#CAOS2018: Cibercultura e a teoria do apego é tema do Psicologia em Debate

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O Psicologia em Debate Especial é parte da programação do CAOS. 

A acadêmica do 9° período, do curso de psicologia, Evelly Silva, apresentou nessa noite de terça-feira, 22 de Maio de 2018, o Psicologia em Debate “Angústias contemporâneas em Black Mirror”, com o tema “Volto já: cibercultura e a teoria do apego”. O intuito da estudante foi relacionar a série, em especial, 1° episódio da segunda temporada, com conteúdo ligados a psicologia.

No primeiro momento, a estudante introduz a temática do episódio, que basicamente, envolve um casal de namorados que decidem se mudar para o interior, mas, um dia após a mudança, Ash se envolve em um acidente que acaba sendo fatal. Logo, Martha se ver frente a um processo de luto e acaba entrando em um serviço que ajuda pessoas a passar por esse processo de luto, desta maneira um “Ash” virtual é criado. A ligação que a acadêmica faz com a psicologia envolve a teoria do desenvolvimento infantil e as influencias desse processo em possíveis comportamentos, criada por John Bowlby e Mary Ainsworth.

Evelly Silva falando sobre o episódio Volto Já. Foto: Isaura Rossatto

A segunda perspectiva está relacionada com a cibercultura, basicamente, os relacionamentos estão voltados para a interação virtual, inclinados para o âmbito dos meios de comunicação. Cintando alguns comportamentos que Ash tinha antes de morrer, a acadêmica explicitou o quanto isso se torna algo recorrente na vida dele. O sentimento exposto de maneira perfeita, compartilhando somente aspectos positivos, fez com que ele não tivesse contato com o verdadeiro conteúdo do momento.

A apresentação foi baseada no texto que a acadêmica escreveu para o portal (En)cena, partindo da proposta de relacionar os desafios tecnológicos que a série trás com os mais variados assuntos dentro do campo psicológico e social. O texto pode ser lido na integra no EnCena, link http://encenasaudemental.com/post-destaque/volto-ja-cibercultura-e-a-teoria-do-apego/

Mais informações podem ser obtidas no site do evento: http://ulbra-to.br/caos/edicoes/2018#programacao

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#CAOS2018: Questões éticas em atendimento psicoterapêutico online é tema de minicurso

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O minicurso é parte da programação do CAOS 2018 que acontece no Ceulp até o dia 25 de maio.

No dia 22 de Maio de 2018, ocorreu na sala 222, do Ceulp/Ulbra o minicurso “Questões éticas em atendimento psicoterapêutico online”, ministrado pela psicóloga clínica e presidente da COF (Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP23) Keila Barros Moreira e pela psicóloga clínica, atuante na gerencia de Saúde Mental da Secretaria de Saúde e presidente da COE (Comissão de orientação e Ética do CRP23) Rayana Rodrigues Lira. De maneira conjunta as palestrantes tiraram dúvidas sobre o atendimento terapêutico online.

Foto: Alessandra Soares Araújo

Inicialmente, foi falado a importância do engajamento do profissional de psicologia juntamente com o CRP de sua região para juntos, realizarem um trabalho integro. A partir disso, iniciou-se a discussão sobre as resoluções N° 11/2012 e N°11/2018 assinalando suas modificações frente as mudanças tecnológicas.

Segundo Rayana, tendo informações com base na resolução N°11/2018, publicada no dia 11 de maio de 2018, um dos principais benefícios estará voltado para a liberdade de cada Conselho Regional discutir as demandas com base nas necessidades de sua própria localidade, considerando o contexto profissional. Cada Conselho Regional terá o prazo de até 180 dias, contando a partir da publicação da resolução N°11/2018, para elaborar sua própria resolução e mandar para o Conselho Federal para ser aprovada.

Mais informações podem ser obtidas no site do evento

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Mill e a ideia de individualidade

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John Stuart Mill nasceu em Londres, e é filho de James Mill, um filósofo e historiador indiano, considerado, juntamente de Jeremy Bentham, um dos fundadores do utilitarismo. Mill, desde a infância, era influenciado pelos projetos educacionais do pai, que, com o auxílio de Jeremy Bentham, colocou em prática um rígido plano pedagógico com a intenção de garantir o sucesso intelectual do filho. Aos três anos, então, Mill iniciou suas leituras do grego. Mais tarde, aprendeu latim e logo após já havia entrado em contato com muitas obras do pensamento clássico. Nos anos seguintes, se dedicou ao estudo da história, psicologia, filosofia e lógica. (CLUBE ON LIBERTY, 2012).
Segundo Dos Santos (2013), aos 11 anos, Mill ajudou seu pai na revisão de uma obra importante sobre a Índia, e aos 13, iniciou estudos em economia. Apesar de nunca ter frequentado uma universidade, Mill já tinha uma capacidade intelectual muito presente desde a infância. (CLUBE ON LIBERTY, 2012). Em 1823, conseguiu um emprego na East India Company. Em 1826, entrou em uma profunda depressão, e atribuiu isso ao fato de ter recebido uma educação rígida. (ARCOS).

Em 1830, conhece Harriet Taylor, o amor de sua vida. Sendo ela casada, Mill nutria um amor platônico. Entretanto, os dois desenvolveram uma amizade muito forte e sólida. Após 25 anos, estando Harriet Taylor viúva, casam-se. Quando ela morre, Mill fica bastante abalado, pois foi nítida a importância e a influência da mulher na vida do filósofo. (ARCOS).

Mill ganhou popularidade como escritor político. E, com isso, foi eleito representante por Westminster para o Parlamento. Entretanto, teve uma carreira política breve. Nasceu em 8 de maio de 1806 e morreu em 16 de maio de 1873. Ao longo de sua vida, foi testemunha de grandes e importantes mudanças no cenário político, social e econômico de seu país, a Inglaterra. (CLUBE ON LIBERTY, 2012).

Utilitarismo

É uma escola filosófica que nasceu no Século XVII, na Inglaterra. Ela estabelece a prática das ações de acordo com sua utilidade. Assim, uma atitude só deve ser concretizada se for para a tranquilidade de um grande número de pessoas. Portanto, antes da efetivação de uma ação, ela deve ser avaliada de acordo com os seus resultados. (SANTANA)

Segundo Santana, o utilitarismo tem um aspecto moral que procura entender a natureza do homem, e para isso leva em conta o fato de que o indivíduo está sempre em busca do prazer, ao mesmo tempo em que tenta fugir da dor. É neste ponto que esta doutrina intervém, pois, sua função é propiciar às pessoas o máximo de satisfação e alegria, e por outro lado impedir o sofrimento. Portanto, ser útil é o valor moral mais elevado.

Fonte: https://goo.gl/gfBAaK

A expressão ‘’utilitarismo’’ foi inicialmente consolidada por Jeremy Bentham, porém Stuart Mill estendeu os usos dessa filosofia a aspectos como política, legislação, justiça, liberdade sexual, etc. De acordo com Cobra (2001), mesmo tendo sido elaborado na modernidade, alguns dos elementos do conceito de utilitarismo já eram encontrados na filosofia da Antiguidade, em obras de Aristóteles e Epicuro, por exemplo.

Há vários de utilitarismo. Um deles é o utilitarismo hedonista, defendido por Bentham. Ele se aproxima do epicurismo e afirma que somos governados pelo prazer e a dor. Além de concordar que o prazer é um padrão para definir se uma ação é correta ou não, um utilitarista hedonista também procura formas de mensurar o prazer. (BORGES; DALL´AGNOL; DUTRA, 2002).

Mill introduziu o utilitarismo eudaimonista, que realçava a importância do caráter e das virtudes, e não apenas do prazer, para se alcançar a felicidade. Além disso, de acordo com Borges, Dall´Agnol e Dutra (2002), alegava que alguns tipos de prazer são mais desejáveis e valorosos que outros. Criava certa ‘’hierarquia do prazer’’, colocando prazeres afetivos e intelectuais acima de outros.

Há uma diferença entre os pensamentos de Bentham e Stuart Mill. O primeiro propõe uma visão quantificada das ações, cabendo a seus agentes medir a quantidade de prazer que pode resultar delas, para então decidir se as atitudes devem ou não ser concretizadas. Já Stuart Mill não concorda com esta racionalização, apostando por sua vez na qualidade, tanto quanto na quantidade. (BORGES; DALL´AGNOL; DUTRA, 2002).

Apesar das diferenças entre os tipos de utilitarismo, todos eles apresentam pelo menos cinco traços básicos. São eles, segundo Borges, Dall´Agnol e Dutra (2002): a consideração das consequências das ações para estabelecer se elas são corretas ou não, a função maximizadora daquilo que é considerado valioso em si, a visão igualitária dos agentes morais, a tentativa de universalização na distribuição de bens e a concepção natural sobre o bem-estar.

A influência do Stuart Mill no utilitarismo.

Fonte: https://goo.gl/z4gYk9

Stuart Mill contribuiu de forma significativa ao utilitarismo, seus pensamentos e obras marcaram o movimento dando ênfase ao homem, sua liberdade, seus direitos fundamentais, defendo assim, que cada indivíduo se encontra constantemente em processo de evolução. Mill passa a valorizar a influência dos sentimentos ligados aos espíritos, as formas de prazer as amizades a honestidade o amor, entre outros. Segundo o filósofo inglês “sentimentos de sociabilidade, o desejo de estar em união com as demais criaturas” (MILL 1971, p.34 apud CRUZ CORREIA, 2011, p. 8)

 Mill estabelece uma ideia de que os interesses individuais desse de edificar um problema quando se percebe que os interesses particulares estão relacionados com os interesses da sociedade. Os sentimentos então são tomados como princípios da nossa natureza e são determinados quanto aos nossos impulsos antissociais (CORREIA, 2011) que buscam acima de tudo o princípio da maior felicidade, mas toda via, esses princípios acabam chocando com o princípio da felicidade da sociedade, portanto, o indivíduo ideal e aquele que consegue alcançar seus interesses em detrimento do interesse coletivo. De acordo com a ética utilitarista o princípio da maior felicidade estabelece que as ações praticadas devem ser capazes de trazer felicidade a um número maior de indivíduos.

Mas para o indivíduo saber diferencias as boas das más ações e saber justificá-las e preciso encontrar um critério geral da moralidade que foi apresentado da seguinte forma por Stuart Mill:

“O credo que aceita a utilidade, ou Princípio da Maior Felicidade, como fundamento da moralidade, defende que as ações estão certas na medida em que tendem a promover a felicidade, e erradas na medida em que tendem a produzir o reverso da felicidade. Por felicidade, entende-se o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e a privação de prazer. ” (MILL, 1871)

 Esse trecho fica claro o princípio de utilidade definido por Mill, saber que prazer e ausência de dor são as únicas coisas desejáveis como fins. Apesar dos seus pensamentos utilitaristas terem como base Jeremy Bentham (1748-1832) Mill continua na tradição hedonista e introduz um novo elemento em seu utilitarismo denominado natureza do prazer, afirma q essa qualidade é relevante e decisiva na vida do ser e que as ações são corretas na proporção em que elas tendem a promover a felicidade e erradas quando tendem a produzir o reverso da felicidade. A base utilitarista defendida por mil e o princípio da moral e da utilidade.

Liberalismo

Segundo Santiago (2016), liberalismo consiste na defesa da liberdade política e econômica. Dessa forma, as pessoas de visão liberal são contrárias ao forte controle do estado na economia e na vida da população. Em outras palavras, ele prega a ideia de que o Estado deve dar liberdade ao povo, e deve agir apenas se alguém afetar (de forma negativa) o próximo (conhecido como Princípio do Dano). Fora isso, em boa parte do tempo, as pessoas são livres para fazer o que quiserem, trazendo também a ideia de livre mercado.

Fonte: https://goo.gl/2vLNF8

O liberalismo surgiu por volta dos séculos XVII e XVIII, através de um grupo de pensadores que viviam a realidade europeia. O pensamento liberal teve sua origem através dos trabalhos sobre política publicados pelo filósofo inglês John Locke. Já no século XVIII, o liberalismo econômico se fortaleceu com as ideias defendidas pelo filósofo e economista escocês Adam Smith.

Podemos citar como princípios básicos do liberalismo:

  • Defesa da propriedade privada;
  • Liberdade econômica (livre mercado);
  • Mínima participação do Estado nos assuntos econômicos da nação (governo limitado);
  • Igualdade perante a lei (estado de direito).

Reinava ainda a filosofia do absolutismo em praticamente todos os governos europeus, pois o rei, como legítimo representante de Deus na terra, teria natural domínio sobre todos os assuntos que envolvessem a nação. As ideias iluministas vão gradualmente desfazer tal sistema de excessiva intervenção do estado, auxiliadas pelo espírito empreendedor e autônomo da burguesia, claro, abrindo espaço para outras possibilidades na relação entre os homens e o mundo.

Então, de acordo com Montaner (2013), como uma reação natural à ordem anterior de coisas, vários pensadores se mobilizam no esforço de dar sentido àquele mundo que se transformava. Surge um ponto fundamental do pensamento liberal quando é concebida a ideia de que o homem tinha toda sua individualidade formada antes de perceber sua existência em sociedade. Para o liberalismo, o indivíduo estabelecia uma relação entre seus valores próprios e a sociedade.

Além de construir uma imagem positiva do indivíduo, o liberalismo vai defender a ideia de igualdade entre todos. O direito que o homem tem de agir pelo uso da sua própria razão, segundo o liberalismo, só poderia garantir-se pela defesa das liberdades. No aspecto político, o liberalismo vai demonstrar que um regime monárquico, comandado pelas vontades individuais de um rei, não pode colaborar na garantia à liberdade, pois a vontade do rei subjuga o interesse social, indo contra os princípios de liberdade e igualdade.

O pensamento liberal se sobressaiu de forma homogênea até o início do século XX. As mudanças trazidas pelas duas revoluções industriais, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa de 1917, e mais tarde, da quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, fizeram com que a doutrina liberal entrasse em declínio. Mais recentemente, na década de 90, surge o neoliberalismo, resgatando boa parte do ideal liberal clássico.

Fonte: https://goo.gl/JY1Vvv

Conceitos de individualidade

 “No dicionário filosofia, consta o termo indivíduo como sendo: em sentido físico: o indivisível, o que não pode ser mais reduzido pelo procedimento de análise. Em sentido lógico: o que não pode servir de predicado” (ABBAGNANO, 1998, p. 567-568).

“A liberdade é, escreve Mill, ‘agir à nossa própria maneira’. Esta é a prova de que a liberdade, para Mill, não pode ser compreendida pela parte exterior” (SIMÕES, 2003, p.28).

E esse agir a nossa própria maneira está ligada ao nosso conceito de indivíduo, no qual temos o poder de tomar atitudes diante daquilo que acreditamos ser o certo ou aquilo que queremos fazer, executando assim liberdade individual. Contudo ela também pode ser influenciada pelo meio externo, mas enquanto liberdade o meio não poder intervir na decisão, sendo assim restrita somente ao indivíduo.

Ferreira (2014), em dissertação baseado nos conceitos de Mill apresenta “[…] o conceito de individualidade é reafirmado como sendo de importância ímpar para Mill, pois além de servir como referência para a liberdade é também 21 um dos ingredientes na composição do bem-estar. ”

O fato de viver podendo se expressar, fazer suas próprias vontades sem precisar de alguém que lhe permita isso ou presos ao medo do que possa acontecer irá proporcionar ao indivíduo diferentes experiências, o que lhe trará consequentemente uma grande sensação de bem-estar.

Fonte: https://goo.gl/tJ3Z23

“A liberdade do indivíduo deve ser, assim, em grande parte, limitada e ele não deve tornar-se prejudicial aos outros” (MILL, 1859).

Ou seja, mesmo que individual, ela deve respeitar os limites do outro, ser conduzida de forma consciente sem trazer danos ao próximo, pois cada tem o seu conceito de liberdade, suas opiniões e diante disso ela deve se limitar somente a estas, sem que parta para as ações. Atos não justificáveis caracterizados por Mill que prejudica a outrem. Pois vale destacar que mesmo no indivíduo e sua liberdade a sociedade está presente, e participa deste processo.

Referencias

ABBAGNANO, N. DICIONÁRIO DE FILOSOFIA. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

John Stuart Mill – Biografia. Disponível em: <http://www.arcos.org.br/cursos/teoria-politica-moderna/mill/john-stuart-mill-biografia>. Acesso em: 26 abr. 2016.

BORGES, Maria de Lourdes; DALL´AGNOL, Darlei; DUTRA, Delamar Volpato.Ética. Rio de Janeiro: Dp&a Editora, 2002. 144 p.

COBRA, Rubem Queiroz. Disponível em: <http://www.cobra.pages.nom.br/ft-utilitarismo.html>. Acesso em: 26 abr. 2016.

LIBERTY, Clube On.Stuart Mil: Sobre seu corpo e mente o indivíduo é soberano. Disponível em: <http://clubeonliberty.blogspot.com.br/2012/07/stuart-mill-sobre-seu-corpo-e-mente-o.html>. Acesso em: 26 abr. 2016.

MILL, John Stuart.Ensaio sobre a liberdade.  ed. Reino Unido: Escala, 1859. 158 p. Disponível em: <https://direitasja.files.wordpress.com/2013/09/mill-john-stuart-ensaio-sobre-a-liberdade.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2016.

MONTANER, Carlos Alberto.O que é o liberalismo?  Disponível em: <http://www.institutomillenium.org.br/artigos/o-que-liberalismo/>. Acesso em: 4 abr. 2016.

Q.COBRA.TEMAS DA FILOSOFIA: resumos. Disponível em: <http://www.cobra.pages.nom.br/ft-utilitarismo.html>. Acesso em: 23 mar. 2016.

SANTANA, Ana Lucia. Disponível em: <http://www.infoescola.com/etica/utilitarismo/>. Acesso em: 26 abr. 2016.

SANTIAGO, Emerson.Liberalismo econômico. Disponível em: <http://www.infoescola.com/economia/liberalismo-economico/>. Acesso em: 26 mar. 2016.

SIMÕES, M. C. JOHN STUART MILL & A LIBERDADE. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2003.

VAZ, Faustino.A ética de John Stuart Mill.  Disponível em: <http://criticanarede.com/eti_mill.html>. Acesso em: 1 mar. 2016.

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(En)Cena e Alteridade realizam intervenção sobre Saúde Mental

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O (En)Cena e o Alteridade são projetos do curso de Psicologia

No fim da tarde dessa quinta-feira (12), O Alteridade – Núcleo de Atendimento Educacional Especializado aos Discentes do CEULP em parceria com Portal (En)cena – a Saúde Mental em Movimento, realizaram uma intervenção na instituição Ceulp/Ulbra, com o objetivo de conscientizar acadêmicos e funcionários sobre a importância do cuidado com a saúde mental.

Professores do Ceulp são abordados pelas acadêmicas durante a ação.. Foto: Divulgação

Para além disso, também houve uma crítica a medicalização dos processos psicológicos através de caixinhas de “remédios” e pílulas. Nas caixinhas continham informações sobre o portal (EN)CENA que tem como um de seus objetivos, a promoção de saúde mental. E dentro das capsulas havia frases de empoderamento. 

Acadêmica do Ceulp é abordada pela acadêmica de Psicologia durante a ação. Foto: Divulgação

Ao serem abordados, os acadêmicos eram informados sobre os serviços de psicologia que o Alteridade oferece, bem como suporte nos processos de ensino e aprendizagem, desenvolvimento de habilidades no contexto universitário, saúde mental e acessibilidade.

Para o acadêmico Arthur, abordado durante a intervenção, “esse movimento é muito importante para o âmbito acadêmico, além de ter sido surpreendido com a abordagem inesperada, pude ter conhecimento dos serviços de apoio disponíveis, oferecidos pelo serviço de psicologia da instituição”.

 

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O paradoxo da felicidade nos relacionamentos

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No livro ‘A Filosofia explica: porque é tão difícil se relacionar’’ há vários assuntos a serem tratados, dentre eles, está o capítulo ‘’A difícil arte de relacionar-se’’ escrito por Rodrigo dos Santos Manzano, onde ele fala sobre como o homem contemporâneo está a buscar prazer e diversão para fugir do tédio que tanto o afronta. E dentro do mesmo, podemos destacar alguns temas importantes, como a dor e o tédio que para Arthur Schopenhauer são duas forças que nos acompanha desde o nascimento e que equilibrar-se entre eles é um desafio. O desejo para Platão é concebido com uma incompletude, essa indigência torna o desejo dependente daquilo que lhe falta.

Rodrigo dos Santos Manzano é formado em Filosofia pela UNIFAI e pós-graduado em Filosofia Contemporânea e História (Lato Sensu) pela Universidade Metodista de SP, ele escreveu um capítulo chamado ¨A difícil arte do relacionar-se¨ onde ele cita o quanto o homem contemporâneo está a deixar o lado socioafetivo cada vez mais jogado para escanteio, como se não tivesse valor algum e com isso, a valorização para com o próximo, o altruísmo, preocupações relevantes como a política e questões éticas vai ficando para trás.

Prof Rodrigo dos Santos Manzano – Fonte: goo.gl/TnWYDr

E com isso é comum vermos hoje em dia as pessoas falarem que estão com tédio, que tudo a sua volta se tornou tedioso e que nada pode resolver essa situação que tanto os afronta. Este tipo de tédio na verdade revela que a cada dia as pessoas estão se perdendo, tornando suas vidas vazias e sem sentido, proporcionando a perda do lado humano causada pelo individualismo. Porém, a tantas situações a serem resolvidas, que a solução desses problemas poderão acarretar algum tipo de prazer ou diversão.

O tédio é um mal a ser desprezado, ele faz os seres que se amam tão pouco, como os humanos, diariamente, procurarem uns aos outros, transformando-se assim em uma fonte de sociabilidade. O autor como exemplo: Arthur Schopenhauer, em sua filosofia, teve uma forte influência do pensamento oriental, em especial da cultura indiana e do budismo, ele expressa isso em sua obra “O Mundo como Vontade e Representação”. Tornou-se um dos mais virtuosos e particulares pensadores.

Para Schopenhauer a vida é uma alternância entre a dor, proveniente da necessidade e do desejo de obter algo (ou alguém), e do tédio, decorrente da satisfação que resulta da necessidade suprida. Alguns dos indivíduos optam por disfarçar a dor através de maneiras diversificadas, distrações físicas e/ou mentais, porém esse disfarce não perdura, independente do que o faça para se distrair, o sofrimento sempre retorna, mesmo que isso pareça um fato lamentável. Ainda há uma possibilidade de se livrar de tal sofrimento, Schopenhauer acredita que a melhor maneira de superar a dor seria a negação ou superação da vontade individual, que segundo ele é cega e insaciável.

Fonte: https://goo.gl/VdGmzT

Por isso a Filosofia de Schopenhauer é pessimista, pois o homem sempre vai desejar ou querer ter algo, dessa forma se sentirá atraído e isso surge no momento em que o homem percebe que sua vida não lhe pertence por completo, pois todo e qualquer indivíduo está apenas acorrentado e submerso em uma vontade impiedosa que o controlará independentemente de sua escolha, e é esse o aspecto que compõe cada ínfimo detalhe de toda existência e de todos os seres vivos.

E na busca pelo o que tanto desejamos, a felicidade ou o prazer que esperamos encontrar na obtenção da mesma, acaba no final, se tornando uma grande frustração, uma ilusão de que nada disso nos saciou, nos satisfaz. Quanto mais há uma buscar por tais desejos que simplesmente não podem ser satisfeitos ou totalmente satisfeitos, consequentemente poderá fazer com que o indivíduo tenha acesso a dor e ao sofrimento. Schopenhauer, está diz que o Desejo é a essência do mundo.

E todos os seres, de alguma maneira participam de um mesmo e único e Querer universal. Uma espécie de união indissolúvel, que liga cada um de nós a esse querer Universal; e todos nós somos que encarnações individualizadas deste Querer Universal, desta Vontade Universal ou desse Desejo Universal.O ser humano é impulsionado e forçado por sua essência, querer qualquer coisa, e após preencher esse desejo, acaba obtendo novos desejos, iniciando um novo ciclo indestrutível que jamais possa ser evitado, e consecutivamente se repetirá gerando sofrimentos intermináveis.

Fonte: https://goo.gl/EuvTvz

Quando um indivíduo consegue finalmente satisfazer um desejo que surge por intermédio de expressão da Vontade, consequentemente, se enclausura inevitavelmente em momentos tediosos, pois no instante ou nos períodos em que a vontade está momentaneamente satisfeita, a sensação de tédio é que se faz presente, já que não há motivações, impulsos ou necessidades para se suprir, e dá uma ideia de que o querer é absurdo. Porque ele nunca para, porque ele nunca se sacia.

A causa do sofrimento é a manifestação violenta da vontade, essência íntima de tudo no mundo. O homem é a representação mais alta da Vontade, onde o intelecto atinge seu mais alto grau de entendimento; isto faz do homem o mais sensível à dor. Neste caso, negar a Vontade é ao mesmo tempo negar a causa da dor.

Sempre estamos enfrentando desilusões, sendo dominados por anseios e desafetos, esforços inúteis, toda essa tragédia existe e faz-se presente para terminar num inevitável fim, que é a morte. Para o autor, a vida humana é um pêndulo entre o desejo, sofrimento e tédio. Mesmo que em alguns momentos tentamos fugir do tédio e da dor com redes social, reality shows ou Panem et circenses, sendo movido pelo tédio ou para fugir dele, leva o ser humano a sentir uma incompletude de sua miséria.

Fonte: https://goo.gl/N1gCMA

Mas as tais atividades levam as pessoas á alienação social que cresce nos tempos atuais, um fruto do hedonismos e até dando uma falta de senso as pessoas, e assim tornando tudo superficial. Schopenhauer já afirmava que nada adianta querer ceder aos desejos para saciá-los, isso não garantirá a felicidade.

E outro autor que pode nos esclarecer mais sobre o desejo é Platão, para ele o desejo como falta, significando que este mundo é uma ‘’cópia imperfeita’’ do verdadeiro ‘’mundo da ideias’’. Em seu diálogo, ‘’Banquete’’ o filósofo deixa claro a ideia de um ser que busca eternamente a sua outra metade no mundo. Em Platão, o desejo quer aquilo de que ele carece. E esse aquilo promete preencher esta lacuna. Esse objeto desejado promete completar aquele que deseja. Sócrates em seu discurso abrange que só desejamos o que não podemos ter.

Há registros históricos em que na metafísica, desejo é um tipo de sentimento, significando que ele faz parte do sujeito sem fazer parte do mundo, sendo subjetivo e não objetivo.

A divergência entre desejo e vontade consiste em algumas características, enquanto que na vontade colocamos nossos pensamentos em ação, emanadas de uma fonte motivadora. O desejo está fortemente ligado as nossas emoções e pensamentos, assim nós motivando a ter o prazer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É estranho que sendo o homem um animal social, seja tão difícil para ele realizar o exercício de sua capacidade de relacionar-se. Uma das maiores fontes de infelicidade e felicidade da vida humana são os relacionamentos.

Não apenas os relacionamentos amorosos, mas toda e qualquer relação com outra pessoa. Diferentemente das formigas, abelhas e outros seres vivos que se organizam socialmente, as relações humanas não são puramente instituais e requerem um esforço que os demais dispensam.

No decorrer do trabalho foi possível acentuar que o ser humano tem deixado o lado socioafetivo esquecido, procurando maneiras de se satisfazer, de realizar desejos, ao mesmo tempo em que consideram tudo o que acontece ao seu redor tedioso. Esses fatos demonstram o quanto às pessoas está se perdendo ao ponto de tornarem suas vidas vazias e sem qualquer sentido, aflorando o individualismo.

Como analisado por Schopenhauer as pessoas estão optando por disfarçar a dor com atividades diversificadas, sejam físicas ou mentais. Porém ainda que, de forma inconsciente, saibam que o sofrimento retornará, já que sempre vai perdurar o ciclo de desejar ou ter algo que o atraia, o sentimento de negação da dor, e ainda a luta pela superação da vontade individual, até que percebam que suas vidas não mais lhe pertencem.

O ser humano necessita aprender a lidar com a ebulição de sentimentos que permeiam sua vida desde sempre, desejo, frustração, amor, ódio, tédio, medo, coragem, vontade, precisa encontrar um equilíbrio entre suas emoções para aprender a relacionar-se. Afinal é uma das maiores coisas da vida: e que exige que se aprenda a ter para poder compartilhar, que permaneça cheio de amor para poder amar.

O resultado disso é que temos que nos conhecer melhor, para melhor nos relacionar com as pessoas próximas á nós. Para identificar nossas projeções e nos tornar empáticos com quem precisamos socializar diariamente. Manter as relações estáveis é difícil, mas imprescindível, uma vez que não somos indiferentes ás outras pessoas e delas dependemos para satisfazer nossas necessidades, sejam elas viscerogênicas, psicogênicas ou disposicionais, deve-se encarar a socialização como um desafio deixando de lado o excesso de orgulho e de egoísmo, e sem dúvidas, o torna-lo prazeroso para que possamos aproveitar.

REFERÊNCIAS

BUCKINGHAM, W.; KIM, D. O livro da Filosofia. EDITORA GLOBO, 2010.

SCHOPENHAUER, ARTHUR.  Do mundo como vontade e representação. SARAIVA, 2012.

KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e dicionário ilustrado. EDIÇÕES DELTA, 1994.

PLATÃO. O Banquete (Coleção os Pensadores). 5ª ed. NOVA CULTURAL, 1991.

Vários Autores. A Filosofia explica: porque é tão difícil se relacionar. São Paulo, Editora Escala, 2017.

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Grupos Operativos: da teoria à prática

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Ao longo do processo de formação, principalmente do profissional da saúde, os acadêmicos de cursos superiores se deparam com muitas situações conflitantes, especialemente no último ano do curso. Além das demandas acadêmicas, surgem as demandas da prática pré-profissional e a preocupação com o seu futuro mercado de trabalho.

Conhecer as inseguranças dos futuros profissionais passa a ser então uma preocupação, principalmente para a Universidade e o Mercado de Trabalho, pois se o primeiro ser continente a esses receios do início da atividade profissional, o mercado de trabalho terá pessoas melhores preparadas para a realidade dos serviços.

Pensando nisso, a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (EERP/USP) usou a teoria de Grupos Operativos criada pelo psicanalista suíço Pichon Rivière, para proporcionar aos discentes do oitavo período um momento de trocas de experiências quanto às demandas, emocionais e profissionais, que surgem na reta final do curso.

Fonte: goo.gl/D5cUkG

Grupos Operativos

Um Grupo Operativo tem por objetivo proporcionar aos seus participantes um espaço que o auxilie no processo de aprendizagem, seja ela de qualquer natureza, em um movimento de desestruturação, estruturação e reestruturação (BASTOS, 2010).

A técnica de grupos operativos pressupõe uma tarefa explícita, podendo ser um tratamento ou aprendizagem; uma implícita, que é a maneira como cada integrante do grupo irá vivenciar o grupo; e o enquadre, que é composto por elementos fixos, como o tempo, a duração das sessões, a frequência dos encontros, local, o papel exercido pelo coordenador, observador, e participantes do grupo (BASTOS, 2010).

Nesse pensamento, a teoria pichoniana, abarca também, dois conceitos que completam a estruturação do grupo, a verticalidade e horizontalidade. A primeira diz respeito à história individual de cada sujeito, enquanto a segunda refere-se ao campo grupal. As duas afetam e são afetadas pela dinamicidade do grupo (MENEZES; AVELINO, 2016).

Fonte: goo.gl/hCWjZj

Bastos (2010) aponta esse movimento como um cone invertido, e nele ele estão incluídos seis vetores, que estão ligados e permitem visualizar o crescimento grupal.

Em poucas palavras, a pertença consiste na sensação de sentir-se parte, a cooperação consiste nas ações com o outro e a pertinência na eficácia com que se realizam as ações. Por outro lado, a comunicação pode ser caracterizada como o processo de intercâmbio de informação, que pode ser entendido desde o ponto de vista da teoria da comunicação ou a partir da teoria psicanalítica, etc.; a aprendizagem, como a preensão instrumental da realidade e a telé – palavra de origem grega, tomada de Moreno –, como a distância afetiva (positiva-negativa) (VISCA, 1987, p. 39apud BASTOS, 2010, p. 165).

Um Grupo Operativo possui, basicamente, três momentos, sendo eles: a pré-tarefa, tarefa e projeto. A pré-tarefa, que é caracterizada pela resistência a inicialização da tarefa, isso porque o desconhecido produz medos e insegurança. A tarefa é basicamente o momento em que o grupo consegue elaborar os medos e ansiedades provocados pelo novo e se engajar no processo de mudança, e assim, consegue surgir o projeto, momento de planejamento e execução dos objetivos iniciais. (ZIMERMAN; OSORIO, 1997)

Sobre os papeis que compõe o grupo, Campos (2010) pontua que alguns são fixos, como o de coordenador, sendo esse responsável por direcionar o grupo a sua tarefa, articulando e problematizando os discursos sobre os temas propostos; e o observador observar e registrar tudo que ocorre no grupo, assim como resgatar demandas do grupo. Já outros surgem no decorrer do processo, como por exemplo, o porta- voz (expõe conteúdos latentes do grupo), bode- expiatório (depositório dos aspectos negativos do grupo), Sabotador (representa a resistência à mudança).

Apresentação do Grupo

Trata-se de uma intervenção que foi desenvolvida de 15 de outubro a 03 de dezembro de 2001. Foram sete encontros, que ocorreram semanalmente às segundas-feiras com duração de uma hora e trinta minutos, das 17 às 18h 30min, sendo realizado na EERP/USP por uma equipe constituída por um coordenador e dois observadores, que eram professores do curso de enfermagem.

Todos os alunos matriculados no oitavo período foram informados sobre a finalidade do grupo, porém apenas sete participaram efetivamente, sendo que ocorreram faltas esporadicamente, por convergir com horários de estágios supervisionados. O grupo foi heterogêneo quanto ao sexo e homogêneo quanto ao curso e período dos discentes. Os próprios alunos, no primeiro encontro, deram sugestões dos temas a serem trabalhados nos próximos encontros, e à medida que os encontros iam acontecendo, tantos os alunos quanto os coordenadores faziam contribuições e sugestões de novos temas a serem trabalhados.

Fonte: goo.gl/X8mNa1

Objetivo da intervenção

O objetivo do grupo foi proporcionar aos estudantes, matriculados no oitavo semestre, do curso de Graduação em Enfermagem da EERP/USP, um momento de compartilhar as suas ansiedades, medos e dúvidas, que surgem em decorrência das exigências do último ano da graduação em um formato de grupo operativo. Desse modo os temas discutidos e escolhidos pelos discentes foram relacionados à sua futura prática profissional, como por exemplo: “transição aluno-enfermeiro”, “perspectivas futuras”, “competição”, “o ser enfermeiro” ou mesmo “funcionamento de grupos”. Ou seja, a tarefa explícita do grupo foi conhecer como seria a transição do “ser aluno, para o ser enfermeiro”, e assim tentar diminuir as ansiedades advindas do processo.

Fonte: goo.gl/VGyRzv

Metodologia

O primeiro contato com o possível grupo foi feito por meio de correspondência, onde foi informado o objetivo do grupo e o primeiro estabelecimento do enquadre do grupo, onde foram passadas as informações sobre duração, local, hora, objetivos e término do grupo, (deixando aberta a possibilidade de negociação dos horários e local) e que os estudantes que tivessem interesse procurassem os responsáveis pelo grupo. No encontro inicial foi restabelecido o enquadre e as funções do coordenador e dos participantes. As atividades e temas foram propostos pelos próprios estudantes, sobre questões que classificaram como importante, para facilitar a fluidez do grupo segundo seu tempo e necessidades

A configuração dos encontros e a maneira de trabalhar os temas propostos foram da seguinte forma: nos primeiros 30 minutos era realizado um aquecimento inespecífico e um disparador temático para os temas que seriam tratados em cada encontro. Em cinco encontros foram trabalhadas as crônicas referentes aos temas levantados e os observadores sempre ficavam atentos aos vetores que emergiam a cada encontro.

Apesar da influência das ansiedades iniciais no primeiro encontro, pôde-se considerar que os participantes cumpriram a tarefa, exercendo os vetores de pertença, cooperação, pertinência, comunicação e aprendizagem. A partir do segundo encontro, encontrou-se mais dificuldade com a aparição de um sabotador e na tentativa de tratar o tema proposto pelo coordenador.

Fonte: goo.gl/kpdJRQ

No terceiro encontro, o problema anterior foi superado e identificou-se fantasias em relação ao futuro por parte do grupo. Os vetores do encontro foram pertença, pertinência, cooperação, comunicação, e predominantemente a aprendizagem. O quarto encontro teve uma fuga do tema inicial, possivelmente denotando outras ansiedades dos formandos, porém posteriormente com um movimento de aproximação à temática. Os vetores principais foram afiliação, pertença, cooperação, pertinência e comunicação.

Para finalizar, no último encontro foi realizada uma avaliação final, na qual os integrantes do grupo tiveram a oportunidade de relatar como foi a experiência de pertencer ao grupo e se as suas expectativas foram atingidas. Os coordenadores/observadores apresentam ao final, suas dificuldades relacionadas a executar um grupo através da proposta Pichoniana, pois também exerciam a tarefa de professores dos formandos.

Fonte: goo.gl/dHZzij

Desse modo pôde-se observar como a dinâmica grupal proposta por Pichon se estrutura na prática, em uma realidade totalmente pertinente que propicia a evolução dos indivíduos envolvidos. Os grupos à luz de Pichon, focados na aprendizagem, demonstram grande eficácia em um leque grandioso de áreas de atuação. Como demonstrado pelo grupo de formandos, outros grupos formados com base nessa teoria, de maneira responsável e crítica, podem alcançar excelentes resultados.

REFERÊNCIAS:

CAMPOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicólogo in Formação, ano 14, n. 14, jan./dez. 2010

CORRÊA, Adriana Katia; SOUZA, Conceição B. de Mello e; SAEKI, Toyoko. Transição para o exercício profissional em enfermagem: uma experiência em grupo operativo. Escola Anna Nery, [s.l.], v. 9, n. 3, p.421-428, dez. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1414-81452005000300010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v9n3/a10v9n3>. Acesso em: 05 fev. 2018.

MENEZES, Kênia Kiefer Parreiras de; AVELINO, Patrick Roberto. Grupos operativos na Atenção Primária à Saúde como prática de discussão e educação: uma revisão. Cadernos Saúde Coletiva, [s.l.], v. 24, n. 1, p.124-130, mar. 2016. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1414-462×201600010162. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cadsc/v24n1/1414-462X-cadsc-24-1-124.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2018.

ZIMERMAN, D. E.; OSÓRIO, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

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Thoreau: consciência, legislador e a desobediência civil

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Considerado um dos grandes nomes do naturalismo e do transcendentalismo, Henry David Thoreau[1] pregou a paz, a liberdade individual e a verdadeira acepção de justiça durante toda sua vida, (JUNIOR, 2012, p 01), demonstrando-se voz ativa contra a escravidão racial, comum nos Estados Unidos na sua época, chegou a se colocar de frente contra o Estado, não pagando impostos durante seis anos e sendo preso, pois segundo ele a tributação era usada para financiar a guerra e a escravidão.

Fonte: http://migre.me/vpjaK

A prisão serviu de inspiração para que Henry escrevesse o ensaio A Desobediência Civil (1849), sendo considerado um de seus escritos mais famosos. O ensaio que propõe o direito do cidadão à objeção através da resistência não violenta (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2011, p 204), servindo inclusive, de inspiração para figuras como Martin Luther King, que conduziu os negros estadunidenses em uma campanha por direitos civis. Isso porque, embora a escravidão já tivesse sido abolida no país há muitos anos, os negros sofriam com as condições impostas pela sociedade branca norte americana. Da mesma forma, Mahatma Gandhi mobilizou a população da Índia para libertar seu país da exploração inglesa.

Fonte: http://migre.me/vpjbm

A Desobediência Civil, segundo Thoreau (2015, p. 06) permite à sociedade intervir de maneira direta nas instituições públicas e defender os direitos que se encontrarem transgredidos, violados ou ameaçados, sendo literalmente uma forma de rebeldia e de protesto contra as leis ou qualquer decisão do governo que ponha em risco os direitos do indivíduo. Nesse sentido:

O cidadão deve mesmo que, apenas por um momento, ou no menor grau, resignar sua consciência para o legislador? Então por que cada homem tem uma consciência? Acredito que devamos ser homens primeiro, e indivíduos depois. Não é desejável cultivar o respeito pela lei, tanto quanto pelo direito. A única obrigação que eu tenho um direito de assumir é de fazer a qualquer momento o que eu penso que é certo. Verdadeiramente o suficiente dito, que uma corporação não tem uma consciência; mas uma corporação de homens conscienciosos é uma corporação com uma consciência. A lei nunca fez dos homens nem uma partícula mais justos; e, através de seu respeito por ela mesmo os bem dispostos são diariamente transformados em agentes da injustiça. (THOREAU, 2015, p. 06)

Por meio dessa abordagem, Thoreau apresenta a necessidade de resguardo à justiça e direitos legítimos, necessidade essa que não é apenas exclusiva e contemporânea a ele, pois conforme demonstrado anteriormente, esse era o cunho das ações de Gandhi e Luther King Jr. No âmbito nacional, destaca-se também Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro[2],pelo episódio da criação do Arraial de Canudos, assumindo posição de líder religioso, fundou o vilarejo no sertão da Bahia que atraiu milhares de sertanejos, entre eles, camponeses, índios e escravos recém-libertos, em meio ao coronelismo Brasileiro. Por fim, mais recentemente, o conceito de desobediência civil[3] serviu como base legal e filosófica para o movimento Hippie pacifista e naturalista da década de 1970.

Nesse contexto, o cidadão deve ou não renunciar de sua consciência em favor do legislador? Thoreau (2015, p. 07) se refere ao assunto da seguinte maneira:

A massa de homens serve o Estado por conseguinte, não principalmente como homens, mas como máquinas, com seus corpos.(…) Na maioria dos casos não há exercício livre qualquer do julgamento  ou do sentido moral.(…)é comum, no entanto, que os homens assim sejam apreciados como bons cidadãos. Há outros, tal qual a maioria dos legisladores, políticos, advogados, funcionários e dirigentes, que servem ao Estado principalmente com a cabeça, sendo bastante provável que eles sirvam tanto ao Diabo quanto a Deus – sem intenção -, já que raramente se dispõem a fazer distinções morais. Uma quantidade bastante reduzida há que serve ao Estado também com sua consciência: são os heróis, patriotas, mártires”, reformadores e homens, que acabam por isso necessariamente resistindo, mais do que servindo. Conquanto isso, o Estado os trata geralmente como inimigos.(…)Aquele que se doa inteiro a seus colegas parece para eles inútil e egoísta; mas aquele que se doa parcialmente a eles é pronunciado um benfeitor e filantropo. (THOREAU, 2015, p. 07 a 08)

Nesse contexto, o autor firmou que os homens que, de forma consciente, crítica, e não maquinalmente serviam o Estado, eram considerados inimigos, enquanto aqueles que se doam apenas fracionariamente são tidos como heróis.

A necessidadade uma ordem legislativa-social, normas externas e o anarquismo capitalista

Segundo Jean-Jacques Rousseau (2011, p. 23) para se manter a liberdade natural do homem e a paz na vida em sociedade é necessário um Contrato Social, através do qual deve predominar a soberania da sociedade e suas vontades políticas. O pacto social privilegiaria a segurança do indivíduo ao favorecer a comunidade, uma sociedade regida por leis, que beneficiaria a todos de maneira igualitária. Com base em deveres mútuos, e com o povo sendo agente da elaboração das leis, obedecer à lei que foi elaborada pra ele próprio seria um ato de liberdade.

De fato sempre fomos apoiados e “segurados” por normas externas. Em muitos momentos da história alguma ordem maior nos regia, e ao mesmo tempo em que nos amparava nos constrangia. Por exemplo, na idade medieval os dogmas da igreja deviam ser seguidos sem nenhuma discordância, e as pessoas que os contestavam eram punidas. Porém, seguir tais dogmas de alguma forma os livrava de tomar responsabilidades independentes. Com a chegada do Renascimento acredita-se que houve uma perda de referências, o homem se sentiu livre, mas, desamparado e inseguro. Pela a primeira vez o homem teve autônima nas suas escolhas, a única coisa que o impedia de tomar decisões, era sua própria subjetividade. Não podendo esperar pelo conselho de uma figura de autoridade, o homem viu-se obrigado a escolher seus caminhos e arcar com as consequências dessa opção (FIGUEIREDO; SANTI, 2002, p. 24). A sociedade virou um caos e as pessoas passaram a se reger por conta própria, o que culminou em uma sociedade defeituosa, onde era visado somente o ego pessoal e egocêntrico de cada cidadão.

Segundo a Ideologia Liberal, todos são iguais, mas têm interesses próprios, e segundo o Romantismo, cada um é diferente mas sente saudades do tempo em que todos viviam em comunidade (FIGUEIREDO; SANTI, 2002, p. 45). Podemos perceber então que a liberdade individual não foi aprovada, pois, as pessoas passaram a sentir-se inseguras em relação ao que aconteceria, e mais uma vez na história, foi criado um método para “acalmar os ânimos” dos inconvenientes. O Regime Disciplinar veio com a intenção de domesticar e docilizar os indivíduos, controlando condutas, pensamentos, sentimentos, e desejo pessoais, nos tornando novamente, totalmente a par dos governantes (autoridades).

Para haver uma homogeneização na sociedade o Regime Disciplinar é funcional, pois com ele, é possível a uniformização do cidadão. Através de um sistema de domesticação e docilização diminui-se os inconvenientes da liberdade e das diferenças individuais. Esse sistema pode ser facilmente encontrado nas práticas de grandes agências sociais, como escolas e igrejas. De alguma forma o Legislador com esse regime nos coloca no lugar de cidadãos com direitos, sendo a liberdade um direito fundamental, nos influencia para o bem da organização social, mesmo que para isso sejamos obrigados a vivenciar um conceito de liberdade dualista.

Muitos teóricos consideram Thoreau um Anarquista[4] individualista, devido as suas declarações a favor da resistência individual ao governo civil.  Segundo Sousa (2012) o Anarquismo individualista é uma tradição filosófica do anarquismo com ênfase no indivíduo, e sua vontade, argumentando que cada um é seu próprio mestre, interagindo com os outros através de uma associação voluntária. Além disso, seu pensamento original teria se baseado nas ideias do anarquismo ecologista, ou seja, com ênfase na experiência do indivíduo com o mundo natural em uma rejeição à vida materialista e consumista, podendo ser interpretado como uma rejeição ao progresso. Ele também foi um dos precedentes do Anarquismo Pacifista, uma vertente do individualismo anarquista com base no princípio de não agressão e na autoridade individual. A grande questão do individualismo de Thoreau é não tratar sobre a economia, mas do direito de separação do indivíduo do Estado e a eliminação do Estado por meio da evolução social. Seu anarquismo rejeita todas as associações organizadas de qualquer tipo, defendendo a completa autossuficiência individual.

Fonte: http://migre.me/vpjhL

Em uma análise mais detalhada da posição de Thoreau podemos contextualizar esta postura, demasiadamente simplista para um pensador complexo como Thoreau. Ele usa essas proposições apenas para revelar o defeito tradicional, e ainda não solucionado, da democracia como sistema de governo: o fato de que um governo, estando eleito, pode agir sem o consentimento do povo (ainda que, em teoria, deve sempre executar a sua vontade). Atualmente presencia-se tal situação na política brasileira, a falta de consentimento dos cidadãos em relação aos atos governamentais, atos esses que foram um dos motivos das manifestações que ocorreram em Junho de 2013.

Os altos gastos com obras para possibilitar a realização da Copa das Confederações no Brasil foram motivo de revolta para muitos brasileiros que juntamente com o aumento na tarifa do transporte público em muitas cidades, serviram de estopim para que milhões de pessoas fossem às ruas reclamar das condições de vida no país.

Os protestos permearam por vários dias em muitas cidades do país, alguns envolvendo minorias violentas chamadas de ‘Black Blocs’, causaram confusão, destruição de patrimônio público e privado além de várias pessoas feridas.  Ao discursar na abertura da Copa das Confederações, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada enquanto muitos torcedores presentes lhe deram as costas. Porém somente em 17 de junho, milhões de saíram às ruas em 12 capitais do país. Sem coordenação, a questão do transporte e dos gastos começou a sair da pauta e os manifestantes pediam coisas muitas vezes antagônicas, alguns clamavam pela educação, saúde, e pela saída da Presidente Dilma Rousseff e do governo do Partido dos Trabalhadores.

Fonte: http://migre.me/vpjj9

Depreendeu-se algo que há alguns anos não se via na sociedade brasileira: o papel ativo do cidadão na política nacional. Mesmo que muitos dos cidadãos que foram às ruas não tinham ciência da verdadeira situação política econômica do país (alguns baseados apenas em conhecimentos empíricos ou na sua própria subjetividade) tais reivindicações significam uma insatisfação de grande parte da população com o governo atual, uma parte das pessoas também com a democracia, sugerindo a intervenção militar.  Segundo Irisarri Vásques (2010), Thoreau tinha ideias visivelmente antidemocráticas, criticando as falhas da moderna democracia representativa, se posicionando mais perto de uma democracia direta[5], ainda que não aceitando essa forma de governo como uma solução definitiva, mas defende, sobretudo, a ação individual.

 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Cristina Faga de. Protestos em São Paulo. UOL Notícias. 2013. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/album/2013/06/20/protestos-em-sao-paulo.htm#fotoNav=36. Acesso em: 02 de abril de 2016.

BURNHAM, Douglas. BUCKINGHAM, Will. O Livro da Filosofia. São Paulo. Ed. Globo. 2011.

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro. Disponível em: http://futuro.usp.br/portal/website.ef;jsessionid=83FEB92E1CC42BC9A59EA0783828A8E9. Acesso em: 02 de abril de 2016.

DEPARTAMENTO de conservação e recreação em massa da reserva Walden Pond State. Walden Pond Photos. Celebrate Boston. 2012. Disponível em: http://www.celebrateboston.com/day-trip/walden-pond-photos.htm. Acesso em: 02 de abril de 2016.

DEVANEY, Erik Alan. Why Henry David Thoreau Would Have Hated Social Media. The bard of Boston. 2011. Disponível em: http://www.thebardofboston.com/2011/02/why-henry-david-thoreau-would-have.html. Acesso em: 02 de abril de 2016.

FIGUEIREDO, Luis Claudio Mendonça. SANTI, Pedro Luis de. Psicologia. Uma (nova) introdução. São Paulo: Ed. Educ, 2002.

IRISARRI VÁZQUEZ, Javier. Actas das jornadas de jovens investigadores de filosofia. PRIMEIRAS JORNADAS INTERNACIONAIS: H. D. Thoreau: uma aproximação à Resistance to Civil Government. São Paulo: Ed. Oliver Feron, 2010. Ebook. Disponível em: http://www.krisis.uevora.pt/edicao/actas_vol1.pdf, Acesso em: 02 de abril de 2016.

JOHNSON’S, Deborah. RWU Law’s Martin Luther King, Jr. Celebration. Roger Williams School of Law. 2015. Disponível em: http://law.rwu.edu/blog/rwu-law%E2%80%99s-martin-luther-king-jr-celebration. Acesso em: 02 de abril de 2016.

JUNIOR, Antônio Gasparetto. Desobediência Civil. Infoescola. Disponível em: http://www.infoescola.com/sociedade/desobediencia-civil/, Acesso em: 02 de abril de 2016.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social.  São Paulo: Ed. Ridendo Castigat Mores, 2011. Ebook. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/contratosocial.pdf, Acesso em: 02 de abril de 2016.

SOUSA, Rainer Gonçalves. AnarquismoBrasil Escola. Disponível em: http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/anarquismo.htm, Acesso em: 02 de abril de 2016.

THOREAU, Henry David. Desobediência Civil. Se uma Lei é injusta, desobedeça. São Paulo: Ed. Dracaena, 2015. Ebook. Disponível em: https://play.google.com/store/books/details/Henry_David_Thoreau_Desobedi%C3%AAncia_Civil_Se_uma_lei?id=8ZUTCwAAQBAJ, Acesso em: 02 de abril de 2016.

[1] Henry David Thoreau (1817-1862) nasceu em Massachusetts nos Estados Unidos, foi escritor, filósofo, poeta, naturalista e um dos personagens mais importantes do século XIX, seu livro Walden ou Vida nos bosques é tido como um clássico na literatura Americana.

[2] Euclides da Cunha, na obra Os Sertões, de 1984, discorre sobre a vida de Antônio Conselheiro, bem como o desenvolvimento do Arraial de Canudos e os consequentes conflitos com o governo Brasileiro.

[3] Informações disponíveis no livro natureza: para pensar a ecologia, de Serge Moscovicida, Mauad Editora, p 216.

[4]De acordo com Sousa (2012), anarquismo pode ser definido como uma doutrina (conjunto de princípios políticos, sociais e culturais) que defende o fim de qualquer forma de autoridade e dominação (política, econômica, social e religiosa) através de uma sociedade baseada na liberdade total, porém responsável.

[5] Segundo Irisarri Vásques (2010) uma democracia direta é qualquer forma de organização na qual todos os cidadãos podem participar diretamente no processo de tomada de decisões. As primeiras democracias da antiguidade foram democracias diretas.

 

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