O primeiro natal da criança Melinda

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Melinda tinha apenas cinco anos quando vivenciou seu primeiro natal conscientemente. Ela, como uma criança típica, acreditava em fadas, princesas, mundo encantado, monstros etc., incluindo o Papai Noel e sua carruagem com presentes. Na véspera do natal, Melinda pediu aos seus pais um pedido inusitado. O pedido dela foi viajar com o Papai Noel entregando os presentes para as crianças.

Esse pedido comoveu seus pais, pois não estavam prontos para revelar a verdade e muito menos destruir sua inocência, como acreditariam que seria. Decidiram em conjunto tentar realizar esse pedido da filha. Pediram ajuda dos familiares e começaram a organizar o trenó com os alces e as vestimentas, mas tudo escondido da pequena Melinda.

Ao passar dos dias, quanto mais perto ficava da data, mais ansiosa Melinda se mostrava, pois temia que seu pedido pudesse não se realizar. Falou aos seus pais que poderia sumir mas que voltaria para a cama antes do dia 25 chegar, pois queria muito viajar com o Papai Noel e entregar os presentes às crianças.

Fonte: Imagem de Jill Wellington por Pixabay

Na escola, Melinda aprendeu que o Natal é um momento no qual se deve fazer ações de caridade, solidariedade e amor, como Jesus fazia. Logo, Melinda raciocinou que seu pedido fazia mais sentido ainda, pois não desejou ter nenhum brinquedo, presente caro ou jogos especiais, e percebeu que sua atitude era caridosa. Quando chegou em casa, disse isso aos seus pais e eles o elogiaram.

Quando finalmente chegou a véspera do natal, os pais de Melinda se fantasiaram, alugaram algumas carretas com enfeites de alces e compraram, com ajuda de seus familiares, vários presentes para distribuir em bairros carentes. Eles a despertaram tarde da noite e ela, feliz por ter seu pedido atendido, ficou eufórica. Seus pais, disfarçadamente, pediram a ela para entrar no carro que seus pais já sabiam do pedido.

Ela entrou muito entusiasmada e se encantou com cada detalhe do trenó, com os alces, com os brilhos em volta, com os presentes, e com a fantasia de seus pais. Depois, se direcionaram a um bairro carente e lá, eles desciam do trenó automatizado, e deixava um presente na porta ou no portão de cada casa. Depois, apertaram a campainha ou batiam forte no portão e falavam em alto e bom tom: PRESENTE DO PAPAI NOEL NA PORTA. FAVOR RETIRAR AGORA!  e saiam em disparada para o carro.

Fonte: Imagem de Jill Wellington por Pixabay

Melinda, que conhecia apenas o papai Noel tradicional, que voava pelo céu com seu trenó e alces, e que chegava à casa das crianças pela chaminé das casas, perguntou ao casal por que não era como os que mostravam na tv e nos livros. Eles responderam que esta é a última versão da fábrica da terra do papai Noel e que no Brasil era mais legal, porque tinha portão e poderia deixar na caixa de correios, do que ir pela chaminé e se machucar. Ela concordou e achou divertida a resposta.

Depois de distribuir tudo pelo bairro inteiro, voltaram exaustos para casa. Depois, Melinda dormiu a noite toda pesadamente. No dia seguinte, quando despertou, foi diretamente aos seus pais e relatou tudo a eles. Eles a ouviram atentamente e a acolheu. Depois, viu na TV, a alegria das crianças e suas reações ao receber os presentes. Quando as viu, disse aos seus pais que foi o melhor natal de todos, e foi o mais marcante, por ser o primeiro.

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Fim de ano e a importância da família

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De acordo com o dicionário Aurélio, família é o conjunto de todos os parentes de uma pessoa, e, principalmente, dos que moram com ela. No Dicionário Houaiss, o conceito da palavra é o núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantêm entre si uma relação solidária.

Trata-se de um conjunto de pessoas presentes em todos os momentos desde a infância até a fase adulta. Para qualquer indivíduo, a presença da família é fundamental, principalmente no início da vida. A base familiar é fundamental para passar valores éticos e morais, além de dar equilíbrio emocional. Não importa a constituição dos membros, é essencial que o indivíduo entenda aquilo como lar, respeitando a cultura familiar.

Com o isolamento social, deu-se mais importância para as famílias e seu valor. Muitos pais não conheciam os hábitos dos filhos ou dos cônjuges. As famílias estavam muito fragmentadas, encontravam-se pela manhã e só iam se reencontrar à noite. Isso mudou na pandemia. Houve o resgate do convívio familiar, com um maior contato e interesse entre os membros. 

Fonte: encurtador.com.br/xyGP3

É dever da família ensinar os valores, como, por exemplo, respeitar os mais velhos e tratar todos com educação. A cultura familiar é muito importante e os valores éticos e morais na formação do caráter e personalidade devem ser feito nesse ambiente.

Apesar do primeiro contato social que a criança tem ser na escola, elas não devem aprender lá esses valores, mas em casa. Aprender a respeitar os mais velhos, a esperar a vez, respeitar o outro, modos na hora de se alimentar, são fatores aprendidos com os pais em casa. 

Esse fim de ano é diferente, já que as autoridades aconselham que as pessoas fiquem em suas casas e evitar as festas em família com muitos parentes. Indico que os pais tragam os filhos para participar de decisões como a sobremesa que será servida nessas ocasiões especiais. Isso une a família. As crianças não devem ser excluídas desse tipo de situação.  

Elas não precisam ser consultadas em conversas de adultos, como sobre financeiro e decisões mais complexas. Tragam os filhos para as decisões simples para exercerem a escolha e amadurecer o momento de decisão. A participação traz o sentimento de pertencimento. Desse modo, todos podem ter um fim de ano de mais união. 

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Klaus: um filme sobre a construção de paradigmas

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Concorre com 1 indicação ao OSCAR:

Melhor Filme de Animação

O quiproquó de premissas nos transmite essencialmente a beleza da trama. O espírito natalino não está em uma magia que irrompe as pessoas em um dia do ano, mas nas relações construídas entre as personagens.

O filme Klaus, dirigido pelo estreante como diretor, Sergio Pablos, foi lançado em 2019 na plataforma da Netflix consolidando ainda mais o serviço de streaming como digno de produzir conteúdos dignos de Oscar. Com oito filmes indicados esse ano, é provável que a plataforma não leve o prêmio de melhor filme de animação com Klaus, uma vez que o favorito é Toy Story. O que é uma pena, pois a película entrega um resultado cativante e bem humorado, além de demonstrar de maneira leve e delicada a forma como aprendemos os nossos paradigmas pessoais e familiares.

Klaus não é um filme de natal, ou pelo menos, não passa essa impressão. Apesar de ter essa finalidade comercial, a trama foge à regra de um espírito natalino que é sua própria essência, como algo pronto. A película, em diversos momentos brinca divertidamente com a construção do imaginário sobre o Papai Noel e as tradições de Natal.

A partir daqui, o texto contém spoilers

Na gélida Smeerensburg, o soberbo estudante de uma rigorosa academia postal, Jesper, chega como novo carteiro devido a uma tentativa de correção moral pelo seu pai e se surpreende com o clima de destruição e guerra entre famílias na cidade. Ninguém manda cartas em uma cidade em que as mensagens são entregues pela violência explicita. Nessas condições, Jesper vê sua porta de saída ao descobrir que o recluso lenhador Klaus entrega um brinquedo a uma criança da qual recebeu um desenho acidentalmente em um envelope de carta.

A principal premissa de Jesse é que “todo mundo sempre quer algo em troca”, e ele precisa trocar 6000 cartas pela sua liberdade da cidade. Jesse começa então a incentivar as crianças a escrever cartas a Klaus. Porém, nesse encontro, seus paradigmas sofrem um grande impacto.

O espírito natalino é, essencialmente, a gentileza humana

Enquanto seres humanos nossos comportamentos são movidos por crenças, regras de percepção do mundo. Para denominar essa forma como percebemos e atuamos no mundo, usamos consensualmente o termo paradigma. Nossos paradigmas (ou premissas) são resistentes filtros que selecionam dados para nossa percepção, de um modo que acreditamos muitas vezes, que a nossa forma de fazer/ver algo é a única forma “correta” de ter êxito em uma situação (VASCONCELLOS, 2016).

Jesper não era o único a exercitar seus paradigmas na cidade, pois Klaus também era pulsionado por uma forte premissa: “um ato gentil de verdade sempre gera mais gentileza”. Os brinquedos doados suscitaram atos de paz e alegria entre as crianças, e as mensagens agora eram de harmonia e mais gentileza. Essa reação em cadeia faz com que os inocentes descendentes das famílias arquirrivais Krum e Elingboe brinquem juntos.

Nem sempre conseguimos lembrar quando foi que aprendemos nossas premissas, mas as pequenas crianças são levadas ao hall do ódio entre suas famílias, relembrando séculos de conflitos, dos quais nem suas famílias lembram como começou. Talvez essa seja a grande questão que a película deixa como provocação ao espectador: como aprendemos a acreditar que deveríamos nos manter dentro de um determinado paradigma? O que nos leva a seguir rigidamente nossas premissas?

Para as famílias Krum e Elingboe o paradigma do ódio foi tão rígido que se transformou em um paradoxo, pois, precisaram “se unir em paz para acabar com a paz”. Nesse sentido, Jesper e Klaus e seus aliados precisaram ser corajosos para cumprir a ideia de distribuir presentes na véspera de natal. Para difundir um novo paradigma é necessário que haja confiança e fé nas novas ideias, pois isso representa um novo jeito de fazer as coisas, implicando em resistência (VASCONCELLOS, 2016). Desse modo, para que Jesper siga sua jornada, a flexibilização de paradigmas faz-se necessária. O jovem deve confiar e ter fé na premissa da gentileza para cumprir sua missão e desfrutar do amor de seus amigos.

Esse quiproquó de premissas nos transmite essencialmente a beleza da trama. O espírito natalino não está em uma magia que irrompe as pessoas em um dia do ano, mas nas relações construídas entre as personagens, no esforço para seguir a premissa da gentileza apesar dos sofrimentos da vida, e no amor que é construído a partir da união por um propósito. Propósito é, definitivamente o que não falta em Klaus.

FICHA TÉCNICA: 

KLAUS

Direção: Sérgio Pablos
Elenco: Jason Schwartzman, J. K. Simmons, Rashida Jones;
Ano: 2019
País: Espanha
Gênero: Animação, aventura, comédia;

REFERÊNCIA:

VASCONCELLOS, Maria José Esteves. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. 10 ed. Papirus Editora, 2016.

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Uma segunda chance para amar: uma canção de natal

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“Seja boa consigo mesma pois ninguém mais tem o poder de te fazer feliz” – George Michael

O Natal está chegando e com ele diversos filmes com temas natalinos despertam em nós uma chama de amor, bondade e sentimentos de mudança. Além dos tradicionais Movies de Natal outro elemento faz com que as pessoas despertem emoções que podem proporcionar uma atmosfera de felicidade verdadeira nas pessoas são as Músicas natalinas. Se misturar as duas coisas em uma só temos então um turbilhão de sensações, e esta é a proposta de Uma segunda chance para amar, uma comédia romântica inspirada nas músicas de George Michael, fazendo com que uma bela canção de amor valha a pena ser contada mais de uma vez.

O filme conta a história de Kate (Katarina) um ano após se recuperar de um trauma, ela vive em meio a sua autodestruição, afastada da família, amigos, cria problema no trabalho e não espera um milagre de natal. Trabalhando ainda em uma loja de produtos natalinos, Kate se frustra por não realizar seus sonhos e sente que depois do último natal nunca mais será a mesma. Eis que um rapaz surge em cena, não de modo convencional. Tom conhece Kate fora da loja e começa a questioná-la sobre seus desejos e perspectivas. A mesma não se apaixona de cara pelo Dom Juan, mas fica intrigada com suas concepções.

Tom é um londrino que vive a vida dia após dia, sem criar muitas expectativas, porém ele vive de tal forma que faz com que Kate se sinta bem, livre de preconceitos, ele apenas aceita ela como é, permitindo que sejam livres para viver intensamente seus sonhos. No entanto ele esconde um mistério, isso causará maior autonomia e autodeterminação em Kate, para que ela possa se libertar de seus medos e dúvidas que antes lhe causava dor e sofrimento.

Fonte: encurtador.com.br/aGHST

Além de um romance presente no filme, as músicas de George Michael cativam o público pela autenticidade de contar histórias parecidas com a vida real. A música utilizada como enredo para o filme Last Christimas em parceria com Wham!,   dita como a história seria no início da trama. Porém, a música que demonstra o crescimento e auto superação da protagonista é Heal the Pain, cuja amabilidade de outras pessoas podem criar condições adequadas para crescimento e mudança, embora o principal ingrediente para se alcançar o autodescobrimento é “Seja boa consigo mesma pois ninguém mais tem o poder de te fazer feliz”.

Outro tema tratado com igual relevância no filme diz respeito a xenofobia. No filme mostra que a família de Kate fugiu de sua terra natal, Iugoslávia, seus pais tentam se adaptar com as mudanças, contudo tiveram que fazer sacrifícios para cuidar das duas filhas. Uma outra questão mal resolvida na família é a sexualidade de sua irmã, que esconde de sua família sua orientação sexual, traçando um paralelo entre a aceitação homoafetiva do cantor diante de sua família.

Por fim temos a questão de caridade abordada na maioria dos filmes natalinos. Esse não é diferente, Kate muda depois que fica doente no último Natal, passando a ser uma pessoa bastante egoísta e indiferente com as questões alheias. Na sua jornada em busca de uma segunda chance a protagonista reflete sobre diversas questões inusitadas e uma delas é contribuir para que outras pessoas também tenham felicidade. Ela repara seus erros mais comuns e usa seu dom para ajudar as pessoas do abrigo e no fim junta todos da trama em um momento genuíno de altruísmo natalino.

Imagem relacionada

Título – Uma segunda chance para amar/ Last Christmas (Original)

Ano produção – 2019

Dirigido por Paul Feig

Duração – 1h43min

Elenco – Emilia Clarke, Henry Golding, Emma Thompson

Gênero – Comédia / Romance

País de Origem – Reino Unido/ EUA

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Procura pelo personagem do Papai Noel estimula artista em Palmas

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“Trabalhar com o Natal é minha convicção cultural, a sinceridade das crianças é que mexe com meus sentimentos”

O que o artista Daniel Bezerra não esperava, era que o personagem Papai Noel fizesse tanto sucesso no Natal de 2015.  Entrevistas em canais de comunicação do Estado e a procura para contratação dos serviços do “bom velhinho”, ampliou a visão empreendedora do produtor cultural para a participação do personagem em festas particulares e eventos natalinos no Tocantins.

Daniel Bezerra começou a trabalhar com produções e projetos natalinos na década de 90, em Juazeiro do Norte-CE, parceria com o produtor e fotógrafo Jessé Costa (in memorian).

Sempre acreditando na cultura natalina como também uma forma de impacto econômico, desde o ano de 2010 no Tocantins, Daniel Bezerra promove o Papai Noel como ícone principal em parceria com shoppings da capital para fortalecer o espírito natalino.

“Trabalhar com o Natal é minha convicção cultural, a sinceridade das crianças é que mexe com meus sentimentos. Depois de anos percebi por meio dos projetos uma boa oportunidade para formar parcerias e ganhar uma renda extra”, frisou Daniel.

Em 2015 o artista cearense resolveu ampliar os projetos e protagonizou junto à Agência de Turismo da capital um ousado trabalho cultural, com cenários inusitados e com uma super produção rica em detalhes. Tudo isso virou encanto para os visitantes do projeto instalado no Parque Cesamar.

Também entrou em parceria na Campanha “Natal Presente” que pretende doar mais de 7 mil brinquedos para crianças carentes e que é promovido pela TV Anhanguera. “São parcerias que valorizam a interpretação do Papai Noel”, ressaltou Daniel Bezerra.

Trabalhar melhor o planejamento e associar o Papai Noel ao artista Daniel Bezerra é uma das metas para os próximos anos. “Eu tinha restrição na relação do personagem com meu nome, hoje, vejo que isso é importante para atrair novos projetos e parcerias”, revelou o artista.

Histórico
Daniel Bezerra é natural de Juazeiro do Norte no Ceará – produtor cultural, artista e fotógrafo, mudou-se para Palmas no ano de 2006. Com mais de 20 anos de experiência em fotografia, procura sempre atingir um balanço agradável entre luz e direção em suas imagens, enfatizando as formas humanas com informações.  Também é colaborador de vários meios de comunicação, como jornais, revistas, sites e empresas de propaganda e marketing no Tocantins.

Daniel Bezerra
Contato: (63)8403-7999/063 8108-7404
E-mail: dbzfotos@gmail.com
foto: T1  Notícias

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Um convite a conhecer “Um Conto de Natal” de Charles Dickens

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Diz a sabedoria popular que angústia é o sofrimento pelo passado e ansiedade é o sofrimento pelo futuro. O que, de certa forma, é corroborado por Dalgalarrondo (2008): “angústia relaciona-se diretamente à sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão e sufocamento. Tem conotação mais corporal e mais relacionada ao passado” e “ansiedade é definida como estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável. Inclui manifestações somáticas e fisiológicas e também psíquicas”.Em “Um Conto de Natal”, de 1843, parece que Charles Dickens utiliza a ideia de tirar o velho Scrooge da sua zona de conforto provocando-o com uma boa dose de ansiedade e angústia ao presenteá-lo com as visitas dos Espíritos dos Natais passados e dos Natais futuros, além do Espírito do Natal presente.

Ebenezer Scrooge é um velho avarento, egoísta e ranzinza que não vê graça alguma nas celebrações ligadas ao Natal.

Scrooge mostrava-se taciturno, arredio e isolado como uma ostra. Uma frieza interior enregelava-lhe os traços decrépitos, ressumbrava em seu nariz adunco, sulcava-lhe as faces, endurecia-lhe o andar, avermelhava-lhe os olhos, azulava-lhe os lábios finos e fazia sentir-se até mesmo em sua voz estridente. Uma espécie de neblina cobria-lhe a cabeça, os supercílios e o queixo pontiagudo. Esta frieza inóspita Scrooge a levava consigo aonde quer que fosse, de modo que seu escritório continuava gélido durante o mais intenso calor e não melhorava um grau nem mesmo pelo Natal.

Nem mesmo a visita do seu sobrinho para desejar-lhe um Feliz Natal comove-o. Afinal, que motivo há para ele ser feliz?

– Ora! Feliz Natal! Que direito tem você, diga lá, de estar alegre? Que razão tem você de estar alegre, pobre como é?”

Enfim, Scrooge acha tudo uma perda de tempo e, pior, de dinheiro, e por causa disso não alivia nada a vida de Bob Cratchit, seu funcionário, pobre e feliz, que anseia correr pra casa para passar o dia de Natal com sua esposa e seus quatros filhos, um dos quais tem um problema físico nas pernas.

Na véspera de Natal Jacob Marley, ex-sócio de Scrooge e que havia falecido há exatos sete anos, aparece para ele para alertá-lo de que não conseguia descansar em paz devido a sua própria mesquinharia e avareza e que, por causa disso, vinha presenteá-lo com as visitas dos espíritos dos Natais passados, presente e futuros para que ele tivesse a oportunidade de recuperar o tempo perdido e não cometer os mesmos erros. Para ele ainda havia tempo.

Cético quanto a essa aparição Scrooge vai se deitar e logo é surpreendido pela primeira visita, a do Espírito dos Natais Passados.  Assustado com a figura que lhe aparecia à frente Scrooge logo lhe pergunta o que o trazia ali, ao que o espírito responde prontamente: “ – Tua felicidade”.  Em seguida, o fantasma leva-o pela janela para um sem número de experiências que lhe tocam o coração e fazem tremer seus lábios de emoção bem como levam-lhe lágrimas aos olhos. O espírito leva-o a ver-se em felizes momentos de seus Natais passados, quando era uma criança solitária a ler um livro, ou um adolescente muito amado pela irmã, que lhe tratava com tanto amor e que ao morrer deixara um único filho, sim, aquele seu sobrinho que lhe desejara boas festas.

Também se viu jovem admirando o enorme coração de seu chefe que, juntamente com sua esposa, oferecia a ele e a outros jovens um alegre baile para comemorar a data. E quase ao fim de sua visita o espírito fez com que recordasse o Natal em que sua noiva libertava-o do seu compromisso, pois há muito já havia percebido que ele a havia substituído em seu coração por um novo ídolo: o dinheiro. Triste e amargurado Scrooge implora que o espírito leve-o de volta, ao que é respondido com uma nova visão: a de uma família feliz, pai e mãe, filhos, comemorando efusivamente a noite de Natal. A mãe, entretanto, era o motivo maior de sua dor neste momento de recordação. Estava ali Isabel, outrora sua noiva, externando com outro a felicidade que poderia ser dele.

“Confesso que me sentiria feliz, se pudesse gozar junto dela do mais pequeno privilégio de uma criança, mas sem deixar de ser um homem, para poder apreciar-lhe o valor”

E assim Scrooge retorna ao seu leito e cai em um sono profundo do qual é rapidamente despertado pela expectativa da chegada do Espírito do Natal Presente. E rapidamente este espírito o levou pelas ruas mais humildes de Londres a mostrar-lhe como as famílias humildes preparavam-se para comemorar aquele Natal. E ao passar por estas famílias o espírito por vezes inundava-los com a luz de seu facho que lhes restaurava o bom humor e a gratidão.

– Será que têm algum sabor particular estas gotículas que caem do vosso facho? – perguntou Scrooge.

– Sim, naturalmente. Têm o sabor do Natal.

– E este sabor pode transmitir-se no dia de hoje a qualquer prato?

– A qualquer prato dado de bom coração, especialmente aos mais pobres.

– Por que aos mais pobres?

– Porque são os que têm mais necessidade deles.

E o espírito leva-o a acompanhar como se dá a comemoração na casa de seu empregado Bob Cratchi, com sua esposa e seus quatro filhos, com especial atenção ao pequeno Tinzinho que mostra-se feliz e animado a despeito de sua doença que o faz necessitar de muletas e que ameaça roubar-lhe a vida.

– Espírito, – falou Scrooge com um interesse que jamais sentira, – dizei-me se Tinzinho viverá muito tempo.

– Vejo uma cadeira vazia neste pobre lar, e umas muletinhas sem dono, conservadas como uma dolorosa lembrança. Se estas sombras não forem modificadas no futuro, esta criança morrerá.

– Não, não, meu bom espírito! – exclamou Scrooge, – dizei-me que o pequeno será poupado.

– Se os destinos permanecerem estáveis nestas imagens, – respondeu o espírito, nenhum membro de minha raça o tornará a encontrar aqui. E por que deplorá-lo? Se é seu destino morrer, que morra já! Isso virá diminuir o excesso de população…

Ouvindo o espírito repetir suas próprias palavras, Scrooge baixou a cabeça, tomado de sentimento e de remorso.

Ainda de cabeça baixa Scrooge espanta-se ao ouvir seu nome. Era Bob que, nos brindes de Natal, e a despeito de tudo que o velho Scrooge lhe faz sofrer em seu dia a dia de labuta, não se esqueceu de seu patrão.

– À saúde do senhor Scrooge! – dizia Bob. À saúde de meu patrão, graças ao qual estamos hoje em festa.

Ao que o espírito segue mostrando comemorações de Natal das mais variadas matizes chegando mesmo a visitar a comemoração na casa de seu sobrinho, comemoração para a qual havia sido convidado e que ele tinha rudemente recusado.

Ao fim da visita Scrooge atreve-se a perguntar o que saia abaixo de suas vestes, pés que mais pareciam com uma garra e que não condiziam com sua imagem. Ao que o espírito responde mostrando o que havia ali.

Das dobras de seu manto, fez sair duas crianças, duas miseráveis criaturas, hediondas, abjetas e repugnantes, que se ajoelharam diante dele e se agarraram ao seu manto.

                                                  …

Eram um menino e uma menina. Pálidos, magros e esfarrapados, tinham uma expressão bravia e odiosa, mas ao mesmo tempo rastejante e humilde. Seus rostos, onde deveria ter desabrochado o frescor da juventude, eram macilentos, encarquilhados, desfeitos, como se a mão do tempo os tivesse tocado. Jamais a criação, em seus insondáveis mistérios, produzira mais feios monstros.

                                                     …

– São filhos do Homem, – disse o espírito, baixando o olhar sobre ele. Estão agarrados a mim para pedir justiça contra seus pais. Este é a Ignorância, e aquela, a Miséria. Toma cuidado contra um e outro, mas especialmente contra a Ignorância; pois vejo escrito em sua fronte a palavra “condenação” e se esta palavra não for apagada, a predição se cumprirá. – Negai-o, todos vós! – clamou o espírito com voz forte, estendendo a mão sobre a cidade. Caluniai aqueles que vos avisam! Tolerai e encorajai um flagelo que serve para os vossos negros desígnios!… Mas temei o fim!

Por fim, visita-o o Espírito dos Natais Futuros, espírito este que nada falava, mas que estava pronto a lhe mostrar os acontecimentos de um Natal que ainda viria a ocorrer. Foi desta forma, acompanhado por uma figura em um traje negro que lhe ocultava o rosto, que Scrooge defrontou-se com sua morte solitária.

E o morto jazia abandonado na enormidade daquela casa vazia, sem um homem, uma mulher ou uma criança que recordasse com mágoa alguma ação generosa sua. A porta miava um gato e debaixo do fogão ouvia-se um rumor de ratos. O que “eles” procuravam naquela casa de morte, Scrooge não ousou pensar.

O que Scrooge testemunhara foi tão grande e tão forte que mudanças operaram-se nele de forma tão intensa que somente lendo o conto e seu epílogo para entendermos e sentirmos o que Charles Dickens nos quis passar ao escrevê-lo. De forma simples e muito bonita Dickens consegue nos levar a sentir, mesmo aqueles que quando adultos tornaram-se céticos e frios, a intensidade de emoções que a data proporciona. E por alguns momentos, ou para sempre, dependendo do impacto das lições apreendidas, podemos, como Scrooge, viver um Conto de Natal.

Como curiosidade, é interessante saber que Walt Disney inspirou-se em Scrooge para criar o nosso conhecido Tio Patinhas, cujo nome, no original em inglês é Uncle Scrooge e que protagonizou com o ratinho Mickey a animação Mickey’s Christmas Carol, baseada no conto. Várias versões do conto podem ser encontradas em quadrinhos, em filmes e animações.

A propósito, a influência de Charles Dickens para a construção do clima de Natal em Londres se deu de tal forma que, conta a lenda, quando soube da morte do autor uma menina que vendia flores em frende de um teatro em Londres falou: “Morreu Dickens? E o Papai Noel, será que morreu também?”

FICHA TÉCNICA DO LIVRO

UM CONTO DE NATAL

Título Original: A Christmas Carol
Autor: Charles Dickens
Ano da primeira publicação: 1843
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O Estranho Mundo de Jack: crônicas sobre sentidos, valores e crenças

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Em “O Estranho Mundo de Jack”, primeira animação em stop-motion dos cinemas, realizada pelos estúdios Walt Disney, lançado em 1993, conhecemos a história de Jack Esqueleto, o Rei das Abóboras e dos habitantes da Cidade do Halloween, tão assustadores e bizarros quanto à própria data.

Na Cidade do Halloween todos vivem em função da festa mais macabra que se conhece, o famoso  “Dia das bruxas”.  É o dia em que toda a população “halloweense” finalmente tem seu trabalho reconhecido, é a hora de colocar todas as atividades programadas ao longo do ano em ação. É somente para isso que eles vivem: para amedrontar a humanidade. Jack é o Rei do susto, da bizarrice, do medo. É considerado como uma celebridade para a Cidade do Halloween, todos querem ser como ele ou tê-lo para si.

Mas o próprio Jack já não se sente mais pertencente a isso, cansou-se da fama e dos sustos, algo já não combina mais com seus dias. “Eu sei, foi como ano passado, e o outro, e o outro”. É como se a vida de Jack estivesse sempre em replay. Mas ninguém percebe isso, nenhum dos moradores da cidade sente que Jack está insatisfeito e padece de uma profunda melancolia.

Quando Jack se afasta da movimentada cidade e dos seus habitantes eufóricos, descobre, por acidente, a entrada para outras cidades, tais como: Cidade da Páscoa, Cidade dos Namorados, dentre outras celebrações. No entanto, o Rei das Abóboras se encanta por uma em especial, representada por uma árvore colorida, cheia de enfeites e presentes, é a porta de entrada para a Cidade do Natal, algo totalmente oposto ao que Jack está acostumado: uma cidade repleta de luzes, cores e leveza.

Sob a tradição das árvores natalinas, tem-se:

Em quase todos os países do mundo, as pessoas montam árvores de Natal para decorar casas e outros ambientes. Em conjunto com as decorações natalinas, as árvores proporcionam um clima especial neste período. Acredita-se que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. (…) Esta tradição foi trazida para o continente americano por alguns alemães, que vieram morar na América durante o período colonial. No Brasil, país de maioria cristã, as árvores de Natal estão presentes em diversos lugares, pois, além de decorar, simbolizam alegria, paz e esperança (PESQUISA, s/p, s/d).

Mas o que seria tudo aquilo? O Rei dos horrores sente-se invadido por um sentimento antes desconhecido, todas suas inquietações e lamentações desaparecem e em seu lugar repousa um aconchego e uma felicidade que não se permite explicações. Que cidade é essa? Que festa eles estão celebrando?

Segundo a literatura, o Natal é a data em que as pessoas comemoram o nascimento de Jesus Cristo, diz-se, ainda, que na antiguidade, devido ao fato de não saberem ao certo qual a data de nascimento do menino Jesus, o Natal era comemorado em várias datas durante o ano. Somente no século IV foi que o dia 25 de dezembro foi estabelecido como a data oficial da comemoração, isso porque na Roma Antiga, o dia 25 de dezembro era a data em que a população romana comemorava o início do inverno, acreditando, portanto, que há certa relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal. Para o Ocidente, esta data natalina tem sua importância devido ao fato de marcar o primeiro ano da nossa história.

Mas Jack não tinha conhecimento dessa data, nunca sequer pensou que pudesse existir outra festividade além daquela que ele estava habituado a comemorar. Além disso, tinha a figura de homem grande, com uma enorme barba branca, com uma roupa completamente vermelha, que chamou ainda mais a sua atenção. Pensando em se tratar de algo inovador, ele resolve incorporar a festa natalina na Cidade de Halloween, de um modo peculiar e assombroso.

Mas, assim como Jack, muitos têm uma interpretação equivocada sobre o que seria o Natal, as criaturas não compreendem muito bem o que seria o espírito natalino. No entanto, também se encantam por essa realidade diferente, ainda mais pelo fato dessa cidade nova ter um Rei do Natal, um homem enorme, mau, que sai a meia-noite espalhando o terror a quem quer que seja. O Papai Cruel, pois nada sôa tão bem como um velho tirano, cruel e perverso, ao invés de um bom velhinho, que espalha a felicidade por onde passa.

Deixo aqui uma interpretação pessoal, é neste momento que acredito que o filme deixa uma mensagem sobre o que seria o espírito natalino. As criaturas, por mais perversas e sombrias que parecem ser, demonstram uma fidelidade e um carinho enorme por Jack, mesmo não sabendo do que se tratava, perfeitamente, o Natal. Todos são tomados por um entusiasmo e trabalham juntos para promover o melhor Natal de todos. É nesse momento que as coisas se transformam, porque existe um trabalho em equipe, o apoio e a amizade de todos para realizar o mais novo sonho de Jack: Celebrar o Natal-Halloween.

Mas quem é, de fato, o Papai Noel? Alguns estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada no bispo Nicolau, nascido na Turquia no ano de 280 d.C, um homem de bom coração, cujo o principal costume era ajudar as pessoas pobres, deixando um saquinho com moedas próximas às chaminés de suas casas.

A roupa vermelha na verdade so foi atribuida ao velhinho em 1886, pelo cartunista alemão Thomas Nast, pois chamava mais atenção, antes a roupa do papai Noel, era na cor marrom ou verde escuro (o estilo de roupa é devido a estação fria, portanto devendo ser uma roupa grossa e que mantivesse o velhinho aquecido: roupa de inverno).

Assim como toda a festa era uma novidade para os halloweenses, o bom velhinho também era um personagem novo e curioso.

Temos aqui um bom exemplo de como um contexto social influencia na vida das pessoas. No filme, os personagens conhecem apenas o lado sombrio e frio que a vida pode oferecer, convivem apenas com os medos, sustos, terror, assombrações, é isso que dá sentido às suas vidas, e qualquer coisa que apareça, além disso, torna-se novo.

Para Jack e os habitantes da Cidade de Halloween, o dia das bruxas é algo bom, é concebido de forma positiva, diferente do que as outras pessoas das demais cidades acham, porque para eles sua realidade é totalmente oposta. O “feio” é “belo”, o “mau” é “bom”. O que os outros encaram como terror e medo, para eles nada mais é que diversão e alegria, porque é para isso que eles vivem, é somente isso que eles conhecem. Por ser assim Jack acaba estragando o Natal, não porque não gosta da festa, é exatamente o contrário, mas sua perpecção de “bom” e “mau” é totalmente diferente da percepção das outras pessoas. Enquanto as pessoas o encaram como sendo um impostor, alguém que veio trazer a desgraça para o mundo, um ser perverso e mau, Jack apenas pensa estar fazendo o bem, ajudando o Papai Cruel, e que tudo está maravilhoso, mas a verdade é que o mundo está em estado de pânico.

Jack interpreta o espírito natalino à sua maneira, sob influência do seu mundo, de como ele está acostumado a agir e por isso gerou toda uma confusão no restante do mundo. Mas o que há, de fato, errado nisso tudo?

Você já se perguntou qual o sentido do Natal? Já parou para pensar que uma quantidade enorme de pessoas comemora o Natal à sua maneira e nem por isso essa comemoração é pior ou melhor que a sua? O filme traz além das festividades típicas de diferentes sociedades, uma oportunidade de reflexão acerca de juizo de valores e de como encaramos aquilo que a nossos olhos é diferente. Traz em sua trama, entre as linhas e musicais, de como a concepção de mundo pode, muitas vezes, influenciar nossa concepção de “normal” e limitar nossas ações diante daquilo que negamos pelo fato de não se encaixar em nossos conceitos.

Talvez devêssemos deixar de lado nossos pré-julgamentos e abrir os olhos para as novidades que nos cercam. Digo “talvez” porque isso é uma escolha de cada um. Quando pensamos em Natal, geralmente, nos limitamos a uma imagem de um bom velhinho, árvores de natal e luzes coloridas, devíamos nos permitir uma visão além das que já conhecemos. Quantos são os costumes que deixamos de conhecer e aprender apenas por que somos habituados a viver sob um mesmo costume, uma mesma comemoração?

Para muitos o Natal é uma data de extrema importância e indispensável para a vida humana, para outros é apenas mais uma data, sinônimo de férias ou presentes. O que vale de verdade é o sentido que nós mesmos atribuímos às coisas, aquilo em que acreditamos e valorizamos, seja diferente do outro ou não. O que importa, de fato, é a renovação de nossos valores.

FICHA TÉCNICA:

O ESTRANHO MUNDO DE JACK

Título Original: The Nightmare Before Christmas
Lançamento: 1993
Direção: Henry Selick
Roteiro: Tim Burton
Gênero: Terror, Fantasia, Drama, Comédia
Origem: EUA

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Essa mania besta de acreditar em Natal

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Escrevo a um dia do Natal.  Época de colocarmos árvores falsas em nossas salas, com enfeites escandalosos e presentes embrulhados em papéis coloridos. Obviamente o Natal é mais que isso, toda a simbologia da data, sua relação com as religiões, faz desta época do ano um momento extremamente rico e estimulante. Entretanto, este texto cuidará só de uma de nossas ‘manias’ natalinas: a mania de acreditar.

Alguém mais acha que o ano só vai até o meio de novembro? Essa é a impressão que tenho já que a partir disso nós sempre falamos como se o ano em que estamos estivesse sendo extremamente inconveniente, insistindo em não acabar logo. Cada dia tem cara de contagem regressiva e os pensamentos se voltam para as férias, festas, viagens e família.

É uma época de renovação, mas também de repetição. Quantas promessas fazemos ano após ano, envolvidos e embriagados pela sensação de que a novidade do ano que vem trará também novas convicções e forças para continuar a realizar o que quer que prometamos. É nisso que acreditamos, não que ache que existe algo de errado, mas é somente a crença na crença.

A nossa necessidade de acreditar encontra nas festividades de fim de ano um terreno fértil, o ‘fechamento simbólico’ do ano, as mensagens recheadas de sentimentos de esperança e boa vontade, as músicas, os rostos complacentes, as promoções, os encontros. Parando para pensar, o Natal tem a prerrogativa de ser a época do ano em que, magicamente, nos transformamos naquilo que desejamos ser sempre. Isto é ao mesmo tempo engraçado e trágico.

Como toda comemoração, o Natal só existe porque nós nos propomos, ano após ano a repetir o mesmo ritual, o mesmo comportamento, a mesma repetição. Nós somos e temos: a mania besta de acreditar. Insano é pensar que para nós, Dezembro tenha cara de Natal, mas Março ou Julho não. Nem precisaríamos de árvores, nem presentes, nem promessas. Seriamos só nós mesmos acreditando que vale a pena desejar algo melhor.

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