Nunca esqueça: Mãe, você nasceu perfeita!

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A seguir, apresento um poema que reflete minha vivência como mãe solo, estudante e profissional de recursos humanos, inspirada pelas inúmeras mães que conheci ao longo da minha carreira. O poema aborda os desafios da maternidade conciliar, trabalho e estudos.

O despertador toca às 06:00h 

E o dia inicia 

Acordar, amamentar, trocar e para o berçário levar

Afinal, você precisa trabalhar

Ao longo do dia irá chorar

Sabe que seu filho bem cuidado estará 

Mas a meta é se culpar! 

Como ousa maternar, trabalhar e estudar? 

Quanta coragem! 

haja ânimo!

E no mercado de trabalho, intimidada será 

logo dizem: sua produtividade reduzirá 

por fim: estudar

Você precisa se qualificar!

Ahhh

que saudade!

saudade da facilidade 

espontaneidade 

é… junto vem as responsabilidades! 

você precisa ser assídua 

A assiduidade é pré-requisito!

assídua no trabalho 

assídua na criação 

assídua nos estudos 

assídua nos seus cuidados pessoais

e sem reclamar, nem pestanejar!

você precisa saber!

compreender 

Que julgada será

Pela pressa em ir para casa

Pelo cansaço que te arrasa

Pela empresa por chegar atrasada 

e muitos vão dizer: antes de ser mãe sonhava com tantas realizações 

Mas você tem outras preocupações:

O menino? Precisa ser bem criado! 

Os estudos? Precisam estar afiados!

O trabalho? Precisa ser acabado! 

o que ninguém espera é a ação

ou melhor: reação

E então acontece!

Maternar, trabalhar e estudar vai te ensinar

seja paciente, não subserviente 

resiliente!

O mundo precisa entender: mãe você é uma potência! 

tem a impertinência 

de mesmo que com experiência 

não se curvar

a garra

a força

a vontade 

mesmo sabendo da missa muito mais que a metade

para você: reverência 

Se aflige, mas não desiste

mulher tinhosa!

majestosa!

Parafraseando música:

Aproveita! E nunca esqueça que você nasceu perfeita.

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Professores da Psicologia são homenageados pela Assembleia Legislativa

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Ação foi organizada pela Nação Nordestina no Tocantins e por presidente da Assembleia.

Os professores do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra Heitor Dantas e Sonielson Sousa estavam entre os nordestinos homenageados nesta terça, dia 25, pela Assembleia Legislativa do Tocantins. Ação foi organizada pela Nação Nordestina no Tocantins e por presidente da Assembleia, deputado Antônio Andrade (PHS). O objetivo foi enaltecer nordestinos de diferentes áreas de atuação em Palmas, tendo em vista os serviços prestados em prol da sociedade.

Antônio Andrade enalteceu o papel do povo do Nordeste por sua luta e contribuição para o crescimento do País, do Estado do Tocantins e da cidade de Palmas. O presidente disse que não há o que falar da história e identidade brasileiras sem destacar o Nordeste. Ele afirmou que os nordestinos são reconhecidos não apenas por sua hospitalidade e alegria, mas também por sua luta e resiliência. “A marca e a contribuição dos nordestinos são perceptíveis no passado e no presente do Brasil e do Tocantins, com destaque em Palmas”, concluiu.

Vários deputados reconheceram e parabenizaram o trabalho prestado pela população do Nordeste à Capital, dentre eles Cláudia Lelis (PV), Valderez Castelo Branco (PP), Elenil da Penha (MDB), Leo Barbosa (SD), Professor Júnior Geo (Pros) e Issam Saado (PV).

Foto: Clayton Cristus

Em nome dos homenageados, falaram o professor do IFTO, Joseane Ribeiro de Meneses Granja Júnior, e a procuradora-geral de Palmas, Fernanda Cristina Nogueira de Lima. Em seus pronunciamentos, ambos destacaram as ações de sucesso realizadas por nordestinos nos campos empresarial e cultural, por exemplo.

Além de vários jornalistas que foram cobrir o evento e uma plateia repleta por nordestinos, compareceram o vice-governador Wanderlei Barbosa (PHS) e o secretário municipal de Governo e Relações Institucionais de Palmas, Carlos Braga, representando a prefeita da Capital, Cinthia Ribeiro (PSDB), autoridades da Justiça, da OAB, dos Militares, dentre outros. (Com informações da Dicom/AL)

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Professor do Ceulp/Ulbra é surpreendido durante a aula com um convite especial

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Iran Johnathan é convidado para ser patrono da XXIX turma de Psicologia

Na manhã dessa segunda feira (30), a XXIX turma de psicologia do Ceulp/Ulbra surpreendeu a comunidade acadêmica ao fazer publicamente o pedido do professor patrono. A escolha do mestre se deu por votação e a partir do vínculo com os alunos.

A comissão organizadora juntamente com os alunos formandos decidiram fazer um pedido cheio de surpresas e emoções. O professor ao chegar na sala de aula foi surpreendido com um envelope e um bombom, a partir desse envelope várias pistas lhe conduziram a um balão que tinha o último envelope com o pedido “Iran aceita ser PATRONO da nossa turma? ” O professor disse sim imediatamente e a turma comemorou lhe entregando uma lembrança.

Fonte: Arquivo pessoal

Para o professor Mestre Iran Johnathan, “é uma grande honra ser reconhecido pelos alunos e receber a maior homenagem de uma colação de grau. Não creio em coincidências, acredito em harmonia”.

Patrono é uma personalidade de grande importância pelo qual os formandos possuem uma enorme admiração. Geralmente são escolhidos por defenderem causas ou por ser referencias em áreas especificas.

Prof Mestre Iran Johnathan

Iran Johnathan Silva Oliveira Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2007), Especialização em Criminologia e Ciências Criminais pela Escola Superior da Magistratura Tocantinense – ESMAT (2016). É mestre em Processos Clínicos com ênfase na Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2010), Discente no Doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Autor do livro Síndrome de Down – Modificando comportamentos, juntamente com a Dra. Ilma A. Goulart de Souza Britto, pela editora ESEtec -Santo André/SP. Professor do curso de Psicologia no Centro Universitário Luterano de Palmas CEULP/ULBRA e no Centro Universitário UNIRG-TO.

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Professora Valdirene Cássia concorre a prêmio da Revista e Portal Imprensa

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A professora Dra. Valdirene Cássia, do Ceulp/Ulbra, acaba de ser indicada pela Revista e Portal Imprensa – os maiores do gênero no Brasil – para ser homenageada na terceira edição do prêmio Professor IMPRENSA. O evento visa premiar os profissionais e projetos que constroem o futuro da Comunicação no Brasil. Valdirene Cássia foi indicada para a categoria ‘Orientador de TCC’.

Ao todo, 249 professores de 112 instituições de norte a sul do país foram indicados. A região Sudeste liderou a participação, com 124 docentes indicados de 45 universidades; e em segundo lugar a região Sul, com 51 docentes de 25 universidades.

Nesta 3ª edição, IMPRENSA recebeu 731 indicações de todo o Brasil, superando a marca da 2ª edição, de 576 indicações.

A etapa de votação acontece até o dia 31 de outubro pelo site 

Fonte: goo.gl/L16Zw5

Sobre a votação 

Cada e-mail poderá votar somente uma vez em cada categoria. Você tem a opção de votar num finalista de uma região apenas, ou dar o seu voto aos finalistas de mais de uma região.

A validação do voto acontece após a confirmação em link enviado ao e-mail votante. Serão considerados válidos apenas os votos confirmados por esse link.

No Professor IMPRENSA, seu voto vale uma homenagem. Eleja os professores e eventos de Comunicação mais lembrados do Brasil.

Serviço: 

Professor IMPRENSA – 3ª edição

Realização: Portal e Revista IMPRENSA

Apoio: Intercom e Jeduca

www.portalimprensa.com.br/professorimprensa

 

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La La Land – Cantando Estações: uma ode ao sonhador

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Com quatorze indicações ao OSCAR:

Melhor Filme, Melhor Diretor (Demien Chazelle), Melhor Atriz (Emma Stone), Melhor Ator (Ryan Gosling), Melhor Roteiro Original (Demien Chazelle), Melhor Fotografia (Linus Sandgren), Melhor Direção de Arte, Melhor Montagem, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original (“Audition” e “City of Stars”). 

Banner Série Oscar 2017

“Essa vida é uma mistura de algo puramente fantástico, calidamente ideal e, ao mesmo tempo, palidamente prosaico e comum, para não dizer vulgar até o inverossímil. […]
…nesses recantos vivem pessoas estranhas: os sonhadores. ”
(Noites Brancas, Dostoiévski) [1]

Em uma época que filmes de heróis com máscaras, força colossal ou indumentárias de ferro se reproduzem na velocidade da luz, é bom ir ao cinema para simplesmente assistir a um tipo de filme que parecia existir apenas no passado: um filme sobre (e para) sonhadores.

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Damien Chazelle, diretor e roteirista, fez de La La Land uma inesquecível homenagem aos antigos musicais da era de ouro de Hollywood. A fotografia do filme já é, por si só, uma ode a esses musicais, com longas tomadas líricas, uma câmera fluida e uma paleta de cores vibrante. Chazelle e Linus Sandgren (Diretor de Fotografia) falaram que “a decisão de usar o formato analógico foi amplamente motivada pelo fato de que as câmeras digitais capturam a realidade tão bem que torna-se difícil fazer um filme com um olhar ‘mágico’ durante a edição” [2]. E trazer a magia, especificamente essa que tem relação com a realidade que existe apenas em nossos sonhos, não é uma tarefa simples, considerando os filmes que lotam as sessões de cinema atualmente.

Segundo Bruner, crítica de cinema da Time [3], antes de La La Land ser um sucesso nos vários festivais em que foi apresentado, era apenas uma fantasia que o diretor Chazelle e o compositor Justin Hurwitz tinham quando tocavam em uma banda em Harvard. “Existe uma maneira de fazer um grande filme no estilo dos clássicos musicais da MGM em um ambiente completamente moderno, em um contexto realista, ou isso é um paradoxo intransponível?” Chazelle se perguntava.

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É ousado, em muitos aspectos, ter como cena de abertura de um filme atual um grupo de pessoas cantando e dançando em uma Los Angeles ensolarada em meio a um trânsito infernal. A quantidade de nãos que Chazelle levou da maioria dos estúdios mostra o quanto foi difícil para alguém acreditar que a ingenuidade de um filme musical poderia fazer sucesso junto ao público moderno. Um público aparentemente avesso a mundos em que a canção pode vir de forma espontânea e normal e a vida pode ser uma busca incessante de um sonho.

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La La Land acompanha a história de Mia (Emma Stone), uma talentosa aspirante a atriz que trabalha em uma cafeteria nos estúdios da Warner Bros, e Sebastian (Ryan Gosling), um apaixonado pianista de jazz. É o terceiro filme que os dois atores atuam como par romântico e a química entre eles é evidente na tela. Mia e Sebastian são a personificação do sonhador e estão em Los Angeles, a terra do cinema, a procura de uma oportunidade para tornar real aquilo que imaginaram. E essa oportunidade parece nascer desse encontro. Mas, por detrás das músicas alegres do início, do encontro poético no cinema e no planetário e da leveza que esse encontro parece trazer aos dois a ponto de metaforicamente flutuarem em uma das cenas, há um romance complexo e bem delineado sendo construído, que atinge toda a sua plenitude na segunda metade do filme.

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City of stars
Are you shining just for me?
City of stars
There’s so much that I can’t see
Who knows?
I felt it from the first embrace I shared with you
That now our dreams
They’ve finally come true

Não há em La La Land um número de dança com o refinamento técnico e artístico dos grandes musicais antigos, estrelados por Fred Astaire e Ginger Rogers, nem há músicas cantadas com vozes tecnicamente perfeitas. Mas segundo Chazelle, era esse naturalismo que ele estava procurando, logo Emma e Ryan se encaixaram plenamente em seus papeis. Segundo Bruner [2], dois dos números mais emocionantes do filme, a cena da audição da Mia, “Audition” cantada por Emma e o dueto de “City of Stars”, no apartamento do casal, cantada por Ryan e Emma, foram gravadas ao vivo, e as falhas se tornaram parte da magia.

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A voice that says (uma voz que diz)
I’ll be here, and you’ll be alright (Eu estarei aqui, e você ficará bem)

Na música que Mia canta na audição mais decisiva da sua vida, ao contar uma história de sua tia que morou em Paris, ela diz “um viva aos sonhadores, tolos irremediáveis, um viva aos corações que sofrem, um viva ao caos que causamos”. Seja em um romance de Dostoiévski do século XIX, seja em um filme musical do século XXI, o sonhador parece estar destinado a extremos: uma alegria contagiante nascida da esperança nas pessoas e no amor, e uma melancolia e solidão profundas, originadas dos mesmos motivos.

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Nem sempre a voz estará lá para lhe dizer que você ficará bem, ainda que em meio a desilusões, mesmo aquelas autoprovocadas, o sonhador ouse acreditar mais uma vez no mundo que cria para si a cada manhã…  e só quem sonha sabe o quanto é preciso acreditar.

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Não há nada melhor do que imaginar outros mundos para esquecer o quanto é doloroso este que vivemos. Pelo menos eu pensava assim naquele momento. Ainda não compreendera que imaginando outros mundos, acabamos por mudar também este nosso.” (Baudolino, Umberto Eco) [4]

La La Land, ao final, termina com uma das sequências mais lindas de um filme nos últimos anos. A sequência do E se…, que ao invés de nos deixar com um sentimento de tristeza pelo que não é, nos fornece uma contagiante sensação de esperança por aquilo que podemos construir dentro de nós, pelos mundos que imaginamos, que nos faz ser quem nós somos e que modifica também quem o outro é.

Acima de tudo, La La Land é uma grande declaração de amor ao cinema. Novamente temos aquela sensação, ao final de um filme, de que podemos ser felizes, mesmo que por um breve momento, de que músicas podem tocar o coração e que, ao levantarmos os pés do chão por alguns segundos, podemos dançar.

REFERÊNCIAS:

[1] Dostoiévski, F. Noites Brancas [1848]. Tradução Nivaldo dos Santos. Editora 24, 2011.

[2] http://zip.net/bqtGm9

[3] http://time.com/4587682/la-la-land-review/

[4] Eco, Umberto. Baudolino. Editora Record, 2001.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

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LA LA LAND – CANTANDO ESTAÇÕES

Direção e Roteiro: Damien Chazelle
Elenco:Emma Stone e Ryan Gosling
País: EUA
Ano:2016
Classificação: Livre

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O Clube do Livro do Fim da Vida

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O editor, empreendedor e agora escritor norte-americano Will Schwalbe surpreendeu a todos (parentes, amigos e uma teia de pessoas envolvidas nos vários trabalhos por onde atuou) ao transformar os dois últimos anos de vida da sua mãe, a acadêmica e filantropa Mary Anne, numa bela biografia cuja prosa certamente prende o leitor pelo forte testemunho de coragem, bondade e aposta nas relações, em meio a circunstâncias que, para muitos, não passa do absoluto caos. Trata-se de um relato surpreendente das memórias dos encontros semanais que Will e sua mãe tiveram durante as sessões de quimioterapia dela, logo depois de um fatídico diagnóstico de câncer no pâncreas, considerado um dos mais mortíferos e que impinge ao doente pouquíssimo tempo de sobrevida (Patrick Swayze e Steve Jobs também foram vítimas da mesma patologia).

Ao acompanhar a mãe na quimioterapia, Will pôde encontrar uma maneira incomum (pelo menos para os padrões médios da maior parte das pessoas, acredita-se) de transformar aqueles momentos aparentemente desconfortáveis num ambiente de ricas conversas, cujo tema central é a própria vida e as dúzias de livros que passariam a ler juntos (o que resultou numa espécie de clube de livro com apenas dois integrantes), e cujas temáticas desembocavam em debates que iam do trivial ao metafísico. Semana a semana as conversas iam reforçando uma “profunda confiança e intimidade” entre mãe e filho, e a literatura passou a ser uma excelente fonte terapêutica, onde temas considerados “espinhosos” poderiam ser tratados pelo viés dos personagens e/ou temas descritos nos livros escolhidos pela dupla.

Foto: Seniors Aloud

“O Clube do Livro do Fim da Vida” procura associar a trajetória de Mary Anne, desde o diagnóstico até os cuidados paliativos nos estágios finais de vida, e os cuidados que recebia da família, com as obras que conscientemente escolhia para ler, obras estas que sempre mostravam a importância da fé, da gratidão e, sobretudo, da importância de se viver o “momento presente”, “degustando-o” como se cada enredo (na vida e na leitura) que experimentavam (ela e Will) fosse algo totalmente novo, sem paralelos, como crianças que se deslumbram com um mundo desconhecido, e igualmente encantador. Talvez não fosse possível escrever uma história fascinante como esta se a personagem central não tivesse uma vida apaixonante.

A obra é uma verdadeira declaração de amor de um filho para uma mãe que soube viver de forma autêntica e despretensiosa, alguém que trabalhou em importantes universidades norte-americanas (Harvard é uma delas), mas que não se conformava em permanecer por muito tempo entre as paredes das instituições seculares, nem na companhia confortável dos pares intelectuais, envolvidos em produções e edições de impressos, no teatro, cinema e com trabalhos acadêmicos (embora estas fossem condições que tanto Mary Anne quanto Will dedicavam especial, mas não exclusiva atenção). “O Clube do Livro do Fim da Vida” revela uma mulher que é arrebatada pela leitura, que tem uma fé inabalável em Cristo e no Cristianismo como instituição, que acredita na vida eterna, mas que também dedicou muitos de seus anos aos refugiados e ao projeto de levar livros às regiões mais atingidas por conflitos armados.

Mary Anne, nos dois anos em que teve que encarar o tratamento e as agruras do câncer, o fez com coragem e sempre descartou “as queixas pessoais” naturalmente decorrentes da doença, afinal ela já havia trabalhado voluntariamente em países extremamente difíceis, como na região dos Bálcãs e no Afeganistão, e considerava que qualquer sofrimento que ela pudesse experimentar, não chegaria aos pés do que as pessoas sentiam nos campos de refugiados, onde a dor, a perda, as doenças, a desolação e finalmente a morte pareciam que jamais cederiam lugar à esperança. Como idealista que era, Mary é retratada como alguém que mesmo vendo o pior, sempre acreditava no melhor.

De confissão evangélica, Mary não guardava valores vitorianos. Pelo contrário, se recriminava quando por algum momento ficava chateada se alguma coisa não saísse exatamente como o esperado. E foi justamente desta forma o que ocorreu quando Will lhe contou que era homossexual. Mary Anne teve um rápido momento de impacto, mas em seguida já estava se questionado do por que encarar esta notícia com estranheza. Afinal, ela conhecia o filho para além do que ele queria dizer, conhecia pelos seus gestos, tons e expressões. A relação entre ambos se tornava elevada, pois o amor se sobressaía ao crivo do julgamento.

A postura altiva de Mary em relação à vida, renunciando a qualquer possibilidade de “vitimização” fez Will lembrar quando ambos terminaram de ler “Assassinato na catedral”. A obra despertou-os para o fato de que “é melhor aceitar o martírio que ignorar a consciência”. Ou seja, uma situação delicada como a que ela vinha passando não era para ser tratada de forma indireta, com arroubos de negação [da doença e de suas consequências], mas, antes, era para ser encarada com dignidade e confiança, independente do futuro que lhe esperava. Sendo assim, Mary Anne não via de bom grado aqueles diálogos “prontos” de um ou outro que lhe visitava, tentando mostrar que “por um milagre” sua doença ainda poderia ser curada, “pois já ocorrera com outra pessoa”. Ela sempre soube, desde o diagnóstico, que cada dia a mais era para ser festejado.

Para superar o medo da morte e a sensação de perda (da família, das coisas do cotidiano etc), bastava ter consciência da vida que levou, das (boas) entregas a que se submeteu, e da autenticidade com que sempre tratou da doença e das relações (parentais ou entre amigos). Mary, no entanto, se considerava infinitamente menos corajosa do que a maioria dos refugiados que ela ajudou no decorrer de tantos anos, pessoas que aprenderam a lidar com a morte, mas também com as diferenças culturais (quando tinham que morar em outros países) e, sobretudo, com as barreiras internas impostas pelas marcas deixadas pelos conflitos. Como bem pontua Will em dado momento do livro, parte da imortalidade se deve, também, ao impacto positivo deixado por aquele que está prestes a fazer “sua última viagem”. Mary Anne, assim, teria as suas ações eternizadas e diluídas em todas as pessoas com quem manteve contato.

Enfim, “O Clube do Livro do Fim da Vida” mostra que se deve comemorar a vida pelo simples fato de tê-la. E nada melhor do que os livros, a literatura, para despertar as pessoas para esse “milagre”. Foi através dos livros que por dois anos Will Schwalbe e Mary Anne puderam compartilhar um pouco do tempo, de suas esperanças e preocupações, dando um verdadeiro significado à vida. Com os livros, aprenderam que às vezes não precisa falar, mas escutar o outro, e que a leitura “também é um ato de liberdade da dor e do medo da morte”. Pela leitura perceberam que a vida é uma série “de pequenos milagres”, e quão sortuda era Mary Anne, que nos seus instantes finais estava cercada pelo marido, pelos filhos e netos, e pelas paredes abarrotadas de livros, todos eles em alguma medida expressando um pouco de sua existência. Naquele instante, ninguém jamais esqueceria que Mary transformara a leitura “no oposto da morte”, e que sua vida, enfim, fora uma celebração alegre e bem-humorada, portanto já definitivamente eternizada.

FICHA TÉCNICA DO LIVRO

O CLUBE DO LIVRO DO FIM DA VIDA:
UMA HISTÓRIA REAL SOBRE PERDA, CELEBRAÇÃO E O PODER DA LEITURA

Autor: Will Schwalbe
Tradução: Rafael Mantovani
Editora: Objetiva
Ano: 2013
Páginas: 292

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