Pandemia e isolamento: um relato da alma

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Início de 2020, ano de promessas e mudanças, muitas coisas esperavam-me. Época em que fazia uma transição do CEULP (Centro Universitário Luterano de Palmas) para a UFT (Universidade Federal do Tocantins), cheio de esperanças para uma renovação feliz e produtiva. Via no ano que se iniciava, novas portas que haveriam de abrir-se para mim. Saído de um crítico e longo período da minha vida, em que era mantido pelo desejo dentro de ciclos de repetições eternas, agora, encontrava-me diante de novas possibilidades onde a palavra de ordem era liberdade.

O início do ano para mim sempre é uma época áurea. Fazendo aniversário em março, os dias que correm até ele são um processo de troca de pele, renovação. Meus estudos pessoais em psicologia analítica andavam a mil, cheios de produtividade e ação. Para além do que haveria de acontecer, aquela era definitivamente uma época de forte transição, tudo apontava para isso. Lembro de conversar com um querido amigo que sentia que as mudanças advindas da nova idade, alcançando os 23 anos, seriam mais radicais que as de costume. Pior que eu estava certo, só não sabia quão intensas seriam.

14 de março foi meu aniversário, e 14 de março o dia em que foi decretado lockdown em Palmas. Para meu espanto, o sentimento de grandes mudanças não se limitava a mim. Sim, é claro que caí naquela positividade do início da pandemia. “Agora todos nós podemos nos recolher e prestar mais atenção a nossas subjetividades”, “é o mundo pedindo por mais introversão por parte de nós”. A gente bem que tenta dar justificativas mais positivas para o caos interno que haveria de acontecer, e talvez conseguiram servir de barragem contra o manancial de afetos que estava para inundar o meu humor, assim como o de tantos.

No primeiro mês de pandemia, rondaram tantos “serás” por todos nós, que acredito que ainda houve um tempo hábil de esperança e, portanto, calmaria nos ansiosos corações extrovertidos. Eu, como um desses, apesar de ainda quieto e resignado, já começava a sentir falta dos estímulos externos das noites e bares. Mas isso não impediu o que se intentava, pude experimentar o processo de recolhimento.

Meu processo autoanalítico entrou em todo vapor, cheguei a ter 28 sonhos em um período de um mês. Anotava-os todos e os observava. Os anos de estudo e dedicação davam seus resultados. Lutei contra estátuas gigantes de bronze, matei um padre a sangue frio, escalei um vulcão, voltei para o ensino fundamental, fui abordado pela polícia, participei de um ritual xamânico bizarro com José de Abreu barbudo, achei uma pedra rosa brilhante que tinha que ficar dentro da água, troquei olhares místicos com um gato preto, briguei com meu irmão, entre outras aventuras.

Fonte: encurtador.com.br/hvGSU

Jung diz que quanto maior a tensão psíquica, mais intensos e profundos são os seus processos. À medida que os meses passavam, era nesse lugar que ia me encontrando cada vez mais. Um misto de pura angústia e convicção de que esse período seria chave em minha vida me inundava, deixando-me ao menos resignado.

Vários processos que jaziam hibernados pela força do recalque foram sendo liberados, mostrando também a face tenebrosa do processo de autoconhecimento. Os sonhos que advinham desse processo, bem, prefiro não os citar, apenas dizer que “Freud explica”. Porém, tais vivências eram alternadas ciclicamente por recompensas, e acho que aí reside a esperança de todo terapeuta em formação passando pela sua análise, esses processos são recompensados por momentos de profunda paz interior.

Comi e reli livros, e talvez posso dizer que foi aí que de fato aprendi a ler assertivamente. Retracei rotas, retornei para o CEULP a fim de não atrasar ainda mais minha formatura, o tempo urgia. Não fui dos melhores estudantes ao longo das aulas online, mas compensava essa falta através dos meus estudos pessoais, e posso dizer que assim minha consciência se manteve tranquila, pois minha formação estava em pleno vapor.
Em novembro não pude mais ater-me à resistência a terapia online, minha saúde mental pedia por tratamento. Para minha grande surpresa, me adaptei de forma súbita a esse molde terapêutico, e ressignifiquei completamente os tabus até então construídos, e hoje já planejo minha prática clínica também para essa forma de atendimento, acho revolucionário.

O processo não necessariamente ficou mais brando, porém ficou mais claro por onde percorria analiticamente, e aos poucos pude ir tendo maior clareza dos nós cegos que mantinham a constelação da minha consciência. Em várias áreas minha vida, pude começar a enxergar a transição de ciclo aparecer no horizonte. Aos poucos fui retornando à velha amiga extroversão, e tudo que suas delícias objetais pode oferecer. Agora, porém, parecia que eu tinha mais propriedade para exercitá-la, mais confiança.

Entre trancos e barrancos aos poucos estou voltando a vida normal, se é que existe isso. Claras marcas residem em minha alma, e o processo está longe de ter se apaziguado ou acabado. Os perigos ainda rodeiam, e as vezes tenho a impressão de que quanto mais estamos preparados para a vida, mais ela nos coloca a prova, não há muito tempo para descanso.

Em meio a passagem pela noite escura, pude aprender a enxergar melhor.

Fonte: encurtador.com.br/qrP69
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O “novo normal”: da experiência à prática do ensino remoto nos últimos anos de formação

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A nova realidade de isolamento social, iniciada em 2020, somente intensificou em minha vida de forma exacerbada a rotina que eu já possuía antes da pandemia, de modo que quase não teve alterações, exceto pelas aulas na modalidade remota.

Apesar de ser pregada como mais flexível e vantajosa para o aprendizado, a realidade se mostrou totalmente destoante da teoria, a “simples” mudança no método de ensino se mostrou desastrosa.  Más conexões, poucos recursos tecnológicos foram os primeiros sinais da dificuldade que seria enfrentada. Posteriormente, a adaptação da rotina para aprender assistir aulas no seio familiar, sendo mãe, se tornou uma tarefa extremamente desafiadora. Por possuir TOC, uma necessidade de organização exacerbada, a “comodidade” do estudo domiciliar resultou no descontrole de toda a rotina de afazeres, tendo em vista o ambiente inadequado corroborado pelas intervenções familiares.

Essa nova realidade, esse “novo normal”, explicitou ainda mais alguns aspectos presentes no país, como a desigualdade social, por exemplo. Como COSTA (2020) expõe, há um despreparo do aluno para as habilidades socioeconômicas, além da inabilidade, a falta de recursos foi escancarada quando observado o equipamento de apoio de alguns ante os demais. No ensino remoto tudo favorece uma boa qualidade de internet, bons equipamentos sonoros, bom maquinário tecnológico, e nem todos o possuem.

Fonte: Figura 2 https://bitlybr.com/GySX

A crise global impactou a vida de todas as pessoas, forçando-as a saírem da zona de conforto no que tange o aprendizado, de modo que foram experimentadas várias reações, positivas e negativas com relação ao atual cenário pandêmico. Muitos tentaram ignorar os avisos e riscos de contaminação, tantos outros buscaram se proteger e se isolaram antes mesmo de serem decretados os lockdowns mundo à fora. Tal situação reforça os ensinos de BAUMAN quando diz que são as reações diante das crises que mudam o mundo, e não o contrário. Eu mesma tive muita dificuldade, como dito, em me adaptar o ensino remoto, não possuía estrutura.

Em virtude do contexto pandêmico, particularidades foram fortalecidas, obrigando-nos, como indivíduos, compostos por papéis sociais, a adquirir e melhorar a capacidade que temos de nos relacionarmos com o outro e superar desafios de maneira saudável e equilibrada, como autoconsciência, estoicismo e capacidade coletiva, além de instituições e de outros arcabouços grupais que estão à frente de novas adaptações, o desafio da normalidade.

Agregado a essas e muitas outras questões, foi possível distinguir dois caminhos a seguir: um deles passei a chamar de “caminho simples”, e outro seria o “caminho complexo”. No primeiro, tive que aprender me adaptar com o ensino à distância, buscando agir com proficiência, para caracterizar a minha realidade social com a de todos e derivar do conhecimento e da tecnologia disponível com a qual precisei lidar, resumidamente precisei tornar aquela situação em algo habitual. No segundo, o mais complexo, tive que ressignificar assim como muitos o meu saber fazer, meu saber querer e meu saber agir, em prol de um bem maior que visa garantir a preservação da vida de um modo geral.

Fonte: encurtador.com.br/ptDV2

Não posso deixar de enfatizar, que com a modalidade do ensino online/remoto perdi o limite do que é momento de descanso e o que é momento de trabalho, estou o tempo inteiro conectada, com o corpo estático, sentada à frente de uma tela, com fones de ouvido durante muitas horas o que ajudou a me sobrecarregar, tornando-me ainda mais ansiosa e com menos disposição do que com a agitação de antes.

Por outro lado, o que de fato tive que deixar de planejar durante esses quase dois anos de pandemia? Mais uma vez, àquela tão sonhada viagem de férias ficou ao léu, os encontros aos finais de semana com amigos e familiares no almoço de domingo ou datas festivas, os passeios, as compras, o convívio diário com pessoas diferentes, o tato, o abraço, o olhar daquelas (es) que não contactamos todos os dias foram ficando cada vez mais escassos, deixando em nós um vazio pela perda desses momentos e ao mesmo tempo um alívio por saber que havia um motivo de força maior por traz de todo esse mal que assola a humanidade.

No que concerne à minha formação acadêmica, às mudanças não foram bruscas, tendo em vista que antes mesmo de surgir esse vírus (Covid-19), eu já tinha uma vida isolada, num ritmo desacelerado e pacato. E, que, só precisei me adaptar à nova modalidade de ensino, me familiarizar com o processo, num ritmo totalmente diferente do normal por englobar não só os aspectos educacionais, familiares etc., o que não significa que não houve desgaste e frustrações ao longo desse período que se aliou a problemas advindos de outrora e até atuais, em que se tornou apenas a ponta do iceberg para desencadeamento de transtorno relacionado às incertezas do futuro.

Por fim, o último ano de curso posso afirmar que veio carregado de novas formas de conhecimento, novas formas de agir, novos processamentos, ensinando-nos a lidar com o novo, não se limitando apenas ao atendimento físico, mas também digital como o online (mesmo sabendo que já existia) se fortalecendo e mostrando cada vez mais a necessidade de um profissional de psicologia que busque garantir a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos, independentemente do momento de crise.

REFERÊNCIAS

BLIKSTEIN, Paulo; CAMPOS, Fabio; FERNANDEZ, Cassia; MACEDO, Livia, COELHO, Raquel; CARNAÚBA, Fernando; e, HOCHGREB-HÄGELE, Tatiana. Como estudar em tempos de pandemia. Revista Época. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/epoca/como-estudar-em-tempos-de-pandemia-24318249>. Publicado em 22/03/2020. Acesso em 15/08/2021.

MÜLLER, Cristiane Dreher. Impactos da pandemia de Covid-19 na educação brasileira. Escritório Dreher. Disponível em: < https://escritoriodreher.com.br/impactos-da-pandemia-de-covid-19-na-educacao-brasileira/>. Acesso em 15/08/2021.

PRADO, Adriana. Sociólogo polonês cria tese para justificar atual paranoia contra a violência e a instabilidade dos relacionamentos amorosos. Revista Istoé. Disponível em: < https://istoe.com.br/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR+/>. Acesso em 15/08/2021.

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Finalização do curso de Psicologia durante a pandemia

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Como poderíamos imaginar uma formatura por uma plataforma online? Está sendo no mínimo “diferente do esperado” a vivência deste último ano da faculdade. Na minha visão, acredito que ganhamos algumas coisas com o chegar da pandemia e perdemos outras. Ninguém estava preparado para o que nos acometeu. Com aqueles primeiros 15 dias de lockdown, imaginávamos que rapidamente voltaríamos às nossas vidas normalmente, mas não foi isso que aconteceu.

Passados quase dois anos neste formato remoto, por enquanto só nos resta almejar para que logo possamos voltar de forma presencial aos corredores do prédio do Ceulp/Ulbra. Perdemos muitos vínculos sociais, e oportunidades a serem vividas presencialmente. Mas também acredito que ganhamos muitas outras. Achei que a faculdade foi muito rápida a responder de forma eficiente o manejo das aulas, avaliações e seminários no novo formato.

Até o Congresso de Psicologia anual (CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – https://ulbra-to.br/caos/edicoes/2020) foi possível ser feito no formato online, algo antes inimaginável. Inclusive vários dos ganhos que tivemos foi na área da variedade de profissionais e possibilidades (agora sem fronteiras) que tivemos em relação às aulas especiais com convidados, e palestrantes do congresso, enfim, de alguma forma, as coisas foram se ajustando e seguindo adiante, mesmo em meio a tantas dificuldades, tanto dos professores como dos alunos.

Eu optei por não parar, não trancar, me dei no mínimo o direito da dúvida se daria certo assim… se eu conseguiria assimilar o conteúdo, se haveria ou não muito prejuízo em termos de aprendizagem. Mas acredito que a condução de todo esse processo pelos professores tem sido excepcional. A garantia de aprendizagem não é estar ou não fisicamente dentro da sala de aula, mas o engajamento nas aulas, a presença cognitiva e psicológica ali naquele momento, mesmo online.

Para mim um dos maiores desafios é de estar fazendo estágio clínico e tendo que atender pessoas de forma remota. Antes isso para mim era algo que eu nunca toparia fazer. Agora que não temos opção, já é mais uma habilidade que carregarei para o resto da minha vida profissional.

Não me arrependo de ter dado continuidade, mesmo sendo o último ano e de muitíssimos desafios, aprendemos muito com toda essa experiência, e creio que quando tivermos novamente a oportunidade de voltar a “nova normalidade”, estaremos ainda mais evoluídos, mais fortalecidos, mais resilientes.

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Tá, mas e agora? Sobre se formar em Psicologia durante a pandemia

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Meu nome é Giovanna Gomes, eu tenho 22 anos e já estive em mais lugares do que eu pensei que estaria. Já morei em quatro das cinco regiões do país, e estudei ao todo em treze instituições de ensino (somando o ensino regular com a universidade).

Nada disso me preparou para me transferir para um estado do qual eu nunca tive, em uma faculdade em que eu não conhecia ninguém presencialmente. Mudei-me para cá no segundo semestre de 2020, e estou atualmente no 9º semestre. Quando você estiver lendo isso, talvez eu esteja até formada.

As salas de aula são ocupadas por e-mails, usuários com fotos de anime, fotos deles mesmos, ou até mesmo sem nenhuma foto. No meio de uma pandemia em que não podemos ter contato, o contato que era tão necessário para que eu pudesse me sentir integrada não existiu. Formar grupos é algo que só aumenta a sensação de estranheza. Não sei se a forma de trabalhar e desenvolver as tarefas de cada pessoa funciona, então é quase como uma roleta russa. Não conheço a aparência de grande parte dos alunos, não consigo associar o rosto aos nomes com facilidade, não sei como eles gostam de se expressar, qual a sonoridade da voz de grande parte deles.

Fonte: encurtador.com.br/gCHLS

Vou me formar sem nunca ter pisado na faculdade. Vou ter habilidades, conexões sociais, boas o suficiente para conseguir um emprego após a formação? Algum colega do qual eu me dou bem está pensando em abrir um consultório compartilhado? Não faço ideia. Estou assustada? Com certeza.

Mas a vida é sobre jornada, sobre momentos.

Tive sorte que outros alunos em situações similares não tiveram. Em Junho de 2021 tive a oportunidade de me tornar estagiária no SEPSI – Serviço Escola de Psicologia, e aceitei de todo o coração. As meninas de lá me acolheram, me ensinaram, me abraçaram em toda a minha confusão e medo. É por causa delas que tenho a oportunidade de conhecer parte dos alunos que fazem estágio em ênfase clínico, que estão na mesma jornada que eu.

Os nomes, os usuários, agora têm rosto. Sim, ainda tenho o medo existencial de me graduar, eu acho que ele nunca nos deixa completamente. Mas é maravilhoso saber que não estou sozinha.

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Pandemia – Angústias e adaptações acadêmicas

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Os tempos de pandemia nos fez rever muitas coisas, não que a vida fosse feita de certezas, mas agora o incerto é muito mais evidente. O cotidiano parecia ter parado, mas, graças à tecnologia, se adaptou. Pouco há contato físico, ficando em evidência aplicativos de entrega, novas relações de ensino e trabalho entre outras inúmeras circunstâncias. Enquanto a ciência busca suas respostas, não sabemos se vamos adquirir o vírus ou perder alguém.

Em março de 2020 as aulas presenciais já tinham sido substituídas pelas remotas, um sistema novo. A minha esperança era de que logo tudo isso passaria e voltaríamos à “normalidade”, mas começou a se ouvir falar no “novo normal”, onde as coisas tiveram que se adaptar. Estar em um processo de formação em meio a uma pandemia não é fácil, existem inúmeros desafios a se enfrentar como o medo, a rotina e as atividades laborais.

Em agosto de 2020 meus familiares contraíram o vírus, meu pai de forma grave e a tempestade do turbilhão de coisas aumentou, mas da mesma forma que ela veio, se foi e tive a sorte de que muitos não tiveram de ter meu pai em casa novamente. Logo o ano mudou e como numa utopia, parecia que tudo ia embora, mero engano. Em março de 2021 o semestre acadêmico estava se iniciando, e eu estava trabalhando diretamente com o público. Contraí o vírus e nessa mesma época foi decretado um lockdown em Palmas, tendo como sequelas as constantes crises de ansiedade, uma péssima concentração e uma má respiração, em que, consequentemente, houve queda em meu desempenho acadêmico. Logo me vi angustiada pela culpa e pela sensação de que não estava dando o meu melhor.

Fonte: encurtador.com.br/bkswM

Uma das coisas mais difíceis para um acadêmico em formação no meio da pandemia é a ânsia pela formatura, pois não sabemos se concluímos as matérias, ainda por influência das próprias expectativas.  O meu sonho era de poder entrar no auditório da faculdade, com toda minha família e amigos vibrando por mim, ouvir meu nome, andar da entrada do auditório até sentar na cadeira no palco, sentir o frio na barriga e a emoção de que finalmente teria conseguido agradecer naqueles discursos clichês, vivenciar os olhos lacrimejados e os sorrisos das pessoas, mas agora me parece um sonho distante ou uma ideia que sofrerá modificações, cabendo mais uma vez a conformidade e compreensão.

Os estágios voltaram a sua forma presencial, agora tenho que me deslocar, sendo um pouco difícil conciliar questões da faculdade, trabalho e o fato de que a pandemia ainda existe, a esperança minha e de muitos é a vacina, a  qual tomei a primeira dose e  sigo esperando ainda mais os avanços  da ciência para que, de alguma forma, as coisas se tranquilizem ou pareçam mais seguras.

Enquanto acadêmica em um curso que lida com a saúde mental, destacou a importância da vacina, do SUS, e de um bom governante. Tempos como esses exigem de nós muita resiliência. Para mim é difícil e revoltante morar no Brasil, pois politizaram o coronavírus, se tornando por muitas vezes lamentavelmente lucrativo. Penso que precisamos nos agarrar ainda mais a um espírito colaborativo e de solidariedade, pois vemos acentuadas ainda mais a fome, o descaso e a desigualdade. Thiago Melicio ensina que “não há como pensar a promoção, e  proteção de saúde, em especial saúde mental, sem pensar na promoção da cidadania”. Em meio a tudo isso, a responsabilidade de uma boa formação e ser uma excelente profissional aumenta, sendo meu maior desejo fazer a diferença, mesmo em meio a  dúvidas.

Fonte: encurtador.com.br/syCDT
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Adaptação ao novo normal – O desafio de formar na pandemia

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Um dos grandes desafios que todo o mundo está enfrentando com certeza é a pandemia pelo coronavírus. Além de trazer uma nova realidade e um novo “normal”, tivemos que aprender a conviver com a distância, descobrir novos talentos e também nos reinventarmos diante deste novo cenário.

Como estudante de Psicologia, foi um grande susto vivenciar um fato como este, já estudamos várias pandemias que aconteceram no decorrer dos séculos e décadas, mas nunca esperei que eu pudesse viver algo do tipo. Inicialmente seria apenas uma quarentena, que começou a se estender por dois, quatro, seis meses e depois um ano.

Inicialmente quando as aulas pararam me senti assustado e sem saber o que poderia acontecer, mas a esperança de que as aulas voltassem e tudo normalizasse estava presente. Tivemos que nos adaptar a um novo contexto, as aulas não poderiam voltar de forma presencial e, portanto tivemos que aderir ao modelo de ensino remoto.

Fonte: Pixabay

No primeiro foi um pouco estranho, muitos colegas não conseguiram se adaptar e até trancaram o curso para esperar o retorno das aulas presenciais. Este retorno a cada semestre era adiado e então não tivemos escolha, a não ser nos adaptar a isto.

Cheguei ao último ano de curso e vi vários colegas que se formaram na modalidade online e foi tudo diferente. O sonho de estar no auditório com a família, amigos e a emoção comovendo todos, deu lugar a uma tela de computador onde tudo era transmitido através de uma videochamada.

Sinto-me privilegiado de mesmo diante deste cenário poder ter a oportunidade de continuar estudando e contribuindo para o meu sonho de me tornar um psicólogo. Mesmo tendo que me adaptar, eu me sinto confiante de não ter desistido. Não foi fácil, as aulas remotas muitas vezes eram pesadas e cansativas e chegava a pensar se estaria mesmo aprendendo.

Fonte: encurtador.com.br/gruI7

Com o avanço da vacinação, fico mais alegre de ver que as matérias de estágios voltaram de forma presencial, mas tenho muitas saudades de andar pelos corredores da Ulbra, encontrar os amigos, professores, dividir uma sala de aula, reclamar do frio do ar condicionado e vivenciar a experiência de estar em uma sala de aula. Ainda não é o momento de voltarmos ao total, mas a alegria de ver que as pessoas estão conseguindo ficar imunizadas, me deixa mais tranquilo de fazer a minha parte tomando todos os cuidados.

Com o início do estágio, essa confiança retornou com mais força e me sinto mais próximo de alcançar o meu objetivo. Confesso que ainda tenho a esperança de que quando for a minha vez, eu esteja no auditório para conseguir me formar. Acredito que o grande êxito da faculdade além de poder exercer a profissão, é ver as pessoas que amo celebrando comigo a vitória de conseguir finalizar uma parte da vida acadêmica, pois sei que um psicólogo nunca deve parar de estudar.

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Crônicas de brasileiro viajante abordam os dois extremos de um mundo polarizado

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Imigrante nos Estados Unidos, Gustavo Miotti publica “Crônicas de uma pandemia” com reflexões intimistas sobre ditaduras e democracias a partir da queda do Muro de Berlim

O que passear de tuk-tuk na Índia tem a ver com o sucesso musical de 1985 We are the world, George Orwell e os apagões em Cuba? Conexões imperceptíveis a olhares menos sensíveis são afloradas na visão intimista de Gustavo Miotti em Crônicas de uma pandemia – Reflexões de um Idealista. Viajante nato, o autor uniu experiências pelo mundo a reflexões sobre a condição humana nos dois principais sistemas socioeconômicos.

Destinos complexos como Coreia do Norte, Etiópia e Cuba são abordados na primeira parte da obra. Em “Sob a sombra do comunismo”, Gustavo compartilha histórias, descobertas e a impressão de um brasileiro acerca das imposições da doutrina econômica no cotidiano de homens e mulheres. Pequenos detalhes ascendem observações analíticas sobre temas que vão da política à ciência.

O autor também narrou uma viagem à antiga Tchecoslováquia, pois “queria conhecer a vida do outro lado do muro e como estavam se adaptando à democracia”. O país, que em 1992 fazia transição entre o comunismo e o capitalismo, chamava a atenção do então jovem viajante por conta da beleza da cidade de Praga e de um personagem em especial: o presidente Vaclav Havel.

Ele assumiu a presidência logo após a queda do regime comunista e conduziu o processo de separação amigável do país entre tchecos e eslovacos de forma brilhante. Em apenas seis meses, os tchecos e os eslovacos voltaram a ter países independentes, sem uma gota de sangue, algo raro na Europa Oriental da época. (Crônicas de uma pandemia, p. 26)

Após discorrer sobre a experiência coreana, o autor atravessa o Oceano para dissecar os Estados Unidos. Intitulada “A fragilidade da democracia”, a segunda parte do livro mergulha naquele que talvez seja o principal paradoxo da mais antiga democracia do mundo: a luta pela igualdade racial. Da escravidão à guerra civil, as crônicas adentram no período pandêmico para revelar as investidas da Casa Branca em tentar abrandar as estatísticas desoladoras no país, onde o autor vive há cinco anos.

Quem se interessa por política, cultura e relações internacionais encontra em Crônicas de uma pandemia um panorama sociocultural contemporâneo na perspectiva de um brasileiro que percorreu mais de 70 países. Além do Brasil e EUA, Gustavo Miotti morou também na Itália, Reino Unido e estudou na China e na Índia. Empresário e Cientista Econômico, atualmente pesquisa atitudes relativas à globalização em seu doutorado.

Sinopse: O que passear de tuk-tuk na Índia tem a ver com o sucesso musical de 1985 We are the world, George Orwell e os apagões em Cuba? O olhar atento de Gustavo Miotti a desvelar conexões imperceptíveis a olhares menos sensíveis. Neste livro, o autor nos presenteia com um panorama sociocultural contemporâneo que combina viagens e experiências cotidianas permeadas por reflexões bem humoradas sobre a condição humana. São crônicas que interpretam o mundo de uma forma peculiar, um retrato do mundo atual – e passado – lapidado pela escrita fluente e aconchegante desse cronista.

Ficha Técnica

Título: Crônicas de uma Pandemia – Reflexões de um Idealista

Autor: Gustavo Miotti
Editora: Buqui
ISBN: 978-65-89695-17-2
Páginas: 160
Formato: 13 x 21 cm
Preço: R$ 39,90 e R$ 19,90 (eBook)
Link de venda: Amazon

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Jovens “nem-nem” chegam a 16% durante pandemia

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Dados captados pela segunda edição do Atlas da Juventude, lançado em junho deste ano, apontam que os efeitos da pandemia, que agravou ainda mais o quadro social brasileiro, afetou especialmente os mais jovens. Houve crescimento considerável dos chamados jovens “nem-nem”, ou seja, daqueles que não estudam ou trabalham. De 10% dessa população, em 2020, saltou, em 2021, para 16%. Para a presidente-executiva da Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior), Fernanda Amorim, o levantamento pode ajudar a embasar políticas voltadas à inclusão e a uma educação de melhor qualidade.
– Os efeitos da pandemia sobre a vida do jovem são visíveis. Quando nos debruçamos sobre o aspecto estritamente do trabalho, observamos não apenas os impactos na renda, mas também no ingresso ao mercado de trabalho. Os jovens que estão trabalhando são, em sua maioria, estudantes e se dividem principalmente entre os que são dependentes financeiros de suas famílias e aqueles de quem o domicílio depende do seu salário – explica Amorim.
Segundo as informações obtidas pelo Atlas, as principais atividades exercidas continuam sendo empregos com carteira assinada (principalmente entre os mais velhos) e aprendizes. Os trabalhos autônomos são mais comuns na faixa dos 25 a 29 anos e em áreas urbanas. A ajuda doméstica sem remuneração é mais comum na faixa dos 15 a 17 anos e em áreas rurais. Entre jovens consultados que não estão trabalhando, 30% não estão estudando.
– A grande maioria continua procurando alguma colocação. Dentre estes, 40% estão nessa busca pela primeira vez. A dependência financeira é a realidade da grande maioria deles, mas 7% contribuem para sustentar o domicílio, total ou parcialmente – detalha a presidente -executiva da Brasil Júnior.
Dentre os jovens que não estão trabalhando, 60% não tiveram qualquer atividade remunerada neste período. Os 40% restantes obtiveram alguma renda na informalidade ou no trabalho autônomo. Destes, 20% fizeram trabalhos pontuais sem carteira assinada e 10% trabalharam por conta própria ou abriram um negócio, o que mostra uma crescente no desejo dos jovens de empreender
– Dos jovens que declararam não estar trabalhando e nem procurando trabalho, quase a totalidade é de dependentes financeiros. O que impressiona é que mesmo assim, 3% nessa situação de vulnerabilidade contribuem para sustentar de alguma forma o domicílio em que vivem. Neste grupo, temos, entre 15 e 24 anos, 60% que estão se dedicando aos estudos, o que nos leva a um marcar terrível de 40% de pessoas nesta faixa etária longe da educação – aponta Amorim.
Diante de uma realidade difícil, o sentimento dos jovens em relação às perspectivas do trabalho no futuro é de desconfiança: 40% estão animados e esperançosos, mesmo percentual daqueles que se sentem inseguros.
– Os números do Atlas da Juventude, que é produzido por entidades dedicadas à causa jovem, incluindo a Brasil Júnior, são claros e podem embasar políticas de inclusão desse contingente no mercado de trabalho, passando pelo incentivo a uma educação inclusiva de qualidade. Temos ainda como reverter um quadro sombrio e sem muitas perspectivas. O futuro precisa de cuidado hoje – resume Amorim.
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Excesso de reuniões virtuais compromete bem-estar e produtividade no trabalho

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A diretora da Prime Talent, Bárbara Nogueira, ressalta que é importante reduzir o volume e a duração dos encontros online para evitar os sintomas da já conhecida “Fadiga do Zoom”.

Na nova realidade forçada pela pandemia da Covid-19, grande parte das pessoas foi obrigada a adaptar a vida à rotina virtual. Os happy hours e conversas com amigos e familiares tiveram migrar para o formato online, assim como as reuniões de trabalho e as aulas para alunos de todas as idades. Tudo isso na tentativa de manter, dentro do possível, uma conexão social ativa, um ritmo de trabalho eficiente e o aprendizado regular durante todos esses meses em que adotar o isolamento e evitar aglomerações se fizeram – e ainda se fazem – necessários. No entanto, a diretora, career advisor e headhunter da Prime Talent, Bárbara Nogueira, argumenta que essas circunstâncias, podem prejudicar diretamente o corpo e a mente, provocando a já conhecida “Fadiga do Zoom”. Consequentemente, a produtividade também é afetada.

Desde o ano passado, essa expressão – em alusão a um dos programas de chamadas de vídeo que mais se popularizou na pandemia – tem sido bastante usada no ambiente corporativo, em todo o mundo. Mas os problemas provocados pelo excesso de conferences estão relacionados a qualquer ferramenta para essa finalidade, como Hangouts, Teams, Skype, entre outras. Trata-se, resumidamente, de uma exaustão extrema e desmotivante, em função da permanência, por um período de tempo prolongado, em encontros pela internet. Inclui, também, irritabilidade, olhos secos e vermelhos, sem falar do cansaço, mal-estar e dores de cabeça ao final da jornada de trabalho ou até mesmo após um bate-papo virtual.

Bárbara Nogueira, diretora da Prime Talent
Carmine Furletti / Divulgação

A “Fadiga do Zoom” é gerada por diversos fatores. Entre eles, estão a hiperestimulação visual, que leva a esse cansaço e a essa irritação; a falta de linguagem corporal; e a mobilidade prejudicada, ou seja, a sensação de estar preso ao ângulo de visão da câmera. Outro “gatilho” costuma ser a autoavaliação constante, aliada ao sentimento de pressão social, porque a pessoa percebe que está sendo observada por todos, em todos os momentos, e não fica à vontade.

A exaustão também pode ser causada pela necessidade de aumentar a atenção no decorrer das vídeo-chamadas, que exigem um esforço maior para processar pistas não verbais dos participantes. Sem falar que muitas pessoas se sentem obrigadas a olhar para a tela o tempo inteiro, como forma de demonstrar que seguem atentas à reunião, e isso consome muita energia. Por fim, a tendência às distrações é mais um aspecto que pode ocasionar o desgaste mental, uma vez que os profissionais acabam propensos a realizar tarefas paralelas durante a call.

Diante desse contexto, Bárbara, que é graduada em psicologia, orienta os profissionais a ficarem muito atentos ao bem-estar no dia a dia, pois o estado permanente de cansaço pode evoluir para um esgotamento total, com prejuízos significativos para ao corpo e a mente. E ainda afeta diretamente a produtividade e a concentração em casa e no trabalho. “As empresas mais preparadas e estratégicas já têm desenvolvido programas e até novas políticas internas para o apoio aos funcionários que atuam no modelo home office, aproximando cada vez mais o setor de Recursos Humanos do negócio e dos colaboradores”, destaca.

Em busca de mitigar as chances de “Fadiga do Zoom” e de outros transtornos relativos ao excesso de conectividade, como o tecnoestresse, ações voltadas à saúde e ao descanso mental dos profissionais estão sendo implementadas, além de soluções inovadoras e mais prazerosas de usar videoconferência. Em linhas gerais, é possível ressaltar algumas estratégias para amenizar o impacto negativo do excesso de encontros remotos e do uso de tecnologia, como não emendar reuniões sequenciais, ampliando intervalos entre elas; evitar conferências com duração muito prolongada; substituição de chamadas de vídeo por áudio, quando possível; e o incentivo ao período de trabalho produtivo e sem conversas virtuais. No caso das lideranças, usar algum tempo para realmente verificar como as pessoas estão é muito importante. Independentemente das iniciativas que sejam adotadas, buscar equilibrar o real e o virtual, garantindo o uso saudável da tecnologia, é a melhor maneira de prevenir esses sintomas.


Sobre a Prime Talent
A Prime Talent é uma empresa de busca e seleção de executivos de média e alta gestão, que atua nos 24 setores da economia, em todo o Brasil e na América Latina, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte. Referência nas áreas de Recursos Humanos e Gestão, tem à frente os sócios David Braga (CEO) e Bárbara Nogueira (diretora). Braga já avaliou, ao longo de sua carreira, mais de 10 mil executivos, selecionando para clientes Latam. É autor do livro “Contratado ou Demitido – só depende de você” e professor convidado da Fundação Dom Cabral (FDC). Além disso, exerce a função de conselheiro da ACMinas e da ChildFund, instituição eleita, pelo quarto ano consecutivo, uma das 100 melhores ONGs do Brasil, que apoia crianças e adolescentes em extrema vulnerabilidade. Já Bárbara Nogueira, que conta com a experiência de mais de 5 mil executivos selecionados, é graduada em Psicologia e certificada em Executive Coach, pela International Association of Coaching, e em Micro Expressões e programação Neurolinguística. É também embaixadora da ChildFund.

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