Rede Cegonha: Psicóloga Lhivia fala do projeto

O Governo Federal, através do Sistema Único de Saúde – SUS, criou a Rede Cegonha por meio da Portaria n° 1.459, de 24 de junho de 2011, publicada pelo Ministério da Saúde que propõe uma melhoria no atendimento à mulher durante sua gravidez, durante o parto e o pós-parto.

O projeto ainda beneficia os recém-nascidos e às crianças com até 02 (dois anos) de idade. É um projeto que propõe uma maior disponibilidade de atendimento pré-natal, com garantia de realização de todos os exames necessários, inclusive um exame de ultrassonografia.

Além das questões básicas, a Rede Cegonha busca realizar encaminhamentos e atendimentos de casos que houverem complicações durante a gravidez. Assim, o intuito deste projeto governamental é poder levar o melhor atendimento para as gestantes que utilizam o SUS para uma boa gestação.

Considerando a importância da Rede Cegonha, acadêmicos de Psicologia do CEULP/ULBRA, com a colaboração do (En)Cena, entrevistaram Lhivia Lourençoni Barbosa, Psicóloga e Doula, Coordenadora da Equipe Matricial de Humanização do Hospital e Maternidade Dona Regina.

Foto: Hospital e Maternidade Dona Regina

(En)Cena – Porque é tão importante o pré-natal para a saúde da mãe e do bebê?

Lhivia Lourençoni Barbosa – Para evitar as morbidades para a mãe e a criança; preservar a saúde desta mãe para uma gestação saudável, oferecendo mais tranquilidade para mãe, consequentemente o bebê será mais saudável e terá melhor desenvolvimento. Para ter um parto mais seguro e saudável, a rede cegonha propõe uma continuidade pré-natal, parto e pós-parto, cuidando da criança até os 2 anos, preservando a saúde da mãe e do bebê para evitar mortalidade materna neonatal e infantil neste período.

(En)Cena – Já ouvi falar que o acompanhamento pré-natal se estende para os homens (pais) também. É verdade? Pode me explicar o porquê?

Lhivia Lourençoni Barbosa – A rede cegonha prioriza que a família viva o pré-natal junto. A mulher, se tiver alguma doença, precisa ser tratada em conjunto com parceiro. Ou seja, é estendido a ele também o acompanhamento tanto no pré-natal, parto e pós-parto. Ficam num alojamento para serem orientados nestes cuidados com o bebê, para eles saírem preparados para casa.

(En)Cena – O que mudou com a criação da rede cegonha?

Lhivia Lourençoni Barbosa – A mulher passou a ter direito ao acompanhante, de livre escolha dela. Ela pode escolher a posição do parto. É incentivado o trabalho de parto na posição vertical e oferecido o trabalho farmacológico de alívio da dor.

(En)Cena – Quais os benefícios que a rede cegonha trouxe para a saúde pública?

Lhivia Lourençoni Barbosa – O contato pele a pele, quando o bebê não requer cuidados especiais, ficando um período de 1 hora com mãe logo após nascer, amamentação na primeira hora de vida. O bebê que mama neste momento, tem amamentação mais prolongada em relação as outras crianças. É trabalhado o incentivo ao aleitamento materno pois isto gera consequências até na vida adulta do bebê. Alojamento conjunto com acompanhante. Para a saúde da mulher é muito melhor, pois quando ela é bem assistida acaba tendo benefícios evitando consequências ruins. A rede incentiva o parto normal que é um grande benefício para mãe e o bebê evitando a morbimortalidade (mobilidade + mortalidade).

(En)Cena – Qual o principal objetivo da rede?

Lhivia Lourençoni Barbosa – O principal objetivo é diminuir o índice de mortalidade materna e infantil neonatal.

(En)Cena – Você consegue ver alguma falha na rede cegonha? Se sim, quais?

Lhivia Lourençoni Barbosa – Como o próprio nome diz, a proposta é uma rede de cuidados, ou seja, cuidado continuado tanto do pré-natal, passando pelo hospital e retornando à unidade básica de saúde. Neste momento, na comunicação entre o hospital e a unidade básica de saúde é que a rede perde um pouco. Por mais que existam ações para esta atenção básica, na prática se perde esta mulher no meio do caminho, ou seja, na comunicação entre o hospital e a unidade básica.