Sheldon Cooper e as reflexões sobre a Síndrome de Asperger

Sheldon é sem dúvidas um dos personagens icônicos mais marcantes da série The big bang theory , famoso por ser inteligente, pela sua forma de agir e pelo seu bordão clássico “bazinga”. A série, que tem doze temporadas, conta o dia a dia de Sheldon ao lado de seus amigos Leonard com quem divide o apartamento, Howard e Rejesh, que o conheceram no trabalho, coloca bem em evidencia as vivências de um dia entre nerds e como tudo começa mudar com a chegada da sua vizinha de frente Penny.

Sheldon é um cara extremamente inteligente, Ph.D. em física, mas com dificuldade de socialização, não consegue entender ironias, tem fascínio por trens, possui pouca empatia por seus amigos e sua namorada, diz o que pensa sem muito filtro e mantém uma rotina, onde preza por organização em seus mínimos detalhes, como por exemplo; separar o cereal por quantidade de fibra. Por hora se mostra inocente, podendo às vezes parecer até um pouco arrogante, o que causa raiva e estranheza em alguns telespectadores da série, podemos observar em fóruns e páginas de fãs alguns comentários sobre isso. O que talvez muitos não saibam é que a personalidade e características de Sheldon, tem forte relação com a síndrome de Asperger, embora os autores da série não tenham se pronunciado oficialmente sobre, podemos perceber através desses e muitos outros comportamentos.

Fonte: encurtador.com.br/dntu8

 

   Segundo o DSM V existem níveis de gravidade para o transtorno do espectro autista, sendo que possivelmente Sheldon se encaixe no nível um o qual demonstra as seguintes características: 

  • Interesse reduzido por interações sociais e dificuldade de iniciar as mesmas, sendo as respostas atípicas ou sem sucesso a abertura social dos outros.
  • Bom desenvolvimento da fala e uso de frases completas.
  • Envolvimento na comunicação, embora apresente falhas na conversação com os outros
  •  Tentativas de fazer amizade são estranhas e malsucedidas.
  •  Inflexibilidade de comportamento
  •  Dificuldade na troca de atividades
  •  Prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não verbais (contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social)
  • Fracasso em resolver relacionamentos com os seus pares.
  • Falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse)
  •  Falta de reciprocidade social ou emocional.

   Seu comportamento atípico e sem muita papas na língua causam desdém, ao mesmo tempo em que atrai muitas pessoas, o que além da representatividade traz também reflexões, porque às vezes temos aversão ao diferente? A priori podemos achar Sheldon antipático, ríspido e ‘’sem coração’’. Embora seja apenas um personagem feito para despertar em nós diversas emoções, precisamos sempre repensar o que pode estar por trás da atitude alheia, não trata-se aqui de estereotipar, mas olhar para outro, com olhos de aprendizado, enxergando a situação como um todo. Cooper com um toque de humor, nos ensina que mesmo com limitações, vivemos em constante desenvolvimento, seja nas nossas relações ou no nosso trabalho, estamos sempre evoluindo e buscando evoluir . 

Algumas de suas especificações embora exageradas já foram de muita ajuda para os amigos, principalmente a Penny a qual mantém uma espécie de rivalidade. O mais importante é aceitação que ele tem por parte do grupo, que nem sempre concorda com suas atitudes mas o acolhe, o apoia e o integra, exemplo disso são as plaquinhas de Leonard sinalizando quando alguém está sendo sarcástico ou o ensinamento de que: não se pode invadir o apartamento da sua vizinha às quatro da manhã pra fazer uma limpeza, embora não tenha concordado com isso, Leonard estava lá o ajudando a limpar, outros exemplos são o jogo de xadrez para três pessoas, a qual ele inventou e seus amigos aderiram a ideia, Penny cantando uma canção de ninar toda vez que ele fica doente, ou o levando no jantar de encontro com Amy entre muitos outros, o que nos mostra que independente de qual seja nossas restrições  ou condição uma boa rede de apoio faz total diferença. 

Fonte: encurtador.com.br/bAN24

Ficha técnica 

criado por Bill Prady, Chuck Lorre

Elenco: Jim Parsons, Johnny Galecki, Kaley Cuoco

Nacionalidade EUA

temporadas : 12

2007-2019

Referências

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

THE bing bang theory.  Bill Prady, Chuck Lorre. EUA- 2007. HBOMAX