Psicólogo Caio Cesar Brum participa do CAOS 2022

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A edição do CAOS de 2022 contará de diversas apresentações, sendo que o prelúdio deste evento será realizado nesta edição pelo psicólogo egresso do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, Caio Cesar Brum, que dosará o clima e a sintonia entre os palestrantes e os participantes.

Em entrevista concedida ao portal (En)Cena, Caio respondeu algumas perguntas sobre sua participação no evento.

En(Cena) – O esquenta cultural, por ser um evento preliminar, possui um papel importante para todo o Congresso. Como se sente sendo responsável por influir nos participantes a conexão com os temas que serão debatidos ao longo das apresentações?

CAIO: Sinto grande felicidade no fato da arte ser colocada em pauta no congresso, e acredito que, assim, se pode promover uma preparação do ambiente, de forma que possamos ser atravessados pelos temas não apenas no nível da intelectualidade, como também no nível do afeto. Me sinto extremamente honrado por poder fazer parte.

En(Cena) – A música esta presente na humanidade há muitos anos, qual sua leitura sobre a importância desta para a psicologia?

CAIO: Sendo uma ciência do fenômeno humano e da humanidade, a psicologia se debruça sobre a cultura a fim de se aproximar do seu objeto de pesquisa. Sendo a música aquilo que está em todo os lugares onde agrupamentos de pessoas surgem, é possível discutir as funções evolutivas dela, bem como onde ela pode ajudar no processo de saúde mental.

En(Cena) – A melodia lírica pode ser considerada como uma forma de reflexão social para instigar os ouvintes a uma auto compreensão ou conscientização sobre assuntos delicados que normalmente são tratados como tabu?

CAIO: Com toda certeza. Muitas músicas são um tapa na cara que expõe críticas que, de outras formas, não teriam tanto acesso aos ouvidos do ouvinte. Além disso, com ela é possível simular um contexto que é imprescindível para tocar da forma necessária para provocar a reflexão que se pretende.

En(Cena) – Aproveitando a oportunidade sobre o esquenta cultural e melodia lírica. Como psicólogo, o que acha da musicoterapia nos tratamentos psicológicos?

CAIO: Dito tudo isso, fica evidente a capacidade da música de provocar o afeto no sujeito. Em contexto psicoterapêutico, isso pode ser importante em casos de bloqueio afetivo. Além disso, usado como lugar de criação, a música pode ser uma verdadeira escola de criatividade, fortalecendo a personalidade daquele que a cria.

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Psicólogo Rafael Rodrigues participa de Mesa Redonda no CAOS

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A edição do CAOS de 2022 contará de diversas apresentações e, dentre estas, teremos uma Mesa Redonda que discutirá o tema Trabalho, Sofrimento e Autorrealização, que contará com os psicólogos Rafael Rodrigues de Souza (CRP 06/81640), Tássio de Oliveira Soares (CRP 23/000660) e terá como mediador o psicólogo Caio Cesar Brum (CRP 23/2370). 

Em entrevista concedida ao portal (En)Cena, o palestrante Rafael respondeu algumas perguntas sobre sua participação no evento.

Fonte: Arquivo pessoal

 

 

En (Cena) – O trabalho acompanha a humanidade desde seus primórdios. Pode dissertar sobre a evolução do trabalho e suas conexões modernas com o sofrimento e como tudo se conecta com a autorrealização? 

Rafael Rodrigues – Eu exploro o histórico do trabalho especialmente no quarto capítulo do meu livro, nele eu explico que o trabalho é, na verdade, uma das formas que a sociedade contemporânea se organizou, sendo as empresas pequenas células sociais que compõem uma teia relacional e econômica que influencia a vida da grande maioria das pessoas a ao redor do globo. Em termos pragmáticos, o trabalho evoluiu no sentido de maior especialização, maior segurança física aos trabalhadores (pelo menos nos trabalhados regulamentados) e maior necessidade do uso de capital intelectual. Por outro lado, a concorrência entre pessoas estimuladas pelas empresas, o excesso de horas de trabalho e as pressões psicológicas diversas, criaram ambientes propícios a criação de condições socioemocionais ruins. Com isso, fica patente o aumento de doenças tais como depressão, ansiedade e transtorno do pânico decorrentes do trabalho. Mas isso não se conecta à autorrealização. Na verdade, autorrealização é poder encontrar sentido e significado no trabalho, de forma que ele sirva a si e à sociedade, em vez de ser apenas um produtor de sofrimento e prol de um suposto enriquecimento financeiro ou da geração de renda que garanta a biossobrevivência. No sentido junguiano, precisamos nos desapegar das personas para se entregar ao trabalho, integrando-o à nossa vida.

En (Cena) – Como fica a autorrealização para um trabalhador que desempenha uma atividade automatizada em uma mega indústria? Qual a principal distinção entre a autorrealização de um profissional liberal e um empregado assalariado? 

Eu diria que um trabalhador que desempenha uma atividade automatizada em uma mega indústria ainda goza de algum privilégio no sentido de ter algumas garantias, como segurança do trabalho ou até mesmo ter a possibilidade de migrar para outras áreas dentro da empresa, uma vez que as grandes empresas têm estrutura e visibilidade. Muitos industriais do ABC Paulista dos anos 80 e 90 ofereceram condições dignas para suas famílias, dando formação universitária aos seus filhos, algo que mudou especialmente dos anos 2010 em diante (entre 2002 e 2010 houve um expressivo aumento real nos salários dos operários, mas paralelamente muitas faixas salariais mais baixas foram criadas – nesta época eu trabalhava na indústria automobilística). Mas temos milhares de trabalhadores que trabalham em empresas com menor visibilidade e em condições de trabalho quase análogas à escravidão – não quero dizer com isso que empresas grandes são melhores que as pequenas empresas, pois existem muitas empresas de porte pequeno e médio que são sérias e éticas. Contudo, as grandes corporações têm mais exposição e por isso são fiscalizadas mais de perto. E a autorrealização, tal como descrevo em meu livro, nada tem a ver com a natureza do trabalho em si. A questão é que deve haver dignidade para qualquer pessoa, em qualquer atividade que ela desempenha, com uma remuneração adequada para que ela consiga ter uma vida com qualidade. Nos países nórdicos, por exemplo, conseguiu-se chegar num patamar em que as diferenças de classe foram bastante reduzidas, tendo um trabalhador de atividades menos qualificadas uma diferença salarial menos significativa versus aqueles que performam atividades que exigem maior qualificação, algo bastante diferente quando olhamos para a realidade do Brasil, onde as diferenças são patentes. Todo trabalho é importante, por isso os critérios de diferenciação salarial deveriam ser profundamente debatidos em sentido psicossocial e não apenas em sentido econômico-financeiro. Imaginemos o que seria de qualquer cidade sem o honroso e imprescindível trabalho dos garis. Mas precisamos lembrar que em países como o Canadá, por exemplo, muito do que é feito manualmente aqui no Brasil se faz com máquinas na hora da recolha do lixo. E o que pensar dos países que não investem em pesquisas sociais, tecnológicas, humanas? A pesquisa é o caminho para criar alternativas de trabalho e de repensar o mundo em que vivemos (não apenas no sentido do trabalho). A dignidade no trabalho é uma construção que passa pelo investimento em segurança física e psicológica, oferecimento de remuneração condizente com as necessidades alimentares, educacionais, sociais e culturais de uma pessoa, além de trazer a tecnologia como aliada. Ao conseguirmos atingir este patamar, o processo de autorrealização é a conquista maior que deve ser buscada pelo indivíduo, que é o defendido no meu livro com a “Obra Alquímica” no sentido junguiano. Nesse sentido, não há qualquer diferença entre um trabalhador assalariado ou profissional liberal. A construção de um trabalho digno pode (e deve) se dar em qualquer atividade. O trabalho a meu ver, deveria ser um meio para o indivíduo se autorrealizar enquanto serve à sociedade; é um paradoxo, ele serve a si mesmo, enquanto serve ao outro. É o que Jung chama de contrapartida da individuação, que por ser uma jornada individual e interna, deve ter sua contraparte no mundo externo.

En (Cena) – O sofrimento debatido, é uma etapa predecessora à realização pessoal do indivíduo? 

Colocar o sofrimento como uma etapa predecessora da autorrealização me parece um reducionismo, pois se assim o fosse, todo mundo que passasse pelo sofrimento no trabalho chegaria à autorrealização, mas na prática muita gente apenas sofre, e nada muito além disso. O que posso dizer, em sentido psicológico, é que o sofrimento faz parte da condição humana. Mas com a ampliação de consciência, especialmente por meio da análise junguiana, é possível dar um novo sentido para este sofrimento, de forma que ele possa se transformar, simbolicamente, em algo imbuído de sentido e significado.

En (Cena) – O processo para a satisfação pessoal é árduo, pode dar alguma dica para aqueles que ainda irão percorrer esse trajeto para não desistirem no meio do caminho? 

Eu não tenho qualquer pretensão de concordar que o processo de satisfação pessoal é árduo, pois isso pode variar conforme a experiência e condições de vida de cada pessoa. Toda generalização é genérica, e em si, se distancia do que é realmente humano. Podemos até suspeitar que isso seja uma verdade em termos estatísticos, mas muita gente é satisfeita consigo ou ao menos tem uma fantasia de satisfação. Para uma ou para outra parte, o que sugiro é que faça da vida um palco de descoberta de si, buscando a análise, a cultura, conhecendo outra cidade, outro país, lendo muitos livros – sou um entusiasta da cultura e ela é parte essencial da construção de autoconhecimento de uma sociedade. E o autoconhecimento não tem data e hora para acabar. Começa no dia que nascemos e nos acompanha, pelo menos até onde a consciência pode afirmar, até o nosso último suspiro. Se autoconhecer é o habilitador para a compreensão de muitas coisas na vida, até mesmo o encontro da satisfação na insatisfação e a descoberta da insatisfação na fantasia de satisfação.

En (Cena) – Qual a sua expectativa com esse debate, o que pretende alcançar e qual mensagem deseja passar para os que estarão presente? 

Eu tenho um falar comum: não tenho pretensão de transformar as pessoas numa fala de alguns minutos, mas se eu conseguir ao menos incomodar, gerar alguma emoção em quem me escuta, não importando qual tenha sido essa emoção, boa ou ruim, me darei por satisfeito. O incômodo é capaz de sensibilizar as pessoas a buscar algo diferente, mesmo que seja para contrapor ou para dizer que vociferei um monte de bobagens. É melhor assim do que a indiferença, essa sim é muito ruim, pois não sensibiliza, não transforma, não movimenta. Claro que ficarei entusiasmado se conquistar aliados nas perspectivas que apresento, mas isso é apenas parte do processo. Cabe lembrar que entusiasmo vem do grego “en theos” que se refere a algo como “animado pelo divino”. Por isso valorizo o entusiasmo compartilhado, pois ele pode ser um grande catalisador das grandes mudanças que queremos ver no mundo.

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(En)Cena entrevista a psicóloga Lêda Gonçalves de Freitas

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No dia 22/11 o CAOS/2022 irá contar com a psicóloga Leda Gonçalves de Freitas.

A edição do CAOS de 2022 contará de diversas apresentações, dentre estas, teremos a ilustre presença da psicóloga com currículo internacional, Lêda Gonçalves de Freitas, Pós-doutora em Psicossociologia pelo Conservatoire National de Arts et Métiers (CNAM), em Paris. Doutora em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela Universidade de Brasília (UnB). Vice-coordenadora do Grupo de Trabalho: “Trabalho, Subjetividade e Práticas Clínicas” da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP). Docente do programa de pós-graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB). Sua palestra terá como foco o tema Trabalho Plataformizados e a devastação dos sujeitos.

Em entrevista concedida ao portal (En)Cena, a palestrante respondeu algumas perguntas sobre sua participação no evento.

En (Cena) – No Brasil, como tem sido recebida esta modalidade, quais os riscos psicológicos que acompanham um trabalho plataformizado?

De acordo com o IPEA (2021), no Brasil há em torno de 1,5 milhão de pessoas que trabalham no transporte de pessoas e na entrega de mercadorias, sendo que, a maioria 61,2% é de motoristas de aplicativo ou taxistas. Esses trabalhadores são contratados sem qualquer vínculo empregatício e atuam como trabalhadores autônomos. Pesquisa realizada pelo nosso Laboratório de Pesquisa “Trabalho, sofrimento e ação” com motoristas e entregador-ciclista revelou que a carga horária de trabalho chega a mais de 10hs por dia e 6 dias por semana. Os rendimentos são baixos e é preciso trabalhar muito para compensar os gastos com a manutenção do transporte, gasolina e a sobrevivência. Ademais, todo o controle do trabalho é feito pelos algoritmos dos aplicativos. Os motoristas não controlam o percentual que fica para o aplicativo. Além disso, ficam expostos tão desigualmente. Muitos trabalhadores gostariam de ter trabalho formalizado e em melhores condições.

En (Cena) – Dentro destas plataformas de serviço, seria possível afirmar que há uma forte violação às condições psicológicas laborais em prol da satisfação do cliente?

O trabalho tem entre tantas funções, o equilíbrio psíquico do sujeito que trabalha, pois, o trabalho é encontro com outros e é realização pessoal pela utilidade da tarefa realizada. Nas pesquisas, os trabalhadores sentem satisfação em levar um alimento para uma pessoa idosa, transportar alguém que necessita de cuidados, então, há sentimento de utilidade. Por outro lado, a pressão de um patrão que ninguém conhece, os algoritmos, pois precisam estar logados, fazer um determinado número de corridas para continuarem no aplicativo, mais o controle do trabalho precarizado fazem com os trabalhadores tenham sentimentos de não-valor. Assim, há tristezas e preocupações em ganhar vida por meio desses aplicativos.

En (Cena) – Tudo são martírios nesta modalidade? A sociedade em geral deveria fazer uma “mea culpa” sobre a adesão destes serviços ou tal situação deve ser limitada aos debates políticos e acadêmicos?

O contexto do capitalismo contemporâneo é de muita valorização desses aplicativos. Como não há reflexão sobre essa lógica da plataformização do trabalho, não vejo estrutura cognitiva para se fazer “mea culpa”. Seria importante, se estivéssemos num país com democracia plena, que refletissem sobre os efeitos psíquicos de uma sociedade consumida pela lógica de um capitalismo plataformizado. Esse debate deveria estar em nosso cotidiano  com vista a pensar a saúde mental contemporânea.

En (Cena) – Existe alguma sugestão para evitar os desgastes psicológicos brutais que essa modalidade laboral pode causar?

Penso que, para não ter um cansaço permanente de telas, ansiedades e até depressões, seria importante, quem trabalha com esses aplicativos estabelecer horários de distanciamento, além de, participar de escutas do sofrimento no trabalho com o objetivo de compreender os efeitos desse mundo do trabalho na saúde mental.

En (Cena) – Brindar as jovens mentes nestes congressos é algo único, seu tema é extremamente relevante socialmente, pois discute uma das vertentes do futuro do mercado de trabalho, e, portanto, essencial para a sociedade. Como psicóloga, em sua opinião, quais seriam as contribuições que um profissional que atue com ênfase em psicologia organizacional poderia contribuir para o aperfeiçoamento desta modalidade laboral?

Eu não sou psicóloga, sou doutora em psicologia organizacional e do trabalho. Neste lugar de pesquisadora que atua com pesquisa-intervenção, penso que as contribuições dos profissionais, primeiro, entender esse novo mundo do trabalho tão precário que favorece as intensas desigualdades sociais. Segundo, ao atuar em gestão de pessoas, proporcionar espaços de escuta dos trabalhadores para que, por meio do falar e sentir, construam estratégias de ação para minimizar as dificuldades no trabalho. 

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A importância do psicólogo em processos de divórcio e guarda

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No mundo jurídico é comum ser dito que uma das formas mais antigas de contrato é a marital, a união de pessoas para a constituição de uma família e um novo lar é algo tão antigo quanto à própria humanidade. Um ponto importante é que desde o início deste tipo de relacionamento, a intenção era que durasse para toda vida – seja de forma monogâmica ou poligâmica – e aqueles seres ficariam unidos até suas respectivas mortes.

Fonte: l1nq.com/HIkz1

Porém, mesmo na antiguidade já existia a figura do divórcio, apesar de ser uma prática pouco apoiada pelos povos de outrora.

Nos tempos modernos, tanto o conceito de família quanto da própria sociedade sofreu alterações, descobriu-se um vasto campo do saber e dos cuidados mental, e, dentro destas descobertas, notou-se que nas situações de divórcios, o emocional daqueles envolvidos sofria drasticamente com a separação consensual e litigiosa.

É de amplo conhecimento social que o estado emocional de um indivíduo é capaz de ditar os rumos de sua sociabilidade, impactar o seu desempenho profissional, podendo chegar aos extremos de causar danos a sua integridade física se não for devidamente acompanhada e tratada por profissional capacitado.

Fonte: l1nq.com/OvuoU

Nos casos de divórcios há o rompimento afetuoso, há o desgaste do próprio litigio, há ainda toda aquela “lavação de roupa” entre os envolvidos, isso quando não há a presença de filhos no processo.

Infelizmente, os processos que envolvem divórcio e guarda de filhos menores são compostos por fatídicos episódios de alienação parental, agressões, abusos físicos e psicológicos.

Fonte: l1nq.com/G2ogQ

Com isto, além de um excelente profissional do direito, é necessário escolher, para um prosseguimento sadio da vida, um psicólogo capacitado no desenvolvimento de seu trabalho para amenizar e tornar suportável e sem traumas profundos esse momento tão angustiante que é o divórcio.

Um divórcio humanizado, com apoio emocional capacitado, pode evitar traumas e tragédias na vida dos envolvidos, bem como proporcionar um desenvolvimento saudável, mesmo com a separação dos pais, para o filho do ex-casal.

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As eleições e o inconsciente coletivo

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Em pleno 2022, ano de Copa… digo! Nos últimos anos temos visto a história de grandes eventos serem criados, vivenciamos grandes feitos em prol da humanidade, mas também observamos situações críticas e alarmantes, dentre elas a pandemia do Covid-19 é a que mais se destaca.

Neste ano as coisas não são diferentes, grandes eventos se iniciaram, outros estão acontecendo e alguns ainda estão por vir (Dá-lhe Hexa!). O último grande evento que se iniciou e ainda está em curso é a política nacional e estadual no Brasil.

Fonte: l1nq.com/TpJ6g

A escolha do Presidente, Senadores, Deputados Federais, Governadores e Deputados Estaduais ocorreram no último dia 02 de outubro de 2022. Para o cargo principal, a apuração de votos se mostrou bem diversificada.

Sem externar opinião política ou qualquer viés que possa influenciar o espectador, os dados oficiais demonstram que, para presidente, os candidatos mais votados receberam, respectivamente, 57.259.504 (cinquenta e sete milhões duzentos e cinquenta e nove mil e quinhentos e quatro) votos para o 1º lugar e, 51.072.345 (cinquenta e um milhões e setenta e dois mil e trezentos e quarenta e sete) votos para o 2º lugar.

Um fato que chama bastante atenção é a quantidade de Abstenções, no total, cerca de 32.770.982 (trinta e dois milhões setecentos e setenta mil e novecentos e oitenta e duas) pessoas se abstiveram de votar, um número extremamente significativo que, caso tivessem votado, com certeza definiriam as eleições ainda em primeiro turno.

Mas então, por que não votaram? Além disso, por que certas pessoas votaram no político A ou no B? E a pergunta mais importante, o que o Inconsciente Coletivo nos diz sobre isso?

Óbvio que de forma inconsciente você já deu sua opinião sobre cada uma das perguntas, certo? Bom, vamos lá!

O estudo sobre o inconsciente coletivo é muito extenso, porém, a fim de reduzi-lo em uma pequena explicação, podemos resumi-lo como sendo uma parte da psique que não pertence exclusivamente a um único indivíduo e suas experiências pessoais, mas de todos aqueles que ali residem.

Fonte: Google Imagens

Jung fala que o inconsciente coletivo é devido a hereditariedade, de modo que é algo que sempre esteve presente e não foi vivenciado exclusivamente por uma pessoa. Para simplificar trago o exemplo do Arquétipo da mãe. Independente da cultura, viés político, quando se fala da figura materna, todos pensam unanimemente na proteção e cuidado que todas as mães possuem, mesmo que suas histórias sejam totalmente incompatíveis e de classes sociais incomunicáveis.

Dito isto, temos que o inconsciente coletivo é algo que se faz presente, de forma inconsciente, na vida de grande parcela da sociedade, seja através de suas crenças e valores ou por uma questão episódica que ocorreu na sua região geográfica.

Outra informação relevante sobre o inconsciente coletivo é que Jung, em suas pesquisas, o dividiu em doze principais arquétipos que são comumente presentes na sociedade.

Respondida a última pergunta, agora fica mais fácil compreender e responder as duas primeiras.

A política, principalmente nos períodos de eleição, pode ser comparada a uma grande entrevista de emprego em que o empregador é o público votante que definirá quem irá representa-lo por um período (talvez) de quatro anos de mandato. 

Fonte: l1nq.com/OKgEl

Ocorre que para sejam eleitos, os políticos (vamos definir nesse texto que políticos são somente as pessoas que levam esse ofício como uma “profissão”, ok?) acabam por terem que utilizar-se de diversos recursos para atrair a maior quantidade de votos possíveis para garantir a ocupação de sua cadeira no cargo que almeja.

Uma das artimanhas que já é muito conhecida pelos políticos profissionais é a exploração dos arquétipos. Ora, não é incomum observamos propagandas em que colocam o candidato X que pretende ocupar o cargo Y alegando que ele é a única opção viável para salvar o país.

O arquétipo do herói é um dos mais utilizados nesse meio, principalmente no atual cenário de eleições presidenciais em que os candidatos se apresentam como antagonistas de ideais e caráter, com pautas extremamente definidas. Ambos buscam descreditar os argumentos do adversário para enaltecer a própria candidatura.

Arquétipos como o governante, o prestativo, o homem comum, até mesmo o inocente é usado neste cenário para atrair o maior público possível que se identifique com o candidato de sua preferência. É claro que existem outros fatores que induzem um indivíduo a escolher entre o político A ou B, mas vamos desconsidera-los neste texto.

Mas e a abstenção, como podemos explica-la? Bom, usando o raciocínio acima indicado é possível observar que, na maioria das vezes, aqueles que exercem o poder de escolha da presidência do país o fazem por se identificar com aspectos particulares de cada candidato. Viés político, pauta ideológica, projetos de governança, até mesmo histórico de erros e acertos. Podemos inferir que a auto identificação com o candidato ou a expectativa deste ser aquilo que almeja para solucionar os problemas pessoais é o que contribui para dar o voto.

Na contrapartida, a abstenção é exatamente a falta desta identidade similar, seja por decepção ou mesmo por questões ideológicas ou, simplesmente, por não estarem se comunicando de forma adequada com este público através dos arquétipos.

Uma coisa é certa, na política e em qualquer aspecto social, não é possível agradar a todos, mas é necessário que a maioria democrática opte por aquele que irá ditar o futuro do país.

REFERÊNCIAS

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo.Tradução: Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva]. – Perrópolis, RJ. ed. Vozes, 2000.

DESCONHECIDO. ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE. Portal G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/apuracao/presidente.ghtml> acesso em 10 out 2022.

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O que é o Mental Fitness?

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A vida é uma conjunção de escolhas e consequências de ações, isso é meio que universal em todos os aspectos. Palavras não podem ser retiradas, tudo de bom e tudo de ruim que já aconteceu teve algum ponto de ignição, muitas vezes por interferência humana.

Um exemplo prático é a obesidade, a desregulação alimentar acrescida do sedentarismo impulsionará um indivíduo a adquirir camadas e camadas de gordura extra no seu corpo de modo que no futuro sofrerá fisicamente (mentalmente também) com a forma que lidou com essa situação.

Fonte: Imagem by vectorjuice no Freepik

Trazendo para o campo psicológico, temos os transtornos e doenças psíquicas que tiveram início através de um construto de fatores, resultantes de questões biológicas ou até mesmo reações externas. Assim como a obesidade, a depressão precisa de tratamento, o acompanhamento profissional e as atividades psicoterápicas proporcionaram para o indivíduo uma melhoria no seu quadro depressivo.

Mas o que isso tem a ver com o título do texto? Bem, inicialmente é preciso observar que a palavra fitness, adotada no Brasil para atribuir a um condicionamento físico saudável, traz uma condição de prevenção na prática e cuidado com a saúde física.

Esclarecendo o ponto, uma pessoa que pratica atividade física busca, quase que universalmente, um equilíbrio nas suas condições físicas, de modo a evitar prejuízos com saúde e impulsionando seu bem-estar e longevidade.

Porém o compromisso saudável não é fácil, posto que em alguns casos não é possível perceber uma mudança imediata nos aspectos físicos e sanitários da pessoa, de igual modo, uma pessoa que possui a mente prejudicada por transtornos não diagnosticados muitas vezes não se dá conta do prejuízo que esse lhe causa a longo prazo.

Agora, conectando-se com o texto, essa nova onda comportamental, com origem recente, busca conectar os cuidados prévios da saúde física e mental, por isso o nome Mental Fitness.

Uma curiosidade interessante a ser destacada são as recentes divulgações cientificas sobre os “cérebros” localizados no Intestino e Coração humano, já farei uma conexão com essas informações.

A saúde mental, por um tempo, foi compreendida somente como o zelo nas relações, não sendo observado precipuamente o corpo como um fator para o bem-estar da mente (mas este muitas vezes foi utilizado para associar algum aspecto doente, por exemplo, ansiedade e obesidade ou depressão e anorexia).

Nos mais recentes estudos, foi descoberto que a má alimentação, ou a ingestão de alimentos não saudáveis são prejudiciais para o cérebro, podendo alterar o comportamento cognitivo de alguém. O maior exemplo que pode ser apresentado é o do chocolate que se consumido de forma irregular e demasiada pode se tornar um produto vicioso com efeitos similares – porém diminutos – ao ópio.

Fonte: Imagem by Freepik

Além da dependência ao chocolate outra reação possível é a obesidade e problemas de saúde relacionados ao açúcar, como diabetes. 

É sempre importante lembrar que tudo que ingerimos sempre será a junção de compostos químicos que podem (ou não) alterar nossas capacidades cognitivas de forma momentânea ou duradoura.

Com isto, manter bons hábitos alimentares, em conjunto com a prática de atividades físicas, bem como com o exercício da resiliência individual podem guiar o ser humano a uma vida mais plena de modo a evitar prejuízos à saúde física e mental a curto e longo prazo.

Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik

Falando sobre hábitos alimentares e resiliência. Recentemente foram disponibilizados estudos que afirmam que o Intestino, órgão responsável por fazer a digestão dos alimentos possui cerca de 500.000.000 (quinhentos milhões) de neurônios, uma quantidade inferior somente ao próprio cérebro que possui bilhões de conexões neurais. Mas por que isso é relevante? Bem, como dito acima, os alimentos influenciam diretamente no comportamento humano e quando bem tratado (bem alimentado) poderá impulsionar o indivíduo a apreciar a vida de forma plena.

Assim como o intestino, o coração foi outro órgão que se descobriu uma quantidade significativa de neurônios, aproximadamente 40.000 (quarenta mil) neurônios estão presentes e participam constantemente do funcionamento do coração. Essas informações servem para compreender que a prática de resiliência com as relações sociais e pessoais podem sim colaborar para o bem-estar psicológico, mantendo sua mente fitness.

Lembrando que é impossível controlar todas as situações que ocorrem, como dizia a frase “como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu que deixei a janela aberta”, não somos capazes de premeditar todas as situações negativas que acontecerão conosco, mas podemos nos preparar física e mentalmente para suportá-las de forma a minimizar os prejuízos sofridos.

Por isso surgiu essa ideia de Mental Fitness que busca alcançar o ápice do bem-estar humano.

 

REFERÊNCIAS

VARELLA, Mariana. Neurônio. Portal Drauzio Varella. Disponível em <https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/neuronio/>, acessado em 16 set 2022.

GODI, Dianna. Os efeitos que o consumo de chocolate pode causar nas pessoas. Minuto Psicologia. Disponível em <http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2021/07/07/os-efeitos-que-o-consumo-de-chocolate-pode-causar-nas-pessoas/> acessado em 15 set 2022.

DESCONHECIDO. Por que o intestino é considerado nosso ‘2º cérebro’ e outros 5 fatos surpreendentes sobre o órgão. BBC NEWS Brasil. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45664504> acessado em 16 set 2022.

DESCONHECIDO. O coração também tem neurônios. Disponível em <https://amenteemaravilhosa.com.br/coracao-tambem-tem-neuronios/>, acesso em 14 set 2022.

DESCONHECIDO. Fitness mental: saiba o que é e conheça alguns exercícios. Disponível em < https://melhorcomsaude.com.br/fitness-mental/>, acesso em 16 set 2022.

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Estoicismo e a Psicologia

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Apesar de só ter sido considerado como ciência na modernidade, estudar a mente e o comportamento humano não é algo recente. Antes debatida no campo filosófico, estudar os aspectos mentais e comportamentais sempre foi um tema delicado, principalmente quando voltados para o enfrentamento de adversidades pessoais ou, até mesmo, quando experimentadas de modo coletivo.

Os pensadores da antiguidade dedicaram anos de observação e debates para criarem conceitos, expressarem ideias e definir, até os tempos modernos, alguns posicionamentos e comportamentos sociais.

Dentre as ideias que foram criadas, que não foram poucas, pode ser destacado o Estoicismo, ou Escola Estoica, que teve sua origem em meados do século III a.C, sendo um dos primeiros idealizadores Zenão de Cício (335-264 a.C.), também conhecido como Zenão, O profeta.

Fonte: encurtador.com.br/aevCS

O interessante da filosofia estoica é que toda sua origem é pautada na tragédia particular de Zenão. O percursor deste ideal era um comerciante de tintura púrpura tíria, iguaria extremamente apreciada pela nobreza à época dada a dificuldade de se extrair tal tingimento.

Zenão possuía uma vida abastarda, contudo, um trágico naufrágio lhe tirou toda riqueza que tinha, pelo menos essa é a versão mais aceita pelos historiadores. Ocorre que, ao contrário do que se esperaria de alguém que perdeu tudo, Zenão utilizou deste momento para seguir em frente, transformando aquele episódio em combustível para modificar sua forma de viver.

Fonte: Imagem de 0fjd125gk87 por Pixabay

Assim como no passado, tragédias pessoais são desoladoras, pode vir de todas as formas e situações, atingir um indivíduo de modo a destruir sua vida por completo, afundando-o em vícios ou até mesmo o levando a tomar decisões drásticas e irreversíveis como o suicídio.

Mas em que aspecto o estoicismo pode influenciar no processo terapêutico?

Sendo um assunto vasto e impossível compacta-lo de forma plena em um pequeno texto, pode-se resumir o estoicismo em uma filosofia de vida focada naquilo que se possa controlar, sendo um ideal adotado por diversas figuras históricas, dentre elas o próprio Imperador Marco Aurélio.

A melhor forma de exemplificar isso é através da própria história de Zenão. Como dito anteriormente, uma tragédia pode arruinar com a vida de uma pessoa e todos os indivíduos estão suscetíveis a fatalidades. Porém, o que muda é a forma como o indivíduo encara tudo aquilo que se passa com ele.

Sofrer por aquilo que não pode controlar, por exemplo, é algo desprezado pelos estoicos, mas como fazer isso? Bem, não é simples, se o fosse, não precisaríamos de tratamentos terapêuticos, não é mesmo? Mas, através de exercícios e constâncias é possível alcançar um nível de contemplação da vida que superaria esse sentimento negativo.

Modernamente podemos tratar isso como a Inteligência Emocional, uma ferramenta desenvolvida para contribuir no autoconhecimento dos indivíduos, levando-os a transcender nos aspectos psicológicos e emocionais. Ter conhecimento sobre suas vulnerabilidades, compreender suas qualidades são pontos que já são utilizados modernamente.

Fonte: Imagem de Mohamed Hassan por Pixabay

É claro que o Estoicismo não será universal na vida de todos os povos, tampouco deverá ser aplicado em toda e qualquer situação, haja vista que em determinadas situações uma abordagem imersiva e acolhedora se mostrará mais eficaz, mas pode ser muito bem aplicado em um tratamento psicoterápico para auxiliar o paciente/cliente no processo de se tornar alguém pleno dentro de sua própria realidade, não permitindo que este seja barrado por pequenos percalços.

Lições importantes como ter o pleno conhecimento da própria mortalidade, do sacrifício para alcançar propósitos e recompensas maiores, da simplicidade são características que até na atualidade podem impactar positivamente um indivíduo para superar quadros de ansiedade, depressão, estresse traumático, medos e vergonhas.

Desta forma, percebe-se que a filosofia estoica pode sim ser uma grande aliada da psicologia, assim como outras escolas filosóficas, desde aplicadas com precisão para a realidade do indivíduo e de modo que possa atender às suas necessidades.

REFERÊNCIAS

HOLIDAY, Ryan; HANSELMAN, Stephen. A vida dos estoicos: a arte de viver, de Zenão a Marco Aurélio. Tradução de Alexandre Raposo e Luiz Felipe Fonseca. Edição Digital. 2021. Editora Intrínseca. Rio de Janeiro: RJ.

MONTALVÃO, Thiago. Do Estoicismo à Psicologia: como entender os comportamentos irracionais e a ansiedade durante a pandemia. É possível contorná-los?. Disponível em <https://universoracionalista.org/do-estoicismo-a-psicologia-como-entender-os-comportamentos-irracionais-e-a-ansiedade-durante-a-pandemia-e-possivel-contorna-los/> acesso em 14 set 2022.

 

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A Independência depressiva

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Há duzentos anos o Brasil conquistava a independência de Portugal, se tornando uma nação solidificada, regida pelo Imperador Dom. Pedro I. De lá para cá, algumas “coisinhas” foram modificadas, por exemplo, vivemos em uma República Federativa em um Estado Democrático de Direito. Temos interações físicas e virtuais que nos conecta e permite interagir com todo o globo terrestre.

A passagem do tempo, as revoluções que ocorreram nesse período, trouxe novidades para a civilização. O acúmulo de conhecimento científico foi grandioso, assim como foi assombroso o avanço tecnológico, bem como o consumo alavancado de produtos supérfluos.

O Brasil moderno é independente, possui autonomia, mas sua população sofre diariamente com um mal silencioso, a depressão e o suicídio.

No último levantamento do IBGE, cerca de 16 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de depressão. Outros índices já mostram que, somente em 2022, cerca de 451 mil pessoas já encerraram o ciclo natural de suas vidas através do suicídio.

Mas por que isso? O que leva uma pessoa à depressão, o que faz com que alguém idealize ou até mesmo cometa o suicídio?

Fonte: Imagem de Heather Plew por Pixabay

Podendo ser enquadrado nos CIDs F32, F33, F34, F38.1, F41.2, por exemplo, a depressão pode ser descrita como um transtorno de causas multifatoriais, posto que não tem como origem uma causa universal, vez que pode surgir em decorrência de um evento traumático, questões genéticas e, até mesmo, alimentares.

Biologicamente associado aos baixos níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina, os chamados “hormônios da felicidade”, a depressão cria nos indivíduos alguns comportamentos comuns, como a baixa autoestima, auto depreciação, complexos de inferioridade, tristeza profunda.

A depressão é, muitas vezes, incapacitante, impedindo o indivíduo de apreciar sua vida de forma plena e satisfatória, posto que muitas vezes este se sente preso em seus próprios devaneios.

Existe o ditado popular que diz que a pessoa com depressão é aquela que vive remoendo o passado, o que não deixa de ser verdade. Muitas vezes a pessoa deixa de viver plenamente sua vida em detrimento de eventos passados traumatizantes que bloquearam certos aspectos de seu desenvolvimento cognitivo.

Mas quais os perigos da depressão, e, por que eles estão diretamente ligados ao suicídio?

Bem, a depressão, como dito, é causada por questões multifatoriais que desregulam os hormônios humanos que influenciam a felicidade e o bem-estar de um indivíduo. Os sentimentos que decorrem da depressão muitas vezes são depreciados pela própria sociedade que os enxergam como fraqueza e menosprezando a luta individual do depressivo, demonstrando uma faceta totalmente apática.

A frieza e o excesso de cobrança, que resulta inclusive em outros transtornos, como o Burnout, agravam a auto depreciação juntamente com o complexo de incapacidade. A dor e a sensação de isolamento, até mesmo de banalização do problema faz com que os indivíduos se tornem cada vez mais solitários, se sentindo incompreendidos, afetando-os tanto profissionalmente quanto socialmente.

Fonte: Imagem de Victoria_Regen por Pixabay

É sempre importante lembrar que a depressão é um mal que pode atingir qualquer pessoa, independente da sua condição financeira ou status social, porém, há uma forte predisposição em determinados grupos sociais. Atores, profissionais liberais, pessoas públicas possuem grandes históricos depressivos, dada a cobrança que paira sobre estes.

Não raro há notícias de celebridades que sucumbiram à depressão e acabaram cometendo suicídio. Mas por que suicidar-se? Como um indivíduo entende que essa é a solução para seus problemas? A ideação suicida, o desejo da sua própria morte, é um sentimento inexplicável para aqueles que nunca o tiveram.

Em uma analogia nada convencional, imagine-se sentindo a dor de quebrar um braço ou ferir gravemente alguma parte do seu corpo, seu desejo imediato é que aquela dor acabe, que todo o sofrimento físico que está sentindo pare. No aspecto emocional, a dor depressiva pode ser levianamente comparada a um luto constante. O pesar carregado pelo indivíduo lhe causa tanta tormenta que este busca medidas para interromper aquele sentimento, e é aqui que se inicia grande parte do problema.

Não que seja regra, mas, na maioria dos casos, alguém com depressão sempre irá buscar meios para interromper essa dor. Alguns recorrerão aos antidepressivos, outros buscarão mudar seus hábitos alimentares, outros tantos pensarão que são capazes de lidar com aquilo sozinho e, por fim, tem aqueles que recorrem ao uso de substâncias químicas ilícitas ou a ingestão de álcool e nicotina.

A forma escolhida para lidar com este cenário influenciará diretamente na forma que a depressão irá reagir no corpo da pessoa. Infelizmente, aqueles que recorrem ao uso de álcool e outras substâncias dependentes acabam tendo uma tendência viciosa que sempre lhes fará sempre aumentar a dose dos “inibidores do sofrimento”, que pode acabar levando à morte intencional ou não do portador.

Chester Bennington (à direita), participando do programa Carpool Karaoke, junto com os membros da sua banda Linkin Park, 3 meses antes de ter cometido suicídio. Fonte: encurtador.com.br/muUV6

O suicida é, muitas vezes, uma pessoa que carrega uma culpa interna tenebrosa, avassaladora, onde não enxerga mais alternativas para interromper ou superar aquela dor, o sentimento de solidão acentuado pelas diversas facetas sociais que demonstram completo descaso com seu quadro psiquiátrico, muitas vezes dentro de sua própria casa com seus familiares, acaba lhe conduzido a cometer este ato fatal para sufocar e “destruir” a dor que lhe consome.

Como é cediço, o suicídio não resolve o problema, ele somente cessa a dor que o indivíduo carrega, porém lhe impede de prosseguir com sua vida, rouba-lhe todos os momentos que poderia usufruir caso conseguisse superar aquele quadro psíquico.

Por isso, no mês de setembro, mesmo mês que no Brasil se comemora a independência nacional, é criada a campanha chamada Setembro Amarelo, que incentiva a conscientização sobre a depressão e também busca reduzir os índices de suicídio em todo o globo.

Whindersson Nunes, humorista brasileiro que declarou sofrer de depressão. Fonte: encurtador.com.br/zSV27

Conscientizar-se sobre a depressão, ser solicito àqueles que se encontram nesta condição é conceder uma nova chance à vida, e lutar de forma silenciosa contra um dos maiores inimigos da sociedade moderna.

Assim como a independência do pais requereu esforços de toda uma população, a “independência” da sociedade da depressão também dependerá de um esforço mútuo de todos os personagens possíveis.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Fabiana de Oliveira; MACEDO, Paula Costa Mosca; DA SILVEIRA, Rosa Maria Carvalho.Depressão e o suicídio. Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar.Rev. SBPH vol.14 no.1, Rio de Janeiro. 2011.

CIVIDANES, Giuliana. Causas da depressão são multifatoriais. Brasil Telemedicina. Disponível em: <https://brasiltelemedicina.com.br/artigo/causas-da-depressao-sao-multifatoriais/> publicado em 28 jan 2015. acesso em 06 set 2022.

IBGE: depressão aumenta 34% e atinge 16,3 milhões de brasileiros. Disponível em: <https://noticias.r7.com/saude/ibge-depressao-aumenta-34-e-atinge-163-milhoes-de-brasileiros-18112020>. Acesso em 07 set 2022.

SABINO, Alline. Taxa de suicídio no Brasil aumento 43% em 10 anos. Disponível em <https://www.portalnews.com.br/mundo-gospel/2022/06/162279-taxa-de-suicidio-no-brasil-aumento-43-em-10-anos.html> acesso em 07 set 2022.

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Eu nunca quis…

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O dia foi agradável, diria até feliz, mas logo aquela felicidade se esvaiu e deu espaço para minha dor lacerante.

Mesmo sendo considerada a mais animada da turma, detentora do título de descolada, tudo cai ladeira abaixo quando retiro a fina camada de maquiagem que esconde a minha real faceta.

Meus amigos e familiares até pensam que eu estou bem, até comentaram as recentes mudanças no meu corte de cabelo, vestimenta, comportamento, mas sem real interesse pelo que se passa comigo.

Quando cheguei no meu apartamento, sentei-me no sofá com as luzes apagadas, refletindo se realmente deveria fazer isso.

Eu imaginava que a minha mente estaria bagunçada, cheia de dúvidas, mas pelo contrário, estava límpida, serena, dando a sensação de que essa era a única alternativa viável.

Pensei em deixar alguma mensagem de despedida, mas percebi que não aliviaria a dor.

Tomada a decisão, percebi que meu cérebro começou a trabalhar de uma forma que tudo parecia simples e rápido de resolver, sem aquele peso moral da decisão, me sentia finalmente livre da dor que carreguei durante toda minha existência.

Por longos minutos me senti aliviada, até mesmo feliz e ansiosa para fazer o que estava por vir.

Pensei nos métodos, pensei na eficácia, nada poderia dar errado. O planejamento foi demorado, percebi que já era madrugada quando senti fome.

 Ao me levantar, senti um leve impulso de verificar as minhas notificações no celular que esteve todo esse tempo no modo silencioso.

Me espantei, recebi um texto enorme da pessoa que mais me machucou na minha vida, a que mais fez com que eu me sentisse inútil e incapaz. Esse texto era um pedindo de desculpas, nele continha histórias que eu nem lembrava que ele tinha feito comigo.

Quando terminei de ler a carta do meu pai, toda aquela certeza, todo aquele impulso ruiu, um terrível choro de alívio e dor dominou meu corpo, esqueci tudo que tinha que fazer. Aquilo me salvou.

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