“Efêmero & Incerto” – Educação em transformação no século XXI

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José Lauro Martins apresenta uma abordagem inovadora, desafiando conceitos tradicionais e propondo mudanças essenciais para atender às demandas da educação contemporânea

O livro “Efêmero & Incerto” é uma obra escrita por José Lauro Martins, da Editora Atena, que oferece uma visão sobre a educação com o intuito de validar as mudanças necessárias. A educação tradicional não corresponde às demandas da modernidade, tampouco aos anseios da juventude contemporânea. Neste livro, é possível encontrar argumentos que abordam um novo modo de conduzir a educação no século XXI, considerando a necessidade de transformações para se adequar aos novos tempos.

O termo “efêmero” significa passageiro, temporário e transitório, enquanto “incerto” remete a variável e inconstante. Dessa forma, no título do livro, o autor faz uma alusão à educação, convidando-nos a refletir sobre a transformação, indicando um novo período para o campo educacional.

O livro está dividido em dez capítulos, sendo que os capítulos abordados serão o capítulo 4 – “Para que serve a escola?” e o capítulo 5 – “Ensino Híbrido: O que há de novo”. Essas seções conduzem os leitores à necessidade de inovação, começando pelo planejamento pedagógico, e proporcionam uma reflexão sobre o ensino híbrido, destacando sua potencialidade para transformar e inovar a educação. O autor argumenta que a inovação vai além de simplesmente colocar atividades em ambientes virtuais e usar vídeos nas aulas.

No início do capítulo 4, o autor aborda a utilidade da escola, destacando que ela é uma comunidade dinâmica de pessoas com relacionamentos, biografias e sensibilidades únicas. Cada escola possui sua singularidade e está conectada ao mundo ao seu redor, sendo um lugar onde se preocupa com o presente para a formação do futuro. Isso ocorre devido ao investimento no contexto educacional, que não é realizado apenas pelo Estado, mas também pelos milhões de brasileiros que compõem esse cenário. Portanto, a educação não é um fenômeno isolado, mas sim complexo e sistêmico. Em resposta à pergunta do capítulo sobre a utilidade da escola, o autor enfatiza que o que importa não é a utilidade, mas sim a responsabilidade de todos nós. Todos no presente necessitam da escola e contribuirão para o futuro daqueles que estudam lá.

O autor reflete sobre a ideia de que a escola deveria ser atemporal, uma vez que deveria testemunhar o futuro, independentemente do momento em que está inserida, afinal, ela é uma parte integrante do futuro de todos. A escola foi estabelecida pela sociedade com o propósito de desempenhar seu papel de ensinar, no entanto, ensinar no sentido tradicional não garante a efetiva aprendizagem. A verdadeira preocupação com o processo de aprendizagem de cada aprendiz é o que transforma um professor em um educador. Em outras palavras, independentemente do conteúdo que o professor ministra, o que realmente importa são suas competências didáticas e o quanto ele se importa com o progresso de cada um de seus alunos ou aprendizes.

                                                                                                                 Fonte: https://br.freepik.com/fotos

O autor propõe aos educadores uma reflexão sobre o planejamento do conteúdo de ensino, destacando a importância de não apenas considerar o tempo dedicado ao ensino, mas também reconhecer o tempo efetivo de aprendizagem para cada tópico do currículo. Ele ressalta a necessidade de incluir períodos de ociosidade para a vida familiar e social, indo além das restrições temporais, uma vez que o tempo de ensino não corresponde diretamente ao tempo de aprendizagem.

O texto alerta para a armadilha de associar a inovação pedagógica apenas à introdução de equipamentos digitais, enfatizando que a mera digitalização do conteúdo existente não constitui inovação. Muitas vezes, essa abordagem resulta na continuidade de métodos tradicionais de ensino, sem alterações significativas no currículo ou na prática dos professores.

O autor destaca a importância do planejamento pedagógico como ponto de partida para a inovação, permitindo a identificação de necessidades e possibilidades de mudança na educação. Ele critica a visão simplista de adotar o ensino híbrido como uma fórmula pronta, evidenciando que a implementação bem-sucedida requer mais do que simples investimentos em tecnologia. O texto aponta que a verdadeira inovação requer uma abordagem mais holística, superando a dicotomia entre ensino presencial e à distância.

O capítulo 5 do texto aborda a tentativa de inovar o currículo tradicional por meio do ensino híbrido, destacando o papel muitas vezes solitário do professor na definição, preparação, ministração e avaliação do conteúdo. O autor argumenta que, embora algumas formas de apresentação do conteúdo e acompanhamento dos alunos estejam sendo experimentadas, isso ainda não é suficiente, especialmente em sistemas educacionais públicos que enfrentam atrasos administrativos.

O texto enfatiza que a verdadeira inovação educacional vai além de projetos isolados ou experimentais. O autor desafia a noção de que investimentos em tecnologia são a única solução para a implementação bem-sucedida do ensino híbrido, sublinhando a necessidade de uma gestão curricular eficaz e uma abordagem organizacional contemporânea. Ele destaca que a qualidade da educação não está intrinsecamente ligada a plataformas digitais ou aulas presenciais, mas sim à capacidade de estruturar o currículo de maneira criativa, mantendo o foco no conhecimento e na responsabilidade para evitar insatisfação e insegurança. Em última análise, o texto enfatiza que o nome dado à organização curricular é menos relevante do que a prática pedagógica efetiva.

Referências

 MARTINS, José Lauro. Efêmero e incerto: o futuro já chegou / José Lauro Martins. – Ponta Grossa – PR: Atena, 2022.

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Steven Universo – um aprendizado sobre lidar com emoções em “Mindful Education”

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. Você pode conferir mais sobre o desenho neste link.

No episódio “Mindful education”, ou “Educação de consciência” em português, temos uma abordagem sobre a dificuldade em lidar com emoções, culpa e excesso de preocupações. Tudo isso retratada de uma maneira simples e muito delicada para o público.

Sinopse: Steven e Connie em seu contínuo treinamento de combate, entretanto, durante o episódio, ambos se encontram em uma situação de muita culpa em decorrência de eventos passados, fazendo com que não consigam lidar com o acúmulo de emoções que estão sentindo.

No início do episódio, Steven tenta fazer uma brincadeira com Connie, mas nota que a mesma está indiferente. Durante o episódio, Steven e Connie tentam treinar se fundindo, mas algumas coisas dão errado em decorrência de um problema que aconteceu com Connie, fazendo-os perder o controle da fusão se separando. Posteriormente, Steven tenta confortar Connie e saber o que aconteceu, ela diz que acidentalmente machucou um garoto em sua escola pois não sabe o que fazer nesse tipo de situação envolvendo acidentes e acabou fugindo.

Depois de ter explicado a situação, Garnet chega e explica que uma fusão, para ser estável, precisa de equilíbrio interior. A falta de equilíbrio leva a conflitos e a perda da estabilidade da fusão, sendo assim, é preciso manter também um equilíbrio mental, confrontando e entendendo seus próprios sentimentos. Com isso, Garnet oferece ajuda para meditar e compreender melhor seus interiores.

Em seus interiores, após se fundirem novamente, Garnet canta uma música sobre confrontar seus sentimentos. Borboletas aparecem e mostram duas personagens, Ruby e Safira, com problemas, onde Safira se sente incomodada com uma borboleta e Ruby fica furiosa com essa única borboleta, sem perceber que aos poucos várias outras borboletas passam a incomodar Safira. Posteriormente, Ruby respira fundo e consegue ampliar seu olhar sobre a situação, onde ela estava furiosa com apenas uma borboleta em vez de ajudar Safira que estava sendo prejudicada por várias. Ela então para e vai em direção a Safira, ajudando-a e posteriormente acalmando a situação das borboletas juntas.

Stevonnie então canta e percebe que Steven e Connie estavam na mesma situação, mas dessa vez conseguem resolver juntos e com calma, terminando assim a meditação.

 

Em outro dia, Steven e Connie tentam treinar novamente, como Stevonnie, mas tudo acaba dando errado quando Steven também se encontra na mesma situação que Connie estava antes, quando se depara com vários problemas de seu passado que ainda não se resolveram, problemas esses que envolvem sua mãe, uma antiga amiga, uma inimiga e outras pessoas a qual se encontrou e teve problemas aos quais Steven não sabe o que fazer.

Stevonnie se sentindo inferior aos seus problemas.

Durante esse processo, Stevonnie começa a ter uma crise de ansiedade e acabam caindo da arena onde estavam, em um precipício. Durante a queda, eles se desfundem e Steven explica a Connie como não consegue lidar com todos esses problemas que o assombram. Connie diz que está tudo bem pensar sobre isso e também está tudo bem se sentir mal em relação a isso, mas que Steven tem que honesto em como isso o faz mal, para assim seguir em frente.

#steven universe from tinnink #steven universe from tinnink

Com a ajuda de Connie, Steven consegue aos poucos se acalmar e pensar sobre suas ações passadas, onde todos esses problemas foram causados a partir das outras pessoas rejeitarem sua ajuda, mesmo ele fazendo o possível. Ao se acalmar por completo, se fundem novamente e conseguem flutuar com os poderes de Stevonnie em segurança ao solo, terminando o episódio com um sorriso aliviado no rosto.

Esse episódio faz diversas referências. As borboletas são uma delas, onde em algumas culturas elas representam a alma de um indivíduo, com a cor branca representando sua pureza, que também possuem associação com boa sorte e com o seguir em frente durante a vida.

A técnica de meditação utilizada por Garnet durante o episódio faz referência as mesmas estratégias utilizadas pelos princípios da Terapia Cognitiva baseada em Mindfulness (Mindfulness Cognitive Behavior Therapy – MCBT) ou Terapia de Aceitação e Compromisso (Acceptance and Commitment Therapy – ACT), onde em suas falas durante a música Garnet diz “É apenas um pensamento, nós podemos assisti-lo indo embora”. É uma prática da aceitação da presença de emoções negativas sem se deixar controlar por esses pensamentos. Ambas as terapias já mostraram ter um ótimo sucesso em tratamentos de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

Stevonnie em Mindful Education(Fanart) | • Steven Universe BR • Amino

O símbolo de mãos que Garnet e Stevonnie fazem durante a meditação é chamado de símbolo “Vishuddha Chakra Mudra”, ou chakra/energia da Garganta. Esta energia, apresentado pela cor azul, é a energia da Comunicação, que estava bloqueado pela confusão e mentiras.

lesbian squared — Garnet in Mindful Education

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The Boys: Heróis Ou Vilões?

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“Os heróis são aqueles que tornam magnífica uma vida que já não podem suportar.” – Jean Giraudoux

Imagine heróis fora do comum, não apenas por terem super poderes, salvarem vidas e fazerem do mundo um lugar melhor. Heróis contemporâneos, controlados por uma grande corporação, que pensa nos heróis como algo rentável, cuidam do marketing para eles gerarem filmes, produtos com sua marca e procuram gerenciar toda a vida dos superes, desde sua popularidade com as pessoas, até tentam reparar seus erros na sociedade.

Esses são os heróis retratados na nova série da Amazon Prime Video. The Boys é uma série adaptada dos quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson, é tida como uma das mais polêmicas e mais criticadas séries de 2019. Mesmo que não seja nem tão violenta e nem tão política quanto os quadrinhos em que é baseada, The Boys ainda assim é uma série que contempla muita tragédia e ao mostrar de forma explícita como heróis podem ser vítimas de violência extrema, ao mesmo tempo em que não se esquivam de discutir questões sociais importantes associadas à cultura de heróis. (FALANGE, 2019).

fonte : https://bit.ly/2KUnFzA

No início a narrativa aparenta ser uma boa e velha adaptação de super heróis, contudo quanto mais se assiste, mais se percebe que os heróis na verdade podem ser os verdadeiros vilões da história. O que não seria nada mal em um mundo com muita violência, corrupção e injustiça, mas o que choca mesmo no enredo é o fato de que as pessoas parecem precisar dessa “esperança” que os heróis pregam e não importa tudo de ruim que façam, desde que no fim salvem o dia e possam postar fotos.

É inegável o fato de que os super hérois viraram moda, e embora eles sejam retratados como figuras grandiosas e repletas de moral, nem sempre suas performances foram dignas de heroísmo. Mas porque eles são tão atrativos nos dias de hoje, mesmo após péssimas adaptações de suas histórias ou quando eles não são retratados como super herois? Isso se deve ao fato deles carregarem a bandeira do bem e se consideram acima do mal.  Porém, seria errado imaginar que todos tenhamos um lado sombrio? Obscuro, que absorva o lado egoísta e primitivo de nossa personalidade? Jung categorizou a sombra como um dos principais arquétipos do inconsciente.

fonte: https://bit.ly/2Mjlskg

Dentro da perspectiva do desenvolvimento simbólico, e através do conceito unificado de sombra, vista na dimensão religiosa como pecado; na jurídica, como crime; na médica, como sintoma; na ciência, como erro; e na dimensão ética, como o mal (BYINGTON, 2006). Segundo Oliveira (2010), aquilo que rompe o papel instituído na coletividade e vivido na subjetividade se configura como o mal, o amoral e a sombra, o que não é aceito pela consciência. Assim, no mundo real ela é reconhecida na violência, na guerra, na exclusão e na criminalidade.

Na mitologia o herói seria o guardião, o defensor, o que nasceu para servir. Já na linguagem contemporânea ele tem o sentido de guerreiro, está ligado à luta e as outras funções como a adivinhação, a fundação de cidades além de introduzir invenções aos homens, como a escrita e a metalurgia. (BRANDÃO, 1987). Para Jung (1975) o herói seria o mais nobre de todos os símbolos da libido, a idealização de um ser física e espiritualmente superior aos homens, que o representaria em sua totalidade arquetípica. Por mais que tenhamos ideia de como é ou deveria ser um herói, para a Psicologia Analítica, somos nós que construirmos o nosso próprio arquétipo de herói com base em nossas vivências pessoais.

Os heróis da série retratam apenas o que pensamos ou fazemos nos dias de hoje, um mundo com pessoas mais ricas e poderosas do que outras e que são protegidas por grandes corporações, que controlam a mídia, o governo e até a justiça. e se preocupam apenas com a imagem que transmitem na frente das câmeras. Para Aristóteles (2007), no fim, quem escolhe e tenta combater um mal que ninguém imagina, são apenas pessoas tidas como “normais”, eles arregaçam as mangas para expor a fraude que são os “heróis” e o resultado não podia ser nada bom.

FICHA TÉCNICA

fonte: https://bit.ly/2YSve3g

Título Original: The Boys

Direção: Dan Trachtenberg, Jennifer Phang, Philip Sgriccia.

Elenco: Erin MoriartyKarl UrbanChace CrawfordAntony Starr.

Gênero:  Ação,Drama, Ficção Científica.

País: EUA

Ano: 2019

 

REFERÊNCIAS:

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 2ª edição. Tradução Edson Bini. Bauru, SP: Edipro, 2007.

BRANDÃO, J.S. Mitologia grega. Rio de Janeiro, Petrópolis. Vozes, 1987.

BYINGTON. C. A. B. Psicopatologia Simbólica Junguiana.

FALANGE. [Crítica] The Boys: Que Morram Os Heróis. 2019. Disponível em: https://falange.net/critica-the-boys/. Acesso em: 14 de agosto de 2019.

JUNG, C.G. The practice of psychoterapy. Princenton: Princenton University Press, 1975. 2nd edition.

OLIVEIRA. A. W. SOCIEDADE E SOMBRA: EXPRESSÕES NA CRIMINALIDADE. 2010. Disponível em: http://www.symbolon.com.br/artigos/SOCIEDADE%20E%20SOMBRA-%20ALINE%20WERLE%20DE%20OLIVEIRA.pdf. Acesso em 15 de agosto de 2019

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Sessão técnica aborda “Adolescência, mídia e sexualidade: Uma breve reflexão”

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Acadêmica trouxe reflexões sobre a importância da promoção de ambientes que propiciam discussão e debates que envolvem temas sobre a sexualidade. 

Na tarde desta quinta-feira (23), ocorreu na sala 223 do Ceulp/Ulbra, as sessões técnicas do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – Caos. O trabalho apresentado por Sarah de Oliveira Sousa, estudante de Psicologia da Universidade Federal do Tocantins – UFT, tem como tema “Adolescência, mídia e sexualidade: Uma breve reflexão”.

Fonte: Arquivo Pessoal

Durante a apresentação, a acadêmica abordou conceitos e significados acerca da sexualidade na adolescência, na sociedade contemporânea. Houve também, momentos de reflexão sobre as representações que perpassam a sexualidade na adolescência e como o meio influencia fortemente nessas representações.

Para finalizar, a acadêmica trouxe reflexões sobre a importância da promoção de ambientes que propiciam discussão e debates que envolvem temas sobre a sexualidade.

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Especialistas discutem sobre os apelos excessivos da publicidade infantil

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As crianças, de um modo geral, têm um alto poder de absorção de qualquer tipo de conteúdo. Por exemplo, toda Páscoa, chovem propagandas sobre chocolates entre outros itens. O resultado é o consumo exagerado de doces que só pioram a saúde dos pequenos.

Por meio de diversas técnicas, as marcas conseguem exercer um poder de influência muito grande em cima das crianças para que possam incentivar os pais a comprarem brinquedos e guloseimas. Mas quais são efeitos negativos e como lidar com os desejos causados pela publicidade?

Para a psicóloga Livia Marques, as propagandas abusivas acarretam grandes influências negativas nas crianças. Ela diz que o efeito disso surge de uma forma muito ruim na mente delas, fazendo com que fiquem inflexíveis ao não e a qualquer argumento. “Tanto na TV como na internet, o conteúdo massivo pode causar uma fixação muito grande na mente delas”.

Livia fala que os sinais de que algo está errado com o desejo de ter um brinquedo ou de lanchar é refletido geralmente no comportamento agressivo e inflexível ao pedir aos pais. “Há casos que a criança não aceita de forma alguma o limite que é imposto”.

Fonte: Pixabay

Para Dario Perez, professor acadêmico e especialista em publicidade e marketing, o problema está no fato de que muitas empresas acabam “perdendo a mão” em suas ações publicitárias e comentem alguns excessos. Ele comenta que o público infantil é extremamente sensível a qualquer tipo de técnica de marketing que possa ser utilizado dentro dos parâmetros de um comercial de TV ou na internet, por exemplo.

– As crianças absorvem com muita facilidade todos os tipos de influências direcionadas. Mesmo as campanhas, que não possuem um bom comercial ou técnica apurada de publicidade, conseguem converter a venda, utilizando-se de uma comunicação lúdica e aspiracional, aproveitando personagens para gerar empatia e elevar sua credibilidade – explica.

Dario diz ainda que um dos objetivos da publicidade é gerar, por meio da influência, a sensação de felicidade através do consumo. Dessa forma, as crianças falam para os pais sobre a necessidade de ter tal produto. Eles, por sua vez, acabam satisfazendo o desejo para a alegria dos filhos.

Fonte: encurtador.com.br/adgkQ

Como lidar

A psicóloga Livia diz que a melhor forma de proteger a família é por meio do diálogo. Ela comenta que é importante os pais saberem dizer não, mesmo quando é muito difícil. Por outro lado, é preciso mostrar o porquê do não, talvez pela falta de condições financeiras, se a criança já tem muitos brinquedos e ganhou algum recentemente ou até explicando que determinado lanche ou doce pode fazer mal se comer muito dele.

– A conversa é fundamental. A criança também precisa saber para compreender e respeitar. Os responsáveis precisam entender também que a permissividade não pode ter espaço nessas lacunas – reforça.

Regulamentação

Para o especialista em marketing e publicidade, a regulamentação da publicidade infantil ainda é muito delicada no Brasil. Segundo o profissional, existe um projeto de lei mais rigoroso e voltado para a proteção da criança durante a exposição de alguma marca. Porém, ainda não foi aprovado. “Enquanto isso, observamos alguns efeitos colaterais, como, por exemplo, o alto índice de consumo de alimentos ditos como não saudáveis”.

– Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças no Brasil estão com sobrepeso. Além disso, o segmento de brinquedos para crianças só cresce, segundo os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Claramente isso são reflexos do poder persuasão – destaca.

Dario diz que para que as marcas respeitem a ética, é preciso, primeiro, assumir sua responsabilidade no processo de influência das crianças.  Segundo, é fundamental que as empresas sejam claras. Ou seja, elas devem encarar do ponto de vista educacional, mostrando os benefícios e os malefícios desses produtos. “Não quer dizer que é preciso fazer uma campanha socioeducativa. E, sim, ser mais transparente”.

– Por exemplo, pode avisar que a criança não deve beber determinada bebida todo dia, pois pode fazer mal para a saúde. Isso vai mostrar que aquele produto em alto consumo pode gerar efeitos negativos – comenta.

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A sua saúde mental pode ser monitorada?

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Os smartphones tornaram-se universalmente poderosos a ponto de caracterizem-se como sensores humanos. As câmeras funcionam como os olhos que apontam para todos os lugares, que tudo veem e registram e os fones são a voz e ambos ajudam na imersão ao mundo virtual. Com isso é possível identificar onde as pessoas estão, o que fazem e, às vezes, o que planejam.

Ir ao médico é uma atividade, para muitas pessoas, simples. No entanto, existem pessoas que por medo, pavor, bloqueio entre outros diversos fatores não conseguem ir a um consultório médico. Nos EUA, enfermeiros podem ver a vida de alguns pacientes com diabetes, mesmo quando eles não estão na clínica.

Esta nova maneira de manter o monitoramento sobre pacientes é um dos vários estudos de um aplicativo chamado Ginger.io. Uma vez instalado, a aplicação registra silenciosamente dados sobre um paciente e ajuda em diagnósticos simples[1]. Quando um paciente está deprimido, por exemplo, o seu padrão de comportamento muda, afetando a sua vida social. O Ginger.io identifica a mudança atraves de troca de mensagens e ligações. Ele usa o acelerômetro do smartphone e posicionamento global para medir onde, como e quando você se move [4].

App Ginger.io Fonte: ginger.io

Um dos hospitais que está testando Ginger.io é o Novant Health na Carolina do Norte nos Estados Unidos (EUA), que opera o Forsyth Medical Center e outros 13 centros médicos. Matthew Gymer, diretor de inovação da Novant, diz que seu grupo se aproximou da Ginger.io por causa do relatório de negócios[1].

O app está disponível para Android e iOS, e pode ser baixado por qualquer usuário nos EUA, no entanto só é possível ser ativado por membros vinculados ao hospital. O cadastro é realizado após a assinatura de um termo de compromisso, responsabilidade e confidencialidade.

Captura de tela do novo aplicativo do Ginger.io que conecta treinadores aos pacientes diretamente. Fonte: ginger.io

“Na minha empresa Ginger.io, temos sido capazes de rastrear meio milhão de pessoas com ansiedade e depressão, e reunimos mais de 600 milhões de horas de dados em muitas dimensões comportamentais” [2], é o que diz o Anmol Madan Co-Fundador e CTO do Ginger.io e complementa: “é um conjunto de dados tão grande e rico que permite usar o aprendizado de máquina para detectar padrões complexos de comportamentos que predizem quando um usuário pode precisar de ajuda” [2].

O Ginger.io oferece apoio emocional, ou seja, a qualquer momento o paciente pode solicitar um profissional da saúde disponível para conversa e ter retorno em menos de 60 segundos. Os pacientes são coordenados por médicos, treinadores, psicólogos, terapeutas e psiquiatras de alta qualidade. Todos disponíveis para vídeo chamada.

Os dados registrados pelo aplicativo são úteis para o automonitoramento e também para os diagnósticos dos médicos, visto que eles sinalizam ao usuário (e às pessoas cadastradas pelo usuário, como parentes e amigos) o que pode estar acontecendo e faz recomendações para que a pessoa altere esse comportamento irregular. Esse trabalho, às vezes chamado de “mineração da realidade”, mostrou que as mudanças em como as pessoas usam seus telefones ou onde elas vão pode refletir o início de um resfriado, ansiedade ou estresse [1].

Ambientes de monitoramento e coleta de dados do paciente. Fonte: ginger.io

A informação personalizada é, sem dúvidas, atualmente, um dos principais objetivos do mercado tecnológico. Ou seja, o objetivo é entender como é o comportamento do Francisco e tratá-lo como Francisco. Mas, até que ponto a privacidade do paciente é comprometida?

Aplicativos com essa função geram bastante polêmica. Invasão de privacidade, interferência da tecnologia nas relações sociais e o autodiagnóstico são os pontos mais questionados pelos críticos. A ciência lida com a vida humana e quando se trata de medicina é normal que um novo recurso seja bem criticado [3]. O Ginger.io é um dos apps que representa o que pode esperar dos avanços tecnológicos para o futuro.

Mas ficam os questionamentos: você se submeteria a tal tratamento? Aceitaria um ente próximo se sujeitar a tal monitoramento? Seria, esse método, uma forma de invasão de privacidade? Até que ponto é possível acessar as informações pessoais? Até que ponto abriríamos mão da nossa intimidade?

Os benefícios da utilização da tecnologia para o bem-estar de pacientes e da população em geral são incríveis e bem explorados pela mídia. No entanto, é fundamental que a segurança esteja sempre em primeiro lugar durante todo o controle dos sistemas. Desde os sensores, os envolvidos na manipulação dos dados até o processamento, pois ela é fundamental para a qualidade de vida dos atendidos.

Referências

[1] SIMONITE, Tom. BIG DATA GETS PERSONAL: SMARTPHONE TRACKER GIVES DOCTORS REMOTE VIEWING POWERS. 2016. Disponível em: <http://www.datascienceassn.org/sites/default/files/Big%20Data%20Gets%20Personal.pdf>. Acesso em: 19 out. 2018.

[2] MADAN, Anmol. ANMOL MADAN – MOONSHOTS. 2018. Disponível em: <https://www.anmolmadan.com/>. Acesso em: 14 out. 2018.

[3] MALTA, Pedro Henrique. GINGER.IO: O APP QUE MONITORA SUA SAÚDE MENTAL. 2017. Disponível em: <https://www.agenciabamboo.com.br/gingerio-o-app-que-monitora-sua-saude-mental/>. Acesso em: 02 out. 2018.

[4] KNIBBS, Kate. VOCÊ DEIXARIA UM APP MONITORAR A SUA SAÚDE MENTAL?. 2014. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/gingerio-app-saude-mental/>. Acesso em: 14 out. 2018.

Nota: Texto produzido na disciplina Gestão Tecnológica II, professora Parcilene Fernandes de Brito.

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Professor de Psicologia do CEULP defende seu Mestrado na UFT

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Sonielson Luciano de Sousa ministra as disciplinas de Filosofia e Antropologia no curso de Psicologia do CEULP/ULBRA

O professor Sonielson Luciano de Sousa, do Curso de Psicologia do CEULP defendeu, no dia 24 de agosto, sua dissertação “Mídia e construção de corporalidades masculinas juvenis: um estudo sobre frequentadores de academias de musculação” no programa de Mestrado em Comunicação e Sociedade na Universidade Federal do Tocantins (UFT).  A banca foi composta pela orientadora da pesquisa Profa. Dra. Cynthia Mara Miranda (UFT), a Profa. Dra. Liliam Deisy Ghizoni (UFT) e a Profa. Dra. Irenides Teixeira (CEULP/ULBRA).

Irenides, Cynthia e Liliam Deisy na defesa de mestrado de Sonielson

A pesquisa:

Esta dissertação é calcada em uma pesquisa sobre a construção de ideais de corpo e corporalidades masculinas de homens jovens frequentadores de academias de musculação, e o papel da mídia na construção da subjetividade destes sujeitos. Desta forma, buscou-se promover uma reflexão sobre os impactos que a mídia possui nas dinâmicas de vida, bem como entender qual a dimensão da própria percepção dos participantes acerca do tema, no que se refere ao poder que eles têm sobre suas escolhas, mediante eventuais heranças culturais e arranjos familiares e sociais. Como procedimentos metodológicos optou-se pela realização de Grupo Focal em duas academias de Palmas-TO, e os resultados são analisados a partir da Análise de Conteúdo. No desenvolvimento do trabalho verificou-se que os homens jovens das duas academias têm posicionamentos convergentes sobre os temas propostos, e corroboram as teses levantadas pelo referencial teórico. A pesquisa mostrou que a mídia – a partir, sobretudo, do cinema e de perfis de celebridades nas redes sociais eletrônicas – exerce influência direta na busca de um ideal de corpo masculino.

 Sonielson Luciano de Sousa é docente no curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, bacharel em Comunicação Social (Publicidade – Ceulp/Ulbra – 2004); sócio-fundador de O GIRASSOL (desde 1999), exercendo atualmente a função de editor-executivo. Tem experiência na área de Jornalismo Especializado (Comunitário, Literário), atuando principalmente nos seguintes temas: jornalismo, ideologia, cultura, educação, cinema e filosofia. Na comunicação, já atuou como free-lance de grandes empresas, como a Folha Press. É pós-graduado (latu senso) em Educação, Comunicação e Novas Tecnologias, com ênfase em Docência Universitária (Unitins/UFBA – 2006). Também é licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília (UCB), e coordena o Centro de Estudos Zen Budista de Palmas, ligado ao Daissen-ji de Florianópolis. É personal Coach (pela Sociedade Brasileira de Coachin-SP), editor e colaborador do coletivo (En)Cena, além de colaborador do Portal Educação. É autor do livro “Budismo e Cristianismo: aproximações possíveis” (e-Pub – Amazon).

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Espetacularização da cultura: fenômeno contemporâneo

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O Livro “A Civilização do Espetáculo”, de Mário Vargas Llosa, nos convida a fazer uma análise sobre a nossa atual cultura, levantando o suposto problema cultural da chamada “cultura de massa” ter dominado todo o âmbito social, percorrendo desde as classes mais ricas até as mais pobres.

A partir da discussão se levanta o seguinte questionamento: será preferível manter a “alta cultura” (cultura denominada culta e presente somente nas classes mais ricas) voltada para si em detrimento do desenvolvimento do conhecimento e dar manutenção às desigualdades sempre existentes? (corroboradas por essa própria separação) ou valorizar a cultura de massa buscando o seu desenvolvimento, carregando consigo toda uma sociedade que pode se beneficiar com isso?

O livro apresentado passa um conhecimento muito importante: o efeito que o desenvolvimento da cultura de massa teve dentro da nossa sociedade, que não foi muito positivo. Porém, o autor apresenta uma visão de que a cultura de massa nada trouxe para a sociedade, e apresenta certo saudosismo aos tempos em que a alta cultura, que era culta, porém excludente, era mais valorizada e estava no centro da política, da mídia, religião e de outros pilares da sociedade.

Fonte: goo.gl/Wb8X1o

Com este pensamento, Mario Vargas demonstra certa supervalorização da alta sociedade por defender o retorno da valorização da alta cultura, podendo trazer uma perigosa justificativa para o retrocesso da sociedade, por colocar os pilares sociais ainda mais nas mãos da alta sociedade, que perdeu com o desenvolvimento da “tão odiosa” cultura de massa.

A partir desse perigoso pensamento, é importante que várias ressalvas não colocadas pelo autor sejam frisadas, evitando que esse discurso seja justificativa para a minimização dos adeptos a cultura de massa – que representa a maioria da sociedade – em detrimento da alta e culta sociedade podendo aumentar mais ainda o abismo social que há entre a classe rica e o restante da sociedade

Durante todo o desenvolvimento da sociedade pela historia, as classes mais altas estiveram sempre, como a própria palavra diz, num patamar mais alto, tiveram sempre o hábito de diminuir as classes “abaixo” dela. Isso se deve por inúmeros fatores, entre eles, está o fato dela sempre ter consigo mais conhecimentos teóricos.

Esse foi sempre um dos tantos fatores que aumentaram o abismo social entre classes. A partir disso, a possibilidade de uma aproximação cultural entre as classes, pode ser um susto para os adeptos a estratificação social, levando alguns destes, a procurarem motivos para justificar a manutenção das desigualdades sociais. Qual a melhor justificativa para isso do que dizer de forma culta e embasada que “estamos ficando mais burros”?

Fonte: goo.gl/dUFPfN

Levando em consideração que a alta cultura estava na mão de poucos, e as outras culturas estavam na mão de todo o resto da sociedade – que conta com muito mais de 80% da população – podemos partir para a reflexão básica sobre a mistura das culturas para a homogeneização em busca da cultura de massa. Ora, se colocarmos todos os poucos cultos entre o mar de “ignorantes culturais” (toda uma sociedade) e misturarmos, obviamente o que irá se mostrar é o que representa maioria em numero.

Com o desenvolvimento das democracias pelo nosso extenso globo, as classes mais baixas puderam ter mais acesso ao poder de escolha, como o voto. Com isso, os comandantes dos países tiveram que voltar seus olhos um pouco para a parte desbastada da sociedade. Ao longo dos anos, o povo começou a ter cada vez mais condições para consumir as artes e mídias, que antes eram voltadas apenas a quem tinha poder de compra (a classe alta). Obviamente sabemos qual o efeito disso: as mídias voltaram seus olhos para uma parte da sociedade que antes não era contemplada com informação e entretenimento.

As consequências disso são obvias, com o numero de consumidores maior entre as classes mais baixas, os repórteres, autores e artistas voltaram seu foco para pessoas com menos conhecimento, o resultado disso foi logicamente um reajuste nas formas de cultura em geral, já que agora focavam não só nas pessoas com alto nível de estudo e conhecimentos gerais.

As mídias agora se tornaram acessíveis a toda a sociedade, tendo consumidores desde semianalfabetos, ate grandes filósofos e intelectuais. As consequências disso foram rápidas, os cultos e nobres voltaram para si, em busca de continuarem consumindo obras, entretenimento e informações ainda equivalentes ao seu nível de conhecimento. Não demorou muito para que quase toda a arte e mídia em si fosse voltada para as massas, já que agora, seu publico alvo, se tornou apenas a massa, visto que a alta sociedade voltaram as costas para o mainstream.

Fonte: goo.gl/pCvwGL

A revolta da classe culta é válida, já que alguém que conhece e costuma apreciar a Oitava Sinfonia de Bethoven, obviamente não vai passar a apreciar uma música pobre em complexidade musical. Porém essa classe, deveria ver a beleza da diminuição das diferenças sociais, e que a expansão da cultura de massa, é apenas um reflexo disso. O papel dos grandes apreciadores de uma cultura complexa e cheia conhecimento, deveria ser de mostrar a toda a massa, a beleza de apreciar uma boa arte, mídia e informação.

A sociedade em seu engatinhar viu a necessidade de uma entidade liderante no qual teria acesso aos acontecimentos com uma amplitude de visão maior que os demais, para elaborar estratégias de acordo com as necessidades. Sendo assim a alta sociedade historicamente sempre teve mais acesso à informação,pois conhecimento é poder, e poder controla, controle esse que é almejado em qualquer tipo de governo, não só obtendo melhor acesso ao conhecimento, como limitando o acesso das classes inferiores. O problema disso é imbecilizar toda uma massa para que continue se contentando com tudo o que ative agradavelmente os seus sentidos.

Ao invés de limitar o acesso à informação, poderíamos através da educação, incentivar o pensamento crítico das massas, pois não é regra o mainstream ser fraco, e o cult rico. Isso acaba formando uma cultura de rejeição à própria cultura.

Não é de hoje que os governos usam a técnica da desinformação para manter o público inocente e desestimulado para questionar. Temos a ilusão de que o poder está em nossas mãos (democracia) porém somos influenciados pela própria mídia que através da publicidade, dita nossos comportamentos. Quem não se encaixa no padrão, é sutilmente excluído dos “privilégios” trazidos pela cultura implantada.

Particularmente acreditamos que o conhecimento deve sim estar disponível para todos, sem exceção, pois se há algum tipo de restrição, não só as classes baixas se prejudicam, mas as classes altas também, já que (querendo ou não) fazem parte da massa. Restringir cultura é contra a ideia de diversificação, negar a diversificação é negar a evolução do pensamento.

Fonte: goo.gl/k9WrnV

Devemos nos desconstruir e nessa desconstrução cabe a obtenção de valores culturais diferentes dos nossos.
Tudo bem que hoje a mídia está banalizando a cultura, tornando-a simples e atraente, criando uma fórmula para produzir arte, nos entregando mercadorias. Não há como quebrar esse ciclo de oferta e demanda se as massas não tem o conhecimento necessário para se localizar nesse jogo fetichista da mercadoria. Se não há o conhecimento de como vivem, como irão se rebelar?

Considerações finais

Não faz sentido esperar que classes evoluam culturalmente sem acesso à conhecimentos específicos de política e controle. As massas continuam sendo alimentadas como cães famintos, que esperam ansiosamente o dono colocar qualquer coisa para enfim ter sua temporária satisfação. É interessante ao governo que permaneçam assim, pois assim não questionam e são facilmente controlados. Mas existem outras reflexões.

A alta sociedade cria novas tendências que são seguidas fielmente pelo mercado, isso acaba introduzindo as massas ao costume elitista, numa homogeneização cultural , supervalorizando os costumes da alta sociedade. Mas dando oportunidades das demais classes atingirem uma cultura padrão, padrão esse almejado pelo mercado, para facilitar sua produção.

É necessário que a informação chegue à todos , por uma questão de sobrevivência. Não é sempre que teremos heróis dotados de conhecimentos nunca acessados, para nos acudir. O que a mídia faz é pegar o que há de mais pobre em nossa cultura e devolver em uma embalagem atraente, criando assim um ciclo difícil de ser quebrado, pois ela nos vicia com o que apresenta. Um exemplo na música, é a organização de certos acordes que fazem com que tal música (mesmo não sendo do nosso agrado) fique se repetindo em nossas mentes. Isso não é servir à população, isso é servir à alta sociedade que se alimenta do ciclo vicioso em que as massas vivem.

Fonte: goo.gl/4jnhLA

Direta ou indiretamente todos contribuímos para o progresso técnico e científico. Com o passar dos tempos a tecnologia vem ocupando trabalhos em que nós somos capazes de executar (como aspirar ao chão) , com essa substituição de tarefas, podemos nos preocupar em outras coisas. O problema é que a tecnologia não tem limites e há o risco de não sobrar mais funções exclusivamente humanas, tornando desnecessárias as massas. É um risco num mundo onde se quer tudo muito rápido.

Tendências aparecem e tornam-se obsoletas numa velocidade enorme, isso acontece também com os meio de informação que se desesperam tanto em entregar logo o produto, que nem revisam para saber se de fato a informação está correta, assim como leitores, não se questionam se aquilo que leram é de fato verdade, correndo o risco de estarem replicando algo falso.

REFERÊNCIAS:

VARGAS LLOSA, Mário. A Civilização do Espetáculo. São Paulo: Objetiva, 2015.

Pequeno Ensaio da Civilização do Espetáculo. Disponível em < https://jus.com.br/artigos/26314/pequeno-ensaio-em-resenha-critica-da-civilizacao-do-espetaculo-de-vargas-llosa > . Acesso em 02 de mar. 2018.

Comentários sobre a Civilização do Espetáculo. Disponível em < https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121938031/comentarios-sobre-a-civilizacao-do-espetaculo-de-vargas-llosa > . Acesso em 02 de mar. 2018.

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Queda Livre: qual a sua nota?

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O primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror, chamado de Queda Livre (Nosedive) foi dirigido por Joe Wright, o roteiro foi produzido por Rashida Jones, Michael Schur, Charlie Brooker, possui duração aproximada de 57min. O episódio aborda a avaliação online por meio de um aplicativo que classifica as pessoas com notas, tais notas são atribuídas de acordo com as avaliações recebidas ao longo do dia e em todas as esferas sociais.

O tema central corresponde com o período que vivemos atualmente, onde a vida online recebe hipervalorização trazendo em contrapartida toda essa engenhosidade de números e olhares, onde quanto mais números, mais visibilidade. De acordo com Maria Rita Kehl (2004), na sociedade que estamos inseridos, o que determina a existência do homem é a sua imagem, e ao decorrer do processo sócio-histórico onde por meio da globalização a imagem se tornou um componente indispensável, o homem se tornou um ser de aparências, e somente através da visibilidade é que a existência do indivíduo é legitimada.

A personagem central se chama Lacie (Bryce Dallas Howard), uma usuária que leva o aplicativo de avaliação muito a sério e empenha-se ao máximo para conseguir aumentar sua pontuação. Lacie está tão submersa no universo do aplicativo, que chega ao ponto de ensaiar sorrisos e falas na frente do espelho com a finalidade de aumentar sua simpatia, e por meio disto, alcançar avaliações mais altas.

Fonte: goo.gl/9BMpbW

Para Sartre,”o homem se reconhece a partir de como o outro o enxerga” (SARTRE, 2003, p. 276), a citação de Sartre pode ser elada diretamente com o esforço de Lacie ao decorrer do episódio inteiro para ser reconhecida, para ter sua existência validada. Ela começa o dia distribuindo sorrisos e derramando gentileza a todos que cruzam seu caminho, avaliando um a um e sendo avaliada por cada um deles, até mesmo o café da manhã de Lacie é registrado e legendado de forma apetitosa e positiva, em contrapeso a mesma detestou o sabor do produto, recusando-se a comer.

Na empresa onde ela trabalha, ocorre um fato interessante onde um funcionário rompeu com seu par romântico e todos os colegas ficaram do lado do seu ex-parceiro, Lacie não sabia do rompimento e esbanjou sua simpatia ensaiada a Chester, mas logo foi repreendida por outro colega de trabalho ao ser alertada que eles estavam do lado do outro e que a pontuação do Chester estava caindo desesperadamente, já se encontrando em 3,1, o que é considerado inferior para os usuários. Ela se recompôs ligeiramente e afastou-se de Chester, evitando inclusive contato visual para que sua imagem não fosse associada a dele, evitando assim o risco de ser avaliada de maneira negativa.

Debord (1998) dividiu a sociedade em duas fases distintas, tal que: na primeira fase, para Ser é necessário Ter, e na segunda fase, é preciso Ter para Parecer. Trata-se então de uma forma de dominação da economia capitalista predominante. Traduzindo para a nossa realidade midiática, onde a mídia é a soma dos poderes políticos e econômicos, que acaba por ordenar e ditar o que deve ser feito e a maneira como deve ser feito, classificando assim o que for destoante como antiquado, primitivo e descartável.

Fonte: goo.gl/PB182w

Lacie faz uso de um objeto de sua infância para manipular a reação das pessoas e a partir disso, obter maiores pontuações. Ela fotografa um urso da sua infância juntamente com palavras saudosas sobre uma amiga de infância que atualmente encontra-se no alto escalão do aplicativo, possuindo a nota 4,8. Naomie (Alice Eve), é a amiga marcada na publicação de Lacie que rapidamente responde e faz um convite inusitado a ela, o convite só acontece após Naomie fazer uma avaliação prévia do perfil de Lacie, verificando sua pontuação 4,2.

Naomie a convida para a festa de seu casamento com Paul (Alan Ritchson) que também possui a pontuação 4,8, e Lacie vê nessa cerimônia de casamento a oportunidade ideal para ser avaliada por pessoas que fazem parte do topo do ranking das melhores notas, visto que de acordo com a nota do seu avaliador, a nota atribuída por ele possui maior valor e maior peso. Lacie estava sendo acompanhada por um profissional que orienta usuários do programa a como obter maiores pontuações, e ele vê uma oportunidade de enorme de crescimento para Lacie nesta festa. Ela então passa a dedicar-se a produzir seu discurso, forjar lágrimas e comportamentos que mobilizarão os convidados durante sua performance. Vale lembrar que ela está ainda mais desesperada por pontos por precisar comprar um apartamento novo, e o apartamento desejado só pode ser obtido por clientes que ocupem posições elevadas no ranking.

Ela se dedica incessantemente a ensaiar e a criar uma performance impecável que possa levá-la ao nível almejado, passando a ignorar pessoas com notas baixas, inclusive seu ex-colega de trabalho que foi demitido por estar com a pontuação 2,8. Lacie exala ternura e apreço por tudo e todos que a cercam, tornando sua vida uma eterna performance onde ela reprime sentimentos e reações de cunho negativo para que não seja punida com notas baixas.

Fonte: goo.gl/UQ2Lb3

Ao deslocar-se para o casamento, acontecem inúmeros imprevistos onde ela recebe sua primeira avaliação negativa do próprio irmão, que condena sua atitude fajuta e mercenária de querer aproveitar-se da situação apenas para obter status, ele a avalia negativamente, e a partir daí as coisas começam a correr de outra forma.
Lacie perde o voo, é punida por passageiros na fila que discordam do comportamento grosseiro dela junto a atendente, é punida pelo guarda recebendo punição dobrada para avaliações negativas, resolvendo então ir de carro. Entretanto o mesmo descarrega no meio do caminho, e ela não consegue encontrar um carregador adaptado por causa do modelo de carro antigo que ela pôde alugar com sua pontuação baixa.

Lacie fica desolada, anda pelas ruas arrastando sua mala e não recebe carona por estar com uma nota extremamente baixa, porém recebe ajuda de uma caminhoneira chamada Driver (Cherry Jones), que após perder seu esposo por falta de tratamento por causa da sua pontuação insuficiente, passou a ignorar o aplicativo e a viver de forma livre, sem seguir nenhum script ou performar algo contrário ao que ela de fato desejava expressar.

No início, Lacie recusa a carona ao ver que Driver possui uma pontuação extremamente baixa, mas logo se convence e entra no caminhão, pois precisa chegar a tempo ao casamento. Após muitos imprevistos e sufocos, ela finalmente chega com os trajes sujos e rasgados, e entra pelos fundos, pois Naomi havia desconvidado-a após verificar que sua nota caiu.

Fonte: goo.gl/fZe19G

Lacie rouba o microfone e faz seu discurso que foi repetidamente ensaiado enquanto foge dos seguranças do local, Naomi sente-se constrangida, mas mantém seu semblante simpático e sua performance feliz, enquanto Paul tenta tirar Lacie a força. Nos minutos finais, ela é presa e ao chegar à prisão tem sua lente digital do aplicativo retirada e seu celular retirado, e como diz Calligaris (2007), “a invisibilidade é mais intolerável do que a prisão”.

REFERÊNCIAS:

Adoro Cinema; Black Mirror. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/series/serie-10855/temporada-27038/elenco/episode-559695/#Screenplay> Acesso em: 01/09/2017 de junho de 2017

BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Rio de Janeiro, Elfos, 1995.

CALLIGARIS,C. Fama e narcisismo. Publicado em 15/3/2007.<www.verdestrigos.org/sitenovo/…/cronica_ver.asp?> Acesso em 31/08/2017

DEBORD, G.: A Sociedade do Espetáculo. Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998.

KEHL, M. R. : Visibilidade e espetáculo. In: BUCCI, E. –Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo, 2004

SARTRE, Jean-Paul. Sursis. São Paulo: Nova Fronteira, 2003.

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