Curtidas, Comentários e Comparações: o impacto das Redes Sociais na saúde mental dos adolescentes

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Estudos apontam que o uso excessivo das redes podem gerar impactos na imagem e saúde mental.

Matheus Aquino Alves- @mathewsaquino2@gmail.com

O comportamento dos adolescentes é influenciado por uma combinação de fatores, incluindo mudanças físicas, hormonais, cognitivas e sociais. Durante a adolescência, os jovens estão em busca de sua identidade individual. Eles estão explorando quem são, seus interesses, valores e aspirações. Isso pode levar a experimentações em diferentes áreas, como moda, música, hobbies, grupos sociais, buscando encontrar um senso de pertencimento e construir uma identidade pessoal (DEL DUCA; LIMA, 2019). 

Para Nasio (2011), os adolescentes têm uma propensão maior a assumir riscos, comparados a crianças e adultos. Isso ocorre porque seus cérebros estão passando por mudanças significativas, especialmente na região do córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos e tomada de decisões. Eles podem ser mais propensos a buscar novas experiências e sensações, muitas vezes avaliando menos as consequências negativas potenciais.

Durante a adolescência, os amigos e os grupos sociais têm uma influência significativa no comportamento dos jovens. Os adolescentes podem sentir uma forte pressão para se encaixar e se adequar às normas e expectativas do grupo. Isso pode levar a comportamentos de imitação, conformidade social e busca por aceitação. Um destes caminhos buscados é pela imagem que querem passar, principalmente na era das redes sociais. 

Lima et al (2016), explana que as redes sociais têm um impacto significativo na vida dos adolescentes, pois permitem que se conectem com amigos, colegas e familiares de maneira rápida e conveniente. Eles podem compartilhar interesses, experiências e emoções, fortalecendo os laços sociais. No entanto, também é importante equilibrar o uso das redes sociais com a interação off-line e presencial, pois o excesso de tempo gasto nas redes pode levar ao isolamento social. 

Para Palfrey e Gasser (2011), o uso das redes sociais pode afetar a saúde emocional dos adolescentes, pois a exposição constante a imagens filtradas e “vidas perfeitas” de outras pessoas pode levar a comparações e sentimentos de inadequação. Além disso, o cyberbullying e a disseminação de conteúdo prejudicial podem causar estresse, ansiedade e impactar negativamente a autoestima dos adolescentes.

Estudos sugerem que o uso excessivo de redes sociais pode estar associado a problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e solidão. A pressão para obter aprovação social, a exposição a conteúdo perturbador e a dependência da validação online podem afetar o bem-estar emocional dos adolescentes. É importante incentivar o equilíbrio e o uso responsável das redes sociais, bem como promover o apoio emocional offline (PALFREY; GASSER, 2011). 

Fonte: Pixabay

Outro fator relevante é quanto à privacidade e segurança dos adolescentes. Eles podem compartilhar informações pessoais sensíveis ou se envolver em interações perigosas com estranhos. A conscientização sobre a importância da privacidade online, a proteção de informações pessoais e a adoção de configurações de privacidade adequadas são essenciais para a segurança dos adolescentes (YOUNG; ABREU, 2011). 

O uso excessivo das redes sociais pode afetar a saúde mental de várias maneiras. As redes sociais muitas vezes mostram uma versão filtrada e idealizada das vidas das pessoas. Isso pode levar os usuários a se compararem constantemente com os outros e a sentirem-se inadequados ou insatisfeitos com suas próprias vidas. Essa comparação social constante pode contribuir para sentimentos de baixa autoestima, inveja e depressão (YOUNG; ABREU, 2011). 

A constante necessidade de verificar e atualizar as redes sociais pode resultar em sentimentos de ansiedade e angústia quando não é possível acessá-las. A compulsão em usar as redes sociais também pode interferir nas atividades diárias, nos relacionamentos pessoais e no sono, afetando negativamente a saúde mental. (MEDPREV, 2021). 

Christofoli Garcia e Assunção (2022) apontam que embora as redes sociais possam conectar as pessoas virtualmente, o uso excessivo delas pode contribuir para o isolamento social na vida real. Quando as interações sociais são predominantemente online, pode haver uma falta de conexão pessoal e intimidade nas relações, levando a sentimentos de solidão e desconexão emocional.

As redes sociais podem expor os usuários a situações de cyberbullying, onde são alvos de insultos, ameaças ou humilhação online. Esse tipo de experiência pode ter um impacto significativo na saúde mental, causando ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas. Além disso, a exposição a conteúdo prejudicial, como imagens violentas, discurso de ódio ou conteúdo sexual explícito, também pode afetar negativamente a saúde mental, especialmente em adolescentes (CHRISTOFOLI GARCIA; ASSUNÇÃO, 2021). 

Distúrbios do sono também são uma das causas do seu uso excessivo. A exposição à luz azul emitida por dispositivos eletrônicos e o envolvimento em interações estimulantes nas redes sociais podem dificultar o adormecer e levar a distúrbios do sono. A falta de sono adequado pode contribuir para problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. (MEDPREV, 2021). 

Por fim, as redes sociais têm tanto benefícios quanto desafios para os adolescentes. É importante que os pais, educadores e os próprios adolescentes estejam cientes dos impactos e incentivem o uso responsável das redes sociais, promovendo o equilíbrio entre a vida online e offline, o cuidado com a saúde mental e a proteção da privacidade e segurança online.

É importante encontrar um equilíbrio saudável no uso das redes sociais e adotar práticas que promovam a saúde mental. Isso pode incluir estabelecer limites de tempo, criar intervalos de desconexão, buscar interações sociais offline, praticar autocuidado e procurar apoio profissional, se necessário.

Cada adolescente é único e o comportamento pode variar amplamente entre os indivíduos. Além disso, os fatores culturais, ambientais e individuais também podem influenciar o comportamento dos adolescentes. É essencial oferecer um ambiente de apoio, comunicação aberta e oportunidades para o crescimento e desenvolvimento saudáveis durante essa fase de transição para a vida adulta.

REFERÊNCIAS

CHRISTOFOLI GARCIA, N., ASSUNÇÃO, J., Interativa, C., & Humanas, C. INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS NA SAÚDE MENTAL DOS ADOLESCENTES. 2022. 

Del Duca, M. R., Lima, B. H. V. A Influência das mídias na adolescência. CADERNOS DE PSICOLOGIA – CESJF – jun.2019 v.1 n.1 p.555- 572.

Hospital Santa Mônica. A saúde mental e a importância dela na vida das pessoas. Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/a-saude-mental-e-a-importancia-dela-na-vida-das-pess oas. 2021. 

LIMA, Nádia Laguárdia de et al. As redes sociais virtuais e a dinâmica da internet. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, n.9, v. 1, p. 90-109, 2016. 14:30. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/gerais/v9n1/v9n1a08.pdf. Acesso em: 01 maio 2019. 

NASIO, Juan David. Como agir com um adolescente difícil? um livro para pais e profissionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 

PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração dos nativos digitais. Porto Alegre: Artmed, 2011

YOUNG, Kimberly S.; ABREU, Cristiano Nabuco de. Dependência de internet: manual e guia de avaliação e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2011.

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Uma Crônica sobre os relacionamentos virtuais

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Relacionamentos que se iniciam no virtual  são menos legítimos? Reflexões acerca da virtualização do namoro. 

Matheus Aquino- @mathewsaquino2@gmail.com 

Foi em um dia bastante comum que um jovem estava conversando com seus amigos, já era noite e então um deles se levanta e pede ajuda para encontrar alguém legal no Tinder. Um dos amigos se oferece para ajudar e os dois começam a busca. 

Foram vários minutos de alguns cliques, arrastavam o dedo e decidiam se davam match ou não. Durante a escolha surgiam risadas, críticas e sugestões para decidir se tal pessoa era legal e se valia a pena conhecer. 

Depois de algum tempo eles pararam e um deles que estava apenas observando, perguntou o que tem de tão divertido em procurar pessoas por atacado. O outro riu e disse que achava normal, e que nem sempre as pessoas que procurava no Tinder era pra ter um encontro, algumas vezes era apenas para sair e quem sabe, iniciar uma amizade. Foi então que este amigo, mesmo achando estranho, tentou entender como as pessoas estão cada vez mais adeptas às tecnologias e aproveitando a facilidade de aproximação para então desenvolver novos laços, mesmo que correndo riscos. 

No mundo moderno, os relacionamentos virtuais emergiram como uma realidade complexa e multifacetada. Por meio das telas brilhantes dos dispositivos eletrônicos, uma nova forma de conexão humana foi estabelecida, transcendendo fronteiras geográficas e culturais. No entanto, junto com essa nova era de interação digital, surgem desafios e riscos que devem ser enfrentados e compreendidos.

Os relacionamentos virtuais têm o poder de unir pessoas que, de outra forma, talvez nunca se encontrassem. Com apenas alguns cliques, é possível estabelecer amizades, parcerias profissionais e até relacionamentos românticos. A velocidade e facilidade com que essas conexões são feitas são, sem dúvida, vantagens marcantes do mundo virtual.

Neste sentido, as redes sociais têm desempenhado um papel significativo na forma como as pessoas se conectam e se relacionam nos dias de hoje. Pesquisas sobre relacionamentos afetivos que se iniciam em redes sociais exploram como esses encontros online afetam o desenvolvimento e a qualidade dos relacionamentos amorosos.

Fonte: Pexels

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Pew Research Center (SMITH, 2016), descobriu-se que 59% dos entrevistados acreditam que aplicativos e sites de namoro são uma boa maneira de conhecer novas pessoas. Além disso, a pesquisa também indicou que os relacionamentos que começam online são tão bons quanto aqueles que se iniciam pessoalmente. 

Através das redes sociais, fóruns e aplicativos de mensagens, os relacionamentos virtuais se desenvolvem em um ambiente onde as barreiras físicas não são um obstáculo. Eles proporcionam uma plataforma para expressão livre de ideias e sentimentos, permitindo que as pessoas compartilhem suas experiências e opiniões de maneira aberta e inclusiva.

No entanto, é importante reconhecer que os relacionamentos virtuais também apresentam desafios e limitações significativas. Embora as palavras digitadas possam transmitir emoções e ideias, a comunicação online carece da riqueza da comunicação não verbal. A ausência de expressões faciais, gestos e tom de voz muitas vezes pode levar a mal-entendidos e interpretações equivocadas (VASCONCELOS, 2014)

Outro aspecto crucial dos relacionamentos virtuais é a questão da autenticidade. Nas plataformas digitais, é possível criar personas e identidades falsas, o que leva a uma falta de confiança e transparência. Atrás de uma tela, é mais fácil ocultar a verdadeira identidade, levando a relacionamentos baseados em falsidades e desonestidade.

Além disso, a exposição a comportamentos tóxicos e abusivos é um risco real nos relacionamentos virtuais. O anonimato proporcionado pela internet pode incentivar pessoas a agir de forma agressiva ou prejudicial, sem enfrentar as consequências de suas ações. É fundamental estar ciente desses riscos e estabelecer limites saudáveis para proteger a integridade emocional e psicológica (MORAES; BRANDÃO, 2018)

É importante enfatizar que os relacionamentos virtuais não devem substituir os relacionamentos offline. Eles podem complementar e enriquecer nossas vidas, mas a interação cara a cara continua sendo uma necessidade humana básica. O toque, o contato visual e a conexão física são elementos essenciais para o desenvolvimento saudável das relações (VASCONCELOS, 2014). 

As redes sociais oferecem diversas formas de conhecer pessoas, como grupos temáticos, comunidades online, aplicativos de namoro e até mesmo interações casuais em comentários ou mensagens diretas. Essa variedade permite que as pessoas encontrem indivíduos com interesses e valores semelhantes. Neste sentido, é um potencial mecanismo de pertencimento social e ampliação das redes afetivas. Conclui-se que conhecer pessoas no mundo virtual e estabelecer relacionamentos a partir deste contexto não se caracteriza como uma forma melhor ou pior, segura ou perigosa; é, simplesmente, mais uma forma de se conectar com outras pessoas.

REFERÊNCIAS 

MORAES, J. G.; BRANDÃO, W. L. Relacionamentos Virtuais: uma Análise Acerca dos Padrões Comportamentais dos “Catfish”. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, 19(3), 300-308, 2018. 

SMITH, Aaron. 15% of American Adults Have Used Online Dating Sites or Mobile Dating Apps. Peer Research Center, 2015. Disponível em:<https://www.pewresearch.org/internet/2016/02/11/15-percent-of-american-adults-have-used-online-dating-sites-or-mobile-dating-apps/>. 

VASCONCELLOS, A.  A solidão nas redes sociais de relacionamentos. Revista Saber Acadêmico, 16, 100-108, 2014. Disponível em:<http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180403111539.pdf>. Acesso 10 jun 2023.

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Metaverso: fuga ou realidade alternativa?

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Um mundo virtual é um ambiente digital interativo projetado para simular a realidade ou criar uma realidade completamente nova. Nele, os usuários podem explorar e interagir com objetos, pessoas e ambientes virtuais por meio de avatares ou representações digitais de si mesmos.

Schlemmer, Backer (2015), citam que os mundos virtuais oferecem aos usuários a oportunidade de experimentar uma ampla gama de atividades, como explorar paisagens virtuais, interagir com outros usuários em tempo real, participar de jogos e desafios, construir e personalizar seu próprio espaço digital e até mesmo criar objetos e conteúdos digitais.

Esses ambientes virtuais são frequentemente acessados por meio de computadores, consoles de jogos ou dispositivos de realidade virtual. Além disso, com o avanço da tecnologia, como a realidade virtual e a realidade aumentada, a imersão e a interação nos mundos virtuais estão se tornando cada vez mais sofisticadas e envolventes. (FERNANDES, 2022).

Os mundos virtuais têm aplicações em diferentes setores, como entretenimento, educação, treinamento, colaboração empresarial e terapia. Eles oferecem possibilidades de interação social, aprendizado colaborativo, experiências imersivas e experimentação de cenários virtuais que podem complementar ou até substituir as atividades do mundo real.

No entanto, é importante lembrar que os mundos virtuais são construções digitais e não substituem completamente a vida real. Embora possam oferecer experiências emocionantes e oportunidades de conexão, é essencial manter um equilíbrio saudável entre o mundo virtual e as interações do mundo real. Um exemplo do que já está sendo falado é o metaverso. 

Segundo Basso (2021), o metaverso é um conceito que se refere a um espaço virtual tridimensional onde pessoas podem interagir e se conectar entre si, assim como com objetos e ambientes digitais. É um ambiente virtual imersivo que combina realidade virtual, realidade aumentada, internet das coisas e outras tecnologias.

No metaverso, os usuários podem criar avatares personalizados e explorar mundos virtuais, participar de eventos, jogar, socializar, fazer negócios e até mesmo realizar atividades do mundo real, como conferências, educação e comércio. Ele oferece uma experiência mais imersiva e interativa do que as plataformas digitais convencionais (SCHLEMMER, BACKES, 2015). 

Embora o conceito de metaverso tenha ganhado destaque recentemente, especialmente com grandes empresas de tecnologia mostrando interesse nesse campo, ainda está em desenvolvimento e não existe um metaverso totalmente estabelecido atualmente. Empresas como Facebook (agora Meta), Microsoft, Epic Games e outras estão investindo em tecnologias e infraestrutura relacionadas ao metaverso. 

Fonte: Pixabay

O objetivo do metaverso é criar um ambiente virtual compartilhado, acessível a pessoas de diferentes partes do mundo, permitindo a interação e colaboração em escala global. No entanto, questões como privacidade, segurança, acessibilidade e inclusão ainda precisam ser abordadas para que o metaverso possa ser uma realidade amplamente adotada e benéfica para a sociedade.

Embora o conceito de metaverso oferece várias possibilidades e potenciais benefícios, também existem preocupações e impactos negativos associados a ele. 

Assim como os jogos online, o metaverso pode levar ao vício e à dependência, resultando em problemas de saúde física e mental, além de prejudicar as relações pessoais e o desempenho acadêmico ou profissional. Existe o risco de que as pessoas se tornem isoladas do mundo real, substituindo relações e experiências reais por conexões virtuais. (GARCIA; BARBOSA, 2021). 

Fernandes (2022) aponta em seu trabalho que a participação plena no metaverso requer acesso a tecnologias avançadas, como dispositivos de realidade virtual ou realidade aumentada, que podem ser caros e inacessíveis para muitas pessoas. Isso pode criar uma divisão digital e ampliar a desigualdade entre os que têm acesso e os que não têm.

O metaverso pode levantar preocupações sobre privacidade e segurança dos dados pessoais. À medida que os usuários compartilham informações pessoais e interagem com outros no ambiente virtual, há o risco de violações de privacidade e exposição a fraudes ou ataques cibernéticos. (SABINO, 2020). 

O metaverso pode levar à confusão entre o que é real e o que é virtual, especialmente para os mais jovens. A imersão total em um ambiente virtual pode distorcer a percepção da realidade e dificultar a distinção entre a experiência virtual e o mundo real. O foco excessivo no metaverso e na vida virtual pode levar à negligência de questões do mundo real, como problemas sociais, ambientais e políticos, que exigem atenção e ação concreta. (FERNANDES, 2022). 

De acordo com Garcia e Barbosa (2021), é importante abordar essas preocupações e garantir que o desenvolvimento e a adoção do metaverso sejam guiados por considerações éticas, responsabilidade social e preocupações com o bem-estar das pessoas. A regulação adequada, a conscientização dos usuários e a promoção de um equilíbrio saudável entre a vida virtual e real são elementos essenciais para minimizar os impactos negativos do metaverso.

Diante destas questões podemos concluir que o objetivo pode ser realmente uma alternativa mais acessível para que todas as pessoas tenham mais acessos e relações mais próximas, no entanto no metaverso, assim como no mundo virtual, possibilita criarmos, editarmos ou apagarmos qualquer informação, da forma que nos tornamos perfeitos ou a nossa melhor versão, digamos assim. Então lanço novamente a pergunta: será mesmo que o metaverso é só uma realidade alternativa ou uma fuga de nós mesmos? 

Referências: 

BASSO, Letícia. O metaverso já está na nossa realidade. Você já sabe o que é?. Voitto, 2021. 

FERNANDES, P. Marquésia. Crimes Digitais na Era do Metaverso no Brasil, Goiânia: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2022. 

GARCIA, L. Jardel; BARBOSA, V. Marcos. Presença e Virtualidade: dos espaços físicos aos metaversos. Porto Alegre: FACULDADE CMB, 2021. 

SCHLEMMER, Eliane; BACKES, Luciana. Aprender a ensinar em um contexto híbrido. São Leopoldo: UNISINOS, 2015. 

SABINO, Marco Antonio da Costa. Afinal, existe mesmo anonimato na internet. 2020. 

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Alunos de Psicologia Analítica participam de mesa redonda sobre Terapia Junguiana e Ecopsicologia

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Na última segunda-feira, dia 10, das 19h às 20h15, os acadêmicos de Psicologia da disciplina de TTP 2- Psicologia Analítica (da manhã e da noite) assistiram a uma mesa redonda virtual promovida pelo Instituto do Imaginário, de São Paulo – SP.

O evento, que contou com a participação dos professores doutores Malena Contrera, Marco Aurélio Bilibio e Jorge Miklos, discutiu a solidão a partir da perspectiva da Anima Mundi. O tema é fruto da interface entre a terapia junguiana e a ecopsicologia.

A mesa redonda alertou para o fato de a Psicologia voltar-se para a necessidade de os pacientes se (re)encantar-se com o mundo, sobretudo a partir de uma nova forma de se relacionar com a natureza, questionando o modo utilitarista e mecanicista de interagir com o mundo e com os seres. Isso seria um dos antídotos para a atual epidemia de sofrimentos psíquicos.

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O olhar a partir das telas no filme “Buscando…”

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Qual a verdade  passamos através das mídias sociais?

David Kim (esquerda) e Margot Kim (direita), os protagonistas do filme.
Fonte: encr.pw/EhdER

Obs: contém spoilers do filme, caso você não o tenha assistido. 

Em 2018, foi lançado mundialmente o filme de suspense ‘Buscando…’, que conta a história de uma família formada por David Kim, Pamela Kim e Margot Kim, a filha do casal. Desde a infância de Margot, que a família decide guardar fotos, vídeos e lembranças no computador pessoal da casa. O longa já impressiona desde o seu início, quando nos deparamos com um tela do Windows 2003 e a criação dos perfis de David e Pamela. 

Nos minutos seguintes do filme,  os anos vão se passando até que Margot se torna uma adolescente e cria seu próprio perfil no computador. A inserção nas redes sociais também é vista, com a ascensão do Facebook. A família é abalada quando Pamela descobre que tem câncer e inicia o tratamento, porém não resiste e falece em 2015, quando Margot tem apenas 13 anos. 

O telespectador é surpreendido quando descobre que todo o filme é rodado como se estivéssemos acessando o computador da família Kim. Em 2018, na atual história, Margot tem 16 anos e já cursa faculdade longe de seu pai e eles mantêm contato através do Facetime e pelas mensagens do celular. Além de estudar, Margot faz aulas de piano e tudo parece estar dentro do normal até que um dia David liga para a filha e esta diz que está na casa de uma amiga estudando e sem muitas delongas, se despede do pai e desliga a chamada de vídeo. 

Mesmo diante do afeto criado durante a infância, David percebe que sua filha está um pouco distante, mesmo com as chamadas de vídeo e mensagens trocadas, as falas apenas beiram o básico. De acordo com Flanzer (2020), as tecnologias, por mais que facilitem a comunicação de quem está distante, podem ser uma ferramenta potente de exclusão e isolamento do sujeito, com suas relações sociais e sua própria cultura. 

No dia seguinte, David decide conversar com Margot e ela não atende suas chamadas e não responde as mensagens dele. Ele se preocupa, mas espera até o final do dia para que ela o responda. Visto que ela não o fez, ele decide ligar para a amiga de Margot e esta diz que ela não dormiu na casa da amiga e foi embora cedo. Só então que David se dá conta de que não conhece a filha e muito menos os amigos dela. 

Após 1 dia sem dar notícias, David se desespera e então decide invadir o computador da filha para que ele saiba o seu paradeiro. Ele descobre que Margot possui suas contas do Facebook, Twittere Instagram privadas, e somente com o Youcast, um aplicativo para lives, que ele sabe como a filha se expressava com os demais. 

Margot em uma de suas lives no Youcast.
Fonte: encr.pw/zIyBC

Ele nota que Margot, havia desistido das aulas de piano, mas estranha o fato,  pois todo mês ela continuava a pedir para ele o dinheiro das aulas.  Descobre que a filha parecia triste para os demais e expressava através da rede social, mas com o pai, ela mantinha a sua alegria de sempre. Mussio (2017) em sua pesquisa, informou que as relações sociais de adolescentes com amigos virtuais podem se tornar mais próximas e intensas.

Loader (1997) aponta que a onipresença nas redes sociais e tecnologias, transformou o ser humano como dependente do uso, ao passo que ele se sente em fragilidade e dependência quando está desconectado do mundo virtual. Margot falava com muitas pessoas ao mesmo tempo durante as lives e se sentia mais segura para falar de sua vida, já que estas pessoas de fato não tinham presença física no seu dia-a-dia. 

Visto que esta falava mais nas lives e visita um lugar de refúgio para se sentir mais relaxada, David decide buscar pelas pessoas que conversavam com ela a fim de descobrir seu paradeiro. Então ele percebe que ela conversava com uma pessoa específica e que falavam sobre seus problemas. A pessoa identificada tinha a foto de perfil de uma mulher e aparentemente precisaria de dinheiro para ajudar sua família. David descobre que Margot passou a enviar o dinheiro das aulas de piano para essa amiga virtual. 

Com a ajuda da detetive Vick,  é iniciada uma investigação sobre o desaparecimento da filha, até que David decide ir até o local onde ela se refugiava e descobre alguns pertences dela, desesperado, entra em contato com a detetive que envia uma equipe de buscas até o local. No dia seguinte o carro de Margot é encontrado com manchas de sangue e então surge a hipótese de que a menina esteja morta. 

Inconformado, ele decide mais uma vez acessar as mensagens da filha e descobre que ela mantinha contato frequente com o irmão dele. As mensagens levam ele a crer que os dois mantinham uma relação amorosa ou de abuso e decide falar com o irmão. Com a ajuda de câmeras, ele pretende arrancar uma confissão do irmão e após uma discussão, o irmão assume que eles se viam sempre, mas que apenas conversavam e eles faziam o uso de maconha juntos. 

Flanzer (2020), informa que as mudanças que são impulsionadas através das tecnologias, podem causar impressões rápidas e conclusões acerca da interpretação do que é visto. Neste caso de David, a conclusão que ele chegou sobre as mensagens do irmão e da filha eram fruto do seu construto pessoal e cultural e não era a verdade absoluta. Esta reflexão nos faz pensar que nem tudo o que é compartilhado nas redes é real, sendo que as pessoas utilizam-se dessas ferramentas para demonstrar posturas que não conseguem manter em grupos sociais. 

Detetive Vick (esquerda) na cena do suposto homicídio de Margot
Fonte: encr.pw/dE6FS

Durante este último acontecimento, a detetive Vick entra em contato com David e informa que pegaram o responsável pelo desaparecimento. O homem, em seu depoimento de confissão aparece pedindo perdão por ter violentado e assinado Margot, e após feito isso,  comete suicídio. David, porém, não fica muito convencido e decide investigar mais. Ele descobre que um funeral foi organizado sem ao menos ter o corpo de Margot, e que o rosto de uma moça que aparecia agradecendo por contratar os serviços da funerária era a mesma que conversava com Margot e que recebia o dinheiro dela. 

David entra em contato com a suposta jovem e ela disse não saber de nada e que ela é uma modelo que trabalha com divulgação de rosto para diversas marcas. As famosas “Deep Fake” são imagens que foram alteradas do original, em que acontece a troca de rosto e corpo, substituindo a original da foto ou vídeo. A tecnologia pode ser tão bem feita, que é quase imperceptível que houve uma troca de imagens. (DE MORAIS, 2020). 

É comum que essa tecnologia seja utilizada principalmente para disseminar fakes news a respeito de uma determinada pessoa, e pode ser utilizado para criminosos se passarem por outra pessoa e aplicar golpes. Recentemente casos semelhantes foram abordados na telenovela da Rede Globo ‘Travessia’ (2022) da autora Glória Perez. A protagonista, Brisa, sofre uma perseguição pois seu rosto foi utilizado na foto de uma sequestradora de crianças, e um pedófilo também utilizou desta tecnologia para se passar por uma mulher que seleciona jovens atrizes e as faz despir as roupas na frente da câmera. A telenovela está sendo exibida atualmente na emissora e também está disponível na plataforma Globoplay. 

No final do suspense, David liga para a delegacia e descobre que Vick se dispôs a ajudar no caso e não como selecionada para investigar, como ela havia dito. Desconfiado, ele aciona a polícia e eles prendem Vick, que durante o seu depoimento, confessa que esquematizou tudo para acobertar o filho, que durante uma discussão com Margot, na noite do acidente, empurra a jovem de um penhasco e ela cai, deduzindo que esta poderia estar morta, faz com que um criminoso faça a confissão do homicídio para não levantar suspeitas. 

Uma equipe de buscas vai até o local da queda, e resgata a jovem que muito debilitada, foi levada ao hospital. Felizmente, tudo correu bem e Margot consegue voltar a sua rotina diária,  mantendo o contato com David através de Facetime e mensagens. 

Este filme com certeza, nos mostra os benefícios e os malefícios das tecnologias. Apesar da proximidade que ela pode trazer com quem está longe, pode tornar os indivíduos cada vez mais dependentes delas e isolados. A fluidez das relações na web, não deve substituir o contato pessoal com o outro, pois sabemos que o ser humano necessita de socialização. E por fim, nos faz este alerta, será mesmo que conhecemos totalmente uma pessoa somente pelo que é compartilhado na internet? 

FICHA TÉCNICA 

Título: Buscando… (Searching…) 

Ano de lançamento: 2018

País de origem: Estados Unidos.

Direção: Aneesh Chaganty.

Duração: 102 minutos.

Gênero: Mistério/Suspense.

Disponível: Apple TV +.

REFERÊNCIAS 

DE MORAES , CRISTIANE PANTOJA. “Deepfake” como ferramenta de manipulação e disseminação de “fakenews” em formato de vídeo nas redes sociais. Biblios: Revista electrónica de bibliotecología, archivología y museología, [S. l.], n. 79, p. 63-72, 29 nov. 2020. Disponível em: file:///C:/Users/Cliente/Downloads/Dialnet-DeepfakeComoFerramentaDeManipulacaoEDisseminacaoDe-8041632.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.

FLANZA, Sandra Niskier. Jovens em tempos digitais. 1 . ed. Rio de Janeiro- RJ: Consultor, 16/09/2020. 148 p. ISBN 978-65-88511-01-5. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=G3YSEAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT3&dq=o+perigo+do+uso+de+telas+nos+adolescentes&ots=s5JC4f56Th&sig=56n8VIul3akChgxZnBKAY3iqZdI#v= onepage & q=interpreta%C3%A7%C3% B5es & f=false. Acesso em: 14 mar. 2023. 

Mussio, Rogéria Albertinase Pincelli. A geração Z e suas respostas comportamental e emotiva nas redes sociais virtuais / Rogéria Albertinase Pincelli Mussio. – Rio Claro, 2017 204 f. : il., figs., gráfs., forms., tabs., quadros, fots. Disponível em: file:///C:/Users/Cliente/Downloads/mussio rap _ mercla.pdf. Acesso em 15 mar. 2023. 

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O legado de Jobs na atuação de Tim Cook

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O empresário que mesmo diante da responsabilidade herdada, não deixou de pensar em si mesmo e nos outros. 

Certamente já vimos muitas pessoas manuseando smartphones, tablets, notebooks e computadores com um símbolo da maçã. A empresa americana Apple é uma das mais bem sucedidas do mundo em quesito de tecnologia e dispositivos da atualidade. Fundada pelo notório Steve Jobs ( 1955-2011), a empresa é atualmente comandada por Tim Cook. Como atual CEO da empresa, Cook teve e tem a missão de continuar o legado notório deixado por Jobs, honrando o objetivo da empresa: revolucionar o mercado tecnológico e de publicações digitais. 

Nascido em 1960 em Mobile, nos Estados Unidos, formou-se em Engenharia de Produção Industrial pela Universidade de Auburn no início da década de 80 e durante 12 anos trabalhou na IBM (International Business Machines Corporation). Neste período atuou como vice-presidente sênior nas operações de internet. 

Após finalizar seu ciclo de trabalho na IBM, Cook foi diretor de operações da Intelligent Electronics. No final dos anos 90, o próprio Steve Jobs pediu que Tim integrasse o time da Apple e se tornasse o braço direito dele. Neste tempo, se tornou um homem de negócios da empresa e auxiliou na reconstrução do grupo ao lado de Jobs.

Durante algumas vezes substitui Jobs nas funções de CEO, a última quando este precisou se ausentar para tratar da doença terminal. No final de 2011 Steve Jobs faleceu e Tim assumiu como CEO oficialmente e em 2014 esteve nos noticiários quando declarou abertamente ser homossexual. 

De acordo com a Fortune 500, o empresário gosta de fazer caminhadas ao ar livre, ciclismo e ir à academia. Muito discreto quanto a sua vida, ele é conhecido por ser solitário e sua vida pessoal é pouco conhecida. Quanto a sua orientação sexual, declarou que é muito feliz em ser homossexual e que na empresa, todos sabem, mas procura focar nos produtos e clientes da empresa, Tim é o primeiro CEO ser abertamente gay.

Tim passou a ser uma referência fundamental à frente da Apple. Em seus primeiros anos como CEO, lançou vários produtos e promoveu upgrade nos já comercializados. Um exemplo são os queridinhos iPhones. Esse aparelho se tornaram funcionais e facilitadores do cotidiano das pessoas, com vários aplicativos voltados à aprendizagem, segurança e saúde. A ideia de fazer com que todos os aparelhos se conectassem a partir de um mecanismo em comum foi um diferencial, aumentando as vendas e tornando a empresa uma das mais valiosas no mundo. Além disso, esse diferencial da comunicação entre os aparelhos Apple também contempla um aspecto funcional socialmente relevante: a exclusividade, uma vez que a conexão se dá somente entre dispositivos da empresa. 

Tim Cook é um dos CEOs mais bem sucedidos do mundo
Fonte: encr.pw/buHjV

A tecnologia vem a cada ano tornando-se um facilitador de informações com praticidade e custo benefício. As antigas máquinas, que eram do tamanho de uma mesa, foram diminuindo a sua proporção e hoje cabe na palma da mão. Com a inovação das IA (Inteligência Artificial) fica mais fácil checar notícias, analisar tendências, conhecer pessoas e comprar coisas, ao passo que estes aparelhos são de fácil liquidez e a cada ano que passa uma nova atualização é lançada. 

A fluidez nas informações podem tornar os usuários vítimas de fake news e promover impactos negativos à saúde mental. Em uma entrevista para a Bustle,  Tim Cook declarou: “Sempre achei que a tecnologia deveria servir a humanidade e não o contrário. E sempre me preocupei com o fato de as pessoas usarem demais a tecnologia. E assim, lançamos o Screen Time para tentar dar às pessoas uma leitura real da quantidade de tempo que realmente gastam em seus dispositivos porque, geralmente, é muito mais do que dizem” (FATHI, 2021). 

De acordo com Picon et al. (2015) a liquidez pode tornar os usuários das tecnologias e aplicativos dependentes dela, um exemplo é que torna tudo tão mais fácil que as pessoas não necessitam mais tanto do outro para poder resolver problemas diários. A facilidade e o rápido acesso a informação pode gerar vícios em passar cada vez mais tempo na frente das telas em busca de algo novo, como uma roupa, uma nova compra e também uma notícia quente das celebridades. 

Tim começou a preocupar-se que as pessoas estariam passando tempo demais nas redes e com isso pudessem ser afetadas na saúde mental, na qual também declarou que “A saúde mental é uma crise”. Cook utilizou o próprio exemplo como CEO da Apple em que utiliza a meditação como forma de combater o estresse diário enfrentado no trabalho (FATHI, 2021).

Fathi (2021), informa que Tim planejou que os seus dispositivos da Apple fossem utilizados para criatividade e não para “rolagens sem fim e sem sentido”, mencionando discretamente o uso excessivo das mídias sociais. Esta forma de explorar a criatividade fez com que a Apple desenvolvesse aplicativos para verificar o tempo que o usuário permanece conectado e quanto tempo gasta em cada aplicativo. Apps como Saúde, Apple Books, Casa, e o recém- chegado Freeform no iOS 16, permite o usuário criar seus projetos de forma livre e compartilhar com outras pessoas.  

Cook na IAPP GLOBAL PRIVACY SUMMIT 2022
Fonte: l1nq.com/cy3xT

Cardoso (2022) informou no seu artigo que Cook explicou ainda que para manter o legado de inovação e criatividade deixados ainda pelo antigo CEO, alegou que o diálogo e a boa interação entre as equipes de trabalho possam permitir que surjam idéias “realmente inacreditáveis” e que não seguem nenhum caminho singular, elas partem de qualquer canto da empresa. 

Outro quesito bastante defendido por Tim é a privacidade do usuário. Os dispositivos da Apple são valorizados pela segurança que oferecem, uma vez que o acesso por terceiros é cheio de obstáculos. O próprio sistema Apple se encarrega de vasculhar a web e não necessita que sejam instalados aplicativos de antivírus, por exemplo. 

Mas a privacidade vai além disso, Tim declarou que ela é “direito humano fundamental” e que o objetivo da empresa é fazer com os que os usuários se tornem os seus próprios comandantes, deixando que eles decidam quem deve ou não ver os seus dados, mantê-los ou vendê-los. Esta é uma forma de oferecer mais segurança e autonomia, e que esta deve ser uma responsabilidade do próprio usuário e não de uma empresa (CARDOSO, 2022).

Em 2021, no aniversário de 10 anos da morte de Steve Jobs, Tim Cook voltou a declarar sobre o legado do seu mentor e comentou que foi fundamental que ele tenha sido um visionário em pensar em evoluir a tecnologia. Em uma carta publicada, Tim revelou que sente saudade e que lembra dele todos os dias que o admirava não só pelo profissionalismo, mas como um ser humano. Contou ainda que se sente muito realizado por todos os dias trabalhar em dispositivos que conectam pessoas. 

Steve Jobs e Tim Cook
Fonte: l1nq.com/ULVI9

Cook revelou que Jobs gostaria dos produtos que encontraria na empresa, com provavelmente dois apontamentos, amaria muitas coisas e com certeza poderiam melhorar ainda mais. Disse que eles nunca estão satisfeitos, trabalham sempre pensando no amanhã, e que o legado deixado pelo ex-CEO possui grande influência nas tomadas de decisões e na forma como as equipes desenvolvem produtos novos. 

Por fim, vemos na história de Tim, que o aprendizado é constante, mesmo que o legado deixado por Jobs seja ainda muito valioso, o mundo se renova a cada dia e este deve ser o pontapé para a criatividade e surgimento de ideias inovadoras, que podem transformar e tornar a experiência do usuário única e especial a cada dia. Tim Cook é sem dúvida um homem de muito sucesso, que soube levar adiante o que aprendeu, investindo em inovação. Sem dúvidas os resultados podem ser vistos na grande valia da Apple no mercado.

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Psicologia perinatal em um mundo hiperconectado: como as redes sociais podem interferir na experiência da perinatalidade

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(En)Cena entrevista a Psicóloga Lorena Magalhães, 28 anos, mãe, esposa, doula e egressa do Curso de Psicologia do Ceulp Ulbra. No contexto profissional, atualmente Lorena atua como psicóloga clínica,  com ênfase em mães gestantes e outros cuidadores envolvidos na perinatalidade. 

(En) Cena- Lorena, conta pra gente como foi a sua escolha em trabalhar com Psicologia Perinatal. 

-Então, o interesse pela área surgiu antes mesmo de ingressar no curso de Psicologia, logo após ter meu primeiro filho, no início de 2014. A maneira como experienciei a maternidade me fez perceber que os cuidados com a mãe são tão importantes quanto os com o bebê, mas geralmente ela acaba sendo vista como um personagem secundário dentro desse contexto, ficando suscetível a adoecimentos de várias ordens. Dessa forma, decidi que assim que pudesse iniciar uma faculdade, seria no intuito de estudar algo que me capacitasse a ajudar mulheres a viver essa fase com leveza.

(En) Cena- A ansiedade afeta as emoções e comportamento durante a gravidez e a espera por esse processo. Como a psicóloga perinatal realiza o manejo nestas situações? 

-A primeira coisa é acolher essa mãe que chega no consultório em busca de ajuda. O período gestacional é bem marcado pela ambivalência de emoções, então muitas mulheres ficam confusas com tantos sentimentos conflitantes. Também se faz necessário entender o contexto em que ela está inserida, os vínculos que ela tem, o momento de vida em que se encontra, se está recebendo assistência pré-natal, pois tudo isso influencia a forma como ela vai lidar com a gestação e pode explicar a ansiedade sentida. Feito isso, o manejo se dá geralmente por meio da psicoeducação, mindfulness e técnicas de relaxamento que inclusive podem ser utilizadas no momento do trabalho de parto para facilitar o processo.

(En) Cena- Além do acompanhamento psicológico, quais os outros cuidados ou ferramentas que as pessoas podem procurar para as auxiliarem nesse processo? 

-Algo que eu sempre oriento, além do pré-natal obstétrico e psicológico, é quanto a mulher ter uma rede de apoio bem estabelecida desde a gestação e buscar estudar e se informar por meio de fontes confiáveis a respeito de gravidez, parto, puerpério, amamentação, cuidados com o bebê, para saber o que esperar em cada uma dessas fases. 

(En) Cena-  Lorena, a gente sabe que volta e meia pode ser que a gente se reconheça nos relatos que ouvimos e acolhemos em nosso trabalho…você é mãe de dois, em alguns dos seus pacientes, já houve uma certa identificação com o relatos dos pacientes?  Como foi lidar com essas sensações e emoções quando esteve à espera do primeiro filho e quais mudanças vividas agora que está à espera do segundo? 

-Psicólogo também é gente que sente, né!? (risos) Com certeza já me identifiquei com alguns relatos e acredito que o fato de eu ter passado pelo meu próprio processo psicoterapêutico ao longo de um bom tempo é o que me permite, hoje, atender com tranquilidade esse nicho específico, sem deixar de prestar uma assistência humanizada.

(En) Cena- Em um mundo hiperconectado, as pessoas têm buscado cada vez mais informações que respondam aos seus anseios e dêem algum direcionamento numa área específica da vida. Na sua experiência, você tem observado que a busca sobre perinatalidade nas redes sociais têm crescido? E como você vê a questão da influência de informações falsas sobre esse assunto?

-Com certeza! Até pouco tempo atrás não ouvíamos falar muito a respeito da Psicologia Perinatal, com esse nome especificamente. Inclusive, enquanto acadêmica do curso na faculdade, eu desconhecia esse termo. Mas no último ano eu percebi um “boom” no aumento da busca pelo serviço e também por parte de recém-formados interessados em atuar na área. Estou convicta de que as redes sociais ajudam bastante nessa divulgação. Quanto à influência de informações falsas, percebo que hoje há uma maior facilidade em ter acesso a fontes seguras e confiáveis. A cada dia temos mais psicólogos e profissionais da saúde no geral utilizando o Instagram para divulgar seus saberes, fazendo com que conteúdos de qualidade sejam altamente compartilhados diariamente.

(En) Cena- Muitas mães se sentem inseguras e às vezes inaptas para esse novo tempo. As redes sociais, diante de experiências compartilhadas, passam imagens de mães e pais perfeitos que  podem trazer um sofrimento de que as demais não serão iguais ou precisam alcançar o mesmo nível da imagem compartilhada.  Como psicóloga perinatal você pode nos descrever quais os cuidados às pessoas afetadas devem ter ao acessar estes tipos de conteúdo na internet?  

-Eu diria que, para qualquer pessoa, é muito importante filtrar aquilo que se vai consumir na internet. Temos até um termo que tem sido frequentemente utilizado – unfollow terapêutico, que consiste em deixar de seguir perfis cujos conteúdos, de alguma forma, podem gerar algum tipo de mal-estar em quem acompanha. Para quem está vivendo a maternidade/paternidade eu recomendo avaliar o que se tem consumido virtualmente e os impactos internos disso. 

(En) Cena- Quais as principais dúvidas dos pacientes que chegam ao setting terapêutico? Há ainda muitos que chegam sabendo de informações falsas ou até mesmo repassadas pelo senso comum? 

– Na verdade, eu tenho percebido que a maioria das famílias tem chegado muito bem informadas. Mas ainda existem algumas crenças que são repetidas ao longo dos anos pelo senso comum, como por exemplo “o amor materno é instintivo”, “toda mulher nasceu para ser mãe”, “quando o bebê nascer você vai experimentar o verdadeiro amor”, que acabam colocando um peso muito grande sobre as mães, gerando muita insegurança e preocupação, principalmente quando percebem que o dia a dia da maternidade não é tão romântico quanto dizem por aí.

(En) Cena- Você também realiza o acompanhamento após o nascimento, ou já se torna uma outra demanda de atendimento? 

-Sim! Nosso acompanhamento envolve todo o ciclo gravídico-puerperal, se assim a família quiser.

(En) Cena- Além do acompanhamento dos pacientes, você possui algum projeto atual ou futuro ou grupo em que haja socialização de pacientes e compartilhamentos de relatos de experiência? 

-Faço atendimentos individuais e grupais, e estou sempre em contato com outros profissionais da saúde para projetos em parceria, como rodas de conversas, grupos de apoio e oficinas de preparação para o parto.

(En) Cena- Qual mensagem você deixa aos nossos leitores? 

-Há algo que é extremamente importante a gente saber: ao longo de toda a vida de uma mulher, desde o nascimento até a morte, vão existir três períodos de transição que são críticos e potencialmente perigosos a nível de saúde mental: a adolescência com a puberdade, o climatério próximo a menopausa e a fase perinatal, que contempla a gestação até o puerpério. E desses três períodos críticos, o período perinatal é o que tem maior prevalência de ansiedade, estresse e depressão.

Ao contrário do que muito se pensa, o bebê não é o único que requer atenção durante a gestação ou após nascer. Investir no cuidado das mães é uma forma de investir no cuidado dos filhos e é urgente que a temática da saúde mental materna seja ainda mais vista e valorizada.

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O impacto da manipulação digital através das deepfakes: até que ponto as pessoas podem chegar utilizando esta ferramenta? 

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A tecnologia tem transformado muitos aspectos de nossas vidas, desde a maneira como nos comunicamos até a maneira como trabalhamos e nos divertimos. Como qualquer outra coisa, a tecnologia tem seus benefícios e malefícios. Um aspecto benéfico é na comunicação: a tecnologia tornou a comunicação mais rápida e fácil do que nunca. Podemos nos comunicar com pessoas do mundo inteiro instantaneamente, seja por meio de chamadas de vídeo, mensagens de texto ou e-mail. 

As ferramentas de trabalho nos auxiliam da melhor maneira para facilitar o trabalho do dia-a-dia. Uma dessas é o queridinho Whatsapp. O aplicativo de mensagens além de conectar várias pessoas ao mesmo tempo, auxilia na organização de rotinas, trabalho e faculdade através dos famosos grupos infinitos. Recentemente adicionou uma nova ferramenta: as comunidades, na qual os usuários podem reunir vários grupos de um mesmo assunto em um só local para facilitar a busca. 

Infelizmente, a tecnologia pode ser usada para o mal de muitas maneiras diferentes, desde o roubo de identidade até o cibercrime e a disseminação de desinformação e propaganda. Um desses malefícios são as deepfakes, que começou apenas como algo divertido, mas que tem se tornado uma aliada para criminosos. 

As deepfakes são vídeos, imagens ou áudios falsos criados com o uso de inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina para substituir o rosto ou a voz de uma pessoa por outra. Essa técnica utiliza algoritmos de processamento de imagens e de áudio para mapear os traços faciais e a voz de uma pessoa e, em seguida, combiná-los com o conteúdo de outro vídeo ou áudio para criar uma imagem ou gravação falsa que pareça autêntica (SANTOS, 2021). 

PARIS; DONOVAN (2019), citam que as deepfakes podem ser usadas para diversos fins, desde criação de conteúdo artístico e entretenimento até a criação de notícias falsas ou cenas de pornografia não consensual. Por isso, essa técnica tem levantado preocupações éticas e de segurança. Para combater o uso indevido das deepfakes, várias abordagens têm sido propostas, incluindo o desenvolvimento de algoritmos de detecção de deepfakes, a promoção de educação e conscientização sobre a tecnologia, e a criação de leis e regulamentos para a sua utilização (SANTELLA, SALGADO, 2021). 

Além disso, é importante que as empresas de tecnologia e as redes sociais tenham políticas claras para lidar com deep fakes e conteúdo falso, a fim de proteger a integridade das informações e a segurança dos usuários.

A manipulação digital através de deepfakes é uma técnica de edição de vídeo que utiliza a inteligência artificial para criar vídeos falsos que parecem genuínos. Casos semelhantes aconteceram com as atrizes Gal Gadot e Scarlett Johansson que tiveram seus rostos utilizados em vídeos pornográficos, e  Barack Obama enquanto ainda era presidente teve seu vídeo utilizado com uma fala de outra pessoa ao invés da própria, justamente para alertar sobre o perigo desta manipulação. 

A máquina por trás do rosto
Fonte: Pixabay

Embora a tecnologia por trás dos deepfakes seja fascinante, a sua crescente popularidade tem levantado preocupações significativas sobre o seu impacto na sociedade. Abaixo estão alguns dos principais impactos da manipulação digital através de deepfakes:

  • Desinformação: podem ser usados para criar vídeos falsos de pessoas famosas, políticos, e outras figuras públicas, que podem ser compartilhados nas redes sociais e em outras plataformas de mídia. Isso pode causar desinformação e desconfiança na informação que recebemos (SANTOS, 2021). 
  • Fraude: também podem ser usados para enganar as pessoas em transações financeiras, negociações comerciais e em outras atividades que dependem de comunicação visual. Isso pode resultar em fraudes financeiras e outros tipos de crimes (SANTAELLA, SALGADO, 2021). 
  • Difamação: podem ser usados para difamar pessoas, criando vídeos falsos de pessoas em situações embaraçosas ou ilegais. Isso pode ter sérias consequências para a vida das pessoas retratadas nos vídeos. (HAWLEY, 2014). 
  • Política: podem ser usados para manipular eleições, criando vídeos falsos de candidatos em situações embaraçosas ou comprometedoras. Isso pode afetar a percepção pública de um candidato e influenciar a votação. (CASTELLS, 2015). 
  • Privacidade: podem ser usados para invadir a privacidade das pessoas, criando vídeos falsos que parecem mostrar pessoas em situações privadas ou íntimas. Isso pode ter um impacto profundo na vida das pessoas afetadas (D’CRUZ, 2020). 
Fonte: Pixabay

Esta é uma questão muito preocupante, a deepfake pode ser usada para enganar, manipular e prejudicar as pessoas. O ponto mais crítico é que na maioria dos casos, esta manipulação atinge mais mulheres, principalmente para alimentar a indústria pornográfica (SANTOS, 2021). Temas como racismo, machismo e fanatismo podem ser bastante discutidos acerca da utilização da deepfake, pois atualmente a tecnologia não tem sido apenas uma ferramenta em que as pessoas utilizam para auxílio, mas tem entrado em questões da sociedade e nas relações humanas com a tecnologia. 

Comportamentos são influenciados a todo momento, por isso, é notório pensar que se hoje a quantidade massiva de deepfakes produzidas são para difamar, fraudar e quebrar a privacidade, é possível imaginar uma reação contrária, em que essas tecnologias podem ser utilizadas para incluir, educar e alertar, fazendo então o caminho inverso. 

REFERÊNCIAS 

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra, 2015.

D’CRUZ, J. Trust and distrust. In: SIMON, Judith (ed.). The Routledge handbook of trust and philosophy. London: Routledge, 2020, p. 41-51.

HAWLEY, K. Trust, distrust and commitment. Noûs, Hoboken, NJ, v. 48, n. 1, 2014, p. 1–20. Disponível em: onlinelibrary.wiley.com/ doi/epdf/10.1111/nous.12000. 2014. 

PARIS, B.; DONOVAN, J. Deepfakes and cheap fakes. Thousand Oaks: Sage (=Data & Society’s Media Manipulation research initiative). Disponível em: datasociety.net/wp-content/uploads/2019/09/DS_ Deepfakes_Cheap_FakesFinal-1-1.pdf. 2019.

SANTAELLA, L.; SALGADO, M. de M. Deepfake e as consequências sociais da mecanização da desconfiança. TECCOGS – Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, n. 23, jan./jun. 2021, p. 90-103.

SANTOS, K. de M. Como o uso de Deepfakes pode impactar as relações sociais na cibersociedade. Salvador, 25-30 jul. 2021.

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A romantização do uso de álcool no adulto jovem

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A transição para a vida adulta marca o fim da puberdade e culturalmente encerra-se o período de adolescência, que geralmente é marcada por inúmeras descobertas, como o do próprio corpo, identidade sexual e uma maior busca pelas atividades sexuais. A expectativa e a experiência de conquista pela independência em todas as áreas da vida são libertadoras. Porém, a responsabilidade de sustentar as tomadas de decisões, o controle financeiro, a interação com os grupos sociais nem sempre é fácil e pode se tornar algo pesado. Este peso pode trazer muitos transtornos na vida do adulto jovem, e iremos analisar um destes: o uso problemático de álcool.

A literatura aponta que os estudos epidemiológicos no Brasil possibilitam a afirmação de que o álcool é um dos maiores problemas de saúde pública do país. Apesar de ser lícito, traz custos altos para a sociedade e o uso excessivo no país requer uma atenção maior nos projetos de saúde. Além de que o consumo do álcool abrange questões sociais, físicas, psicológicas, individuais e farmacológicas (VICTORA et al, 2011).

É muito comum no Brasil, encontrarmos lugares em que a bebida alcoólica é oferecida em bares, botecos, distribuidoras, pubs, e nos mais diversos eventos sociais. O consumo de bebidas alcoólicas atinge o auge no início da vida adulta. Nas faculdades é muito comum encontrar jovens que fazem o uso com mais frequência e assiduidade do que em jovens que não frequentam a faculdade (SAMHSA, 2004).

Alguns motivos que podem levar o adulto jovem a consumir bebida alcoólica com frequência estão na influência das amizades, na necessidade de se enquadrar em grupos sociais, distrair-se em momentos de tensão ou estresse, para fugir de problemas, por lazer e/ou para se sentirem mais seguros em situações com outras pessoas (SOARES et al., 2017).

Algumas questões a serem trabalhadas estão em quais medidas poderiam ser tomadas para que o consumo de álcool pudesse ter menor repercussão na sociedade e como esse consumo de álcool poderia ser desencorajado na população usuária.

O álcool além de ter o potencial de causar dependência, é responsável por inúmeros acidentes automobilísticos, suicídio, violência doméstica, comportamento sexual de risco, problemas de saúde, e se torna um grande potencializador para quem está passando por transtornos mentais. Pode agravar casos de ansiedade, desencadear distúrbios no sono e a probabilidade do usuário cometer agressões sexuais (BRECKLIN e ULTMAN, 2010).

Fonte: pixabay

O comportamento suicida é multifatorial, mas o uso de substâncias psicoativas é um fator de risco e pode ser também um fator decadente. O desejo de consumir as substâncias, como o álcool por exemplo, podem acarretar em uma ânsia e necessidade de consumo quando a mesma está em falta. A bebida pode causar o aumento da impulsividade, podendo ocorrer surtos psicóticos, e também gerar uma característica depressora no Sistema Nervoso Central, tornando-se um agravante para pessoas já deprimidas, sendo assim uma das possibilidades causadoras do suicídio (RIBEIRO et al., 2016).

 As autoras Papalia e Feldman (2013) citam que o consumo de risco de álcool é definido quando um indivíduo consome mais de 14 doses de álcool por semana ou de quatro doses em um único dia para homens; e para as mulheres são sete doses por semana e até três doses em único dia. Aproximadamente 3 em cada 10 pessoas são consideradas dentro da faixa de consumo de risco com grande probabilidade de se tornarem dependentes químicos ou de contrair problemas mentais, físicos e sociais e desenvolverem doenças hepáticas.

Dados de 2019 do Ministério da Saúde, apontam que 17,9% da população brasileira adulta faz uso de bebida alcoólica. Mesmo com um percentual menor, as mulheres (11%) tiveram um maior crescimento que os homens (26%) no período de 2016 a 2018. Pesquisas apontam ainda que o uso abusivo entre os homens é maior na faixa etária de 25 a 34 anos e entre as mulheres na idade de 18 a 25 anos e que o consumo frequente tende a diminuir com o avanço da idade em ambos os gêneros.

Este consumo excessivo principalmente na faixa do adulto jovem tende a ser muito romantizado principalmente com as consequências do uso, é comum as pessoas falarem sobre as ressacas, de beber até cair e dar os famosos “pt” como algo bonito ou descolado e até engraçado, gerando vários memes na internet ou assunto nas redes sociais e nas rodas de conversa.

Mesmo que as pessoas digam que fazem o uso social de bebida alcoólica, é importante enfatizar que não existe consumo de álcool isento de riscos, Importante mencionar que a Dependência Química é um transtorno mental, e como tal, há outros fatores envolvidos além do hábito de beber. Como por exemplo, predisposição genética e vulnerabilidade biológica. No entanto, mesmo que não preencha critérios diagnósticos para dependência química, o hábito de beber pode causar prejuízos psicossociais, assim como orgânicos.  “Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais” (DSM-5, 2014).

Faz-se necessário apontar que existem dispositivos que ofertam serviços para os usuários de álcool e drogas, os Centros de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPS-AD) do Ministério da Saúde, é um dispositivo de assistência e tratamento para os usuários, bem como trabalha com uma política de redução de danos em relação ao uso destas substâncias. É muito importante que os profissionais de saúde trabalhem para promover a facilitação de acesso ao tratamento, ampliando informações para os usuários e para os familiares de como buscar ajuda.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde, Consumo abusivo de álcool aumenta 42,9% entre as mulheres. Brasília, 2019.

Brecklin, L. R., & Ullman, S. E. (2010). The roles of victim and offender substance use in sexual assault outcomes. Journal of Interpersonal Violence, 25(8), 1503–1522. doi: 0886260509354584.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Papalia, Diane E. Desenvolvimento humano [recurso eletrônico] / Diane E. Papalia, Ruth Duskin Feldman, com Gabriela Martorell ; tradução : Carla Filomena Marques Pinto Vercesi… [et al.] ; [revisão técnica: Maria Cecília de Vilhena Moraes Silva… et al.]. – 12. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013.

Ribeiro DB, Terra MG, Soccol KLS, Schneider JF, Camillo LA, Plein FAS. Motivos da tentativa de suicídio expressos por homens usuários de álcool e outras drogas. Rev Gaúcha Enferm. 2016 mar;37(1):e54896. doi: http://dx.doi. org/10.1590/1983-1447.2016.01.54896.

SOARES, Fernanda de Jesus; OLIVEIRA, Daiana C.; OLIVEIRA, Paula R.; LIMA, Tatiane S.; ALVES, Adriana L.R.; SILVA, Matheus L.; DUARTE, Stênio Fernando P. Análise dos Motivos dos Jovens e Adultos consumirem Álcool. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Maio de 2017, vol.11, n.35, p.554-566. ISSN: 1981-1179.

Substance Abuse and Mental Health Services Administration (SAMHSA). (2004b). Results from the 2003 National Survey on Drug Use & Health: National findings (Office of Applied Studies, NSDUH Series H-25, DHHS Publication No. SMA 04-3964). Rockville, MD: U.S. Department of Health and Human Services.

Victora, C. G., Barreto, M. L., Leal, M., Monteiro, C. A., Schmidt, M. I., Paim, J. et al. (2011). Health conditions and health-policy innovations in Brazil: the way forward. Lancet, 377(9782), 90-102.  https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60055-X.

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