O que a série Caverna do Dragão nos revela

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Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons) foi uma série de animação produzida pela Marvel ProductionsTSR e Toei Animation, que tinha como inspiração o jogo de RPG de mesa. Foi exibido nos Estados Unidos entre 1983 e 1985, possuindo 27 episódios, divididos em três temporadas. Sendo somente em 1986 exibido no Brasil, inicialmente nas manhãs de sábado.

Como não se recordar, da grande aventura vivenciada por um grupo de amigos que ficaram presos em um mundo medieval de fantasia, passando a enfrentar diversas aventuras em forma de batalhas, que seriam teoricamente partes de um percurso que deveria ser atravessado para então retornarem ao seu mundo de origem, suas casas.

De imediato conseguimos acessar uma memória afetiva quando nos lembramos das manhãs em que essa série era exibida, no formato de animação em desenho. Sem dúvida, prendia nossa atenção para mais uma aventura desse grupo de amigos que, por muitas vezes chegava tão perto de retornar às suas casas e, por alguma situação permaneciam presos naquele mundo de fantasia. Conseguia deixar em alguns momentos um traço de frustração nos seus telespectadores, ao mesmo tempo que causava motivação para se continuar a assistir o próximo episódio, um misto de sensações que acompanhava as manhãs, tanto do público infantil como também de jovens e adultos.

Fonte: encurtador.com.br/pGKPT

A série trouxe para o seu público a oportunidade de refletir sobre o inesperado, o mistério que envolvia os personagens e os seus comportamentos, o lúdico que se manifestava no formato de super poderes e a busca pelo retorno ao lar. Algo que podemos trazer para o nosso cotidiano, quando de fato as telas nos fazem ampliar o olhar que chega através de uma simples animação.

Com certeza, a frustração do telespectador ao ver que o grupo sempre chegava tão próximo e algo os afastava do seu destino, nos faz compreender o quanto lidar com o inesperado é algo que está predisposto naturalmente em nossas vidas, mas ainda assim pode se constituir em algo desafiador. O mistério em torno dos seus personagens, que necessitava ser decodificado para a compreensão, e ainda como cada um se comportava frente aos obstáculos, com certeza pode ser comumente observado no campo das relações. E ainda os super poderes, que podem ser vistos, como talentos ou habilidades presentes em várias pessoas, como também a busca por estar em lugares ou situações que ofereçam proteção e conforto, podem ser aspectos que a série trouxe para que o seu público se sentisse atraído pelo enredo e ao mesmo tempo contemplado nas diversas situações em que por vezes, o mesmo se aproximava tanto da realidade dos fãs que acompanhavam o desenho.

Então não era uma simples série de animação, mas sim momentos que envolvia entretenimento e reflexões. Sua audiência e as repercussões, indicavam a grandiosidade do impacto causado quando a mesma deixou de ser exibida, ocasionando em vários comentários vindos do público em geral, que clamavam para que fosse dado um final a série acompanhada com apreço por tantos anos, pelos seus fãs. A sensação descrita por muitas pessoas foi de que algo faltava para um encaixe de toda uma trajetória vivida pelos personagens, mas principalmente por todos os momentos em que seu público se voltava para as várias possibilidades de imersão que provocava cada capítulo exibido.

Fonte: encurtador.com.br/arIJ3

Foi assim, que no ano passado, após 35 anos do final de sua conclusão, curiosamente o um grupo de pessoas fieis à série, que atravessa a infância de muitos adultos na atualidade, se reuniram para promover o final que já estava escrito pelo seu autor Michael Reaves, mas que não pôde ser exibido na época, por questões financeiras. Sem dúvida um grande presente a todos que acompanhavam esse desenho e que também sentiam a falta de um final que fosse a culminância dessa caminhada desses personagens que promoveram tantas reflexões e ensinamentos.

Nomeado como “Requiem” ou “capítulo perdido”, o final tão esperado, seria a grande oportunidade de oferecer aos fãs da série um desfecho para uma aventura tão envolvente, e ainda assim promover as últimas valiosas reflexões que o desenho se propunha desde o início. A versão escrita pelo o autor foi reproduzida pelo grupo de fãs, o mais próximo possível, respeitando a ideia do roteiro original elaborado.

No último capítulo, permanece a constante luta entre o bem e o mal presente na série e ainda, a importância de um olhar para as habilidades, que estão por trás de cada super poder de seus personagens, do quanto as relações de amizade podem trazer fortalecimento para se buscar algo desejado, e por fim, da necessidade de se ouvir além das palavras, mas também por diversas outras ações que demonstrem uma realidade.

Para alcançarem o objetivo de voltar para o seu mundo, o grupo de amigos no último capítulo precisaram de unir, sendo os laços de amizade decisivos na decisão de fazer o que deveria ser feito, a representação do mundo da fantasia como uma clausura em que todos estavam envolvidos e só poderiam se libertar, por meio da união, no oferece uma bagagem de reflexões sobre, como os super poderes são mais fortes quando agem em conjunto, e por fim, como as aparências podem nos enganar, quando julgamos e não aprofundamos, de forma a nos distanciar daquilo que reflete como o real, algo que merece ser visto com atenção, para assim ser integrado e até mesmo modificado em nós mesmos.

FICHA TÉCNICA

Formato: Série de desenho animado
Gênero: fantasia/aventura
Criador: Kevin Paul Coates, Mark Evanier, Dennis Marks
País de Origem: Estados Unidos
Temporadas: 3
Episódios: 27
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Steven Universo – uma contribuição midiática para a diversidade

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Steven Universo (ou Steven Universe, nos Estados Unidos) é uma série animada norte americana produzida por Rebecca Sugar para o canal televisivo por assinatura Cartoon Network. A série teve seu início em 4 de novembro de 2013 e teve sua conclusão em 27 de março de 2020.

O desenho animado retrata a história de um garoto de 13 anos (no início da série, porém que aparenta ter bem menos) que sai pelo mundo ajudando suas fortes amigas, e também cuidadoras, em várias aventuras. Steven não é humano, ao menos não totalmente, pois embora seu pai Greg seja humano, sua mãe, Rose Quartz, veio de uma raça alienígena muito distante chamada “Gems”, que são pedras capazes de fazer seu próprio corpo através de luz e que não envelhecem.

Ametista, Garnet e Pérola

Infelizmente, sua mãe precisou dar a própria vida para que Steven fosse capaz de nascer, o deixando aos cuidados de Greg, Pérola, Ametista e Garnet, amigas de Rose, que também são Gems.

Steven Universo aborda diversas temáticas como relacionamentos, amizades, família, amadurecimento, preservação do meio ambiente, resolução de problemas, diversidade, temáticas LGBT, emoções e configurações familiares, tudo isso de forma sutil e gradativa ao decorrer de toda a série.

A série é contemporânea, aborda temáticas atuais, como as citadas anteriormente, e também mostra personagens femininas como protagonistas muito fortes, levando em conta que além de Steven e seu pai, todas as personagens principais da animação são mulheres.

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Além disso, Steven faz parte de uma configuração familiar não-comum, pois Garnet, Ametista e Pérola são suas cuidadoras, e figuras maternas; quebrando a configuração de uma família nuclear, como citado em um de seus episódios.

O que os adultos tem a aprender com Steven Universe? |

Durante toda sua trajetória, Steven encontra diversos problemas, muitos dele os quais ele não consegue resolver inicialmente. Ele conta com ajuda, gradativamente amadurece e vai se tornando um personagem cada vez mais bem desenvolvido. Não só ele, mas as outras personagens também. O desenho aborda dificuldades típicas e outras mais complexas que crianças podem passar, desde se preocupar com animais ou até mesmo a preocupação de fazer novas amizades. A série também aborda a diversidade contemporânea em seus outros personagens, como a mãe de Connie (amiga e paixão de Steven), que é uma médica bem-sucedida e negra.

Ao longo dos episódios, a série retoma e aborda outros assuntos que não são muito falados, ou ainda considerados tabus, de forma bem delicada e bem desenvolvida, como: o relacionamento e casamento de pessoas do mesmo sexo, em que duas personagens femininas formam um casal que se ama e é capaz de se fundir através da magia para estarem sempre juntas.

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Personagens femininas resolvendo seus próprios problemas e sendo heroínas que não dependem de outro homem para isso;

E problemas psicológicos como trauma, ansiedade e baixa autoestima, que afeta tanto adultos quanto jovens e crianças.

Aos poucos, esses e muitos outros assuntos são abordados gradativamente de forma sutil e delicada para o espectador, cheio de fantasias, com um enfoque na naturalidade e capacidade de melhora que os personagens possuem para aceitar ou resolver esses problemas.

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FICHA TÉCNICA

Título Original: Steven Universe
Direção: Rebecca Sugar, Ian Jones-Quartey, Kat Morris, Joe Johnston, Kevin Dart, Elle Michalka, Jasmin Lai, Ricky Cometa, Liz Artinian
Duração: 11 minutos por episódio (5 Temporadas + epílogo)
Classificação: 10 anos
Ano: 2013 – 2020
Gênero: Ação, Animação, Aventura, Comédia, Drama, Fantasia, Ficção científica, Musical, Suspense, Mistério
País: Estados Unidos da América
Onde assistir: Netflix, Cartoon Network

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Acadêmicos tem capacitação a partir do Trilhas Psi 2018

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Todas as disciplinas do curso de Psicologia do ceulp/ulbra serão envolvidas na ação

Em virtude da multiplicidade de conteúdos abordados no curso de Psicologia e da necessidade de retomá-los constantemente para o aprimoramento da prática profissional, o colegiado do curso – sob a coordenação das professoras Dra. Irenides Teixeira e Me. Cristina Filipakis – resolveu oportunizar aos acadêmicos contextos para (re)pensarem os temas vivenciados nas disciplinas ao longo da graduação. Surge então o Trilhas Psi 2018, evento que ocorre de 05 a 10 de novembro e que pretende incentivar a autonomia dos acadêmicos, revisar conteúdos, bem como auxiliar na tomada de decisão com relação à carreira profissional. Tudo isso a partir de um grande movimento que o curso irá fazer tendo em vista a capacitação dos psicólogos em formação.

Programação referente ao dia 05 de novembro

Trata-se de projeto que visa proporcionar aprendizagem em relação aos conteúdos da graduação em Psicologia a partir de metodologias alternativas. Os professores de cada disciplina organizarão aulas que contextualizem os conteúdos abordados ao longo do semestre, utilizando-se de recursos metodológicos variados. Será oferecido aos acadêmicos a oportunidade de escolher quais trilhas de aprendizagem irão seguir, de modo que eles tanto poderão permanecer nas disciplinas nas quais estão matriculados quanto poderão se direcionar às demais. A carga horária total é de 12 a 30 horas, a depender de quantas oficinas o acadêmico participar.

De acordo com a coordenadora Profa. Dra. Irenides Teixeira, ‘além de oportunizar aos acadêmicos uma imersão nos conteúdos abordados no curso de Psicologia, o Trilhas Psi pretende se consolidar com um evento fixo para o segundo semestre letivo, bem como propiciar aos acadêmicos de início de curso uma visão dos conteúdos ofertados, e aos acadêmicos de final de curso auxiliar na tomada de decisão em relação à carreira profissional’.

Para participar, os acadêmicos devem se inscrever nas intervenções cadastradas – em torno de 40 -, de acordo com os dias e horários em que estão cadastrados. Eventuais dúvidas podem ser dirimidas diretamente com os professores, ou na coordenação do curso – prédio 2 do Ceulp/Ulbra.

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Ilha dos Cachorros: o nazifascismo através do stop motion

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Concorre com 2 indicações ao OSCAR:

Melhor Animação, Melhor Trilha Sonora

Wes Anderson metaforiza os cães com humanos e a Ilha do Lixo com os campos de concentração dos regimes ditatoriais nazifascistas

Ilha dos Cachorros (2018), dirigido por Wes Anderson, é uma animação stop motion que conta com uma produção que harmoniza o futurismo com recordações de guerra em uma grande e bela homenagem ao Japão. O enredo apresenta uma estória tocante protagonizada por Atari, um garoto japonês de 12 anos de idade, sobrinho órfão do prefeito, que reside em Megasaki, no Japão.

A cidade fictícia é governada por Kobayashi, um prefeito corrupto que aprova uma lei que bane todos os cachorros da cidade e os manda para a Ilha do Lixo, por espalharem uma suposta febre canina que assola cães de raça e vira-latas. Atari não aceita a separação de Spots, seu animal de estimação, rouba um pequeno jato e vai para a Ilha. Lá encontra um grupo de cães que o ajudam na busca de seu fiel amigo.

Fonte: encurtador.com.br/loAF4

Wes Anderson metaforiza os cães com humanos e a Ilha do Lixo com os campos de concentração dos regimes ditatoriais nazifascistas, tema que deve ser retratado para nunca nos esquecermos de que a democracia, governo do povo, pelo povo e para o povo, como dizia o ex-presidente estadunidense Abraham Lincoln, é o caminho para a paz.

O filme representa estas ideologias extremistas através do autoritário governante de Megasaki, que faz uso intenso do marketing para convencer que os cachorros são perigosos, prejudiciais aos humanos e precisam ser excluídos da civilização, como, por exemplo, nos governos de Hitler e Stalin, que possuíam um ministério voltado exclusivamente à propaganda. Estes liderantes totalitários enfeitam as verdades e ocultam as mentiras para se promoverem e penetrarem na cabeça da população. Os governos autoritários possuem táticas repressivas contra opositores e proibição de atividades anti-regime, conforme ocorre na animação: embora a ciência provasse que havia cura para a suposta epidemia e que não havia nenhuma ameaça, o prefeito Kobayashi “plantou’’ essa ideia na cabeça de grande parte da população por intermédio do discurso de ódio, usufruindo da lavagem cerebral em massa para alcançar seu objetivo de exterminar os cães de Megasaki e assim conquistar a mente de inocentes. Logo, a execução do professor Watanabe, cientista que descobriu a cura para a febre canina demonstra a eliminação da oposição presente no autoritarismo.

Fonte: encurtador.com.br/fmQZ4

A personificação dos cães causa cenas humorísticas que não produziriam os mesmos efeitos se fosse feita com humanos, de fato, em um campo de concentração. A expressão dos animais é bastante acentuada, utilizando closes e uma produção impecável que os concede personalidades e subjetividade que permite um aprofundamento na relação de Atari com Chief, um vira-lata que vivia na rua que apresenta, no início, certa resistência ao humano. No decorrer do filme, a convivência entre os dois aumenta, gerando um afeto que é demonstrado em pequenos atos como quando o garoto dá metade do biscoitinho que iria dar para Spots, seu cão, quando o encontrasse.

O convívio com animais é uma ferramenta de aprendizado e aperfeiçoamento das relações emocionais, podendo ter consequências bastante positivas e reforçadoras e podendo até mesmo preencher vazios existenciais, não apenas físicos, mas funcionais, àqueles que vivenciam alguma fragilidade no suporte social em seu cotidiano ou a sua ineficiência em suprir suas demandas afetivas. Eles nos trazem uma realidade tangível no que diz respeito a lealdade e companheirismo incondicional, porém, mesmo assumindo os mais variados papéis, não consegue suprir, por completo a ausência de outro humano.

Fonte: encurtador.com.br/wxN04

Um ponto que se sobressai na trama é a criação de uma figura feminina de atitude: a aluna de intercâmbio Tracy, que, com ajuda dos colegas, lidera a campanha pró-libertação dos cachorros que estão exilados na Ilha do Lixo, mesmo que sem o conhecimento de que o prefeito Kobayashi pretendia exterminá-los. Nesse viés, é notável a preocupação de Wes Anderson em introduzir o feminismo, assunto histórico, porém atual e que vem sendo retratado com cada vez mais frequência nos últimos anos, uma vez que vem garantindo cada vez mais o espaço da mulher na sociedade . Na animação não poderia ser diferente: o delírio de Wes Anderson nunca sai da realidade, abordando temas atuais e de peso que precisam de tal reconhecimento.

Ilha dos Cachorros é um filme adorável, capaz de emocionar com os personagens e criticar politicamente os governos ditatoriais de forma bem humorada e divertida. Pode ser visto como uma metáfora contra a sociedade autoritária que é capaz de eleger uma minoria e fazer de tudo para alcançar seus objetivos através da repressão e violência. É uma experiência única que abre feridas que doem até os dias atuais através do stop motion e da cultura japonesa.

FICHA TÉCNICA:

ILHA DOS CACHORROS

Título original: Isle Of Dogs
Direção: Wes Anderson
Elenco: Bryan Cranston, Liev Schreiber, Edward Norton
Ano: 2018
Países
:
Alemanha, EUA
Gênero: Animação, Aventura

REFERÊNCIAS:

GRIFFIN, James A.; MCCARDLE, ‎ Peggy. Os Animais em Nossa Vida. Família, Comunidade e Ambientes Terapêuticos. São Paulo: Papirus, 2013.

LINCOLN, Abraham. Discursos de Lincoln. São Paulo: Penguin Companhia, 2013.

TIBURI, Márcia. Feminismo em comum: para todas, todas e todos. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 2018.

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O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei

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E aqui no terceiro filme chegamos ao desfecho da história.

Vimos em As Duas Torres que um reino havia sido ignorado, o reino de Mordor, cujo rei é Sauron o Senhor do escuro.

Sobre Sauron é importante acrescentarmos uma nova interpretação para enriquecer nossa compreensão sobre o filme.

Nos contos de fadas europeus a figura do Mago representa o aspecto do sombrio da imagem de Deus que não foi reconhecido pela consciência coletiva (Von Franz, 1985).

Infelizmente a sociedade ocidental tem uma imagem do divino extremamente equivocada. Temos Deus como summum bonum (ele é só o Bem), o que exclui, a priori, o Maligno (Jung, 1979). E isso reflete diretamente em nossa própria percepção acerca de nós mesmos. Vemos-nos como seres melhores do que realmente somos. Nossas sombras são projetadas no outro, assim como o lado sombrio da divindade cristã foi projetada no diabo.

Além disso, no filme As Duas Torres tivemos uma modificação significativa em Gandalf. Ele passou de mago cinzento a mago branco. Esse embranquecer simboliza a estado da alquimia denominado albedo. O albedo é uma purificação, um renascimento. Ou seja, além de representar o aspecto benéfico da divindade, o Mago Gandalf agora representa uma nova ordem renascida na consciência coletiva.

E a ação continua.

Frodo, Sam seguem rumo a Mordor para a destruição do anel, sendo guiados por Gollum.

O herói Frodo antes que consiga destruir o anel de poder terá que enfrentar seu aspecto sombrio, representado pelo Hobbit Sméagol que se transformou em Gollum e nessa luta com sua sombra, ele perde um dedo.

Isso significa um enorme sacrifício. Aqui o herói teve de aceitar o sofrimento concreto e pagou com sua própria carne pelo desenvolvimento de sua personalidade e da psique coletiva. Frodo sacrifica as projeções do ego e o desejo de poder e de segregação que qualifica uma consciência centrada no ego.

Gandalf, Aragorn, Legolas e Gimli acompanhados do rei de Rohan e sua comitiva, chegam em Isengard onde se encontram com Merry e Pippin.

Após isso o grupo de divide: Gandalf parte com o hobbit Pippin para Minas Tirith, onde não consegue convencer o regente Denethor a acender os faróis e pedir socorro aos aliados.

Denethor é o regente de Gondor, reino esse que deve ser assumido por Aragorn, o regente legitimo. Mas Denethor está gravemente doente. Ele está completamente insano a ponto de querer queimar a si próprio e o filho Faramir vivos.

Nos contos de fadas geralmente o rei se encontra doente ou velo demais e deve ser substituído. Aragorn agora deve aceitar quem ele realmente é, o rei que trará a renovação à consciência coletiva. O rei que unificará os povos e fará com que todos lutem sob sua bandeira e que trará de volta o elemento faltante e desprezado: o feminino.

Se no filme anterior ele viveu um impasse entre duas mulheres, aqui ele se decide pelo seu verdadeiro amor, a elfa Arween.

Ele se decide por ela quando recebe a visita de Elrond, o pai de Arween, que lhe entrega a espada de Isildur reforjada e lhe diz que sua filha retornou a Valfenda, após uma visão onde ela vislumbra seu filho com Aragon, mas que ela está morrendo, pois seu destino agora se encontra ligado ao do Anel.

Ao aceitar a espada, Aragorn aceita seu destino de rei.

A criança que Arween vê simboliza representa as promessas de renovação, uma vez que a consciência coletiva está doente.

O fato de Arween estar morrendo representa justamente a desvalorização do feminino vista no texto anterior. Se o Anel e Sauron não forem destruídos ela e a própria natureza irão sucumbir, uma vez que Sauron destrói as florestas sem piedade.

O princípio do Eros, da fertilidade e da sensualidade desaparecerão da consciência coletiva. E é nesse instante que Aragorn assume o compromisso de defender o reino para auxiliar a sua amada a não sucumbir. Aragorn, Legolas e Gimli partem para as minas Tirith. E Aragorn deve convencer o exército de mortos a lutar por ele. Os três então partem para a Senda dos Mortos.

Aragorn entra em uma caverna para se encontrar com os mortos, remetendo a uma descida ao Hades. Isso psicologicamente significa que ele deve se acertar e honrar os espíritos ancestrais. Os orientais são hábeis conhecedores dessa arte de reverenciar os ancestrais. Infelizmente nós ocidentais perdemos esse hábito.

Quando os Cavaleiros de Rohan partem para auxiliar Gondor na guerra, Merry e Éowyn, disfarçados, se juntam as tropas.

Éowyn que foi preterida por Aragorn agora luta e derrota o Rei Bruxo de Angmar e se torna a Rainha de Rohan, simbolizando a ascensão novamente do feminino.

E por fim O Anel é destruído. Frodo e Sam são resgatados pelas Águias de Gandalf. Aragorn é coroado rei de Gondor e se casa com Arween.

Agora a consciência foi renovada e o reino dos homens se firma.

O fato de Sauron ter morrido significa que quando um complexo morre nos contos, ou em sonhos, a energia (libido) que antes o avivava será investida em outro aspecto psíquico.

Os Hobbits retornam a sua terra. Tempos depois, Frodo se dirige aos Portos Cinzentos e junto de Bilbo, Gandalf, Elrond e Galadriel parte da Terra-Média para sempre. A missão deles foi cumprida!

E assim se finda a saga do Senhor dos Anéis.

FICHA TÉCNICA

O SENHOR DOS ANÉIS – O RETORNO DO REI

Título Original: The Lord of the Rings: The Return of the King
Direção: Peter Jackson
Música composta por: Howard Shore
Canção original: Into the West
Ano: 2003

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Oz – Mágico e Poderoso

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Oz: Mágico e Poderoso é prelúdio do livro do escritor americano L. Frank Baum, publicado em 1900 e que foi adaptado para o cinema em 2013. O filme começa com um circo itinerante onde trabalha o fracassado mágico Oscar “Oz” Diggs.

Oscar é um sujeito arrogante, com mania de grandiosidade. Vive flertando com as mulheres sem estabelecer laço com nenhuma delas – nem mesmo com a mulher que ele gosta – e trata seu fiel assistente com desdém.

Pode-se observar nas atitudes de Oscar traços de um intuitivo. Como o fato de viver no mundo das possibilidades e de não se comprometer com a realidade. Oscar vive com seu pensamento no futuro (intuitivo) e pouco valoriza os relacionamentos. Mostrando que a função sentimento também é pouco trabalhada em sua personalidade.

As atitudes de Oscar criam vários problemas para ele. E um dia quando arranja confusão com um grandalhão, que o persegue por ter flertado com sua mulher, foge em um balão de ar quente. Porém é sugado por um tornado que o leva para a mágica terra de Oz.

Se analisarmos o filme de forma literal podemos dizer que o mágico morreu e foi para o mundo dos mortos. Entretanto, o filme é uma fantasia por isso tomo a liberdade de analisá-lo de forma simbólica. Além disso, a análise dos personagens será feita em relação ao mágico, uma vez que ele é o herói da saga.

O tornado é uma força da natureza que simboliza que Oscar foi alçado aos céus em uma inflação destrutiva.

O mundo de Oz pode ser considerado como símbolo do inconsciente coletivo e seus arquétipos. O ego do mágico foi derrotado, ele perdeu o controle naquele balão e agora terá que lidar com algo desconhecido e trabalhar aspectos de sua personalidade antes ignorado.

Nesse novo mundo ele conhece a bela e ingênua bruxa Theodora, que acredita que ele é o mágico da profecia que irá destruir a bruxa má que matou o rei de Oz. Seguindo em direção a cidade das Esmeraldas, Theodora se apaixona por Oscar, mas sem ser correspondida (o que trará sérias conseqüências para o herói).

No caminho eles encontram o macaco voador Finley, que promete uma dívida de vida a Oscar quando ele o salva de um leão.

O macaco como animal simboliza os instintos. Nas sociedades orientais simboliza a agilidade, a inteligência e o desprendimento. Vide que na Mitologia Hindu há um deus com cabeça de macaco Hanumam, que simboliza a devoção, a dedicação e a força.

Já na sociedade ocidental o macaco é visto de forma negativa sendo considerado símbolo do homem degradado pelos vícios da malícia e da luxúria. Essa discrepância ocorre devido à cristianização que passou a considerar os instintos como algo sujo e demoníaco.

Portanto, vemos no macaco dois aspectos: o da inteligência e o dos instintos. No caso do filme, ele possui asas e uma extrema dedicação ao seu mestre. As asas demonstram que os instintos estão sendo espiritualizados e alcançando um nível mais elevado.

Oscar possui a característica de querer levar vantagem em tudo, com uma boa dose de astucia, o que representa o lado sombrio do macaco. Entretanto, com o macaco Finley ele irá aprender a lição da gratidão e da dedicação a alguém.

Na cidade das Esmeraldas, Oscar conhece irmã de Theodora; Evanora, que lhe diz que a bruxa má, Glinda, reside na floresta negra e pode ser morta, destruindo sua varinha, a fonte de seus poderes. Mas na verdade é Evanora que é a bruxa má e matou o rei, pai de Glinda.

Theodora, Evanora e Glinda formam uma tríade feminina, sendo respectivamente: A Bruxa Malvada do Oeste, A Bruxa Malvada do Leste e A Bruxa Boa do Sul.

Sobre Theodora é importante falar que inicialmente ela é boa, entretanto devido à manipulação de Evanora ela descobre que não é correspondida em seu amor por Oscar. Com isso ela se transforma em uma bruxa má com a pele verde.

Esse aspecto da mulher rejeitada que busca a vingança é um tema conhecido dos contos de fadas e dos mitos. Vemos esse tema na Bela Adormecida, onde a fada rejeitada busca vingança contra a princesa recém nascida. Deusas da mitologia grega como Hera, Afrodite e Artemistambém se vingavam quando eram traídas ou esquecidas em suas reverencias.

Nesse caso, percebemos uma predominância do elemento feminino no mundo de Oz e a ausência do elemento masculino que foi eliminado, mas que será compensado com a chegada de Oscar, o quarto elemento.

Mas antes disso, o mágico tem uma jornada onde deverá se transformar, principalmente em relação à função sentimento e o respeito pela força do feminino.

Oscar e Finley, então são unidos no caminho para a floresta a China Girl, uma pequena boneca de porcelana, cuja aldeia e família foram destruídas por Evanora.

A boneca é um brinquedo tipicamente feminino que geralmente recebe as projeções dos fantasmas da maternidade da menina, onde ela imita em suas brincadeiras sua relação com a mãe.

Mas no filme é o herói que terá que se envolver com essa figura. Nesse caso podemos, de forma criteriosa, dizer que a boneca de porcelana mostra a anima ainda em estado primitivo e frágil de Oscar. Porém, é por meio do relacionamento com ela que o mágico irá desenvolver seu sentimento e o cuidado que não havia nele antes.

A bruxa boa Glinda, então leva o grupo para o seu castelo onde ela confessa que sabe que Oscar não é um verdadeiro mago. Entretanto, a força da profecia pode fazer com que o povo lute ao lado dele, o que o força a superar sua ética duvidosa para convencer o povo de que ele é o herói necessário para libertar Oz.

Dessa forma, ele usa todo o seu conhecimento em ilusionismo para derrotar as duas bruxas.

É importante atentar que ele não mata nenhuma das duas, elas apenas são banidas, mostrando que o aspecto sombrio do feminino é necessário para o desenvolvimento da psique e não deve ser negligenciado. Sua força impulsiona o indivíduo para o processo de individuação, pois é nesse aspecto que o indivíduo é expulso do paraíso materno.

Para finalizar, Oscar após desenvolver uma ética interna e seu sentimento se torna rei, trazendo a renovação ao reino de Oz e o equilíbrio com o feminino por meio de sua união com Glinda.

O filme então nos mostra que cada um de nós tem um destino a cumprir e que ninguém deve seguir o de outro, mesmo com o medo e a insegurança advindo daquilo que nos é designado pelo inconsciente.

 

 

FICHA TÉCNICA

OZ: MÁGICO E PODEROSO

DireçãoSam Raimi
Música composta porDanny Elfman
ContinuaçãoThe Wizard of Oz
RoteiroMitchell Kapner, David Lindsay-Abaire
País de Origem: EUA
Ano: 2014

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O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel: uma jornada simbólica

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O Senhor dos Anéis é uma obra de uma imensa grandiosidade, tanto que para analisar a obra inteira, em sua complexidade, gastaríamos muito tempo e isso cansaria o leitor. Por essa razão esse texto vai focar somente nos aspectos simbólicos do filme. E a ação e jornada em si, a principio, será deixada de lado, sendo material para análise em uma próxima resenha.

O filme A Sociedade do Anel começa nos apresentando três reinos da Terra Média, que estabelecem uma aliança por meio da confecção de anéis de poder. Esses reinos são os dos Elfos, dos Anões e dos Humanos.

Entretanto o mago Sauron, forja um anel que tem o poder de dominar todos os outros lhe dando o domínio de toda Terra Média.

Logo de início podemos observar que a consciência coletiva simbolizada pelo reino dos humanos se encontrava em equilíbrio. Mas apenas com dois aspectos de psique. O primeiro representado pelos anões, que apesar de serem primitivos, são prestativos e se encarregam da mineração, ou seja, são responsáveis por cavar e retirar tesouros do inconsciente. E o segundo o dos Elfos que são seres mais refinados e sábios.

Os Elfos são criaturas de grande beleza que vivemnas florestas, sob a terra, em fontes ou outros lugares naturais. São seres sensíveis, imortais, que possuem poderes mágicos, grande ligação com a natureza e ótimos arqueiros. Eles simbolizam aspectos diferenciados da psique e uma grande sabedoria.

Mas um reino foi deixado de lado. O reino de Mordor, cujo rei é Sauron o Senhor do escuro.

Sauron, então representa o aspecto sombrio rejeitado da psique. Ele é o aspecto sombrio doSelf. Um Mago Negro, que assim como Malévola em A Bela Adormecida, foi esquecido e renegado. E os aspectos sombrios quando reprimidos se voltam com uma força avassaladora contra a consciência, como um vulcão em erupção.

Como junguianos, parece tentadoras sociar os quatro reinos às quatro funções da consciência. Entretanto, esse é um problema mais profundo, arquetípico. As funções da psique são manifestação do aspecto da totalidade, representada pelo número quatro.

Para Jung, os números são manifestações simbólicas. Principalmente o três e o quatro. O número três simboliza a ação criativa, mas é um número incompleto, a completude se alcança no quatro, que para ele simboliza a totalidade (exemplo: as quatro estações do ano, os quatro evangelistas etc.).

O quatro também representa o elemento transgressor, o adversário. Para Jung (1979) a tríade é um esquema ordenador artificial, e não natural. O quatro vem estabelecer uma ordem, fazendo com que o fluxo dinâmico criativo se torne ordenado e estável.

E é sobre a questão da busca da totalidade que trata O Senhor dos Anéis. Na obra inicialmente três reinos em equilíbrio e um desprezado, que deve ser assimilado e compreendido. E essa redenção virá por meio de outro reino esquecido pela consciência, o qual será abordado logo a seguir.

Após a guerra o anel de Sauron vai para com a criatura Gollum com ele fica até ser roubado pelo Hobbit Bilbo Bolseiro.

O anel tem o poder de fazer com quem o possua não morra e não envelheça. Isso significa que a psique não segue seu fluxo, fica estagnada, assim como o pueraeternus que não cresce nem amadurece. Ou seja, a atitude consciente está paralisada e infantilizada, vemos essa atitude infantil na forma como Gollum se refere ao anel, como “meu precioso”. Ele parece uma criança com um novo brinquedo que não dividirá com mais ninguém.

Ele também tem o poder quase absoluto corromper o caráter e deformar a personalidade daquele que o detém, ainda que movido por boas intenções. Quem quer que tente derrotar Sauron utilizando o anel, acabará tornando-se o próximo Senhor do Escuro. Ou seja, corre-se o risco da identificação com os aspectos sombrios do Self, incorrendo em uma inflação do ego.

A figura de Gollum mostra também como a atitude consciente foi dominada e engolida pelo complexo do Self. Houve uma inflação do ego, uma hubris. O ego arrogante passou a se identificar com a imagem da divindade interior. E a hubris é sempre cobrada pelos “deuses”. É como diz Eurípides “Aquele a quem os deuses querem destruir, primeiro deixam-no louco.”.

Entretanto, o simbolismo do anel remete a totalidade, sendo circular forma uma mandala, símbolo do centro ordenador da psique, o Self. E nele estão contidos o bem e o mal. Quando a atitude da consciência se encontra unilateral surge esse centro ordenador para uma reorientação psíquica, mesmo que aparentemente pareça nocivo. Portanto, o filme mostra uma jornada para o restabelecimento do equilíbrio psíquico e para que a consciência reconheça uma força superior e passe a aprender com ela.

Bilbo Bolseiro cansado e compreendendo que deve deixar a vida seguir seu fluxo que o levará a morte, resolve entregar o anel a seu sobrinho Frodo. O Mago Galdalf, então convence-o a partir para destruir o anel. Frodo parte e leva consigo seus amigos Sam, Merry e Pippin para sua aventura.

Éde extrema importância analisar a figura do Hobbit. Os Hobbits são criaturas ingênuas, simplórias e até primitivas. São ligados a natureza, e bastante desastrados. Esquecidos pelos demais reinos,lembram a figura do Bobo dos contos de fadas.

Eles foram os únicos que não receberam anéis, ou seja, os Hobbits também representam uma parte desvalorizada e esquecida da psique. Mas diferentemente de Sauron não são vingativos.

Aqui o Hobbit, enquanto Bobo ou Tolo, pode simbolizar a quarta função, a inferior, que é inadaptada e indiferenciada. Mas conforme Von Fraz (2005) o Tolo não é somente isso, ele é também o herói, e toda a história está centrada nele.

Frodo é o escolhido. Ele será o responsável por salvar a Terra Média do mal e integrar esse aspecto sombrio à consciência. Isso demonstra que somente nosso lado rejeitado e desvalorizado pode nos trazer a ampliação da consciência. Não é o ego e sua prepotência que faz isso.

Conforme Von Franz (2005)

“O herói é, conseqüentemente, o restaurador da situação sadia, consciente. Ele é um ego que restabelece o funcionamento normal e sadio de uma situação, onde todos os egos da tribo ou nação estão desviando-se do padrão básico e instintivo da totalidade. Pode-se dizer, então, que o herói é uma figura arquetípica que representa um modelo de ego funcionando de acordo com o SELF.”

Frodo será o responsável por devolver o Anel ao seu legitimo dono e integrar esse aspecto a psique consciente, reconhecendo-o e lhe dando seu devido valor.

Curiosamente Frodo é o único o qual o poder do anel parece não corromper. Isso porque ele possui um diferencial. A figura do Mago Gandalf.

De acordo com Jung (2008) o Mago representa o aspecto do velho sábio, o mestre superior e protetor, arquétipo do espírito, representando o significado preexistente, oculto na vida caótica. Ele é o professor, o mestre, o psicopompo (guia das almas) na jornada do herói.

Ele sempre aparece quando o herói se encontra em uma situação desesperadora e sem saída, da qual só pode salvá-lo uma reflexão profunda ou uma idéia feliz, isto é, uma função espiritual ou um automatismo endopsiquíco.

Frodo e os amigos partem então, pela Floresta Velha. Adentrando no mundo do inconsciente.

Logo em seguida, eles conhecem um guardião Passolargo, ou Aragorn, que é descendente de Isildur e herdeiro do Trono de Gondor. Ele é o jovem rei, que deve assumir o trono que lhe é direito.

O rei é considerado um símbolo do Self manifesto na consciência coletiva. E esse símbolo, conforme Von Franz (2005) tem necessidade de renovação constante, de compreensão e contato, pois, de outro modo, corre o perigo de se tornar uma fórmula morta — um sistema e uma doutrina esvaziados de seu significado e tornar-se uma fórmula puramente exterior.

Aragorn como herdeiro, representa essa renovação. Uma consciência ampliada que sabe que deve deixar seu lado mais fraco e desvalorizado agir.

Frodo, então chega a Valfenda, reino dos Elfos. Lá ele descobre que o anel não pode ser usado contra Sauron.

Dada a impossibilidade de utilizar o Anel como arma de guerra, é imposta a tarefa de levá-lo até a Montanha da Perdição, um vulcão localizado no centro de Mordor, a Terra Negra do Inimigo, onde o anel fora forjado e também o único lugar onde poderia ser destruído.

Para essa missão, de sucesso improvável, é formada uma Sociedade do Anel, composta por nove companheiros: quatro hobbits (Frodo, Sam, Merry e Pippin), dois humanos (Aragorn e Boromir), um elfo (Legolas), um anão (Gimli) e um mago (Gandalf).

Observem que o número três, incompleto ainda se mantém por meio do seu múltiplo, o número 9. Simbolizando que há uma associação de aspectos distintos da psique que se unem em uma ação criativa para o estabelecimento do equilíbrio.

Entretanto, pode-se notar que dentro dessa sociedade já se estabelece uma totalidade incipiente representada pela quaternidade dos Hobbits (Frodo, Sam, Merry e Pippin).

Mas, ainda falta outro elemento importantíssimo. A Sociedade é composta apenas por figuras masculinas. Não temos um elemento feminino, que apareceu apenas uma vez, representado pela Elfa Arwen. Sem o feminino não há o equilíbrio e ele também deve ser integrado à consciência. Mas esse é um assunto para o próximo texto.

Referencias:

JUNG, C. G. A Interpretação Psicológica do dogma da Trindade. Vozes. Petrópolis: 1979.

____. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008a.

____. Aion – Estudo sobre o simbolismo do si mesmo. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

VON FRANZ, M. L. Mitos de Criação. 2 ed.Paulus. São Paulo: 2011.

____. A interpretação dos contos de fada. 5 ed. Paulus. São Paulo: 2005.


FICHA TÉCNICA DO FILME

O SENHOR DOS ANÉIS: A SOCIEDADE DO ANEL

Título original: The Lordof the Rings: The Fellow ship of the Ring.
Diretor: Peter Jackson.
Tempo de duração: 178 minutos.
Gênero: Ação, Aventura, Drama, Fantasia.
Pais de Origem: EUA.
Ano de produção: 2001.

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As novas faces do poder em “Jogos Vorazes: Em Chamas”

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A narrativa fílmica dá continuidade à história de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence). A garota do distrito 12 que com muita coragem, força e esperança venceu ao lado de Peeta Mellark (Josh Hutcherson) a 74ª edição dos Jogos Vorazes.

Após a vitória dos tributos do distrito 12, a população inicia uma revolta contra o Governo. Inspirados pela atitude desafiadora de Katniss ao fim dos Jogos Vorazes, a esperança e o desejo de mudar de vida reascende no coração dos moradores dos distritos. As pessoas ficam “Em Chamas”. Assim como a Capital, que começa a tomar atitudes cruéis para conter a revolução.

“As fagulhas se acendem, as chamas se espalham e a capital quer vingança”.

Katniss Everdeen, Em Chamas

Se no primeiro filme já podemos notar uma forte presença do espetáculo, neste segundo, a teoria se faz presente o tempo todo. Como vitoriosos dos jogos Katniss e Peeta passam a viver como “modelos”, com comportamentos moldados pela Capital. Para o Presidente Snow (Donald Sutherland), Katniss deve continuar seu falso romance com Peeta. A garota deve convencer que o único motivo de não ter tentado vencer os jogos sozinha foi por estar apaixonada pelo padeiro.

De discursos forjados a um casamento de fachada, Katniss e Peeta fazem de tudo para tentar conter a revolução vivendo uma falsa história de amor.

“O espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela adesão positiva. A realidade objetiva está presente nos dois lados. O alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente”. (Trecho do livro, A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord)

“ – Incline-se um minuto primeiro – ele diz – Preciso te dizer algo.

Eu me inclino e coloco meu ouvido bom nos lábios dele, o que provoca cócegas quando ele sussurra.

– Lembre-se, estamos loucamente apaixonados,
então não tem problema me beijar quando sentir vontade”.

Katniss e Peeta, Em Chamas

Se a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real, até que ponto as atitudes, sentimentos e emoções podem ser fingidos? O verdadeiro passa a ser momento do falso e vice-versa. Os tributos vencedores apropriam-se do espetáculo e passam a realmente viver a farsa, embarcando em um romance que vai surgindo aos poucos.

“Se você morrer, e eu continuar vivo, acaba a vida pra mim no Distrito 12.
Você é toda a minha vida. Eu nunca mais seria feliz”.

Peeta Mellark para Katniss Everdeen, Em Chamas

O clima de romance é destruído quando Snow anuncia uma edição especial dos Jogos Vorazes, o Massacre Quartenário, que acontece a cada 25 anos e obriga dois vitoriosos de cada distrito a participar.

Snow não poupa esforços para derrubar Katniss, a heroína símbolo de esperança para os 12 distritos de Panem. A protagonista do filme deixa cair por terra a ideia de que a mocinha é frágil e quer apenas viver um grande amor.

Katniss parece estar o tempo todo procurando seu lugar no mundo enquanto ele desmorona ao seu redor. Ela não precisa ser salva, ela salva. Além de ter que se preocupar em salvar a própria pele, a protagonista ainda é responsável pela segurança do ‘frágil’ Peeta e de toda a família, além de ser a ‘líder’ de toda uma rebelião contra o governo.

Jogos Vorazes dá a mulher um novo papel, de heroína, forte, batalhadora, que não precisa de um homem para salvá-la. A estória de amor tem papel secundário na série, e deixa espaço para uma estória muito mais interessante, a de uma guerra civil em uma distopia futura. Katniss Everdeen é o tipo de mulher que você ia querer ao seu lado em uma batalha apocalíptica.

“Chorar não é uma opção”

Katniss Everdeen, Em Chamas

O filme conquista e deixa o telespectador vidrado, incríveis cenas de ação provocam diversos sentimentos em quem assiste: entusiasmo, ansiedade, angústia, tudo isso mesclado com esperança, amor, solidariedade, que dominam os corações até dos mais durões.

O longa desperta questionamentos típicos da atual sociedade em que vivemos. Poder, dinheiro, fama é realmente tudo o que precisamos? E se para salvar os que você ama você precisasse deixar de ser quem é e se transformar em um personagem? Até que ponto o real é falso e o falso é real? Será que somos realmente importantes na vida de alguém? E se morrêssemos, sentiriam nossa falta?

São perguntas que podem, ou não, ser resolvidas ao final do filme, que termina de maneira tensa, preparando o terreno para a parte três. O filme vale a reflexão… Você sairá literalmente Em Chamas.

 

“E que a sorte esteja sempre a seu favor”

The Hunger Games

 

Referências:

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/socespetaculo.html

 

FICHA TÉCNICA

JOGOS VORAZES: EM CHAMAS

Título Original: The Hunger Games: Catching Fire
Direção: Francis Lawrence
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Sam Claflin, Jena Malone, Stanley Tucci, Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson
País de Origem: EUA
Gênero: Aventura
Classificação etária: 12 anos
Tempo de Duração: 146 minutos
Ano de Lançamento: 2013

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