Existe privacidade em um mundo cada vez mais tecnológico?

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Em um contexto mundial mais tecnológico, os dispositivos móveis fazem parte da vida das pessoas, os mais comuns são os celulares, tablets, relógios e notebooks. A tecnologia existe para auxiliar o homem nas tarefas do dia-a-dia, e com isso muitas empresas oferecem recursos e serviços que fazem a diferença, por exemplo: o email que se conecta a uma agenda e permite que outros dispositivos sincronizem a mesma agenda entre os demais dispositivos, auxiliando as pessoas a lembrarem das tarefas mais importantes do dia a dia. Contudo, após os casos internacionais de Edward Snowden, Cambridge Analytica e outros, muitas pessoas se deram conta de que os serviços gratuitos não são de graça e que, serviços que não cobram por sua utilização querem algo em troca, algo conhecido como o novo petróleo, também conhecido como dados [1]. Diante de outros acontecimentos, as pessoas começaram a ver a importância dos dados e como eles podem nos auxiliar a encontrar novas respostas ou nos deixar vulneráveis.

Comercialmente, os dados são muito importantes para as empresas, a partir deles é possível entender melhor o ambiente de negócios ou criar novas campanhas de marketing. Entretanto, a coleta de dados como, endereço, CPF e outras informações pessoais, permitem às empresas realizarem ações que impactam diretamente a vida dos clientes, como, os serviços da Google que solicitam informações e, caso as cláusulas de serviços sejam aceitas, o cliente pode fornecer os dados sobre sua localização em tempo real. As empresas, por questões judiciais, precisam oferecer um ambiente seguro de armazenamento dos dados, porém, não há nada que seja totalmente seguro, e caso haja um vazamento de dados, uma pessoa mal intencionada pode utilizar essas informações e invadir a privacidade das pessoas.

Neste contexto de abundância de dados, a privacidade é um tema que vem sendo discutido por diversas vezes em um mundo cada vez mais conectado, e mais tecnológico. À medida que o tempo passa, as tarefas que antes eram consideradas difíceis e complexas, se tornaram simples e práticas com a ajuda dos dispositivos móveis, como fazer cálculos, por exemplo, que para nós seres humanos é algo bem complexo de ser feito, quando em de grandes proporções sem o auxílio de alguma ferramenta. Mas a que custo? É realmente segura? A batalha mundial pelos dados está acontecendo, e as pessoas ou organizações que detém a maior quantidade de dados de outras pessoas exercem maior influência e inferência. Clarissa Véliz em seu livro ‘Privacidade é poder’ analisa as consequências para a sociedade com a exploração de rastros digitais das pessoas [2].

Fonte: Imagem no Freepik

Edward Snowden diz que precisamos de ferramentas que não possam ser violadas [3]. Snowden é ex-funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global da empresa, e que o país usa para espionar a população americana e vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil, inclusive fazendo o monitoramento de conversas da ex-presidente Dilma Rousseff com seus principais assessores [4]. Mas porque seria tão importante dados de outros líderes de outros países ? Dados pessoais podem se tornar uma arma nas mãos de determinadas pessoas e/ou instituições. Snowden ainda disse em entrevista que não podia deixar que o governo dos Estados Unidos destruísse a privacidade, a liberdade da Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo em nome de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo [4].

Outro fator de preocupação é a popularização da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), agora, televisores, geladeiras e outros equipamentos  domésticos produzem dados  e com isso novas discussões sobre a segurança da informação e das pessoas. Problemas sempre existiram, não há produto perfeito, essa tecnologia evoluiu muito nos últimos anos em vários aspectos por causa dos benefícios que podem ser extraídos em muitos cenários [5]. No começo já era esperado a existência de problemas, pois estamos falando de uma tecnologia que estava fora da caixa quando começou, com a crescente demanda da automatização de tarefas juntamente com a disponibilidade de conteúdos gratuitos e reconhecimento do valor das informações geradas por esses sensores ou aparelhos.

O futuro desta tecnologia parece ser bem promissor, com a união do mundo físico com o digital. Grande parte das aplicações destinadas a utilização desse tipo de tecnologia ainda são para as empresas, que buscam baratear a mão de obra e aumentar a sua carga de produção [6]. Talvez a pandemia tenha feito muitas pessoas verem o real potencial de fábricas ou lojas que usam IoT no seu ambiente, de que esse é o próximo passo para uma nova revolução que pode ser temida, mas também muito aguardada [7]. Assim, independentemente, da vontade de uns ou temores de outros, a tendência é que cada vez mais o mundo esteja conectado em vários níveis, desde aplicações simples como ligar o ar-condicionado quando estiver perto de casa ou mais complexas, por exemplo, a utilização na construção civil para prevenir acidentes.

Fonte: Imagem no Freepik

Recentemente Frances Hauguen, ex-funcionária do Facebook, relatou uma série de denúncias para o The Wall Street Journal, provando com documentos internos que os algoritmos do Facebook fomentam intencionalmente a discórdia e que são projetados para causar dependência entre os usuários. Mas por que o Facebook está tão interessado em manter os usuários conectados por um maior tempo possível? Shoshana Zuboff chama de capitalismo de vigilância está coleta de dados. A economia digital se nutre deles. Ela os processa, refina e os serve aos anunciantes para que possam personalizar sua publicidade, ou às empresas, para que planejem novos serviços. Quanto mais detalhes souberem sobre cada usuário da internet, melhor será a estratégia para abordá-los e lhes oferecer um produto [2].

A evolução tecnológica, acentuada pela popularização de diversas ferramentas (software ou hardware), provocou mudanças significativas na sociedade, resultando em consequências positivas e negativas. Positivamente, a tecnologia quebrou paradigmas, por exemplo, profissionais do mundo todo podem compartilhar conhecimento sobre qualquer assunto nas redes sociais; pessoas, com equipamentos minimamente adequados, podem acessar iniciativas globais de educação de qualidade, oferecidas por profissionais de universidades de renome como Harvard ou Oxford. Negativamente, com a popularização das redes sociais, também potencializou discursos polêmicos e o surgimento de movimentos agressivos, como o “cancelamento” de pessoas na internet ou de grupos radicais de diversos espectros políticos. Em todos os contextos, positivos, negativos ou neutros há a geração de dados , cada vez mais precisos, que fornecem o padrão do caminhar de uma pessoa, da digital, do rosto, entre outros.  A geração de dados em si parece ser inevitável, mas com qual finalidade esses dados serão utilizados é que pode produzir consequências positivas ou não, em todo caso, há um longo caminho a percorrer no que tange à conscientização das pessoas sobre esse contexto.

Fonte: Imagem no Freepik

Fontes:

[1]https://bakertillybr.com.br/dados-novo-petroleo/

[2]https://brasil.elpais.com/tecnologia/2021-10-19/ideias-para-salvar-nossa-privacidade-em-meio-a-batalha-mundial-pelos-dados.html

[3]https://www.telesintese.com.br/edward-snowden-precisamos-de-ferramentas-que-nao-possam-ser-violadas/

[4]http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/entenda-o-caso-de-edward-snowden-que-revelu-espionagem-dos-eua.html

[5]https://www.mckinsey.com/industries/technology-media-and-telecommunications/our-insight/laying-the-foundation-to-accelerate-the-enterprise-iot-journey

[6]https://www.ibtimes.com/mckinsey-iot-2030-forecast-machinefi-economy-explosion-coming-3339071

[7]https://www.mckinsey.com/business-functions/mckinsey-digital/our-insights/iot-value-set-to-accelerate-through-2030-where-and-how-to-capture-it

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Projeto cria exame de saúde mental a integrantes da segurança pública estadual

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Entrou na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) na manhã dessa terça-feira, 27, projeto de lei do deputado Leo Barbosa (Solidariedade) que cria exames anuais de saúde mental para os integrantes da Segurança Pública do Estado, formados em suas corporações e setores dirigentes afins.

O projeto propõe que integrantes das forças policiais e bombeiros, por intermédio de suas próprias instituições, sejam examinados em relação à saúde mental, sendo providenciado o imediato apoio, quando necessário, de forma proativa.

Justificativa

A propositura visa ao acompanhamento e à conscientização sobre a importância da saúde mental dos integrantes da Segurança Pública. Segundo o autor, o comentário ouvido dentro de quartéis é que “nossa tropa está doente”.

“Esse comentário ecoa há anos nos corredores dos batalhões da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, e o mesmo se aplica às outras instituições da Segurança Pública do Estado”, afirmou Leo Barbosa.

Noutra matéria, também em análise na CCJ, o deputado propõe a obrigatoriedade de assegurar a publicação, nos sítios oficiais, as listas de pacientes que aguardam por consultas, exames, intervenções cirúrgicas e vacinação contra a Covid-19, nos estabelecimentos da rede pública de saúde do Estado do Tocantins.

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Abertas inscrições ao X Congresso Internacional de Direitos Humanos que começa dia 6/11, no TJTO, com conferencistas de seis países

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Abertas inscrições ao X Congresso Internacional de Direitos Humanos que começa dia 6/11, no TJTO, com conferencistas de seis países Na sua décima edição, o Congresso Internacional de Direitos Humanos será realizado mais uma vez em Palmas, de 6 a 8 de novembro próximo, na Escola Superior da Magistratura Tocantinense (Esmart) e no Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), reunindo conferencistas do Brasil, Estados Unidos, França, Espanha, Bélgica e Angola em debates focados em Segurança Humana e Desenvolvimento Socioambiental.

Antecendendo aos debates, das 8 às 12 horas, na Esmat, serão realizados minicursos  com quatro quatro temas, sob a coordenação do professor doutor Aloísio Alencar Bolwerk e a mestranda Laís de Carvalho Lima. “O enfrentamento das Fakes News como Política Pública de Combate à Desinformação” é um dos assuntos em pauta.

Ainda na Esmat, e sob o comando da mestre Débora Honório Galan, acontecerá o Cinedebate com a exibição dos filmes – “À Espera” e “Nós” -, abordando, respectivamente, direitos da criança e do adolescente e direitos de refugiados. E, como nove temas, entre os quais “Teoria e Prática Humanizada em Direito e Gênero”, a Esmat sediará ainda as discussões sobre Boas Práticas do Mestrado.

Fonte: encurtador.com.br/qLQY9

A Esmat também sediará a atividade Boas Práticas do Mestrado, coordenada pela mestre Débora Honório Galan e na qual serão abordados nove temas, entre os quais “Instrução Básica e Periódica para Estagiários no Âmbito das Turmas Recursais do TJTO”.

Já a abertura oficicial do Congresso acontecerá no auditório do TJTO, às 19 horas, seguida da Conferência Magna Estados Unidos da América, a ser ministrada pela professora doutora Elizabeth Abi-Mershed, com atuação destacada na Secretária Executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), sobre “O Trabalho no Sistema Interamericano e o Papel dos Juízes.

Também das 8 às 12 horas, as conferências continuam no dia 7, entre elas a da doutora Valdirene Daufemback (UnB), sobre os “Desafios da Segurança Pública no Brasil nos próximos anos”. A programação do dia será fechada com dois workshops – “Segurança Alimentar: Resíduos de Agrotóxicos nos Alimentos” e a “Psicanálise do do Fim do Mundo”.

Fonte: encurtador.com.br/ehopX

Já o último dia do Congresso será aberto com a Exposição de Painéis (Integração do programa de Mestrado PJDH com a graduação e pós-graduação) no Hall do Auditório TJTO. Haverá ainda outras seis conferências, uma delas ministrada pelo desembargador Marco Villas Boas, diretor-geral da Esmat, com o tema “Os limites do desenvolvimento da Amazônia Continental”. Entre esses debates, acontecerá também o lançamento da Revista Esmat – edição especial Luso-Brasileira.

E após a última conferência do evento –  a Conferência Ilanud– ONU/Brasil, sob o tema “Domínio da Segurança Humana no Mundo”, com o professor  doutor Edmundo Alberto Branco de Oliveira, haverá a solenidade de entrega do certificado aos melhores painéis de cada eixo temático e as melhores boas práticas, com sorteio de livros. 

Fonte: encurtador.com.br/uxQT3

Histórico do Congresso

Organizado pelo Mestrado em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos (PJDH), o Congresso tem ainda como parceiros realizadores o Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra, o Instituto de Ciências Jurídico-Políticas, o Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT).

O tradicional Congresso, realizado anualmente em Palmas, tem como foco levar o público acadêmico e a sociedade a refletirem sobre os Direitos Humanos, pensados como direitos básicos de todos – civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, difusos e coletivos. Faça sua inscrição pelo site.

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Tiros em Suzano

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Nas tragédias contadas e encenadas na Grécia antiga, havia um modo muito interessante na forma como era interpretada a infração de um sujeito. Ao se infringir as leis dos deuses (que eram correlatas às leis da polis), a punição pelo ato não recaía apenas sobre aquele cometeu o crime, mas por toda a sua família, sua comunidade e até por toda a cidade. O erro de Édipo (matar o pai e desposar a mãe), por exemplo, fez com que os deuses, irados, enviassem uma maldição para toda a cidade, além de exigir a punição de Édipo e todos os seus herdeiros.

Já em sociedades individualistas como a nossa, a culpa individual é sempre considerada como mais importante. Tanto que, nosso interesse é sempre explicar ou justificar algum crime tentando compreender aquele que o cometeu, especialmente, a sua mente. Em caso de crimes bárbaros como o de Suzano, a busca por esse tipo de explicação se torna mais premente ainda. O que leva uma pessoa a um ato tão cruel e insano? Será que poderíamos ter feito alguma coisa para evitá-lo? São as questões que todos ficamos ansiosos por responder.

Me lembrei do filme Minority Report dirigido por Spielberg, lançado em 2002 e que já se tornou um clássico. A trama se passa no ano de 2054, num futuro no qual seria possível prever e evitar crimes de homicídio, antes que eles aconteçam – graças ao auxílio de indivíduos, conhecidos como “precogs”, capazes de ver o futuro. O paradoxo é que o sujeito pode ser condenado por um crime que jamais cometeu, mas, apenas por que foi impedido de fazê-lo pela divisão policial chamada “pré-crime”. É a suposta infalibilidade do sistema que autorizaria a condenação do sujeito, pela certeza de que ele irá cometê-lo adiante. Assim sendo, o sujeito não é condenado por um ato criminoso, mas pela capacidade irrefutável de cometê-lo.

Fonte: encurtador.com.br/lBDU9

A narrativa fictícia do filme, entretanto, não se encontra tão distante de nós, especialmente quando se trata de crimes bárbaros, que causam grande comoção social, e que os autores não ficam vivos para relatarem sua versão da história. Nosso desejo, nesses casos, é capturar o sujeito antes do crime, a fim de buscar no seu passado indícios que demonstrem que ele iria botá-lo em prática de qualquer modo. Uma palavra, um grupo virtual, uma mania estranha, um diagnóstico psiquiátrico, uma vertente política, ideológica ou religiosa, tudo serve de pista que, tanto justifica, quanto direciona para a conclusão do ato subsequente. Ou seja, todo o passado do sujeito adquire um sentido que é dado à posteriori, significado a partir do seu ato insano.

E é desse modo que temos agido a partir da tragédia de Suzano. Tal como no filme, temos tentado enxergar, no sujeito, o ato criminoso antes dele ter acontecido, como se assim fôssemos capazes de evitá-lo ou explicá-lo em definitivo, a fim de tapar o abismo que se abre diante de nós depois de atropelados por tamanho horror.

Fonte: encurtador.com.br/lBDU9

Crimes como o de Suzano são de uma contingência absoluta, impossíveis de explicar ou contornar completamente, no entanto, nos remetendo a sabedoria dos Gregos, um crime desta categoria, nunca é responsabilidade de uma pessoa. Os atiradores de Suzano não apertaram o gatilho sozinhos. É simplista demais explicar este tipo de crime apenas pela insanidade de um, ou por uma ou outra faceta ou característica da sua personalidade. O caldo em que esse sujeito está mergulhado também faz diferença e sentido. Um crime dessa natureza é também uma denúncia, uma interpretação da nossa sociedade. É como uma febre que anuncia uma infecção. Paranoia, medo, veneração por armas, ódio, misoginia, machismo, tudo isso que aparece no nosso caldo social, pelo que estamos vendo, se atualizou em Suzano.

Os Gregos estavam certos, todos somos responsáveis por Suzano, por isso, a maldição que segue a essa tragédia, também recai sobre todos nós. Todos nós morremos e sangramos um tanto. Meu medo é do quanto que teremos que sofrer na carne pra perceber que estamos indo pelo caminho errado.

Fonte: encurtador.com.br/hisu9
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A tragédia na escola em Suzano

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Sobre a tragédia na escola em Suzano? “Precisamos desarmar corpos mas, sobretudo, desarmar almas”… eu preciso escrever sobre isso…

Quando se é professor, mortes como essas, impactam-nos de forma que destrói o coração. Porque ser Professor é ser um pouco pai, um pouco mãe, um pouco amigo, um pouco “ser que busca inspirar para o bem”, um pouco ator e um pouco artista… E, quando necessário, quase sempre, também um pouco Super Heróis (como os professores que fecharam as portas da sala, colocando-se como escudo humano, para salvar seus alunos).

Fonte: https://bit.ly/2TDflLF

Cada aluno e cada educadora mortos ontem se tornaram ora aluno de todos nós, ora filho de todos nós, ora amigo de todos nós… Por isso essa comoção que me motivou a escrever este texto.

Observo que vociferam em busca de culpados. Julgo pertinente este questionamento. Contudo, mais relevante seria tentar compreender todo esse processo de violência explícita que destoa, como citou Dias Toffoli, da conduta social do povo brasileiro.

É urgente nos desarmarmos de toda “arma” que fomenta o ódio e o desejo de “exterminar” tudo e todos que divergem do que pensamos.

Precisamos nos conscientizar que há várias armas que matam: revólver, faca, machado… e, também, palavras.

Todo ódio se incorpora, se movimenta e se vivifica, se estimulados. Então, cabe o questionamento “Como cada um de nós, enquanto sociedade,pode contribuir para que tragédias como essa não ocorram novamente”?

Podem me julgar boba, utópica, romântica, pacifista… é seu livre arbítrio. Porém, a resposta é simples. Precisamos agir enquanto SOCIEDADE que ABOMINA A VIOLÊNCIA.

Cobrar SEGURANÇA do estado, SIM. Porque se eu defendo que “professores e funcionários armados” evitariam essa chacina, estou aceitando que “eu sou a lei, a ordem e a segurança”. Para mim, é um passo para a barbárie.

Então, que reorganizemos nossas práticas sociais, no contexto, precipuamente, familiar. Posteriormente, escolar e social.

Fonte: https://bit.ly/2Jg6ryP

Então, nesse jogo de xadrez que é a vida, numa batalha entre o Bem e o Mal, que saibamos lutar pelo BEM. E nossa luta é diária e ininterrupta.

Lute pelo Bem compreendendo que temos opositores, não inimigos.

Lute pelo BEM ensinando nossos semelhantes a conviver com as diferenças.

Lute pelo Bem acreditando que o diálogo é sempre mais adequado que a violência física.

Lute pelo Bem tendo responsabilidade com o uso de palavras, quer faladas, quer escritas, para que elas não se transformem em munição de ódio que engatilharão ARMAS que matarão, muitas vezes, inocentes.

Os educadores e alunos, que morreram ontem, levaram uma lição para a casa eterna “Entender por que a Violência, o desamor, o ódio alimentado parece querer se legitimar entre nós”?

Com certeza, Deus, na sua infinita misericórdia, recebeu-lhes e todas essas perguntas se tornaram inférteis.

Mas, e nós, “cidadãos do Bem”, o que responderemos aos que morreram?

Então, que defendamos o uso da única arma que salva “O AMOR AO PRÓXIMO”, independente de quem seja.

Foi essa Arma de Amor que se manifestou no coração das merendeiras, que empurraram freezeres para fechar portas, colocando suas vidas em risco para salvar crianças.

Fonte: https://bit.ly/2TUgEW1

Foi essa Arma de Amor que motivou professores a se posicionarem como escudo humano, fechando portas, para proteger seus alunos.

Foi essa Arma de Amor que fez com que médicos, de um hospital particular, atendessem feridos, gratuitamente, priorizando a missão de salvar vidas, QUALQUER VIDA.

Foi essa Arma de Amor que nos sensibilizou ao ponto de, ao nos colocarmos no lugar do outro, fazer chorar o coração.

Aos familiares e amigos daqueles que foram vítimas de horrenda violência, meus sinceros sentimentos.

Aos que morreram, meu pedido de perdão e minha promessa de que continuarei lutando por um mundo mais ARMADO DE AMOR!

Conforta-me saber que, nesta batalha, NÃO ESTOU SÓ.

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E se a busca excessiva pela felicidade nos torna infelizes?

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Adotar pensamentos positivos de sucesso e felicidade, livrar-se dos negativos, esquecer-se de fracassos e viver sob a lógica de “você atrai o que você pensa” ou sob o culto ao “evangelho” do otimismo parece não chegar à solução desejada.

Pergunte a si próprio se você é feliz, e você deixa de sê-lo.
John Stuart Mill

Em uma sociedade obcecada pela busca da felicidade, somos paradoxalmente fracassados para encontrá-la. Ao contrário do que se imagina, a vida moderna pouco contribui para o aumento da felicidade da população. O acréscimo do capital das grandes nações e toda a facilidade advinda dos meios tecnológicos parece não ter ocorrido concomitante ao aumento do bem estar das pessoas. Talvez, sejamos a sociedade mais deprimida e cansada de todos os tempos.

Os adoecimentos psíquicos de hoje com alta prevalência tais como depressão, burnout, TDAH são, na perspectiva do filósofo contemporâneo Byung-chull Han, efeitos de uma sociedade da positividade, que se alimenta do excesso de tudo que maximize o desempenho das pessoas:  superprodução, superdesempenho e supercomunicação. Essa sociedade, na visão do filósofo, consequencia em uma geração vítima de infartos psíquicos: esgotamento e depressão. E este mesmo sujeito, esgotado e deprimido, encontra-se em uma busca desesperada por liberdade, maximização do desempenho, prazer e felicidade (HAN, 2017).

 Os livros de autoajuda, talvez a apoteose da sociedade pós-moderna na busca pela felicidade, são repletos de conteúdos tais como: 10 passos para a felicidade, 7 hábitos de pessoas de sucesso, como influenciar pessoas, como ter uma mente milionária e como desenvolver liderança etc. Eles demonstram que a busca por soluções simplistas para os problemas complexos dos homens é bastante rentável e popular. Alguns autores chamam de regra dos 18 meses para explicar que a pessoa mais inclinada para comprar um livro de autoajuda é a mesma que 18 meses antes comprou um livro deste gênero que, obviamente, não solucionou seus problemas e não trouxe a desejada felicidade. Não há pesquisas, de rigor científico, que comprovem a eficácia desses conteúdos.

Paradoxalmente,  as tentativas de eliminar tudo o que é negativo, como os  fracassos, as incertezas, tristezas, sofrimentos e a ansiedade não só não resolvem o problema, como podem torná-los mais poderosos, gerando vidas sufocantes e sem sentido. O fracasso dessas tentativas é exemplificado pelo psicólogo Daniel Wegner (1994) e a teoria do processo irônico: nosso esforço para evitar e eliminar pensamentos  e comportamentos negativos os tornam predominantes. Não existe abordagem simples para a felicidade. A imersão no positivismo e otimismo não nos deixa mais felizes.

Sem o propósito de demonizar a busca por soluções práticas aos incômodos da vida (eventualmente, elas são bem-vindas e necessárias), a intenção é estimular a reflexão que essa busca excessiva da felicidade, centrada no culto ao otimismo e anulação do negativo, é contraproducente! Isto porque as estratégias utilizadas são baseadas em soluções simplistas e universais que não comportam os problemas humanos complexos. Contraditoriamente, podem produzir resultados indesejados, ou seja, pode gerar mais infelicidade e insatisfação. Adotar pensamentos positivos de sucesso e felicidade, livrar-se dos negativos, esquecer-se de fracassos e viver sob a lógica de “você atrai o que você pensa” ou sob o culto ao “evangelho” do otimismo parece não chegar à solução desejada.

O psicólogo Steve Hayes tem uma abordagem interessante para explicar como a fuga de situações emocionalmente difíceis pode ser uma armadilha e acabar aumentando o problema. A linguagem teria um papel protagonista nesse cenário, isto porque somos ensinados, desde criancinhas, a discriminar e nomear não apenas componentes externos do mundo objetivo, mas também pensamentos, memórias, sentimentos e sensações corporais, os denominados eventos privados (SKINNER, 2003) ou subjetivos.  Nossa cultura e sociedade nos ensina que a felicidade é cotidiana e almejada e a tristeza é ruim e deve ser evitada, e se nos sentirmos tristes é porque temos um problema que deve ser encontrado e eliminado (SABAN, 2015).

Por meio da aprendizagem, somos instruídos  a atribuir o status de causalidade à sentimentos e pensamentos para explicar porque estamos em um determinado estado ou porque fizemos o que fizemos. Hayes denominou de “silogismo lógico” o sistema em que esse processo ocorre, que funcionaria sob cinco aspectos de raciocínio. 1) Todo comportamento é causado; 2) razões são causas; 3) pensamentos e sentimentos são boas razões; 4) os pensamentos e os sentimentos são causas e, finalmente, 5) para controlar o resultado devemos controlar as suas causas. Logo, por associação, acabamos chegando ao resultado de para controlar o resultado devemos controlar os sentimentos e pensamentos. (HAYES, 1987). Assim, trazendo esse raciocínio para nosso tema específico, a felicidade (um efeito) seria produto (causa) de pensamentos e sentimentos positivos. Talvez o mercado dos livros de autoajuda e o evangelho do otimismo  e da motivação sejam fundamentados nessa perspectiva.

Mas esse caminho é cheio de armadilhas! Sentimentos e outros estados privados não são passíveis de controle direto. Um exercício bobo, porém didático, para ilustrar esse pressuposto: experimente não pensar, durante um minuto, em urso polar. Conseguiu? Eu imagino que não. Vamos tentar mais uma vez: agora imagine que você está conectado a um detector de mentiras de excelente precisão  e que pode captar qualquer reação de ansiedade sua. Então, você recebe a instrução de que você não pode de maneira alguma sentir ansiedade e, caso você sinta, levará um tiro na cabeça. Advinha o que você sentirá?

Hayes (1987) assinala que não precisamos mudar sentimentos e pensamentos para modificar outros comportamentos ou ter uma vida bem sucedida. O problema, na verdade, não seriam os pensamentos e sentimentos, mas nossa tentativas de controle e nossa fugas que visam eliminar vivências subjetivas aprendidas como “negativas” tal como a tristeza, o oposto da felicidade.

Quantas decisões tomamos na tentativa de eliminar incômodos, desconfortos, incertezas?  Vivências subjetivas estas que aprendemos serem negativas e contraditórias à felicidade. É claro que fugir de eventos difíceis e dolorosos (os aversivos!) têm um valor importante para nossa sobrevivência. No entanto, se dependermos de eliminar tudo o que é negativo para sermos felizes, jamais seremos. E negar esse “lado” da experiência humana pode resultar em alívio imediato (um reforço negativo), mas em longo prazo produz vidas de desespero, medo, ansiedade e, conforme bem colocou Sidman (1995, p. 231) “esmaga a engenhosidade e a produtividade, transforma a alegria em sofrimento, confiança em si em medo e amor em ódio.” As coisas dão errado, relacionamentos acabam, demissões acontecem e as pessoas morrem! A vida não é um laboratório! Uma porção de eventos são incontroláveis e nos esquivar de tudo que é ruim e tentar cultivar sempre pensamentos positivos não parece produzir os resultados que são vendidos por aí.

Viver plenamente, na abordagem do psicólogo Hayes, não significa não vivenciar sentimentos, pensamentos, sensações corporais e memórias, mas vivenciá-los como de fato são: sentimentos, pensamentos, sensações corporais e memórias que se transformam em um fluxo contínuo de experiências e contextos. Ou seja, seus pensamentos e sentimentos fazem parte de você, mas  não são você.

 Precisamos superar a ruminação e planejar saídas reais para o que nos paralisa, para o que nos torna infelizes. Aprendemos a primeiro nos sentir motivados e com vontade de agir para, então, agir, mas que sentido tem esperar se sentir como se estivesse fazendo algo ANTES de fazê-lo? Somos tão incrivelmente dinâmicos e versáteis e temos a capacidade de coexistir com a “vontade de não fazer” e, ainda assim, fazer, por exemplo.

Para além do que já foi discutido, não podemos deixar de lado a existência de uma “indústria da felicidade” que associa o consumo de bens à experiências felizes e produz lucros gigantescos para o capitalismo. A Coca-Cola indica: abra a felicidade! O Magazine Luiza chama: vem ser feliz! E o Baú da Felicidade está há 50 anos associando produtos e dinheiro à felicidade. Através da mídia, somos bombardeados de narrativas e imagens de pessoas alegres, sorridentes e esteticamente consistentes com o padrão cultural vigente e suas histórias de sucesso e  felicidade emparelhadas a roupas, calçados, celulares, cerveja, carros, status social etc. Em contrapartida, a “felicidade” gerada pelo consumo de bens parece não ter duração e profundidade em sua natureza. Ao que é possível perceber, é, na verdade, instantânea,  frágil e fugaz. Pegando emprestado o termo de Bauman sobre a sociedade pós-moderna, é possível compreender que esse tipo de felicidade (se é que podemos denominar assim) é, na verdade, líquida: ela escorre pelas mãos e não tem durabilidade. Citando a psicóloga Lauriane Santos em seu post em uma rede social: sapatos novos calçam pés, roupas novas vestem corpos. Nenhum deles traz felicidade… talvez tragam uma euforia pontual, a qual é dissolvida na próxima coleção primavera-verão.

Ser feliz é uma meta? Certamente, muitas pessoas responderiam que sim. Quando somos questionados sobre o que desejamos da vida é comum a resposta: ser feliz! Ou mesmo, ter dinheiro e ser bem sucedido, muitas vezes concebidos como sinônimos de felicidade.

Metas são objetivos a serem alcançados e são planejadas com tempo pré-definido para ser operada e gerar os resultados. Mas se a felicidade é uma meta, e metas têm prazos de validade, estaria a felicidade condicionada ao eterno cumprimento de metas? Eleger a felicidade como meta talvez não seja efetivo. O filósofo Han é categórico ao afirmar que  “o sentimento de ter alcançado uma meta definitiva jamais se instaura […] não é capaz de chegar à conclusão. A coação do desempenho o força a produzir mais. Assim, jamais alcança um ponto de repouso da gratificação” (2015, p. 85). Nos aniversários, nas festas de réveillon, nas mudanças e conquistas, desejar felicidade ao outro faz parte de uma prática verbal culturalmente estabelecida e mantida.  E aqui cabe mais uma reflexão: a felicidade parece estar sempre em algum lugar que não seja o presente; parece que habita não o agora, mas um futuro que custa chegar (ou nunca chega). Parece que as coisas que mais tememos e desejamos se encontram em um lugar não vivido: o futuro.

Essa é mais uma armadilha da felicidade. É óbvio que podemos (e devemos) planejar e prever situações futuras que nos gerem boas vivências subjetivas. O problema reside no fato de estarmos demasiadamente presos às expectativas de felicidade futura e nos resignarmos do único momento que nos pertence: o agora.

Outra “face” da felicidade é a segurança, que seria consequência de controle, previsibilidade e rigidez. No entanto, há um erro importante já explorado anteriormente: o controle é frágil e a busca desenfreada por segurança pode até nos deixar mais inseguros. A única constante da vida é sua impermanência! E se viver é estar em um constante fluxo de experiências, interações com outrem e com coisas, alternâncias entre perdas e ganhos, dor e gozo… se a vida é, em uma inerência, finita, talvez o que nos paralisa, o que nos entristece não seja essa “sentença”, mas a tentativa contraproducente de eliminá-la e de fugir dela. Mais uma vez reitero que a busca por segurança também tem um valor importante para a sobrevivência, a questão discutida são os excessos do controle de processo naturais da vida, mas que são aprendidos como negativos e acabam se tornando alvos de esquivas, como as tristezas e ansiedades.

E então, o que deixa as pessoas felizes? A famosa pesquisa de Harvard do Departamento de Desenvolvimento Humano,  respondeu ao questionamento sobre o que faz as pessoas felizes e saudáveis.  Por 75 anos, monitoraram 724 homens. Dois grupos: secundaristas de Harvard e garotos de um dos bairros mais pobres de Boston. A abordagem da pesquisa envolveu desde questionários e conversas com familiares, a exames de sangue e tomografia dos  cérebros. Não é a fama, a riqueza, ou trabalhar mais e mais, a mensagem mais clara é: bons relacionamentos nos mantém felizes e saudáveis.  Conexões sociais com a família, comunidade e amigos são importantes e a solidão mata. Não se trata da quantidade de pessoas próximas e não é casual estar em um relacionamento amoroso ou casado produzir, necessariamente, felicidade. O importante é a qualidade dos relacionamentos de proximidade que as pessoas nutrem (MINEO, 2017).

No leito de morte, é provável que seja difícil encontrar alguém que deseja ter passado mais tempo trabalhando, por exemplo. Em síntese, relacionamentos íntimos de qualidade são melhores preditores de felicidade e saúde do que genes, QI, status social e dinheiro (MINEO, 2017). É uma conclusão que vai ao encontros de sabedorias antigas e confronta o culto vigente da felicidade condicionada a consumo de bens.

“O dinheiro não traz felicidade!” Talvez Bill Gates e um morador de rua tenham visões diferentes ante essa afirmativa. A questão que fica é: tendo suas necessidades básicas contempladas,  o dinheiro traz felicidade? No Japão, uma das maiores potências  do mundo, é um país rico, mas infeliz. A “obsessão “ dos japoneses pelo desenvolvimento econômico pode ter sua raiz na necessidade de reerguer o país após destruição da Segunda Guerra Mundial. A questão é que o índice de suicídio e overworking (morte por excesso de trabalho, originalmente conhecido lá como “karoshi”) são assustadores e ascendentes. As pessoas estão morrendo de tanto trabalhar! (GORVETT, 2016)

Paralelamente, o pequeno país Butão concebe a felicidade como responsabilidade do governo, que tem o dever de dispor condições favoráveis a ela para sua população. Lá foi criado a Felicidade Interna Bruta (FIB) como indicador de desenvolvimento da nação, pautada em valores de colaboração, convivência com a comunidade, respeito a natureza, espiritualidade. É um modelo alvo de algumas críticas, no entanto, apresenta parâmetros na direção de sérias pesquisas sobre a felicidade como sendo uma consequência não do consumo de coisas, mas de relações de qualidade.

A Dinamarca, nação com alto padrão de vida e igualdade social, com educação gratuita até a faculdade e saúde universal para toda a vida é um dos países mais felizes do mundo. Para além disso, o que deixa realmente os dinamarqueses felizes, de acordo com o economista Cristian Bjonrskov, é o alto nível de confiança que as pessoas têm entre si e nas instituições (PREVIDELLI, 2014).

Por fim, este texto não tem a pretensão de esgotar as discussões sobre a felicidade nos tempos atuais e outras perspectivas, não abordadas aqui, podem dialogar e até mesmo apresentar posicionamentos contrários ao que foi exposto. O diálogo é bem vindo e deve acontecer. Mas por ora, é isto! E para finalizar, gostaria de levar o leitor a uma última reflexão: imagine a felicidade de algo muito bom te acontecer, como realizar um grande sonho…

Ainda terá sentido se você não tiver alguém importante para compartilhar?

Happiness only real when shared (Into the wild, 2008)

REFERÊNCIAS: 

GORVETT, Z. ‘Morrer de tanto trabalhar’ gera debate e onda de indenizações no Japão. BBC News, 2016. Disponível em:<https://www.bbc.com/portuguese/vert-cap-37463801>. Acesso em 01 dez. 2016.

HAN, B. Sociedade do Cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017.

HAYES. S. C. A Contextual approach to therapeutic change. In N. Jacobson (Ed.) Psychotherapists in clinical practice: Cognitive and Behavioral Perspectives. New York: Guilford, 1987, p. 327-387. Tradução experimental Adriana C. B. Barcelos; Verônica Bender Haydu. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo-estudo/analisedocomportamento/pages/arquivos/Hayes_%20Texto%20ACT.pdf>. Acesso em 20 mar. 2017.

MINEO, L. Goog genes are nice, but joy is better. The Harvard Gazette. Health & Medicine. 2017. Disponível em:<https://bsc.harvard.edu/links/good-genes-are-nice-joy-better>

SABAN, M. T. Introdução à Terapia de Aceitação e Compromisso. Belo Horizonte: Artesã. 2015.

SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

SIDMAN, Murray. Coerção e suas Implicações. Campinas: Psy. 1995.

PREVIDELLI, A. O que torna a Dinamarca o país mais feliz do mundo. Abril, 2014. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/mundo/o-que-torna-a-dinamarca-o-pais-mais-feliz-do-mundo/>. Acesso 01 dez. 2018.

WEGNER,  .D. M. Ironic processes of mental control. Psychol Rev. 1994 Jan;101(1):34-52. Disponível em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8121959>. Acesso em 02 dez. 2018.

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A sua saúde mental pode ser monitorada?

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Os smartphones tornaram-se universalmente poderosos a ponto de caracterizem-se como sensores humanos. As câmeras funcionam como os olhos que apontam para todos os lugares, que tudo veem e registram e os fones são a voz e ambos ajudam na imersão ao mundo virtual. Com isso é possível identificar onde as pessoas estão, o que fazem e, às vezes, o que planejam.

Ir ao médico é uma atividade, para muitas pessoas, simples. No entanto, existem pessoas que por medo, pavor, bloqueio entre outros diversos fatores não conseguem ir a um consultório médico. Nos EUA, enfermeiros podem ver a vida de alguns pacientes com diabetes, mesmo quando eles não estão na clínica.

Esta nova maneira de manter o monitoramento sobre pacientes é um dos vários estudos de um aplicativo chamado Ginger.io. Uma vez instalado, a aplicação registra silenciosamente dados sobre um paciente e ajuda em diagnósticos simples[1]. Quando um paciente está deprimido, por exemplo, o seu padrão de comportamento muda, afetando a sua vida social. O Ginger.io identifica a mudança atraves de troca de mensagens e ligações. Ele usa o acelerômetro do smartphone e posicionamento global para medir onde, como e quando você se move [4].

App Ginger.io Fonte: ginger.io

Um dos hospitais que está testando Ginger.io é o Novant Health na Carolina do Norte nos Estados Unidos (EUA), que opera o Forsyth Medical Center e outros 13 centros médicos. Matthew Gymer, diretor de inovação da Novant, diz que seu grupo se aproximou da Ginger.io por causa do relatório de negócios[1].

O app está disponível para Android e iOS, e pode ser baixado por qualquer usuário nos EUA, no entanto só é possível ser ativado por membros vinculados ao hospital. O cadastro é realizado após a assinatura de um termo de compromisso, responsabilidade e confidencialidade.

Captura de tela do novo aplicativo do Ginger.io que conecta treinadores aos pacientes diretamente. Fonte: ginger.io

“Na minha empresa Ginger.io, temos sido capazes de rastrear meio milhão de pessoas com ansiedade e depressão, e reunimos mais de 600 milhões de horas de dados em muitas dimensões comportamentais” [2], é o que diz o Anmol Madan Co-Fundador e CTO do Ginger.io e complementa: “é um conjunto de dados tão grande e rico que permite usar o aprendizado de máquina para detectar padrões complexos de comportamentos que predizem quando um usuário pode precisar de ajuda” [2].

O Ginger.io oferece apoio emocional, ou seja, a qualquer momento o paciente pode solicitar um profissional da saúde disponível para conversa e ter retorno em menos de 60 segundos. Os pacientes são coordenados por médicos, treinadores, psicólogos, terapeutas e psiquiatras de alta qualidade. Todos disponíveis para vídeo chamada.

Os dados registrados pelo aplicativo são úteis para o automonitoramento e também para os diagnósticos dos médicos, visto que eles sinalizam ao usuário (e às pessoas cadastradas pelo usuário, como parentes e amigos) o que pode estar acontecendo e faz recomendações para que a pessoa altere esse comportamento irregular. Esse trabalho, às vezes chamado de “mineração da realidade”, mostrou que as mudanças em como as pessoas usam seus telefones ou onde elas vão pode refletir o início de um resfriado, ansiedade ou estresse [1].

Ambientes de monitoramento e coleta de dados do paciente. Fonte: ginger.io

A informação personalizada é, sem dúvidas, atualmente, um dos principais objetivos do mercado tecnológico. Ou seja, o objetivo é entender como é o comportamento do Francisco e tratá-lo como Francisco. Mas, até que ponto a privacidade do paciente é comprometida?

Aplicativos com essa função geram bastante polêmica. Invasão de privacidade, interferência da tecnologia nas relações sociais e o autodiagnóstico são os pontos mais questionados pelos críticos. A ciência lida com a vida humana e quando se trata de medicina é normal que um novo recurso seja bem criticado [3]. O Ginger.io é um dos apps que representa o que pode esperar dos avanços tecnológicos para o futuro.

Mas ficam os questionamentos: você se submeteria a tal tratamento? Aceitaria um ente próximo se sujeitar a tal monitoramento? Seria, esse método, uma forma de invasão de privacidade? Até que ponto é possível acessar as informações pessoais? Até que ponto abriríamos mão da nossa intimidade?

Os benefícios da utilização da tecnologia para o bem-estar de pacientes e da população em geral são incríveis e bem explorados pela mídia. No entanto, é fundamental que a segurança esteja sempre em primeiro lugar durante todo o controle dos sistemas. Desde os sensores, os envolvidos na manipulação dos dados até o processamento, pois ela é fundamental para a qualidade de vida dos atendidos.

Referências

[1] SIMONITE, Tom. BIG DATA GETS PERSONAL: SMARTPHONE TRACKER GIVES DOCTORS REMOTE VIEWING POWERS. 2016. Disponível em: <http://www.datascienceassn.org/sites/default/files/Big%20Data%20Gets%20Personal.pdf>. Acesso em: 19 out. 2018.

[2] MADAN, Anmol. ANMOL MADAN – MOONSHOTS. 2018. Disponível em: <https://www.anmolmadan.com/>. Acesso em: 14 out. 2018.

[3] MALTA, Pedro Henrique. GINGER.IO: O APP QUE MONITORA SUA SAÚDE MENTAL. 2017. Disponível em: <https://www.agenciabamboo.com.br/gingerio-o-app-que-monitora-sua-saude-mental/>. Acesso em: 02 out. 2018.

[4] KNIBBS, Kate. VOCÊ DEIXARIA UM APP MONITORAR A SUA SAÚDE MENTAL?. 2014. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/gingerio-app-saude-mental/>. Acesso em: 14 out. 2018.

Nota: Texto produzido na disciplina Gestão Tecnológica II, professora Parcilene Fernandes de Brito.

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Último Romance: análise funcional

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Los Hermanos foi uma banda de rock alternativo criada em 1997 formada por jovens universitários do Rio de Janeiro. A composição era a seguinte: Bruno Medina, no teclado (estudante de Publicidade); Rodrigo Amarante, nos vocais, guitarra e percussão; Marcelo Camelo, vocais e guitarra (estudante de Jornalismo) e por Rodrigo Barba, na bateria (estudante de Psicologia).

A música “Último Romance”, com duração de 4:25 min, alvo da análise realizada – feita em tópicos –, tem como autor Rodrigo Amarante e está presente no álbum “Ventura”, lançado em 07 (sete) de maio de 2003. É importante destacar que a abordagem basilar do trabalho consiste na Análise Experimental do Comportamento (AEC), desenvolvida principalmente por Burrhus Frederic Skinner (1904-1990).

Eu encontrei-a quando não quis mais procurar o meu amor

O autor afirma que quando diminuiu a frequência da emissão do comportamento de procurar seu amor, o encontrou – o que para ele é um estímulo apetitivo/reforçador. Podemos inferir que ele se comportou dessa forma por várias vezes, e, após sucessivas punições positivas e negativas, respectivamente (exemplo: quando o homem convida uma mulher para um encontro e ela recusa; o homem começa a se relacionar e a mulher exige que o homem pare de jogar futebol – aqui, jogar é reforçador), diminuiu a frequência desse operante.

Fonte: http://zip.net/bdtKtk

E quanto levou foi pr’eu merecer / Antes um mês e eu já não sei…

O tempo decorrido entre a adequação do comportamento ao ambiente, de modo a obter consequências de cunho reforçadoras foi o suficiente para o organismo desenvolver maior repertório comportamental, de modo a pensar ser merecedor, ou seja, ter comportamento suficiente para responder de forma adequada aos estímulos ambientais acrescentados pelo outro na relação interpessoal/amorosa. O indivíduo está tão contente por causa desse contexto/ambiente apresentado que começa a repensar se de fato já teve a série de experiências necessárias para o enfrentamento dessa nova relação, se conseguirá se comportar da forma melhor adaptada possível.

E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei

O evento de encontrar a amada se mostrou tão reforçador para o indivíduo, que o mesmo generaliza a resposta. Noutras palavras, diante de ambientes diferentes (a fila do pão) ele continua se comportando da forma que se comporta quando está na presença da amada, demonstrando contentamento.

Fonte: http://zip.net/bmtJQz

E ninguém dirá que é tarde demais / Que é tão diferente assim / Do nosso amor a gente é quem sabe, pequena…

E é claro que as pessoas que fazem parte do meio social comum ao casal se comunicarão de forma verbal, seja com o comportamento de verbalizar que demorou muito para o homem da canção se relacionar com alguém, o que pode ser diferente – se para aquele ambiente for comum relacionamentos em faixas etárias menores, ou com outro tipo de funcionamento.

Fonte: http://zip.net/bqtKWw

Ah vai, me diz o que é o sufoco / Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar / E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola

Se a situação que a vida apresenta é apetitiva ou aversiva, não importa. Desde que o homem esteja compartilhando o ambiente que está com sua amada.

Eu te encontrei e quis duvidar, tanto clichê deve não ser / Você me falou pr’eu não me preocupar / Ter fé e ver coragem no amor!

A fala da amada (que compartilha da mesma comunidade verbal que ele) de que ele não precisava se preocupar com a possibilidade de término ou algo do tipo trouxe como consequência a sensação de segurança.

Fonte: http://zip.net/bytKrR

E só de te ver eu penso em trocar a minha TV / Num jeito de te levar a qualquer lugar que você queira / E ir onde o vento for / Que pra nós dois sair de casa já é se aventurar

Experiências corriqueiras (como sair de casa) apresentam reforço natural e arbitrário. Reforço natural no sentido de se livrar da possível sensação de tédio (exemplo de reforço negativo do tipo esquiva) e reforço arbitrário por estar com a amada (se for levado em consideração o potencial reforçador que a presença da amada traz por si só).

Me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar / E se o tempo for te levar eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar

Como na explanação supracitada, o ambiente que importa para o homem é estar diante da amada, já que a mesma se mostra um estímulo apetitivo para ele.

 

Referências:

http://g1.globo.com/platb/los-hermanos-15-anos/

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O hiperconsumo e o mal-estar contemporâneo

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O relato a seguir refere-se ao Psicologia em Debate realizado no CEULP/ULBRA, sala 203, às 17 horas do dia 26 de abril de 2017. O tema “O impacto do hiperconsumismo na autopercepção” foi apresentado pela acadêmica de Psicologia, Iule Landinho, a partir da obra “Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria”, de Zygmunt Bauman (2008).

Fonte: http://zip.net/bltHRs

 

Conforme a indicação do título do livro, a exposição feita pela acadêmica voltou-se ao consumo excessivo na sociedade. Iule discorreu acerca da modificação da sociedade no que tange à liberdade versus segurança. Para melhor compreender tal colocação, busquei fontes relacionadas à obra de Bauman. A liberdade, pois, é preferível atualmente em detrimento da segurança, uma vez que, no passado, esta última implicava em tempo para construção de um patrimônio – sendo este a salvaguarda futura. Aquela primeira, no entanto, compactua com a proposta da sociedade consumista: estar sempre em movimento, consumir cada vez mais e viver em um “eterno” presente.

Além disso, a acadêmica pontuou quanto ao sofrimento atual que advém da abundância de possibilidades de escolha. Para estar sempre em movimento, a sociedade consumista provê infinitas alternativas, posto que se deve consumir com rapidez e tão logo substituir-se aquilo que se tornou ultrapassado. Por último, destaca-se o status, o pertencimento conferido pelo consumo. Não consumir é quase como não existir.

“Eu quero todas as coisas”.
 Fonte: http://zip.net/bhtJtN

 

As considerações advindas da obra de Bauman são sobremodo relevantes. Durante o debate lembrava-me de outra obra do autor, “A vida fragmentada: ensaios sobre a moral pós-moderna” (2007), que havia lido um pouco antes do evento. Ponderando acerca de todos os pontos debatidos, ascenderam-se minhas inquietações quanto à sociedade atual (e àquela que há de vir!).

É desesperador viver num contexto onde o “ter” determina o “ser” e as mídias sociais, enquanto itens de consumo, aceleradamente tomam o lugar de relações pessoais próximas – e estas, quando aparentemente “próximas”, são apenas episódicas e superficiais, não deixando, portanto, nenhuma consequência no que tange à reciprocidade (BAUMAN, 2007). Igualmente desconcertante é a lógica do rápido consumo e substituição de mercadorias se aplicar às pessoas e relações, afinal, há milhares de possibilidades. Uma pessoa/relação obsoleta pode logo ser descartada e substituída, mantendo o movimento consumista.

Fonte: http://zip.net/bktJwd

 

Considero importantes as reflexões acerca das dinâmicas atuais da nossa sociedade. Seria desejável que todos refletissem e se mobilizassem acerca de tais fatos para modificá-los. É certo que é quase impossível não estar envolvido em alguma forma de consumo. Porém, como expresso em minhas inquietações, anseio por algum nível de libertação das pessoas no que se refere às imposições da sociedade hiperconsumista. Talvez eu deseje algo utópico (“sonhe, Alice”…). No entanto, como afirma Gonzaguinha, “eu fico com a pureza da resposta das crianças…”.

Acredito na valorização do “ser” sem a imprescindibilidade do “ter”, bem como na construção de um patrimônio “pessoal” (conjunto de pessoas); ou seja, que se possa construir relações realmente próximas, recíprocas, onde seja possível encontrar segurança. Que os infinitos bens de consumo não sejam supervalorizados, tampouco utilizados para ocupar um lugar que, entendo, sempre será de pessoas, de contatos!

REFERÊNCIA:

BAUMAN, Zygmunt – A vida fragmentada : ensaios sobre a moral pós-moderna. Lisboa : Relógio d’Água, 2007. 311 p. ISBN 9789727089321

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