Ambiente de trabalho caótico: oficina de transtornos físicos e mentais

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Com o avançar da sociedade, as mutações presenciadas no setor industrial e de serviços, o crescimento exponencial das demandas em serviços necessários e voluptuários (supérfluos) tem criado um cenário profissional extremamente agitado de competição comercial para entregar o melhor produto e o mais eficiente para o consumidor.

Essa visão de produtividade e comprometimento com público-alvo é algo vem, como dito, se intensificando através dos anos, algumas empresas adotam a postura de aperfeiçoar o serviço desempenhado por seus colaboradores através de novas contratações ou supressões de etapas não essenciais na construção do seu objetivo.

Serviços e produtos que possuem grande demanda são encontrados em todos os seguimentos, por exemplo, automobilístico, aplicativos virtuais, suporte técnico, logística, até mesmo o delivery pode ser observado nesta ótica.

Mas nem tudo são rosas, uma das principais contrapartidas desse grande crescimento e até mesmo pressão dos consumidores em ter o melhor produto, na maior rapidez possível, com o custo-benefício extraordinário faz com que muitos empresários criem um cenário caótico entre seus colaboradores.

Obviamente que um cenário desordenado não é derivado somente da pressão causada pela sociedade em geral, muitas vezes o despreparo do gestor, a falta de uma equipe multidisciplinar que tenha ênfase em psicologia organizacional acaba por não conseguir evitar os atritos e pressões vivenciadas pelos trabalhadores.

As consequências dessa grande pressão, metas profissionais inalcançáveis torna um ambiente crítico que repercute diretamente na vida do indivíduo que exerce aquela atividade essencial para a satisfação direta ou indireta do público.

Fonte: Imagem no Freepik

Quem não se recorda, por exemplo, da comoção nacional para conscientização sobre os riscos dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, popularmente conhecida como Lesão por Esforço Repetitivo – LER, que é resultante exatamente da grande “mecanização” do corpo humano na execução de uma atividade profissional. O DORT é apenas um dos riscos que já foram amplamente discutidos na mídia nacional. Contudo, outras situações também atingem a estima dos colaboradores, um ambiente de competitividade e cobrança desregulada cria na psique do indivíduo.

Excesso de cobrança, exaustão extrema, esgotamento físico são características da Síndrome de Burnout, uma condição que tem ganhado grande destaque em razão do grande risco à saúde dos profissionais no mercado de trabalho.

Fonte: Imagem no Freepik

De acordo com o próprio site governamental, a síndrome de Burnout causa depressão, exaustão física e mental, falta de vontade e energia, sentimentos de incompetência, priorização das necessidades de terceiros, alterações de humor, etc.

É uma condição que merece ser tratada com zelo e profissionalismo, vez que sua existência prejudica demasiadamente a vida íntima, pessoal e profissional do seu portador.

Medidas alternativas para construção de um ambiente de trabalho engajado e que entregue excelentes resultados da forma mais célere e eficiente possível já estão sendo estudados. Empresas que incentivam o desenvolvimento pessoal e trabalham de forma digna com a compensação de seus colaboradores já vem demonstrando sinais de melhor qualidade de vida organizacional.

Desta forma, o caos pode ser tratado, desestimulado e até mesmo transformado positivamente para o bem-estar daquele ambiente de trabalho.

REFERÊNCIAS

DESCONHECIDO. LER/DORT são as síndromes que mais acometem trabalhadores brasileiros. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. INFORME ENSP. Disponível em <https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/52793> acesso em 26 ago 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome de Burnout. disponível em<https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout> acesso em 26 ago 2022.

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Um psicopata inocente

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Alguns transtornos psicológicos são fortemente estereotipados pelos principais veículos de comunicação, bem como pela própria indústria cinematográfica que adora produzir obras tendo como material base tais condições psíquicas.

A depressão será sempre associada com aquelas pessoas autodestrutivas, com fortes ideações suicidas e automutilações. Não muito diferente, uma pessoa que possui um Transtorno Obsessivo Compulsivo muito provavelmente será caracterizada como no clássico filme Melhor É Impossível.

Algumas construções são cômicas, levam as pessoas aos risos, outras, no entanto, criam certa aversão ao transtorno diagnosticado, é o caso da bipolaridade ou múltiplas personalidades que, graças a filmes como Fragmentado, são vistos como condições pré-dispostas para terríveis acontecimentos. Contudo, dentre todos os transtornos, é fácil dizer que um dos que possui maior influência midiática sobre as características do seu portador, é a psicopatia – ou simplesmente o Transtorno de Personalidade Dissocial.

Livros, filmes e séries, quando abordam a psicopatia sempre será em um indivíduo com tendências homicidas e, provavelmente, com uma forte disposição de cometer assassinatos em séries de forma extremamente metódica e peculiar (a famosa assinatura homicida).

Estas narrativas criaram o estereótipo social de que todo psicopata será, automaticamente, um criminoso contumaz extremamente inteligente e sádico ou um forte apreciador de práticas ilícitas. Contudo, tal situação é bastante diferente no mundo real.

Fonte: Imagem de yanalya no Freepik

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, comumente conhecida pela sigla CID, inclui a psicopatia na categoria F60.2, no mesmo grupo que a sociopatia, associabilidade entre outros.

Sua definição, apesar de muito associada, não possui pré-disposição – comprovada – para a vida criminosa. Pelo contrário, a psicopatia está mais ligada a insensibilidade social; a falta de empatia; a um desprezo das normas sociais (HAUCK FILHO, 2009).

Outro fator também que é, muitas vezes, associado a uma pessoa psicopata é a inteligência sem igual, o nível de conhecimento de um indivíduo não é resultado de um transtorno psicológico, mas sim do seu esforço e estudo adquirido ao longo dos anos (O icônico Hannibal Lecter não se tornou um psiquiatra canibal sem antes estudar bastante para ser aprovado no curso de medicina).

A psicopatia, pura e simples, somente trará ao seu portador uma insensibilidade agravada nas relações sociais, sendo que, em determinadas funções profissionais pode vir a ser uma “aliada” para tomada de decisões extremamente delicadas e que afetam o emocional da grande maioria.

Cita-se o exemplo de um CEO de uma grande empresa multinacional que se vê diante de um cenário em que precisará fechar duas ou mais unidades de produção que empregam 15.000 (quinze mil) funcionários, tendo em seu âmago a psicopatia, a tomada de tal decisão será extremamente facilitada, sem tirar o belo descanso deste gestor.

Diversos estudiosos já discutiram sobre a psicopatia, no decorrer dos últimos séculos, sendo quase unânime alguns comportamentos do psicopata, como a imaturidade, impermeabilidade ao amor, ausência de culpa ou angústia manifesta, falta de consciência da própria anomalia e falta de consciência moral (BITTENCOURT, 1981). Além disso é comum que psicopatas não consigam aprender com suas próprias experiências de vida, dada a ausência dos sentimentos que fazem parte deste processo.

Por esta razão, é bem capaz que você conheça um psicopata que ainda não foi diagnosticado, mas isso não significa que precisa ter medo dele, você provavelmente só irá considerá-lo extremamente apático às emoções de terceiros, seja na vida profissional ou pessoal.

Fonte: Imagem de aseemiya por Pixabay

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, Maria Inês G. F., Conceito de psicopatia: elementos para uma definição. Arq. bras. Psic., PUC/RJ, Rio de Janeiro. 1981.

HAUCK FILHO, Nelson; TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira; DIAS, Ana Cristina Garcia. Psicopatia: o construto e sua avaliação. Aval. psicol.,  Porto Alegre ,  v. 8, n. 3, p. 337-346, dez. 2009. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S167704712009000300006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  18  ago.  2022.

PIMENTEL, Déborah. Psicopatia Da Vida Cotidiana. Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 33, p. 13-20, jul. 2010. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010034372010000100002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  18  ago.  2022.

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Vício em pornografia: o impacto na saúde mental e nas relações sociais

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O ato sexual, a lascívia, são situações que acompanham a humanidade desde seus primórdios. As reações químicas desencadeadas pelo ato libidinoso fazem com que os indivíduos envolvidos nesta prática fiquem conectados de uma forma única.

Ocorre que, assim como a necessidade em satisfazer os desejos carnais, o interesse em consumir conteúdos eróticos não é recente. Nos tempos antigos, eram comuns as expressões artísticas com nudez, como, por exemplo a Vênus de Willendorf, ou até mesmo do próprio ato sexual.

Desta forma, percebe-se que os interesses sociais relacionados ao consumo de conteúdos adultos transcendem os tempos modernos.

Mas o avanço tecnológico, a globalização, a miscigenação cultural, principalmente após a proliferação da internet e a criação de conteúdos inteiramente virtuais, fez com que houvesse um crescimento exponencial e silencioso que facilitou o acesso a vídeos, imagens e, até mesmo, a comercialização da exposição do corpo ao vivo.

Era de se esperar que este mercado movimentasse grandes fortunas, mas, além do dinheiro, traz consigo vícios e complicações no desenvolvimento das relações interpessoais, sociais e familiares, de modo que a objetificação da mulher se torna mais intensa, depravada, agressiva e, até mesmo, obsessiva.

O vício em pornografia é um mal presente, principalmente, na vida dos homens, não sendo limitado a estes, que causa um retardamento cognitivo, além de desencadear depressão e outros problemas psicológicos na vida das pessoas que são dependentes e que buscam uma melhoria de vida.

Ante o exposto, busca-se compreender como funciona os aspectos da pornografia, sua evolução histórica, e os comportamentos mais comuns entre aqueles que se encontram em estado de dependência nestes casos.

A PORNOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

Etimologicamente, a palavra pornografia tem sua origem do grego pornographôs, que, em sentido literal pode ser traduzido como escritos sobre prostitutas. Neste sentido, Érica Cristina Procópio Campos (2006), nos brinda com a seguinte compreensão do significado da palavra:

A palavra pornografia origina-se do grego pornographos, que significa, literalmente, “escritos sobre prostitutas”, referindo-se à descrição dos costumes das prostitutas
de seus clientes. Além de ser “escrita acerca do comércio sexual”, seu significado nos dicionários indica a expressão ou sugestão de assuntos obscenos na arte, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do indivíduo. Devassidão. Libertinagem.

Não obstante, o interesse por temas do gênero é tão antigo quanto a civilização. Estátuas, gravuras, obras de artes, escritas, diversos meios de comunicação do mundo antigo explora as mais diversas formas de satisfação da lascívia, desde imagens representando a felação, até mesmo orgias e rituais sexuais ou até mesmo homoafetivos como eram comuns na Grécia antiga.

A revista Super Interessante, em 2017, publicou artigo falando sobre “os 30 mil anos de erotismo na arte”, com representações sexuais que remontam os tempos mais antigos da sociedade, como a obra de arte pré-colombiana que se encontra no museu Larco Herrera, em que há um nítido ato de felação entre dois indivíduos.

Fonte: Freepik

No livro A Prostituta Sagrada: a face eterna do feminino, Nancy Qualls-Corbett (1988), aborda a história da prostituta através dos milênios e com a intervenção das religiões na profissão:

Embora houvesse algumas restrições na vida das prostitutas sagradas, a maioria delas gozava de maiores privilégios do que as mulheres que levavam uma vida comum.

As prostitutas profanas, no entanto, tinham vida difícil. Durante milênios, a prostituição profana foi predominante, como eram os bordéis, tavernas e lugares de entretenimento. Quando Pompéia foi escavada, algumas casas foram encontradas com o símbolo fálico acima da entrada principal e dentro de algumas alcovas com pinturas sensuais nas paredes; acredita-se que esses eram os lugares para onde “meninas escravas das prostitutas” atraíam homens que buscavam entretenimento sexual.

Percebe-se que a pornografia exploratória não é novidade para humanidade, porém, ainda que antiga, era contida e limitada a determinados ambientes.

Na contemporaneidade, a pornografia e os conteúdos eróticos tornaram-se um produto comercial, como por exemplo o texto de Georges Bataille, a História do Olho (1928) que explora a literatura erótica através de jogos sexuais.

A indústria pornográfica, hoje, explora os mais diversos temas para “satisfazer” os mais doentios interesses da sociedade. Os temas vão de sutis, até abordagens bizarras e doentias como zoofilia e necrofilia[1]. Em sua maioria, os vídeos são voltados para a satisfação dos interesses mais obscuros e íntimos da sociedade, principalmente do grupo masculino que é facilmente estimulado pelo conteúdo explícito que, normalmente, acompanha estes materiais.

A internet se tornou o maior local de consumo de conteúdo adulto, com sites, fóruns, páginas em redes sociais, blogs, todos voltados para a exploração sexual como “entretenimento”.

Fonte: Imagem de Christian Dorn por Pixabay

No artigo Webcamming erótico comercial: nova face dos mercados do sexo nacionais, Lorena Caminhas aponta em seus tópicos as novas vertentes deste comércio, mulheres independentes, comumente denominadas de Camgirls que vivem da exploração de seus corpos:

Tanto em cenário nacional quanto internacional, as camgirls utilizam amplamente redes sociais (sobretudo o Twitter25 e o Instagram) para divulgação de seus shows e para ampliar a comunicação com a audiência. Horários e dias de apresentação, bem como fotografias e vídeos são postados diariamente junto às rifas e listas de desejos. As mídias sociais são também espaços para troca de informação e configuram uma rede de ajuda mútua impossível através dos websites.

Em Consumo de pornografía y su impacto em actitudes y conductas en estudiantes universitarios ecuatorianos (2020), o tema também é amplamente discutido, resumindo, brevemente, os conteúdos explorados nesta indústria.

Seja o que for que você pensa, a pornografia constitui material sexual explícito que transmite informações sobre relações sexuais: tipos de relacionamentos, cenários e roteiros de copulação, potenciais parceiros, posturas. Também transmite modelos do masculino, do feminino, ideais sobre o corpo, desempenho sexual, desejável, permitido, deixando de lado a afetividade da sexualidade e impondo um modelo do que o sexo ‘deveria ser’, a partir de representações tradicionais, criando discursos sobre o ‘normal’, ‘saudável’, ‘permitido’, ‘satisfatório’, entre outros (Rodríguez, González, & Paulini, 2018). (Tradução nossa).

Desta feita, é cediço que o universo virtual que explora a sexualidade como produto comercial busca sempre se adequar as demandas e interesses de seus públicos.

As consequências, porém, de explorar tão abruptamente os instintos sexuais e libidinosos da população é a inclinação viciosa que este tipo de conteúdo pode acarretar, tendo repercussões sociais tão degenerativas quanto substâncias ilícitas.

O VÍCIO E A SAÚDE MENTAL

Antes de adentrar a temática deste artigo, é importante a conceituação do que vem a ser o vício e como este age no cérebro humano.

A língua portuguesa define o vício “dependência física ou psicológica que faz alguém buscar o consumo excessivo de algo, de uma substância, geralmente alcoólica ou entorpecente[2].

É necessário, também, a distinção entre o que vem a ser um vício e um hábito disfuncional. Apesar de parecidos, o hábito disfuncional está mais ligado a um comportamento não saudável adquirido pela reiteração de um ato, voluntário ou condicional, que resultará em prejuízo físico ou social para o indivíduo.

O vício, por sua vez, é mais intenso. Há, como dito, uma dependência física e/ou psicológica que impulsiona um comportamento prejudicial para o consumo de algum alimento, conteúdo ou substância.

Outro fator importante de ser observado, principalmente quando se delimita o vício em pornografia é como são seus efeitos no cérebro humano. Por que alguém se torna viciado em conteúdo adulto?

Para isto, é necessário conhecer a Dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de recompensa cerebral, também conhecida como “molécula do vício” dado sua grande capacidade de viciar o indivíduo naquela sensação.

Fonte: Freepik

Por exemplo, uma pessoa, ao assistir uma cena de copulação que lhe levou a altos níveis de excitação (dopamina), estará tendencioso a buscar alcançar os mesmos níveis de dopamina anteriormente experimentado, de modo que continuará se aprofundando neste universo e buscando temas cada vez mais peculiares para que seu cérebro libere a mesma quantidade de dopamina.

A mesma situação é observada em uma pessoa que tem a dependência em uma droga, lícita ou ilícita, vez que para alcançar os efeitos pretendidos, com o passar do tempo, será necessário o aumento gradativo das doses tomadas ou injetadas.

Com esta fórmula, temos a criação do vício disfuncional em consumir conteúdos pornográficos, desde os “convencionais” aos mais “bizarros”.

Como exposto no tópico anterior, a pornografia comercial vem, cada vez mais, buscando se aprimorar e levar a “melhor experiência” para seu espectador. Com isto, cita-se a exemplo notícia veiculada pelo portal UOL, que divulgou nova produção que busca alcançar novos patamares de dopamina pelos assinantes de uma determinada empresa de conteúdos adultos[3]. Na notícia, a psicóloga Tati Presser ainda diz:

“Um dos maiores auxílios para que isso aconteça são as novidades, e isso inclui filmes, brinquedos ou qualquer novidade que o casal possa trazer para dentro da sua relação. Certamente vai desencadear uma alta desses hormônios. Sem a dopamina, não tem prazer no sexo”, explica Presser.

Pela informação acima, fica cristalino que as grandes empresas não só possuem conhecimento desta condição, como também a usam para atrair mais pessoas para este universo paralelo.

Outro questionamento importante a ser feito é, por que o vício em pornografia é prejudicial à saúde física e mental de uma pessoa?

Primeiramente, tem que ser observado que os níveis de dopamina obtidos em cenas coreografadas, realizadas por profissionais, em posições ou situações que, normalmente, não são convencionais para uma pessoa comum, faz com que este se frustre ao ter uma relação real com uma parceira ou parceiro.

O desejo frustrado de alcançar o nível máximo de dopamina experimentado causa sentimentos de fúria, indignação, depressão, além de fazer com que o indivíduo retorne para o conteúdo visual para satisfazer-se, criando assim um ciclo extremamente vicioso e destrutivo. Outra situação que pode vir a ocorrer é a necessidade da pessoa em tentar reprisar aquelas mesmas condições na realidade, contudo, como dito, as cenas nestes tipos de filmagem são realizadas por profissionais que são aptos para executarem cada movimento e estão dispostos a passarem por cada uma das situações, o que não ocorre na vida real.

Ocorre que, por não serem situações que um homem comum ou mulher comum estejam dispostos a fazer, os popularmente chamados fetiches e fantasias, acaba ocorrendo brigas e intrigas entre casais, ou, em casos extremos, a situação de abuso sexual e estupro marital.

O IMPACTO NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Pelo exposto alhures, torna-se cristalino que a dependência no consumo de conteúdos pornográficos é demasiadamente prejudicial à saúde do indivíduo.

Uma pessoa que consome quantidades absurdas de pornografia tem seu psicológico totalmente afetado, posto que sempre buscará satisfazer seus impulsos de uma forma não convencional.

Essa situação muito se espelha nas relações líquidas de Zygmunt Bauman (2000), onde todas as relações são descartáveis e retornáveis, em suas palavras:

A liberdade de tratar o conjunto da vida como uma festa de compras adiadas significa conceber o mundo como um depósito abarrotado de mercadorias. Dada a profusão de ofertas tentadoras, o potencial gerador de prazeres de qualquer mercadoria tende a se exaurir rapidamente. Felizmente para os consumidores com recursos, estes os garantem contra consequências desagradáveis como a mercantilização. Podem descartar as posses que não mais querem com a mesma facilidade com que podem adquirir as que desejam. Estão protegidos contra o rápido envelhecimento e contra a obsolescência planejada dos desejos e sua satisfação transitória.

Ora, a liquidez dos relacionamentos pessoais e interpessoais destas pessoas é característico.

Famosos que falam abertamente sobre o quão tenebroso é o vício neste tipo de conteúdo alertam que a objetificação do corpo feminino é uma pequena fração da real situação que ocorre no dia a dia dos viciados em pornografia.

Terry Crews, renomado ator norte-americano, já falou abertamente sobre como era sua vida durante a dependência nestes vídeos. Em um podcast[4] com o também famoso Mike Tyson, ambos falam com propriedade de como é a vivência de alguém insensível para as relações humanas.

Em determinados trechos da conversa entre os famosos, são levantadas questões importantíssimas que refletem diretamente nos impactos negativos que este vício pode acarretar. Tyson, inicialmente fala sobre o desejo masculino de querer realizar coisas estranhas com sua esposa e esta não compreender e, tampouco, ter o interesse em realizá-las. Crews, por sua vez, inicia sua fala afirmando “there will never be enough porn to satisfy you”, em tradução literal seria o equivalente a “nunca haverá pornô suficiente para te satisfazer”.

Noutro ponto, Crews explica que em sua juventude, frequentando boates de strip-tease, este se sentia incomodado com as dançarinas que começavam a falar de suas vidas particulares, pois aquilo “tirava a mágica” do momento, e tornava aquela pessoa, altamente objetificada em um ser humano.

O vídeo é rico em informações que podem demonstrar os mais tenebrosos campos da psiquê de um viciado em conteúdo explícito e intenso no campo sexual.

Isto posto, a facilidade de se consumir conteúdos adultos atualmente, corroborada com a liquidez moderna que permeia a sociedade, impulsiona a proliferação deste vício silencioso que tem a capacidade de destruir lares e pessoas, sejam famosas (os) ou anônimas (os).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração deste trabalho, utilizou do método científico de pesquisa bibliográfica, colhendo o máximo possível de materiais existentes que pudessem abordar a temática de vício em pornografia, além das repercussões que esta dependência poderia vir a acarretar na saúde mental e nas relações sociais do indivíduo.

Para tanto, através das palavras chaves Pornografia; Vício; Saúde Mental e Relações pessoais, encontrou-se diversos materiais de suporte, na modalidade documental e visual como vídeos na plataforma Youtube.

Na construção do presente artigo não houve limitação da língua portuguesa para exclusão dos artigos, posto que a problemática abordada assola todos os povos do globo terrestre.

Portanto, o colhimento de informações e materiais de apoio foi estritamente bibliográfico, não sendo adotado outros métodos de pesquisa científica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base em todo o material colhido e apresentado, é possível observar que a sexualidade é um tema íntimo dos seres humanos, abordados desde muito antes da escrita moderna, de modo que indica que este continuará sendo um tema muito explorado pelas gerações futuras.

A dependência neste tipo de conteúdo é extremamente prejudicial pois reduz a capacidade cognitiva do indivíduo de discernir entre o que é fantasioso, atos coreografados e executados por pessoas altamente profissionais daquilo que é real, do convencional.

O impacto negativo que tais condições podem ofertar é a dependência irracional no consumo de conteúdos e materiais pornográficos, que pode acarretar no cometimento de crimes sexuais, inclusive pedofilia, bem como no aspecto psicológico, pode resultar em distúrbios mentais e quadros de depressão profunda, sendo necessária uma intervenção agressiva para o tratamento do paciente que se encontrar nestas condições.

CONSIDERAÇÕES

O vício em pornografia é uma situação mais presente na sociedade do que se imagina. O fácil acesso à sites pornográficos, revistas, vídeos, imagens, áudios, gravações amadoras, abre portas para que haja a exploração da lascívia de uma forma que nem mesmo os gregos pensariam ser capaz de ocorrer.

A desconexão entre a realidade e o mundo pornô causa níveis de frustração imensuráveis naqueles que buscam reproduzir suas cenas e posições favoritas, além de criar um submundo obscuro de profanação ao corpo, com abusos sexuais e estupros, além de movimentar fortunas absurdas cada dia.

Quem se encontra nestas condições é uma pessoa extremamente depressiva, dependente de um impulso selvagem, não muito diferente de um animal em busca de reprodução, reduzindo sua capacidade cognitiva a um estado ancestral, e que necessita de tratamento psicoterápico com urgência, pois, do contrário, poderá se afundar em um universo cruel dentro de sua própria psiquê.

REFERÊNCIAS

MORETA-HERRERA, Rodrigo; ORTIZ, Doris; MERLYN, Marie-France. Consumo de pornografia y su impacto en actitudes y conductas en estudiantes universitarios ecuatorianos. Psicodebate, Vol. 20, nº 2, Dec. 2020.

DECLERCQ, Marie. A ‘uberização’ do pornô: influencers do sexo estão mudando o mercado adulto. Brasil. TAB. 2020. Disponível em: < https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/02/04/a-uberizacao-do-porno-os-influenceres-estao-mudando-o-mercado-adulto.htm>. Acesso em 20 nov. 2021.

TYSON, Myke. Terry Crews, Part 1 | Hotboxin’ with Mike Tyson | Ep 11. Youtube. 2019. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=mhRmXHQXb7o&t=359s>. Acesso em 25 nov. 2021.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida; tradução, Plínio Dentzien. – Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Ed., 2001.

QUALLS-CORBETT, Nancy. A prostituta sagrada: a face eterna do feminino; Tradução Isa F. Leal Ferreira; revisão Ivo Storniolo. São Paulo. PAULUS, 1990.

[1] FRANCO, Marcella. Estupradores de cadáveres têm “sexualidade monstruosa”, diz especialista. Disponível em: https://noticias.r7.com/saude/estupradores-de-cadaveres-tem-sexualidade-monstruosa-diz-especialista-20062015. Acesso em 20 nov. 2021.

[2] Disponível em: <https://www.dicio.com.br/vicio/>

[3] Disponível em: <https://www.uol.com.br/splash/noticias/2021/05/21/dopamina-novo-longa-do-sexy-hot-producoes-aborda-a-sensacao-de-prazer.htm>

[4] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uVFwYcpkMyY

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O fatídico Natal de Sofia

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Estava Sofia no crepúsculo do dia 24 de 2018 já enfadonha em seu quarto, por imaginar que, daqui há algumas horas, terá de encarar sua família e responder decentemente a todos que se dirigirem a ela. Estava se trocando e colocando um look básico, para não chamar atenção de ninguém, quando repassava em sua mente algumas falas e respostas prontas para não responder de modo ríspido, como já aconteceu anteriormente. Quando finalmente terminou e se dirigiu a sala, conseguiu ouvir o furdunço dos seus familiares.

Fonte: Freepik

Respirou fundo, forçou um sorriso amarelo e pálido e adentrou à sala de jantar. Viu tios, tias, avôs e avós, primos distantes, primos próximos, e uma gama extensa da sua primeira geração. Percebeu ali o quão grande sua família era. Depois, começou a cumprimentar seus primos mais próximos, e depois seus tios e tias. Agradeceu por todos estarem distraídos entre si com conversas triviais regadas de risadas.

Ficou aliviada por não precisar se justificar, por enquanto, para algum familiar presente. Quando todos se reuniram para jantar, sentiu que a direção da conversa estava vindo para sua família. Alguns tios começaram a perguntar aos seus irmãos perguntas já forjadas por convenções sociais, como quando vão ter filhos, ou como anda o casamento e etc. Seus irmãos já não estavam mais no seio familiar, pois todos já constituíam família fora e restou apenas ela, a caçula.  Contudo, estavam presentes.

Fonte: Freepik

Depois, se dirigiram a ela. Foi nesse momento que Sofia começou a ficar temerosa, com sudorese nas mãos, e aumentou seus batimentos cardíacos. A primeira pergunta que respondeu foi: e aí, como está Sofia? Já está de férias? Respirou aliviada pois não foi sobre “namoradinhos” e disse pausadamente que finalmente sim, estava de férias e não tinha ficado de recuperação. Depois, perguntaram a ela sobre sua escolha na faculdade, se ela já pensou em algum curso e ela respondeu prontamente, sem pensar muito, que almejava História.

Em seguida começou a perceber que as respostas prontas que tinha elaborado mais cedo não estavam condizentes com o roteiro de perguntas dos seus familiares. Por isso, começou a sentir cada vez mais ansiedade. Mas tentava respirar fundo discretamente. Depois, alguns estavam questionando a sua escolha e perguntaram, poxa porque logo história?

E ela, mais uma vez respondendo automaticamente, disse que queria evitar erros tão grotescos através da História como a eleição do Bolsonaro. Todos se entreolharam e alguns caíram na gaitada, já outros começaram a discutir diretamente com elas e outros foram a seu favor. Depois de alguns segundos após sua fala, percebeu que tinha criado um campo minado e estourado todas as bombas possíveis. Mas se divertiu com a cena, pois não precisou mais, naquele dia, responder perguntas.

Fonte: Freepik
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O primeiro natal da criança Melinda

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Melinda tinha apenas cinco anos quando vivenciou seu primeiro natal conscientemente. Ela, como uma criança típica, acreditava em fadas, princesas, mundo encantado, monstros etc., incluindo o Papai Noel e sua carruagem com presentes. Na véspera do natal, Melinda pediu aos seus pais um pedido inusitado. O pedido dela foi viajar com o Papai Noel entregando os presentes para as crianças.

Esse pedido comoveu seus pais, pois não estavam prontos para revelar a verdade e muito menos destruir sua inocência, como acreditariam que seria. Decidiram em conjunto tentar realizar esse pedido da filha. Pediram ajuda dos familiares e começaram a organizar o trenó com os alces e as vestimentas, mas tudo escondido da pequena Melinda.

Ao passar dos dias, quanto mais perto ficava da data, mais ansiosa Melinda se mostrava, pois temia que seu pedido pudesse não se realizar. Falou aos seus pais que poderia sumir mas que voltaria para a cama antes do dia 25 chegar, pois queria muito viajar com o Papai Noel e entregar os presentes às crianças.

Fonte: Imagem de Jill Wellington por Pixabay

Na escola, Melinda aprendeu que o Natal é um momento no qual se deve fazer ações de caridade, solidariedade e amor, como Jesus fazia. Logo, Melinda raciocinou que seu pedido fazia mais sentido ainda, pois não desejou ter nenhum brinquedo, presente caro ou jogos especiais, e percebeu que sua atitude era caridosa. Quando chegou em casa, disse isso aos seus pais e eles o elogiaram.

Quando finalmente chegou a véspera do natal, os pais de Melinda se fantasiaram, alugaram algumas carretas com enfeites de alces e compraram, com ajuda de seus familiares, vários presentes para distribuir em bairros carentes. Eles a despertaram tarde da noite e ela, feliz por ter seu pedido atendido, ficou eufórica. Seus pais, disfarçadamente, pediram a ela para entrar no carro que seus pais já sabiam do pedido.

Ela entrou muito entusiasmada e se encantou com cada detalhe do trenó, com os alces, com os brilhos em volta, com os presentes, e com a fantasia de seus pais. Depois, se direcionaram a um bairro carente e lá, eles desciam do trenó automatizado, e deixava um presente na porta ou no portão de cada casa. Depois, apertaram a campainha ou batiam forte no portão e falavam em alto e bom tom: PRESENTE DO PAPAI NOEL NA PORTA. FAVOR RETIRAR AGORA!  e saiam em disparada para o carro.

Fonte: Imagem de Jill Wellington por Pixabay

Melinda, que conhecia apenas o papai Noel tradicional, que voava pelo céu com seu trenó e alces, e que chegava à casa das crianças pela chaminé das casas, perguntou ao casal por que não era como os que mostravam na tv e nos livros. Eles responderam que esta é a última versão da fábrica da terra do papai Noel e que no Brasil era mais legal, porque tinha portão e poderia deixar na caixa de correios, do que ir pela chaminé e se machucar. Ela concordou e achou divertida a resposta.

Depois de distribuir tudo pelo bairro inteiro, voltaram exaustos para casa. Depois, Melinda dormiu a noite toda pesadamente. No dia seguinte, quando despertou, foi diretamente aos seus pais e relatou tudo a eles. Eles a ouviram atentamente e a acolheu. Depois, viu na TV, a alegria das crianças e suas reações ao receber os presentes. Quando as viu, disse aos seus pais que foi o melhor natal de todos, e foi o mais marcante, por ser o primeiro.

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Conto da lua de mel

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Havia uma indígena chamada Mariá que morava em uma tribo localizada no interior de Mato Grosso. Era habitual ela passar algum tempo do início ao fim do pôr do sol e do início da noite na maioria dos dias da semana admirando a lua, na beira de um rio, chamado Lua de Mel. Gostava de ver o pôr do sol se encolhendo até não sobrar mais nenhum raio e a lua brotando linda e majestosamente na sua frente. 

Fonte: Imagem de Chil Vera por Pixabay

Se encantava com a grandeza da lua, com suas cores tão cintilantes e puras. Desejava ardentemente estar em cima dela e conhecer suas texturas, cores e cheiros. Imaginava que viver ali seria encantador. Depois de mais um dia admirando a lua e maravilhada com sua beleza, no final da noite, ainda na beira da praia, ouviu um canto doce e distante. Procurou de todos os lados de onde vinha, e mesmo estando uma grande escuridão, estava com a lamparina do seu lado. 

Fonte: Imagem de Bianca Van Dijk por Pixabay

Contudo, não conseguiu identificar a origem do som. Quanto mais procura ao seu redor, mais a canção se aproxima. Era uma melodia entoada por uma voz muito doce e suave, como um encanto. Enfim, encarou a lua e percebeu que vinha dali. O brilho dela refletia diretamente na água, dando mais veemência à sua magnitude. A canção possuía uma espécie de feitiço para a jovem Mariá, pois se passado algum tempo, quando se concentrou na voz, não conseguia mais se locomover, apenas encarar e ouvir a lua. 

Depois, lentamente, como se fosse uma força mais forte que ela, adentrou dentro do lago vagarosamente. Encaminhou-se diretamente à lua, e depois de alguns passos já se via mais a jovem indígena, apenas o brilho da lua sob as águas do rio. Mariá, depois que entrou nas profundezas do rio, se transformou em um lindo corpo celestial, como uma espécie de ninfa, com uma pele cintilante, esverdeada, e cabelos mais longos e grossos do que tinha antes. 

Quando despertou com seu corpo transformado, caiu-se por si que estava em cima da lua, e de lá conseguia ver toda a sua terra, seu povo, o rio, e as belezas daquele lugar. Sentiu uma profunda tristeza por saber involuntariamente que já não poderia mais voltar, mas em seguida ficou feliz por realizar o que tanto queria. 

Agora, toda vez que a lua brotava no final do dia, entoa uma linda e doce canção.  

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Colin entre preto e branco: a consciência racial

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A minissérie “Colin em Preto e Branco” ofertada pela Netflix no ano de 2021 conta com seis episódios de duração aproximada a 40 minutos. A obra retrata a fase difícil no qual um adolescente afroamericano perpassa pela escolha profissional. Mas acima disso, apresenta a realidade desafiadora deste jovem que convive com pais adotivos brancos e tradicionais na comunidade americana. 

O jovem protagonista só começa a perceber a diferença gritante de tratamento entre ele e seus amigos brancos na adolescência e quando começa a expandir seu repertório social. O seu sonho é de se tornar jogador profissional de futebol americano, e quando se aloja em vários hotéis para competir campeonatos e pleitear uma vaga na universidade por meio do esporte, passa por situações constrangedoras de racismo. 

Fonte: Divulgação/ Netflix

 

A série representa muito bem o conceito de microagressões, criado por um psiquiatra afroamericano. Este termo representa as sutilezas de uma ação violenta que camufla o preconceito e acaba por reforçar estereótipos, marginalizando classes que socialmente já se encontram excluídas, como negros, mulheres, e a comunidade LGBT. Em várias ocasiões o protagonista experiência a diferença de tratamento, o que o deixa confuso, pois a princípio ele não sabe o porquê de o tratarem diferente. 

Seus pais, norte americanos brancos e também muito racistas, concordam que ele deve se comportar como um negro dócil e não se revoltar com a diferença de tratamento. O jovem, em vários momentos, implode sua energia no esporte que ele mais almeja, o futebol. Fica muito evidente que Colin não possui referências negras ao seu redor, e quando tenta ter alguma, é convencido a consumir cultura branca, e a negra referenciada como algo negativo. Isso evidentemente dificulta a formação da sua identidade e ao mesmo tempo da sua consciência racial. 

 

Fonte: Divulgação/ Netflix

 

A obra explora os vários estereótipos que a população negra vivencia, como o preterimento da mulher negra, na qual é reforçado pelos seus pais e amigos da escola, a violência, coerção e covardia da polícia sobre a população negra e os homens negros principalmente e o preconceito do preto sendo referência de ruim, ladrão e feio. Vários temas são abordados em volta do racismo, e percebe-se que o sentimento de revolta é desenvolvido no telespectador, e caso ele seja branco, de culpa também. 

 

Fonte: Divulgação/ Netflix

 

A minissérie tem um desfecho agradável, mas sabe-se que na trajetória do personagem, inspirado em um jogador real chamado Colin, ainda não é o fim, mesmo conquistando aquilo que queria. A grande diferença é que o protagonista não é mais ingênuo ou inocente sobre a gritante distinção de tratamento entre pessoas brancas além da coerção violenta quando tenta manifestar suas raízes afro-americanas, como o uso de tranças no cabelo. Agora muito mais maduro sobre sua consciência racial, cultural e de classe, manifestou sua postura ativista, discriminando o racismo institucionalizado não só no esporte, mas em todas as áreas da vida de uma pessoa negra. 

Fonte: Divulgação/ Netflix
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Série ‘On My Block’: rumo à vida adulta

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Na série produzida pela Netflix no ano de 2021 e bastante popular, conhecida como On My Block, apresenta a rotina do ensino médio de cinco amigos inseparáveis e expõe dilemas, conflitos, e experiências comuns da fase da adolescência. Quem ganha grande destaque na primeira temporada é a personagem Monse, na qual se manifesta como “ponte” entre todos os integrantes do grupo. Sem o seu esforço de manter a comunhão entre todos, o grupo de amigos já estaria dissolvido. 

Ao decorrer dos episódios, eles embarcam e enfrentam várias experiências, como o primeiro porre e a perda inesperada e abrupta do personagem Ruby de uma parente sua muito querida, assim como a procura incansável de Monse por sua mãe. Além disso, ocorre o dilema do personagem César em entrar ou não na gangue de seu irmão mais velho. O mesmo ocorre com o personagem Jamal, que se encontra em um embate por confessar ou não aos seus pais que não cogita o basquete como carreira, pois seus pais o estimulam muito para isso. 

Fonte: Google Imagens

 

É perceptível que ao decorrer das experiências, o grupo se mantém unido, consolando uns aos outros, assim como os apoiando e servindo de refúgio dos problemas e como rede de apoio. Muitas vezes os cinco adolescentes eram incompreendidos pelos pais e neles mesmos encontravam compreensão e ao mesmo tempo, certos aconselhamentos para seguir com ações e decisões maduras, com princípios norteados pela honestidade e bem estar. 

Ficou nítido que além da união entre eles, cada um manifestava seus traços de personalidade de forma autêntica e diferenciada em cada situação problema que se encontravam. Com a visão de mundo de cada um assim como os aspectos culturais e sociais nos quais desenvolveram no seu crescimento, é nítido como os personagens agem diferente em cada ocorrência nos episódios. 

Fonte: Google Imagens

 

Um adendo muito importante a ser feito neste aspecto é exatamente os aspectos culturais desenvolvidos e atribuídos a cada personagem. As referências latinas são muito lembradas e levantadas em dois personagens recorrentemente, que é o Cézar e o Ruby. Ambas as famílias organizam festas temáticas comuns no México, assim como apresentam aspectos religiosos muito fortes, pois a mãe do Ruby é uma devota fervorosa na igreja Católica do seu bairro. Tais aspectos confirmam que os traços culturais são muito bem evidenciados ao decorrer dos episódios. 

Por fim, além da questão cultural, outro aspecto abordado na série é o recorte racial. Percebe-se que alguns aspectos comuns a cultura negra são destacados na série, como por exemplo o caso do Jamal, no qual não tem afinidade com o basquete, mas que é tradição de sua família afrodescendente aderir a esse esporte, principalmente da parte paterna. A série em si é uma ótima sugestão para descontrair, pois quando se passa os episódios, percebe-se que o humor é uma ferramenta muito bem explorada pelos personagens, assim como a capacidade de cada um em protagonizar. Os personagens são bem explorados e em cada papel desenvolvido, percebe-se muita afinidade com eles, ou seja, muita concordância.

 

Fonte: Google Imagens

O final é inesperado e abrupto, o que deixa espaço e margem para a segunda temporada, que já está disponível na plataforma de streaming. On My Block mostra, por meio de uma visão de comédia trágica, como os adolescentes mais propícios a serem marginalizados nos Estados Unidos, que são os afrodescendentes e latinos, perpassam pelas dificuldades e dilemas para a vida adulta. Os aspectos étnicos e raciais são bem levantados e destacados na série e muitas vezes trazem reflexões ao expor as situações problemas.

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CAOS 2021: Desafios dos profissionais de saúde na COVID

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No dia 03 de Novembro de 2021, no Congresso de Psicologia do CEULP conhecido como CAOS, aconteceu uma mesa redonda com o tema: Saúde Mental dos profissionais da saúde em perspectiva- desafios e oportunidades perante a Covid-19. O tema geral do congresso foi a Psicologia e Atuação Psicossocial em situações de emergência e esse tema de tal mesa redonda representou, de certa forma, o símbolo do CAOS deste ano. 

 

A convidada que chamou atenção com suas falas foi a psicóloga Almerinda, egressa do CEULP e doutoranda na UFT, sendo especialista em saúde mental e técnicas psicoterápicas. A mesma iniciou sua fala enfatizando que a Covid-19 funcionou como um convite a sociedade e a todos que precisam dos serviços da equipe da linha de frente da saúde, na qual já se encontrava desgastada e esgotada em muitos aspectos. Dessa forma, já existia um sofrimento latente nesta classe de profissionais, mas os usuários não compreendiam ou compartilhavam deste quadro e só foi possível a compreensão após esse caos mundial. 

A mesma levantou a necessidade de repensar a práxis do profissional da saúde em relação ao contexto pandêmico, no qual potencializou a emergência de se ter saúde mental. Salientou a importância do profissional da saúde mental frente a demandas de crise e de urgência e emergência, como nestes contextos. Destacou que como profissionais devemos estar atualizados constantemente e buscando novos manejos e formas de atuação pois o meio social exige isso, por estar em constante mudanças. 

Fonte: Google imagens

 

 Dessa forma, a convidada palestrante enfatizou que os profissionais, com o ocorrido da Covid-19, devem repensar as possibilidades, limites e desafios que foi imposto por esse contexto. E com isso, criar novas maneiras e estratégias que satisfaçam as demandas que estão em transformações recorrentes. Um exemplo que a convidada apresentou foi o do atendimento online, no qual não era tão usado pelos profissionais da saúde mental mas que passou a ser muito aderido devido ao isolamento social causado pela pandemia.

 

Fonte: Google imagens

 

Em resumo, a convidada acentuou que essa ocorrência da pandemia trouxe um convite instigante para os profissionais da saúde se atentarem ao sofrimento psíquico dos usuários. Para isso, precisa-se de atualizações constantes e, logicamente, de uma escuta ativa qualificada, na qual amplie o foco de atuação com recursos, mecanismos e materiais que possam potencializar a atuação do psicólogo.

 

Fonte: Google imagens

Foi de suma importância sua participação pois através de sua fala foi possível refletir sobre aspectos que outrora não eram tão priorizados, mas que se via superficialmente, como as situações de crise e emergência. 

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