Caos 2020: O que Sherlock Holmes tem a ver com Avaliação Psicológica?

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O Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) veio com tudo em 2020 e nos trouxe muitas novidades no quesito avaliação psicológica que é o tema de destaque do ano; dentre tais novidades podemos citar acerca da relação entre o icônico Sherlock Holmes e a Avaliação Psicológica. O que ambos teriam então em comum? Na palestra de abertura ocorrida na manhã do dia 03/11, Dr. Fernando Pessotto fala acerca dessa relação entre o detetive que marcou e continua a marcar gerações e as nuances da avaliação psicológica.

Pessotto é Psicólogo, Doutor e Mestre em Psicologia, sendo seu doutorado relacionado ao estudo de sistemas de codificação do Teste de Wartegg e suas relações com o teste de Rorschach, coordenador do Laboratório de Psicodiagnóstico e Neurociências Cognitivas (LaPeNC), membro do GT Aprendizagem Humana na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) e sócio proprietário do Nexo – Instituto de Psicologia Aplicada, juntamente com o  Podcast “N-Cast”, é também fundador e editor da Revista Sul-Americana de Psicologia.

A abordagem de Pessotto traz consigo a proposta de uma psicologia mais leve, que seja agradável de se realizar, buscando um outro viés para explicar as técnicas da psicologia, com o intuito de fixar melhor os conhecimentos a serem utilizados na prática, o mesmo faz o uso de ícones da cultura pop como Batman e outros personagens de quadrinhos. Dentre a relação com tantos outros filmes, podemos conferir também em seus podcasts uma análise a respeito do filme “Coringa”, paralelos da Psicologia com outros filmes e temáticas atuais.

Porém, aqui vemos algumas associações de Sherlock Holmes com a Psicologia e uma associação que Fernando faz com os testes é a evidência baseada em deduções, no entanto, não que essas deduções sejam precisas, e nesta palestra vimos que até o melhor detetive de todos os tempos pode falhar ao fazer suas deduções.

Fonte: Arquivo pessoal do palestrante

Sherlock Holmes atua através das deduções, observando os mínimos detalhes, o que ele faz muitas vezes em suas deduções é relacionado ao comportamento não-verbal e Fernando chama a atenção para essa qualidade que se faz importante na prática psicológica. Na avaliação psicológica nós precisamos olhar para os detalhes também, porém não se pode fazer deduções a partir do resultado apenas de um teste, embora façamos deduções internas é preciso perguntar pois, alguns pontos se mostram muito evidentes nos quais podemos levantar hipóteses, mas apenas deduzir e levantar hipóteses também estão suscetíveis ao erro, por isso precisamos conversar, perguntar e assim a prática se torna uma investigação, com o intuito de beneficiar o paciente que na maioria das vezes é um verdadeiro mistério a ser desvendado.

Fernando nos deu toques acerca do teste de Rorschach que trabalha muito com o imaginário e muitas vezes vem com todo um enredo falado pelo paciente enquanto que em outras ocasiões o paciente pode trazer apenas informações sem muitos detalhes ou uma história acerca do que vê, enquanto que nós como psicólogos precisamos ter essa atenção para esses discursos, como manda o protocolo do teste claro, mas também como mais uma evidência na construção de um todo.

Fonte: Gabriel Vinicius Jesus

Conteúdos como indicadores para deduções, são importantes para levantar hipóteses e aqui, mais uma vez ele diz, que tais deduções são passíveis de erro mas, que é preciso também levantar essas hipóteses, como evidências para continuar o caso, dentre os aspectos ele menciona o olhar para o que o paciente traz de si, visivelmente em seu comportamento durante os primeiros encontros e durante toda a terapia.

Aspectos relacionados à aparência do paciente, como ele se veste, se ele se preocupa com sua aparência, se tal preocupação é obsessiva, como está a autoestima do paciente, como está o seu humor, de que forma esse paciente se comunica, se é com uma fala muito rápida, que pode ou não, ser um indicativo de ansiedade, ou se ele comunica muito devagar, que pode ou não, ser um indício de depressão.

A partir disso Fernando diz que não podemos fazer deduções simplistas, é preciso observar e investigar também, sem levantar pré-julgamentos acerca desses aspectos e ele finaliza dizendo que o teste dá uma amostra de comportamento e o sujeito ali complementa essas amostras a fim de chegar em uma conclusão com resultados precisos que possam colaborar na terapia.

Recomendações:

Podcast NCast e Canal Metaforando.

Fonte: Gabriel Vinicius Jesus

REFERÊNCIAS:

CAOS 2020 – Palestra de abertura: O que Sherlock tem a ver com a Avaliação Psicológica? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=j0MaEPRxQEU>

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CAOS 2020: Avaliação Psicológica no desenvolvimento de pessoas e organizações

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Em suas falas, Fernanda frisou sobre o compromisso ético do psicólogo em utilizar testes originais, folhas de teste e todo o material original.

Na última quarta-feira, 4 de novembro, ocorreu o minicurso “Avaliação Psicológica no contexto organizacional: aspectos práticos para processos seletivos com foco no desenvolvimento de pessoas e organizações” ministrado pela psicóloga especialista Fernanda Gomes de Oliveira (CRP 23/1476).

Fernanda Oliveira é psicóloga organizacional na multinacional Bunge, Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia, que está localizada no munícipio de Pedro Afonso – TO a 252km de Palmas. A ministrante apresentou aspectos práticos de como é realizada a avaliação psicológica no âmbito organizacional, onde ela exibiu e explanou sobre testes que são utilizados.

Fonte: encurtador.com.br/depGZ

Em suas falas, Fernanda frisou sobre o compromisso ético do psicólogo em utilizar testes originais, folhas de teste e todo o material original. De forma a evitar quaisquer tipos de cópias ou materiais impróprios ou não originais para que a avaliação seja congruente, ética e científica. Ela apontou também sobre o teste palográfico, abordando em sua fala sobre como ele pode ser utilizado nesse processo de avaliação psicológica e a sua imensa contribuição.

Fernanda apontou sobre a importância do desenvolvimento de pessoas e como a avaliação psicológica pode auxiliar nesse processo, visto que, a partir da avaliação é possível traçar de forma mais ampla o perfil do trabalhador e encaixá-lo no cargo onde suas habilidades possam ser aproveitadas da melhor forma possível. Ela apresentou argumentos que sustentam a ideia de que a partir da avaliação psicológica tanto o trabalhador quanto a empresa podem se beneficiar, pois o trabalhador irá ocupar uma função confortável para o seu perfil e a empresa terá melhores rendimentos.

Fonte: encurtador.com.br/opuFU

Além disso, Fernanda argumentou sobre a importância de o psicólogo manter-se firme e ético diante de possíveis situações onde a empresa não queira arcar com os custos da avaliação psicológica, ou queira utilizar materiais copiados ou de origem não adequada e recomenda pelos órgãos regulamentadores. Ela apresentou argumentos que podem ser utilizados em diálogos com os gestores da empresa, de modo que eles possam compreender o porquê da utilização de materiais corretos e legais, e como a avaliação psicológica pode contribuir para a empresa.

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CAOS 2020: Avaliação para porte de armas é tema de minicurso

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O minicurso é parte da programação do CAOS 2020 que acontece no Ceulp até o dia 07 de novembro.

Ocorreu na noite dessa quarta-feira (04) de forma inédita remotamente, o minicurso “Avaliação para Porte de Armas” como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2020. As atividades foram conduzidas pela psicóloga Márcia Guimarães Nunes Burns (CRP 23/482).

Márcia ressaltou a importância da entrevista na descoberta da intenção acerca do porte e da posse de armas, indicando também quais procedimentos necessitam de avaliação psicológica obrigatória, bem como os tramites necessários junto à Polícia Federal para garantir a segurança do processo avaliativo. De acordo com a psicóloga, a bateria de testes e a entrevista possuem caráter fixo, não estando passíveis de alteração. A profissional destaca a importância da diferenciação entre porte e posse de arma: “A cada dez que solicitam porte de armas, um consegue. (…) Eu sempre pergunto a motivação”, pontua.

Para Márcia, “é importante valorizar a profissão da gente, a psicologia em si, e dar um feedback para eles. A partir do momento em que tu dás esse feedback, tu dás o resultado do teste para ele, ele sai de lá com outra visão: “Nossa! Consegue ver tudo isso? Nunca ninguém me deu isso”, eles já vêm com essa bagagem, porque eles renovam o porte, renovam a posse. Então eu sempre procuro fazer isso para valorizar a profissão”, apontou.

Márcia Guimarães Nunes Burns é psicóloga egressa do Ceulp/Ulbra, credenciada pela Polícia Federal para fazer avaliação para porte e posse de armas. Trabalhou como psicóloga no CRAS (Rio Sono – TO), CREAS (Lajeado – TO), Hospital Dona Regina e Hospital Infantil. Desde 2009 atua com avaliações psicológicas para empresas terceirizadas e avaliações individuais.

Essa edição do CAOS, inteiramente de forma remota, tem como tema “Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque”. A programação conta com palestras, mesas redondas, minicursos e sessões técnicas. Nessa edição, estar inscrito no evento é fundamental para receber certificação. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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Mesa Redonda do CAOS 2020 discute os diversos contextos da Avaliação Psicológica

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O CAOS 2020 tem como tema Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque. O evento iniciou no dia 3 de novembro e vai até o dia 7 do mesmo mês.

No dia 3 de novembro, das 19h às 21h, durante a realização do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS 2020), a psicóloga e professora do curso de psicologia Ruth Cabral (CRP 23/1690) mediou a mesa redonda intitulada Contextos da Avaliação Psicológica, transmitida ao vivo no YouTube pelo canal do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA e composta pela psicóloga Amanda Carolina (CRP 09/9748), especialista em Análise do Comportamento aplicada à educação; por Larissa Machado (CRP 09/10542), especialista em Neuropsicologia, e pelo psicólogo Lucas Dannilo (CRP-21/433), doutor em Avaliação Psicológica.
A mediadora introduziu o momento apresentando brevemente o tema e o currículo dos participantes da mesa. Em seguida, passou a palavra ao psicólogo Lucas Dannilo, que se aprofundou no tema da avaliação psicológica no contexto jurídico. O profissional destacou a diferença da análise feita por meio de avaliação psicológica para fins jurídicos da análise em contexto clínico, destacando o impacto das decisões pautadas pelo processo avaliativo, que reverberam diretamente em contextos como o de adoção, perfil criminal, abandono ou alienação parental, entre outros.

Fonte: Breno Leonardo

O doutor Lucas Dannilo ressaltou também a importância de serem levados em consideração os diversos contextos da vida do analisando, evitando generalizações de resultados de testes. A importância do rigor técnico e científico no processo de avaliação e construção do laudo também foi citada.
Logo após a participação do profissional, foi a vez da psicóloga Ana Carolina debater a respeito das particularidades da avaliação psicológica no contexto do autismo. Citou alguns instrumentos de testagem importantes na área, entre eles, o VB-MAPP, ABLLS-R, AFLS, PEAK e AIM. Dando enfoque à perspectiva da análise do comportamento aplicada à avaliação psicológica em casos de autismo, Amanda Carolina ressaltou a importância da escolha adequada do instrumento, considerando inúmeras variáveis, como o tempo de intervenção, nível de linguagem da criança, familiaridade com o teste, entre outros.
A psicóloga também atentou para o fato de que o profissional atuante na área de avaliação psicológica, em face à análise do comportamento aplicada, deve estar preparado para atuar não somente na clinica, mas também em espaços como domicílio e escola, considerando os diversos contextos de vida da criança atendida.

Fonte: Breno Leonardo

Por último, a mesa redonda foi conduzida pela psicóloga Larissa Machado, que trouxe informações a respeito da área de avaliação neuropsicológica. A profissional sintetizou as principais características da Neuropsicologia enquanto área de atuação, lançando luz à influência das neurociências na teoria e prática desse campo. Falou sobre a abrangência de faixas etárias contempladas pelo serviço, de crianças a idosos, e sobre a diversidade de demandas trabalhadas pela área, como casos de dificuldades de aprendizagem, demências, paralisia cerebral, tumores, parkinson, etc.
Larissa evidenciou os propósitos da avaliação neuropsicológica, apontando para a atuação voltada à avaliação dos construtos psicológicos (linguagem, atenção, memória, raciocínio lógico, entre outros), a partir da perspectiva de diagnóstico destes, bem como o acompanhamento de suas evoluções.

Fonte: Breno Leonardo

O CAOS 2020 tem como tema Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque. O evento iniciou no dia 3 de novembro e vai até o dia 7 do mesmo mês. Contará com palestras, rodas de conversa, minicursos e sessões técnicas. A inscrição é gratuita e deverá ser feita no link http://ulbra-to.br/caos/edicoes/2020#programacao.

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Avaliação Neuropsicológica Infantil

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Diagnóstico, do grego diagnõstikós, quer dizer “discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de” (ARAÚJO, 2007, p. 127). O modo como este conceito vem sendo empregado atualmente, caracteriza-se por uma investigação aprofundada, executada com o intuito de compreender dados fenômenos, mediante um conjunto de processos teóricos, técnicos e metodológicos. Na Psicologia, as práticas de diagnóstico e avaliação psicológica até hoje são parte essencial na construção e estabelecimento da identidade profissional do psicólogo (ARAÚJO, 2007).

A avaliação psicológica é uma prática restrita à psicólogos que exige um planejamento prévio e meticuloso. Esta é definida como um procedimento estruturado de averiguação de fenômenos psicológicos, constituído por métodos, técnicas e instrumentos, com a finalidade de fornecer informações à seleção de uma alternativa, no contexto individual, grupal ou institucional, baseado em demandas, circunstâncias e desígnios específicos (CFP, 2018).

Atualmente, a avaliação psicológica é largamente utilizada em diversos contextos e em cada área de conhecimento, metodologias específicas são exigidas. Dentre os copiosos campos em que sua realização é possível, destaca-se o campo da neuropsicologia.

A neuropsicologia explora, nos âmbitos científico, clínico e aplicado, o arranjo cerebral dos processos cognitivos-comportamentais e suas mutações na existência de lesões ou disfunções cerebrais (ARDILA; ROSSELLI, 2007). As áreas clínica e aplicada abarcam a intervenção neuropsicológica, incluindo os processos de avaliação e reabilitação neuropsicológicas (PAWLOWSKI, 2011).

Fonte: encurtador.com.br/gpJ89

A avaliação neuropsicológica pode ser considerada uma importante ferramenta para o exame das funções cognitivas e executivas e é indicada em qualquer caso onde haja suspeita de uma disfunção cognitiva ou comportamental de fonte neurológica. Seu principal propósito é o diagnóstico, planejamento e encaminhamento de formas mais apropriadas de tratamento e intervenção (PAWLOWSKI, 2011).

Além do aporte teórico sobre a neuropsicologia, Malloy-Diniz et al. (2010) apontam que o conhecimento acerca da psicometria também é necessário em um processo avaliativo, visto que instrumentos e testes padronizados são capazes de – e utilizados para – mensurar as variáveis psicológicas. Todavia, vale ressaltar que o processo de avaliação neuropsicológica não faz uso somente de testes. Este é composto, também, por métodos e técnicas que vão além das testagens e seus resultados, tais como “a aplicação de técnicas de entrevistas, exames quantitativos e qualitativos das funções que compõem a cognição abrangendo processos de atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio” (MALLOY-DINIZ et al., 2010, p. 47)

A compreensão de todo o funcionamento cerebral, o conhecimento a respeito dos transtornos, assim como em relação as etiologias neurológicas e fatores genéticos, emocionais e teratogênicos, são imprescindíveis aos profissionais que atuam neste campo (ARGIMON; LOPES, 2017). Sendo assim, se faz importante que o psicólogo entenda sobre o funcionamento do Sistema Nervoso Central e suas funções, as implicações das alterações nas funções cognitivas e executivas, assim como acerca do funcionamento das áreas corticais e as interações estabelecidas entre tais. Além disso, o profissional deve estar atento às alterações comportamentais, uma vez que podem estar intimamente relacionadas à distúrbios neurológicos.

Outrossim, identificar os aspectos neurobiológicos disfuncionais/alterados nos clientes contribui para um diagnóstico mais preciso e para o traçar de um tratamento mais adequado e eficaz de acordo com a especificidade de cada caso. Através da avaliação neuropsicológica qualificada e do entendimento neurobiológico pode-se estabelecer quais funções, áreas ou sistemas cerebrais podem estar envolvidos e quais hipóteses diagnósticas podem ser feitas.

Fonte: encurtador.com.br/izINT

No presente, a neuropsicologia infantil, a qual tem por finalidade a identificação precoce de perturbações no desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança, passou a ser uma das partes elementares das consultas habituais de saúde infantil. Costa et al. (2004, p. 112) ainda complementam que a contribuição da avaliação neuropsicológica infantil

é extensiva ao processo de ensino-aprendizagem, pois nos permite estabelecer algumas relações entre as funções corticais superiores, como a linguagem, a atenção e a memória, e a aprendizagem simbólica (conceitos, escrita, leitura, etc.). […] Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento intelectual da criança, a neuropsicologia pode instrumentar diferentes profissionais, tais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, promovendo uma intervenção terapêutica mais eficiente.

O conjunto de instrumentos viabiliza uma avaliação global das competências da criança, tal como dos obstáculos encontrados por ela em suas atividades rotineiras. Ainda quanto à avaliação em crianças, cabe salientar, entre alguns pontos, “o fato de o desenvolvimento cerebral ter características próprias a cada faixa etária” (COSTA et al., 2004, p. 112), o que torna a avaliação infantil um processo melindroso e desafiador para os profissionais, pois, frente ao padrão de funcionamento cerebral, é indispensável a estruturação dos atendimentos consoante ao processo maturacional do cérebro da criança, que ainda encontra-se em desenvolvimento (COSTA et al., 2004; MALLOY-DINIZ et al., 2010).

Argimon e Lopes (2017) assinalam que, ao se realizar uma avaliação neuropsicológica infantil, aspectos genéticos, neurobiológicos, familiares, educacionais, socioambientais e de estimulação, são substanciais para uma avaliação e intervenção de qualidade.

Ao se iniciar uma avaliação neuropsicológica infantil, então, é imprescindível buscar na história de vida da criança aspectos que possam auxiliar o processo avaliativo, como por exemplo, a presença de algum comprometimento cerebral. À vista disso, faz-se necessário iniciar-se esse processo através de uma entrevista de anamnese com os pais e/ou responsáveis, a fim de compreender, de forma mais profunda, os motivos impulsionadores da busca pelo atendimento e como se deu o desenvolvimento emocional, motor e cognitivo da criança/adolescente, desde sua concepção até os dias atuais da mesma (CUNHA, 2000).

Fonte: encurtador.com.br/gpTX6

Em concordância com o mencionado anteriormente, a avaliação neuropsicológica infantil não se limita apenas à aplicação de testes. Os momentos lúdicos detém um relevante papel para o estabelecimento do vínculo entre profissional-cliente (CUNHA, 2000), como também para a observação clínica que, segundo Ferreira (2004), viabiliza ao psicólogo a obtenção de dados a respeito dos aspectos desenvolvimentais, identificando os elementos esperados para determinada faixa etária, bem como àqueles que divergem destes, sobretudo acerca de suas funções cognitivas e executivas mediante sua interação e emissão de comportamentos.

Por se tratar de crianças/adolescentes, também é pertinente que o psicólogo conheça aspectos da vida escolar do cliente/paciente, fazendo ao menos uma visita na institucional de ensino em que o mesmo estuda, com intuito de conhecer o espaço em que o cliente estuda e levantar informações importantes sobre a vida escolar que possivelmente estejam relacionadas com a queixa. Se necessário, deve também buscar informações junto à demais profissionais que lidam com a criança.

Em suma, a avaliação neuropsicológica é recomendada em qualquer caso onde haja conjectura de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de razão neurológica e permite o estabelecimento de relações entre funções corticais superiores e a aprendizagem simbólica. Ela pode assistir na identificação e intervenção de diversas disfunções neurológicas, problemas de desenvolvimento infantil, implicações psiquiátricas, alterações de conduta, entre outros (COSTA et al., 2004).

Vale ressaltar que o processo avaliativo não se trata de “rotular” ou “enquadrar” a criança como constituinte de “grupos problemáticos”, e sim de evitar que tais impasses impeçam o desenvolvimento sadio da criança.

Referências:

ARAÚJO, M. F. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: teoria e prática, v. 9, n. 2, p. 126-141, 2007.

ARDILA, A.; ROSSELLI, M. Neuropsicologia Clínica. México: Editorial El Manual Moderno, 2007.

ARGIMON, I. I. L.; LOPES, R. M. F. Avaliação Neuropsicológica Infantil: aspectos históricos, teóricos e técnicos. In: TISSER, L. et al. Avaliação neuropsicológica infantil. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2017. p. 21-47.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolução CFP 009/2018. Brasília, D.F. 2018.

COSTA, D. I. et al. Avaliação neuropsicológica da criança. Jornal de Pediatria, v. 80, n. 2, p. 111-116, 2004.

CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

FERREIRA, V. R. T.; MOUSQUER, D. N. Observação em psicologia clínica. Revista de Psicologia da UNC, v. 2, n. 1, p. 54-61, 2004.

MALLOY-DINIZ et al. Avaliação neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010.

PAWLOWSKI, J. Instrumento de avaliação neuropsicológica breve Neupsilin: evidências de validade de construto e de validade incremental à avaliação neurológica. Tese (Doutorado) – Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2011.

PIRES, A. V.; MANERA, C. Avaliação psicológica. Rio Grande do Sul, 2011.

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Lucifer: o diabo mais querido do momento

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O personagem que nos é apresentado na série, mostra uma visão totalmente nova e diferente do Príncipe do Inferno.

Lucifer é uma série original Netflix que foi lançada em 2016 e atualmente conta com 4 temporadas, tendo a última sido lançada no dia 8 de maio deste ano. A série conta a história do anjo caído Lucifer Morningstar, que após ter sido expulso da Cidade de Prata pelo seu pai (Deus), passa a ser o responsável pelo inferno e se torna o Príncipe desse.

Entretanto, a vida de Diabo no inferno se tornou entediante para ele, o que faz com que o Senhor Morningstar decida tirar férias do seu ofício se mudando para a cidade dos cassinos (Las Vegas). E seria nesse canto da Terra que tudo mudaria!

Fonte: encurtador.com.br/uEOY3

O personagem Lucifer

Lucifer é o Diabo, com isso o discurso comum que se direciona a ele é de uma pessoa malvada, que se diverte com a ruína das pessoas, que sente prazer em praticar atos como roubos, assassinatos, mentiras e trapaças. No entanto, o personagem que nos é apresentado na série, mostra uma visão totalmente nova e diferente do Príncipe do Inferno.

Lucifer não suporta mentiras e trapaças, e se mostra extremamente irritado quando as pessoas dizem “Isso é culpa do Diabo”, uma vez que em vários momentos da série são os humanos que o procuram para obter ajuda na realização de crimes e afins.

Outra face bastante acentuada pela produção do seriado é a relação “Deus e Diabo”, possibilitando ao telespectador a oportunidade de inverter a visão de bom moço e vilão. Essa inversão pode ser percebida quando o protagonista demonstra o quanto desde sempre, seu pai foi quem decidiu seu destino, não respeitando suas vontades e escolhas, e punindo-o quando mesmo diante da sua desaprovação, Lucifer fazia as coisas que queria.

Fonte: encurtador.com.br/bvEJR

Em uma fala bastante profunda Morningstar diz : “Não importa se você é um pecador! Não importa se você é um santo! Ninguém pode vencer, então qual é o objetivo?”, nessa cena ele se mostra extremamente cansado de ter que viver de acordo com o que seu pai deseja, se sentindo frustrado por nunca conseguir atingir as expectativas de Deus.

Além disso, Luci já descreveu as exigências de seu pai como autoritárias e invasivas, se questionando até quando tais interferências vão acontecer. Baumrind (1996) apud Weber et al (2004, p.324) define esse tipo de pai como autoritários, estes (…) modelam, controlam e avaliam o comportamento da criança de acordo com regras de conduta estabelecidas e normalmente absolutas; estimam a obediência como uma virtude e são a favor de medidas punitivas para lidar com aspectos da criança que entram em conflito com o que eles pensam ser certo.

Do mesmo modo, o Diabo ainda tem que lidar com a comparação que é feita por Deus, entre ele e seu irmão Amenadiel. O último é tido como o filho perfeito que é querido e adorado pelo pai, sendo descrito como o exemplo que precisa ser seguido por Lucifer. Essa atitude faz com que Luci sinta-se em constante posição de desprezo e rejeição, o que acaba por piorar a imagem que tem de si mesmo.

Canavarro e Pereira (2007, p. 206) concluíram que “a dimensão rejeição é descrita como os comportamentos dos pais que visam modificar a vontade dos filhos e que são sentidos por estes como uma rejeição de si próprio enquanto indivíduo.” Essa não aceitação por parte do pai move todo o cerne de Lucifer, uma vez que tal conteúdo sempre acaba por surgir nas sessões de terapia com Dr. Linda (Rachel Harris).

Fonte: encurtador.com.br/gDKRW

Chloe: a detetive escolhida

Chloe Decker é a escolhida pelo coração de Lucifer, se tornando a razão suprema para que ele permaneça em L.A e não queira voltar para o inferno. É interessante e muito bonito perceber, o quanto a relação estabelecida entre os dois faz com que Luci consiga ressignificar vários de seus dilemas existenciais.

Morningstar nunca teve dificuldade nenhuma com mulheres, de boa aparência, um charme encantador, muito educado e persuasivo, somado a sua capacidade de saber o desejo de cada mulher, consegue se relacionar com todas que desejar. Entretanto, com Decker, essas características não possuem efeito instantâneo e arrasador como de costume, o que lhe deixa muito intrigado.

Chloe passa a ser a primeira pessoa com quem Lucifer se preocupa em todos os momentos durante as investigações dos casos com a polícia. Além disso, ao seu lado ele se sente vulnerável, pois é só quando ela está presente que ele deixa de ser imortal e passa a ser mortal. No entanto, essa vulnerabilidade lhe faz valorizar ainda mais as atitudes que ele toma em relação a ela, assim como a forma de tratá-la, buscando sempre não magoá-la.

Fonte: encurtador.com.br/vDPRS

Entretanto, essa busca por não magoá-la não significa que ele sempre tenha sucesso nesse objetivo, já que as ações escolhidas por Lucifer as vezes se mostram pouco habilidosas. Isso acontece porque suas decisões muitas vezes estão carregadas de um narcisismo extremo, visto que ele costuma pensar que todos os acontecimentos sempre tem como centro a sua própria figura (FERRARI et al, 2006).

Apesar dos encantos de Lucifer não funcionarem instantaneamente em Chloe não quer dizer que eles não funcionem. Chloe se apaixona por Luci pela sua forma, de ser, pelo companheirismo, pela proteção e pela preocupação e cuidado que ele tem para com ela. Tipos de encantos que só podem ser construídos no fazer diário de uma relação, onde o amor se constrói como uma prática diária e persistente, caracterizada pelo conhecimento, respeito e responsabilidade pelo outro (FROMM, 1966 apud HERNANDEZ, 2003).

A relação de Decker e Morningstar foi construída sem ela soubesse da verdadeira identidade dele, e ao final da terceira temporada ela a descobriu, ao visualizar a face do Diabo. Agora com o lançamento da quarta temporada, o telespectador espera descobrir como Chloe reagirá a essa nova variável, que pode ser um divisor de águas na interação entre eles.

 

REFERÊNCIAS:

CANAVARRO, Maria Cristina; PEREIRA, Ana Isabel. A percepção dos filhos sobre os estilos educativos parentais: A versão portuguesa do EMBU-C. Revista Iberoamericana de Diagnóstico y Evaluación – e Avaliação Psicológica, Portugal, v. 2, n. 24, p.193-210, jan. 2007. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/4596/459645447010.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.

FERRARI, Andrea Gabriela; PICININI, Cesar Augusto; LOPES, Rita Sobreira. O narcisismo no contexto da maternidade: Algumas evidências empíricas. Psico, Rio Grande do Sul, v. 37, n. 3, p.271-278, dez. 2006. Disponível em: <file:///C:/Users/117611510/Downloads/Dialnet-ONarcisismoNoContextoDaMaternidade-5161560.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.

HERNANDEZ, José Augusto Evangelho. Os Componentes do Amor e a Satisfação. Psicologia CiÊncia e ProfissÃo, Canoas, v. 21, n. 3, p.58-69, nov. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n1/v23n1a09.pdf>. Acesso em: 10 maio 2019.

WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj et al. Identificação de Estilos Parentais: O Ponto de Vista dos Pais e dos Filhos. Psicologia: Reflexão e Crítica, Paraná, v. 17, n. 3, p.323-331, out. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v17n3/a05v17n3>. Acesso em: 10 maio 2019.

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Acadêmicos recebem visita de psicólogo egresso do Ceulp/Ulbra

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Ruam Pimentel é mestrando na área de avaliação psicológica

Nessa terça-feira (31) os alunos da disciplina de Métodos e Técnicas de Avaliação Psicológica I receberam a visita do psicólogo egresso do Ceulp/Ulbra Ruam Pimentel. Na ocasião, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o método Rorschach, que consiste em cartões com manchas de tinta para identificar traços de personalidade, muito usado em avaliações psicológicas.

Os acadêmicos da disciplina estudarão durante o semestre diversos testes projetivos de personalidade, e Ruam, que faz sua pesquisa de mestrado com o Rorschach, pôde passar suas experiências. Através da exposição feita pelo psicólogo, os alunos tiveram contato com a história e construção do material do método, discutindo sobre quando usar o teste, os cuidados na aplicação e alguns resultados de casos.

Para a Profa. Me. Muriel Rodrigues, que ministra a disciplina, a visita de Ruam foi importante, pois “foi uma oportunidade para os alunos também perceberem o ‘após a graduação’. A experiência que o Ruam trouxe foi que na graduação ele já se interessava e se dedicou ao método do Rorschach, e que no mestrado colheu frutos dessa dedicação enquanto acadêmico. Discutimos sobre os campos que os alunos podem ter como oportunidades de atuação, e essa troca motiva os alunos a se dedicarem, a descobrirem o que gostam e aprofundar nesse conhecimento.”, aponta.

Ruam Pimentel é mestrando pela Universidade São Francisco, em São Paulo. O psicólogo participa da linha de pesquisa “Avaliação psicológica em contextos da saúde mental”, que produz estudos de construção e validação de instrumentos e procedimentos de avaliação psicológica em psicodiagnóstico e intervenção. Ruam Pimentel tem como orientadora a professora Doutora Anna Elisa Villemor-Amaral (lattes), referência brasileira em Pesquisas com o Rorschach, Pfister e avaliação terapêutica.

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Egresso do Ceulp é selecionado para mestrado em São Paulo

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Ruam Pimental terá como orientadora a professora Doutora Anna Elisa Villemor-Amaral

Fonte: goo.gl/SqsgMu

O psicólogo egresso do Ceulp/Ulbra, Ruam Pimentel, foi selecionado para o mestrado da Universidade São Francisco, em São Paulo. Ruam foi aprovado para a linha de pesquisa “Avaliação psicológica em contextos da saúde mental”, que produz estudos de construção e validação de instrumentos e procedimentos de avaliação psicológica em psicodiagnóstico e intervenção. Os professores Anna Elisa de Villemor-Amaral, Makilim Nunes Baptista e Nelson Hauck Filho integram esta linha.

O Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco tem como área de concentração a avaliação psicológica, com quatro linhas de pesquisa: construção de instrumentos, educacional, saúde mental e trabalho. O foco em Avaliação Psicológica foi inspirado pela necessidade da qualificação de instrumentos e da melhoria na formação profissional. O programa tem nota máxima pela Capes -Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -, que é sete.

Ruam Pimental terá como orientadora a professora Doutora Anna Elisa Villemor-Amaral (lattes), referência brasileira em Pesquisas com o Rorschach, Pfister e avaliação terapêutica. As aulas do programa de pós-graduação iniciarão no dia 05 de março.

De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, a classificação de Ruam e de outros acadêmicos em importantes programas de pós-graduação espalhados pelo país é um indicativo concreto de que o Ceulp vem obtendo sucesso no intento de oferecer um ensino, pesquisa e extensão de qualidade, fato que também se explicita nas avaliações do Enade – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, nos investimentos em laboratório e corpo docente.

Para saber mais sobre o processo, acesse http://www.usf.edu.br/ppg/ (Com informações da FSF)

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Desafios da Prática da Avaliação Psicológica na Clínica – (En)Cena entrevista Keila Barros

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A avaliação psicológica está presente na prática profissional do psicólogo com grande frequência. Em um aspecto amplo tem como objetivo conhecer o outro e as possibilidades de seus comportamentos. Objetivando aprofundar um pouco mais sobre o tema entrevistamos a psicóloga Keila Barros Moreira, CRP: 23/881. Psicóloga clinica e presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP – 23.

(En)Cena – Qual a importância da avaliação psicológica?

Keila Barros – Na Resolução CFP N.º 007/2003 que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos e/ou produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica, define tal método como: “processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica”.

A avaliação psicológica é instrumento importante na práxis do psicólogo, e serve como fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com o objetivo de auxiliar/embasar a atuação do psicólogo nos diferentes campos de atuação, como por exemplo: saúde, educação, jurídica, organizacional, entre outras. É importante enfatizar que se trata de um estudo minucioso, que requer um planejamento cuidadoso e deve está concatenado com a demanda e a finalidade que a avaliação se destina.

(En)Cena – Como se dá o processo inicial da avaliação psicológica?

Keila Barros – O CFP (Conselho Federal de Psicologia) dispõe de resoluções, cartilhas e orientações dispostas no site do Conselho para orientar os psicólogos quanto a esse processo. E os Conselhos Regionais, (no nosso caso o CRP – 23) disponibilizam em seus sites, as resoluções que orientam o psicólogo e estão disponíveis para esclarecerem duvidas dos profissionais sobre qualquer demanda pertinente à sua atuação por e-mail, telefone ou pessoalmente. Além disso, o profissional deve atualizar-se continuamente, para que consiga interpretar os resultados de forma coerente e devidamente embasados.

Assim, havendo dúvidas, temos todas essas fontes seguras para as devidas orientações. Devem ser utilizadas para evitar erros, que além de prejudicar pessoas por vezes para o resto da vida, contribuem para uma desvalorização da profissão.

O processo inicial da avaliação é entender/conhecer a demanda, de forma contextualizada com as questões familiares, sociais, culturais etc. A partir daí, a Resolução 007/2003, aponta os cuidados que devem ser tomados durante a avaliação psicológica, trarei na integra por estar de forma completa e de fácil compreensão e por avaliar que devemos SEMPRE ir a fonte para nos subsidiar. Assim, segundo a Resolução, devemos estar atentos há três princípios fundamentais:

Princípios Técnicos da linguagem escrita: “O documento deve, na linguagem escrita, apresentar uma redação bem estruturada e definida, expressando o que se quer comunicar. Deve ter uma ordenação que possibilite a compreensão por quem o lê (…). O emprego de frases e termos deve ser compatível com as expressões próprias da linguagem profissional, garantindo a precisão da comunicação, evitando a diversidade de significações da linguagem popular, considerando a quem o documento será destinado. A comunicação deve ainda apresentar como qualidades: a clareza, a concisão e a harmonia”. 

Princípios Éticos: “Na elaboração de DOCUMENTO, o psicólogo baseará suas informações na observância dos princípios e dispositivos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. Enfatizamos aqui os cuidados em relação aos deveres do psicólogo nas suas relações com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, às relações com a justiça e ao alcance das informações – identificando riscos e compromissos em relação à utilização das informações presentes nos documentos em sua dimensão de relações de poder. Deve-se realizar uma prestação de serviço responsável pela execução de um trabalho de qualidade cujos princípios éticos sustentam o compromisso social da Psicologia. Dessa forma, a demanda, tal como é formulada, deve ser compreendida como efeito de uma situação de grande complexidade (grifos meus).

Princípios Técnicos: “O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos deste procedimento (as questões de ordem psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. Os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, devem se basear exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito da pessoa ou grupo atendidos (…). Esses instrumentais técnicos devem obedecer às condições mínimas requeridas de qualidade e de uso, devendo ser adequados ao que se propõem a investigar” (grifos meus).

(En)Cena – A avaliação psicológica se aplica a uma área especifica?

Keila Barros – A avaliação psicológica é um processo transversal na atuação do psicólogo, e é importante subsidio em sua práxis, dessa forma pode ser utilizada em todas as áreas de atuação, a depender das demandas a serem trabalhadas.

(En)Cena – De onde costumam vir as demandas para avaliação psicológica?

Keila Barros – As áreas de atuação que mais utilizam a avaliação psicológica são: Jurídica, Organizacional, Neuropsicológica e do Trânsito. Nessas áreas tal processo está explicito na maioria das demandas. Onde o laudo psicológico auxiliará o juiz em suas decisões – Avalia os processos neuropsicológicos, geralmente respondendo a um encaminhamento da escola, de outro profissional da saúde etc. – A avaliação psicológica sugere aptidão ou não do sujeito para um determinado cargo/vaga de emprego – E é processo obrigatório para tornar a pessoa apta ou não para portar a CNH (Carteira nacional de habilitação).

Nos demais campos de atuação: Escolar, Esporte, Clinica, Hospitalar, Psicopedagogia, Psicomotricidade e Psicologia Social a avaliação será utilizada a depender da demanda, geralmente de forma menos frequente que nas áreas citadas anteriormente.

(En)Cena – Sabe-se que a avaliação psicológica integra dois componentes: processo e procedimentos. Como acontece a escolha dos procedimentos de avaliação que serão utilizados com cada cliente?

Keila Barros – O processo de avaliação é o conjunto de ações e/ou procedimentos compilados para atender uma demanda especifica. Como consta na Resolução 002/2003:

Art. 11 – As condições de uso dos instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos e propósitos para os quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis.

Parágrafo Único – A consideração da informação referida no caput deste artigo é parte fundamental do processo de avaliação psicológica, especialmente na escolha do teste mais adequado a cada propósito e será de responsabilidade do psicólogo que utilizar o instrumento (grifos meus).

Ou seja, o psicólogo tem liberdade para o planejamento e realização do processo avaliativo, deve atentar as seguintes questões: qual a quantidade de sessões necessárias? Que questionamentos devem ser feitos? Quais instrumentos mais adequados para a investigação? Para tanto, deve levar em consideração o contexto do avaliado; os objetivos da avaliação psicológica; os construtos psicológicos a serem investigados; a adequação das características dos instrumentos/técnicas aos indivíduos avaliados; condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento de avaliação. O profissional deve por fim, analisar criticamente os resultados obtidos, e construir as conclusões necessárias para responder a questão (ões) ou demanda (s) inicial (CFP 2013).

(En)Cena – Qual o maior desafio da prática da avaliação psicológica?

Keila Barros – Como presidente da COF, tenho acompanhado as orientações e fiscalizações de rotina, assim como as denúncias do CRP – 23. Penso que na nossa realidade o maior desafio da avaliação psicológica, seja a falta de atualização por parte dos profissionais. O que mais ocorre, são erros por falta de conhecimento do próprio Código de Ética, dos testes e demais resoluções que norteiam a atuação.

Não tem como atuar em uma área, por exemplo, no transito, sem saber de forma profunda o necessário para tal práxis, sem conhecer as resoluções não só do CFP, mas também do CONTRAN – (Conselho Nacional de Trânsito), sem entender as especificidades do Estado e cidade, sem conhecer o fluxo oficial para retirada da CNH.

É a partir desse conhecimento que o profissional atuará cuidando dos princípios éticos e técnicos necessários para construção de uma avaliação de qualidade, respaldada em pressupostos teóricos e concatenada com as especificidades da demanda em questão. A avaliação psicológica é um processo amplo e complexo, que envolve a junção de informações provenientes de diversas fontes, tais como: testes, entrevistas, observações, análise documental. Para integração das informações e construção das hipóteses conclusivas o profissional deve também ter o domínio de tais métodos.

Dessa forma, o conhecimento é a chave para uma atuação consciente, onde o psicólogo colabore de forma ética e responsável com o bem estar das pessoas, com o fortalecimento da profissão e desenvolvimento social.

Bibliografia utilizada:

  • Código de ética profissional do Psicólogo. CFP, 2014.
  • Resolução N.º 007/2003 Institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos e/ou produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica. CFP, 2003;
  • Resolução N.º 002/2003 Define e regulamenta o uso, a elaboração e comercialização dos testes psicológicos. CFP, 2203;
  • Resolução N.º 003/2007 Institui a consolidação das Resoluções do Conselho Federal de Psicologia, CFP, 2003;
  • Cartilha avaliação psicológica, CFP, 2013;
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