O equilíbrio entre razão e emoção está na capacidade de reconhecer e avaliar os sentimentos

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A busca pela inteligência emocional tem tido novos adeptos; cansadas de terem o emocional como uma pedra de tropeço, em suas relações interpessoais, as pessoas têm procurado ajuda, para vencer este tipo de barreira, que se torna um conflito eterno. E para quem ainda não conhece sobre o assunto, a inteligência emocional é a capacidade do indivíduo em lidar com suas emoções diariamente. Goleman, Macke e Boyatzis (2018), explicam que a inteligência emocional pode ser entendida como “ser inteligente em suas emoções”. Ou seja, é preciso ter o controle de suas emoções para o desenvolvimento emocional saudável e colaborativo.

Os autores supracitados apontam que a inteligência emocional deveria ser cultivada na fase da infância, não somente dentro de casa, mas também nas escolas. “A educação deveria também incluir habilidades de inteligência emocional que incentivam a ressonância”. Para ele, quanto mais pessoas buscarem habilidades emocionais, maior será o ganho social, ou seja, uma haverá uma diminuição dos males sociais, e como consequência a redução da violência e do consumo de drogas. “As comunidades seriam beneficiadas por níveis mais altos de tolerância, bondade e responsabilidade pessoal.” Goleman, Macke e Boyatzis (2002).

Mayer e Salovey (1997) definem a inteligência emocional como a capacidade de perceber e avaliar, bem como gerar emoções facilitadoras de pensamentos, que possibilitam o seu controle para o desenvolvimento emocional e intelectual. Clareza emocional, conhecimento emocional e percepções das emoções são algumas das características que o indivíduo com inteligência emocional detém. (Mayer e Salovey, 1990).  Para os pesquisadores, as pessoas emocionalmente inteligentes escolhem melhor o caminho de suas ações quando inseridas em encontros sociais, justamente por saberem guiarem suas emoções. “Saber gerenciar as emoções pode ajudar as pessoas a nutrirem afetos positivos, e enfrentar o estresse.” (Mayer e Salovey, 1997)

Fonte: encurtador.com.br/eqA26

Goleman (2011) aponta que a inteligência emocional está relacionada com o autodomínio de suas emoções, e enfatiza que as pessoas quando bem humoradas possuem uma capacidade de reposta mais inteligente, por usarem uma parte do cérebro que auxilia nas boas tomadas de decisões.  Esse ponto de vista é fácil de observar, já que são nos momentos de estresse e nervosismo, que muitas decisões são tomadas de forma errônea, justamente pelo fato do indivíduo usar o calor do momento, ou seja as emoções afloradas de uma forma negativa. Por isso, ele enfatiza o estado do bom humor para estimular decisões assertivas. 

Por estar presente a maior parte do tempo na vida das pessoas, o trabalho ocupa um espaço significativo na existência de cada um, e por ser fonte de sustento, a atividade profissional precisa ser levada em consideração, para se tornar um momento prazeroso, apesar do estresse do cotidiano, que é inevitável. Nesse sentido, que Goleman (1999) aponta que além do conhecimento especializado, é imprescindível utilizar ferramentas que promovam a inteligência emocional, de uma forma, eficaz para obtenção do sucesso esperado, não somente em metas, mas também englobando o bem-estar interpessoal. 

Em sua obra Trabalhando com a Inteligência Emocional, Goleman (1999) narra que um executivo o contatou para que tivesse um atendimento de relacionamento à sua empresa, após conversa com o empresário, Goleman detectou que a feição ranzinza do empreendedor desmotivava os funcionários a darem resultados positivos, na empresa.  Ou seja, a mensagem que o empresário transmitia era de insatisfação com seus funcionários, fora que não havia um canal de comunicação saudável.  Ou seja, para ter bons resultados a transformação precisa começar, em quem deseja a mudança. Uma simples mudança, mudou toda a rotina da empresa, bem como melhorou a forma de tratamento. 

Fonte: encurtador.com.br/psAKR

Entre as características de um profissional de sucesso, Goleman (1999) destacou que a empatia é primordial, e por isso precisa ser trabalhada constantemente. Segundo ele, a inteligência emocional detém 12 características que são: autoconsciência emocional, autocontrole emocional, adaptabilidade, orientação ao sucesso, empatia, como mencionado, consciência organizacional, influência, orientação e tutoria, gestão de conflitos, trabalho em equipe e liderança inspiradora.  Espero que tenha se identificado com várias dessas habilidades.

Caso não tenha se identificado, não se desespere. Procure uma ajuda profissional que irá auxiliar no desenvolvimento da inteligência emocional, não somente no mercado de trabalho, mas para todas as áreas, que merecem atenção. Conforme Mayer e Caruso (2002), as pessoas com alto nível de inteligência emocional são capazes de terem relacionamentos, de uma forma mais profunda, bem como constituir uma rede social mais segura, além de desenvolver uma liderança mais coesa. 

Referências

Goleman, D; Macke, A e Boyatzis, R (2018). O poder da inteligência emocional. Como liderar com sensibilidade e eficiência. Tradução Berilo Vargas. Pág. 1 a 17. Disponível em < https://statics-shoptime.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/133620801.pdf >. Acesso 14, de out, de 2021.

Mayer, JD. & Caruso D. 2002. The effective Leader: Understanding and applying emotional intelligence.

Mayer, J. D. & Salovey, P. 1997. What is emotional intelligence? Em P. Salovey & D. J. Sluyter (Orgs.), Emotional development and emotional intelligence: Implications for Educators

Goleman, D. O Cérebro e a Inteligência Emocional Novas perspectivas. (2011).

Salovey, P. & Mayer, J. D. 1990. Emotional intelligence. Imagination, Cognition and Personality.

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Lidando com pessoas destrutivas

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Viver em sociedade é uma tarefa árdua, cada pessoa busca a satisfação de seus próprios interesses, poucos pensam em uma coletividade social. Tal situação é visivelmente percebida quando se faz uma análise no sistema de leis e normas que existem para o convívio social.

Normas que cuidam tanto de uma esfera penal, pautada em ações criminosas, quanto no âmbito civil, mais direcionada às relações comuns e o cumprimento das normas civis é o fator crucial para uma boa relação em comunidade.

Mas, como lidar com aquilo que não é, legalmente falando, uma conduta “dolosa” que viola o direito de outrem?

Como pessoas sociáveis, sempre buscamos estar em coletividade, mas no coletivo há diversas personalidades, traumas, condições extremas de pessoas que são comumente chamadas de pessoas tóxicas.

Fonte: encurtador.com.br/hyBDW

Dentro desse grupo de “más companhias”, há aquelas que são consideradas como um abismo emocional, ou, até mesmo, como buracos negros emocionais, ou seja, são indivíduos que possuem um vazio descomunal dentro de si e buscam – não intencionalmente – sugar todo e qualquer resquício de “sanidade” das pessoas próximas.

Essas pessoas são como parasitas, instalam-se em nossas vidas como simbiontes, se apresentando inicialmente como pessoas solicitas, amigáveis, amáveis etc., e vão mostrando suas “garras” com o passar do tempo.

Tal condição é tão presente na sociedade que já foi romantizado em grandes sucessos da música brasileira, como em Segredos – Frejat, onde é dito “e eu vou tratá-la bem pra que ela não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos”. Pessoas tóxicas estão presentes em todos os ambientes e, muitas vezes, elas sequer percebem que causam mal para os que compartilham o mesmo ambiente que eles.

As principais dúvidas que surgem sobre esta questão são: como identificar essas pessoas; como se distanciar destas pessoas; e, como descobrir se é este tipo de pessoa?

Fonte: encurtador.com.br/BH389

É importante frisar que o auxílio de um profissional da psicologia será sempre essencial para a identificação e tratamento destes casos.

Pessoas com este comportamento negativo possuem características um tanto quanto “eugênicas” em suas personalidades, o modus operandi destes indivíduos possuem padrões, em sua maioria são manipuladores que se fazem de vítimas psicológicas para conseguir aquilo que deseja, ou até mesmo um narcisista egocêntrico que usa as pessoas e suas emoções para satisfazer seus desejos pessoais.

Além dos manipuladores, existem aqueles que são psicologicamente instáveis, seja por traumas, viciados quimicamente em bebidas ou entorpecentes nocivos a saúde física e mental, estas pessoas também são consideradas como indivíduos com um buraco negro emocional que infecta àqueles ao seu redor com o negativismo de suas personalidades.

Se distanciar destes indivíduos não é uma tarefa fácil, tendo em vista que normalmente elas se instalam no ciclo mais íntimo das pessoas, instalam na psiquê do “hospedeiro” uma imagem de que são essenciais para suas vidas ou até mesmo de que, caso se desvinculem, não irão conseguir sobreviver muito tempo.

Fonte: encurtador.com.br/jlACR

Por isso, é necessário um desenvolvimento extraordinário da inteligência emocional, para conseguir enfrentar essas pessoas. A coisa se torna ainda mais complexa quando a pessoa tóxica é um familiar, o provedor do lar, os genitores, irmãos, cônjuges, aqueles que, dada as circunstâncias não se desvinculam facilmente, como lidar?

Sempre é importante frisar que nenhuma decisão precipitada deve ser tomada, principalmente aquelas irreversíveis, vez que não contribuirão em nada na melhoria ou resolução dos problemas, traria tão somente um agravo nas relações e mais poder para o indivíduo tóxico que possui alguma vantagem sobre a “vítima”.

A pessoa quando percebe que se encontra em um ambiente tóxico, se sente sufocada, em alguns casos similar a um cárcere privado, sem saída, sem escolhas, sem vontades. Mas com o tempo ela conseguirá perceber que possui o poder de escolha entre se manter naquele ambiente ou se retirar e buscar a resiliência de sua mente. Porém, caso seja impossível se excluir do convívio social/familiar/profissional que essas pessoas, a “vítima” deve buscar um aprimoramento de sua mente para não permitir que a negatividade do outro lhe afete, até porque o mal está no outro, não em si.

Por último, como identificar que o causador de todo o mal-estar ao seu redor é causado por você e não por terceiros? Uma situação indesejada que é muito comum quando se faz uma análise mais profunda sobre o tema pois, caso não seja o agente causador, mesmo que inconscientemente, você estará permitindo que alguém controle e manipule seu estado mental.

Neste cenário, o indivíduo deve realizar uma análise de cada aspecto de sua vida pessoal/profissional e verificar se são suas atitudes que lhe infligem agonia e dor psíquica.

Compreendida sua toxicidade como indivíduo, deve ser buscado imediatamente a ajuda profissional para tratar os maus traços de sua personalidade, não para agradar os outros, mas para buscar uma versão melhor de si mesmo.

Fonte: encurtador.com.br/fqACD
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Sacrifício e resiliência – (En)Cena entrevista a médica Susana Silva

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“Acho que só outra mulher conseguiria entender o sofrimento de uma mulher que está na linha de frente contra o COVID, é o medo de perder a família medo de contaminar a família, e se identificar com os pacientes, com as famílias dos pacientes e de se esquecer toda a vaidade de ser mulher para garantir a segurança de não transmitir a doença”
Susana Bernardes da Silva

Como podemos pensar a saúde mental das mulheres que lideram a linha de frente contra a COVID 19? O Portal (En)Cena conversa com a médica Susana Bernardes da Silva, chefe da UTI COVID da Unimed de Palmas-TO, para entender sua perspectiva acerca dos desafios de ser mulher, no Brasil da pandemia.

Susana Bernardes da Silva – Foto: arquivo pessoal

A entrevistada apresenta os sacrifícios diários do bem-estar e da vaidade como parte da dura rotina na linha de frente do combate ao coronavírus. Além disso, retoma as dificuldades enfrentadas usualmente pelas mulheres para serem reconhecidas como sujeitos capazes pela família e pela sociedade. Por fim, a médica destaca como soluções para as mulheres no pós-pandemia: a importância de ter foco e de manter a capacidade de crescer; apesar das inegáveis marcas que o sofrimento psíquico causado pela atual situação de calamidade deixará em profissionais da linha de frente, pacientes e cuidadoras.

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala de: mulher, médica, profissional da linha de frente na luta contra a COVID 19, líder de equipe e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Dra Susana Bernardes da Silva – O que é ser mulher durante essa pandemia? Para mim, ser mulher sempre foi se desafiar, sempre foi tentar vencer uma luta todos os dias. Então nessa pandemia me sinto exercendo com mais vigor e com mais força aquilo que sempre vivenciei. Se desafiar a encontrar um lugar melhor para si e para todos que te cercam, mostrar para si e para os outros que você é capaz. Capaz de unir forças para vencer a dor, o medo, o pavor e cuidar e recuperar a vida das pessoas.

 (En)Cena – Na sua opinião, como podemos compreender o sofrimento emocional das mulheres que estão na linha de frente da luta conta a pandemia no Brasil?

Dra Susana Bernardes da Silva – Acho que só outra mulher conseguiria entender o sofrimento de uma mulher que está na linha de frente contra o COVID. Em resumo: é o medo! Medo de perder a família, medo de contaminar a família. É se identificar com os pacientes, com as famílias dos pacientes e se esquecer de toda a vaidade de ser mulher para garantir a segurança de não transmitir a doença. Eu tendo que tomar vários banhos por dia e lavar o cabelo duas ou três vezes ao dia, não posso usar maquiagem ou joias e preciso manter o uso de várias roupas que dificultam ir ao banheiro. É também anular a vaidade e até seu bem-estar para garantir a segurança de quem você ama. Sacrifícios que as mulheres são mais acostumadas a suportar.

Fonte: encurtador.com.br/prBPY

(En)Cena – Quais são os maiores desafios e quais são os maiores aprendizados da sua experiência como médica coordenadora da uti da Unimed-Palmas durante a pandemia?    

Dra Susana Bernardes da Silva – Acredito que o maior desafio e aprendizado nesta pandemia é a resiliência, é como se Deus estivesse testando nossa capacidade de resistir, enviando em forma de ondas de mortes o recado para continuarmos focados em ficarmos mais voltados para nossas próprias famílias. No entanto, nós da saúde precisamos nos dividir entre cuidar das nossas e das outras famílias.

Fonte: encurtador.com.br/acjJP

(En)Cena – Segundo seu conhecimento profissional, como a experiência da COVID pode afetar a saúde mental das mulheres enquanto pacientes? E enquanto cuidadoras?

Dra Susana Bernardes da Silva – Acho que todos ficaremos afetados pelo terror e pavor de estar muito próximos da morte. As pacientes que cuidamos na UTI, acredito que passam por uma sensação de ter renascido e uma eterna gratidão, muitos terão crises de ansiedade. As cuidadoras também sofrem com ansiedade por exaustão, tanto física como mental.

Fonte: encurtador.com.br/kuDNY

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Dra Susana Bernardes da Silva – O caminho para as mulheres pós pandemia é manter a capacidade de crescer e manter o foco, mesmo em momentos de extrema adversidade. Não creio que seja algo novo para as mulheres. Como disse no início, sempre vivemos em adversidades e crescemos cada vez mais, dentro da sociedade e da família.

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