A ansiedade tem saídas pela Psicanálise?

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“Quando a dor de não estar vivendo for maior do que o medo da mudança, a pessoa muda” – Freud

Os resultados de um atendimento psicoterapêutico é um processo com muitas etapas e que despende uma gama de variáveis para ser construído e finalizado. De acordo com Bursztyn e Figueiredo (2012), “a construção do caso clínico como uma proposta de trabalho e de investigação de orientação psicanalítica, ao privilegiar a discussão clínica, visa nortear a transmissão da singularidade dos sintomas do sujeito.”

Apesar de a Psicanálise contribuir grandemente para pesquisas científicas, formulação de métodos e construção de casos, a mesma sempre foi questionada por não atender a metodologia proposta pela ciência experimental. Com isso, afirma-se que “o trabalho do psicanalista deve vir acompanhado de comentários, interrogações, algo que faça daqueles sintomas que o sujeito apresenta algo também inusitado e enigmático, implicando a equipe e a instituição” (DELORENZO, MEZAN E CESAROTTO, 2000).

Sendo assim, ao se constituir um manejo adequado, pensa-se sobre o sujeito que se apresenta durante o processo. Em seus discursos com elementos reconhecidos e recalcados, mas também nas situações terapêuticas em que foi possível visualizar sua posição subjetiva (VORCARO, 2010).

Pensando em Psicanálise, encontramos duas conceituações que podem se confundir, e o primeiro passo é saber diferencia-las para que o manejo e as provocações corretas sejam utilizados. O que vem a ser a ansiedade? E como separa-la, por exemplo, do que é conhecido como angústia.

O que é explicado por Abla (2009, p. 156), ao citar Freud: o medo que em geral está ligado a uma experiência que é possível nomear, ou segundo Freud, um objeto; a ansiedade é o processo no qual o objeto começa a se esfumaçar, mas não se sabe ao certo de que é o medo, há uma certa indeterminação, porém o sujeito já espera algo que está para acontecer. “Medo e angústia caracterizam um tempo subjetivo que leva o paciente à busca de um saber que o livre do medo e alivie do mal-estar”.

Essa ânsia/ansiedade tem a ver com o desejo, é uma espécie de crise do desejo, a expectativa do querer mais, de querer muito uma coisa e não saber se ela irá acontecer; ou o não querer muito uma coisa que já é realidade, mas ter receio de mesmo assim não consegui-la.

Já a angústia propriamente dita, seria um quadro além dessa escala, seria o que é chamado e conhecido como pânico, e a mesma foi descrita pela primeira vez pelo próprio Freud (1894) – como neurose de angústia. Sendo assim, o espectro da angústia envolve ainda uma outra forma de manifestação muito frequente, que são os quadros atuativos, acting out ou a passagem ao ato.

Todos esses exemplos, são formas de ansiedade que muitas vezes não são percebidas como tal, pelo próprio sujeito ou pelos que o envolvem, porque são resolvidas com ações que servem apenas para que o sujeito não pense, não pare para pensar, ele vai fazendo em vez de pensar e sentir. Essa maneira de agir acaba se tornando uma outra forma de angústia, geralmente associada a uma espécie de treinamento de fantasias na realidade. Isso faz com que o sujeito esteja sempre preocupado em controlar tudo que irá ou não acontecer, seja no momento presente ou no futuro próximo.

Outra possibilidade é o surgimento de angústias somáticas, que são sensações de desconforto, inadequação, mal estar, por vezes acompanhados por dores e respectivas formações somáticas; essas “reações” nada mais são que destino para a angústia. Na clínica psicanalítica a angústia está intimamente ligada com o plano da depressão, e consequentemente um lugar em que o desejo aparece ao sujeito de forma extraída, reduzida a uma certeza e indexado a experiência que somos apenas um corpo.

Portanto, segundo Lacan (1962-1963), não é que falte um objeto (quando se fala sobre angústia) mas que ele estaria excessivamente presente, não como objeto empírico, não como objeto dotado de imagem – como é o caso da fobia e do medo – mas é na sua presença de objeto A, que é fonte essencial do trauma, do mal encontro, do não simbolizável e que determina a causalidade do nosso desejo.

Dessa forma, o tratamento das ansiedades, em suas diferentes modalidades é no fundo o redimensionamento da relação do sujeito com o desejo, tentando então reduzir a captura desse desejo pelo ego, pelas imagens narcísicas, a captação desse desejo nas demandas do mundo e em formas de gozo corporais, semicorporais ou experienciais.

O tratamento então da angústia e da ansiedade, passa pela subjetivação do desejo, podendo parecer algo simples de ser teorizado e trabalhado, porém o primeiro passo o qual devemos compreender é que a ansiedade nunca se extingue, ela é apenas manejada, porque jamais viveremos sem angústia, mas pode ser algo que jogue a nosso favor.

 

REFERÊNCIAS

ABLA, Dalmara Marques. Experiência de Saber – Escola Letra Freudiana –Reflexões sobre o objeto no medo e na fobia. Rio de Janeiro: 7 letras, 2009.

BURSZTYN, D.C & FIGUEIREDO, A. C. O tratamento do sintoma e a construção do caso na prática coletiva em saúde mental, 2012. Tempo psicanalítico. Rio de Janeiro, 44(1),131-145.

DELORENZO, R. M. T; MEZAN, R.; CESAROTTO, O. Narrar a clínica. 2000. Percurso, 25, 2º sem. Disponível em: <https://www.psicomundo.com/brasil/percurso/percurso25.htm>. Acesso em: 06 de set. 2022.

FREUD, Sigmund. Extratos dos documentos dirigidos a Fliess. Rascunho E (1894). ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. I, p.261.

LACAN, J. O seminário, livro 10: a angústia (1962-1963). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. (Campo Freudiano no Brasil).

VORCARO, A. Psicanálise e método científico: o lugar do caso clínico, 2010. In Pesquisa em psicanálise: uma transmissão na Universidade. Fuad Kyrillos Neto; Jacqueline Oliveira Moreira (Org.) Barbacena- MG: EdUEMG. 179p.

 

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Como a cirurgia bariátrica mudou minha vida?

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Mestre em computação e mãe, professora do CEULP/ULBRA partilha sua vivência pré e pós-cirurgia.

Madianita Bogo Marioti, 47 anos, graduada em Tecnologia em Processamento de Dados, especialista em Informática para Aplicações Empresariais e mestre em Ciências da Computação, partilhou com as acadêmicas de Psicologia sobre sua decisão pela cirurgia, as mudanças que essa escolheu gerou e conselhos para os que pretendem encarar esse processo.

Fonte: Arquivo Pessoal

En(cena) – A obesidade vem crescendo de forma alarmante no Brasil e em todo o mundo. A cirurgia bariátrica é utilizada para o emagrecimento, o resgate da saúde e melhoria da qualidade de vida, no entanto, é um procedimento que apresenta riscos de complicações pós-operatórias nos aspectos biopsicossociais. Quando que você realizou a cirurgia? Foi um desejo seu ou uma indicação médica inicialmente?

Madianita – Eu fiz a cirurgia em 14 de janeiro de 2016, e alguns médicos já tinham sugerido que eu fizesse, principalmente o Endocrinologista. Mas eu decidi mesmo por uma questão de mobilidade porque eu sempre gostei muito de trilha, de andar em mato, cachoeira, e uma vez subindo na trilha da Cachoeira do Roncador, quando cheguei no último andar da escada eu achei que estava morrendo, eu realmente achei que estava tendo um infarto, meu peito ardeu demais. Nesse momento eu cheguei a conclusão de que eu precisava fazer algo, porque eu já tinha tentado várias dietas, mas aí eu emagrecia 2 kg e engordava 4 kg, se eu emagrecia 5 kg depois engordava 10 kg. Então foi uma decisão mais por saúde mesmo, para me sentir bem, mesmo com as indicações médicas anteriores, a decisão final foi minha.

En(cena) – As pesquisas e vivências individuais destacam a importância da preparação pré operatória na cirurgia bariátrica, por equipe multidisciplinar, bem como delimitam esta equipe com os mais variados profissionais. Como foi a atuação da equipe e a sua relação com esses profissionais?

Madianita – Eu fiz tudo certinho igual o médico mandou, fiz acompanhamento com fisioterapeuta, nutricionista, fiz todas as sessões do psicólogo. E esses acompanhamentos foram fundamentais, fez com que tudo fosse tranquilo, eu tive um pós-operatório muito tranquilo, eu não sofri como eu vi que muita gente sofre. Então a minha relação com essa preparação foi uma questão de segurança pessoal mesmo, eu não queria fazer a cirurgia sem ter certeza que eu estava preparada para aquilo. Eu vejo muita gente “pirando”, já tive relatos de um grupo que eu estou de gente que sofreu muito na fase “da líquida”, que se trancava no quarto chorando, e é comum eles falarem que foram no psicólogo somente uma sessão, receberam o laudo e foram embora. Então eu creio que fazer essa preparação, entender o que te espera, entender que esse pós-operatório é passageiro, que as coisas que “a gente sofre” são passageiras, é importante, e sozinho, só com leitura, é muito difícil conseguir isso.

Fonte: encurtador.com.br/elty0

En(cena) – Sabendo da importância do acompanhamento psicológico durante todo o processo de preparação e recuperação do paciente, como foi sua experiência com o profissional da Psicologia que estava inserido na equipe multidisciplinar?

Madianita – A minha relação com a psicóloga eu creio que foi de sucesso, eu me senti a vontade de conversar tudo com ela, de falar tudo com ela. Ela me deu apoio de certa forma nos momentos que dá uma certa insegurança e incerteza. Eu creio que ela foi importante tanto no pré, como no pós-operatório. E eu emagreci mais de cinquenta quilos, depois da cirurgia eu engravidei, tive meu filho, veio a pandemia e eu sou uma pessoa ansiosa, acabei me descuidando, e engordei vinte quilos. Não me arrependo de ter feito a cirurgia, não perdi a cirurgia porque eu ainda continuo mais de trinta quilos a menos do que eu tinha antes da cirurgia. Então assim, eu percebi que esse engordar aconteceu depois que eu parei o meu tratamento com a psicóloga. Hoje eu estou tentando me coordenar pra ver se eu consigo voltar ao tratamento, porque eu acho que ele foi fundamental, ela foi muito fundamental, tanto pra eu me sentir preparada pra fazer a cirurgia, no pós-operatório, como pra eu ter me mantido muito bem por muito tempo. Eu me mantive bem magra por um bom tempo. Só que aí logo eu engravidei (um ano e pouco depois da cirurgia), me mantive magra a gravidez inteira, mas estava fazendo o apoio psicológico durante a gravidez inteira. Eu comecei a engordar meu filho já estava com quase um ano, depois de quatro a cinco meses que eu tinha parado de amamentar que eu comecei a engordar, e eu atribuo muito esse meu descontrole à falta de acompanhamento psicológico. É importante que fique claro para quem vai fazer a cirurgia quanto é imprescindível fazer o tratamento psicológico depois, e quem chega a engordar o que eu engordei por ansiedade, a cirurgia não opera a cabeça, ela opera o estômago para ajudar a emagrecer aquilo que é difícil sozinho. Mas para manter, tem que ser um acompanhamento psicológico pro resto da vida, e faz diferença.

En(cena) Levando em conta toda a pressão estética presente em nossa sociedade, juntamente com seus padrões, é possível dizer que você sofre as consequências disso? Se sim, quais?

Madianita – Ser muito gorda no nível que eu estava, atrapalhava independente de padrões sociais/estéticos. Não era uma coisa que moldava a minha vida. Eu e meu marido sempre tivemos uma relação de muito amor, de muito carinho, mesmo quando eu estava muito gorda ele nunca demonstrou sentir vergonha ou não sentir desejo por mim, então eu não tinha grandes problemas em relação a convivência pessoal, por exemplo, eu usava maiô jogando vôlei com meus alunos. Então essa parte estética, de não viver por ser gorda, que eu vejo que muita gente tem, eu não tinha. Mas é lógico que eu tive meus momentos, que eu queria estar mais magra, principalmente quando eu ia comprar uma roupa. Eu brinco que a gente só achava capinha de bujão de gás colorida. Eu gosto de roupa preta, eu gosto muito de cores, mas eu não gosto muito de estampas, e eu falava que gordo só acha estampa. Então assim, tinha essa pressão estética um pouco, mas eu creio que em relação a isso eu era até bem tranquila. Era mais em momentos esporádicos que eu sentia essa pressão. Em relação ao pós-cirúrgico, apesar de ter engordado um pouco, eu não me sinto tão pressionada com essa questão estética, nesse ponto eu sou bem “cabeça de gelo”. Aí você me pergunta “mas se você é tão cabeça de gelo porque fez a bariátrica?” Porque realmente eu já estava num nível que eu tinha medo de morrer a qualquer momento, de infarto, eu tinha problema de subir escadas. Coisas que eu gostava de fazer no dia a dia estavam ficando difíceis pra mim. Então esse foi o meu grande motivador. Por mais que emagrecer, tenha me proporcionado poder escolher roupa e não a roupa me escolher, e eu ter ficado vaidosa, isso aí acabou alterando outros fatores. Então eu analiso que meu grande motivador foi o viver melhor, e não a pressão estética.

Fonte: encurtador.com.br/pCHX4

En(cena) – Avaliando o contexto cirúrgico pelo qual você passou, como pode ser descrita a influência desse processo na sua vida tanto antes quanto agora no pós, houve muitas mudanças? Quais foram elas?

Madianita – No pré-operatório, em termos da cirurgia em si, o medo de morrer, o medo de não dar certo eu nunca tive. Eu sou aquele tipo de pessoa que eu acho se dá certo pra noventa e oito por cento em termos de perigo de risco cirúrgico porque que vai dar errado comigo? Então não me afetou tanto essa questão. Eu estava bem tranquila até porque como eu falei na primeira resposta, eu fiz todo o procedimento certinho, eu procurei todos os profissionais, eu não pulei nenhuma etapa, eu fiz todos os exames, eu tinha muito medo do pós-cirúrgico. Meu problema no pré era o medo do pós. As pessoas falavam que passava mal naqueles quinze dias de dieta líquida, sofriam muito e choravam. Eu li histórias de pessoas que comeram sólidos e quase morreram ou morreram. Então o que me preocupava era o pós. Tirando isso, foi tudo muito tranquilo até porque o pré-operatório é muito corrido, a gente tem que fazer muita coisa, não dá muito tempo de “pirar” não. A mudança depois do pós-cirúrgico foi principalmente o me sentir bem. Eu tinha enxaquecas terríveis e isso diminuiu drasticamente, minhas TPMs, eu ainda tenho TPM, mas elas eram piores, eu pude voltar a fazer as coisas que eu gostava, melhorei a locomoção. Então assim, em termos de saúde, de me sentir bem, minha vida deu uma volta de cento e oitenta graus. Mudou a relação com o meu corpo, o próprio desejo sexual mudou um pouco, a minha vaidade. Então teve muita coisa boa, por mais que eu não tenha feito com motivação estética, eu estaria mentindo se falasse que isso não afetou positivamente minha vida. No pós-cirúrgico, eu engravidei, coisa que eu teria muita dificuldade por conta do ovário policístico, então mudou muita coisa na minha vida, positivamente, creio eu por causa da cirurgia.

En(cena) – Como você percebe suas relações interpessoais antes e após a bariátrica?

Madianita – Ser gorda não me afetava em termos de convivência social, não me afetava em relação a ter vergonha. Eu sempre conversei com todo mundo. Onde eu andava, eu conversava com todo mundo, fazia amizade com todo mundo. Eu dava aula tranquila, eu ia pra praia, colocava maiô, me divertia. Então quanto a relacionamentos interpessoais acho que não mudou muito minha vida, pelo fato de eu ter emagrecido com a bariátrica. Por mais que eu me sinta um pouco mais segura, me sinto mais bonita quando eu me arrumo. Quando eu ia para as formaturas e tinha que fazer um discurso, eu me senti melhor subindo no palco estando mais magra, podendo estar com uma roupa mais alinhada. Fora isso, eu continuo muito eu e muito do mesmo jeito que eu sempre fui.

En(cena) – O que você diria para as pessoas que pretendem passar por esse processo?

Madianita – Bom, para as pessoas que pretendem passar por esse processo, a primeira coisa que eu digo é, caso não exista nenhum impeditivo real, faça. Porque em termos de saúde de se sentir bem, melhorou da água pro vinho, como melhora também a aparência. Mais uma coisa que eu digo, faça tudo que o médico manda no pré-operatório, faça todas as terapias possíveis, não aceite se algum profissional falar que te dá o laudo antes do tempo, e algumas pessoas ficam felizes com isso. Então, é importante essa fase de amadurecimento da cirurgia, e depois da cirurgia continuar com o acompanhamento nutricional e psicológico. Enquanto eu estava indo na psicóloga direitinho eu me mantive magra, até mais do que eu queria. E quem chega a engordar a ponto de fazer uma bariátrica, normalmente são pessoas ansiosas, que descontam suas frustrações na comida e isso não vai mudar. Então assim, eu não me arrependo, não acho que eu perdi mesmo engordando os vinte quilos, mas eu engordei exatamente porque eu descuidei e deixei de ir nos profissionais que me acompanhavam. Hoje em dia eu voltei pra nutricionista, já eliminei três quilos, agora eu quero voltar para o psicólogo, porque é o único tratamento que consegue auxiliar na questão da ansiedade, pelo menos para mim.

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Psicóloga fala sobre o processo de avaliação psicológica no pré-cirúrgico

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En(Cena) entrevista a psicóloga Geovanna Gomes

Geovanna Gomes, 24 anos, egressa do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, atualmente atuante na área da Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e pós-graduanda em Neuropsicologia.

Nessa entrevista, Geovanna esclareceu dúvidas sobre o processo de avaliação dos pacientes pré-cirúrgicos, a partir de sua vasta experiência nesta área, uma paixão que começou enquanto ainda estava na graduação.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgou dados sobre cirurgia no Brasil. Em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos, – 7% a mais do que em 2018 quando foram feitas 63.969 cirurgias. Tendo em vista a complexidade que é a decisão de realizar a cirurgia bariátrica a aplicação de testes psicológicos serve para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista clínica e é de extrema importância, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato. Sendo assim, como você define o processo de avaliação psicológica? 

Geovanna – A avaliação psicológica é um processo feito apenas por psicólogos e abrange alguns instrumentos, métodos e técnicas na sua realização. Primeiramente tem a anamnese, sempre inicia uma avaliação psicológica fazendo a anamnese no candidato, geralmente o número de sessões de anamnese varia de acordo com a complexidade de cada caso, então a gente faz um levantamento sobre a vida do paciente sobre os motivos dele, o caminhar do paciente até o momento da decisão de realizar o processo cirúrgico. É geralmente uma entrevista semiestruturada que dá ao paciente uma maior liberdade para poder falar sobre seus sentimentos, motivos, etc. Depois de passar por esse processo de anamnese que já é um trabalho de vínculo com o paciente, ele precisa confiar na gente, ter uma boa ligação entre profissional e paciente, para que se sinta confortável durante todo o restante da avaliação, e minimizar ao máximo os sintomas ansiogênicos. Passamos então para o processo de aplicação de instrumentos, onde tem algumas escolhas não padronizadas (atividades que não tem um estudo científico estatístico e são utilizadas mesmo assim porque nos traz uma análise qualitativa) então quando é feita uma avaliação pensa-se tanto na parte quantitativa quanto na parte qualitativa onde entra a anamnese, observação clínica e essas outras atividades e instrumentos. Isso nos dá uma visão e uma amplitude, melhora a nossa análise dentro da avaliação. Eu costumo dizer que a avaliação tem esse tripé que é o que o paciente me traz, o que a família do paciente traz pois é muito importante ter também esse contato com a família do paciente, o que eu observo do paciente e o que os testes vão me dizer, e a observação em relação ao paciente inclui: postura, o que está sendo observado na aplicação dos testes. como o paciente está respondendo aos testes como ele se comporta na anamnese, como que é esse relacionamento familiar (pai, mãe, irmãos, esposo) porque é importante essa rede de apoio para o paciente pós cirurgia. Após todo esse processo descrito, é pedido um prazo para o paciente para que o documento seja produzido e tenha os resultados estruturados, quando o laudo psicológico é finalizado acontece uma explicação dos resultados para o paciente, onde será verificado se ele está apto ou não, geralmente eu não costumo escrever diretamente essa questão de aptidão pois acredito que tenha um peso muito grande, e o trabalho sempre é realizado em conjunto com médicos e outras profissionais, o que exige um parecer deles também. Por fim, sempre buscamos orientar o paciente que apresentou algum sintoma que discorde do necessário para a realização da cirurgia, sempre orientamos a busca do acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico. Assim, posso dizer que o mais importante dessa avaliação nem sempre é o processo em si, mas sim o momento da devolutiva onde é realizada toda a orientação, ajudando o paciente que ainda não mostrar coragem suficiente ou alguma dúvida, então sempre focamos muito no processo de orientação e na devolutiva do laudo.

Fonte: encurtador.com.br/jvzFK

(En)Cena – Pensando na gama de sentimentos e emoções que o paciente provavelmente estará sentindo em todo o processo de preparação, quais são os aspectos principais e mais importantes a serem avaliados nos testes e nas observações comportamentais?

Geovanna – Hoje em dia nós temos vários testes que nos possibilitam ter um norte sobre aspectos da personalidade, emocionais, comportamentais e cognitivos também de modo geral, e isso é muito bom pensando que essas ações fazem parte da nossa cognição. Eu acho muito importante sempre iniciar com um teste de inteligência e raciocínio para saber se o paciente está lúcido e consciente de uma forma cognitiva sobre a decisão que está tomando. Outra questão a ser avaliada é a questão da percepção, ou seja, se o paciente não tem nenhuma alteração relacionada a percepção visual, observar se ele tem alguma alteração de distorção da realidade, se está consciente do que está passando e se percebe o que está vivendo. Já no quesito de personalidade é possível avaliar tendência depressiva, transtornos ansiosos, mudança de humor, baixa autoestima, baixa motivação, desesperança. Esses aspectos são muito importantes, porque às vezes o paciente está empolgado naquele momento, mas é uma pessoa facilmente afetada por frustrações, isso já se torna um indicativo, então é necessário que o paciente esteja preparado para o pós-cirúrgico. Os sintomas de obsessão e compulsão também devem ser avaliados para entender se há uma compulsão alimentar ou até às vezes pensamentos obsessivos ou algum tipo de delírio.

(En)CenaPor ser um processo delicado e irreversível precisa ser muito bem avaliado e detalhado, em média, quantas sessões são necessárias para concluir a avaliação?

Geovanna – Hoje o processo avaliativo precisa levar em consideração tudo o que já foi pontuado anteriormente, geralmente são necessárias de duas a três sessões de anamnese para poder entrevistar o paciente, a família e/ou rede de apoio e as pessoas mais próximas. Depois os testes que variam em média de cinco a seis sessões, e também a sessão de entrega do laudo que leva de duas a três sessões. Tudo depende muito do quanto o paciente vai querer falar, às vezes ele pode chorar, ficar emocionado, então o acolhimento também deve ser realizado. Sendo assim, no total temos uma média de oito a doze sessões, e o número varia de paciente para paciente.

Fonte: encurtador.com.br/aovR7

(En)CenaSabe-se que é necessária uma equipe interdisciplinar para a preparação do paciente, nesse sentido, qual a importância de um profissional da psicologia envolvido nesse acompanhamento até o momento da cirurgia?

Geovanna – Todo profissional é importante nesse processo, mas eu acredito que o profissional da psicologia tem um peso em cima disso porque o paciente é sempre muito carregado de traumas e problemas emocionais, ansiedade ou depressão e também julgamentos, isso tudo acaba influenciando muito no pós-cirúrgico. Assim o profissional da psicologia vem justamente para isso, trabalhar autoconfiança, segurança, auto imagem, auto cuidado, tudo isso são ferramentas importantes e a gente busca trabalhar justamente isso fazendo com que o paciente tenha estratégias e mecanismos para enfrentar as próprias batalhas, tendo força e resiliência para isso. Não é possível mostrar o exato caminho para o paciente, mas podemos dar as ferramentas para que o paciente escolha, porque no final das contas independente por quais profissionais ele passe a responsabilidade e a decisão final sempre vai ser do paciente e a gente está justamente para orientá-lo nesse processo. O acompanhamento precisa ser feito tanto antes e precisa continuar sendo feito após a cirurgia porque o acompanhamento no processo pré-cirúrgico e a aptidão apontada pelos testes não anula o fato de que algo possa acontecer no processo pós-cirúrgico, muitas vezes ele pode se frustrar ou ter uma quebra de expectativa, então mesmo que todos os profissionais acompanhem esse paciente antes da cirurgia é importante que ele continue fazendo o acompanhamento no pós-cirúrgico, nós iremos ajudá-lo a enfrentar seus traumas e julgamentos sofridos ou a sensação de insuficiência  e até mesmo a baixa autoestima, não podemos deixar de trabalhar com o paciente essa criatividade relacionada ao que fazer e como reagir caso algo acontecesse, ou caso aconteça algo que não seja como esperado sempre trazendo a realidade da situação pois será um processo complicado no pós cirúrgico e ele precisa ter em mentes essas diversas situações e até mesmo lidar com o fato de que o emagrecimento não acontece de forma tão rápida mas sempre ressaltando que  existem formas de passar por isso de forma saudável e com acompanhamento adequado.

(En)CenaVocê já experienciou, após o acompanhamento pré cirúrgico, algum caso do paciente se arrepender de ter realizado a cirurgia? Se sim, quais foram as motivações para essa decisão?

Geovanna – Eu nunca presenciei um paciente que tenha se arrependido de ter realizado a cirurgia, o que eu já presenciei foi o caso de uma paciente que fez o  acompanhamento psicológico antes da cirurgia, teve um processo pós-cirúrgico muito bom e de boa recuperação e estava indo muito bem, porém aconteceu a situação onde ela conseguiu realizar a cirurgia e ter abandonado todos os tratamentos, faltando a psicoterapia e deixando de fazer o acompanhamento com nutricionista e psiquiatra, deixou de usar as medicações por conta própria e isso trouxe um descontrole emocional para ela, voltou a comer de forma compulsiva e então começou a voltar com o quadro de aumento de peso  até que ela conseguiu voltar do tratamento então assim houve essa oscilação mas porque a paciente ela negligenciou o  tratamento pós-cirúrgico.

Fonte: encurtador.com.br/koCSY

(En)CenaAo longo desses anos no processo de avaliação psicológica, já ocorreu de algum paciente fazer todo o processo avaliativo e optar por não realizar a cirurgia pois percebeu que não era aquilo que realmente queria?

Geovanna – Nunca aconteceu nas minhas experiências de o paciente ser apto e depois mudar a opinião para a cirurgia bariátrica passando processo de avaliação psicológica.

(En)CenaQuais são os critérios avaliativos que deixariam o paciente inapto para a realização da cirurgia? 

Geovanna – Todos os critérios avaliativos são importantes, porém quando se trata de inaptidão é importante avaliar quesitos como inteligência abaixo da média, é necessário que haja uma investigação pois ocorre o questionamento sobre o fato de que o paciente pode estar tomando essa decisão com responsabilidade e se sabe tomar as próprias decisões. A questão emocional também é muito importante, flexibilidade cognitiva onde o paciente tem dificuldade a se adaptar a novas situações tendo assim um comportamento muito rígido, e todas as sintomatologias relacionadas a ansiedade, imediatismo, depressão e também compulsão, tudo deve ser bem avaliado e investigado.

(En)CenaVocê acredita que os padrões de beleza e a pressão estética que existe em nossa sociedade são os principais fatores que levam a maioria dos pacientes a buscar pelo procedimento? Caso contrário, quais outros fatores têm uma forte influência nessa decisão? 

Geovanna – De uma forma geral é possível dizer que sim, e na maioria das vezes os julgamentos acabam acontecendo por pessoas muito próximas, e sempre é necessário investigar se o paciente tem consciência de que a escolha pelo processo cirúrgico tem relação a pressão estética e padrões de beleza ou não. Existem pacientes que reconhecem e expõe o fato de que a busca pelo processo cirúrgico realmente é em função de padrões estéticos, mas o fator de saúde é muito importante e várias vezes o paciente já está muito debilitado e com diversas limitações, o que acaba influenciado, mas também se voltando para a questão estética.

 

REFERÊNCIA

SBCBM. SBCBM divulga números e pede participação popular para cobertura da cirurgia metabólica pelos planos de saúde. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/sbcbm-divulga-numeros-e-pede-participacao-popular-para-cobertura-da-cirurgia-metabolica-pelos-planos-de-saude/. Acesso em: 07 out 2021.

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CAOS 2019: sessão técnica aborda estudo de caso do sofrimento de uma agente penitenciária

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Acadêmica apresenta tema de estudo do seu TCC dentro das sessões técnicas do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia.

Ocorreu na tarde de quinta-feira (23) na sala 219 do CEULP/ULBRA, a sessão técnica “O sofrimento e a nova morfologia do trabalho: estudo de caso com uma agente penitenciária.” A atividade foi conduzida pela acadêmica do curso de Psicologia da instituição, Geovanna Gomes de Morais, trabalho que contou com a orientação da Profa Me. Thaís Moura Monteiro.

Na introdução da pesquisa, Geovanna identificou a enorme precarização do serviço, a intensificação do trabalho e a aceleração desse processo quando o assunto é sujeito + trabalho. Com isso, percebeu-se também uma falta de estrutura do ambiente de trabalho e a escassez da organização do clima dentro do local de trabalho.

Fonte: Arquivo Pessoal

Através dessas condições insalubres ocorre uma degradação entre sujeito e trabalho, formando um processo adoecedor. A agente penitenciária estudada relatou que a jornada de trabalho que deveria ser de 40 horas semanais, torna-se de 48 horas semanais, e sem acréscimo de salário por hora extra.

Ao final, Geovanna trouxe os principais impactos psíquicos que essas condições causam na vida das mulheres, dentre eles: assédio moral, desigualdade de gênero, acúmulo de sono, precarização de estruturas básicas e acúmulo de afazeres. Tendo isso em vista, mostra-se a necessidade de uma regularização desse serviço e principalmente do local de trabalho para o fim do sofrimento dessas agentes.

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CAOS 2019: Escravidão contemporânea e saúde mental desses trabalhadores é tema de sessão técnica

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Sessão técnica apresentada por advogada mostra a contribuição da Psicodinâmica do Trabalho no combate ao ciclo nocivo da escravidão contemporânea.

No dia 23 de maio, aconteceu na sala 219 do CEULP/ULBRA, a sessão técnica “A saúde emocional dos trabalhadores resgatados em condições análogas à de escravo”, ministrada por Nathalia Canedo, bacharela em Direito e mestranda em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos. A sessão técnica foi mediada pela Profa Me. Thaís Moura Monteiro.

Nathalia começou fazendo uma contextualização sobre a revolução industrial, e como ela influenciou diretamente no processo de escravidão contemporânea, já que o trabalho passou a não ser mais algo braçal e punitivo como na época da colonização com os negros, indígenas e africanos, para ser algo repetitivo e exaustivo.

Foi abordado também a questão das condições totalmente insalubres desses trabalhadores, pois os “patrões” visam a produção e o lucro, ao invés da saúde física e emocional do sujeito. Tal dinâmica se apresenta como fruto da sociedade capitalista que nos cerca desde a época da revolução industrial.

Para encerrar, ela levou o dado alarmante de que o Tocantins é o 6º estado com o maior número de trabalho escravo notificado e que através dessas denúncias mais de 4.000 trabalhadores já foram libertados ou regulamentados. Com isso, mostra-se a importância do trabalho multidisciplinar entre Direito e Psicologia para combater algo tão antigo, mas que acontece de uma outra forma na contemporaneidade.

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Homem-Aranha no Aranhaverso: as várias faces de um mesmo super-herói

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Concorre com 1 indicação ao OSCAR:

Melhor Filme de Animação

O último filme da série fugiu um pouco da realidade, e principalmente do que os fãs já estavam acostumados. Além de ter sido transformado em animação, com uma pegada estilo história em quadrinhos, o enredo não girou em torno de Peter Parker.

A gigante Marvel Comics juntamente com a Sony Pictures Entertainment (Columbia Pictures) lançou o primeiro filme do Homem-Aranha nos cinemas em 2002, com o icônico Tobey Maguire, que se eternizou como Peter Parker. Maguire protagonizou até o 3º filme do super-herói, em 2007, e essa foi sua última aparição como Homem-Aranha. Após alguns anos, o ator Andrew Garfield assumiu essa enorme responsabilidade, porém, assim como Tobey, não se firmou no papel. Até a chegada do cômico e divertido Tom Holland, que com uma carinha de bebê conquistou o coração, e os risos de milhares de telespectadores.

O último filme da série fugiu um pouco da realidade, e principalmente do que os fãs já estavam acostumados. Além de ter sido transformado em animação, com uma pegada estilo história em quadrinhos, o enredo não girou em torno de Peter Parker, mas sim de Miles Morales. Miles é um adolescente como qualquer outro que está descobrindo seu lugar no mundo, e recebe grande apoio da família, principalmente de seu pai, com o qual tem uma proximidade maior. No entanto sua maior referência é seu tio paterno, que vive a vida sem regras, se diverte e viaja quando quer. Enquanto isso, o pai de Miles é um policial sério e apaixonado pelo que faz.

Fonte: encurtador.com.br/cdxEW

Sem muita surpresa, a história do filme contempla os passos da Jornada do Herói descrita pelo antropólogo Joseph Campbell, que perpassa desde a saída do indivíduo (Miles) de sua zona de conforto como “pessoa normal”, para o chamado à aventura, a negação desse chamado, mas após essa recusa uma intensa reflexão, e finalmente a aceitação desse desafio e a convicção de que o chamado só pode ser cumprido pelas suas próprias mãos, competência e força de vontade.

Outra grande questão tratada, não apenas nesse filme, mas na maioria das indicações ao Oscar 2019, é o Zeitgeist Negro. Uma onda poderosa de empoderamento negro que veio para mostrar o atual espírito da época em que vivemos. Assunto esse que precisa ser tratado mais do que nunca, pois apesar dos grandes avanços em relação ao racismo, ainda vivemos em uma cultura segregacionista e violenta, quando se trata de diferenças.

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A comunicação com as outras dimensões

A ação do filme finalmente começa quando noticia-se que Peter Parker, o famoso e amado super-herói de Nova York, está morto. Após um combate contra o Rei do Crime, ele acaba sendo derrotado, porém passa a responsabilidade de salvador da cidade para Miles Morales, que assim que encontra Peter, descobre seus novos super-poderes e habilidades, mesmo assim ainda não sabendo como usá-los.

Com a carga dessa enorme responsabilidade, Morales não faz ideia de como, nem por onde começar. Até então achando que era o único Homem-Aranha, Miles tem uma grande surpresa quando após o funcionamento da máquina do Rei do Crime, aparece Peter B. Parker, ou seja, o famoso Peter Parker, porém alguns anos mais velho e alguns quilos a mais.

Fonte: encurtador.com.br/jEZ15

Com esse encontro Miles pensa que seus medos e inseguranças após essa nova responsabilidade irão acabar, já que ele tem outro Homem-Aranha para ensiná-lo a ser um super-herói, mas na verdade a única coisa que o velho Parker quer, é voltar para sua dimensão. Neste sentido, em um desses “treinamentos”, surge nada mais nada menos do que uma Mulher-Aranha, conhecida como Gwen Stacey. Mais uma vez a Marvel se supera nas surpresas, e principalmente sustenta o empoderamento feminino que cada dia mais ganha espaço no cotidiano.

E quando pensa que já surgiram “Aranhas” demais, ainda conta-se com a presença do Homem-Aranha Noir, que se apresenta todo de preto, como se fosse constituído de uma sombra de história em quadrinhos. Também surge o Spider-Ham, conhecido como Porco-Aranha, com um carisma e comicidade sem igual. E, por último, Peni Parker, uma estudante de Ensino Médio, com características dos Animes Japoneses, que conta com a ajuda de um parceiro que é um robô muito interativo e com uma avançada tecnologia.

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Após o encontro de todos, agora eles têm um grande desafio: impedir que o Rei do Crime faça o acelerador entre dimensões funcionar, pois se isso acontecer não será possível voltarem para suas respectivas dimensões. No meio de todo esse problema, ainda tem a insegurança de Miles, que é apenas um adolescente que recebeu uma enorme responsabilidade e não sabe como agir diante dela.

Nesse momento Morales busca a ajuda de seus pais, porém não se sente à vontade para contar-lhes o que realmente o aflige, pois sabe que seu pai não era um grande fã dos serviços de Peter Parker, que agora pertencem ao Miles. Mas independente da clareza com seus pais, Morales sabe que sua casa sempre será um lugar seguro, cheio de amor e compreensão.

Com isso, o novo Homem-Aranha cria coragem para construir seu legado e ajudar seus novos amigos a voltarem para suas dimensões. Como se é esperado, eles conseguem destruir os planos do Rei do Crime, e cada um volta para sua dimensão. Miles fica feliz em conseguir ajudar e com uma sensação de dever cumprido, e sabe que sempre que precisar buscar forças interiores para vencer seus futuros desafios, lembrará das grandes amizades que conquistou durante essa jornada.

“A pessoa que ajuda as outras porque isso deve ser feito, e porque é a coisa certa a se fazer, é sem dúvidas uma super-heroína”. Stan Lee.

FICHA TÉCNICA :

HOMEM-ARANHA NO ARANHAVERSO

Título Original: Spider-Man: Into the Spider-Verse
Direção: Peter Ramsey, Bob Persichetti, Rodney Rothman
Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Jake Johnson,
Nicolas Cage,Kimiko Glenn
Ano: 2018
País: EUA
Gênero: Animação

REFERÊNCIAS:

[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem-Aranha_no_cinema

[2] https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/2018/12/critica-homem-aranha-no-aranhaverso

[3] CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Tradução de Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Pensamento/Cultrix, 1989.

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Monteiro Lobato: muito além do Sítio do Picapau Amarelo

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 “Um país se faz com homens e livros.”

Monteiro Lobato

José Bento “Monteiro Lobato”, ativista político, escritor, criador da literatura infantil no Brasil e grande influenciador na época em que viveu. Era um homem com uma personalidade forte, individualista por formação e temperamento porém destoante das rígidas tradições vigentes em seu tempo. Mas tudo isso ia por terra quando apareciam as crianças, tinha uma qualidade de agradá-las tanto em sua escrita quanto pessoalmente quando elas chegavam para ouvir suas histórias, que muitas vezes, eram inventadas na hora em que as contava.

Nascido em 18 de abril de 1882, no interior de São Paulo, na cidade de Taubaté, sempre teve boas condições de vida. Após a morte precoce de seus pais, Lobato passou a morar com o avô, que tinha um título de nobreza e uma fazenda na qual ele trabalhou, e logo depois herdou-a. Sob as ordens de seu avô, graduou-se em Direito porém sua paixão sempre foi a escrita e a literatura. Inclusive em uma entrevista Lobato disse:

“Eu perdi tempo escrevendo pra gente grande.”

Monteiro Lobato

Fonte: encurtador.com.br/xzRT8

Viveu o pré-modernismo, período de intensa movimentação literária que marcou a transição entre o simbolismo e o modernismo. Seguindo essa escola da literatura, ele publicou seu primeiro livro “Urupês”, onde um dos contos que o compunha contava sobre a vida de Jeca Tatu personagem baseado em experiências reais, que ganhou grande fama na época da publicação, pois Lobato acabou com a imagem que a literatura tinha construído a respeito do homem do campo com a ideia do caboclo feliz e sem ambições.

Através do Jeca Tatu, Monteiro Lobato fez críticas ao saneamento básico e a saúde pública após ver notícias sobre a precariedade de um bairro do Rio de Janeiro, mas ao mesmo tempo utilizava de anúncios, contos e tirinhas para conscientizar a população sobre a gravidade da situação e de certa forma pressionar a alta sociedade para que algo fosse feito.

Fonte: encurtador.com.br/yGHZ9

Lobato foi o primeiro escritor a se preocupar com os aspectos ilustrativos nos livros, utilizando-se disso iniciou sua verdadeira paixão: escrever para o público infantil. Seu primeiro livro para as crianças foi “A menina do Narizinho Arrebitado” e foi publicado em 1920. A partir desse, surgiu o famoso e aclamado “Sítio do Picapau Amarelo” que teve 23 volumes que foram publicados entre 1920-1947, onde Monteiro Lobato utilizou-se das memórias da fazenda de seu avô para construir o local da história e os personagens.

Como principal protagonista pode-se destacar Emília, a boneca de pano que falava tudo o que lhe vinha na cabeça sem papas na língua. O que muitos não sabem é que a personagem foi inspirada em uma menina real, na época filha de um amigo de Lobato. Ele a observava enquanto ela brincava sem que o visse, para que fosse algo espontâneo e genuíno. Mas também existe a teoria de que Emília era um pouco do irracional do escritor, que falava as verdades que ele queria dizer e não podia.

Fonte: encurtador.com.br/dzGS2

A literatura de Lobato fez tanto sucesso pois misturava realidade e fantasia com uma linguagem coloquial e acessível. Porém não era em todo o lugar que era bem-vinda, devido sua ferrenha crítica aos padres e a Igreja Católica, acabou tendo grandes desavenças com essa Instituição. Devido a isso as escolas confessionais proibiam seus alunos de ler os livros de Monteiro Lobato e quando conseguiam recolher alguns queimava-os na fogueira em praça pública.

Devido ao grande sucesso do Sítio do Picapau Amarelo na literatura, assim que surgiu a televisão a história e os personagens foram transformados em seriado, levados pela Tv Tupi em 1950 como a primeira série brasileira.

Infelizmente Monteiro Lobato não se limitou apenas a escrita de seus livros, mas também foi um epicentro de polêmicas e contradições: criticava o movimento modernistas com fervor e era abertamente racista— foi membro de uma entidade eugênica, grupo que defendia a pureza racial e acreditava que a miscigenação era um fator prejudicial na formação do Brasil. Em um trecho de uma carta à Neiva, Lobato inclusive defendeu a criação de uma Ku Klux Klan no Brasil:

“Um dia se fará justiça ao Ku Klux Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca.”

Monteiro Lobato

Fonte: encurtador.com.br/bekv8

Após muitos anos, quando o movimento negro ganhou força no Brasil um de seus livros “Caçadas de Pedrinho”, foi questionado por conter elementos racistas, porém alguns estudiosos que têm o trabalho de Lobato como referência dizem que ele foi mal interpretado e não contém nenhum racismo dentro de suas obras.

Mesmo com essas manchas em sua história de vida não podemos negar que as obras de Monteiro Lobato são extremamente importantes para a literatura brasileira, e que sem ele não haveria uma identidade nos livros infantis, consequentemente um desfalque na educação e na alfabetização das crianças de sua época até os dias atuais. Lobato faleceu em 4 de julho de 1948 aos 66 anos, porém seu legado continua vivo e marcado na história de nosso país.

 

REFERÊNCIAS:

https://www.todamateria.com.br/monteiro-lobato/

<https://youtu.be/ozrWJz-btl0>

<https://youtu.be/2yjnIlmg7ME>

http://www.mucurycultural.org/2011/03/monteiro-lobato-eugenia-e-o-preconceito.html

https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/04/10-fatos-sobre-monteiro-lobato-criador-do-sitio-do-picapau-amarelo.html

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Roda de conversa aborda ações de redução de danos em contexto do uso de drogas no Brasil

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Na tarde dessa quarta-feira (17) foi realizado um encontro no anfiteatro da UFT (Universidade Federal do Tocantins), promovido pelos integrantes do Redução de Danos(RD), projeto que nasceu e funciona principalmente na cidade de São Paulo.

Fonte: Arquivo Pessoal

O tema da discussão foi “Do baque ao Crack: 30 anos de Redução de Danos no Brasil). A roda de conversa foi regida por dois membros do projeto, Maria Angélica Comis e Marcelo Ryngelblum. Eles contaram que essa ação começou devido à uma grande epidemia de HIV na cidade de São Paulo, a partir disso eles criaram o Centro de Convivência “É de Lei” que atua há mais de 19 anos com pessoas que usam substâncias psicoativas na perspectiva da Redução de Danos.

“Temos a missão de cocriar e disseminar referências, práticas de cuidado e estratégias de redução de danos baseados em intervenções junto a pessoas que usam drogas, trabalhadores da rede intersetorial, membros da academia e gestores públicos, buscando incidência política que mude a lógica de Guerra às Pessoas, também chamada de Guerra às Drogas”, afirmou uma das autoras do projeto, Maria Angélica.

Fonte: Arquivo Pessoal

Para efetivar esse projeto eles montaram um estande na cidade de São Paulo perto de uma famosa galeria onde muitas pessoas se encontram para o uso de drogas e preparação para ir às festas da cidade. Dessa forma eles distribuíam insumos (preservativos, lubrificantes, piteiras de silicone e protetores labial) criados pelo próprio RD e o É de Lei tentando conscientizar esses usuários da importância de usar esses psicoativos sem contrair uma doença e outros problemas de saúde.

O objetivo desse evento foi mostrar os resultados eficazes trazidos de São Paulo como inspiração para alimentar projetos que já existem no Tocantins, como a Casa 8 de Março, instituição essa que tem como finalidade mobilizar a sociedade em prol das mulheres de todo o estado. Dessa forma, evidenciou-se a importância de um trabalho como esse, e principalmente a visibilidade sobre pessoas que costumam ser tão marginalizadas.

 

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