11 de abril de 2021 Carolina Vieira de Paula
Mural
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O psicanalista argentino Patrício Alvarez Bayon faz parceria com a Escola Brasileira de Psicanálise para lançar seu no livro para “El autismo entre lalengua y la letra”.
No texto, o autor destaca retoma os três estatutos do simbólico em Lacan: a língua, a letra e a linguagem. Para ele, “a linguagem não existe”, pois pressuporia um encontro subjetivo impossível entre dois sujeitos. E a “língua é um conjunto indiferenciado de uns”, com ausência de significantes que lhe ofereçam sentido. Somente a letra, que representa o momento em que algo, extraído do zumbido da língua, se inscreve no inconsciente do sujeito, é que faz furo no real e articula à linguagem.
No caso do autismo, a foraclusão do furo produz consequências na letra e, por consequência, na linguagem. E o desafio da clínica do autismo é usar a lalengua para apoiar o saber fazer do paciente para travar uma relação com a linguagem.
Ficha técnica:
Título: El autismo entre lalengua y la letra
Gênero literário: livro técnico
Editora: Grama
Preço: R$ 59,90 + frete para o Brasil
Links para comprar: https://www.gramaediciones.com.ar/br/produtos/el-autismo-entre-lalengua-y-la-letra-patricio-alvarez-bayon/
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Livro ensina a lidar com os obstáculos do Transtorno do Déficit de Atenção
O livro “Desatando os Nós do Transtorno do Déficit de Atenção – TDA”, de Margarete A. Chinaglia, mostra como driblar os obstáculos sem se deixar dominar.
Por meio de uma linguagem simples, o livro “Desatando os Nós do Transtorno do Déficit de Atenção – TDA”, de Margarete Chinaglia, fala sobre as características principais do transtorno, traz exemplos reais, curiosidades e ensina como lidar com as situações nas diferentes faixas etárias.
Segundo a autora, a proposta é oferecer um suporte para as aflições, além de mostrar a realidade do transtorno e apresentar possíveis caminhos para se encontrar soluções. “Por exemplo, falo sobre a importância de transformar o Transtorno do Déficit de Atenção (TDA) em aliado. O objetivo é transformar os ‘Nós’, ou as dificuldades, em laços ‘frouxos’ para garantir a qualidade de vida”, comenta Margarete.
A obra é voltada para todos os públicos: leigos, para quem tem TDA, familiares e profissionais como psicólogos, neuropsicólogos, pedagogos, psicopedagogos e professores.
Segundo livro sobre o tema
“Desatando os Nós do Transtorno do Déficit de Atenção – TDA” é o segundo livro que Margarete lança sobre o tema. O primeiro, intitulado “Transtorno do Déficit de Atenção – TDA: sob o ponto de vista de uma mãe”, tinha como objetivo compartilhar a vivência pessoal com sua filha que tem TDA, mostrando os desafios de todas as fases da vida, da infância à idade adulta. “O atual já é mais técnico, com conteúdo informativo sobre o TDA e exemplificações reais da vida cotidiana.”
Chinaglia comenta ainda que a obra traz um histórico sobre o TDA, quando surgiu e quando chegou no Brasil. Fala sobre regiões do cérebro que o transtorno atinge, patologias que podem se associar ao TDA/TDAH, descreve os sintomas em cada faixa etária.
Apresenta ainda formas de lidar e agir com crianças, adolescentes e adultos com TDA/TDAH, tratamentos disponíveis atualmente no país, curiosidades, mitos e verdades entre outros assuntos.
Pesquisa e vivência
A escritora conta que estudou e pesquisou o assunto a fundo para ajudar sua filha e precisou aprender a lidar com o TDA para driblar os sintomas e as consequências do transtorno.
O prefácio da obra foi escrito pela própria filha. A ideia é que a visão dela possa dar um significado no modo de viver e de sentir o transtorno em todas as manifestações e, principalmente, nas escolhas durante a vida.
– O livro traz um suporte como agir, ou como driblar, as características e os obstáculos sem se deixar dominar. Ao contrário disto, usar o TDA a seu favor – conclui.
O livro “O Corpo Fala”, de Pierre Weil e Roland Tompakol, aborda a linguagem corporal como centro de informações e demonstrações contrárias daquilo que está sendo emitido pela fala, seja por gestos, olhares, posições do corpo que, na realidade, comunicam a verdade desta dimensão da comunicação.
A observação da linguagem não verbal é possível em verificar a concordância e discordância da linguagem verbal, como um processo coerente e completo. Por isso que o título do livro é que o corpo fala, ou seja, aponta as mentiras, expõe verdades inconscientes, reforça as ideias, enfatiza o que está sendo comunicado. Por isso que se deve estar atento no que pode ser transmitido sem perceber na mensagem corporal. A mensagem verbal pode ser até clara e objetiva, mas ela envolve subjetividade, um processo nas relações humanas, que envolve emissão, recepção e percepção.
No 1º. Capítulo, desperta-se a curiosidade da simbologia dos três animais que compõem boa parte do vocabulário da obra. As pessoas são informantes de cada gesto do corpo no andar, sorrir, mexer a mão e jeito de olhar. Desde o nascimento, a linguagem corporal demonstra raiva, medo, vontades e desejos durante a vida.
No 2º. Capítulo, o corpo humano é comparado com a esfinge dividida em três partes (boi, leão e águia). O boi equivale ao abdômen da esfinge, que significa vida instintiva e vegetativa, mostra seus desejos, apetites, como comer, beber, dormir, espreguiçar e sentir atração sexual. O leão demonstra o emocional do ser, o coração, considerado o centro de toda emoção humana, que são os sentimentos de medo, amor, ódio, raiva, susto, timidez, submissão, equilíbrio, imponência e orgulho, o que demonstra o que vem de dentro para fora. Ao abordar a parte instintiva e emocional, utiliza-se de símbolos antigos da estrutura psicossomática da linguagem corporal.
Recorda-se dos tempos imemoriais das mensagens sintéticas de significado convencional dos símbolos, desde a esfinge dos egípcios e dos assírios, composta por quatro partes, que são o corpo de boi, o tórax do leão, as asas de águia e a cabeça do homem. Desta tradição antiga, corresponde a abordagem psicológica, de que o boi representa o abdômen (vida instintiva e vegetativa), o leão representa o tórax (vida emocional) e a águia representa a cabeça, apesar de ser utilizar as asas (vida mental, intelectual e espiritual) e o homem, na face esfíngica, representa o conjunto, que é a consciência e o domínio dos três inconscientes anteriores.
Em termos práticos, quando a pessoa avança o abdômen, é porque gosta de boas refeições e se senta à vontade diante de uma farta mesa de jantar, assim como os coreógrafos prepondera a postura, infla o tórax para demonstrar sua presença e vaidade para se impor. Entretanto, quando o tórax da pessoa está encolhido, demonstra seu ego diminuído e sua timidez ou submissão em determinada situação. Por esta observação, pode-se verificar o estado emocional da pessoa, quando há aumento da respiração no tórax, que significa tensão e suspiros indicam ansiedade e angústia. Em relação à cabeça, quando muito erguida, significa hipertrofia do controle mental; em posição normal indica controle normal da mente, e quando abaixada, significa tristeza e submissão.
Na cabeça, o boi pode ser representado pela boca, por onde entram os alimentos, o leão é representado pelo nariz, de onde entra o oxigênio que vai para os pulmões e os olhos representam a águia, como o espelho da mente. Exemplo é o rosto, quando expressa sentimentos, que pode ser de encanto, enlevo, tensão, tristeza, desconfiança e atenção. Quando se inclina o corpo para frente, a pessoa indica que quer se comunicar e transmitir sua vontade e intenção, mas quando a pessoa inclina seu corpo para trás, significa resistência ou rejeição. Se a pessoa está interessada em alguém ou algo, seu corpo inclina para frente a fim de demonstrar sua emoção.
Assim, pode-se intuir que o corpo fala o que a mente contém. Outro exemplo é quando uma pessoa encara a outra com firmeza para demonstrar interesse amável e o olhar que evita direto, apesar do sorriso, não firma interesse, demonstra fraqueza. Um homem, geralmente, em gesto inconsciente aproxima sua companheira mais para si, quando deseja protegê-la ou demonstrar que ela é sua, caso apareça ou se aproxima um possível rival.
Em continuidade da teoria, a águia é o raciocínio, o saber, a satisfação da sua curiosidade, ela é realista, foge da ilusão; procura enxergar o mais longe possível, quer usar a lógica. O leão, por sua vez, ama o sentimento, a música, as cores, a poesia e as formas, distingue lágrimas e sorrisos, não raciocina, é impulsivo, admira e deseja a beleza, tem paixão, compaixão, bondade, ódio, raiva, tristeza, angústia, culpa, ansiedade, generosidade e solidariedade. E por fim, o boi se satisfaz com os prazeres simples, pertinentes à sobrevivência, como respirar bem, beber, comer, dormir, transar, esconder-se, reagir a impulsos dos reflexos corporais.
Há outras demonstrações corporais como cruzamento de braços, que demonstra inflexibilidade ou apreensão, mãos frouxas, que demonstra desinteresse, dedos estirados e entreabertos, que demonstra expansão do ego e afirmação de seu território e espaço. Observando outros gestos com seus significados, o cumprimento com a mão num forte aperto, é sinal de que não tem restrições, enquanto a mão de frouxo aperto é sinal de a pessoa ter medo de se envolver com a outra.
Quando uma pessoa se senta com a pasta ou a bolsa no colo, significa que não está à vontade. Quando uma pessoa tem seus pés em direção a outra pessoa, indica interesse por ela. Contudo, se os pés estiverem voltados para a porta, significa que a pessoa quer sair. Braços cruzados no peito demonstra que a pessoa não quer mudar de opinião e nem aceitar outras opiniões. Quando uma pessoa puxa seu próprio cabelo, significa que busca novas ideias e quando está com cotovelos apoiados em algo, a pessoa delimita espaço e se sente invadida e intimidada. Já, a atitude de morder a caneta e mexer no queixo, mostra que a pessoa está considerando uma situação proposta. Quando uma pessoa está com as mãos na frente da boca, geralmente, significa que a pessoa deseja falar algo, mas não teve oportunidade. Já as mãos cruzadas para trás, é sinal que não concorda com algo ou com discussão que está presenciando.
Mãos fechadas demonstram insegurança, mãos abertas significam concordância da situação. Quando se estufa o tórax, a pessoa quer se impor e se afirmar diante dos outros, e quando o tórax está contraído, demonstra o contrário, mostra a pessoa reprimida, tímida ou dominada pela situação naquele momento. Quando aumenta a respiração, a pessoa está com tensão e emoções fortes. Quando a pessoa rói as unhas ou mexe em tudo, é sinal de tensão ou preocupação. Quando a pessoa está com cabeça encolhida entre os ombros, significa que está agressiva e quando com queixo apoiado nas mãos, demonstra paciência.
Em todas tais situações exemplificadas, o importante é observar que a linguagem não verbal esteja em concordância com a linguagem verbal, o que expressa a comunicação num processo completo e coerente. Entretanto, quando não há concordância das palavras comunicadas com o que o corpo expressa, significa mentira ou falsidade, algo que pode comprometer a credibilidade das informações transmitidas.
Observar a linguagem não verbal, ou seja, corporal, é exercitar a sensibilidade, colocar-se no lugar do outro, ter empatia, para perceber os momentos de comunicação nas relações interpessoais. Quando se aprende a prestar atenção na linguagem corporal e interpretar corretamente a dos outros, há maior controle sobre situações, assim como é possível identificar sinais de abertura, tédio, atração ou rivalidade, a fim de agir de forma adequada para a condução em determinado momento. A linguagem corporal para ser observada, aplica-se tanto na vida pessoal quanto no mundo corporativo, e explica aspectos comportamentais humanos.
FICHA TÉCNICA
Nome do livro:O Corpo Fala: A linguagem silenciosa da comunicação não-verbal Editora:Vozes Gênero:Psicologia Autor:Pierre Wel e Roland Tompakow Ano de lançamento:1986 Idioma: Português Ano: 2001 Páginas: 288
Segundo Vygotsky o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da interação social, interação esta que possibilita novas experiências e conhecimento. O conhecimento permite o desenvolvimento mental que se dá através da relação com o outro, é uma troca dialética. A importância do contato social na infância e na constituição do sujeito dá-se ao interagir. A subjetividade construída socialmente se manifesta, modificando ativamente a situação estimuladora como uma parte do processo de resposta a ela. (Coelho, 2012 apud Vygotsky, 1984.)
Para Vygotsky, o desenvolvimento depende da aprendizagem e é promovido pela convivência social e a maturação, que é onde se dão os processos mentais superiores. Vai depender da internalização dos conceitos e das atividades que primeiramente serão mediadas por outros para depois se tornarem autônomas. Quanto mais instrumentos o sujeito internaliza maior a gama de atividades que ele pode aprender e maior será seu desenvolvimento.
No filme Nell, percebe-se que o protagonista teve um modelo de aprendizagem diferente do modelo comum da sociedade, e este modelo que sua mãe lhe passou regeu o seu desenvolvimento, a sua forma de executar as coisas, a sua forma de se relacionar com o ambiente, com as pessoas. Por exemplo, Nell não saia de casa durante o dia, pois a sua mãe a ensinou que isso era perigoso, logo ela desenvolveu toda uma rotina que girava em torno de dormir durante o dia e realizar suas atividades durante a noite.
Isso exemplifica bem a questão da convivência social para a aprendizagem, a única convivência social de Nell era com sua mãe e irmã, as duas adoravam este padrão de rotina, então esta era a rotina que conhecia e reproduzia.
Fonte: encurtador.com.br/lsIN5
Segundo Vigotsky, linguagem e pensamento têm raízes genéticas diferentes, porém se cruzam no momento do desenvolvimento. O pensamento se realiza por meio das palavras e a linguagem auxilia no processo de internalização de conceitos. A linguagem se desenvolve primeiro socialmente/externamente para depois se converter internamente e a soma desta com o pensamento produz a capacidade de planejar, prever, de controlar ações e impulsos.
O desenvolvimento da linguagem da Nell foi a partir de uma linguagem diferente, mas isso não impediu que ela o desenvolvesse, inclusive ela desenvolveu bem a sua linguagem e apresentou ter todo o domínio esperado que a relação pensamento x linguagem propõe.
Mesmo sendo uma linguagem mais restrita, com menos palavras, cheia de expressões corporais e facial, a sua linguagem é uma mescla da linguagem verbal e não verbal, tendo visto que sua mãe tinha uma deficiência que comprometia a fala, então precisava se comunicar também com gestos e essa linguagem é evidente em Nell.
Pela análise do filme, Nell provavelmente não tem deficiência mental nem transtornos psiquiátricos, pode sim, ter um atraso mental, pelo fato que não teve interação com outras pessoas além da sua mãe por quem foi criada em uma floresta, que pode ser a resposta para determinados comportamentos, como o repertorio linguístico de Nell, no qual a prendeu com sua mãe que era deficiente, não era uma linguagem totalmente errada e sim diferente.
Fonte: encurtador.com.br/ginQ5
Mudanças de Nell
Nell não saia a noite porque sua mãe a ensinou que era perigoso, assim Nell só saia durante a noite, para nadar no lago. Após alguns reforços dados pelo Dr. Lovell, Nell passou a sair durante o dia e desfrutar das coisas que ela ainda não conhecia por não sair durante aquele horário. Nell não conversava com outras pessoas, tinha medo e preferia se esconder ou agredi-las. Após um convívio com o Dr. Lovell e a Dra. Olsen, Nell foi se acostumando com outras pessoas, chegando ao ponto de falar em público em um julgamento.
Mudanças dos amigos
O Dr. Lovell no começo não queria cuidar de Nell, mas logo depois de conhecer a história dela, passou a ter compaixão e curiosidade por Nell. Também não conhecia a linguagem de Nell e tinha dificuldades de entendê-la, assim como de entender as expressões físicas de Nell, mas após um convívio maior com Nell e o desempenho em querer compreendê-la, passou a entender sua linguagem.
Dra. Oslen que antes considerava que o melhor para Nell era interná-la em um hospital psiquiátrico, passou a ter outra visão quando conheceu a história de Nell.Diante dessas mudanças e de acordo com a teoria de Vygotsky podemos dizer que todos passaram por um processo de aprendizagem e desenvolvimento. Principalmente Nell, com todo esse seu contexto atual desenvolveu as suas funções psicológicas, passou a se comunicar mais e a ser menos agressiva. Dessa forma aprendemos que o desenvolvimento é mutável e não universal, ou seja, pode ser mudado de acordo com suas interações sociais.
A linguagem também teve um papel importante nessa história, pois o desenvolvimento na fala de Nell e a aprendizagem dessa linguagem pelo Dr. Lovell facilitou a interação ente os dois. Pois segundo a teoria de Vygotsky “a linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercambio social entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da realidade”. (REGO,1995, p.54)
FICHA TÉCNICA DO FILME:
NELL
Título Original: Nell
Direção: Michael Apted Elenco: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha Richardson País: EUA Ano:1994 Gênero: Drama
Referência
COELHO, Luana; PISON, Silene. Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. 2012. Disponível em: <http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2019.
REGO, Teresa Cristina, Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ : Vozes, 1995.
MOREIRA, Marcos Antônio; Teorias da Aprendizagem, EPU, São Paulo, 1995.
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A atuação do Psicólogo no Ensino Superior segundo a Psicanálise
A relação entre psicanálise e educação vem de longa data, desde que Freud demonstrou seu interesse pela pedagogia na intenção de possibilitar uma melhor compreensão por parte dos educadores sobre o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Mesmo sem nos ter deixado escrito algum sobre a educação, pode-se dizer que, em toda a obra de Freud, há uma preocupação constante com as questões desse campo, no sentido de que a psicanálise, nascendo de uma prática clínica, constrói um corpo teórico fundamentando uma nova concepção de mundo e de homem, como ser histórico, social e cultural, e tenta compreender como se dá a inserção desse homem na cultura.
Para a psicanálise, é de fundamental importância, no intento de entender o que norteia o processo educativo, considerar o sujeito do inconsciente na educação, sujeito este que não segue o modelo científico e os ideais da ciência. Assim, decorre que, enquanto na educação o sujeito contemplado é o do conhecimento, cognitivo, passível de mensuração, o sujeito do qual ocupa-se a psicanálise é o sujeito do inconsciente enquanto manifestação única, singular, não mensurável e que, por isso, não pode fazer parte do concretamente observável.
A finalidade da educação, segundo a Psicanálise, é a instauração do princípio de realidade, ou seja, é permitir ao indivíduo, submetido ao princípio do prazer, a passagem de pura satisfação das pulsões para um universo simbólico, que faz referência a uma lei, a lei da castração. A entrada no universo simbólico se dá pela linguagem.
Fonte: https://bit.ly/2TqLKBo
A Transferência no processo ensino-aprendizagem
A transferência é antes de tudo, transferir sentidos e representações, e que no contexto educacional ganha vida na relação professor-aluno (SANTOS, 2009).O professor é objeto de transferência e está ligado a “protótipos”, principalmente à imagem da mãe, do pai, etc. Ou seja, as pessoas estimadas ou respeitadas. Iniciada a transferência, a figura do professor é esvaziada de sentido e preenchida pelo aluno conforme sua fantasia. Isso acontece de forma natural na relação educador-educando, assim como em outras relações humanas.
O professor (a) é um fator fundamental para que ocorra a aprendizagem que não está focada somente nos conteúdos, mas sobretudo, na questão que se impõe entre professor e aluno, isso pode estimular ou não o aprendizado, independente dos conteúdos. A relação professor-aluno depende, em grande medida da maturidade afetiva do professor. É numa relação de diálogo e escuta que a educação será uma relação de respeito entre ambas as partes.
Considerando que o indivíduo traz consigo uma experiência relacional vívida com a família, com um inconsciente com todas as suas frustrações e recalcamentos de seu drama interior, com seus desejos e sua história. Portanto, deve-se lembrar que as dificuldades encontradas pelo aluno, na universidade, podem também ser de origem afetiva.
A pedagogia poderia se articular com essa expressão simbólica do aluno a partir das múltiplas situações oferecidas pelo grupo escolar e suas diferentes formas de atividades, oferecendo ao aluno oportunidade de verbalizar suas tensões. É dessa forma que a psicanálise pode ajudar o educador, permitindo a possibilidade de uma compreensão em profundidade do sujeito, no que ele tem de mais pessoal e mais íntimo. Para tal, é necessário que a universidade não mantenha os alunos numa relação de submissão passiva à autoridade do professor.
Freud, em “Por que a guerra?”, afirma que a comunidade se mantém unida pela força opressora da violência e pelos vínculos emocionais dos seus membros. Ele coloca a existência no homem da pulsão de ódio e destruição, e também a pulsão agressiva. Coutinho (Jorge, 2003) coloca que a concepção de pulsão foi construída ao longo de toda obra Freudiana. Pulsão é um conceito situado na fronteira entre mental e somático, sendo representante psíquico dos estímulos que são originados no organismo e que alcançam a mente e, diferentemente do da mesma: Pressão (Drang), Finalidade (Objekt) e Fonte (Quelle). Na Quelle se dá a partida de certa pulsão, o processo somático, sendo localizado numa parte do corpo ou em um órgão; Drang é impulso, uma força constante que se origina de uma excitação interna; Objekt é o que tem de mais variável, podendo ser qualquer um. Para Freud Recalque e Sublimação, destinos da pulsão, são dois pólos extremos e opostos que se excluem bilateralmente.
Fonte: https://bit.ly/2DMIqvU
Pela necessidade existente de viver em sociedade e conviver com os outros nos obriga a adotar uma das duas soluções: Bloquear e impedir a exteriorização dos impulsos do Id (Recalque), ou então, transformar esses instintos em ações boas e compatíveis com a necessidade da convivência social (Sublimação).
A Sublimação é a capacidade de deslocamento da pulsão para fins não sexuais, e pensando na contribuição da educação para se conter os impulsos agressivos é necessário considerar os impulsos sexuais e agressivos dos componentes, e a sublimação como um destino possível das pulsões. Estevam (1969) coloca que ocorre quando nossos impulsos malignos se disfarçam de inocentes e inofensivos e se manifestam na vida consciente do ego, sem que ninguém consiga descobrir sua verdadeira identidade. Freud coloca que a análise de professores e educadores é a medida mais preventiva e eficiente do que analisar as crianças. Millot (1987, p.39) coloca que “Saber o que se está fazendo quando se educa, já que não se faz o que se quer.” Em 1920, no texto “Além do Princípio do Prazer”, a teoria das pulsões sofre uma mudança pois Freud conceitua a pulsão de morte.
De acordo com Costa (2007) a escola foi construída com o intuito de afastar a criança da exposição a sexualidade dos adultos, sendo entendido que tal exposição seria inadequada para a formação moral deles. Podemos ver, então, que as propostas da educação não levam em conta os processos inconscientes no aprender, no viver juntos e na violência, que são fundamentais para se pensar nas relações humanas, é entendido que “aprender a viver juntos” pode ocorrer através de um ensino, não levando em conta o que é transmitido de forma inconsciente.
Freud coloca, em uma discussão sobre suicídios de alunos, que uma escola deve dar aos jovens o desejo de viver além de lhes oferecer apoio e amparo em uma época da vida que o seu desenvolvimento faz com que diminua seus vínculos com a família. Sendo assim, podemos ver que para ele a escola e o professor possuem importância na constituição subjetiva dos seus alunos, deve ser colocada como um espaço para vivenciar o convívio com o outro, o diferente de si, onde se posso sonhar, falar, pensar e experimentar limites. Ele coloca, em Massas e Análise do Eu, que libido é a energia dos instintos que tem a ver com tudo incluído pela palavra amor (amor próprio, amor por pais e filhos, amizade, devoção a objetos, idéias).
Fonte: https://bit.ly/2A5Cqdc
No Complexo de Édipo, segundo observações da psicanálise, o primeiro objeto de amor da criança são os pais, eles seriam os primeiros instintos sexuais da criança, porém ocorre uma repressão dos instintos sexuais, assim a criança permanece ligada a eles pelos instintos, sendo assim, todas as relações desenvolvidas após a infância carregam uma herança dos instinto amorosos pelos pais, inclusive a relação educadora(or)-educanda(o). O Complexo de Castração é um conceito desenvolvido por Freud para caracterizar o momento em que as crianças procuram entender que todos eram iguais, possuíam o mesmo corpo e em dada situação, algo aconteceu que fez com que alguns perdessem algo.
Para Freud, a educação teria um papel importante no processo de sublimação. Porém, a mesma repressão que pode gerar uma sublimação, também pode gerar uma neurose. Uma educação repressiva teria um papel importante na manutenção de uma sociedade neurótica. Uma grande dificuldade que surge para a educação está no fato de que a sublimação se dá através de processos inconscientes. O educador deveria promover a sublimação, mas sublimação não se promove, por ser inconsciente.
A teoria psicanalítica contribui com a educação no sentido de permitir que, tendo conhecimento do caminho que a energia para o saber percorre, o professor atue de maneira mais consciente, viabilizando e compreendendo as manifestações que as pulsões parciais e a pulsão sexual exercem no desenvolvimento infantil.
Atuação do Psicólogo Escolar no Ensino Superior
Estudos mostram que têm surgido novos espaços de atuação emergentes para os psicólogos, como as políticas públicas educacionais, pós-graduação e o Ensino Superior. Devido à facilidade de acesso ao ensino superior, com vestibulares menos seletivos, que tem possibilitado o ingresso de indivíduos que apresentem dificuldade de aprendizagem. Alguns autores relatam que há uma grande recorrência de casos de universitários com problemas de aprendizagem (WITTER, 1998; WATANABE, 2000; FERRARI e SEKKEL, 2007; FERREIRA, 2007). Após o seu ingresso, tanto aluno como universidade devem encontrar alguma forma de sanar ou diminuir os problemas relatados como barreiras no método de aprendizagem, para evitar a evasão ou que este aluno não conclua a sua formação.
Fonte: https://bit.ly/2Dz5iy6
Marinho-Araújo (2009), destaca que a atuação do psicólogo dentro das instituições de ensino superior foca principalmente no acompanhamento dos estudantes nas demandas relacionadas a problemas de adaptação à vida universitária e às novas relações sociais efetivadas; à orientação profissional; ou à demanda ligada aos processos de ensino e aprendizagem. A autora afirma, ainda, que a forma de intervenção é a mesma utilizada na Educação Básica.
Neste contexto temos a psicanálise como um método desenvolvido para consultórios e sua teoria desenvolvida por Freud baseado em casos clínicos, porém, sua aplicação tem sido pensada desde o próprio Freud para outras ciências, dentre delas a educação. Fornecendo assim todo suporte teórico a interpretação de fenômenos que ocorrem fora do contexto analítico, a psicanálise pode fundamentar a prática do analista fora da clínica. Sendo assim não se faz clínica psicanalítica fora dos consultórios, mas atua-se fundamentado na ética da psicanálise (ANSELMO, 2008).
No final da década de 1970, Catherine Millot trabalhou sobre as possibilidades de haver uma pedagogia que levasse em conta os conhecimentos e o método de trabalho da psicanálise, mas concluiu que não era possível, devido a distância entre as duas propostas: a psicanálise pretende trazer à tona o que a educação pretende barrar. Segundo ela, a relação possível entre psicanálise e educação se daria apenas pela psicanálise do educador e da criança (MILLOT, 1979, p.157). Em 1989, Kupfer fundamentada nos estudos de Millot, limita a contribuição da psicanálise como a geração de uma filosofia de trabalho ao educadores.
(…) a Psicanálise pode transmitir ao educador (e não à Pedagogia, como um todo instituído), uma ética, um modo de ver e de entender sua prática educativa. (…) Cessa aí, no entanto, a atuação da Psicanálise. (KUPFER, 1989, p.97).
Em 2007 a autora revê suas elaborações anteriores e modifica sua posição. Afirmando que pode-se falar em educação orientada pela psicanálise (KUPFER, 2007). Demonstrando a possibilidade de educar de modo psicanaliticamente orientado.
Fonte: https://bit.ly/2RZK28v
Kupfre (2007) se refere a estilos cognitivos, a relação de cada indivíduos com o conhecimento, o professor sabendo disso conduzirá o aluno para o seu próprio estilo cognitivo. Propondo uma educação voltada para o sujeito, considerando particularidades, incluindo o modo de aprender.
Na educação, a psicanálise propõe um trabalho de escuta dos educadores, por um lado, e de transmissão da teoria psicanalítica a esses profissionais, por outro. Escutam-se suas angústias diante do diferente, do que foge ao padrão. Transmite-se o que é educar, transferência professor-aluno, e qualquer outro tema que possa auxiliar na prática educativa. Segundo Colli (2008), ao conhecer a teoria psicanalítica o educador pode sustentar a sua função, além de ter reduzido o nível de angústia presente no ato de educar.
Para a psicanálise a dificuldade de aprendizagem deve ser tratada da mesma maneira que se trata qualquer outra queixa clínica, em que se pergunta ao próprio sujeito o que ele pensa a respeito da sua dificuldade. O estudante é levado a refletir sobre a sua queixa, a fim deles próprios encontrem as causas e as possíveis soluções para seu problema, considerando a existência do inconsciente como determinante dos acontecimentos psíquicos.
Além dos poucos estudos voltados para a atuação do psicólogo no ensino superior com uma abordagem psicanalítica há um grande distanciamento entre a atuação profissional e o conhecimento adquirido na academia.
Como você se sentiria se um dia acordasse em um mundo totalmente novo e diferente e tivesse dificuldade em entender o que está acontecendo? Será que você continuaria sendo você? Para onde teria ido a pessoa que você foi, tudo que construiu ao longo da vida? Seria frustrante perceber que tudo se perdeu ou você se agradaria com a ideia da possibilidade de um novo começo?
Esses questionamentos aparecem nos pensamentos de quem assiste ao documentário My beautiful broken brain, além dos respondentes comportamentais – aperto no peito e nó na garganta – misturados à angústia em perceber que tal situação pode acontecer com qualquer um, em qualquer momento e em qualquer lugar. Disponível na Netflix, o documentário é dirigido por Lotje Sodderland e Sophie Robinson, que também fazem parte do elenco.
Fonte: https://bit.ly/2MWXash
Lotje tinha um trabalho difícil como cineasta e documentarista, em que tinha que fazer várias coisas ao mesmo tempo e ser bem organizada. Sua vida era contar histórias através de suas gravações. Ela gostava disso, assim como gostava de ler muito. Sua sociabilidade e comunicabilidade eram notórias. Até que em um infortunado dia, Lotje acorda em um hospital e percebe que essas habilidades que ela tanto prezava e que a faziam ser ela, haviam sumido ou estavam bem prejudicadas. Lotje havia sofrido, dois dias antes, um grave acidente vascular cerebral (AVC), com hemorragia intracerebral.
Estando em um mundo novo, no qual adquiriu novas percepções da realidade, incluindo sons, cores e imagens bem mais intensas do que antes, Lotje apresentou uma reação que muitos não esperariam. Definindo sua situação como uma “viagem paralela esquisita”, teve o ímpeto de começar a gravar a sua rotina. Com a ajuda de Sophie, passou a contar a própria história. Ora com gravações que fazia com o próprio celular de si mesma, ora com gravações feitas por Sophie, o cotidiano de Lotje se tornou a pungente história vista no documentário.
Fonte: https://bit.ly/2putb1v
Tudo começou em um repente, com Lotje sentindo fortes dores de cabeça, náuseas, tontura, confusão. Passado algum tempo, foi encontrada desmaiada no banheiro de um hotel perto de sua casa, onde foi procurar por ajuda, mas não conseguiu porque não saía palavra de sua boca e nem escrita de suas mãos. Isso se deve a área do cérebro que foi atingida pelo AVC. Segundo o médico de Lotje, a situação dela é muito rara, sendo uma hemorragia na substância cinzenta do cérebro.
Com isso, o córtex cerebral que, dentre outras, tem funções cognitivas superiores, ficou vulnerável. Além disso, a hemorragia ocorreu no lobo têmporo-parietal do cérebro de Lotje. Lesões nessa área levam à afasia sensitiva transcortical que, segundo Higashi (2011) “leva a uma compreensão prejudicada, fluência preservada e associação com hemioanopsia (perda parcial ou completa da visão). Difere-se da afasia de Wernicke porque mantem a repetição preservada”.
Fonte: https://bit.ly/2pvF6Mt
Desse modo, Lotje consegue falar, mas apresenta dificuldade em formular frases totalmente corretas, sempre havendo troca de palavras ou não conseguindo lembrar delas ou reproduzi-las. Também não consegue escrever e nem ler e sua visão do lado direito ficou prejudicada. Essa situação a deixou bem frustrada, pois ela tem consciência do que está acontecendo e, segundo seu irmão, ela demonstra desejo de se comunicar melhor, mas não consegue. Em uma de suas falas embaraçadas, Lotje diz que “antes era bem ocupada, normal, inteligente. Agora é tudo estranho, começar do nada”.
Esse começar do nada reflete a impressão que o documentário passa, de que Lotje está aprendendo tudo de novo, como uma criança quando está começando sua caminhada no mundo das palavras faladas, lidas e escritas. Sua frustração se dissipou um pouco quando começou a participar de uma terapia experimental, que consistia em exposição intensa à palavras e repetição dessas. Entretanto, a frustração voltou quando os resultados apontaram pouco efeito e quando uma crise de epilepsia a atingiu, devido a intensidade do tratamento.
Fonte: https://bit.ly/2NzKDQD
O documentário foi gravado durante um ano, no qual Lotje passou por vários especialistas e terapias. Uma neuropsicóloga também atuou no caso, tendo ajudado Lotje a voltar a digitar, explicando que os caminhos entre essa atividade e a escrita diferem um pouco. Isso se deu porque, apesar da área cortical associativa terciária (que compreende funções motoras e sensoriais e funções cognitivas) ter sido atingida, suas funções motoras ficaram preservadas.
Passado esse tempo, depois de tantos tratamentos e algumas frustrações, Lotje se reencontrou na meditação. Se afastou um pouco do barulho e do excesso de informações da cidade. Há de se perceber que ocorreu uma mudança na vida de Lotje, entretanto, sua essência permanece, talvez até mais visível do que antes. Inclusive sua paixão como cineasta continua viva e ativa.
Fonte: https://bit.ly/2MQqcJW
“O cérebro precisa de silêncio para desempenhar suas funções. Me sinto muito mais próxima da minha consciência. Uma proximidade maior do meu eu, que é a minha essência. Se o corpo físico, o cérebro, for danificado, esse dano se estendeu ao “eu”? Preciso estar à vontade com a diferença sutil, ou como diriam alguns, a diferença nada sutil, entre quem eu era antes e quem eu sou agora. Na meditação descobri a fragilidade da mente e também seus recursos infinitos. Me sinto fortalecida com essa descoberta. O silêncio. A solidão. Apenas respire. Não entre em pânico. Se liberte do medo”. Lotje Sodderland, durante suas férias em Gilette, França.
Não se recomenda sofrer de um AVC para se descobrir, mas o que Lotje ensina com sua história é que não somos apenas um amontoado organizado de órgãos ambulante, mas que todos têm sua importância, sua essência e sua história não depende necessariamente do que se faz ao longo dela, mas o que se torna com ela. É isso o que nos faz ser humanos.
Nota: Este trabalho foi realizado como requisito de avaliação na disciplina Neuropsicologia, sob docência de Gabriela Ortega Coelho Thomazi.
Referências
HIGASHI, Rafael. Afasias e lobos cerebrais. Rio de Janeiro: Slideshare, 2011. 33 slides, color. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/RafaelHigashi/afasia-e-lobos-cerebrais>. Acesso em: 06 set. 2018.
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Estudo da Subjetividade na Família: a importância da comunicação
No texto de Peres (2005), “O Estudo da Subjetividade na Família: Desafios Metodológicos”, a autora aborda aspectos da subjetividade no contexto familiar a partir da situação de “crianças de rua”, observando perspectivas econômicas, materiais e psicológicas, e considerando ainda, um método que contemple as especificidades de cada criança e família. Tendo como fonte a subjetividade individual constituída na comunicação da família para compreensão do desenvolvimento, são adotadas no texto concepções que contemplam a história e cultura dos indivíduos.
Peres (2005) pontua o social como importante catalisador para o desenvolvimento, de modo que a significação dos papéis de cada indivíduo se dá primeiramente através da família. As emoções como processos psicológicos, produziriam sentidos subjetivos das experiências, que devem compreendidos em cada momento da história pessoal. As necessidades da criança, por sua vez, seriam constituintes das emoções e motivariam o desenvolvimento, e por isso deveriam ser organizadas inicialmente na família por meio da comunicação entre os membros. Porém, isso seria dificultado devido aos vários modelos de família influenciados por situações socioculturais (PERES, 2005).
Fonte: http://zip.net/bdtLlG
Os papéis iniciais assumidos pela criança na família, oriundos da afetividade necessária, seriam gradualmente diferenciados e singularizados e também se tornariam mais complexos. A formação da subjetividade influenciada pela linguagem seria dependente da afetividade, tornando nossas condutas dependentes do social. Para a autora, a compreensão do caráter intersubjetivo dos papéis auxiliaria o desenvolvimento de um autoconceito, sendo a família um lugar de possível produção de subjetividades individuais, construindo um Sujeito (PERES, 2005).
A comunicação, segundo Peres (2005), seria uma via de acesso a construção informações sobre processos subjetivos familiares, sendo a qualidade de suas relações dependente disso. Porém, dificuldades e desigualdades no âmbito social tornariam a comunicação penosa e até mesmo impraticável, que é o caso das famílias de “crianças de rua”. A comunicação intersubjetiva permitiria o compartilhamento de expressões de subjetividades individuais, incluindo aspectos de reciprocidade no grupo. Uma comunicação autêntica seria, portanto, fundamental para o desenvolvimento individual na família e sociedade (PERES, 2005).
Fonte: http://zip.net/bctKMC
Dessa maneira, para a construção de um método que contemple qualidades construtivas e interpretativas, é necessário que haja “zonas de sentido do real”, ou seja, elementos que façam sentido para a família na sua relação com o pesquisador, através do contexto das subjetividades e histórias desse grupo (PERES, 2005). A formação dessas zonas em conjunto, propiciaria uma autonomia ou uma expressão aberta de ideias e sentimentos que são singulares, possibilitando ao investigador a construção de sínteses, e à família a oportunidade de entendimento das informações.
A compreensão da subjetividade na família seria, portanto, fundamental para seu estudo, sendo o método, responsável pela qualidade da relação com o pesquisador e também pela autonomia dos indivíduos. Vê-se desse modo, a família como responsável pelas construções subjetivas dos indivíduos, que são fundamentadas no social. A formulação de necessidades no âmbito familiar de modo geral proporcionaria a sensibilização entre os membros do grupo, independentemente das condições da comunicação, que por sua vez é singular devido às subjetividades.
Fonte: http://zip.net/bgtKPs
O incentivo a comunicação familiar se apresenta, desse modo, como ferramenta indispensável para a compreensão de sua subjetividade. Além de uma oportunidade de expressão de suas construções subjetivas, os indivíduos ganhariam secundariamente, pois às organizariam para poder se comunicar, e a partir dessa organização conseguiriam perceber suas novas necessidades e emoções.
A relação entre necessidades, emoções e comunicação no âmbito familiar demonstra a importância da qualidade de suas relações, pois refletem no autoconceito de cada um, bem como a maneira como o indivíduo interage com a sociedade. Logo, o papel do mediador/profissional que intervém nesse grupo, seria o de identificar as singularidades da família em questão e incentivar a comunicação entre os membros de acordo com essas características, de modo que seja possível compreender melhor sua subjetividade, bem como encorajar sua autonomia.
REFERÊNCIA:
PEREZ, Vannúzia L. A. O Estudo da Subjetividade na Família: Desafios Metodológicos. In: F. González Rey. (Org.). Subjetividade, Complexidade e Pesquisa em Psicologia. São Paulo: Thomson, 2005.
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Nell: a aprendizagem e o desenvolvimento para Vygotsky
O filme Nell (Jodie Foster), inicia com a morte de uma senhora eremita, conhecida pela sociedade por aparentar possuir doença ou retardo mental. Até a sua morte, todos achavam que ela morava sozinha, em uma cabana, no meio da floresta. Porém, logo se descobre que nessa cabana há mais alguém. É Nell, filha da senhora eremita, com aproximadamente trinta anos de idade. Não demora muito para que Nell se torne “objeto” de estudiosos, pois percebe-se que ela morou a vida inteira na floresta, não tendo contato com o restante da sociedade, possuindo linguagem e cultura próprias, adquiridas com a convivência com sua mãe.
O caso chama a atenção dos doutores Jerry Lovell (Liam Neeson) e Paula Olsen (Natasha Richardson), que apresentam ideias diferentes sobre ele, e essa divergência vai à júri, sendo decidido que é preciso compreender o contexto e o modo de vida de Nell, para identificar se ela necessita de algum tipo de ajuda para sobreviver. Então, os dois iniciam uma jornada de observação da jovem eremita, colhendo informações sobre ela, cada um a seu modo e com alguns conflitos no começo.
Mas, passados alguns poucos meses, torna-se nítida a empatia que os doutores sentem por Nell, compreendendo, de certa forma, sua linguagem, modo de pensar e comportamentos. Porém, o cerco começa a se fechar, e ambos precisam dar uma resposta ao júri sobre o destino de Nell. Nesse tempo, ela começa a se tornar “atração” para a sociedade, devido seus modos totalmente diferentes de ser e de agir. Até então, todos se acham no direito de julgar e decidir por Nell.
Entretanto, quase no final do filme, Nell, no tribunal, dá uma demonstração de maturidade, autonomia e conhecimento da vida e dos sentimentos humanos, que surpreende à todos. Certamente, todos aprenderam muito com Nell, que mostrou saber mais do que os ditos cultos, no que tange a viver a vida de modo pleno, enaltecendo sua simplicidade e natureza. Ao final, Nell está de volta à floresta, comemorando seu aniversário com seus novos amigos.
Utilizando-se do método histórico-crítico, Vygotsky empreende um estudo original e profundo do desenvolvimento intelectual do homem, cujos resultados demonstram ser o desenvolvimento das funções psicointelectuais superiores um processo absolutamente único. Assim, do ponto de vista da aprendizagem, a importância dos estudos de Vygotsky é inquestionável, pois ele critica as teorias que separam a aprendizagem do desenvolvimento (GIUSTA, 1985 apud NEVES).
No filme, observa-se que Nell, mesmo separada da sociedade, aprendeu comportamentos e uma linguagem inerentes de sua mãe e, mesmo sendo estes diferentes da maioria, Nell se desenvolveu muito bem, sobrevivendo à seu modo. Portanto, aprendizagem e desenvolvimento ocorreram de forma mútua.
Para Vygotsky, pensamento e linguagem são processos interdependentes desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica as suas funções mentais superiores, dá forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planeamento da ação. Neste sentido a linguagem sistematiza a experiência direta da criança e, por isso, adquire uma função central no seu desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos em desenvolvimento ao pensamento. Ou seja, ambos ocorrem de forma simultânea (BRITES e CÁSSIA, 2012).
Isso é nítido em Nell, quando mostrada sua forma de pensar. Essa está de acordo com sua linguagem, pois os símbolos e as palavras que ela usa representam aquilo que ela entende do mundo à sua volta, dos objetos, das pessoas, dos animais, da floresta, dos sentimentos, etc. Percebe-se que ela associou em seu pensamento os significados e a que se direcionam as palavras (neologismos) ensinadas por sua mãe.
Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa fala e no nosso pensamento (Vygotsky, 1998).
Dentro da aprendizagem de Nell, está a confiança que foi estabelecida com Jerry Lovell e Paula Olsen através da motivação do pensamento, onde Nell abriu espaço para suas necessidades, interesses, impulsos e emoções. Segundo (Vygotsky, 1998) todos esses aspectos refletem na fala e pensamento. Assim, em contato com uma nova cultura e linguagem, Nell, de certa maneira, introduziu essa nova realidade em sua vida, não modificando ela, mas compreendendo melhor aquilo que lhe é diferente. Desse modo, tem-se ao final do filme, uma “selvagem” que, ao seu modo, está socializando com outras pessoas, já suas amigas.
REFERÊNCIAS:
NEVES, R. A. DAMIANI, M. F. Vygotsky e as teorias da aprendizagem. UNIrevista – Vol. 1, n° 2 : (abril 2006).
RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Disponível em: < http://www.josesilveira.com/artigos/vygotsky.pdf>. Acesso em: 25 de out, 2016.
BRITES, I. CÁSSIA, R. Vigotsky, L. S. (2005). Pensamento e linguagem. Rev. Lusófona de Educação, no.22, Lisboa, 2012.
Em relação ao texto “Pensando com os instrumentos e com as instituições da cultura” de Barbara Rogoff (2005), reflete-se a respeito da constituição do pensamento, ressaltando que o pensar é um processo interpessoal no qual envolve muito mais do que ações privadas e individuais, pois de acordo com a pesquisa voltada para o desenvolvimento cognitivo, as pessoas constroem seus pensamentos e entende seu mundo a partir da interação com o meio participando de atividades socioculturais (ROGOFF, 2005, p.196).
Pesquisadores debruçaram-se em aportes teóricos, para compreender a relação existente entre a formação do pensamento das pessoas decorrentes das suas experiências culturais. Assim, muitos deles consideraram os estudos de Vygotsky, pois este considera que as habilidades cognitivas individuais são constituídas diante do auxílio de outras pessoas, ou seja, “o desenvolvimento cognitivo ocorre à medida que as pessoas aprendem a usar instrumentos culturais do pensamento (como alfabetização e a matemática) com a ajuda de outras, mais experientes com tais instrumentos e instituições” (ROGOFF, 2005, p.196).
Fonte: http://zip.net/bvtHDX
O ponto de vista sócio histórico contribui para um novo entendimento da cognição, sendo visto agora como processo ativo das pessoas e não mais individual e passivo. Jean Piaget, na sua teoria, também estudou aspectos cognitivos, porém ele analisava o processo de desenvolvimento intelectual da criança a partir dos estágios, desconsiderando as variâncias culturais. Pesquisadores, então, realizaram estudos aplicando as técnicas de Piaget em diferentes contextos culturais, e com isso, observaram que de acordo com a comunidade e cultura em que se vivem as pessoas apresentaram desempenho diferente na realização da atividade.
Diante desta situação, estudiosos começaram a perceber algumas questões, como a conceituação do objetivo e a familiaridade com o mesmo, conforme a localidade pode influenciar no resultado do teste, assim, os pesquisadores estudavam os tipos de atividades realizadas na comunidade e com isso adaptava-se as atividades para que avaliassem o desempenho da pessoa. Rogoff (2005) traz um exemplo de estudos realizado com crianças que demonstra essa experiência:
As crianças zambienses tiveram bom desempenho quando modelaram com pedaços de arame, uma atividade conhecida em sua comunidade, mas um desempenho ruim com os desconhecidos lápis e papel. Em comparação, crianças inglesas se saíam bem com lápis e papel, um meio conhecido para reproduzir padrões em sua comunidade, mas não com pedaços de arame (p.197).
A partir desses estudos, Piaget revisou seus conceitos, percebendo que os estágios de desenvolvimento cognitivo (principalmente o operatório-formal) dependiam da experiência pessoal de cada sujeito, conforme o seu contexto, e domínio.
Fonte: http://zip.net/bstHv0
Outro aspecto observado pelos pesquisadores em relação ao processo do pensamento era os testes cognitivos em similaridade com a formação escolar, percebendo a influência dos valores culturais na definição de inteligência considerando a situação em que este era analisado. Antigamente os testes eram usados para medir a cognição de forma muito crua, não havia um olhar humano que levasse em conta a experiência de vida da pessoa. Os pesquisadores então começaram a ver por outro ângulo e afirmaram que a testagem poderia ser vinculada aos valores e a experiência cotidiana. Os valores que se vinculam com os relacionamentos sociais, têm grandes influências nas respostas das pessoas quando submetidas a perguntas cognitivas (ROGOFF, 2005).
É importante ressaltar a relação entre o testador e a pessoa que será testada, “os modelos culturais de relações sociais, que fornecem, implícita ou explicitamente, a base para os comportamentos apropriados e formas de se relacionar de adultos e crianças não são suspensos em testes cognitivos” (SUPER e HARKNESS, 1977, apud ROGOFF, 2005, p.205). Isso está totalmente relacionado com o significado de maturidade e inteligência de cada cultura/comunidade. Cada cultura tem uma definição diferente do que seja inteligência e maturidade, enquanto que, para uma cultura inteligência seja definida como lento, cuidadoso e ativo, para outra cultura tem outro sentido e valor.
Fonte: http://zip.net/bytHD2
Em se tratando de generalização, a autora Rogoff (2005) retrata que nem sempre será uma coisa boa, e que executar no automático a mesma ação pode ou não ser apropriado a uma nova situação, o objetivo seria uma generalização adequada e para que este conhecimento (desenvolvido em uma situação quando se enfrenta uma nova) seja adequado Hatano (1988) apud Rogoff (2005) diz que tem de haver o entendimento conceitual, e, para que as pessoas e grupos façam uma generalização adequada entre as experiências/situações é importante o que foi chamado por alguns autores de capacidade adaptativa.
O desenvolvimento da capacidade adaptativa é apoiado pelo grau no qual as pessoas entendem os princípios e objetivos das atividades relevantes e ganham experiência ao variar os meios para atingi-los. As práticas culturais e a interação social sustentam a aprendizagem de quais circunstâncias estão relacionadas entre si e quais posturas são adequadas a diferentes circunstâncias. (ROGOFF, 2005, p.209).
No que diz respeito à visão da cognição, “vai muito além da ideia de que o desenvolvimento consiste em adquirir conhecimento e habilidades” (Rogoff, 2005, p.208), a pessoa cresce por intermédio da participação em uma atividade que traz transformação para assim ele se envolver em outras mais. Rogoff (2005) argumenta que o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos acontece no espaço de comunidades com o interesse de que as pessoas trabalhem em determinados lugares, como seres civilizados. Nós não somos donos do nosso próprio pensamento a respeito do mundo, mas é assim que acontece o início das habilidades nas parcerias desses diálogos. A partir disso percebe-se a importância dos aspectos históricos e culturais dessa conversação para cada pensador, influenciando outras pessoas a começarem novas linhas de pensamentos.
Fonte: http://zip.net/bwtGJ6
Em seus estudos com marinheiros, Ed Hutchins (1991) apud Rogoff (2005), o autor percebeu que eles trabalham em conjunto nos cálculos e nos planejamentos necessários para orientar a navegação de grandes navios. Diante disso é importante ressaltar que a cognição é distribuída na medida em que as pessoas colaboram e ajudam umas as outras, não apenas pensando em si próprio, mas, no que o outro pode está acrescentando com os instrumentos projetados para auxiliar no trabalho cognitivo. O processo coletivo mostra para o indivíduo que produzir em conjunto proporciona uma qualidade na produção tornando as informações claras e trazendo um conhecimento mais rico.
Arievitch (1995) et al. apud Rogoff (2005) enfatiza que o foco está na transformação ativa do conhecimento por parte das pessoas e em seu relacionamento com atividades que dinamizam. Levando-se em consideração esses aspectos, aprender e adequar com flexibilidade as posturas às circunstâncias é um fator importante para o desenvolvimento cognitivo que é imprescindível para tomada de decisão em várias áreas da inteligência. Muitas famílias ensinam suas crianças formas mais abertas de agirem e falarem, formas essas que se adequam a papéis e diversas situações. Percebe se em outras culturas que os adultos dão maior ênfase neste aspecto. Se as crianças souberem distinguir as posturas adequadas para cada ambiente evitarão problemas de comunicação.
Aprender a diferenciar as formas adequadas de agir em diferentes situações é uma conquista importante em todas as comunidades, seja para crianças, seja para adultos. Saber qual postura adotar na escola e em casa, junto com a determinação de qual estratégia usar em testes cognitivos e em outras situações de solução de problemas, equivale a aprender a fazer generalizações adequadas de uma situação para outra (ROGOFF, 2005, p. 211).
De acordo com Rogoff (2005), a teoria de Vygotsky redirecionou os estudos científicos sobre a cognição, visto que as funções mentais estão associadas à maneira como utilizam os instrumentos cognitivos na própria comunidade. Diante disso, percebe-se a extrema importância da empregabilidade de certas ferramentas culturais para o pensamento, tais como, a alfabetização, a matemática e a linguagem. A alfabetização está interligada às competências cognitivas por intermédio de aplicações peculiares comprometidas em seu uso. O aprendizado da leitura oferece várias habilidades dos processos mentais distintos de tal forma que, essas diversidades nos objetivos e nas aplicações da alfabetização parecem estar intrinsecamente interligadas as habilidades que as pessoas utilizam (ROGOFF, 2005).
Fonte: http://zip.net/bgtG9R
Ainda em concordância com a autora Rogoff (2005), no que consiste à alfabetização utilizada como instrumento, esta colabora com certos tipos de pensamentos, seja no contexto social, local, seja no contexto histórico. Como exemplo, no século XVIII nos Estados Unidos, a alfabetização era entendida como a habilidade de escrever o seu próprio nome em documentos legais. Já, no século XIX, a alfabetização estava relacionada com a capacidade de ler; mas sem a compreensão de leitura. Já, durante o século XX, a leitura estava associada com a funcionalidade dela, ou seja, a importância dela para eficiência da indústria.
Diante deste contexto, é notório que a utilização de instrumentos culturais como a matemática está profundamente associada às diversas características e aos princípios das comunidades. O manuseamento dessas ferramentas na matemática está interligado nas especificidades dos próprios utensílios, às atitudes das comunidades referentes à utilização desse instrumento e como este pode ser compreendido nas interações sociais. Esse instrumento também serve para o fortalecimento das relações sociais.
No que diz respeito à linguagem, este serve como instrumento cultural para o pensamento, uma vez que a língua conduz o modo de atuar e de pensar da comunidade, como por exemplo: ideias que são manifestadas no campo da linguagem de uma comunidade, de maneira que o sistema linguístico contribui com os pensamentos, como também, a utilização desses instrumentos pelos indivíduos e pelas gerações. Enfim colaboram com a organização narrativa, estruturas de cálculos matemáticos, isso de tal forma que os pensamentos interagem com os processos interpessoais e de comunidade.
Fonte: http://zip.net/bftG7Y
A alfabetização e a matemática são importantes instrumentos culturais do pensamento, logo, estudos sobre a matemática identificam como estas ferramentas são essenciais, como exemplo, o ábaco, as formas de cálculo ensinadas na escola, à formação dos preços de vendas dos utensílios. Os indivíduos utilizam esses dispositivos para facilitar o trabalho e a diminuição do esforço mental como uma maneira de se adequarem no contexto cotidiano.
Perante o exposto, foi possível perceber que as teorias socioculturais crescem constantemente por terem a compreensão de que o pensar está diretamente entrelaçada a situações específicas, essa relação não é automática, bem como a autora demonstrou, “em lugar disso, os indivíduos determinam suas posturas diante de certas situações com referência nas práticas culturais de que participaram anteriormente”. (ROGOFF, 2005. p.211). Cada ser humano tem uma visão diferente das coisas, esse processo faz com que tenhamos atividades socioculturais. Em concordância com o raciocínio de Rogoff (2005), entende se que, no momento que existem limites obrigatórios entre o indivíduo e o todo, se faz surgir complicações para melhor compreender, tanto os processos individuais, interpessoais e da comunidade.
REFERÊNCIAS:
ROGOFF, Barbara. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Ed.1.Tradução de Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2005.