Dano moral e os aspectos psicológicos

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Moral envolve o “ser” interior do homem onde estão expostos seus ideais, suas convicções, é onde reside o entendimento intrínseco entre o certo e o errado

Desde os primórdios da humanidade, com o advento das primeiras civilizações, o ser humano viu a necessidade de serem estabelecidas as regras de convivência, onde cada indivíduo teria seus direitos e suas obrigações, por mais implícitas que fossem. Com o desenvolvimento da sociedade o sistema normativo foi se tornando cada vez mais complexo, fazendo-se necessário a criação escrita de normas e regras de conduta que abrangessem todos as pessoas viventes em uma determinada comunidade.

As regras deveriam ser cumpridas para impedir a lesão a outrem, sendo que, caso alguém as descumprissem deveria este sofrer as penalidades na proporção dos seus atos, sendo que, em tempo, tais penalidades serviam para prejuízos materiais.

Com o avanço intelectual, o crescimento de costumes, a valorização da moral e da honra, seja entre nobres ou plebeus, começou, nas antigas civilizações, a criação o prejuízo a moral/honra, onde difamações deveriam ser indenizadas, muitas vezes com sentenças físicas, como nos casos de ofensa à igreja, nobres ou realeza. Mas, surge o grande questionário, o que vem a ser a moral? Por que ela faz parte dos seres humanos, e, principalmente, por que ela sofre danos?

Fonte: https://goo.gl/dfHDtq

Moral envolve o “ser” interior do homem onde estão expostos seus ideais, suas convicções, é onde reside o entendimento intrínseco entre o certo e o errado, o justo e o injusto. É uma parte essencial para a criação do caráter do ser humano. A moral pode ser um status, por exemplo, de homens e mulheres públicas que possuem um grande respeito perante a sociedade, de modo a serem consideradas justas e honradas, de moral ilibada, vez que, aqueles que os cercam observam um padrão ininterrupto entre suas orações e suas condutas.

Os seres humanos possuem uma capacidade cognitiva mais avançada que outros animais, tendo pensamentos mais complexos, mas claro, tendo necessidades básicas de todos os animais, como a vontade de aprovação, o anseio por elogios, a carência por atenção e a busca para se ter uma boa autoestima, estando isto intrinsecamente ligado a moral. Quanto mais admiração alguém recebe, mais a autoestima da pessoa é elevada, tornando assim sua moral mais afiada. Noutras palavras, Rudolph Von Jhering1 explica em A luta pelo direito:

A preservação da existência é a mais alta lei de toda a criação viva. Ela se manifesta em toda a criatura em instinto à preservação. Agora, o homem não está preocupado apenas com sua vida física, mas com sua existência moral. Porém, a condição para essa existência moral é correta na lei. Nela, o homem possui e defende e condição moral da sua existência – sem a lei ele se afunda ao nível animal, assim como os Romanos, de forma muito lógica, do ponto de vista da lei abstrata, colocavam os escravos no mesmo nível dos animais. A afirmação dos direitos legais de uma pessoa é, portanto, um dever de autopreservação moral – a completa entrega desses direitos, agora impossíveis, mas que já foram possíveis, é o suicídio moral. (VON JHERING, 2012, pág. 101)

Conforme explana Jhering, o ser humano defende sua condição moral, e quando esta é afetada gera um dano, não físico, não material, mas moral, e, neste sentido, explicam alguns Juristas, Pablo Stolze Gagliano1 o que vem a ser o dano mora:

O dano moral consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro. Em outras palavras, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa (seus direitos da personalidade), violando, por exemplo, sua intimidade, vida privada, honra e imagem, bens tutelados constitucionalmente (VENOSA, pág. 101). VON JHERING, 2012, pág. 101

Sílvio de Salvo Venosa1, explana em sua doutrina que “dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade” (VENOSA, 2015). Assim como anteriormente exposto, o ser humano possui um diferencial de outros seres humanos, onde este possui uma capacidade cognitiva absurdamente avançada em que existem camadas e camadas de pensamentos e reações que moldam seu ser.

Fonte: https://goo.gl/eT9bjY

Existem graus e diferenças entre as pessoas, mesmo havendo similaridades, ninguém é inteiramente igual a outra pessoa, portanto, o grau de intensidade para se ocorrer um determinado dano moral não é idêntico para todo ser humano, porém, pensando nisto, criou-se a figura do homem médio, a partir do qual se terá uma base para determinar o que pode vir, ou não, a ser considerado como um dano moral.

O dano moral no Brasil não era tão explicito na legislação antes de 1988, sendo embasado somente pelos tribunais e juristas, sendo que, com a constituição cidadã de 1988, o dano moral se tornou um direito fundamental e corriqueiramente utilizado pela população brasileira.

A cultura da indenização se expandiu de tal maneira que foi necessário por determinados limites por parte do judiciário, conduta esta que ficou conhecida como “mero dissabor”, onde a pessoa se sente ofendida por determinada situação, porém, por mais que haja a presença característica da ofensa, não necessariamente se terá o dever de indeniza-la pela ocorrência.

Fonte: https://goo.gl/9kSHMR

Quando ocorre um dano este deve ser reparado, mas como reparar algo que não está presente no mundo físico? Como reparar um abalo psicológico? A verdade é que não existe, de fato, uma forma de se reparar um dano moral, o que existe é a figura da compensação, onde aquele que causou dano a alguém irá compensar aquilo que cometeu, normalmente de forma pecuniária, outras vezes cumuladas com pedido de retratação formal e pública.

Mas ainda existem punições para abalos morais que podem ser considerados crimes e gerar até mesmo a prisão de uma pessoa, que são elas a calúnia, injúria e a difamação, são estes conhecidos no código penal brasileiro como crimes contra a honra, que são casos em que a pessoa que cometer um ato ilícito poderá responder não só civilmente, como também penalmente, tendo uma obrigação dupla pelo mesmo delito, onde terá de dispor de um valor indenizatório, bem como cumprir uma determinação jurídica pela sua conduta negativa.

Deste modo, pode ser observado que a moral é algo que pertence ao ser humano, não físico, mas no campo psicológico, de modo que, quando da ocorrência de determinados atos esta moral pode ser elevada, tornando o indivíduo mais autoconfiante como também poderá destruir toda sua vida, reduzindo-o a um mero reflexo daquilo que um dia já fora, sendo necessário todo um tratamento para que este possa tentar ser aquilo que um dia foi, devendo, portanto, ter uma reparação (compensação) por aquilo que lhe afligira, devendo ser lembrado que, nem toda ação merece uma indenização, somente em casos evidentes de degradação da moral e honra de uma pessoa.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

COSTA, Daniel. Danos morais: a evolução da lei no Brasil. Disponível em: https://www.politize.com.br/danos-morais-a-evolucao-da-lei-no-brasil/ acesso em 11 nov 2018.

1 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. – 15 ed. – São Paulo: Atlas, 2015. pág 51.

1 GAGLIANO, Palblo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, Volume 3: Responsabilidade Civil. 10ª Ed. São Paulo : Saraiva, 2012. Pág. 101.

1 VON JHERING,Rudolph. 1818-1892. A luta pelo direito = Der Kampf ums recht; tradução de Dominique Makins. São Paulo: Hunter Books, 2012. pág. 79.

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Ceulp ulbra testa a honestidade de alunos e funcionários

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Dia 10 de outubro comemora-se o dia da honestidade. Você é honesto? Você sabe o que é honestidade? Para se viver em sociedade é preciso seguir regras. .Honestidade é uma das regras para se viver em parcimônia.  De acordo com o Dicionário Português, Honestidade é uma qualidade que demonstra honra. Honesto é o indivíduo que age de acordo com os princípios morais. É não mentir, não fraudar, não enganar, não roubar.  Em comemoração ao dia supracitado, a Universidade Luterana de Palmas decidiu medir a honestidade dos alunos e funcionários deixando um freezer com picolé, em que cada interessado pode se servir e deixar o pagamento em uma caixinha. Tudo sem nenhum mecanismo de controle, seja alguém para receber o dinheiro ou tecnologias como câmeras.

Tal data vem a calhar muito bem com o período de eleições que o país está vivendo. Período em que muitos protestam da falta de honestidade dos políticos, mas quando se deparam com um teste de honestidade, como o promovido pela instituição, não conseguem não deixar de furtar. A estudante de Psicologia, Lara Kaline, frisa: é uma ação muito interessante, desperta nas pessoas o senso de fazer o certo mesmo que ninguém esteja monitorando. É um momento de parar e refletir se a vida que levamos é realmente digna.

Lara Kaline

No dia 02/10 o índice que honestidade chegou a 100%, no entanto, no dia 03/10 já caiu para 95%.  Não se nasce sendo honesto, isto é aprendido, pois são valores passados por meio da educação, e vai sendo incorporado aos poucos. O processo de aprendizagem começa em todos os espaços sociais, inclusive na universidade. Se você faz parte dos 5% que pegou e não pagou, nem tudo está perdido, comece a praticar a honestidade hoje mesmo.

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A Onda: neofascismos travestidos de moral

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“O filme “A onda” focaliza, por um lado, o imperativo da ordem e disciplina e, por outro, o desejo de controlar a pulsão agressiva dos seres humanos travestido em organização fascista aspirando ser moral. “A onda” pode ser vista através de alguns movimentos políticos-ideológicos de nossa história: quando atuou em nome de uma suposta “superioridade da raça ariana”, causou o genocídio nazista; quando levantou a bandeira da “causa do proletariado” milhares foram estigmatizados de ‘antirrevolucionários’, ‘reacionários burgueses’, ‘intelectuais inúteis’; quando surgiu com o nome de “revolução cultural” fez o povo quase perder suas tradições; quando “em nome de Deus” milhares são assassinados; quando “em nome do Bem contra o Mal”, da “causa justa” ou da “democracia”, invadiu países, destruindo prédios e vidas; Enfim, quanto o irracional está a serviço da racionalidade, o resultado é a imoralidade, o sofrimento e a morte em massa.” (LIMA, 2016).

No drama “A Onda” pode ser o observado o quanto o homem, objeto de estudo da psicologia social, pode ser levado pelo seu meio social a ter uma série de ideias e comportamentos gerados a partir destas verdades pré-estabelecidas deste grupo. No momento em que uma das alunas questiona o professor quanto a imparcialidade das pessoas da Alemanha durante a segunda guerra elas não imaginavam o quão fácil é levar alguém a pensar algo quando a mesma acredita que é superior ou melhor do que os outros de alguma forma.

Fonte: https://bit.ly/2K7FFbm

Um dos maiores conceitos da psicologia social é esse, a forma com que a personalidade, do caráter e comportamentos é levado e definido ao grupo. “A psicologia social estuda a determinação mútua entre o indivíduo e o seu meio social. Posto isto, esta ciência analisa os aspectos sociais do comportamento e do funcionamento mental.” (ANÔNIMO, 2016) O que fica muito vem exemplificado no drama. Tanto para se unir Ao movimento da “onda” quanto sair dele, em algum momento foi necessário que alguma pessoa do seu convívio social estabelece.

É mostrado também o quanto o conceito de certo e é errado é mutável quando determinado por um convívio social, de alguma forma violência passou a ser uma opção para os participantes da “onda” quando o seu movimento era ameaçado por outros sendo que as suas famílias já haviam ensinado que não era uma opção, esse valor foi facilmente esquecido. “A Psicologia Social estuda o que acontece com o indivíduo quando ele está interagindo com outras pessoas ou na expectativa desta interação. ” (RODRIGUES, 2000)

Fonte: https://bit.ly/2tldOJZ

Este comportamento de agir de forma irracional diante dos pressupostos levantados por um grupo é mencionado no texto de Lima trazendo à tona as diversas supremacias que enfrentamos hoje em nossa sociedade, as que são realidade no nosso dia a dia:

“Os sintomas atuais de ascensão do irracional humano vem se revelando não só através de grupos nazi-fascistas que formam uma ‘onda’ pregando a  “supremacia da raça branca”, a perseguição  de judeus, negros, índios, homossexuais, nordestinos do Brasil, feministas, esquerdistas, democratas, etc. O fundamentalismo religioso (cristão, islâmico e judaico), os atos dos criminosos ligados ao narcotráfico, o terrorismo protofascista de grupos ou de Estado, sem projeto político, podem ser considerados sintomas de ‘ascensão do irracional’ ” (LIMA, 2016).

REFERÊNCIAS:

ANÔNIMO. Conceito de Psicologia Social. Disponível em: <http://conceito.de/psicologia-social#ixzz42zUw3aky>. Acesso em: 14 mar. 2016.

EDUCAÇÃO, Portal. Psicologia social: conceitos e histórico. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/32192/psicologia-social-conceitos-e-historico>. Acesso em: 14 mar. 2016.

 LIMA, Raymundo de. ‘A onda’ e o irracionalismo dos grupos: comentário sobre o filme “A onda”. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/065/65lima.htm>. Acesso em: 14 mar. 2016.

 PLAYERS, Cine. A Onda. Disponível em: <http://www.cineplayers.com/drama/a-onda/10875>. Acesso em: 15 mar. 2016.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

A ONDA

Diretor: Dennis Gansel
Elenco: 
Jürgen Vogel, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Frederick Lau;
País: Alemanha
Ano: 
2009
Classificação:
16

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A família como instituição de controle e disparador do comportamento suicida

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O suicídio pode ser conceituado como uma morte resultante de um ato voluntário da vítima para si. Emile Durkheim faz desse fenômeno seu objeto de estudo em sua renomada obra “O Suicídio” (2000), livro que serve de base para esse ensaio acadêmico, e chega a conclusão de que, apesar de aparentar ser um ato privado, as causas do suicídio podem ser encontradas em fatores sociais.

Ao estudar as relações entre indivíduo e sociedade, Durkheim percebe que deve existir certo equilíbrio nas relações entre ambos. Quando os limites são atendidos, ou seja, quando o indivíduo possui um nível de integração com os seus grupos, essa relação se torna benéfica a ele, servindo até como um potencial controlador do comportamento suicida. Mas quando seus níveis de integração social saem do eixo, se tornando muito altos ou muito baixos, essa relação leva para o aumento de taxas de suicídios.

Para ele, toda sociedade oferece em seus elementos constituintes um contingente de suicídios que não age isoladamente, mas sobre grupos sociais. Porém, aquilo que oferece imunidade aos indivíduos, também pode servir de disparador do comportamento suicida, isso dependerá das relações indivíduo-sociedade e dos diferentes contextos sociais nos quais essas mortes voluntárias emergem.

Fonte: encurtador.com.br/dguQ0

Observando que a instituição familiar é uma das maiores e mais importantes constituintes da estrutura social, e levando em consideração a alta imunidade dos casados em relação ao suicídio em comparação aos solteiros, esse ensaio acadêmico propõe um enfoque na família e seus níveis de influência sobre o indivíduo enquanto desempenha o papel de instituição de controle do comportamento suicida, e também considerando as situações na qual ela faz o caminho inverso, sendo produtora do fenômeno.

Faz parte do senso comum a ideia de que pessoas casadas vivem uma vida mais difícil que as pessoas solteiras, pois um grande número de responsabilidades e privações que acompanham o casamento e a vida familiar atinge somente os primeiros e não os segundos. Seguindo essa lógica, a vida conjugal e familiar deveria favorecer a disposição do indivíduo.

No entanto, Durkheim desfaz esse ponto de vista em sua obra O Suicídio, através de uma detalhada comparação entre as taxas de suicídios de pessoas solteiras e casadas. Por meio dos dados expostos, torna-se claro que os casados não só se matam menos que os solteiros como obtém uma grande vantagem em relação a estes, ou seja, o matrimônio diminui consideravelmente o perigo de suicídio. E é esse curioso dado que irá direcionar o seguinte ensaio acadêmico. Além de discutir as causas dessa imunidade obtida pelos indivíduos casados, queremos saber em que situações ela também se faz perder dentro da vida conjugal e familiar.

Uma observação mais profunda da conjugalidade nos leva a perceber que existem dois diferentes elementos que compõem o meio doméstico: o cônjuge e os filhos. Conforme Durkheim (2000, p. 224-225): “Uma deriva de um contrato e de afinidades eletivas, a outra de um fenômeno natural, a consaguinidade”. Vendo que ambas têm diferentes naturezas, pode-se afirmar que elas também podem produzir diferentes efeitos e, por esta razão, Durkheim separa dois grupos: os casais com filhos e os casais sem filhos. Esse ato foi realizado justamente para medir a influência do casamento sobre o suicídio e descobrir de onde surge a imunidade observada no primeiro dado apresentado: se a pequena disposição ao suicídio é resultado apenas da relação conjugal, ou se ela está ligada a algum outro fator que a vida doméstica traz consigo.

Fonte: encurtador.com.br/jsuBG

Antes de expor as informações obtidas com a análise, é necessário explicar o significado da expressão coeficiente de preservação que irá aparecer com frequência no decorrer desse ensaio. Trata-se de um termo que indica quantas vezes um determinado grupo se mata menos que outro. Ou seja, quanto maior for o número do coeficiente, maior é a vantagem do grupo, pois seu número de suicídios em relação ao outro é muito menor.

A análise confirmou que o coeficiente de preservação dos homens casados sem filhos era maior do que os solteiros da mesma idade, porém o coeficiente chegava a dobrar quando se tratava dos homens casados com filhos. Outra informação importante obtida é a de que os homens viúvos com filhos apresentam uma imunidade maior ao suicídio que os homens casados sem filhos. É claro que a tendência ao suicídio aumenta após a morte do cônjuge, pois, independente da intensidade, instala-se uma crise no sujeito. Mas quando a morte do cônjuge não tem fortes repercussões nesses números, como notou na pesquisa, é correto afirmar que o matrimônio em si, apesar de ter uma influência positiva sobre os homens casados, não é quem contém a tendência ao suicídio.

Mas é no sexo feminino que a pouca eficácia do casamento se torna evidente quando não há a presença dos filhos. Na França, as mulheres casadas sem filhos se matam mais que a metade das mulheres solteiras de mesma idade. A mulher é, na maioria das culturas, desprivilegiada no casamento e o matrimônio pode até agravar sua tendência ao suicídio, mas é um fato que será discutido posteriormente. O que nos interessa agora é que os casamentos com presença de filhos amenizam esse mau efeito do casamento para as mulheres.

Fonte: encurtador.com.br/dfk37

Percebe-se então que a imunidade dos indivíduos casados em relação aos solteiros se deve não à sociedade conjugal e sim à sociedade familiar, pois a presença de filhos no casamento aumenta o coeficiente de preservação consideravelmente. No entanto, vale lembrar que o matrimônio também tem sua influência sobre a imunidade dos indivíduos casados, porém ela é muito restrita ao sexo, mostrando-se mais influente no sexo masculino, já que as mulheres sofrem um agravamento nas taxas de suicídio quando não têm filhos.

Os cônjuges detêm desse privilégio não por desempenharem o papel de marido e mulher, e sim de pais e mães. Por isso a morte de um cônjuge aumenta a tendência do outro ao suicídio, pois a ausência de um resulta numa crise no meio familiar que se torna difícil adaptação. Ou seja, a sociedade doméstica é um potente preservativo contra o suicídio. E essa preservação é mais completa quanto mais densa é a família, e quando se fala de densidade não se refere somente ao grande número de filhos, mas também da participação regular deles na vida familiar. Esse fato contradiz completamente com o que foi dito inicialmente, pois a propensão ao suicídio diminui à medida que estes encargos na vida doméstica aumentam.

Uma família fortemente integrada possui uma energia particular difícil de dissipar, pois todas as consciências individuais que compõem a família experimentam os sentimentos coletivos, sentimentos esses que repercutem um sobre os outros. É por essa razão que a intensidade dessa energia torna-se mais forte quando número de consciências que estão compartilhando e reforçando os sentimentos, lembranças, experiências, tradições dentro desse grupo.

Fonte: encurtador.com.br/rzKRW

Essa imunidade relacionada a uma forte integração que compreende a sociedade doméstica não é exclusiva dela, mas também compreende outros grupos sociais como a religião e a política. O indivíduo fortemente integrado, seja na família ou em outras esferas, está menos propenso ao suicídio, pois uma sociedade fortemente integrada mantém os indivíduos sob sua dependência. Ou seja, quando o indivíduo está engajado e a serviço de tais grupos sociais, o “eu” pessoal não está acima do “eu” coletivo, portanto não colocam os seus fins acima dos fins comuns. É isso o que justifica a pequena tendência dos casados com filhos ao suicídio. A sociedade familiar tem poder sobre o indivíduo e não os permite dispor de seus interesses privados, pois a morte interrompe os deverem que esse indivíduo tem com ela.

Numa sociedade coerente e viva, há entre todos e cada um entre cada um e entre cada um e todos uma troca contínua de ideias e de sentimentos e como que uma assistência moral mútua, que faz com que o indivíduo, em vez de ficar reduzido as suas próprias forças, participe da energia coletiva e nela venha recompor a sua quando esta chega ao fim (DURKHEIM, 2000, p. 259).

Para que a vida seja suportável, o indivíduo precisa se ligar a algo, ele deve possuir alguma razão que lhe prenda a vida e veja valor nela. O homem não é capaz de viver por si só, pois a essência da vida é muito frustrante. O ser humano é limitado no espaço e tempo e não importa todos os nossos esforços em vida, no fim nada irá nos restar. Portanto, se não tivermos um objetivo fora de nós, resta ao homem somente si mesmo, o que não é suficiente para camuflar toda essa angústia e o apavoro que dessa inevitável anulação, e assim, o homem fica sem forças para agir.

Existem funções que só interessam ao indivíduo: as funções orgânicas; e as realizando, o homem se torna capaz de bastar a si mesmo. É o que ocorre durante a infância e velhice. Mas ao entrar na vida adulta e na civilização que a compõe, uma infinidade de necessidades que não dizem respeito a manutenção da vida física o inundam. Essas necessidades, sentimentos e ideias implantadas em nós (religião, moral, ética, política, etc), foram criadas pela própria sociedade e são a ela que se referem. Ou melhor, Durkheim diz que “são a própria sociedade encarnada e individualizada em cada um de nós” (2000, p. 263). E é por isso que para termos apego a vida, é necessário termos apego à sociedade.

Fonte: encurtador.com.br/bfkr3

À medida que os grupos sociais se desintegram ou perdem força sobre o indivíduo, ele se vê inclinado ao suicídio, pois o homem é físico e social. Quando o segundo se enfraquece, tudo o que há de social em nós também se perde. Se a única vida que o homem coletivo conhece se perdeu, e a única fundada no real (orgânica) não responde mais as nossas expectativas, o homem não encontra mais razões para viver. O tipo de suicídio que resulta dessa desintegração, onde o eu individual é preponderante ao eu social, é chamado de suicídio egoísta, justamente porque há uma individualização desmedida onde o sujeito não se vê mais dependente do social e estando dependente apenas de si mesmo, as regras de conduta que valem para ele são apenas aquelas que o interessam.

É parte da nossa constituição moral, dentro da sociedade na qual estamos inseridos, um objetivo que nos ultrapasse e determine o valor da existência. A família é uma das principais instituições que realizam esse papel com êxito, tornando-se uma instituição de controle do comportamento suicida. No entanto, em algumas situações, ela pode se tornar a disparadora desse comportamento.

Nos casamentos precoces (dos 15 aos 20 anos) há um enorme agravamento no coeficiente de preservação do número de suicídio, principalmente nos homens que, na França, chegam a se matar 473% que as mulheres. O número de suicídios começa a cair após os 20 anos, onde tanto os homens quanto as mulheres se beneficiam de um coeficiente de preservação, que cresce até os 40 anos, com relação aos solteiros. Pode-se perceber que o matrimônio serve como um disparador do comportamento suicida quando ele ocorre muito cedo, sendo muito mais prejudicial aos homens do que as mulheres.

Em outros casos, ou melhor, na maioria deles, a mulher é o sexo prejudicado no casamento. Ao comparar a participação de cada sexo nos suicídios das dois estados civis (solteiros e casados), percebeu-se que a imunidade entre os sexos é desigual: as mulheres casadas se matam mais na categoria de suicídio dos casados do que as mulheres solteiras na categoria de suicídios de solteiros. Isso não significa que a mulher casada está mais exposta ao suicídio que a solteira, e sim que a mulher se beneficia muito menos com o casamento do que o homem. Também como já foi apontado nessa discussão, a sociedade conjugal é prejudicial para a mulher quando há a ausência de filhos enquanto o homem, mesmo sem filhos, possui um coeficiente de preservação considerável. Ou seja, a vida familiar é a responsável pela minimização dos efeitos do matrimônio para a mulher.

Fonte: encurtador.com.br/dpzCD

Quando se fala em divórcios, sabe-se que os indivíduos não só se matam consideravelmente mais do que os casados, como também mais que os viúvos. Trata-se de um dado curioso, pois geralmente o divórcio é algo desejado. Ao analisar esses números, Durkheim percebe que o coeficiente de preservação das mulheres casadas aumentam à medida que os divórcios são mais frequentes. Já nas sociedades em que o divórcio é pouco praticado, as mulheres tendem a ser menos preservadas que o seu marido. O inverso acontece com o homem, ele é menos preservado à medida que o número de divórcios crescem.

Essas novas informações se relacionam com a já exposta: o casamento é benéfico ao homem, tão benéfico que quando ele o perde, sua propensão ao suicídio aumenta; enquanto a situação da mulher melhora à medida que o suicídio é praticado. Assim, entende-se que, o sexo masculino é o responsável por essa alta taxa de suicídio dos divorciados. Essa não é uma verdade absoluta em todas as sociedades, mas é uma realidade que se repete em muitas delas. Esses efeitos tão opostos do casamento sobre o sexo se dá porque seus interesses dentro desse regime são antagônicos.

A sociedade moderna é marcada por uma desorganização; há um estado de falta de objetivos e regras que se faz perder a identidade. Esse fenômeno é entendido por anomia. Para controlar os efeitos negativos da anomia na sociedade, instituiu-se diversas medidas que pudessem amenizá-las e conter os indivíduos, pois a ausência de limites gera uma perseguição interminável que nunca será satisfeita, consequentemente levando ao caos e muitas vezes ao suicídio. O casamento, principalmente o monogâmico, é uma das instituições que possuem essa função. Ele regula a vida passional do indivíduo, obrigando-o a se ligar a uma única pessoa e fechar seu horizonte. E como diz Durkheim (2000, p. 346), é disso que o homem tira vantagem:

É essa determinação que constitui o estado de equilíbrio moral de que o homem casado se beneficia. Por não poder, sem faltar seu dever, buscar outras satisfações além das que lhe são assim permitidas, ele limita a elas seus desejos. A disciplina salutar à qual é submetido faz com que deva encontrar felicidade em sua condição e, por isso mesmo, fornece-lhe os meios para isso.

O homem por culturalmente possuir uma liberdade maior, precisa ser regulado, pois definindo os seus prazeres, o homem irá garanti-los estabelecendo o equilíbrio mental que ele necessita. O que não acontece na vida do homem solteiro, onde a anomia assume um caráter sexual. Por não ter um regime que o regule, a vida de solteiro é repleta de frustrações porque, por não ter limites, o homem quer tudo e por isso, nada o satisfaz. “Quando não somos detidos por nada, não podemos deter a nós mesmos” (2000, p. 346).

Fonte: encurtador.com.br/iIOSZ

E da mesma maneira que o homem não se dá definitivamente a ninguém, nada a ele pertence também, condenando-o a um futuro instável e incerto. Disso resulta um estado de perturbação e insatisfação que aumenta as probabilidades de suicídio. E é isso o que ocorre no divórcio. A regulamentação estabelecida no casamento se enfraquece e os limites que eram colocados aos seus desejos já não são tão rígidos, podendo facilmente se deslocarem. A estabilidade e tranquilidade que o homem casado experenciava dá espaço para uma inquietude por não conseguir se ater ao que tem.

Contudo, enquanto o homem possui uma intensa liberdade que deve ser contida para o seu próprio bem, a mulher precisa de liberdade. A mulher sempre esteve presa a moldes sociais que até hoje influenciam muito na nossa cultura, mesmo que aos poucos sejam quebrados pelo movimento feminista. As necessidades sexuais da mulher têm um caráter menos mental em comparação aos homens, pois não se permitia que isso se desenvolvesse nelas. Portanto, a mulher não precisa de um meio de regulamentação como o casamento, pois ela já o faz há muitos séculos por imposições sociais.

Não só a mulher sofre com essa limitação de horizontes trazida pelo matrimônio, o homem também se vê numa condição complicada. Mas enquanto o segundo ainda é capaz de obter privilégios com o rigor desse regime, a primeira só sai perdendo. Além do casamento não ser útil para conter seus desejos que já são naturalmente limitados pela sociedade machista, o casamento tira dela a esperança de um futuro diferente e que realmente almeja, pois historicamente as mulheres sempre estiveram mais inclinadas ao casamento, como uma obrigação. Por essa razão o matrimônio é muitas vezes intolerável para a mulher, pois é um encargo muito pesado e sem vantagem; e assim, qualquer coisa, como a presença de filhos, vem a suavizar essa desvantagem que explica sua propensão maior a suicídio quando a única coisa que ela tem é o casamento.

Fonte: encurtador.com.br/opE08

Em determinado momento da vida, o homem também é afetado da mesma maneira que a mulher pelo casamento, mesmo que por outras razões. Isso ocorre com os homens jovens, e é por isso que o número de suicídio de homens casados entre 15 a 20 anos é tão alto como dito anteriormente. Eles não são capazes de se submeter aos limites impostos pelo casamento, pois suas paixões são muito intensas e ele não as consegue controlar. Os efeitos positivos do casamento só se vem sentir mais tarde, quando a idade tranquiliza o homem e a disciplina passa a se fazer necessária. Mas mesmo com esse contraponto, é ao homem que a instituição do casamento favorece, pois ele que necessita de coerção, tem o que precisa; e ela que precisa de liberdade, se vê mais presa.

A liberdade à qual o homem renunciou só podia ser para ele uma fonte de tormentos. A mulher não tinha as mesmas razões para abandoná-la e, sob esse aspecto, podemos dizer que, submetendo-se à mesma regra, foi ela que fez o sacrifício (DURKHEIM, 2000, p. 353).

De modo geral, é assim que o matrimônio pode se tornar um disparador do comportamento suicida para a mulher, enquanto serve como uma instituição de controle para o homem. Por essa razão, o divórcio a protege a mulher do suicídio que recorre mais facilmente a ele, enquanto inclina homens à morte voluntária.

Considerações Finais

A imunidade que os indivíduos casados desfrutam em relação aos solteiros se deve, em sua maior parte, não ao matrimônio e sim à vida doméstica que surge dela. Os coeficientes de preservação aumentam consideravelmente quando há a presença de filhos no casamento e a imunidade se torna maior quanto mais densa for a família. Uma família fortemente integrada, onde as consciências individuais que a compõem estão reforçando seus laços, serve como uma instituição de controle do comportamento suicida. E quanto mais membros ativos existirem na vida doméstica para alimentar essa energia particular, mais benéfica essa instituição se torna. Quando há um elevado, mas ainda estável, nível de comprometimento dentro do seio familiar, eliminar a própria vida não se torna uma opção porque o “eu” social é mais forte que o “eu” individual, tamanha é a importância que a família tem para esse sujeito.

Entretanto, o suicídio varia inversamente a integração desse ser dentro nos grupos. Assim, quando a instituição familiar se desintegra e/ou perde sua força, o indivíduo se isola da vida social e os fins sociais não possuem mais importância que os fins próprios. Desta maneira, essa estrutura pode agir como disparador do comportamento suicida. Por si só, o casamento tem seus benefícios, contudo, ele só atende a um dos sexos, sendo o sexo masculino o beneficiado na maioria das vezes. É correto afirmar que o ser humano precisa de algo que o regule em todas as esferas, e no âmbito afetivo quem faz esse papel é o casamento.

O homem precisa do matrimônio, pois enquanto solteiro, seus desejos são ilimitados e insaciáveis e assim, as normas regem a sociedade não correspondem os seus objetivos de vida. Uma vez que o indivíduo não se identifica com essas normas sociais, o suicídio passa a ser uma alternativa. Por isso, ao limitar seus horizontes, o homem passa a ter apenas um objeto de desejo, e ao limitar a esse objeto seus desejos e ele proporciona a si meios de satisfazê-los. Por essa razão o casamento, ao fazer essa regulação social, serve como um dispositivo de controle.

Fonte: encurtador.com.br/bdFHL

Enquanto isso, o casamento atua como um disparador do comportamento suicida às mulheres. Ao contrário dos homens, por toda a história, a elas foi imposto que deveriam regular seus desejos, e assim elas os fazem naturalmente, sem a necessidade de uma instituição com esse papel. Por isso, quando elas se casam, a liberdade da qual elas necessitavam e da qual os homens sempre desfrutaram, se perde. Se vendo ainda mais presa e sem esperanças de um futuro que atenda suas necessidades, a mulher se torna mais propensa ao suicídio.

Diante dessas informações, podemos pintar um cenário desvantajoso para as famílias contemporâneas quando falamos sobre suicídio. À medida que os anos passam, o número de filhos por casal diminuem, filhos esses que saem da casa dos pais com muito mais facilidade; pais superocupados com uma rotina repleta de afazeres e obrigações e que, por consequência, não dão a devida atenção para o cenário familiar e filhos desamparados dentro de seus próprios lares. Tudo é mais “eu” e menos “nós”. Todos esses fatores que moldam a família pós-moderna, favorecem a sua desintegração e a fraqueza dos laços internos que, como pudemos ver nesse ensaio, favorece a propensão ao suicídio.

Já para as mulheres, o cenário é vantajoso. A grande força que o movimento feminista ganhou nas últimas décadas garantiu às mulheres um espaço muito maior do que elas detinham e uma liberdade até então nunca experienciada. Tendo em vista que é isso o que a mulher necessita, talvez a sua perspectiva do casamento se altere com o passar dos anos, e a realidade apresentada aqui mude.

REFERÊNCIAS:

DURKHEIM, Émile. O Suicídio: Estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes Editora Ltda., 2000. 513 p. Tradução de: Monica Stahel.

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Reflexões sobre as novas relações de trabalho

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No dia 05 de maio de 2017 aconteceu na sala 203, a partir das 8h o Psicologia em Debate com o seguinte tema “Relações de trabalho e corrosão do caráter em Sennett” apresentado pelos acadêmicos de Psicologia do CEULP Erismar Araújo e Fabrício Veríssimo. A princípio foi abordada a definição de corrosão, ou seja, o ato ou efeito de corroer que segundo o dicionário genérico é o desgaste gradual de um corpo qualquer que sofre transformação química e/ou física, proveniente de uma interação com o meio ambiente. Foi abordada também a definição geológica: destruição de rochas devido à decomposição química realizada por água salina ou doce; química: transformação química de metais ou ligas em óxidos, hidróxidos etc., por processos de oxidação pelo contato com agentes como o oxigênio, umidade.

Fonte: http://zip.net/bstKtb

Em seguida foram explanadas questões biológicas, religiosas e psicológicas a cerca do caráter (formação moral) sendo respectivamente: aspecto morfológico ou fisiológico utilizado para distinguir indivíduos em uma espécie ou espécies entre si (marca a mesma espécie), indicadores gerais sobre condutas (deveres) e conjunto coerente de respostas dadas por um indivíduo a uma série de testes e que permite, por comparação estática, situá-la numa categoria determinada.

Adentrando mais ao tema vimos sobre a dinâmica entre capitalismo versus rotina versus natureza flexível, onde o trabalhador disciplinado é aquele que se preocupa com o trabalho, têm uma rotina a seguir, relações duráveis devido à maior estabilidade no ambiente de trabalho e gosta de estar inserido nesse meio, já o trabalhador flexível tem uma visão de articular melhor com o outro, diante das mudanças no mundo de trabalho, sendo passível de mudança e estabelecendo relações menos duráveis.

Assim, tal dinâmica remete a questão de como se podem buscar objetivos de longo prazo numa sociedade de curto prazo? O que nos leva a seguinte conclusão, de que os dois modelos (disciplinado e flexível) se encaixam ao modelo de vida que levamos hoje (capitalismo). Ou seja, temos uma “certa” rotina, porém buscamos uma flexibilidade no trabalho, como por exemplo, o flexitempo, que é quando procuramos criar tempo e alimentar as demais áreas da nossa vida, criando assim uma dinâmica favorável.

Fonte: http://zip.net/bctJ3T

Por fim, entramos na ética do trabalho em que tal dinâmica: disciplina e flexibilidade diante do capitalismo podem levar a uma desorganização do tempo, o trabalho em equipe quando não bem estruturado é afetado, a autodisciplina e automodelação dentro das empresas acarretam na individualidade do sujeito e uma competição a fim de atingir metas impostas, o ambiente de trabalho visto como polivalentes e adaptáveis as circunstâncias (sujeito passivo) e a ética protestante levando o indivíduo a ter o trabalho como foco principal na sua vida. Logo, a relação de trabalho que é toda essa dinâmica vista, pode influenciar na corrosão do caráter do sujeito, moldando-o para operar junto ao capitalismo, toda essa corrosão pode levar o sujeito ao adoecimento psíquico, adquirindo algum tipo de psicopatologia ao longo da vida.

REFERÊNCIA:

SENNET Richard. A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

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O Jardineiro Fiel: os fins justificam os meios?

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Questões éticas e morais dão a pauta no filme “O Jardineiro Fiel”, dirigido pelo cineasta Fernando Meirelles. O roteiro, baseado no o romance homônimo de John le Carré, publicado em 2001, mostra o envolvimento entre um diplomata britânico Justin Quayle (Ralph Fiennes) e uma ativista de direitos humanos Tessa (Rachel Weisz) que, após se mudarem para o Kênia, envolvem-se em um conflito de interesses econômicos, políticos e sociais de proporções internacionais.

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Tessa começa a investigar a atividade de indústrias farmacêuticas na África e buscar provas de que estão testando medicamentos ainda não liberados em comunidades africanas, tudo isso com a conivência do governo local e o envolvimento de agentes britânicos. O medicamento em questão está sendo desenvolvido para conter uma futura epidemia mundial, que provavelmente se alastrará provocada pelas próprias indústrias que a preveem e que terão o medicamento certo para conter a morte da população. Uma economia de milhões de dólares é feita ao se pular três anos de uma etapa da pesquisa e testar a fórmula diretamente em seres humanos e populações esquecidas do Kênia são o alvo ideal para agilizar os planos das corporações.

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Para conseguir provas contra o esquema das indústrias farmacêuticas e conter as mortes provocadas pelo uso do medicamento, Tessa, além de confrontar publicamente agentes do governo, mente, seduz e rouba, coloca sua própria vida em risco para salvar as populações indefesas. Para proteger seu marido ela omite informações e o engana quanto a seu trabalho, deixando que tanto ele quanto a sociedade pensem que ela o trai com seu colega de trabalho.

Tessa deixa claro, em correspondência com um primo/amigo, que “os fins justificam os meios”. Mostrando injustiças sociais e interesses econômicos que prevalecem sobre os direitos humanos, a narrativa expõe conflitos constantes de natureza ética e moral entre o bem e o mal, o certo e o errado, os limites entre o que se pode e o que se deve fazer.

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Ao afirmar que os fins justificam os meios, a personagem busca racionalizar a situação e proteger seu próprio ego de sentimentos e conflitos internos que ela não está preparada para enfrentar. Apesar de acreditar no que faz, Tessa sente-se culpada pelo modo como age e diz que não consegue se perdoar por algumas de suas atitudes frente ao marido. Aliás, a fragilidade de seu ego em meio a intensidade de seus conflitos internos é exposta desde a primeira cena do filme, onde se apresenta a mesma situação dos limites de sua consciência entre a defesa de uns e o prejuízo de outros, incluindo especialmente a si mesma entre esses outros e mostrando viver no limite entre as pulsões de vida e morte.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

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O JARDINEIRO FIEL

Diretor: Fernando Meirelles
Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Hubert Koundé, Danny Huston
Países: Alemanha, China, EUA, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
Ano: 2005
Classificação: 14

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Ensinando generosidade para crianças: você está fazendo isso certo?

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Foto: Via web

Em uma sociedade cada vez mais individualista e virtual, alguns valores tem se perdido. Um deles é a generosidade, gesto simples que exige acima de tudo boa vontade, talvez para um adulto seja mais difícil de ser ensinado, mas crianças por natureza estão bem suscetíveis a todo aprendizado oferecido.

Segundo uma pesquisa realizada pelo psicólogo Richard Weissbourd de Harvard e divulgada ano passado, 80% das crianças entrevistadas afirmavam que os pais estavam mais preocupados com o bom desempenho e a felicidades dos filhos (os entrevistados) do que se estavam sendo generosos.

Para o pesquisador, as crianças não nascem boas ou más, cabe aos pais educa-las pra que sejam respeitosas e se preocupem com sua comunidade em todos os estágios da vida. Richard alerta para o fato de nossa sociedade  afirmar o tempo todo que precisamos ser competitivos, alimentando desde cedo nos pequenos o desejo de ser o primeiro e melhor em tudo. Outra dificuldade apontada é o individualismo, onde cada vez mais fechados no seu contexto social, e na busca por uma vida mais digna as pessoas esquecem de se preocupar umas com as outras.

Apesar de nos encontrarmos em meio a uma crise moral sempre é possível mudar o quadro em estamos e para isso Weissbourd aponta cinco estratégias a serem utilizadas:

Foto: Via web

1 – Faça seu filho se preocupar com a necessidade do outro.

Crianças precisam aprender o equilíbrio entre as necessidades delas e dos outros, seja pra tocar a bola em jogo para um amigo ou para se manifestar contra o bullying que um amigo está sofrendo. Se certifique de que seu filho trata todos os colegas, mais novos ou mais velhos, com respeito. Pergunte na escola como ele se porta em grupo e seja exemplo de conduta em casa.

2 – Crie oportunidades para que seu filho seja generoso.

Crianças precisam praticar a gratidão e a contribuição com outros. Aprender a se importar é quase como aprender a tocar um instrumento. Não recompense seu filho por cada tarefa cumprida na casa. Pode parecer estanho, mas deixe que a participação dele se torne natural e o agradeça por colaborar com tudo ao final de todas as tarefas. Converse com seu filho sobre exemplos de pessoas que se importam em acontecimentos na TV, na comunidade, nos jornais e por aí vai. Faça a gratidão ser visível à ele no seu dia a dia.

3 – Expanda o círculo de preocupação do seu filho.

Vá para além dos amigos e família. Faça os perceberem como decisões deles podem afetar um grupo maior do que eles imaginam. Deixe-os perceber com quantas pessoas interagem em um dia e quão grato podem ser por elas. Seja respeitoso com todas elas e os ensine a serem também. Converse sobre algumas notícias de jornal para que eles entendam como decisões de alguns afetam muitos.

4 – Seja um modelo moral e um mentor.

Por vezes queremos que nossos filhos sejam coisas que não somos, e isso raramente funciona. Por isso, verifique seu comportamento com todos que te cercam. Praticar a honestidade com as crianças. Conversar sobre dilemas simples. Exemplo: Devo convidar para meu aniversário dois amigos meus que não se gostam?

5 – Oriente seus filhos a administrarem sentimentos destrutivos.

Sentimentos destrutivos como raiva, inveja e vergonha podem atrapalhar a tentativa de ser respeitoso ou generoso. Precisamos ensinar as crianças que está tudo ok se sentirem isso, mas que há algumas formas de lidar com isso que não são saudáveis. Ensine seu filho a inspirar pelo nariz e expirar pela boca contando até cinco, primeiro em momentos em que estiver calmo e depois passando para momentos em que estiver irritado. Após a respiração, ajude-o a pensar em formas de lidar com aquilo sem prejudicar nem a ele e nem a outros. Com o tempo ele fará isso sozinho.

Para a professora Luana Palaci, 22 anos, essas lições são exercitadas diariamente em sua rotina com a filha Anna Sofia de 3 anos.

“Eu converso muito com ela, mas criança aprende mesmo é no momento em que precisa exercer aquilo, como por exemplo quando ela ajuda outra criança ou divide o que é dela. Quando ela precisa exercer em casa é que eu intensifico o que ensinei: “Lembra que a mamãe te ensinou”.

Além do diálogo constante é preciso também ter o auxílio dos familiares e de quem mais estiver envolvido no cotidiano da criança. Segundo Luana, apesar da ausência do pai de Anna Sofia ela conta com a ajuda principalmente da mãe e da irmã que também estimulam a criança a ter o habito do respeito e generosidade.

“Ela é muito inteligente, quando conversamos ela me conta histórias das vezes que ajudou um amigo ou dividiu balinhas na escola e por aí vai. Minha mãe e irmã também trabalham muito com ela, as vezes até mais que eu (Risos)”

 

Foto: Via web

Quando questionada sobre as maiores dificuldades encontradas no processo de ensino Luana afirma que é Para muitos a maior dificuldade em difundir esses valores para as crianças é o fato de muitas crianças na escola de Anna Sofia terem uma criação que valoriza a individualidade colocando a perder horas de esforço diário em ensinar o que ela acredita ser certo e ao chegar na escola a criança ver o exemplo contrário nos colegas.

A maior dificuldade é quebrar sentimentos que ela já descobriu sozinha. O egoísmo nas crianças é muito intenso. Ensinar sobre generosidade e gentileza é difícil quando o egoísmo está tão aflorado. Aquela coisa do é meu, só meu. Só eu posso, só eu quero. E por ela ser filha única a coisa fica mais complicada. Na escola, quase tudo que ensino se quebra. Lá ela vê os outros fazendo o contrário do que eu ensino e repete, isso torna o meu trabalho com ela mais difícil. Aí entra o exemplo, ela me vê fazendo, então ela aprende. Isso tira um pouco a força que o exemplo dos amigos da escola dão pra ela.

Apesar das dificuldades ensinar crianças é mais fácil que ensinar adultos, portanto todo esforço para ensinar coisas boas a eles deve ser feito.

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“O Lorax” e a moral da sustentabilidade

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O filme O Lorax em Busca da Trúfula Perdida é uma obra do conhecido Theodor Seuss Geisel, Dr. Seuss, autor de inúmeros contos infantis, entre os mais conhecidos estão “Como Grinch roubou o Natal”, “O Gato da Cartola” (também adaptado ao cinema no clássico filme O Gato) , dentre outros. Suas obras são conhecidas por tenderem ao exagero para chamar a atenção para moral que se quer passar e por, normalmente, serem bem coloridas e alegres.

O filme se passa em uma cidadezinha chamada Thneedville, onde não existem árvores de verdade, pois estas foram completamente destruídas, e consequentemente o ar que respiram é artificial e comercializado pela empresa O’hare, e logo na abertura os personagens desta história cantam uma canção, demonstrando o quão felizes são em morar em Thneedville. Desde as árvores coloridas e dos mais diversos modelos, até mesmo os alimentos, são fabricados com plástico e o ar vendido pelo vilão da história, Sr. O’hare, é distribuído em galões próprios para se encaixarem em uma espécie de “respirador” que exala o ar puro dentro das casas.

Apesar do nome do filme, o personagem principal não é o Lorax, mas sim um jovem absolutamente comum chamado Ted, apaixonado por uma garota, Audrey, que sempre desejou ter uma árvore de verdade. Em seu desejo por demonstrar seu amor, Ted burla as regras e sai da cidade, em busca do Umavez-ildo que, segundo as histórias de sua avó, saberia lhe dizer o que aconteceu com todas as árvores.

O cenário fora da cidade é outro; triste, destruído e devastado, não existe nada além de cinzas e um cheiro podre e o ar irrespirável. Ted encontra, então, o Umavez-ildo morando em uma casinha afastada e solitária, com várias placas pelo caminho demonstrando que visitas não são bem-vindas. Umavez-ildo conta sua história, quando há muito tempo era um jovem ambicioso procurando inspiração para sua obra-prima, uma criação banal, para provar seu valor à sua família e ao mundo.

Em sua busca, encontra um lugar repleto de trúfulas coloridas (espécie de árvore parecida com algodão-doce) e animais alegres que o recebem com uma música de boas-vindas. Sem pensar nas consequências de sua atitude, e desejando o material para sua criação, Umavez-ildo derruba a primeira trúfula, e libera uma criatura mágica, o guardião da floresta chamado Lorax, uma criatura laranja decidida a proteger a floresta da ganância do homem.

Após uma longa conversa, e depois de muita confusão, Lorax convence Umavez-ildo a não derrubar mais árvores. No entanto, em uma ida a uma cidade, Umavez-ildo consegue lucrar vendendo sua obra-prima e fica cego de ambição, esquecendo-se da promessa feita a Lorax e derrubando todas as árvores existentes. Os animais que ali habitavam começam a ir embora, pois suas casas e alimentos foram roubados e destruídos, e Umavez-ildo fica sozinho em um ambiente devastado, pois não tinha mais matéria-prima para fazer sua obra e não tinha mais amigos e família, que só queriam estar com ele por interesse em seu dinheiro.

 

Após contar sua história, Uma vez-ildo entrega a Ted a última semente de trúfula, e o incube de plantá-la no meio de Thneedville, onde todos possam ver e relembrar-se do quão importante é a natureza para nossa subsistência. Após muita luta e muitas dificuldades, pois, ao saber dos planos de Ted, o Sr. O’hare sentiu que seu negócio de lucro estaria ameaçado com a volta das árvores para a cidade e impediu que este feito fosse realizado, Ted conta com a ajuda de Audrey e finalmente conseguem plantar a árvore na praça central da cidade e conscientizar os moradores da importância em preservar a natureza.

Com um enredo de fácil compreensão, o filme O Lorax agrada às crianças com seu cenário colorido e criatura mágicas, e aos adultos através da moral da história, que vem para demonstrar a importância da natureza para os seres humanos como pertencentes ao meio ambiente, e o que a ganância do homem pode acarretar. Podemos pensar, também em um contexto mais amplo, na industrialização irresponsável e consequente desmatamento desenfreado, que tem tornado o ar cada vez mais poluído e ocasionado doenças respiratórias cada vez mais graves.

Não é à toa pensar que logo teremos uma empresa multinacional vendendo “ar puro” para gerar lucros às custas de nossa saúde e bem-estar e construindo mais fábricas para tornar o ar cada vez mais rarefeito, de modo a induzir o consumo de seu produto. O Lorax é, sem dúvida, um filme para todas as idades e, quem sabe, as crianças possuam uma capacidade de absorver melhor a moral que o filme desejou transmitir e possa perpetuar para as próximas gerações.

FICHA TÉCNICA

O LORAX: EM BUSCA DA TRÚFULA PERDIDA

Direção: Kyle Balda, Chris Renaud
Música composta por: John Powell
Duração: 95 minutos
Anos: 2012

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Crescendo com sabedoria: diretrizes para a formação de homens de bem

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“Quando os pais elogiam e reforçam as atitudes de solidariedade dos filhos,
atitudes de amizade, de respeito pelos animais, de honestidade,
estão valorizando o seu lado humano”.

Anabela Sabino

A escritora Anabela Sabino – Foto: Arquivo Pessoal

Cuidar do desenvolvimento infanto-juvenil  vai além de suprir necessidades físicas ou materiais, envolve dedicação, empenho, persistência, amor e acima de tudo respeito. O novo livro de Anabela Sabino, “Crescendo com Sabedoria”,  trata de temas como:  (da descoberta do)  o amor, a amizade e a família.

Segunda filha de quatro irmãos, Anabela foi criada pelos pais e a avó paterna. Teve muito espaço para brincar, amigos de vizinhança, boa saúde e uma família estruturada, aspectos importantes no desenvolvimento de qualquer criança. Já na adolescência fez magistério e com quinze anos estagiava em uma pré- escola. De professora à psicóloga, foi uma transição natural.

Atualmente trabalha como psicóloga na “Casa de Joana D´Arc,” uma das unidades do Lar Fabiano de Cristo, que tem sede no Rio de Janeiro, atividade semelhante ao que exercia na Alvorecer Ação Social e Educacional, onde trabalhou por quatorze anos, em contato direto com crianças, adolescentes e pais,  mediando conflitos familiares.

(En)Cena – No livro Crescendo com sabedoria você aborda temas como amor, amizade, comportamento, família entre outros. Conte-nos um pouco mais sobre o livro e o que te motivou a escrevê-lo?

Anabela Sabino – Sempre gostei de crianças e estou sempre envolvida em algo que diz respeito a elas.   Em “Gestação à Luz do Afeto”, meu primeiro livro, trabalho o vínculo afetivo entre mãe gestante e o bebê, fortalecendo a relação de amor entre eles. Embora o livro seja dirigido às mães, meu foco é a criança que está para nascer.

Comecei a escrever para crianças depois da encomenda de um livro, que seria usado em uma campanha, com crianças, visando a paz. Assim, surgiu “Brincando de Ajudar”, e a constatação de que, através do faz de conta, eu poderia valorizar ideias positivas através de outros livros.

Geralmente, nos livros infantis um tema é tratado de cada vez. Em “Ero´ Baloc”, por exemplo, um dos meus livros infantis,  falo sobre a colaboração. Vi em “Crescendo com SABEDORIA” a oportunidade de levar às crianças e jovens muitos conceitos valorosos para as suas vidas em um único livro.

São duzentas e vinte pequenas mensagens para a autoeducação infanto-juvenil,  onde são abordados assuntos como:   limites impostos pelos pais, crianças com necessidades especiais, bullyng, tolerância, diferenças e igualdades entre as pessoas, direitos e deveres, separação dos pais, adoção, nascimento de irmão, mudanças , sobre os avós, a falta de controle, saúde, doenças, morte, o certo e o errado, escolhas, otimismo, gratidão, o exemplo, novos hábitos, força de vontade, acreditar em si mesmo, oportunidades, valor da vida, autonomia, valor da família, fazer escolhas, modismos,  honestidade, o valor de ser, consciência ecológica, respeito, ansiedade, tristeza, solidão, resignação, amor dos pais, esperança, buscar solução para os conflitos, assédio, assertividade, raiva, inspiração, Deus, Jesus, valor da oração, fraternidade, saber escutar, ciúmes, vícios, perdão, lazer e outros.

Espero que não somente os jovens o leiam, mas os pais, também, pois, a leitura, pode levá-los  reflexões úteis sobre a formação do “ser”. Todos nós desejamos um mundo melhor para se viver, e isso só acontecerá quando as pessoas forem  da paz e do bem. A família é o maior laboratório para  se aprender a amar.

(En)Cena – O dia das crianças foi criado para incentivar o consumo e com as intervenções midiáticas esse incentivo tem sido cada vez mais agressivo, como mostrar para as crianças que ser é mais importante que ter?

Anabela Sabino – Os pais passam seus valores aos filhos muito mais nas pequenas coisas do dia a dia do que contendo o consumo nas grandes datas comemorativas. Quando os pais elogiam e reforçam as atitudes de solidariedade dos filhos, atitudes de amizade, de respeito pelos animais, de honestidade, estão valorizando o seu lado humano. Quando os pais enaltecem as atitudes de honestidade ou de trabalho voluntário,  noticiadas na televisão, também estão mostrando para a criança o que realmente é importante. A criança pequena só se torna um consumidor voraz e insaciável porque os pais permitiram, ela cresce, e continua a exigir dos pais, mais e mais. Há um grande vazio nesta relação familiar que é preenchido com coisas.

(En)Cena – Você escreve para o publico infanto-juvenil, o que mais te chama a atenção nesse publico?

Anabela Sabino – As crianças de qualquer classe social desejam a mesma coisa, têm a mesma necessidade básica: serem amadas,respeitadas  e aceitas por serem exatamente como são. Quem é amado incondicionalmente, tem o ponto de partida seguro para seguir seu caminho.

(En)Cena – Você é espírita e através de seus livros busca passar aos leitores algumas máximas da sua doutrina, você acredita que a religião pode ajudar na formação dessas crianças e jovens?

Anabela Sabino – O livro “Crescendo com SABEDORIA” pode ser lido por crianças de todas as religiões cristãs, pois tem suas bases nos princípios cristão universais. Valores como o respeito, a honestidade, família, o amor, sinceridade, empatia, tolerância, simplicidade, caridade e tantos outros que norteiam o homem de bem. Falo de Deus como sendo o pai de toda a humanidade,  de Jesus como sendo o nosso irmão mais velho,   o mestre que aconselha e que deixou o seu exemplo de amor ao próximo.  Cito a oração e a meditação como forma de buscar inspiração.  E, principalmente, sentir a si mesmo como essência espiritual, imortal em processo  evolutivo constante.

Entendo que uma boa educação deve fortalecer o vínculo com o divino.  A ligação do jovem a uma força universal maior  traz sentido e significado à vida,  e pode ser fator importante  de prevenção aos estados depressivos, da fuga através das drogas, banalização da vida, rebeldia e outros comportamentos perigosos ao equilíbrio emocional do jovem.

(En)Cena – A falta de tempo dos pais tem sido umas das maiores dificuldades na criação dos filhos, como driblar essa dificuldade e dar as diretrizes necessárias para a formação dessas crianças e jovens? 

Anabela Sabino – A falta de tempo dos pais é um problema,  mas não é o maior deles. O maior problema é a indiferença quanto a sua missão perante os filhos: formar o homem de bem.

(En)Cena – Como psicóloga quais dificuldades você aponta na relação de pais filhos na atualidade?

Anabela Sabino – Acredito que a maior dificuldade na relação entre pais e filhos está na comunicação.  Nas gerações passadas, o autoritarismo dos pais a dispensava. Embora a dinâmica das relações entre eles tenha mudado, a comunicação continua ineficiente. Muitos problemas poderiam ser resolvidos através de uma comunicação assertiva. Por trás desta falha no relacionamento, estão envolvidos sentimentos de difícil  lida, como: ciúmes, posse, egoísmo, orgulho, medo de perder o amor, rejeição, culpa, raiva etc.

Que mensagem você gostaria de  deixar aos leitores do (En)Cena?

Anabela Sabino – Sou profundamente grata por ter sido inspirada a desenvolver este trabalho, espero que possa influenciar, positivamente, os jovens leitores a buscarem caminhos mais felizes para as suas vidas.

 

Para saber mais sobre o trabalho de Anabela Sabino acesse: www.anabelasabino.com.br

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FICHA TÉCNICA DO LIVRO

CRESCENDO COM SABEDORIA

Autora: Anabela Sabino
Editora: BOA NOVA
Meditações – 240 págs.

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