Dicas de como fazer mapas mentais e conceituais.

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Construção e  diferenças: mapas mentais e mapas conceituais.

fonte:http://encurtador.com.br/kAT12

 Vamos jogar um jogo ? Leia a palavra abaixo, em negrito e letras maiúsculas, em seguida feche os olhos e mantenha os fechados durante 30 segundos,  enquanto isso  comece  a pensar na palavra.

(BUZAN 2002,p.42)

     FRUTA

Ao ler a palavra e fechar os olhos, na sua mente você visualizou apenas a palavra e seu significado? É claro que não! muito provavelmente o seu cérebro gerou uma imagem da sua fruta preferida, de uma bandeja de frutas ou de um hortifruti e assim por diante. Provavelmente você também tenha visto cores diferentes de frutas, relacionado a sabores e ainda pode ter sentindo gostos e aromas. Isso acontece porque nosso cérebro trabalha com imagens sensoriais e conexões adequadas com as associações. O que se pode constatar com esse exercício, é que seu cérebro cria mapas mentais (Mapas mentais, 2002,p.42)

O surgimento dos mapas mentais, o que são ?

Criados por  Tony Buzan em 1996, a ideia surgiu porque quando criança, ele adorava tomar notas para estudar, mas na adolescência tudo começou a ficar confuso, vendo que apenas as anotações não funcionavam mais. Logo então começou a sublinhar palavras chaves e a destacá-las de vermelho, escrevendo aquilo que realmente era importante. Ao se deparar com a psicologia descobriu que no cérebro acontecem processos de aprendizagem entre eles a associação e imaginação, logo então começou a se concentrar não só apenas na memória, mas na imaginação ao tomar notas.

Mapas mentais são formas de registrar informações, são ferramentas de pensamentos que permitem reflexões sobre o que se passa na mente, organizando os pensamentos usando o máximo da capacidade mental. Ao se observar um mapa mental, vemos uma série de ideias a respeito de um tema central, as quais estão ligadas e compõem um assunto. BUZAN(1996)

Como construir mapas mentais?

O que se tem de comum nos mapas mentais é que todos usam cores, tendo uma estrutura natural que parte do centro, utilizando-se de linhas, símbolos, palavras e imagens. Um conjunto de regras simples,  básicas, naturais e familiares ao cérebro Buzan(2002). Pode ser elaborado sem nenhuma tecnologia embora hoje existam ferramentas que auxiliam nessa construção. Basta um papel, alguns lápis e canetas coloridas, podendo também ser de forma mais simples com apenas um lápis.  A construação de um mapa mental é  simples e intuitiva, como destaca o seu criador.

Existem 7 passos para a construção de um mapa , e algumas justificativas de o poruqê dessas técnicas.

  1. Comece no centro de uma folha de papel branco virada de lado, na diagonal. Ao focar no centro temos a liberdade de expandir em várias direções, e de se expressar de forma mais livre e natural.

  2.  Use a imagem de uma figura como uma ideal central.  Uma imagem o faz manter o foco e estimula a sua imaginação ao associar com outros elementos.

  3. Use cores durante o processo. As cores estimulam o cérebro tanto quanto as imagens. Tornando o pensamento criativo e divertido.

  4. Ligue ramos principais a imagem central unindo ramos secundários e terciários aos primários e secundários. Como sabemos o cérebro trabalha por associação assim lembraremos com mais facilidade

  5. Desenhe ramos curvos, não em linha reta. Linhas retas entediam o cérebro, ramos curvos estimulam muito mais os olhos.

  6. Use uma única palavra chave por linha. Palavras chaves sozinha dão mais força e flexibilidade, cada imagem ou ramo sozinho é como um multiplicador, gerando sua própria espécie de associações e conexões. Empregando palavras individuais, cada uma fica mais livre, desencadeando novas ideias e pensamentos. Frases ou sentenças tendem a refrear esse efeito desencadeador.

  7. Use imagens do início ao fim. Porque cada imagem vale mais do que 1000 palavras. Assim é como se 10 imagens se equivalessem a 10.000 palavras.

 Exemplo de mapa mental:

             

fonte: livro Mapas mentais e sua elaboração ( BUZAN,2002.p.65)

 Podemos adaptar os mapas de acordo com as nossas necessidades e o conteúdo requerido.  Temos a tecnologia a nosso favor, existindo ferramentas onlines  de construção de mapas mentais, e também diversos tipos de produtos, para aqueles que amam papelaria. 

fonte:http://encurtador.com.br/asIR4

MAPAS CONCEITUAIS 

Além do mapa mental também temos o mapa conceitual, de fato algumas pessoas tendem a confundir as diferenças entre os dois, mas quando tomamos conhecimento sobre isso, fica bem claro essa diferenciação. 

 O mapa conceitual foi criado em 1972 por Joseph Novak, surgiu com a necessidade de acompanhar o desenvolvimento cognitivo de crianças no processo de ensino-aprendizagem.Baseando-se na psicologia cognitiva de Ausubel,  a qual nos  ensina que a aprendizagem ocorre por assimilação de novos conceitos.

Os conceitos são escritos dentro de figuras geométricas, como retângulos ou elipses, onde se desenham linhas que se conectam os conceitos aos desdobramentos, como uma hierarquia. Nas linhas se colocam expressões de ligações para poder dar sentido às conexões pensadas. Pode se utilizar de conjunções e verbos. A aparência de um mapa conceitual se assemelha a  uma rede de conexões (ALCÂNTARA, 2020)

fonte:http://encurtador.com.br/qryEG

Diferença entre mapa mental e mapa conceitual.

Ambos são a representação do pensamento que se organizam visivelmente a partir de ideias chaves. Porém um soa mais como uma hierarquia, algo mais rígido e outro como um pensamento mais livre, ambos partem de associações e são excelentes métodos de ensino e aprendizagem. 

DICAS 

Agora que sabemos a diferença, fica fácil colocar em prática, trago aqui alguns sites, aplicativos e ferramentas que podem ajudar. Na dúvida use o bom e velho papel, juntamente com toda a sua criatividade.

SITES

    Miro:encurtador.com.br/npvN9

    Mind: encurtador.com.br/bqQY7 

    Canva: encurtador.com.br/ceAD3

    lucidchart: encurtador.com.br/cfvO8

APPS

 

fonte:https://play.google.com/store

REFERÊNCIAS

ALCANTARA, Elisa Ferreira Silva de. MAPA CONCEITUAL E MAPA MENTAL. Simpósio, [S.l.], n. 8, mar. 2020. ISSN 2317-5974. Disponível em: <http://revista.ugb.edu.br/ojs302/index.php/simposio/article/view/2106>. Acesso em: 10 abr. 2022.

BUZAN, Tony. Mapas mentais e sua elaboração: um sistema  definitivo de pensamento que transformará sua vida. 12. SP Brasil: pensamento cultrix Ltda, 2002.

 Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Secretaria de educação, Curitiba paraná. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=325&evento=3#menu-galeria Acesso em: 10 de abr de 2022

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Olhando retrospectivamente – Técnica criativa para ajudar na regulação das emoções

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Trago hoje aqui o descritivo e a explicação de uma técnica de regulação emocional extraída do livro “Não acredite em tudo o que você sente” de Robert L. Leahy, que têm por principal objetivo proporcionar ao leitor discernimento e direção em relação às emoções, e perceber o panorama mais amplo da vida na hora de lidar com emoções difíceis.

  Todas as técnicas do livro são de uma combinação de abordagem cognitivo-comportamental e terapia do esquema emocional, e ajudam o leitor a explorar suas crenças pessoais sobre as emoções, e determinar se estas crenças são úteis ou prejudiciais para os seus objetivos de vida. 

A Terapia Cognitivo – Comportamental foi desenvolvida por Aaron Beck no início dos anos 60, o qual começou a perceber na sua rotina como psiquiatra que os tratamentos até então vigentes para a depressão não eram tão eficazes. Depois de ver o sucesso do tratamento psicoterápico para os pacientes com depressão, passou a expandir e utilizar técnicas similares para tratar outras doenças como ansiedade e transtornos de personalidade. Resumidamente explicando, a abordagem explora os pensamentos numa visão de que, ao invés de tentar tratar os sintomas desses pacientes, ele deveria tratar o pensamento distorcido. A TCC, como é conhecida, evita ficar revivendo traumas passados e problemas na infância. Ela foca em que o paciente entenda como o seu passado afeta seus pensamentos e atitudes.

Fonte: encurtador.com.br/fqvB8

 

Ela funciona transformando o padrão de pensamentos negativos, em pensamentos mais saudáveis, que resultam em comportamentos positivos, não necessariamente necessitando que uma pessoa descubra porque aquele padrão de pensamento negativo existe. Ao invés disso, ela ensina a reconhecer e entender o processo cognitivo, impedindo que esses pensamentos se formem.

Já a Terapia do Esquema (TE) desenvolvida por Jeffrey Young em 1990, é uma abordagem integrativa, sistemática e estruturada. Seu início foi como uma extensão da Terapia Cognitiva para o tratamento de transtornos de personalidade, mas desde então desenvolveu uma identidade própria, a qual busca atender padrões mal adaptativos complexos de longa duração e dá maior consideração a fatores atuantes na infância.

Fonte: encurtador.com.br/sEGH4

 Uma maior ênfase é dada na utilização de técnicas de imagens, vivenciais e interpessoais. Essas técnicas permitem a abordagem de aspectos emocionais e de mais difícil acesso. Outra distinção é a visão da relação terapêutica como instrumento de mudança, através da utilização de estratégias de reparentalização limitada e de confrontação empática.

      No capítulo 9, onde é utilizada uma destas técnicas, traz a seguinte pergunta: O que é importante para mim? O nome da técnica é Olhando Respectivamente, e traz perguntas profundas e importantes para o leitor refletir sobre a forma como ele está deixando as emoções controlarem suas atitudes, de forma que muitas vezes num panorama mais amplo de vida, certas coisas não são tão importantes, mas quando não há essa reflexão, as pessoas tendem a simplesmente reagir às emoções ou às situações, sem levar em conta o que realmente importa. 

Muitas vezes somos levados pela emoção do momento, e pensamos de forma muito imediatista. Essa técnica traz à tona os valores pelos quais a pessoa gostaria de viver, e se suas atitudes estão sendo condizentes com estes valores.

E se você se deparasse com o seu próprio funeral? O que as pessoas diriam sobre você? E porque isso é importante?

Fonte: encurtador.com.br/tBGIN

 

Além disso, depois de refletida esta parte, o que você pode fazer esta semana que esteja alinhado com estes valores?

Aqui inclusive penso que até caberia levar o leitor a se questionar o que você poderia deixar de fazer que não agrega e não vai em direção a estes valores importantes citados na primeira resposta.

Esta técnica trabalha com aspectos principalmente afetivos (emoções) e suprarracionais (trabalha com a imaginação e intuição, fazendo um relaxamento e o uso da fantasia para imaginar um tempo futuro), e em menor grau com aspectos cognitivos (quando posteriormente a pessoa fizer suas conclusões no final do exercício) e também físicos, pois o participante é orientado a relaxar fisicamente enquanto escuta uma música suave de fundo para melhor aproveitamento da técnica. 

REFERÊNCIAS:

LEAHY, Robert. Não acredite em tudo o que você sente, Artmed, 1ª Ed., 2020.

AARON Beck – Quem é o criador da Terapia Cognitivo Comportamental, IPTC, 2021. Disponível em: < https://iptc.net.br/aaron-beck/ >. Acesso em 23 de out. de 2021.

O que é a Terapia do Esquema, IPTC, 2021. Disponível em: <https://iptc.net.br/o-que-e-a-terapia-do-esquema/>. Acesso em 23 de out. de 2021.

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Crônica: educação criativa pra quem?

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Numa manhã bastante quente e ensolarada na cidade palmense tudo estava de acordo com o esperado. Carros buzinando, pessoas de manhã já bem cedo nas paradas de ônibus e os fatídicos alunos, de todas as idades, gêneros e jeitos se direcionando ou para as universidades ou para a escola. Em um dia comum na rotina de aulas em uma universidade em Palmas Tocantins, no segundo semestre de 2019, um professor pediu aos alunos uma demanda: solucionar um problema de modo criativo. 

Fonte: Google Imagens

Isso aconteceu na metade da aula. No primeiro momento dela foi apresentado o que seria a criatividade, que é usar os recursos necessários em seu contexto para enfim solucionar o problema, mas de modo espontâneo e natural. Além disso, demonstrou que essa faculdade humana era muito necessário para nós, futuros psicólogos, pois haverá contextos fora dali que não irão nos favorecer, o que implicaria em fazermos algum “jogo de cintura” e acionar ou trabalhar a criatividade. 

Contudo, um aluno muito atento à aula e empenhado na demanda, interrogou o professor dizendo:

– Ô fessor, como é que vou fazer isso se já estou sendo pressionado a ser criativo? Não era pra ser algo espontâneo, como a própria criatividade demanda?

O professor ouvindo isso riu junto aos demais da classe, demonstrando coerência com a pergunta do aluno, e disse:

– De fato! Tem razão. Para ser criativo precisaria sim de um contexto no qual você sinta a necessidade de ser criativo e que algo natural flua até achar uma solução. Já que você pontuou muito bem, o que sugere para solucionar este problema?

Fonte: Google Imagens

– Ué, não faço a mínima ideia professor! Hahaha. E em seguida o aluno soltou uma gaiatada, mas foi de nervoso com a demanda inusitada. 

O professor, que já tinha calculado tudo antes, pois esperava que alguém notasse esse detalhe, se direcionou a toda a classe e os interrogou:

– Então, o que acham de nós, neste momento, entrarmos agora na atmosfera da imaginação e criarmos um contexto no qual precisaríamos, como psicólogos, sermos criativos? 

A sala ouvindo cada passo e palavras do professor atentamente continuou em total silêncio, pois estavam esperançosos de receber alguma demanda individual. Contudo, o professor continuou. 

– Bom, trouxe uma caixa de som e vou colocar uma música relaxante. E quero que todos vocês fechem seus olhos. Em seguida, acompanhem com a imaginação de vocês o que vou narrar e depois vocês me respondam. 

Fonte: Google Imagens

Todos obedeceram. Cerraram os olhos firmemente e o professor em seguida colocou uma música instrumental muito tranquila. Assim que iniciou, começou uma narração de um contexto bem pacífico, dizendo:

– Digamos que todos vocês estão em um local aonde há uma equipe multidisciplinar. Há dentistas, médicos, nutricionistas, fisioterapeutas etc. E vocês, psicólogos. Contudo, todos foram abandonados em uma ilha carente com a comunidade local. E só poderiam sair de lá até resolver as demandas daquela comunidade. E então, o que fariam? E por favor, podem abrir os olhos. 

Uma moça que estava na primeira fileira, levantou sua mão. O professor deu a oportunidade a ela para falar. E então disse:

– Bom, eu particularmente não usaria a criatividade no primeiro momento e sim o desespero. Com certeza entraria em pânico, mas uma hora eu iria aceitar e iria ver como sairia dali. 

Em seguida, outra moça levantou sua mão e já disse em disparada:

– Poxa, só fato de não sair de lá te deu desespero? Mas e quando você não conseguir de fato resolver um problema de uma comunidade e mesmo assim voltar pra casa?  Não iria dormir com peso na consciência? Ou não iria duvidar das suas competências? 

Fonte: Google Imagens

A moça que foi questionada rebateu logo em seguida. 

– Nada a ver! E por acaso eu sou Deus? Como que vou resolver as demandas sem o serviço depender só de mim? E a psicologia é ampla, não precisa atuar só nas comunidades. Disse a moça com desdém. 

O professor interrompeu as duas dizendo:

-Bom, obrigado pela participação de ambas, mas primeiro quero pontuar alguns detalhes. A situação de fato é um tanto desesperadora, mas geralmente são nestes contextos que a criatividade surge. Além disso, é importante a gente considerar que a psicologia, mesmo que não atue só em comunidade, preza pelo bem estar integral do ser humano. E em qualquer contexto pode surgir imprevistos nos quais não estamos preparados, sendo em comunidade ou não. Por isso é importante exercitarmos a criatividade pessoal. 

Outro colega, inusitadamente, exclamou:

– Bom, no fritar dos ovos a criatividade só vai rolar mesmo quando você tiver sozinho, sem nenhuma ajuda e tendo que se virar nos 30. Mas valeu a tentativa prof. 

Todos riram, inclusive o professor. De modo geral, a criatividade imposta não acontece de modo espontâneo, mas é importante lembrar que ela pode ser amadurecida, resolvendo o mesmo problema criando várias soluções e saindo da zona de conforto. 

Fonte: Google Imagens
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As crianças e a saudade da escola

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Por conta da quarentena, os professores estão tentando criar aulas online criativas, divertidas e interativas para que as crianças menores sintam menos falta do ambiente escolar e da professora. Vale ressaltar que os menores devem demorar mais para voltar a ter aulas presenciais, porque eles têm dificuldade de manter os hábitos de higiene e principalmente o distanciamento necessário.

Vemos casos de alunos que pedem para as mães ligarem para as professoras ou até mesmo fazer videochamadas para que possam matar as saudades. Muitas crianças pequenas não se adaptaram as aulas online e com isso acabam ficando desanimados e sem vontade de fazer as tarefas. Essa falta de ânimo mostra como a interação do ambiente escolar é importante para as crianças.

Fonte: encurtador.com.br/hrIT8

O colégio é mais que um lugar para aprender as matérias e adquirir conhecimento. Para elas, é um local onde reforçam as relações, exercitam habilidades sociais e desenvolvimento cognitivo e emocional.

A rotina é algo que também aprendemos quando vamos à escola. O pequeno tem que se arrumar, tem o horário de chegar e sabe que aquele período e o ambiente são dedicados para aprender. Em casa, a criança perde esse hábito e acaba tentando chamar a atenção dos pais.

Fonte: encurtador.com.br/bvX16

Para tentar diminuir a falta que eles sentem devemos tentar manter o relacionamento deles com os amigos mesmo que por videochamadas. Outra opção é brincar online com jogos como dama ou dominó, por exemplo, mas sempre com a supervisão de um adulto. As professoras podem tentar contar histórias em tempo real perguntando se eles estão entendendo ou pedindo para que ajudem a continuar a história.

Os pais podem brincar de fantoche, jogos da memória e até mesmo da forca para estimular os pequenos em casa. É importante também que os filhos sejam incentivados a dizerem o que sentem e demonstrarem a saudade que sentem. Assim, aliviam o estresse e mostram os sentimentos para os educadores que também estão tendo que se adaptar ao novo modo de ensiná-los.

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Beija-flor, codinome Cazuza

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Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você está vivo. Essa vida é para se mostrar. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho.” Cazuza

Comparar Cazuza a um beija-flor parece muito sensato quando se conhece o comportamento deste pássaro – e o de Cazuza. E também faz muito sentido quando se sabe que “Codinome beija-flor” foi um dos seus grandes sucessos como cantor e compositor, inspirado nas visitas que recebia de beija-flores na janela do quarto do hospital em que ficou internado. Nascido em 1958, Cazuza (também chamado de Caju por seus amigos) marcou a geração do pop-rock dos anos 80 e suas músicas são ouvidas e influenciam muitas pessoas ainda hoje.

Fonte: https://goo.gl/16STcB

Um amante da vida, usufruía dela intensamente, não se permitindo nem mesmo prender por paixões que o distraíssem desse seu propósito, além de considerar que amar é sofrer e que para o sofrimento ele não tinha o dom. Assim, da mesma forma que o beija-flor é poligâmico por natureza, Cazuza se entregava ao amor de forma plural, sem discriminar raça ou gênero e sem deixar passar as oportunidades em que podia desfrutar desses amores ao mesmo tempo e no mesmo espaço.

Momentos assim marcaram a vida do jovem Caju, que sempre ia em busca de entorpecentes da mesma forma que um beija-flor procura por néctar. Ao entrar para a banda Barão Vermelho, que começava a se formar, encontrou amigos com o mesmo gosto e que manteve a amizade durante sua vida, por mais que sua estadia na banda não tenha durado muito tempo. O Narciso dentro dele não o permitia dividir o palco, somente ele deveria ser o centro das atenções.

Formação da Banda Barão Vermelho. Fonte: https://goo.gl/x5oEym

Cazuza gostava de bagunça, o que se refletia no seu quarto, nas suas relações, nas suas práticas de lazer, talvez até em seu cabelo desgrenhado e em seu estilo solto. Entretanto, essa bagunça só era externa, pois Cazuza parecia carregar muita clareza e leveza da vida dentro de si. Talvez exatamente por isso, por entender a finitude da vida, buscou se livrar das neuroses que a emperram, que a tornam monótona e cheia de regras e necessidade de organização.

Em meio a essa bagunça bem quista, a criatividade de Cazuza parecia fazer morada. Brincava com as palavras, as rimas, a poesia e a melodia ao falar de sentimentos. Não é à toa que ficou conhecido como um dos maiores poetas do país. Mas não eram somente sentimentos que compunham a poesia de Cazuza. Músicas como “Brasil”, “Ideologia” e “O tempo não para” compostas e cantadas por ele, mostram a sua visão de mundo, além de terem contribuído para a construção de senso crítico de uma geração pós-ditadura militar.

Capas dos álbuns “Ideologia” e “O tempo não para”

A procura por desordem e por inquietação do público está para Cazuza assim como o bater de asas constante está para o beija-flor. Não tinha medo de se mostrar, de expressar suas ideias, pensamentos e sentimentos. Seus versos, eternizados no inconsciente coletivo do povo brasileiro (principalmente) através de sua voz indiscutível, carregam a exteriorização daquilo que é guardado no íntimo de qualquer pessoa. São versos que, mais do que refletidos, são sentidos.

Há quem diga que Cazuza era homossexual. Entretanto, classificar esse humano em alguma categoria não parece condizer com a sua personalidade, que em nada se importava com “o que os outros iam dizer ou pensar”. Assim, se entregava de corpo e alma para suas paixões, se importando apenas com a experiência e com o amor ali existentes.

Fonte: https://goo.gl/DBZmdy

Suas músicas, criadas há cerca de trinta anos, são muito atuais. Refletem os preconceitos e discrepâncias econômicas e políticas da sociedade, além das dores e mazelas enfrentadas por aqueles que não seguem o padrão imposto de como se comportar no trato social. Com a letra “a tua piscina cheia de ratos”, manifestou a hipocrisia que há em se manter uma fachada bonita, em aparentar ser o que hoje chamam de “cidadão de bem”, mas ser recheado de atitudes perversas contra o próximo, assim, “suas ideias não correspondem aos fatos”.

A maior ameaça para o beija-flor é a destruição do seu habitat, do seu lar. Para Cazuza não foi diferente. Infelizmente, seu corpo, que certamente era o seu lar (não importava o lugar, ele sempre estava a vontade), foi ameaçado pelo HIV (Human Immunodeficiency Virus), levando a AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome). Com o seu talento em inquietar o público, não hesitou em informar sobre seu estado de saúde, o que causou grande comoção nacional. Sendo um dos primeiros a falar abertamente sobre o assunto, provavelmente tenha contribuído para a conscientização sobre a doença.

Fonte: https://goo.gl/1mBHKY

Lutou bravamente contra o vírus e não o deixou afetar a sua criatividade. Continuou criando letras e cantando, mostrando grande resiliência com a situação. Assim, conseguiu calar a morte, pois mesmo após a visita dela, a ideia Cazuza continua viva e presente na vida daqueles que o admiram através de sua poesia cantada.

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Steven Spielberg: o rei dos clássicos

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Você tem alguma lembrança na qual todo mundo se reuniu em casa para assistir filme? Já passou alguma tarde em frente à TV assistindo aquele filme que todo mundo conhece? Se você respondeu sim para alguma dessas perguntas, provavelmente um desses filmes foi dirigido por Steven Spielberg.

O aclamado diretor tem vitórias variadas em seu cartel, desde blockbusters com efeitos visuais avançados como Jurassic Park: o parque dos dinossauros (1993), Tubarão (1975), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Guerra dos Mundos (2005) e a franquia Indiana Jones; a filmes que captam a essência das fantasias da infância como E.T. – o extraterrestre (1982), A. I. – inteligência artificial, Super 8 (2011), As Aventuras de Tintin (2011) e O Bom Gigante Amigo (2016); além dos tocantes dramas com tensões penetrantes como A Cor Púrpura (1985), A Lista de Schindler (1993), O Resgate do Soldado Ryan (1998), O Terminal (2004),  e Cavalo de Guerra (2011).

E agora, lembrou de algum?

Fonte: https://gph.is/2nRBm75

Um talento precoce

Steven Allan Spielberg nasceu no dia 18 de dezembro de 1946 em Cincinnati, no estado de Ohio nos Estados Unidos, filho dos pais judeus Leah Posner Spielberg Adler e Arnold Spielberg. Após a separação de seus pais, Steven ainda criança foi morar na Califórnia com um casal de amigos da família, enquanto suas irmãs Anne e Nancy ficaram no Arizona com sua mãe. Por ser de família judaica, Steven sofria preconceito, apesar de ser um aluno aplicado.

Ganhou sua primeira câmera com 12 anos de idade, e fez seu primeiro longa aos 16. Aos 19 iniciou o curso de Cinema na Universidade da Califórnia, sendo que aos 22 anos teve sua estréia profissional com o curta Amblin, que foi exibido no Festival de Filmes de Atlanta e premiado no renomado Festival de Veneza. O curta abriu as portas da Universal Studios para Spielberg, que passou a dirigir vários filmes para a TV, entre eles o thriller Encurralado (1971), onde um motorista em uma rodovia é perseguido por um caminhão fantasmagórico. O filme foi tão aclamado pela crítica que foi lançado também para cinema.

Fonte: https://bit.ly/2PqdGn2

Grandes monstros, grandes fortunas

Em 1975, Steven dirigiu o filme que pode ser considerado o pai dos blockbusters: Tubarão. Além de ter sido o pioneiro em uma temática que virou um subgênero do cinema, que são as franquias de monstros marinhos (Sharknado, Piranha, Orca – a baleia assassina, Círculo de Fogo), Tubarão faturou mais de 100 milhões de dólares e virou uma febre mundial, atraindo os grandes estúdios para as superproduções de verão, com grandes investimentos em marketing e efeitos especiais. Essa tendência do cinema americano só cresceu se tornando a tônica dos maiores lançamentos até os dias atuais. Um belo exemplo é o filme de 2015 “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”. Continuação de uma franquia iniciada pelo próprio Steven em 1993 e atualmente dirigida por Colin Trevorrow, a película arrecadou cerca de 1,7 bilhão de dólares, e ocupa atualmente a 4° posição entre as maiores arrecadações mundiais.

Fonte: https://bit.ly/2BuD1Jm

Após o lançamento de Tubarão, vieram os bem sucedidos Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Os Caçadores da Arca Perdida e os três primeiros Indiana Jones. Porém, sua consagração como um dos maiores diretores da história veio com o lançamento do filme que é considerado por muitos sua obra prima: E.T. – O Extraterrestre, que ano de 1982 arrecadou cerca de 793 milhões de dólares somente na bilheteria.

Mas nem só de monstros vive o diretor. Em 1993, apesar do primeiro Jurassic Park ter a maior bilheteria da década, o filme “A Lista de Schindler” foi aclamado pela crítica por sua sensibilidade ao retratar o sofrimento dos judeus na Segunda Guerra Mundial. Em partes, “A Lista de Schindler” foi um projeto pessoal do diretor, retratando o cruel passado do povo do qual descendeu, projeto esse que lhe rendeu sua primeira estatueta do Oscar como Melhor Diretor.

Criatividade sem limites

Como humanos, tendemos a simplificar ideias. Um exemplo: é fácil pensar que um filme com o tubarão gigante, um dinossauro gigante ou um alienígena gigante tem o potencial de causar medo ou desconforto, ainda que atualmente seja mais curiosidade pela megalomania. Mas na década de 70, quando as pessoas tinham contato com esses conteúdos pela primeira vez, ocorria uma overdose de sentimentos novos, uma verdadeira ressignificação no contato com o cinema. Isso é comprovado pelos valores cataclísmicos de bilheteria. Mas, pense. Esses temas levam pessoas ao cinema até hoje. Muitas pessoas.

Fonte: https://bit.ly/2nUjF6I

Para cada franquia inacabável que lança filmes cada vez piores (parem de lançar Star War’s e Jurassic Word’s, por favor), existiu um filme inovador que causou um sentimento inédito, e atrás desse filme existiu um diretor que transmitiu através da sua criatividade, algo novo. Para Ostrower (1977), criar é dar formar algo novo, sendo esse “novo” as coerências para a mente humana. O criador possui desse modo, a capacidade de compreender as relações, configurações e significados. Ele é capaz de conectar múltiplos eventos dentro e fora de si, configurando sua experiência de viver em um significado para suas perguntas e respostas (OSTROWER, 1977).

Apesar de a criatividade ser algo inerente à condição humana, em vários momentos de sua história, Spielberg compreendeu as coerências da mente humana e as usou em seus filmes, mas também criando algo totalmente novo, que naquele zeitgeist era inusitado. Portanto, a nomeação de clássico não deve ser confundido com velho, uma vez que os filmes de Spielberg lançaram modelos para os gêneros dos quais fazem parte. Os demais diretores e roteiristas o usaram muitas vezes como referência. O seguiram e o tornaram ainda mais influente, como os vassalos fariam a um rei.

Uma criação, contudo, não se origina de um Big Bang, não vem do nada. Como pontua Ostrower (1977), nós somos o ponto focal de referência da nossa própria criatividade, pois ao relacionar fenômenos nos os vinculamos a nós mesmos, nos orientando de acordo com expectativas, desejos, medo e atitudes de ordem interior. E é nessa busca de ordenação se encontra a motivação de criar.

Steven não teve uma infância tranquila, foi separado de sua família original, de suas irmãs, as quais eram as primeiras atrizes de seus filmes amadores. Sofreu preconceito dos próprios vizinhos por ser judeu. Para Fromm (2000), um dos meios para a superação parcial da ansiedade de separação é a atividade criativa, nela o trabalhador e o objeto tornam-se um, o criador une-se a sua criação que representa o mundo fora dele.

“Mamãe.”
Fonte: https://plbz.it/2vYiYxZ

“A percepção de si mesmo dentro do agir é um aspecto relevante que distingue a criatividade humana” (OSTROWER, 1977, p.2). O agir para Spielberg foi transformar seus filmes em partes, em uma representação de si. A missão de seus protagonistas é quase sempre vencer um desafio, um grande desafio.

Talvez, o expectador sente-se repetidamente na sala de cinema para ver mais um de seus filmes, porque ele próprio tem de se sentir capaz de enfrentar monstros, desvendar mistérios, ajudar alguém que precisa, ainda que você seja apenas uma criança.

Fonte: https://bit.ly/2NSZ3XD

REFERÊNCIAS:

FROMM, Erich; ROSENBLATT, Noemi. El arte de amar. São Paulo – SP: Martins Fontes, 2000.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 1978.

 

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Afterimage: O preço a se pagar pela ‘construção do olhar crítico’ num regime de ‘apagamento do EU’

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De acordo com Tatiana Reuter, o filme Afterimage levanta questões que transbordam o cinema. Ele nos provoca a pensar sobre o que queremos e o que esperamos quando vemos uma escultura, um quadro, ouvimos uma música, vamos ao cinema…

Na sinopse do Observatório do Cinema, do UOL, toda a narrativa gira em torno da premissa bergsoniana de que a ‘imagem continua a aparecer na visão de um indivíduo mesmo que o contato com essa figura tenha sido interrompido’.

A partir deste olhar, o aclamado cineasta polonês Andrzej Wajda (Cinzas e Diamantes, 1958; Danton – O Processo da Revolução, 1983), ‘falecido no ano de 2016, narra a história do artista plástico Wladyslaw Strzeminski, perseguido na União Soviética por fazer oposição ao Realismo Socialista, um movimento artístico cujo conceito era basicamente uma forma de propaganda dos ideais soviéticos’.

O filme relata o medo do regime stalinista ao poder transformador da arte, que necessariamente requer originalidade e individualidade, em boa parte dos casos, para que ecloda de modo convincente.

No totalitarismo de esquerda, qualquer rastro de individualidade deve ser apagado pelo sentido de unidade e uniformidade.

HÁ UMA TRANSIÇÃO DE CENÁRIOS MULTICOLORIDOS – GUARDADAS AS EXCEÇÕES DA ÉPOCA E O TOM LÚGUBRE DA POLÔNIA – PARA TONS CINZA, MECLADOS POR UM VERMELHO EMPALIDECIDO.

As tomadas abertas vão paulatinamente sendo substituídas por cenários fechados, por vezes claustrofóbicos, num movimento de narrativa que expressa, na arte mesma do cinema, a gradual retirada das liberdades individuais e a tentativa de se fazer assimilar massivamente uma ideologia.

O TOM PRINCIPAL DO FILME, QUE LEVA Á PERSEGUIÇÃO DE Wladyslaw Strzeminski, É A TERIA DA CONSTRUÇÃO DO OLHO CRÍTICO, UM PARALELO SEM IGUAL AO CONCEITO BERGSONIANO DE SOBREVIVÊNCIA DA IMAGEM E MEMÓRIA DO ESPÍRITO.

Quem é? Wladyslaw Strzeminski foi um artista plástico, um pintor do início do século vinte, contribuidor fundamental ao modernismo, teórico e prático. O que vemos na tela, interpretado por Boguslaw Linda é um brilhante professor da escola de Belas Artes de Lodz, feliz por desenvolver o pensamento sobre a nossa percepção da arte, ao indicar que o que fica em nós após perceber uma obra de arte é o que conseguimos interpretar dela a partir de nossos conhecimentos – só conseguimos realmente ver o que compreendemos – referências a Bergson e Kant. Este homem gosta de seu trabalho, é um artista ativo, é um professor e também um deficiente que não aceita ser reconhecido como tal, Strzeminski não tem um braço e uma perna.

O passo-a-passo da obra:

– O professor no centro, cercado de alunos… Um ponto de originalidade na cena de estabilidade mordaz.

– Supressão do Eu e exaltação do Nós.

– O preço a ser pago por defender ideias pessoais.

Segue o artista, aos alunos: “Quando olhamos para um objeto, capturamos seu reflexo em nosso olho, nossa retina. Quando paramos de olhar para ele e mudamos nosso olhar para outro lugar, uma pós-imagem do objeto permanece no olho, capturada na retina. Um traço  do objeto com a mesma forma, mas com a cor oposta. Uma pós-imagem. Pós-imagens são as cores do interior do olho com o qual  olho para um objeto. Uma pessoa só enxerga aquilo que ela tem consciência”.

– O estrangulamento pela coerção do Estado e deliberado ‘apagamento’ da vida pública e profissional.

No seu atelier, onde mora, diante da tela nua, à espera do  seu traço, o artista é surpreendido pela cor vermelha que desce sobre o seu estúdio. É a noite vermelha da opressão stalinista. E nem é um truque: a cor vermelha é fisicamente o resultado da enorme bandeira vermelha que estão instalando em seu prédio e tampando as janelas de seu local de trabalho e moradia. O cartaz, claro, é um gigantesco pôster de Josef Stálin. Ato contínuo, o artista, com sua muleta, rasga o cartaz, à procura da luz natural. A sua tentativa de fuga daquele vermelho opressor vai lhe custar caro. (Observatório do Cinema)

– A transição de planos abertos, multicoloridos, para a frieza da indiferença e do esquecimento – um paradoxo causado pela supressão do Eu.

– A supressão do Eu, que se dá em sintonia com a estética das cores, revela a perda da criatividade artística, criatividade esta que ocorre em liberdade de pensamento.

– Para Bergson, a percepção não é jamais um simples contato do espírito com o objeto presente; está inteiramente impregnada das lembranças que a completam, interpretando-a.

– Esta Gestalt só pode ser completada/fechada individualmente, sob pena de não representar um entendimento genuíno do espírito, mas, antes, uma tentativa de doutrinação.

Assim, não há que se falar em essência pura na imagem cinematográfica, mas o olhar crítico impregnado pelo histórico de quem observa, que sempre se apresenta de maneira diversa em relação a um segundo observador.

TIRAR A CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO PESSOAL DO ARTISTA OU DO OBSERVADOR, AO TENTAR PLANIFICÁ-LOS A UM IDEAL A PRIORI, É CONDENAR-LHE A MORTE CRIATIVA.

– O filme parece passar naquilo que Bergson considera como Presente, mas um presente que, de tanto sofrimento, se arrasta.

PRESENTE, em Bergson – e pautado no filme: Sensações + Movimento

A sensação é de estrangulamento – morte lenta – e o movimento é centrado no corpo do personagem principal, que está avariado…

O final é marcado por um embotamento moral, ao comparar o polonês médio a zumbis… diante da queda final do protagonista, as pessoas passam pela rua, incólumes. A Gestalt, portanto, não foi fechada pelo cineasta, que faz jus ao seu eventual objetivo: dar autonomia ao olhar do observador, convidando-o a completar o enredo – me veio á mente a descrença dos jovens do leste europeu em relação à Moscow.

Referências

BERGON, Henri. Matéria e memória. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Crítica a Afterimage. Disponível em https://www.blahcultural.com/critica-afterimage/; acesso em 23/09/2017.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

AFTERIMEGE

Diretor: Andrzej Wajda
Elenco:
Boguslaw Linda, Aleksandra Justa, Bronislawa Zamachowska, Zofia Sichlacz;
País: Polônia
Ano: 
2016
Classificação:
16

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Pollyanna: uma arma contra a ansiedade e o tédio

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– Oh, o jogo é encontrar em tudo qualquer coisa para ficar alegre, seja lá o que for, explicou Pollyanna com toda a seriedade. E começamos com as muletinhas.”

Fonte: http://zip.net/brtMyC

Pollyanna, considerado um clássico da literatura, foi escrito pela norte-americana Eleanor Hodgman Porter e publicado no ano de 1913, sendo traduzido para o português em 1934 por Monteiro Lobato e publicado pela Companhia Editora Nacional na coleção Biblioteca das Moças. O enredo do livro gira em torno de Pollyanna que se vê órfão e vai morar com uma desconhecida que, apesar de muito rica e sozinha, não recebe a garota com alegria, mas a encara apenas como um dever a ser cumprido.

A estória se inicia com Miss Polly Harrington dando ordens a criada da casa, Nancy, para que limpasse e preparasse o quartinho do sótão, pois uma pessoa iria morar com ela e passaria a ocupar aquele cômodo. Assim que Pollyanna chega ao belo solar de venezianas verdes que irá se tornar o seu lar e é conduzida ao seu futuro quarto, ela tem um vislumbre dos demais ambientes e da riqueza com que são decorados, o que a faz ansiar pelo momento em que descobriria o seu lindo quarto com cortinas, tapetes e janelas, entretanto, quando finalmente chega ao seu destino, Pollyanna encontra um cômodo de paredes nuas, janelas sem cortinas, armário sem espelho e desprovido de tapetes.

Fonte: http://zip.net/bptNb1

A sua primeira reação é atirar-se no chão e chorar, porém ela logo transforma a paisagem que via pela janela em um quadro, alegra-se por ter poucas coisas, pois assim seria mais rápido desfazer a mala e encontra na falta de um espelho a felicidade de não ter que ver as suas sardas diariamente. Toda essa reação inesperada causou grande estranheza em Nancy, que não entendia como a alguém poderia alegrar-se diante de tal situação.

Fonte: http://zip.net/bqtNxv

A primeira vez em que Nancy expressa à Pollyanna com o fato de ela ficar contente com tudo é esquisito, a garota explica tratar-se do “Jogo do Contente”.

Tudo começou quando Pollyanna pediu um presente. As condições em que vivia mal permitiam que suas necessidades básicas fossem supridas e frequentemente lhe eram enviadas doações de caixas com roupas usadas e alguns objetos, assim, escrevem para que enviassem o desejado na próxima caixa, porém, quando esta chega, no lugar de seu presente, haviam mandado um par de muletinhas e foi então que o “Jogo do Contente” teve início. Seu objetivo era sempre, em qualquer situação, encontrar algo com que contentar-se. As muletas, dessa forma, trouxeram alegria justamente pelo fato de Pollyanna não precisar delas para viver.

A partir de então, Pollyanna começa, aos poucos, a conquistar todos ao seu redor com sua bondade, pureza e alegria contagiante, sempre brincando do “Jogo do Contente” e o ensinando a quem quer que fosse, até o momento em que a própria Pollyanna e sua capacidade de encontrar contentamento em tudo é posta a prova.

– Oh, estou respirando o tempo todo, mas fazer isso não é estar vivendo A senhora respira todo o tempo que está dormindo e quem dorme não vive. Quero dizer vivendo, isto é, fazendo coisas de que a gente gosta, como brincar lá fora, ler para mim mesma, subir no morro, conversar com o senhor Tom e Nancy no jardim, e saber tudo a respeito das casas e das pessoas que moram nas lindas ruas por onde passei. Isso é o que eu chamo viver… Respirar só, não é viver.”

Fonte: http://zip.net/bstMWd

A obra de Eleanor H. Porter foi responsável por desencadear uma grande onda de esperança, otimismo e boa vontade, porém existe sempre os dois lados da moeda.

Chamar alguém de Pollyanna ou afirmar que alguém é acometido pela “Síndrome de Pollyanna”, geralmente, não é visto como um elogio, ao contrário, o termo faz referência a uma pessoa alienada, que tende a enxergar o mundo e as emoções de maneira ingênua e age de forma inconsequente. Indivíduos assim vivem em uma realidade paralela, em um mundo cor de rosa, chegando o termo a ser usado até como forma de descrever o posicionamento do Poder Judiciário brasileiro.

O grande questionamento gira em torno do fato de que ninguém consegue estar feliz o tempo todo e que pessoas que agem de tal forma, ao invés de contagiarem os outros, tendem a ser consideradas falsas e enjoadas, pois é natural ao ser humano manifestar sentimentos de raiva, tristeza e decepção, além de muitos acreditarem ser impossível ver sempre o lado bom das coisas.

Entretanto, a personagem do livro, apesar de sempre buscar colocar em prática o seu querido “Jogo do Contente”, não era imune aos sentimentos negativos, chegando a afirmar que “não consegue pensar agora em uma só coisa que a possa fazer contente”. Pollyanna, apesar de sua personalidade viva e otimista não era uma alienada, mas alguém que buscava não se deixar abater pelas adversidades da vida e é essa a principal lição do livro. Não se trata de negar os sentimentos de dor e fingir que eles não existem, mas mudar a nossa perspectiva, o modo de encararmos situações que outrora se mostravam desafiadoras. É nesse contexto, então, que podemos fazer do “Jogo do Contente” uma verdadeira arma contra dois grandes vilões: a ansiedade e o tédio. 

A ansiedade pode ser descrita como um estado emocional desconfortável, de apreensão, uma inquietação em relação ao futuro ou a expectativa de que algo ruim irá acontecer. É comum a ansiedade aparecer quando nos sentimos desafiados ou incapazes de realizarmos algo, por exemplo. Dessa forma, por que não usarmos tais situações a nosso favor? Por que não encararmos desafios que poderiam ser a causa de sentimentos de ansiedade e incerteza, como uma maneira de extrairmos o máximo de aprendizado possível? Se nos sentimos inseguros, por que não jogarmos o “Jogo do Contente” e buscarmos algo que, futuramente, nos tornará mais fortes?

De maneira oposta, o sentimento de tédio é aquele que pode aparecer quando você se sente pouco desafiado, ou pela demora no desenvolvimento de algo, ou ainda perante situações previsíveis e inevitáveis, porém, é justamente diante das circunstâncias mais entediantes que nossa criatividade pode ser melhor desenvolvida. Aproveitar esses momentos e buscar soluções criativas para nos tirar desse estado de chateação e enfado nada mais é do que jogar o “Jogo do Contente”. Situações pouco desafiadoras nos dão a oportunidade de sermos os melhores no que estamos fazendo, e a liberdade de ousarmos na busca de novas soluções.

Assim, o “Jogo do Contente, por mais simples, ingênuo e, à vezes, irritante que possa parecer, pode ser aplicado nas conjunturas mais incomuns não apenas como forma de encontrarmos algo que nos deixe contentes, mas também para nos ensinar que devemos tirar o máximo de proveito de toda e qualquer situação e usá-las como maneira de nos desafiar a melhorar, impusionar o nosso crescimento e superar o tédio.

Em tudo há sempre uma coisa capaz de deixar a gente alegre; a questão é descobri-la.”

FICHA TÉCNICA DO LIVRO:

POLLYANNA

Fonte: http://zip.net/bqtNxP

Título Original: Pollyanna
Autor: Eleanor H. Porter
Tradução: Monteiro Lobato
Editora: Companhia Editora Nacional
Páginas: 181
Ano: 1913

REFERÊNCIAS:

RODRIGUES, Rafael Rezende. Ansiedade: por um ansioso, 2011. Disponível em: > http://encenasaudemental.com/personagens/ansiedade-por-um-ansioso/< Acesso em: 4 de junho de 2017.

MARINHO, Wallace Andrade de. Apontamentos da medicina, frente ao distúrbio emocional da “Ansiedade”, 2012. Disponível em: > http://encenasaudemental.com/comportamento/insight/apontamentos-da-medicina-frente-ao-disturbio-emocional-da-ansiedade/<. Acesso em: 4 de junho de 2017.

ROBSON, David. Por que é bom sentir tédio, 2015. Disponível em: > http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150118_vert_fut_beneficio_tedio_ml<. Acesso em: 4 de junho de 2017

FOLGUEIRA, Laura. O lado bom do tédio, 2016. Disponível em: > http://super.abril.com.br/saude/o-lado-bom-do-tedio/<. Acesso em: 4 de junho de 2017

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Um Senhor Estagiário – Uma visão a partir da Saúde Mental e do Trabalho (Segunda Parte)

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Depois de aposentado, Ben Whittaker (Robert De Niro) já viúvo, percebe que aposentadoria não era lá um mar de rosas. Entediado com a monotonia de sua vida, resolve “voltar à ativa”, entra como estagiário sênior para uma empresa que gerencia um site de moda. Essa empresa foi fundada e gerida por Jules Ostin (Anne Hathaway), uma jovem, que rapidamente explodiu no mundo na moda e no mercado online.

A empresa tomou proporções que Jules não esperava em tão pouco tempo. Agora ela batalha para o melhor da empresa, o melhor para seus funcionários e para sua vida familiar. Nenhuma dessas batalhas é uma tarefa fácil para essa jovem empreendedora. Filme dirigido por Nancy Meyers. É um filme para crianças, jovens, adultos e idosos, uma comédia que segura a risada do público. Este   trabalho tem como objetivo analisar a empresa de Jules, a partir da visão da saúde mental e do trabalho. Esse texto é a parte dois, ou seja continuação do anterior (parte 01).  A fim de se ser elucidativo foi dividido a temática da Saúde Mental e do Trabalho em oito eixos:

  1. Espaço Físico
  2. Autonomia no Trabalho
  3. Estruturação do Tempo
  4. Pressão e responsabilidades
  5. Reconhecimento
  6. Relacionamentos interpessoais
  7. Lidar e Solucionar Problemas
  8. Bem-Estar dos Trabalhadores

No texto que segue, será explicitado o os quatro últimos aspectos (Reconhecimento, Relacionamentos interpessoais, Lidar e solucionar problemas e Bem-estar dos trabalhadores) do ponto de vista teórico e contrastado com o filme. No trabalho anterior foi apresentado outros quatro primeiros.

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

Cardozo e Silva (2014, p. 25), ressalta que analisando a interação, pode-se perceber que dentro de cada relacionamento interpessoal, efetua-se trocas de sentimentos e experiências e é necessário o empenho de ambas as partes para que esse convívio seja o mais harmonioso possível.

O trabalho é fator primordial na vida de todo ser humano e o relacionamento interpessoal é uma das principais características para o sucesso da organização, visto que uma rede de relacionamentos sadios gera um ambiente satisfatório, contribuindo para o desenvolvimento profissional e pessoal do indivíduo. Sem pessoas, não há produtividade, não existem empresas, ou seja, sempre existirá a relação homem e trabalho (CARDOZO e SILVA, 2014).

Isso é percebido durante a cena em que Ben estabelece um maior vínculo com os estagiários, ajudando-os com dicas sobre relacionamento conjugal e até mesmo chamando um deles para residir em sua casa por algum tempo.Os mesmos autores enfatizam que no mercado de trabalho, a forma como nos relacionamos com as pessoas é um dos fatores mais importantes para manter um bom clima organizacional.

A maneira de ser, pensar e agir influencia diretamente os relacionamentos dentro e fora da empresa. O trabalho requer a convivência com colegas e superiores, requer respeito, confiança e certa liberdade entre meio às relações, para que assim seja necessário conciliar os interesses pessoais com os interesses e objetivos da organização, bem como manter um ambiente de trabalho saudável.

O oposto disso é quando Jules se mostra não tão “participante” nas confraternizações e convivências com equipe, pois ela como uma jovem empresária, cheia de responsabilidades, estava sempre correndo contra o tempo, assim seus relacionamentos com os colaboradores acabam sendo superficiais. Isto é notado na cena em que Jules está andando de bicicleta dentro da empresa e não para pra comemoração de aniversário por causa do “tempo”. Outro momento em que é evidenciado a superficialidade e distanciamento das relações é quando percebe-se o comportamento do motorista em relação à família de Jules. Na cena ele toca a campainha e se distancia para esperar que ela abra a porta.

No entanto, no decorrer do filme ocorre um processo de mudança que dá início quando há aproximação dos colaboradores (eles saem para beber para comemorar grande feito do dia), e há também uma aproximação maior entre Jules e Ben. Ben começa a frequentar sua casa e conhece sua família. Sobre essas interrelações Carvalho (2009, p. 82 apud CARDOZO e SILVA, 2014, p. 25), salienta que “os relacionamentos possuem vida própria e está sempre em processo de mudança. Essas mudanças estão relacionadas ao comportamento e as ligações afetivas, que podem gerar relações brandas […]”.

RECONHECIMENTO

Sendo assim, quando o indivíduo faz algo que acredita ser útil para as pessoas em sociedade e que está contribuindo de certa forma para uma melhoria daqueles que estão sendo afetados, no sentido benéfico do termo.  Logo, essa pessoa quer ser reconhecida. Desse modo, reconhecimento significa ser valorizado por aquilo que faz de melhor, como por exemplo, ganhar um elogio, aplauso ou uma promoção.

No entanto, a insatisfação é dificilmente expressada em palavras. Visto que, apenas percebem quando ela já está instalada como doença. Assim, a falta de reconhecimento, da mesma forma da insatisfação, é um sinal de sofrimento evidenciado. Mas ao mesmo tempo essa falta é muitas vezes identificada como “normal”, com a qual o sujeito se conforma, acostumando-se com o fato de não ser elogiado, de não ter seu trabalho reconhecido. Assim, o sofrimento provocado pela falta de reconhecimento pela falta de reconhecimento é identificado. Mas em seguida é coberto por uma resposta racionalizada “Ah, acontece em todas as empresas mesmo” (VASCONCELOS e FARIA, 2008, p. 6).

Portanto, a empresa que é descrito no filme há reconhecimentos. Porém, reconhecimentos “injustos”. Dado que, funciona para alguns, mas para outros não funciona. Como por exemplo, a pobre Becky que estudou em uma grande universidade e trabalha como secretária, ao buscar reconhecimento de sua chefe, que estava muito ocupada para notar.

É formada e preparada para analisar dados completos, nunca teve a oportunidade de pegá-los, nem trabalhar com eles, o que faz é observar os outros fazerem isso, e se sente cada vez mais infeliz no seu trabalho, pois trabalha muito, em uma rotina caótica (rotina da chefe), tendo que lidar com muitas informações, e resolver situações rápidas em virtude da agenda lotada de Jules, e ainda não faz o que quer e o que gosta. Sempre buscando o tão reconhecimento, mas ninguém vê.

LIDAR/SOLUCIONAR PROBLEMAS

Por outro lado, Ben em tão pouco tempo dentro da empresa, sempre realiza as atividades propostas para ele com êxito, já consegue ganhar um bônus no trabalho e é notável o reconhecimento de sua contribuição e esforço.  No que consiste, os colaboradores da empresa lhe aplaudir e tocar um sino, como era de costume ser feito sempre que alguém colaborasse com algo importante.

No filme é retratado algumas cenas que Ben colabora a identificar e solucionar problemas às vezes pequenos, porém importantes e notório como fatores de risco para adoecimento, como por exemplo, quando ele arruma a mesa que ficava uma grande quantidade de papéis, que acabava incomodando os colaboradores, porém ninguém nunca se disponibilizou antes para arrumar. Ben também esteve disponível e ajudou Jules a esclarecer suas decisões em relação a contratação do novo chefe dela, solucionou o problema do email errado que Jules enviou para sua mãe e ajudou a mesma em suas tarefas de rotina familiar.

No filme mostra Ben sempre muito centrado e paciente, ele sempre buscava uma forma de lidar e solucionar problemas que aparecia na empresa. Isso mostra que Ben com todos os seus anos de trabalho conseguiu adquirir experiência e habilidades. Ressaltando que no filme é visto cenas que de exaustão emocional de Becky, não sabendo como solucionar alguns problemas, assim não deixando de ser um fator prejudicial para a sua saúde mental e interferindo na realização das suas tarefas do trabalho. Sendo assim, a exaustão emocional

 é caracterizada por um sentimento muito forte de tensão emocional que produz uma sensação de esgotamento, de falta de energia e de recursos emocionais próprios para lidar com as rotinas da prática profissional […] (RABIN, FELDMAN e KAPLAN, 1999, apud, ABREU et al, 2002, s/p).

Outro aspecto visível em solucionar problemas é quando Jules tem que tomar uma importante decisão para a empresa, e fica de certa forma pressionada para realizar a mesma, pois ela não queria isso, mas pensando na melhoria da convivência da sua família se viu obrigada decidir isso. Desta forma, com todo esse tumulto de tomada de decisão afetando- se emocionalmente.

BEM ESTAR DOS TRABALHADORES

A preocupação com os ambientes de trabalho e sua influência no processo saúde-doença dos trabalhadores não é recente. Trata-se de uma preocupação frequente, visto que a maior parte do dia se passa no ambiente de trabalho.

A Saúde do Trabalhador é uma área da Saúde Pública que visa intervir nas relações entre o trabalho e a saúde, promovendo e protegendo a saúde dos trabalhadores através das ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes, das condições de trabalho, dos agravos à saúde e da organização e prestação da assistência aos trabalhadores (BRASIL, 2011, s/p apud GRECO e DE MOURA, 2014, p. 4).

É visível o bem-estar que os colaboradores da empresa têm, este deve-se ao espaço físico (confortável e espaçoso), às relações saudáveis entre colegas (não há competitividade), dentre outros fatores. Isto é confirmado à medida em que os colaboradores demonstram satisfação com o trabalho.Uma outra questão que tem sido discutida amplamente no campo da saúde mental do trabalhador e de grande importância, é o trabalho como prioridade, desconsiderando as necessidades fisiológicas como alimentação e as demais vertentes como lazer, família, dentre outros, fator este que reflete na saúde mental, havendo potenciais consequências sobre a saúde.

Jules afirma não dormir, pois preocupa-se com o trabalho que têm a ser feito. Segundo Lima, Assunção e Francisco (2002), o turno fixo noturno é outro elemento que tem sido bastante estudado e associado a distúrbios psíquicos. Estudos afirmam que não há dúvidas de que este é um fator que contribui consideravelmente para o sofrimento psíquico. Sabe-se que, grande parte das pessoas têm suas funções físicas orientadas para atividades diurnas, dedicando a noite ao descanso. Além disso, existem estudos que relacionam períodos prolongados de privação de sono com uma desorganização psíquica, podendo, inclusive, provocar delírios e alucinações.

Os autores supracitados afirmam que um dos principais problemas identificados por esses estudos, refere-se aos ritmos circadianos que se mantêm inalterados, pois, mesmo quando o horário de trabalho é invertido, a vida social continua em movimento: a sociedade e a família permanecem com seu ritmo de atividade inalterado, surgem então os conflitos. As pesquisas revelam que o maior desgaste dos trabalhadores em turnos noturnos consiste no fato de viverem constantemente na contramão da sociedade, o que resulta em um maior desgaste físico e mental.

Este aspecto é visível, quando se trata de Jules. Por ser a chefe, assume uma grande sobrecarga e abstêm-se do lazer, do tempo com a família e de outras atividades fora do ambiente de trabalho. Outro fator consequente dessa sobrecarga demonstrado no filme é o distúrbio do sono apresentado por Jules, caracterizado por Martinez, Lenz e Menna Barreto (2008 apud VIEIRA, 2009) como sonolência, queixas de insônia, qualidade de sono insatisfatória e sono encurtado. Jules sente dificuldade em dormir a noite inteira, por vezes, acorda durante a noite e resolve adiantar o serviço através do uso do computador.

REFERÊNCIAS

ABREU, K.L; STOLL, I; RAMOS, L.S; BAUMGARDT, A; KRISTENSEN, C. K. Estresse ocupacional e Síndrome de Burnout no exercício profissional da psicologia. Brasília: Psicologia: Ciência e Profissão, vol.22, n.2, jun. 2002.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932002000200004&script=sci_arttext&tlng=es> . Acesso em: 03 de abril de 2017.

CARDOZO, C. G; SILVA, L. O. S. A importância do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. Dourados/MS: Interbio. v.8 n.2,  2014.  Disponível em:<http://www.unigran.br/interbio/paginas/ed_anteriores/vol8_num2/arquivos/artigo3.pdf>. Acesso em: 02 de abril de 2017.

GRECO, R; DE MOURA, D. C. A. Condições de Trabalho e a Saúde dos Trabalhadores de Enfermagem. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Juiz De Fora, 2014. Disponível em: <http://www.ufjf.br/admenf/files/2015/03/Aula-Condi%C3%A7%C3%B5es-de-trabalho-e-a-sa%C3%BAde-dos-trabalhadores-de_enfermagem-1.pdf> Acessado em: 01 de Abril de 2017.

LIMA, M. E. A; ASSUNÇÃO, Ada A.; FRANCISCO, J. M. S. D. Aprisionado pelos ponteiros de um relógio: o caso de um transtorno mental desencadeado no trabalho. Saúde Mental & Trabalho: leituras, Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

VASCONCELOS, A; FARIA, J. H. Saúde mental no trabalho: contradições e limites. Florianópolis Sept. /Dec. Psicol. Soc, vol.20, no.3, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822008000300016>. Acesso em: 1 de abril de 2017.

FICHA TÉCNICA DO FILME

UM SENHOR ESTAGIÁRIO

Diretor: Nancy Meyers
Elenco: Robert De Niro, Anne Hathaway, Rene Russo, Andrew Rannells;
País: EUA
Ano: 2015
Classificação: 10

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