco que inclui ainda: Alinne Moraes, Othon Bastos, Herson Capri, Angie Cepeda, Erom Cordeiro, Orã Figueiredo, Henrique Juliano e Duda Ribeiro o filme visa transmitir a sensação de desespero que tiveram os amigos e familiares de Heleno ao acompanharem sua caótica e meteórica existência.

O drama de Heleno de Freitas, que morreu em um sanatório de Barbacena – MG, é pontuado pelo consumo de drogas e por tentativas de suicídio, mas a história dirigida por José Henrique Fonseca traz bem mais que isso, deixa a impressão de que a estrela cadente até se apaga, mas não sem antes deixar um brilho intenso em seu caminho.


FICHA TÉCNICA DO FILME

HELENO – O PRÍNCIPE MALDITO

Diretor: José Henrique Fonseca
Elenco: Rodrigo Santoro, Alinne Moraes, Othon Bastos, Herson Capri, Angie Cepeda, Erom Cordeiro, Orã Figueiredo, Henrique Juliano, Duda Ribeiro
Produção: José Henrique Fonseca, Eduardo Pop, Rodrigo Teixeira, Rodrigo Santoro
Roteiro: José Henrique Fonseca, Felipe Bragança, Fernando Castets
Fotografia: Walter Carvalho
Duração: 116 min.
Ano: 2010
País: Brasil
Gênero: Drama
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Downtown Filmes
Classificação: 14 anos

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