Considerações acerca da depressão pós-parto

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O sofrimento psíquico vivenciado por uma parcela significativa de mulheres, após o nascimento do bebê, que implica em transformações de natureza psicoafetiva na vida das mesmas, pode ser compreendido como a manifestação da chamada depressão pós-parto. Esse tipo de transtorno, tem sido bastante estudado, justamente por apresentar certa dificuldade, em ser de fato notificado o seu real acontecimento, incidindo em dúvidas e por vezes ainda, em intervenções inadequadas (COUTINHO; SARAIVA, 2008).

 

Fonte: Imagem no Freepik

Para melhor compreensão da manifestação da depressão pós-parto, se faz necessário enfocar que esse tipo de sofrimento psíquico pode ser caracterizado, enquanto mal-estar moderno, uma espécie de transtorno reativo amplamente identificado em vários perfis humanos. Nesse sentido é imprescindível ampliar as discussões acerca do assunto, pois faz parte de um contexto atual, que por muito tempo foi sequer mencionado e precisa ser melhor estudado, principalmente pelos profissionais de saúde em geral, que atendem cotidianamente casos dessa natureza, e ainda não se sentem, em sua grande maioria, seguros em identificar a ocorrência desse transtorno, muito ainda confundido com outras transformações que podem ocorrer naturalmente no puerpério (COUTINHO; SARAIVA, 2008).

De acordo com Coutinho e Saraiva (2008), o nascimento de um bebê provoca várias transformações dentro de uma família, pois implica em alterações e novas adaptações na rotina diária, que podem está associados ao surgimento de problemas emocionais, e nesse contexto, a evolução para o sofrimento psíquico que, pode se encontrar manifesto na esfera afetiva, na dor mental, bem como na esfera física e também nas condições fisiológicas em geral.

Dessa forma, o puerpério é considerado como um período caracterizado por transformações de ordem biológica, psicológica e social, sendo a depressão pós-parto um episódio associado com o nascimento do bebê que se inicia ainda na gestação, sendo continuada após o parto. E apesar da etiologia da mesma, não ser totalmente conhecida e haver ainda discordâncias, no âmbito da literatura, são apontados critérios para sua classificação relacionados primeiramente, a fatores hormonais e fisiológicos, seguidos dos fatores sociodemográficos, e posteriormente os fatores psicossociais (ARRAIS; ARAÙJO, 2017).

Fonte: Imagem no Freepik

De acordo com Schmidt, Piccoloto e Müller (2005), os sintomas da depressão pós-parto incluem irritabilidade, choro com frequência, sentimento de desamparo, falta de motivação, desinteresse sexual, alterações na alimentação e sono, entre sensação de incapacidade e queixas psicossomáticas. Em situações consideradas mais graves, podem se manifestar pela intensa melancolia, que pode evoluir para pensamentos delirantes, episódios psicóticos, ocasionando em alguns casos na ocorrência de abandono do bebê ou infanticídio. 

Diversos fatores estão associados ao desenvolvimento da depressão pós-parto e em sua grande maioria se relaciona com o bebê, como prematuridade, intercorrências neonatais, e ainda malformações congênitas, porém ainda podem ser reconhecidos os fatores socioculturais, como decepções na vida profissional, bem como fatores físicos relacionados as alterações hormonais. Sendo recentemente identificados como também importantes, os seguintes fatores a serem considerados: a situação socioeconômica, baixa autoestima, dificuldades na relação conjugal e a gravidez não desejada (SCHIMIDT; PICCOLOTO; MÜLLER, 2005).

Segundo Schimidt, Piccoloto e Müller (2005) atualmente vem se apresentando uma associação entre a depressão pós-parto e problemas posteriores do desenvolvimento das crianças, incluindo comprometimento da saúde física, o que ocasiona numa readaptação da rotina familiar, o que pode causar sofrimento e adoecimento.  Vale ressaltar que, além disso, é importante acrescentar, que os impactos dessa problemática na vida da mãe e do filho são das mais diversas e estudos apontam para interferências diretas na percepção quanto a sua função materna, ocasionando em sintomas da depressão pós-parto.

A depressão pós-parto se apresenta, antes de tudo, com a expressão de uma dor vivenciada a partir da experiência da maternidade, com isso os enfrentamentos são de natureza íntima no campo da percepção que impacta o emocional e marca o corpo e os pensamentos das mulheres a desenvolvem, mas também surgem no espaço coletivo, quando estas não são compreendidas e até julgadas. Portanto, ao olhar essa problemática é importante observar, que trata-se de um sujeito em sofrimento, que não escolhe, mas que se apresenta e que necessita ser cuidado.

Fonte: Imagem no Freepik

Referências: 

ARRAIS, A. da R.; ARAÚJO, T.C.C.F de. Depressão pós-parto: uma revisão sobre fatores de risco e de proteção. Psic., Saúde & Doenças vol.18 no.3 Lisboa dez. 2017. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862017000300016. Acesso em 25/10/2021.

COUTINHO, M. da P. de L.; SARAIVA, E. R. de A. Depressão pós-parto: considerações teóricas. Estud. pesqui. psicol. v.8 n.3 Rio de Janeiro dez. 2008. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812008000300014. Acesso em 25/10/2021.

SCHIMIDT, E. B.; PICCOLOTO, N. M.; MÜLLER, M. C. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Psico-USF, v. 10, n. 1, p. 61-68, jan./jun. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pusf/v10n1/v10n1a08.pdf. Acesso em 25/04/2019. Acesso em 25/10/2021.

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A escuta na clínica psicanalítica

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Freud observou que talvez exista um tipo de fala que seja precisamente valiosa, porque até o momento foi simplesmente proibida – isso significa, dita nas entrelinhas

Lacan (1974-1975, 8 de abril, 1975)

A escuta é parte primordial da clínica psicanalítica, porém é necessário compreender que trata-se de uma escuta que vai além do simples ouvir palavras proferidas pelos pacientes que procuram a análise. Sempre que pensamos em um campo analítico, nos vem a imagem de um bom ouvinte nos esperando para que possamos através da fala, elaborar questões que nos incomodam, ou que mesmo nem sabemos que nos incomodam, um mundo psicoterapêutico de descobertas.

Fink (2017), coloca que surpreendentemente ainda são encontrados poucos bons ouvintes na clínica psicanalítica, isso se deve principalmente à nossa tendência em ouvir tudo que se relaciona com nós mesmos. Geralmente quando nos é contada uma história, imediatamente nos reportamos a algo similar que vivemos ou que acessamos, por meio das nossas vivências, onde passamos a relacionar com a experiência de que está falando e dizemos coisas como “sei o que você quer dizer” ou “sinto sua dor”.

Dessa maneira a escuta habitual é altamente narcisista e egocêntrica, já que demonstramos uma forte inclinação em relacionar o conteúdo trazido pelo outro, com nós mesmos. Lacan (1901-1981), coloca que essa situação acessa a dimensão imaginária do analista, ou seja, quando o ouvinte se compara ou mensura o discurso do outro, no tipo de imagem que se reflete por meio desse discurso, nesse caso o analista fica preso a sua autoimagem e ouve apenas o que reflete nela.

Escutar dessa forma não permite ao analista que ele consiga ouvir o que o paciente transmite na sua fala, por meio dos atos falhos, algo que inicialmente não faz sentido, pois não reflete algo sobre ele mesmo, e portanto, ao ignorar não se aprofunda em algo que se manifesta de forma representativa e pode ser simbolizado na análise. O trabalho do analista no modo imaginário reduz ou mesmo anula a compreensão do conteúdo trazido pelo paciente (FINK, 2017).

O que portanto, o analista deve escutar? Freud (1912) recomenda que na primeira vez que vai se abordar um caso, o analista não se preocupe em presumir nada, mantendo então, sua atenção flutuante, pois somente assim será capaz de ouvir as associações livres do paciente, aquilo que se apresenta de novo, diferente do que é simplesmente dito, sendo algo considerado contrário ao que queremos ou esperamos ouvir.

Fonte: Pixabay

A escuta na clínica psicanalítica se inicia quando o analista não se preocupa em compreender rapidamente o que mostra o discurso do paciente, por que a aliança não vai se dá nessa tentativa, que pode ser falha, mas sim quando ouve o que não está sendo dito em palavras, aquilo que não foi entendido, mas que por meio delas se expressa. Segundo Lacan (1993) o discurso inter-humano é a demonstração do mal entendido e para tanto, deve se levar em conta para relação, o interesse apresentado pelo analista em escutar com atenção seu paciente, deixando que ele fale longamente, interrompendo apenas para trazer para a análise a lacuna entre o que foi transmitido e o que não foi, em palavras (FINK, 2017).

Freud ao introduzir a ideia da associação livre coloca que tudo que é apontado no discurso do paciente se torna igualmente importante e a escuta é da ordem do inconsciente, por isso trata-se de uma escuta criativa, na qual está implícita um tipo de atividade silenciosa de interpretação do que se expressa por meio de várias linguagens, sendo a atenção flutuante uma forma de associação livre do analista, tendo como ponto de partida as associações do seu paciente e não o que traz no seu inconsciente (ROUSSILLON, 2012).

Figueiredo (2014) ressalta que o psiquismo inconsciente encontra formas de expressar o sofrimento, que vão além das palavras e diz que ele trabalha como um poeta a procura de imagens, analogias, metáforas, que possam expressar a realidade de um conteúdo, que foi experimentado pelo sujeito, antes mesmo que houvesse a aquisição da linguagem, por isso a escuta analítica deve privilegiar a realidade psíquica e suas diversas formas de expressão.

A história contada pelo paciente se apresenta repleta de fragmentação, lacunas e buracos, que inicialmente pode não fazer sentido, pois ainda que exista a tentativa de expressar as vozes internas, o sofrimento se apresentará por meio de sintomas, inibições, angústias e atuações. O analista confia que o sujeito se engendra na análise por que deseja simbolizar e sua escuta deve se ocupar dos estratos psíquicos silenciados por condições traumáticas que o constituíram, bem como com o significante que faz surgir o sujeito da significação, para que o material apresentado inicialmente sem sentido, passe a ter pouco sentido, até se chegar a um sentido diferente (FINK, 2017). 

Escutar a mensagem invertida transmitida na análise, por meio da articulação dos significantes trazidos pelo paciente faz surgir o analista, sua ética, sua disposição peculiar, que orienta sua prática, abrindo espaço para a manifestação do inconsciente vivo, que produz efeitos no cotidiano do sujeito e se apresenta enquanto experiência emocional inscrita no psiquismo, mas que pode produzir em análise um valor simbólico.

Referências:

FIGUEIREDO, L.C. Escutas em análise: escutas poéticas. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, v. 48, n.1, p. 123-137, 2014.

Fink, B. Fundamentos da técnica psicanalítica: uma abordagem lacaniana para praticantes; tradução de Carolina Luchetta, Beatriz Aratangy Berger. São Paulo: Blucher, Karnac, 2017

LACAN, J. Escritos. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.

MINERBO, Marion. Diálogos sobre a clínica psicanalítica. São Paulo: Blucher, 2016.

ROUSSILLON, R. As condições da exploração psicanalítica das problemáticas narcísico-identitárias. ALTER- Revista de Estudos Psicanalíticos, Brasília-DF, v. 30, n.1, p. 7-32, 2012.

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Primeiros socorros psicológicos enquanto alternativa de intervenção em situações de crise

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A ideia de primeiros socorros psicológicos (PSP) está associada à necessidade imediata de intervenção dessa natureza em situações que configurem urgência ou emergência, como é o caso de uma catástrofe, uma situação de crise, que pode ser natural ou provocada pelo homem e que possa atingir o sujeito de forma material, física ou psicológica.

A intervenção em catástrofes requer metodologias que possam atuar com o objetivo de desenvolver mecanismos de proteção das vítimas de modo que elas possam lidar com o evento traumático, promovendo sua reorganização frente a esse contexto, como forma de reduzir danos relacionados à evolução de quadros psicopatológicos (BEJA, et al., 2018).

Os PSP podem ser conceituados como uma representação de uma abordagem psicossocial voltada para grupos de indivíduos que foram expostos a uma situação de crise, tendo por objetivo principal intervir precocemente no estresse ocasionado pelo evento considerado potencialmente traumático, de maneira a promover um funcionamento adaptativo seja a curto ou a longo prazo (BEJA, et al., 2018).

É importante ressaltar que os PSP podem se constituir em uma importante forma de intervenção, considerando o recolhimento de informações básicas que permita a realização de avaliações rápidas sobre as principais necessidades a serem atendidas ou seja refere-se ao primeiro cuidado prestado para evitar a piora do quadro de saúde, antes de ser ter acesso a um serviço especializado (TOLENTINO, et al., 2015).

Fonte: encurtador.com.br/dnqvV

Em muitas situações a oferta dessa assistência imediata é fundamental para saúde mental do indivíduo exposto a uma situação de perdas, que contribui altera diretamente o seu estado emocional de forma a desorganizá-lo e as reações podem ser das mais diversas diante do contexto, algo que impacta na sua forma de ver a sua vida naquele momento, bem como na sua projeção quanto ao futuro. O profissional abre espaço para a fala e oferece uma escuta acolhedora (LARA, et al., 2019).

Por não ser uma função adstrita ao psicólogo, qualquer profissional ou voluntário em geral devidamente treinado podem prestar os PSP. Sendo portanto, uma intervenção que se justifica diante da urgência ou emergência que surge no contexto de exposição ao risco psicossocial, se constituindo um importante método de apoio nesses casos, com estudos que comprovam sua eficácia na redução dos sintomas pós-traumáticos (LARA, et al., 2019).

É relevante destacar que os PSP não são métodos de diagnóstico ou uma intervenção psicoterapeuta, nem um interrogatório invasivo que visa esse tipo de intervenção, por isso não existir exigências rígidas quanto aos envolvidos nesse processo. Acredita-se que no momento do evento crítico, ter alguém que esteja disponível para escutar a história de vida de cada indivíduo, o quanto a situação o afeta emocionalmente, oportunizando a partilha, seja um fenômeno de proteção à saúde mental no momento, com efeitos positivos posteriormente, por isso a prática dos PSP são importantes nesses casos (BEJA, et al., 2018).

A abordagem preconizada nos PSP, diz respeito a se levantar a possibilidade de sofrimento e adoecimento psíquico frente às perdas causadas pela catástrofe, portanto é necessário que o agente envolvido na prestação da assistência esteja atento as reações iniciais, para que algumas ações possam ser realizadas, como contatar pessoas, aumentando o suporte social, oferecer informações que ajudem a lidar com os aspectos emocionais e principalmente estar disponível a realizar a escuta das suas percepções frente ao ocorrido, de maneira empática e acolhedora (LARA, et al., 2019).

Fonte: encurtador.com.br/qzGM6

Os PSP, portanto representam a possibilidade de oferecer um conforto e segurança, no intuito de tranquilizar as vítimas, garantindo que recebam os procedimentos necessários e apropriados ao processo em que estão expostos. Nem sempre ocorrem as reações mais esperadas, como a desorganização ou mesmo o estresse, muitas vezes as pessoas continuam funcionando de maneira aparentemente normal, desempenhando diversas atividades, no entanto, não quer dizer que não estejam impactadas emocionalmente, por isso é necessário estar atendo, na observação e na escuta ao se aproximar, de forma a estabelecer um vínculo seguro (TOLENTINO, et al., 2015).

As pessoas que estiverem dispostas a prestar os PSP devem estar preparadas ao enfrentamento de muitos desafios, diante de circunstâncias físicas e emocionais, cenários caóticos de destruição e sofrimento, onde intervir nesse contexto se torna também potencialmente adoecedor.  Por isso é de fundamental importância que ao se envolverem nesse trabalho, tenham acesso aos cuidados de saúde necessários à sua manutenção e assim possam dar continuidade a esse tipo de trabalho tão importante (BEJA, et al., 2018).

Os PSP são intervenções que merecem atenção, pois a qualquer momento pode ocorrer um evento crítico, uma crise e contar com o apoio de pessoas que estejam disponíveis a ajudar, até mesmo de forma voluntária, com um suporte emocional adequado, com certeza pode ser um diferencial na vida de grupos de indivíduos que estão inseridos nesse processo, algo que pode impactar positivamente no manejo das consequências de um fenômeno traumático.

REFERÊNCIAS

BEJA, M.J.et al. Primeiros socorros psicológicos: intervenção psicológica na catástrofe. Psychologica, vol. 61 nº 1, p. 125-142, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.14195/1647-8606_61-1_7. Acesso: 30 de ago. 2021.

LARA, P.G. et al. Primeiros socorros psicológicos: intervenção em crise para eventos de violência urbana. Revista Educar Mais, nº especial, p. 9-16, 2019. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.15536/reducarmais.3.2019.9-16.1607. Acesso: 30 de ago. 2021.

TOLENTINO, F. C, et al. Primeiros socorros psicológicos aplicados a reações de estresse em operações militares. Revista Interdisciplinar de Ciências Aplicadas à Atividade Militar, nº1, 2015. Disponível em: http://www.ebrevistas.eb.mil.br/RICAM/article/view/2614/2078. Acesso: 30 de ago. 2021.

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Polícia Militar do Estado do Tocantins Promove Campanha de Prevenção ao Suicídio no Setembro Amarelo

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O setembro amarelo é o mês dedicado a campanha de prevenção ao suicídio que deu início no ano de 2015 e hoje se destaca mundialmente como um período em que são abertos espaços de discussões e debates acerca da temática. O reconhecimento da necessidade de se olhar para esse fenômeno vem sendo construída a partir da realidade a cada dia mais preocupante, em que o risco de suicídio, nas diferentes faixas etárias, demonstra que o manejo em lidar com essa questão deve ser amplamente discutido e aplicado seja no âmbito familiar, social ou profissional.

Segundo Botega (2015) o suicídio é multideterminado por um conjunto de fatores de diferentes naturezas, que são externas ou internas aos indivíduos e podem se combinar de forma complexa e variável. Existem uma influência genética, de elementos da história pessoal e familiar, de fatores culturais e socioeconômicos, de acontecimentos estressantes, de traços da personalidade e também de transtornos mentais.

O alerta quanto aos sinais e principalmente a abertura para a possiblidade de oferecer atenção e acolhimento à dor psíquica expressada pelo indivíduo, pode ser um meio de modificar a situação ao qual o panorama do suicídio se apresenta na atualidade.

Fonte: Governo do Tocantins

A Diretoria de Saúde e Promoção Social da Polícia militar do Tocantins (DSPS), por meio do Centro de Atenção à Saúde Integral do Policial Militar (CAISPM) se prontificou durante todo o mês de setembro a realizar orientações e acolhimento via telefone disponível, para a escuta daqueles que se sentirem atravessados pela temática de alguma forma, sejam os policiais militares, como também toda a sociedade em geral, para que possam ser atendidos por profissionais de saúde, numa perspectiva de atenção psicossocial.

Lembrando que essa pauta se faz necessário ser discutida não somente durante o setembro amarelo, mas a atenção deve acontecer de forma ampla e constante e ocupar cada vez mais os espaços de discussão, para que estratégias possam ser implementadas frente a essa problemática.

Deixar uma pessoa se expressar livremente e adotar uma postura sem julgamento e não diretiva produz benefícios que podem fazer a diferença na vida de alguém que pretende o suicídio, por isso se faz importante campanhas que promovam um oportunidade de fala e de escuta receptiva com imenso valor terapêutico.

REFERÊNCIA

BOTEGA, NJ. Crise Suicida: avaliação e manejo. Artmed, Porto Alegre, 2015.

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Acadêmica de Psicologia é premiada no 13º concurso Marisa Decat Moura

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Diane Karen Lopes é estudante do décimo período do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. Ingressou no ano de 2015 e ao longo da sua vida acadêmica tem desenvolvido o seu interesse pela pesquisa, tendo participado do Projeto de Iniciação Científica, da mesma instituição, onde o seu trabalho resultou em 2018 na premiação de primeiro lugar como Jovem Pesquisadora na área de ciências humanas na 18ª Jornada de Iniciação Científica, um evento que incentiva e valoriza a pesquisa no âmbito acadêmico.

Nessa fase final em que o estudante desenvolve o seu trabalho de conclusão de curso-TCC, Diane demonstrou interesse em dar continuidade ao seu viés de pesquisadora e como área de estudo escolheu a psicologia hospitalar, pois considera seguir para um mestrado logo após a sua graduação. Sob a orientação da professora doutora Renata Alves Bandeira realizou o seu trabalho voltado para o “adoecimento psíquico dos profissionais que prestam cuidados intensivos”, mas o objetivo era fazer desse estudo algo muito maior, que pudesse ser aplicado na realidade prática do contexto desses profissionais e publicado para fins de conhecimento e análise.

A estudante pesquisadora viu no XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) ocorrido em 01 a 04 de setembro do corrente ano, a oportunidade de publicar a sua pesquisa, submetendo o seu trabalho ao concurso do 13º prêmio Marisa Decat Moura, sócia-fundadora da SBPH e homenageada do evento, em memória, que qualificava a inovação nos trabalhos científicos nessa área de atuação da psicologia.

Fonte: encurtador.com.br/hyGP8

O trabalho de Diane que inicialmente estava concorrendo à categoria pesquisador júnior do prêmio, que abrangia os acadêmicos ou com formação recente em psicologia, em análise da comissão para a classificação foi elevado à categoria sênior, que seria para psicólogos com maior tempo de formação, em razão da qualidade do estudo apresentado.

Diane Karen Lopes foi premiada em segundo lugar no 13º prêmio Marisa Decat Moura, que significa mais que uma menção honrosa e um valor em dinheiro, mas sim um reconhecimento por todo o empenho dessa estudante pesquisadora, que deu seus primeiros passos na academia, mas que segue em busca de mudanças na sua área de conhecimento que é a psicologia, por meio da pesquisa, de modo a contribuir para avanços e mudanças, no que se refere a prática do profissional psicólogo.

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A voz feminista de Nísia Floresta

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“Por que os homens se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?” – Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto foi uma educadora que teve como principal frente de atuação a luta pelo feminismo no Brasil. Nascida em 1810 na cidade de Papari, Rio Grande do Norte, aquela que viria ser reconhecida a primeira educadora feminista do Brasil, teve uma vida marcada por ideais que contrariavam a sociedade vigente da época, ao qual buscava prevalecer o respeito e garantia de igualdade a todos os cidadãos, sem qualquer distinção.

Assumiu o pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta, quando resolveu escrever para um jornal chamado “O Espelho das Brasileiras”, editado em Recife-PE. O Nome adotado para se expressar nos meios de comunicação da época, demonstrava o seu amor pelo País e principalmente pelo reconhecimento de sua luta e necessidade de mudanças na sociedade, principalmente a respeito do lugar que a mulher ocupava na época.

Nísia teve uma vida itinerante e por esse motivo, teve contato com diferentes cenários de luta que se estabelecia no período. Em Goiânia, teve seu primeiro acesso aos ideias liberais, um traço característico encontrado em seu pai, sua grande referência.

Um fato considerado importante na vida de Nísia, diz respeito ao seu rompimento de um casamento arranjado aos treze anos, algo considerado uma atitude corajosa, em tempos com tradição conservadora, uma situação que marca a sua história, pois na vida adulta seguia firme em desconstruir a posição da mulher imposta por uma sociedade machista, algo que se atualiza quando observamos a necessidade de continuidade de discussões já levantadas à época dessa personagem que tem grande importância para o feminismo no Brasil.

Fonte: encurtador.com.br/eMNPX

Seus primeiros escritos datam de 1831 e tem como pauta mulheres nas antigas culturas, que foram gradativamente sendo ampliadas para discussões acerca dos motivos das mulheres não ocuparem cargos de comando, ou mesmo, de não estarem nas universidades, algo que acende um debate que impacta as elites patriarcais da época.

Aos vinte e dois anos publica seu primeiro livro “Direitos das mulheres e injustiças dos homens”, sendo também considerado um dos mais importantes e que marca a expansão de sua luta. Nesse livro, Nísia faz uma provocação quanto ao predomínio dos homens em relação às mulheres, numa perspectiva de direito e enfrentamento ao conservadorismo rígido, indicando que a mulher precisava buscar um espaço até então ocupado somente pelos homens.

Nísia sofre perdas que influenciam a sua história de luta, primeiro a de seu pai e posteriormente de seu marido, algo que a fez assumir um papel de liderança junto a sua família, bem como a convicção do seu papel e também da sua capacidade enquanto mulher de desenvolver diversas atividades, até então reconhecida aos homens, o que reforçou seu empenho em continuar firme nos seus ideais feministas no país.

A autora de diversos escritos voltados para o contexto da mulher, reconheceu a importância de expandir as barreiras literárias para atuação voltada para a educação, sendo então a primeira mulher a fundar e dirigir um colégio voltado para meninas no Rio de Janeiro, ao qual tinha como foco a emancipação feminina.

Fonte: encurtador.com.br/vzLM9

Nísia trazia em seu discurso, o retrato da insatisfação ao qual viviam várias mulheres que tinham que se calar frente ao domínio patriarcal, que permaneciam sufocadas ou mesmo anuladas, diante de um contexto de supremacia masculina. No entanto, seus debates foram de suma importância para o levantamento de questões que se inserem até hoje nos espaços de discussões a respeito dessa temática. Muito se avançou e também muito ainda tem que se avançar, quando ainda encontramos espaços em que a mulher se ver necessitando provar sua capacidade e ver reconhecido os direitos adquiridos ao longo de vários anos de luta.

Nísia morreu em meados de 1885, vítima de uma pneumonia, mas com certeza, se encontrava a frente de seu tempo e hoje se constitui uma inspiração para nós mulheres, pois enfrentou adversidades impostas a ela numa época em que sua voz para não ser calada servia de um pseudônimo, ou mesmo, sofria fortes repressões às suas atitudes numa sociedade conservadora.

No entanto, sua voz ecoou e hoje ressoa nas nossas lutas diárias, reflete em todos os sucessos alcançados e principalmente, na constante busca em ver nossos direitos reconhecidos e efetivados. Nísia deixa um legado singular, pois diante de um contexto tão desfavorável não se intimidou, ao contrário, sua vida foi motivada pelos seus ideais feministas.

O olhar dessa grande mulher foi um importante ponto de partida para as reflexões que se inserem diante da emancipação das mulheres no brasil e de como isso impacta nas relações sociais na atualidade, desde a prática cotidiana de funções domésticas, até a ocupação de grandes espaços então somente ocupados por homens em outros tempos.

Referências:

ALBERTON, M.; CASTRO, A. M. A.; EGGERT, E. Nísia Floresta A mulher que ousou desafiar sua época: educação e feminismo. Poiésis – Revista de Pós-Graduação em Educação, Tubarão, v.3, n.5, p.46-55, 2010. Disponível em: https://silo.tips/download/nisia-floresta-a-mulher-que-ousou-desafiar-sua-epoca-feminismo-e-educaao. Acesso em: 24 ago de 2021.

DUARTE, C. L. Feminismo e literatura no Brasil. Estudos avançados, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/6fB3CFy89Kx6wLpwCwKnqfS/?format=pdf&lang=pt.

Acesso em: 24 ago de 2021.

ITAQUY, A. C. de O. Nísia floresta: ousadia de uma feminista no brasil do século XIX. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura Plena em História, do Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em:https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/2730/NISIA%20FLORESTA%20PDF.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 ago de 2021

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Apraxia da fala na infância e TEA: (En)Cena entrevista a Fonoaudióloga Maria Glória

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“A intervenção fonoaudiológica ocorre nos distúrbios de comunicação e linguagem, que são os elementos centrais nos Transtornos do Espetro do Autismo (TEA) e fazem parte dos critérios para o diagnóstico”
Maria Glória, Fonoaudióloga

A Fonoaudióloga Maria Glória em seu ambiente de trabalho. Fonte: Arquivo Pessoal

Maria Glória é fonoaudióloga há 16 anos e desenvolve um trabalho voltado para o público infantil que apresenta dificuldades na linguagem e comunicação. Ao longo da sua carreira tem se dedicado a construção de uma clínica inclusiva, trabalhando com diversos recursos para o acesso e intervenções das demandas que frequentemente chegam no seu consultório.

Nessa entrevista Maria Glória nos oferece informações importantes e nos alerta para sinais relevantes no cuidado desde os primeiros anos de vida, voltados para interação e comunicação, com foco nos transtornos do neurodesenvolvimento.

(En)Cena – Fale sobre sua formação e como é o seu cotidiano de trabalho?

Maria Glória – Eu sou fonoaudióloga há 16 anos pela PUC-Goiás e trabalho na clínica de Linguagem Infantil, especificamente com dificuldades de comunicação na primeira infância. Recebo muitas famílias de crianças que falam pouco e que não falam.

(En)Cena – Qual a importância do atendimento fonoaudiológico para as pessoas com transtorno do espectro autista (TEA)?

Maria Glória – O diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo é essencialmente clínico, realizado por um médico Psiquiatra da Infância e Adolescência ou um médico Neuropediatra, onde a partir de uma atenção especial à criança são observados indicadores comportamentais com prejuízos na comunicação e interação social, e padrões restritos e estereotipados de interesses; estando esses sintomas presentes na primeira infância e limitantes, prejudicando o cotidiano, conforme os critérios diagnósticos do DSM-V.

A intervenção fonoaudiológica ocorre nos distúrbios de comunicação e linguagem, que são os elementos centrais nos Transtornos do Espetro do Autismo e fazem parte dos critérios para o diagnóstico. Tendo como objetivo o uso funcional de algum sistema de comunicação.

(En)Cena – O que é apraxia da fala? Por que algumas crianças com TEA apresentam essa dificuldade?

Maria Glória – Apraxia de Fala na Infância (AFI) é um importante distúrbio motor na fala (neurológico) caracterizado pela dificuldade no planejamento e programação motora para a fala. Onde existe uma falha no envio das informações do cérebro sobre como e quando os músculos devem movimentar os articuladores (lábios, língua, dentre outras estruturas usadas na fala) para produzir sons, palavras e frases. A AFI pode ocorrer de forma isolada, ou associada a síndrome ou aos transtornos do neurodesenvolvimento, como é o caso do Transtorno do Espectro do Autismo, por exemplo.

Fonte: encurtador.com.br/hitx4

(En)Cena – Quais são os níveis de apraxia da fala e quais as características que os diferenciam?

Maria Glória – Sim, a AFI pode ter níveis diferentes de classificação, como leve, moderada e severa. De acordo com a ASHA (que seria a Associação Norte-americana de fala e Linguagem), esta classificação está relacionada ao grau de dificuldade apresentado nas três características mais consistentes nos quadros de AFI: erros inconsistentes em consoantes e vogais em produções repetidas de sílabas e palavras; transições coarticulatórias entre sons e sílabas mais longas e interrompidas; e prosódia inadequada (por exemplo: ressonância e entonação). E além dessas características existem outras relacionadas às habilidades motoras não verbais, habilidades linguísticas e desempenho educacional.

(En)Cena – Quais seriam os principais procedimentos adotados na clínica para o benefício da fala?

Maria Glória – Os procedimentos de qualquer acompanhamento terapêutico infantil, como o acolhimento da família junto à anamnese e avaliação detalhada, observações nos momentos de interações entre a criança, a família e o profissional, discussão inicial com a família sobre os achados e observações do período de avaliação para definir os objetivos e o constante contato entre a família e profissional.

(En)Cena – Quais os sinais de alerta para uma criança com TEA precisar fazer o tratamento fonoaudiológico?

Maria Glória – Na verdade, precisamos estar atentos ao comportamento das crianças, eu me refiro principalmente aos bebês durante o primeiro ano de vida. É necessário observar a forma como os bebês interagem com o mundo. Um ponto muito importante a ser observado são as interações sócio-comunicativas (troca comunicativa intencional) entre o bebê e seu cuidador, presentes antes da palavra dita, por volta dos seis meses de vida. Tenho como exemplo: as trocas de olhares entre os cuidadores e o bebê, o direcionamento da atenção para pessoas e com menos intensidade para objetos, a troca de sorrisos e sons, os comportamentos de imitação, o uso de gestos comunicativos, a diferenciação do balbucio, a atenção às convocações de fala (como se estivesse “conversando”) e as trocas que ocorrem durante as brincadeiras sociais.

(En)Cena – Quais seriam as principais recomendações realizadas à família diante da condição de apraxia da fala de um criança com TEA?

Maria Glória – Que este diagnóstico de Apraxia de Fala na Infância seja realizado por um profissional Fonoaudiólogo capacitado e com experiência em transtornos motores de fala e de linguagem.

Fonte: encurtador.com.br/jyDGJ

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O que faz o Psicólogo Organizacional?

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A psicologia organizacional se preocupa em estudar a relação do homem com o trabalho e a sociedade, através da compreensão das práticas aplicadas as organizações. No entanto, o contexto do mundo do trabalho traz consigo aspectos que interferem na subjetividade do indivíduo, daí a importância de se compreender o significado do trabalho e sua relação com o meio social, se tornando o desafio do profissional psicólogo inserido nessa área de conhecimento (SANTOS; CALDEIRA, 2014).

O significado do trabalho na sociedade contemporânea, tem por base a ideia de associação de condição essencial para a sobrevivência do indivíduo, que historicamente passou por mudanças no mundo do trabalho, gerando uma nova forma de se adequar a ele, como o crescimento da população e da tecnologia que reflete diretamente na economia (SANTOS; CALDEIRA, 2014).

O trabalho na atualidade deve ser compreendido, observando o contexto da globalização que modifica o mundo capitalista, causando importantes mudanças nos interesses das organizações e dos trabalhadores, que interferem na qualidade de vida no trabalho. Alguns padrões são impostos que priorizam um bom desempenho e isso coloca as organizações frente ao desafio de equilibrar as questões que afetam seus interesses e dos trabalhadores (SANTOS; CALDEIRA, 2014)

No atual contexto, portanto “as organizações veem-se permanentemente obrigadas a inovar, a rever seus modos de ação e a mudar”, o que requer a abertura para adaptações relevantes no ambiente de trabalho, porém determinando objetivos estratégicos, para fins de diagnóstico e análise organizacional, que serão primordiais para traçar novos rumos de forma a assegurar o desenvolvimento da organização (CAETANO; MENDONÇA; NEIVA, 2016. p. 9).

A análise organizacional se constitui em uma ferramenta importante para identificar os problemas existentes, de forma a conhecer os elementos que interferem no bom andamento da organização. Integra o processo de diagnóstico, que se refere a uma etapa de coleta sistemática, onde a informação é melhor trabalhada, observando os componentes que a envolve, através de uma fundamentação teórica, contribuindo para a apresentação de estratégias de intervenção frente aos problemas levantados, instrumentos que fazem parte do cotidiano do profissional psicólogo (CAETANO; MENDONÇA; NEIVA, 2016, p. 10).

Fonte: encurtador.com.br/wxDHX

O olhar do psicólogo na organização é um aspecto relevante a se considerar, pois o mesmo poderá desempenhar um papel importante na análise, bem como no diagnóstico organizacional, que seria um passo seguinte a ser identificado numa organização, possibilitando revisitar uma trajetória e até mesmo propor ideias primordiais a um bom andamento de quesitos que revelam indicadores de satisfação na atuação ao qual a empresa/instituição tem como foco.

A função do psicólogo na organização estaria diretamente ancorada na área de recursos humanos que é um espaço interdisciplinar, no entanto, este “não limita sua atuação aos processos de seleção de pessoal, mas tem se responsabilizado, crescentemente, por tarefas e/ou desafios que a situação de trabalho coloca aos recursos humanos nas organizações” (BASTOS; GALVÃO-MARTINS,1990, p. 14).

De acordo com Zanelli et al (2014 p. 342) o psicólogo na organização tem sua atuação voltada para “busca do conhecimento de como e quais políticas organizacionais estariam sendo percebidas pelos empregados”. Isso pode ser evidenciado a partir do acesso as informações necessárias para diagnóstico organizacional, bem como a participação efetiva dos empregados nas decisões que os dizem respeito, com ênfase no fluxo da comunicação interna.

 Zanelli et al (2014 p. 562) coloca que a psicologia organizacional “emerge das interações entre comportamento no trabalho e a organização”, onde o interesse perpassa pela compreensão e manejo dos  “processos psicossociais” e nesse contexto a atuação do profissional psicólogo tem por fim ações que fortalecem a missão da organização, porém com foco também nos fenômenos que surgem a partir dos trabalhadores.

Portanto, o psicólogo organizacional deve estar atento ao constante desafio de equilibrar interesses da organização e as demandas dos trabalhadores, de forma a estabelecer um diálogo pautado no estudo, na pesquisa e numa intervenção capaz de fornecer subsídios que possibilite a satisfação por parte de ambos, bem como a integração que permita contextos favoráveis no universo da organização.

Fonte: encurtador.com.br/BCFW4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BASTOS, A.V.B. GALVÃO-MARTINS, A. H. C. O que pode fazer um psicólogo organizacional. Psicol. cienc. prof. vol.10 no.1 Brasília, 1990. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-98931990000100005. Acesso em: 05/09/2020

CAETANO, A. MENDONÇA, H. NEIVA, E. R. Análise e diagnóstico organizacional. In: MENDONÇA, H.; FERREIRA, M. C.; NEIVA, E. R. Análise e diagnóstico organizacional: teoria e prática. São Paulo: Vetor, 2016. Capítulo 1 p. 9-34.

SANTOS, F. C. O., CALDEIRA, P. Psicologia Organizacional e do Trabalho na Contemporaneidade: as novas atuações do Psicólogo Organizacional. Psicologia. PT Portal dos Psicólogos ISSN 1646-6977. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0929.pdf. Acesso em: 05/09/2020.

ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J.B.; BASTOS, A.V. (orgs) Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2014.

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Conhecendo o trabalho do psicólogo militar: (En)Cena entrevista Janise Mara de Souza

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“Penso que a maior contribuição do serviço de psicologia na
polícia militar é ser uma ponte, um ponto de referência
ao sujeito que ainda adoece vitimado pela sua atividade profissional”
Major Janise Mara de Souza – Psicóloga

A Major Janise Mara de Souza é psicóloga na Polícia Militar do Estado do Tocantins (PMTO) há 15 anos e desenvolve um trabalho de atenção à saúde mental, numa perspectiva institucional, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos militares e seus dependentes.

Na entrevista que ela cedeu ao Portal (En)Cena podemos nos aproximar da realidade prática de um profissional psicólogo militar, suas atribuições e principalmente seus desafios, numa modalidade de trabalho com especificidades que refletem diretamente na sua prática.

(En)Cena – Quando e como foi o seu ingresso na Polícia Militar do Tocantins?

Major Janise Mara de Souza –  Foi por meio do concurso público para oficial psicólogo realizado no ano de 2004. Fui chamada para inclusão no quadro de oficiais da saúde da Polícia Militar do Tocantins para o cargo de tenente psicólogo em julho de 2006.

(En)Cena – Como está estruturado o serviço de psicologia na Polícia Militar do Tocantins?

Major Janise Mara de Souza – O serviço de psicologia está subordinado à Diretoria de Saúde e Promoção Social (DSPS), dentro da estrutura organizacional da PMTO e recentemente foi criada a coordenação técnica estadual de psicologia da DSPS. O serviço de psicologia está distribuído no Estado do Tocantins da seguinte forma: temos dois Majores psicólogos lotados no Centro de Atenção Integral à Saúde do Policial Militar (CAIS PM), ligado ao Quartel do Comando Geral, uma Major psicóloga lotada no 5º Batalhão em Porto Nacional e uma Tenente-Coronel psicóloga do Corpo de Bombeiros Militar cedida para o Centro Integrado de Reabilitação e Readaptação (CIRR). Temos ainda: cinco psicólogos contratados pela Fundação Pró-Tocantins designados para trabalharem em Palmas, Tocantinópolis, Araguatins, Araguaína, Dianópolis e Arraias. Quatro psicólogos civis cedidos pela Secretaria de Saúde do Tocantins que atuam no CAIS PM em Palmas, e por último, ainda temos dois militares, um Subtenente e um Major Capelão, que são também psicólogos e atuam no 4º Batalhão na cidade de Gurupi.

(En)Cena – Quais as principais atribuições de um psicólogo militar e as demandas atendidas?

Major Janise Mara de Souza – O psicólogo militar é responsável pela gestão do serviço de psicologia e por cumprir as demandas relacionadas principalmente a organização, tais como avaliações psicopatológicas para a junta militar central de saúde, avaliação para registro e porte de armas, assistência psicológica aos militares e seus dependentes, bem como implantação e desenvolvimento de programas de promoção em saúde mental e prevenção de adoecimento psíquico. Além disso, é necessária atenção ao regulamento interno da PM TO e cumprir com todas as obrigações militares, tais como convocações e determinações do Comando Geral.

(En)Cena – Quais as maiores dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento do trabalho do psicólogo na Polícia Militar do Tocantins?

Major Janise Mara de Souza – O desafio ainda é implantar uma cultura de promoção à saúde mental, de valorização da subjetividade dentro de uma instituição marcadamente hierárquica, com códigos e valores próprios, muitas das vezes contrários aos propósitos da psicologia.

(En)Cena – Quais seriam as maiores contribuições do serviço de psicologia para a Polícia Militar?

Major Janise Mara de Souza – Penso que a maior contribuição do serviço de psicologia na polícia militar é ser uma ponte, um ponto de referência ao sujeito que ainda adoece vitimado pela sua atividade profissional, e também aqueles militares que estão passando por problemas relacionados a outros contextos de sua vida pessoal. Outro ponto importante de contribuição, são as atividades relacionadas à psicoeducação, trabalhando com temas em prol de construir e promover a saúde e a qualidade de vida nessa coletividade que é a PMTO. O serviço de psicologia também é um dispositivo de acesso ao cuidado em saúde mental para os familiares dos militares.

(En)Cena – Que tipos de mudanças ocorreram no contexto de trabalho em razão da pandemia da Covid-19?

Major Janise Mara de Souza – No auge da pandemia os atendimentos psicológicos presenciais foram totalmente suspensos e rapidamente foram implantados os atendimentos online, nas mais diversas plataformas de interação social, sendo resguardado todo o cuidado e atenção aos documentos emitidos pelo Conselho Federal de Psicologia para essa modalidade de atendimento. Posteriormente, foram retomados de forma híbrida os atendimentos psicológicos, ou seja, atualmente temos atendimentos on-line, atendimentos presenciais individuais e de pequenos grupos, com todas as orientações sanitárias em relação ao cuidado para não propagação do coronavírus.

(En)Cena – Como você atualmente avalia os resultados do trabalho desenvolvido pelo serviço de psicologia da Polícia Militar do Tocantins? quais os principais avanços?

Major Janise Mara de Souza – Avalio muito positivamente os resultados alcançados nestes 16 anos de inclusão dos primeiros psicólogos no quadro de oficiais da saúde da PM TO. Somos uma equipe que visa sempre pensar diretrizes que fortaleçam o trabalho da psicologia nesse cenário de atuação, ou seja, o serviço voltado para a instituição de segurança pública. Em todos esses anos, o trabalho do psicólogo tem se delineado com a proposição de assessorias técnicas aos comandos, pesquisas realizadas e projetos desenvolvidos. Temos buscado incessantemente estar interligados com todos os profissionais psicólogos da Polícia Militar do Estado do Tocantins, provendo acesso ao serviço de psicologia para os militares e seus familiares das mais longínquas cidades, e essa inclusive foi nossa mais recente conquista, pois o serviço estava disponível apenas nas cidades de Palmas, Araguaína e Gurupi. Atualmente esse serviço se expandiu para duas cidades no bico do Papagaio, e duas cidades ao sul do estado, Dianópolis e Arraias.

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