Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense ocorreu no dia 25/05/2022 e expôs temas extremamente atuais e relevantes para a sociedade moderna no quesito psicossocial.

Dentre os temas abordados, destaca-se a Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que foi ministrado pela Psicóloga Karlla Garcia Ferreira, egressa do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA.

Por ser um transtorno que tem ganhado grande visibilidade, graças às redes sociais e a internet, discutir sobre o TDAH neste simpósio se mostrou muito assertivo, pois acrescentou grande conhecimento para os futuros profissionais da saúde mental.

Karlla mostrou dominância sobre o tema, expondo com maestria os fatos que rodeiam o TDAH, aqueles que são falsamente disseminados e os que realmente possuem embasamento científico.

Expor o que é o TDAH é um desafio para aqueles que desconhecem o tema, fazer entender para o paciente que sua falta de concentração não está ligada com preguiça ou desanimo é um papel fundamental do psicólogo.

O TDAH afeta uma gama imensurável de pessoas, vez que grande parte da população sequer sabe que porta tal condição, levando a vida, muitas vezes, como pessoas fracassadas ou sem propósitos.

Fonte: encurtador.com.br/jtQSY

Durante sua apresentação, expôs inclusive sobre os subtipos do TDAH, que são: a) predominantemente desatento; b) predominantemente hiperativo/impulsivo, ou combinado; e, c) uma combinação de ambos, tendo sintomas de desatenção e hiperatividade.

Explicou ainda que tanto os fatores genéticos quanto ambientais estão implicados e conferem vulnerabilidade ao transtorno. Um indivíduo não necessariamente carregará consigo as duas condições do TDAH, desatenção e hiperatividade.

Interessante ainda mencionar que Karlla trouxe um vídeo de uma rede social que publica recorte de entrevistas, ou, como são conhecidos, podcasts. Neste vídeo é explicado que, apesar de muitas vezes ser associado como alguém desatento, uma pessoa que possua o transtorno, na verdade, possui um grande nível de atenção, porém, não consegue sustentar sua atenção em uma única coisa. No vídeo ainda é indicado uma região do cérebro, o tálamo, que possui o papel de filtrar as informações sensoriais.

A palestrante ainda explicou a importância do diagnóstico, posto que mediante este será possível adequar o tratamento para minimizar os sintomas do TDAH no cotidiano do indivíduo portador deste transtorno, vez que é uma condição biológica que o acompanhará por toda vida.

Em suma, a convidada apresentou um tema extremamente importante, relevante e que pode atingir os profissionais da psicologia em geral para alcançar diversos pacientes que se sentem deprimidos por não possuírem a atenção que lhes são cobradas no ambiente de trabalho, familiar ou socialmente. Aquilo que muitas vezes é chamado de preguiça pela sociedade pode ser, na verdade, um transtorno que a pessoa que sofre sequer tem conhecimento e necessita de tratamento psicológico.

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Psicóloga Karlla Garcia Ferreira participa do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica

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No dia 25/05 o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica irá contar com a psicóloga Karlla Garcia Ferreira

O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense, que ocorrerá do dia 25/05/22, abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está a Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que será ministrado pela Psicóloga Karlla Garcia Ferreira, egressa do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA.

Fonte: Arquivo Pessoal

Em entrevista concedida ao portal (En)Cena, a palestrante respondeu algumas perguntas sobre o universo da psicologia.

En (Cena) – Há quanto tempo atua no mercado como psicóloga? Quais são suas especialidades e áreas de atuação?

Karlla Garcia – Atuo como psicóloga há 1 (um) ano e 6 (seis) meses, atualmente estou pós-graduando em Neuropsicologia, possuo formações em diversos instrumentos psicológicos e Neuropsicológicos, em avaliação comportamental VB-Mapp e em manejo de comportamentos inadequados. Minha atuação é voltada para avaliação Neuropsicológica e Psicoterapia.

En (Cena) – Como a avaliação neuropsicológica do TDAH está presente na sua atividade profissional?

Karlla Garcia – A avaliação de modo geral está presente na minha vida profissional desde os estágios da faculdade, assim como o processo de estimulação cognitiva. No momento a demanda de avaliação para auxiliar no diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade está presente de forma contínua, uma vez que atuo em uma clínica multidisciplinar voltada para avaliação e estimulação de pessoas com atrasos ou transtornos do neurodesenvolvimento.

En (Cena) – Qual foi o ponto crucial que te levou a escolher este tema para apresentar no 3º Simpósio de Avaliação Psicológica Tocantinense?

Karlla Garcia – A escolha do tema da oficina foi pautada tanto na minha habilidade e conhecimento sobre a área quanto na necessidade de abordar o assunto, uma vez que as redes sociais têm discutido bastante sobre diagnóstico, tratamento e a vida de pessoas com TDAH.

En (Cena) – Como é feita a avaliação neuropsicológica para a detecção do TDAH? A simples aplicação de testes é capaz de detectar o transtorno ou a expertise do profissional é crucial para identificar os indícios?

Karlla Garcia – A avaliação de transtornos do neurodesenvolvimento é multidisciplinar, logo é necessária avaliação de outros profissionais para chegar a um diagnóstico. No TDAH acontece dessa forma, conforme demanda de cada caso. Especificamente na Avaliação Neuropsicológica é investigado às funções cognitivas, especialmente a atenção, função executiva e memória operacional no TDAH, e ainda, aspectos comportamentais, a hiperatividade e impulsividade, tendo em vista que esses são critérios que caracteriza o transtorno. Logo, podemos considerar importante tanto os instrumentos psicológicos, quanto a observação clínica e expertise profissional, sendo essas ferramentas cruciais para o processo de avaliação, não negligenciando um ou outro.

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Avaliação Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense que ocorrerá do dia 25/05/22 abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está a avalição neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH. O TDAH é uma condição psicológica que atinge uma gama gigantesca de adultos e crianças, sendo facilmente identificada na primeira infância dado os comportamentos característicos desta condição mental.

Fonte: encurtador.com.br/zCFNX

Uma pessoa que sofre deste Transtorno, caso não tenha um diagnóstico comprovado, poderá sofrer demasiadamente em sua vida pessoal e profissional. O déficit de atenção pode muitas vezes ser confundido com preguiça ou desleixo de uma pessoa, vez que não terá facilidade na hora de se concentrar ou na execução de atividades longas ou monótonas.

Tudo isso, pode ser trabalhado, evitado ou melhorado com o devido diagnóstico do transtorno, proporcionando uma vida mais completa para seu portador. O teste para diagnosticar o TDAH deve realizado por profissional especializado que irá avaliar as capacidades cognitivas do indivíduo através de exercícios específicos, além de uma entrevista pessoal com o paciente, que servirão de material para o diagnóstico e possibilitará a melhor alternativa de tratamento do indivíduo.

REFERÊNCIAS

ABRAHÃO, Anaísa Leal Barbosa; ELIAS, Luciana Carla dos Santos. Estudantes com TDAH: Habilidades Sociais, Problemas Comportamentais, Desempenho Acadêmico e Recursos Familiares. Psico-USF [online]. 2021, v. 26, n. 3 [Acesso em 07 de maio de 2022] , pp. 545-557. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-82712021260312>. ISSN 2175-3563. https://doi.org/10.1590/1413-82712021260312.

SALAZAR, Hernán et al. Funções executivas em escolares com e sem TDAH de acordo com pais e professores. Logos, La Serena, v. 31, n. 1, p. 138-155, Jul. 2021. Disponível em <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0719-32622021000100138&lng=es&nrm=iso>. acessado em 07 de maio de 2022. http://dx.doi.org/10.15443/rl3108.

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Livro destaca importância da educação para um mundo melhor

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Mostrar que cada família é única e que a educação é a melhor forma de obter bons resultados. Essa é a mensagem transmitida pelo livro “Desafio de Educar  Volume 2  A educação é a base para um mundo melhor!”. Com coordenação editorial da psicóloga e palestrante Livia Marques, a obra conta ao todo com 24 coautores das áreas de saúde e educação.

Para a autora, a principal ideia é trabalhar a educação das crianças e adolescentes da melhor forma possível com amor, diálogo, empatia e compaixão para se estabelecer uma relação saudável e afinada.

encurtador.com.br/adltA

— Socialmente, parece que temos um padrão ou uma receita de bolo afirmando que errar é inadmissível. Por isso, buscamos também acalentar o coração do adulto, que às vezes fica cansado e sem saber o que fazer em relação a educação dos seus  destaca.

Livia explica que a obra pretende conversar com o leitor de forma direta e assertiva mostrando que não se deve pensar na violência como forma de educar. “Falamos muito sobre emoção e educação positiva”.

encurtador.com.br/oqLV4

— Abordamos também assuntos como racismo, crenças limitantes, o adolescente e o luto, como a pedagogia pode e deve contribuir no crescimento desses indivíduos, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), bullying, entre outros.  Discorre Livia.

A ideia do novo volume surgiu em 2018, ano do lançamento do livro Desafios de Educar volume 1. “Percebi que tínhamos muito mais a desenvolver. Mostrar mais. Como, por exemplo, exercícios simples que podemos fazer em casa e nas escolas.”

encurtador.com.br/ejIXZ

 Nesta edição, falamos e mostramos exercícios para lidarmos com nossas crenças disfuncionais. Discutidos sobre as emoções, que em muitos casos são vistas como negativas e que ficam escondidas. Falamos ainda das possibilidades de estarmos juntos em busca de algo maior  conclui.

Ficha técnica:

Livro: Desafio de Educar – Volume 2 – A educação é a base para um mundo melhor!

Editora: Conquista Editora

ISBN: 978 85 5765 032 9

Páginas: 232

Preço: R$ 50,00

Link para a compra: https://www.instagram.com/psicol.liviamarques/ ou pelo telefone (21) 997136690

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Desafios cotidianos na Sociedade do Cansaço

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O presente trabalho, baseado no livro “A Sociedade do Cansaço”, irá apresentar alguns conceitos e características culturais do passado e presente, de tal forma a explicar as razões pelas quais os sujeitos do século XXI se encontram cansados e esgotados.

O autor – Byung-chul Han – traz a complexidade que está ocorrendo nos dias atuais e a transformação que vem acontecendo na atualidade. Uma das características marcantes na sociedade do cansaço é a hiperatividade e a falta de negatividade da sociedade que corrói a vida contemplativa.
Para o autor, o tempo é caracterizado pelo desaparecimento da alteridade e da estranheza. Por outro lado, patologias como a depressão, corresponderiam a uma tentativa de recusa.

A sociedade ocidental do século XXI é uma sociedade marcada pelas doenças neuronais, como depressão, stress, déficit de atenção. Tais doenças veem ocupando o espaço que antes era ocupado por doenças virais.
Essas doenças são causadas devido ao estilo de vida ocidental, provocando efeitos devastadores nas relações, nas famílias e vida pessoal. O excesso caracterizado pela sociedade é um excesso de informação, de comunicação, emoções, que provocam uma dispersão, ocasionando desgaste mental.
Na grande produção, aos trabalhadores, cobra-se maior desempenho em suas funções. Tal cobrança é uma das causas do desiquilíbrio emocional, que pode resultar em irritabilidade, ansiedade, depressão, síndrome de Bournout, entre outros.

Fonte: goo.gl/Z68yt8

No primeiro capítulo do livro, Han (2015) expõe que, sob uma perspectiva patológica, o século XX foi uma época imunológica, que estabeleceu uma divisão entre “dentro e fora, amigo e inimigo ou entre próprio e estranho” (p. 8). Foi uma época onde tudo que era estranho era afastado, sendo este seu mecanismo de defesa imunológico. Mesmo que o estranho não fosse algo perigoso, seria afastado.
Este momento imunológico é caracterizado por “barreiras, passagens e soleiras, por cercas, trincheiras e muros“ (p. 13), coisas que impedem o processo de troca e intercâmbio. O Século XX foi uma época marcada também pela negatividade, a negação do outro, do estranho. “O sujeito imunológico rejeita o outro com sua interioridade, o exclui, mesmo que exista em quantidade mínima” (p. 16). Portanto, a violência nesse século advém da negatividade existente em sua estrutura.

O autor também aponta algumas características do século que vivemos hoje. A violência que vivemos hoje é o contrário do século passado, ela é gerada pelo exagero de positividade. Onde não existe a diferença, todos são iguais, não há rejeição. Tal violência é causada pela superprodução, superdesempenho. Afirmando que este é um século das doenças neuronais, depressão, ansiedade, TDAH, e Síndrome de Bournout.

Fonte: goo.gl/6jXdTK

A violência da positividade não pressupõe nenhuma inimizade. Desenvolve-se precisamente numa sociedade permissiva e pacificada. […]. Habita o espaço livre de negatividade do igual, onde não se dá nenhuma polarização entre inimigo e amigo, interior e exterior ou entre próprio e estranho (p. 19).
Um dos conceitos que caracterizam a sociedade do século XX, é a sociedade disciplinar. Han (2015) explica que tal sociedade se baseia nas ideias de Foucault, e é marcada por hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas. Já no século XXI, a sociedade é marcada por academias fitness, escritórios, bancos, aeroportos, shoppings. Hoje não se tem mais uma sociedade disciplinar, mas uma sociedade do desempenho. Seus sujeitos também não são mais “sujeitos da obediência”, mas sim “sujeitos de desempenho e produção”.

Os muros das instituições delimitam os espaços entre o normal e o anormal, na sociedade disciplinar, tornando-a uma sociedade controle, permeada pela negatividade citada acima, e dominada pelo não-ter-o-direito. A sociedade disciplinar gera loucos e delinquentes, enquanto que a sociedade do desempenho gera depressivos e fracassados.
Para acompanhar a evolução e as novas tecnologias, a sociedade da disciplina, da proibição, e da delimitação de espaços dos diferentes, teve que mudar, tornando-se uma sociedade de desempenho que motiva, busca a produção em maior quantidade e qualidade, mas agora de uma forma mais positiva e animada. “O paradigma da disciplina é substituído pelo paradigma do desempenho ou pelo esquema positivo de poder” (p. 25). O sujeito do desempenho é um sujeito mais rápido e produtivo que o sujeito da obediência, porém, o poder não cancela o dever.

Fonte: goo.gl/3GG5xC

O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploração. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos. Essa autoreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal (p. 30)
Han (2015) também explica que o conceito de multitarefa não está presente apenas na vida humana, mas também está disseminada pelo mundo animal em estado selvagem. Afirma que o animal é obrigado a dividir sua atenção em várias atividades, e por isso não há contemplação, nem no comer, nem no copular. Dessa forma, entende-se que a sociedade está cada vez mais se aproximando da vida selvagem.

A atenção profunda se desloca para uma atenção dispersa, a hiperatenção, que é caracterizada pela mudança de foco entre as diversas atividades, informações e processos. “O excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e impulsos. […]. Com isso fragmenta e destrói a atenção” (p. 31). Por isso quase não há tolerância para o tédio, muito menos para o tédio profundo, que é importante para a criatividade.
Nessa sociedade o descanso é algo quase inacessível para muitos. Com isso perde-se também a capacidade de escuta contemplativa, a atenção profunda, algo que está intimamente relacionado com o trabalho que a psicologia faz, ou pelo menos deveria fazer, em sua essência. Quando não há nem um tedio profundo nem a atenção profunda, é mais difícil de criar algo novo.

Mas quem é tolerante com o tédio, depois de um tempo irá reconhecer que possivelmente o próprio andar que o entedia. Assim, ele será impulsionado a procurar um movimento totalmente novo (p. 35).
Han (2015) afirma que Heidegger tem a definição de vida activa como um tipo de reação à morte, afirmando que “A possibilidade da morte impõe limites ao agir e torna a liberdade finita” (p. 40). Já Hanna Arendt acredita que “a possibilidade da ação no nascimento, o que concede ao agir uma ênfase mais heroica” (p.40).

Arendt traz o pensamento de que a sociedade moderna e a sociedade do trabalho rebaixam o homem a um animal trabalhador (animal laborans). “Todas as formas de vida activa, tanto o produzir quanto o agir, decaem ao patamar do trabalho” (p.41). Dessa forma, para Arendt, o homem está cada vez mais se aproximando da espécie animal que Darwin explica.
O animal laborans de Arendt não se encaixa na sociedade do desempenho que temos atualmente. Han (2015) afirma que o animal laborans atual não abandona sua individualidade, tornando-se assim, mais ativo e menos passivo, menos animalesco e mais hiperativo e hiperneurótico.

Fonte; goo.gl/uxrTKG

Nesse momento há também uma perda da fé, não só a fé em Deus, mas também na realidade, o que torna a vida humana cada vez mais transitória. Transitória de tal forma que nada tem duração e subsistência. Assim, surgem nervosismos e inquietações. As religiões também sucumbem nessa nova era, colocando o sujeito pós-moderno num isolamento e desacreditado da vida, o que reforça o sentimento de transitoriedade. O medo da morte, causado pelo isolamento e falta de fé, traz um novo conceito de vida saudável, colocando a saúde como uma deusa.

O autor traz duas formas de homem, o Homo sacer que exprime alguém excluído da sociedade por causa de um delito que pode ser morto sem que o autor seja penalizado por isso. E o Homines sacri, identificados como prisioneiros, doentes, indivíduos sem documentos, identificação, os “excluídos” da sociedade.
A sociedade pós-moderna reduz todos a uma coisa só, portanto não há separação entre esses dois tipo de homens, vistos acima. Portanto todos nós somos homines sacri.

O autor expõe que no fim do livro de Arendt o pensamento aparece como sendo aquele que menos tem prejuízos quando se tem certa negatividade. Atualmente não há essa negatividade, e há uma hiperatividade, fazendo assim, com que o pensamento, algo que não aparenta ser uma atividade, seja menosprezado e evitado. Porém para Arendt, “dentre as atividades da vida activa, o pensamento seria a mais ativa atividade, superando todas as outras atividades quanto à pura atuação” (p.48).

Outro conceito importante apresentado por Han (2015) é a vida contemplativa. Esta pressupõe uma pedagogia especifica do ver. O autor traz três tarefas que Nietzsche acreditava que seria necessário que se tivesse um educador, a leitura, o pensar, o falar e escrever, nomeando esses aspectos de “cultura distinta”.
Aprender a ver é aproximar-se de si mesmo, descansar, aprender a ter atenção profunda sobre as coisas, um olhar lento e demorado, contemplativo. Aprender a controlar os instintos inibitórios limitativos, não reagir de imediato e seguir um impulso, sendo estes considerados sintomas do esgotamento. “Essa vida não é um abrir-se passivo que diz sim a tudo e acontece. Ao contrário, ela oferece resistência aos estímulos opressivos, intrusivos” (p.52).

Atualmente vivemos num mundo pobre de interrupções, movido a maquinas que não param. Ao mesmo tempo em que a cresce a hiperatividade, desaparece a ira. Para o autor a ira tem a capacidade de interromper um estado para que outro se inicie. Assim, em seu lugar temos a irritação que não ocasiona  mudanças.
A crescente positivação da sociedade enfraquece os sentimentos de angustia e luto, sentimentos negativos. O excesso de positivação transforma a sociedade numa máquina de desempenho autista.

O autor traz duas formas de potências, a potência positiva, de fazer algo, e a negativa, de não fazer. “Se possuíssemos apenas a potência de fazer algo e não tivéssemos a potência de não fazer, incorreríamos numa hiperatividade fatal” (p.58). “A hiperatividade é paradoxalmente uma forma extremamente passiva de fazer, que não admite mais nenhuma ação livre” (p.58).

Um relato escrito por Melvilles que foi objeto de várias interpretações, “O caso de Bartleby”, é uma história provinda de “Wall Street”. Descreve um universo de trabalho desumano, num ambiente hostil de um escritório, com uma atmosfera de melancolia e mal humor. Bartleby desenvolve sintomas de neurastasia. Não expressa nem a potência negativa nem o instinto inibitório. Falta de iniciativa e apatia são características desenvolvidas pelo personagem.
A história é descrita numa sociedade disciplinar, representando um sujeito de obediência. Portanto os sentimentos de insuficiência e inferioridade não são reconhecidos por Bartleby, o que o faz adoecer é o excesso de positividade, não suportando o peso de começar a abandonar o próprio eu, para dar espaço ao trabalho, atividade. Dessa forma, se sente vazio, ausente, apático, pois se encontra sem referência de mundo e sentidos.

Fonte: goo.gl/fC5Kp8

A fórmula de Bartleby “I would prefer not to” afasta-se de qualquer interpretação messiânico-cristológica. Essa “história provinda de Wall Street” não é uma história de “des-criação” [Ent-schopfung], mas uma história do esgotamento [Erschopfung] (p.68).
O conceito que nomeia o livro de Han (2015) é o conceito de sociedade do cansaço. Gerado pela junção dos dois séculos, encontra-se a sociedade atual.
A sociedade do cansaço, enquanto uma sociedade ativa, desdobra-se lentamente numa sociedade do doping. […]. O doping possibilita de certo modo um desempenho sem desempenho. (p.69)

A necessidade de sempre se ter um maior e melhor desempenho nas várias atividades realizadas pelo homem fez com que ele buscasse alternativas de executá-las de melhor forma sem erros. Porém, o autor explica que “o excesso de elevação do desempenho leva a um infarto da alma” (p.71).
O autor expõe nesse capítulo várias formas de cansaço. Segundo Handke, o cansaço é um “cansaço-nós”, “estou cansado de ti”, não “cansado para ti. O “cansaço do esgotamento” nos incapacita de fazer qualquer coisa. Um cansaço que inspira. Cansaço da potência negativa. No “Cansaço fundamental” não há uma individualização, e desse cansaço surgem comunidades que não precisam de parentesco para existir.

Dessa forma é possível entender como e por que vivemos numa sociedade das patologias neuronais. Han (2015) expõe características das sociedades que explicam por que a sociedade atual é a sociedade do cansaço. Tendo em vista que passamos pela sociedade disciplinar, da proibição, nos encontramos numa sociedade que prega o desenvolvimento, a era das tecnologias, tempo estriado, falta de empatia, entre outros. Todos esses aspectos nos movem para um caminho, o cansaço. A partir de agora é preciso rever alguns aspectos para que possamos viver nessa sociedade de forma mais equilibrada. Talvez isso seja uma utopia, mas para que a vida e as sociedades existam e evoluam, é necessário que se tenha um pouco de utopia.

* Trabalho resultante da disciplina de Sociedade e Contemporaneidade, ministrada pelo prof. Sonielson Sousa

Ficha Técnica do Livro
Sociedade do Cansaço

Fonte: goo.gl/bzUYB6

Editora: Saraiva
Autor: Byung Chul Han
Ano: 2015
Páginas: 80

REFERÊNCIA:
HAN, Byung-chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis-rj: Vozes, 2015.

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Atendimento de Crianças com TDAH à Luz da Fenomenologia Existencial

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O presente artigo foi construído a partir de um levantamento bibliográfico, que consistiu na busca por pesquisas acerca do tema, como também na leitura base do livro, “Descobrindo Criança” de Violet Oaklander.A Gestalt-terapia tem como precursor principal o psicólogo alemão Frederick Perls, o qual assim nomeou uma nova terapia que havia desenvolvido desde 1946, juntamente com o grupo de intelectuais, denominado de “Grupo dos Sete”. O grupo era composto por: Isadore From, Paul Goodman, Paul Weisz, Sylvester Eastman, Ellliot Shapiro, Ralph Hefferline, Laura e Fritz Perls (DACRI; LIMA; ORGLER, 2012).

De acordo com Antony & Ribeiro (2004), a Gestalt-terapia é uma abordagem de origem holística-existencial-fenomenológica, a qual reúne elementos da Teoria do Campo, da Teoria Organísmica, da Psicologia da Gestalt e das concepções filosóficas do Humanismo, Existencialismo e da Fenomenologia. Essa teoria se caracteriza da dinâmica que é assumida pelo sujeito a partir das suas pretensões, anseios e necessidade que dão impulso para uma tensão interna, que ao se destacar gera uma figura, a qual instiga a energia do organismo. Caso isto necessite dos recursos oferecidos pelo meio que está inserido para que haja a realização. As funções de contato do indivíduo são acionadas e a consciência é despertada, fazendo com que o ser humano organize as experiências estabelecendo o tipo de contato.

Fonte: http://zip.net/bftLqL

O diverso tipo de contatos, que tem origem a partir de uma sensação, faz com que ocorram crescimento e desenvolvimento na vida do homem e para Gestalt-terapia contato é considerado um conceito chave. É importante ressaltar que toda formação de figura cria um novo saber fazendo com que o sujeito acumule mais vivências e com isso se modifique e o contato apenas encerra quando o organismo consegue chegar ao equilíbrio e com isso novas figuras são elaboradas para um novo processo se formar. Dessa maneira, diz-se que este processo que ocorre para formar uma figura fundo, alicerçado no campo organismo-meio, provoca o organismo como um todo e não de modo separado, gerando o contato.

Contatar é, em geral, o crescimento do organismo. Pelo contato queremos dizer a obtenção de comida, amar e fazer amor, agredir, entrar em conflito, comunicar, perceber, aprender, locomover-se, a técnica em geral toda função que tenha de ser considerada primordialmente como acontecendo na fronteira, num campo organismo/ambiente (PERLS, HEFFERLINE & GOODMAN, 1997, p. 179).

Segundo Dacri, Lima e Orgler (2012), a Gestalt-terapia é uma filosofia existencial autêntica que possui uma forma peculiar de conceber as relações do homem com o mundo, visando a manutenção e o desenvolvimento de um bem-estar harmonioso. Valoriza a criatividade e a originalidade do ser humano, com um olhar para além da cura. Já Antony e Ribeiro (2005), afirmam que a Gestalt-terapia estando inserida neste meio filosófico, possui uma compreensão ontológica do sujeito como um ser no mundo, vivendo sua existência com e para o outro. Fazendo parte de um mundo compartilhado, a existência manifesta a intersubjetividade como criadora do ser, buscando a constituição da sua essência.

Fonte: http://zip.net/bwtKXQ

Para essa abordagem a concepção existencial de ser humano é entendido como a capacidade do mesmo de se refazer, podendo escolher e organizar sua realidade e existência de forma criativa, porque para esta teoria, entende-se que o conhecimento humano o leva a capacidade de escolher seu próprio destino, transcendendo fronteiras, limites e até mesmo condicionamentos que foram impostos. Concernente a essa concepção, o funcionamento saudável pode-se dizer que, o indivíduo é entendido como um ser totalmente relacional, que está sempre em um processo de troca de vivências com o meio.

A Gestalt-terapia possui uma visão do comportamento humano como sendo o resultado da interação com o campo organismo/ambiente. Dessa forma, o indivíduo pode manifestar diversas possibilidades de comportamento de acordo com o campo ao qual está inserido, mantendo assim, uma relação de reciprocidade (ANTONY; RIBEIRO, 2005). “No viés gestáltico, o homem é visto como um ser de infinitas potencialidades para crescer e se desenvolver, estando diariamente em construção e, portanto, inacabado” (GUISSO; FABRO, 2016, p. 543).

Em seu aspecto clínico, a Gestalt-terapia se apresenta como uma terapia existencial-fenomenológica que objetiva aumentar a awareness do cliente, no aqui e agora da relação terapêutica, e, para isso, utiliza recursos como experimentos, frustração, fantasias dirigidas, e outros, facilitando o desenvolvimento do auto suporte, a capacidade de fazer escolhas e a organização da própria existência (DACRI; LIMA; ORGLER, 2012, p. 139).

Perls (1997) diz que palavra “awareness” está co-relacionada com a palavra consciência, podendo também expandir seu significado para os termos: compreensão, percepção, ampliação e até mesmo para “tomada de consciência”. Segundo Cavalcanti (2014) “awareness” ocorre no espaço que o corpo ocupa e na amplitude dos seus sentidos ancorado no momento do tempo presente. Em Gestalt-terapia o conceito de “awareness”, pode expressar a ideia central desta abordagem, “…trata-se de estar plenamente atento à situação em que se vive percebendo-se no conjunto daquilo que se está fazendo e como se está vendo a situação, no campo marcado pela interação entre organismo e meio em todos os seus níveis…” (CAVALCANTI, 2014, p.122).

Fonte: http://zip.net/bctLlT

Dessa maneira, percebe-se que ao desenvolver este conceito o organismo pode ser ajustado ao ambiente que está inserido, afim de que as condutas que se repetem não ocorra mais, pois a awareness é influenciada através das experiências que oportuna as relações de introspecção. A consequência deste ajustamento, que ocorre somente quando há ampliação da consciência, é o não bloqueio de contato com a realidade, possibilitando o ajustamento do aqui-agora.

Na gestalt-terapia, como nos mostra Cavalcanti (2014), a instigação que é feita a partir da awareness pode ajudar na localização de bloqueios e resistências que possam vir a ter após as experiências vivenciadas de sentimento de impotência e limitação, por exemplo. Pode-se afirmar que todo processo contínuo de tomada de consciência é acompanhado de novas informações. A configuração de novas formas de atuação que o sujeito adquire é decorrente da auto percepção e da sua capacidade de mudar a si mesmo.

 Para Fagali, este seguimento da awareness é:

Processo em que se leva em conta o valor da experiência no aqui e agora, a dinâmica intersubjetiva, as articulações entre a subjetividade e a objetividade e as diferentes dimensões de consciência tendo em vista os níveis de contato e de resistência das pessoas, sejam as que aprendem, sejam as que ensinam ou orientam (FAGALI, 2007, p.104).

No que se diz respeito ao awareness, conclui-se que quanto maior for este processo, maior será a possibilidade do indivíduo atuar como sujeito da sua intrínseca história, ou seja, protagonista da sua própria existência. Não se pode esquecer as contribuições que advém do meio social que tanto contribui, manifestando forte influência na formação das experiências, e ainda é importante ressaltar que o ser humano não pode ser apenas visto como um produto resultante do seu meio.

Diante destas conceituações, conforme Antony e Ribeiro (2005) a Gestalt Terapia ver o adoecer como decorrência de certo desequilíbrio relacional existente entre o individuo e o ambiente, visando ter um olhar holístico do adoecimento. “O enfoque gestáltico, assim, visa ir além da descrição dos sintomas, busca o sentido da patologia e as vivências subjetivas da pessoa adoecida” (p.187).

Fonte: http://zip.net/bttL8d

A abordagem fenomenológica existencial tem um papel importante na construção do pensamento psicológico, referindo a relação descrição do fenômeno, isto é, sentimento, pensamento ou fala que faz parte da totalidade do sujeito. O Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) vem sendo foco de pesquisas para se conhecer sua etiologia e com isso aprimorar os critérios diagnósticos, visto que, a hiperatividade é muitas vezes analisada a partir de um olhar biologicista desconsiderando aspectos vivenciais do sujeito (ANTONY & RIBEIRO 2004, 2005).

De acordo Antony & Ribeiro (2004, p. 128):

Pesquisas mais recentes têm apontado para uma etiologia multidimensional diante da complexidade desse transtorno e da falta de evidências científicas sólidas que sustentem uma etiologia única e de base exclusivamente biológica. Estudiosos passaram a afirmar que a vulnerabilidade biológica e os fatores psicossociais interagem de um modo circular com relação à causa, gravidade e resultado do transtorno.

Nota-se que na sua etiologia, é um distúrbio que envolve a interação de aspectos biológicos e ambientais. No que concerne os fenômenos biológicos é tangível as contribuições genéticas para a ocorrência deste transtorno; e no que diz respeito aos fatores ambientais, deve-se considerar as questões psicossociais dentre eles os conflitos familiares, baixo poder aquisitivo, criminalidade dos pais dentre outros (CARVALHO, 2015).

Esse tipo de transtorno normalmente apresenta em crianças que estão em idade escolar, e durante muito tempo era tratado de maneira erronia por pessoas não capacitadas, que se baseavam somente nas queixas relatadas pelos pais e professores da criança. Porém nos últimos anos, surgiram pesquisas que aprimoraram os estudos nessa área, contribuindo de forma significativa para o entendimento da doença (SOUZA et al., 2007).

Fonte: http://zip.net/bctLlV

Souza et al. (2007) apresenta estudos que comprovam a complexidade do diagnóstico e do tratamento do TDAH, vendo mais além dos sintomas evidentes de desatenção e hiperatividade, mas também as comorbidades psicológicas que o paciente apresenta. O profissional responsável pelo diagnóstico e tratamento de crianças diagnosticada ou com suspeitas dessa patologia deve conter um bom embasamento teórico e está apto para atuar na prática.

Para diagnosticar o TDAH é necessária uma investigação clínica bastante apurada de toda a história do cliente, e também a utilização de alguns instrumentos, como os testes psicológicos, que facilitam ao profissional a identificar a existência ou não da patologia e as condições psicológicas, sociais e familiares do paciente (CALEGARO, 2002).

De acordo com Guisso e Fabro (2016) os processos de atenção e hiperatividade tem mudado ao decorrer do tempo, as crianças de tempos atrás viviam e brincavam de forma mais ativa que atualmente, tinham tempo e espaço para descarregar suas energias. Já com as crianças de hoje pode-se perceber que vivem cada vez mais envolvidas com atividades realizadas em ambientes fechados, sem muito contato com o ar livre. Produzindo assim uma atenção mais distante.

Fonte: http://zip.net/bgtLnT

Embasado nos referidos acima é possível verificar que o Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade é analisado a partir do aspecto histórico e do desenvolvimento individual de cada individuo, por meio das suas experiências de contato. Uma vez que, a Gestalt-Terapia compreende o TDAH como um problema do indivíduo em manter contato e/ou relações saudáveis com algo ou alguém (OAKLANDER, 2008).

A autora afirma em um de seus livros “Descobrindo crianças: a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes” traz suas experiências e técnicas terapêuticas em atendimento com crianças, trabalhando de forma criativa para que o cliente expresse seus sentimentos e fantasias proporcionando um espaço livre, a fim de que os conflitos existentes possam emergir. Deste modo, para compreender a criança é importante que o terapeuta entre no seu mundo fantasioso, visto que, o processo de fantasia vivenciado por ela estar diretamente relacionado com a sua vida real. Ela evidencia os benefícios da atenção dada para a criança hiperativa, segundo ela quando alguém as ouve e as levam a sério é possível que haja uma redução nos sintomas hiperativos.

No trabalho com crianças hiperativas, o terapeuta utiliza-se de técnicas que buscam tranquilizar as crianças propondo atividades com materiais que proporcione uma experiência tátil, tendo como exemplo o uso de areia, água, argila, pinturas com os dedos, no processo terapêutico, Oaklander (1980) afirma ainda, que as experiências táteis auxiliam na concentração da criança possibilitando uma consciência de si mesmo e do próprio corpo.

Fonte: http://zip.net/bktLrL

No livro, a autora relata experiências e várias técnicas utilizadas com crianças hiperativas como por exemplo:

“Penso que qualquer experiência tátil ajuda essas criança a se concentrarem e se tornarem mais conscientes de se mesmas – de seus corpos e de seus sentimentos. Quando trabalhava em escolas com crianças emocionalmente perturbadas (“hiperativas” é “antissociais”),  empregava frequentemente a pintura com os dedos, com excelentes resultados. Pedia emprestadas bandejas de almoço do refeitório, colocava um pouco de goma líquida em cada uma, é respingava uma ou duas cores de tinta em pó sobre a goma. As crianças trabalhavam (geralmente em pé ao lado de mesas) lado a lado, com grande prazer. Nos seis anos que trabalhei nesse programa, usei esta atividade frequentemente, com muitos grupos etários é combinações diversas de crianças, bem como com os meus próprios grupos de terapia é sessões individuais. Nunca uma criança jogou tinta em outra ou nas paredes. Trabalhavam absortas, fazendo belos desenhos é experimentando misturas de cores, conversando entre si e comigo enquanto trabalhavam. Quando era ora de parar, pegávamos um grande pedaço de papel, é fazíamos uma maravilhosa impressão que deixávamos secar; depois a ajeitávamos é fazíamos uma moldura com uma cartolina de cor deferente. Cada criança limpava sua área  de trabalho é lavava a bandeja.

O valor desta atividade era amplo. As impressões feitas eram realmente bonitas, e naturalmente as crianças tinham muito orgulho delas e de si próprias… Devido a natureza tátil é cinestésica da atividade, as crianças experienciavam um elevado senso de seus próprios corpos. Pelo fato de se distraírem facilmente, e muitas vezes ficarem confusas pelos estímulos, essas crianças têm uma grande necessidade de experienciar uma volta ao senso de si próprias. Acredito que qualquer experiência tátil é cinestésica promove uma nova é mais forte consciência do eu é do corpo. Com um aumento de consciência de si mesmo, surge uma nova consciência dos sentimentos, pensamentos é ideias.”(OAKLANDER, 1980, p. 251 a 252).

O papel do terapeuta, de acordo com Oaklander (1980), é ajudar as crianças a ter consciência de si mesmo e da sua existência para fortalecer o seu eu e as funções de contato, ajudando-as a perceber o mundo real a sua volta, as diversas possibilidades de escolhas quanto a forma de se viver, apontando quando as escolhas são impossíveis.

Fonte: http://zip.net/bvtLSX

Violet Oaklander (1998), na sua prática clínica, também emprega outro método para se trabalhar com crianças hiperativas.

Se uma criança está irrequieta, passando de uma coisa para outra, etc., posso observá-la fazendo isso por algum tempo, e então estimular este comportamento – encorajá-la a olhar isto olhar aquilo. Chamarei sua atenção para o que ela está fazendo, de forma que não dê a entender um julgamento. Quero fixar aquilo que está fazendo, ajudá-la a tomar consciência e talvez reconhecer o que faz (p. 253).

Podemos concluir que, abordagem fenomenológica existencial tem o papel importante na construção do sujeito quando se trata da descrição do mesmo em sua totalidade. Pois o Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade muitas vezes é analisado a partir de um olhar biologicista, assim desconsiderando as vivências do sujeito. É sabido que por meio da relação terapêutica que se alcança a descrição desses fenômenos utilizando-se do método fenomenológico que busca a compreensão do homem em sua essência. No que podemos verificar a importância das técnicas utilizadas pela autora Violet Oaklander.

REFERÊNCIAS:

ANTONY, Sheila; RIBEIRO, Jorge Ponciano. A Criança Hiperativa: Uma Visão da Abordagem Gestáltica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 20, n. 2, p.127-134, maio 2004.

ANTONY, Sheila; RIBEIRO, Jorge Ponciano. Hiperatividade: Doença ou Essência Um Enfoque da Gestalt-Terapia. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 2, n. 25, p.186-197, jan. 2005.

CARVALHO, Mariana Coelho. PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PSICOMOTORA PARA CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH. 2015. 147 f. Tese (Mestrado) – Curso de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2015.

CAVALCANTI, Adriane. Gestalt-Terapia e Psicopedagogia. Construção Psicopedagógica, São Paulo, v. 22, n. 23, p.121-129, jan. 2014.

D’ACRI, Gladys; LIMA, Patricia; ORGLER, Sheila. Dicionário de Gestalt-Terapia: Gestaltês. 2. ed. São Paulo: Sumus Editorial, 2012.

GUISSO, Luciane; FABRO, Ana Carla. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: o olhar da Gestalt-terapia. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p.540-551, ago. 2016.

OAKLANDER, V. El Tesoro escondido. Chile: Cuatro Vientos, 2008.

PERLS, F.S. Gestalt-terapia Explicada. Trad. Br. George Schlesinger. São Paulo: Summus, 1997.

SOUZA, Isabella G. S. de et al. Dificuldades no diagnóstico de TDAH em crianças. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, p.14-18, 2007. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Camilla_Pinna/publication/262635391_Challenges_in_diagnosing_ADHD_in_children/links/540f0bab0cf2f2b29a3dc3cf.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2017.

ARAÚJO, Ariana Maria Leite – O diagnóstico na abordagem fenomenológica existencial.
Revista IGT na Rede, V.7, Nº 13, 2010, Página 315 de 323. Disponível em: <http://www.igt.psc.br/ojs/>. Acesso em 12 de maio de 2017.

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Efeitos Negativos da Tecnologia na Infância

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Primeiramente convém analisar o significado de vida social, entender o que vem a ser o viver em sociedade.  O termo “sociedade” vem do Latim societas cujo significado é “associação amistosa com outros”. Trata-se de um grupo de pessoas que compartilham semelhanças e experiências, estabelecendo interdependências, e que ao mesmo tempo são distintas umas das outras tanto em seus aspectos exteriores quanto em seus interesses subjetivos.

Branco (2011, s.p.) escreve que o primeiro grupo social no qual um indivíduo está inserido é a família, onde a criança gradativamente descobre o mundo além de seu lar. Considerando, então, que a família é o primeiro exemplo de sociedade que envolve uma pessoa, deve-se antes focar a tecnologia e sua direta atuação no ambiente familiar.

Fonte: http://zip.net/bhtJxn

Uma pesquisa feita com 1.521 crianças de 6 a 12 anos por uma revista infantil norte-americana mostrou que 62% das crianças reclamam da demasiada distração dos pais a ponto de estes não ouvirem os filhos. A pesquisa constatou que os celulares eram os principais responsáveis nesses casos. Além disso, celulares, TV’s, smartphones e tablets juntos foram a causa do distanciamento entre filhos e pais em 51% dos casos (SALEH, 2014).

Nem mesmo quando a família está à mesa para refeições os smartphones são poupados. Momentos que deveriam ser oportunidades únicas para dialogar e estreitar laços familiares são desperdiçados, o que é lamentável principalmente quando os próprios pais não dão o bom exemplo nesses infrequentes momentos em que estão perto dos filhos. Em virtude disso, os filhos pequenos seguem o mesmo caminho, o que traz mais danos ao ambiente familiar e afetarão negativamente outras áreas da vida.

Fonte: http://zip.net/bptJ4b

Paiva e Costa (2015, p. 4) ressaltam que desde muito cedo a criança tem contato com tecnologias como celulares e tablets, o que provoca questionamentos devido ao fato de tratar-se de um ser que ainda não tem maturidade para lidar bem com esses aparatos.  Diante de variadas opções de entretenimento, a mente de uma criança logo se apega a esse impressionante mundo virtual, caracterizado por jogos eletrônicos, jogos onlines e redes sociais, gastando tempo e energia.

Inevitavelmente são menosprezadas as brincadeiras tradicionais tais como amarelinha, pega-pega, esconde-esconde e jogar bola, atividades que envolvem esforço e contatos físicos. Percebe-se, portanto, o prejuízo da interação social, já que a criança passa a maior parte do seu tempo dentro de sua casa, sozinha com um equipamento eletrônico.

De acordo com o psicólogo Cristiano Nabuco, quanto mais uma criança é apegada à tecnologia, mais distante ela fica do ambiente social, tornando-se incapaz de se entrosar com outras. Ainda segundo o psicólogo, essa incapacidade impede de serem desenvolvidas habilidades sociais que compreendem a inteligência emocional, portanto, a criança ligada à tecnologia não é capaz de empatizar, sentir-se no lugar do outro, um nobre gesto indispensável para uma sociedade melhor (FOLHA DE SÃO PAULO, 2014).

Fonte: http://zip.net/bktJpD

Eisenstein e Estefenon (2011) escrevem que a criança se vê envolvida numa mistura de mundo real com o mundo virtual. No caso das redes sociais, são criados novos códigos de relacionamentos, resultando na aquisição de novos “amigos”. São construídas uma ou várias versões virtuais de identidade. Nesse caso, o nome já não é tão importante, sendo substituídos por logins e senhas.

Já que a criança está por perto, contidamente entretida com a tecnologia, dentro de casa, os responsáveis ficam mais tranquilos, sentindo-se sob o controle, mantendo a ordem sem grandes dificuldades. Henríquez (2014, s.p.) diz que isso pode ser útil a curto prazo, mas a longo prazo os efeitos viciantes desses aparatos trarão consequências nefastas ao vínculo familiar e à vida futura da criança.

Portanto, é necessário analisar a que ponto a situação da criança pode estar chegando, e se isso está sendo benéfico ou maléfico, esse papel cabe exclusivamente aos pais, pois a criança ainda não tem discernimento sobre si mesma e poderá desenvolver uma profunda dependência da tecnologia, acarretando por fim o isolamento social.

Assim sendo, é inerente aos pais ou responsáveis a responsabilidade de zelar pela vida social das crianças, estimulando a interação pessoal dela com os colegas do bairro ou da escola, leva-las a passeios e programações culturais.

Ações como esse fortalecem o vínculo familiar e causam efeitos positivos não só no presente como no futuro, tornarão a criança em um adulto de saudáveis relacionamentos cognitivos, profissionais e afetivos, aprimorando, portanto, todo o viver em sociedade. A participação dos adultos é essencial para que a criança compreenda a função das tecnologias presentes em seu dia a dia, para que elas as usem com confiança (KELLY, 2013, s.p.).

Fonte: http://zip.net/bxtKf4

Efeitos negativos da tecnologia na vida educacional da criança

É inquestionável a grandeza do papel escolar na vida do ser humano, especialmente nos primeiros anos de sua existência. Quinalha (2010, s.p.) escreve que a escola é o segundo lugar mais importante na vida da criança, vendo-o como o ambiente onde emerge “uma segunda sociabilidade”. Tal relevância se deve ao fato de que é na escola onde a criança irá aprender a observar e questionar, constituindo-se assim como um ser pensante, além de prepará-la para um pleno exercício da cidadania.

Assim sendo, deve-se garantir que, ao adentrar no ambiente educacional, o estudante tenha suas capacidades fisiológicas e cognitivas preservadas para que seu aprendizado seja pleno. Infelizmente, pesquisas têm apresentado relações de causa e efeito entre o uso abusivo da tecnologia e problemas de aprendizagem.

É importante ressaltar que, para fins de debate e reflexão, o presente trabalho abrange somente os efeitos deletérios da tecnologia usada de forma abusiva ou em fases não adequadas para crianças, portanto, essa pesquisa não tem um caráter generalizador e nem radical.

Fonte: http://zip.net/bktJpG

Estudos têm mostrado que uma ou duas horas de TV (televisão), sem a supervisão dos responsáveis, trazem significativos efeitos danosos ao rendimento escolar de crianças, especialmente no quesito leitura (ROJAS, 2008). A televisão dá aos pequenos uma série de informações já prontas, o que, de modo geral, os impede de raciocinar e desenvolver seu pensamento crítico. Isso explica o fato de a leitura, que envolve não só a decodificação de palavras, mas também o assimilar do conteúdo, tornar-se dificultosa e por fim ser desprezada por quem gasta expressivas horas com tecnologias.

Problemas de atenção também advêm do uso abusivo de aparatos eletrônicos, especificamente da televisão. Um efeito do abuso desse aparelho é a hiperatividade, uma condição física que se caracteriza pelo subdesenvolvimento e mau funcionamento do cérebro, cuja principal característica é a atenção deficiente. Setzer (2014, s.p.) declara:

A produção de hiperatividade pela TV é fácil de ser compreendida: crianças saudáveis não ficam quietas, estão sempre fazendo algo, pois é assim que aprendem, desenvolvem musculatura, coordenação motora etc. Uma criança saudável só fica parada se ouvir uma história: aí se pode observar que ela fica como que olhando para o infinito, pois está imaginando interiormente os personagens, o ambiente e a ação. No caso da TV, a criança fica fisicamente estática […], não tendo nada a imaginar, pois as imagens já vêm prontas e se sucedem com rapidez. Ao se desligar o aparelho, a criança tem uma explosão de atividade, para compensar o tempo que ficou imóvel e passiva […].

Por sua vez, a hiperatividade afeta negativamente o aprendizado da criança, já que a atenção desta está desordenada. Santos (2016, s.p.) escreve que as escolas frequentemente lidam com esta questão, registrando que pesquisas apontam que para cada vinte alunos de uma turma escolar, cinco apresentam comportamento hiperativo.

Amâncio (2014, s.p.) cita a sobrecarga cognitiva como outro resultado negativo da exposição às tecnologias da informação. Rebouças (2015, s.p.) explica:

Toda demanda de memória utilizada no processo de aprendizado é referida como carga cognitiva, ou seja, toda quantidade de conteúdo e desdobrar de conhecimento que a pessoa registra em sua memória durante a instrução e capacitação. No uso do computador e da internet como meios de instrução, a carga cognitiva abrange o processo mental capaz de acessar e interpretar o conteúdo apresentado em janelas, ícones e objetos. A sobrecarga cognitiva gera um descompasso entre experiência, habilidade e temperamento da pessoa. Além de prejudicar o nível de detalhes e qualidade de uma tarefa.

De acordo com Luiz Vicente Figueira de Mello, do Ambulatório de Transtornos Ansiosos do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), o excesso de informações, que supera a capacidade neuronal, leva à sobrecarga das conduções elétricas do cérebro e ao estresse (REDE GLOBO, 2016).  Não é ilógico concluir que uma sobrecarga cognitiva é extremamente danosa ao cérebro de uma criança, órgão este que ainda está em formação, e extremamente prejudicial a ela como aluna, seu aprendizado escolar é limitado.

Fonte: http://zip.net/bwtHVL

Agora falando especificamente sobre a Internet, esta trouxe novas formas de escrever e expressões. Deve-se ressaltar o tão falado “internetês”, que consiste em abreviar palavras e ignorar pontuações, desrespeitando assim as normas gramaticais. Alguns exemplos são: “Td d bom p vc”; “xau bju” e “A gnt se fla por aki”. (O certo seria “Tudo de bom pra você”; “tchau, beijo” e ”a gente se fala por aqui”). O problema está no fato de tal linguagem ser usada no ambiente escolar, devido à confusão gerada por diferentes formas de escrita.

Hamze (2008, s.p.) ressalta o seguinte:

Em português, ou em qualquer outra língua do mundo, a Internet já começa a modificar os habituais meios de comunicação considerados como politicamente corretos. É melhor pensar nas consequências desse acontecimento antes que haja uma descaracterização dos idiomas cultos pela extrema e cada vez mais rápida fama da rede. 

Não se deve demonizar o “internetês” que facilmente pode ser assimilado pela criança, nem proibir o seu uso, mas ressaltar aos pequenos a maior importância da língua materna, falando-lhes sobre os benefícios que existem em obedecer às normas gramaticais, e não se desvincular delas. Papéis não podem ser invertidos, é, portanto, dever dos responsáveis de averiguarem se esses novos dialetos não estão confundindo a criança em seu ambiente escolar.

Portanto, percebe-se que o abuso da tecnologia por parte das crianças traz a elas efeitos negativos a curto e longo prazo.  Diante dessa situação, é reafirmado o fato de que recai sobre os pais a responsabilidade de monitorar os filhos, sempre dialogando com eles sobre a importância do uso adequado desses aparelhos que inevitavelmente compõem o cotidiano do presente século, características marcantes da sociedade da informação.

Os pais devem orientar seus filhos do mesmo modo que o fariam em relação às atividades e relacionamentos convencionais. O diálogo deve preceder o uso consciente da internet (PERES, 2015).

Fonte: http://zip.net/bwtHVM

A recomendação supracitada deve estender-se além da internet, abrangendo a tecnologia em suas mais diversas formas de representação. Como consequência do esclarecimento a respeito desses aparatos eletrônicos, aliado à orientação dos responsáveis, a criança terá uma plena participação no contexto social, garantirá um pleno aprendizado no ambiente educacional e, portanto, terá um futuro com menos problemas.

REFERÊNCIAS:

AMÂNCIO, Wagna Ferreira S. Pontos Positivos e Negativos em relação ao uso da Tecnologia no Processo de Ensino-Aprendizado. Disponível em: <http://www.pedagogiaufesead2014.blogspot.com.br/>. Acesso em 04 outubro 2016.

BRANCO, Anselmo Lázaro. Sociedade: Relações sociais, diversidade e conflitos. Disponível em: <http://www.educação.uol.com.br/>. Acesso em 08 outubro 2016.

EISENSTEIN, Evelyn; ESTEFENON, Susana B. Geração Digital: Riscos das novas tecnologias para crianças e adolescentes. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, v. 10, 2011. Disponível em: <http://www.revista.hupe.uerj.br>. Acesso em 27 setembro 2016.

FOLHA DE SÃO PAULO. Obesas e sedentárias, 54% das crianças passam mais de 4 horas por dia em frente à TV ou celular. Disponível em: <http://www.maternar.blogfolha.uol.com.br/>. Acesso em 06 outubro 2016.

HAMZE, Amelia. Internetês. Disponível em: <http://www.web.archive.org>. Acesso em 06 outubro 2016.

HENRÍQUEZ, Omar. Adicción a la tecnología em los niños. El papel de los padres em la prevención. Disponível em <http://www.colombianosune.com>. Acesso em 03 novembro 2016.

KELLY, Clare. Los niños y la tecnología.  Disponível em: <http://www.cbeebies.com/>. Acesso em 03 outubro 2016.

PAIVA, Natália Morais de; COSTA, Johnatan da Silva. A influência da tecnologia na infância: Desenvolvimento ou ameaça? Psicologia, Teresina, 2015. Disponível em: <http://www.psicologia.pt>. Acesso em 26 setembro 2016.

QUINALHA, Ivone Honório. A importância da escola e seu lugar na constituição humana. Disponível em <http://www.cuidademim.com.br/>.  Acesso em 19 novembro 2016.

REBOUÇAS, Fernando. Sobrecarga cognitiva. Disponível em: <http://www.agendapesquisa.com.b/r>. Acesso em 04 outubro 2016.

REDE GLOBO. Excesso de informação pode causar exaustão do sistema nervoso central. Disponível em: <http://www.redeglobo.globo.com/>.

ROJAS O., Valéria. Influencia de la televisión y vídeo juegos en el aprendizaje y conducta infanto-juvenil. Revista Chilena de Pediatría, Santiago, v. 79, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.com>. Acesso em 27 setembro 2016.

SALEH, Naíma. A tecnologia está afetando as relações familiares dentro da sua casa? Disponível em: <http://www.revistacrescer.globo.com/>. Acesso em 08 outubro 2016.

SANTOS, Bárbara. Como agir com crianças hiperativas e desatentas na escola. Disponível em <http://www.centropsicopedagogicoapoio.com.br>. Acesso em 17 novembro 2016.

SETZER, Valdemar W. Efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças, adolescentes e adultos. Disponível em <http://www.ime.usp.br>. Acesso em 17 novembro 2016.

UOL. Infância sem risco – Saiba como proteger as crianças dos criminosos digitais. Disponível em: <http://www.uol.com.br>. Acesso em 06 outubro 2016.

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Filósofo alemão Christoph Türcke propõe resgate da cultura do ritual para conter os efeitos do transtorno de déficit de atenção

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Em “Hiperativos!”, autor destaca a importância da atenção e da repetição no estabelecimento das culturas humanas e apresenta uma proposta para as escolas, a seu ver, um dos lugares centrais para combater o avanço do TDAH.

Mais eficaz que remédios para TDAH, esta é a primeira tentativa de combater, com os meios da filosofia, um “déficit” que se alastra nas sociedades modernas

Thomas Steinfeld, jornalista

Em “Sociedade excitada”, Christoph Türcke alertou para a agitação e o senso de urgência que ditam o ritmo da sociedade contemporânea. Em seu novo livro, o filósofo parece apresentar justamente as consequências deste cenário. “Hiperativos!” aborda o transtorno do déficit de atenção, suas implicações nas relações sociais e os possíveis caminhos para uma vida mais concentrada e saudável.

O autor mostra a importância da atenção e da repetição no processo de estabelecimento das culturas humanas e resgata a formação dos costumes, vistos por ele como um fenômeno de legítima defesa de um sistema nervoso altamente sensível.  Desta forma, o homem primitivo teria criado os rituais para conter seus medos da natureza. Assim, teriam surgido os sacrifícios e depois ritos mais suaves, como orações e refeições.

Em seguida, Türcke analisa como a conduta humana foi alterada e acelerada com a chegada das máquinas e o advento da imagem, que para ele gera no espectador um contínuo impulso ao despertar. Ele observa o mesmo fenômeno nos materiais impressos: “Nas últimas duas décadas, todos os grandes jornais estão cada vez mais parecidos com as revistas ilustradas. Sem fotos grandes eles não podem mais concorrer. Toda a diagramação supõe que ninguém tem mais concentração e resistência suficientes para ler um texto da primeira à última página, linha por linha”, afirma.

O filósofo fala ainda sobre os efeitos do déficit de atenção nas crianças, que não conseguem se concentrar e nem persistir em atividades coletivas. E propõe, portanto, uma nova disciplina escolar, batizada provisoriamente de “estudo do ritual”. Para os alunos pequenos, ele explica, serviria como uma paciente e criteriosa prática de conduta que condensaria toda a matéria de aula em intervalos regulares de pequenos atos como apresentações e ensaios:

“Educadores e professores que praticam com muita paciência e calma ritmos e rituais comuns, que nesse percurso passam o tempo comum com as crianças que lhes são confiadas; que se recusam a adaptar a aula a padrões de entretenimento da televisão, com contínua troca de método; que reduzem o uso de computadores ao mínimo necessário; que ensaiam pequenas peças de teatro com as crianças, apresentam a elas um repertório de versos, rimas, provérbios, poemas, que são decorados, mas com ponderação e entendimento; que não se servem permanentemente de planilhas, mas fazem os alunos registrarem caprichosamente o essencial num caderno: eles são membros da resistência de hoje”, completa.

“Hiperativos!” é um livro para pais, professores, pedagogos, psicanalistas e para qualquer pessoa que lide direta ou indiretamente com o transtorno de déficit de atenção. Uma leitura fundamental para compreender e transcender os impactos das novas tecnologias da comunicação nas estruturas perceptivas do indivíduo.

Agenda do autor no Brasil

19/11- 9h – PUC-Minas, Poços de Caldas- Conferência: “Filosofia da sensação”

21/11- 19:30-Unifal, Alfenas- Conferência: “Filosofia da sensação”

23/11-10:30-UFRJ-Campus da Ilha do Fundão- Conferência: “Crítica da cultura do déficit da atenção”

Christoph Türcke (1948, Hamelin/Alemanha) é professor emérito de filosofia na Faculdade de Artes Visuais de Leipzig. Foi professor visitante na UFRGS e na PUCRS. Colaborou para as revistas Spiegel e Merkur. Em 2009, recebeu o Prêmio de Cultura Sigmund Freud, concedido a cada dois anos a não psicanalistas cujo trabalho ofereça uma nova luz sobre a importância da psicanálise. No Brasil, publicou “O louco: Nietzche, a mania da razão (1993) e Sociedade excitada (2010). Este é seu primeiro livro pela Paz & Terra.

FICHA TÉCNICA

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 HIPERATIVOS! ABAIXO A CULTURA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO

Autor: Christoph Türcke

Tradução:  José Pedro Antunes

Páginas: 144

Editora:  Editora Paz & Terra (Grupo Editorial Record)

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Um olhar sobre a hiperatividade

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A hiperatividade é a característica comumente mais abordada ao se falar em Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), mas é importante frisar que o TDAH é caracterizado por um padrão comportamental infantil, onde a criança apresenta dificuldades de manter  concentração, são  impulsivas e  agitadas.

Um dos grandes problemas atuais é o fato de o distúrbio ser facilmente confundido com características normais de crianças, uma vez que é comum as crianças serem mais ativas, agitadas. Em geral o TDAH é um dilema para os pais, que tem dificuldade na educação dos seus filhos, mas em nosso tempo, pelo vasto acesso a informações, às crianças são muito mais estimuladas do que ha duas décadas, por exemplo, o que justifica, quase sempre, o comportamento agitado das crianças atualmente.

A educação de crianças tem se tornado cada vez desafiadora para pais e professores.  O termo hiperatividade caiu nas graças dos pais que vem no diagnóstico um pretexto para não lidar o problema. É muito mais fácil estigmatizar e vitimar a criança, justificando seu comportamento com o TDAH, que se empenhar em proporcionar uma educação de qualidade, muitas vezes apenas impondo limites a seu filho, o pai já consegue grandes melhorias.

E dessa forma a hiperatividade virou moda, e virou sinônimo de infância. As mídias televisivas se apropriam do termo, e fazem alarde, em matérias resumidas que explicam muito mal as reais características do diagnostico de TDAH, seria ma justificativa para os pais aceitarem tão alegremente transtorno ao autodiagnosticarem seus filhos.

Mas não dá para culpar os pais. Cabe ressaltar que eles acabam repetindo, com seus filhos, uma educação baseada naquela que receberam de seus pais. Estamos presos a um regime disciplinar que nos molda desde a infância.

Outro fator relevante para se entender essa mudança no perfil da infância em nosso século, é que as crianças hoje chegam muito mais cedo na escola, e entram em contato com uma situação totalmente nova, muitas vezes essa criança não é bem estimulada em casa, e por não atender as expectativas do professor acabam recebendo um rotulo, e sendo encaminhada para acompanhamento profissional. Nesse ponto, é que entra o psicólogo e sua psicologia, no entendimento dessa criança. O problema é que existem profissionais e profissionais. Basta uma avaliação mal feita e pronto: instaurou-se o caos. Enquanto profissionais da área da saúde em geral, temos uma responsabilidade com a vida de nossos clientes, e com as consequências que nossos erros podem acarretar em sua vida.

As crianças estão cada vez mais cheias de atividades para fazer durante o dia, o que muitas vezes, é uma estratégia dos pais de se livrarem do problema, ocupam o dia do filho com diversas atividades. E, ao mesmo tempo em que se aumentou o número de atividades, aumenta-se a cobrança em cima dessas crianças, que são forçadas a maturar-se mais rápido, muito antes do que elas estavam preparadas. Geralmente nos esquecemos de que crianças são apenas crianças.

Vale ressaltar que a hiperatividade assinalar-se por um sintomatológico de atividade constante que perpetua noite e dia. Geralmente, durante o dia, o hiperativo está em intenso movimento, executando diversas atividades ao mesmo tempo, e à noite tem insônia ou, quando dorme, tem um sono agitado.

O principal atributo da hiperatividade é a atividade interrupta do cérebro, onde ainda após o cansaço físico, o mesmo continua em funcionamento. E para sanar o problema é necessário, além de um diagnostico diferenciado, um tratamento específico respeitando a singularidade de cada paciente. Pois a hiperatividade é muito particular e responde diferentemente no aspecto singular de cada individuo.

Enfim, é preciso dissociar o conceito de hiperatividade ao termo de uma simples agitação presente em algumas crianças, pois a característica hiperativa do TDAH é muito mais que um comportamento agitado, tal aspecto e exige uma forma mais rigorosa de ser tratada. Sendo assim, vale ressaltar que: primeiro, é imprescindível conhecer o assunto antes de rotular crianças sem o mínimo conhecimento contextual.

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