O grupo de estudos FaLA – Percurso de Freud a Lacan traz, no dia 08 de julho, às 09h encontro temático virtual com Lucas Nápoli, psicólogo clínico atuante, psicanalista, doutor em psicologia clínica pela PUC RJ e mestre em saúde coletiva pela UFRJ. Nessa ocasião, o professor irá discorrer sobre o tema: “No princípio era o verbo – o que não podemos esquecer de função e campo da fala e da linguagem em psicanálise”.
Figura 1 | Foto da Lucas Nápoli extraída do site https://lucasnapoli.com/about/
O evento é uma excelente oportunidade para os interessados em psicologia e psicanálise iniciar o contato com a proposta teórica da clínica em Lacan, tendo em vista o compromisso assumido por Nápoli de traduzir, e tornar acessíveis a leigos e estudantes, conceitos complexos e abstratos da teoria psicanalítica, de modo a usar a internet para “transformar o psicanalês em humanês”.
O encontro foi organizado para atender a demanda dos participantes do grupo de estudos, “Percurso de Freud a Lacan (FaLA)”, de Palmas-TO. Contudo, há vagas disponíveis para o público em geral.
Inscreva-se no instagram: @falapercurso.
Fonte: Grupo de Estudos FaLA – Percursos de Freud a Lacan
E atenção! Para conhecer mais sobre o trabalho do psicanalista Lucas Nápoli na internet e ter acesso a uma diversidade de conteúdos e publicações, conheça o site https://lucasnapoli.com/about/
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Grupo de Orientação Profissional promove ação intensiva em Porto Nacional
O Grupo é orientado pela Prof. Dra Ana Beatriz Dupré Silva
As acadêmicas do curso de Psicologia do Ceup/Ulbra Adrielly Martins, Karlla Garcia e Nayara Ferreira, com o apoio da professora doutora Ana Beatriz Dupre Silva, realizam uma intervenção em conjunto com o colégio O Sagrado Coração de Jesus, em Porto Nacional. O intensivo de Orientação Profissional, proporciona o condensamento de 8 encontros em dois dias. Logo, divididas em dois momentos, as atividades ocorreram entre sexta feira (26/10) e sábado (27/10). Os encontros contou com a participação de 17 adolescente e no total, teve duração de 13h.
As ações realizadas tiveram o intuito de propiciar aos adolescentes, vivências grupais que levam ao autoconhecimento, possibilitando identificar as variáveis que envolvem a escolha da futura profissão e conhecimento sobre as áreas de atuação e práticas profissionais especificas.
Fonte: Arquivo Pessoal
Para a acadêmica Karlla Garcia, uma das coordenadoras do grupo em questão, “a experiência de conduzir um grupo de orientação profissional, representa um momento de grande aprendizado e primordialmente, crescimento individual para cada participante envolvido, é nítido no final do encontro a gratidão dos adolescentes”.
OGrupo de Orientação Profissionalé um projeto de extensão vinculado ao curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, coordenado pela professora Doutora Ana Beatriz Dupre Silva, e atualmente, conta com a participação de 16 acadêmicos. As ações têm como principal foco, adolescentes que estão finalizando o Ensino Médio.
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Sense8: a reconciliação com a ansiedade de separação
“A única forma de alcançar o pleno conhecimento é o ato de amar, um ato que transcende o pensamento, que transcende as palavras. Ele é um mergulho ousado na experiência da união.”
Erich Fromm- A arte de amar.
Sense8 é uma série norte-americana original do serviço streaming Netflix, lançada em 2015 e produzida pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski e J. Michael Straczynski com duração de 2 temporadas com 12 episódios cada. O título da série faz uma alusão a palavra do inglês “sensate”, que é o principal aspecto que caracteriza a união de 8 pessoas completamente desconhecidas, que moram em diferentes lugares do mundo, e passam a sentir suas vidas profundamente conectadas.
Fonte: https://bit.ly/2BYNGuL
Will Gorski (EUA), Riley Blue (Irlanda), Capheus Onyongo “Van Damme” (Quênia), Lito Rodriguez (México), Sun Bak (Coreia do Sul), Nomi Marks (EUA), Wolfgang Bogdanow (Alemanha) e Kala Dandekar (Índia) são os protagonistas da trama. Subitamente, todos têm a visão de uma mulher atirando contra a própria cabeça, e a partir de sua morte descobrem estar psiquicamente conectados, capazes de sentir os outros sensorial e emocionalmente, ver, tocar e se comunicar entre si, ainda que estejam em lugares distintos fisicamente. Angelica é a mulher que “deu a luz” ao grupo antes de se matar para fugir do vilão Wsipers (Sussurros).
Na série, indivíduos com essa capacidade de conexão são chamados de Sensates e estão sempre conectados em grupos de oito pessoas, chamados de Cluster. Agora o grupo precisa se unir para entender suas novas habilidades e também o porquê de estarem sendo ajudados por Jonas, integrante do cluster de Angelica, e caçados por Whispers, chefe de uma organização que mata sensates.
Aparições de Angelica para Capheus (Quênia) e Riley (Irlanda).
Uma (re)descoberta em grupo
Algo que não deixa dúvidas é a inovação implementada (com sucesso) pelos produtores da série. Ainda que atualmente seja menos empolgante falar de Sense8 depois de seu término, que se deu devido ao exorbitante orçamento resultante de gravações em pelo menos oito cidades ao redor do mundo, lembro que ao assistir os primeiros episódios em 2015 pensei que nada no mundo era parecido com o que tinha acabado de assistir, isso é uma qualidade extremamente valiosa que já citei em outro texto.
Os três aspectos que mais chamam a atenção inicialmente são (1) a relação de união entre os personagens, (2) como isso se manifesta sexualmente, e por fim, (3) o resultado da interação das diversidades humanas. À medida em que o grupo descobre o porquê de terem sido unidos, e os motivos de estarem sendo caçados pela BPO (organização a qual Whispers pertence), precisam usar a conjunção de todas as suas habilidades para fugir e se proteger.
Um policial, uma DJ, um motorista de van, uma lutadora de kickboxing, um ator, uma farmacêutica, um gangster e uma hacker; essas são as profissões de cada um dos sensates. Agora, imagine todas essas habilidades combinadas em uma pessoa só, de acordo com a necessidade do momento. Sem dúvida, é uma combinação poderosa. Mas além de apenas habilidades físicas, a união dos sensates transpassa suas histórias de vida, seus traumas, seus medos e suas repressões, culminando em um sentimento mútuo de apoio, afetividade e amor. Essa intensa relação resulta em cenas não incomuns de orgias entre os personagens.
Fonte: https://bit.ly/2zSxIAV
Essas orgias transcendem também os estados físicos, e passam a mesclar-se com estados metafísicos, pois, nem sempre os personagens estão juntos no mesmo local geográfico. As relações sexuais transcendentes que mesclam diferentes expressões de sexualidade e diversas práticas sexuais, como se pode imaginar, não são vistas como belas por todos os olhos. Sense8 definitivamente não é conservadora. A série não só incomoda a visão de sexualidade ocidental conservadora, como a confronta. Cada episódio é um convite ao expectador a se abrir para as diferentes faces do amor e do sexo, para a natureza humana sem máscaras.
Amor como problema fundamental da existência humana
O psicanalista alemão Erich Fromm, postulou sobre as necessidades humanas de se conectar com outras pessoas para superar a ansiedade da condição humana (você pode ler mais sobre ele aqui).
“Erich Fromm defendeu que a união entre os seres humanos, pelo princípio do amor, é uma resposta potente para a questão elementar da humanidade, a ansiedade de separação e a solidão/angústia existencial. Neste sentido, o amor se torna uma necessidade psíquica básica do indivíduo, e deve ser trabalhado a partir dos mesmos pressupostos da arte, ou seja, tem que ser entendido, observado, treinado e executado, num movimento que engloba não apenas os sentimentos, mas também a razão (evitando assim as polaridades).” (SOUSA, 2018).
Para o psicanalista, a consciência que o ser humano adquire ao se perceber separado gradualmente da mãe e posteriormente da própria natureza, do seu curto período de vida, do seu nascimento e morte contra a própria vontade, da sua solidão e separação, de modo que uma existência apartada e desunida se tornaria uma prisão insuportável. Desse modo, a experiência de separação seria fonte de toda a ansiedade humana (FROMM, 2000).
Personagens no episódio Amor Vincit Omnia (O amor conquista tudo). Fonte: https://bit.ly/2PcsyVx
O ser humano tenta, portanto, encontrar saídas para superar a ansiedade de separação através de: transes auto-provocados, como o sexo e uso de drogas; com a busca de conformidade, ou seja, uma transfiguração do eu para pertencer à homogeneização social; com a atividade criativa, no qual o indivíduo criativo une-se ao seu material, que representa o mundo fora dele; e também a união simbiótica (representada inicialmente pela união gestacional mãe-bebê), na qual o indivíduo busca superar o estado de separação se tornando parte de outra pessoa, ou incorporando outra pessoa em si, através de uma conexão psicológica. Porém, todas essas tentativas de fusão com o mundo seriam imaturas e passageiras (FROMM, 2000).
Ao examinar a história dos sensates, não é difícil perceber a solidão que os cercava. A rejeição familiar e da sociedade ou o medo dela os impelia para buscas diversas de superar suas angústias, como uso de drogas (Wollfgang e Riley), tentativas de se encaixar nos padrões sociais aceitáveis (Sun, Lito e Kala), atividades de sublimação no trabalho (Nomi, Capheus, Lito e Will). Mas, a partir do momento em que o Cluster encontra um novo significado para suas existências e todos os integrantes passam por um processo de aceitação e preservação individual e mútua, em doação de si aos seus parceiros, acontece o que Fromm denomina de “amor amadurecido”.
“Em contraste com a união simbiótica, o amor amadurecido é união sob a condição de preservar a integridade própria, a própria individualidade. O amor é uma força ativa no homem; uma força que irrompe pelas paredes que separam o homem de seus semelhantes, que o une aos outros; o amor leva-o a superar o sentimento de isolamento e de separação, permitindo-lhe, porém, ser ele mesmo, reter sua integridade. No amor, ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um e, contudo, permaneçam dois.” (FROMM, 2000, p. 23-24).
Então chegamos ao grande paradoxo de Sense8, que nesse caso, oito sejam um, e, contudo, permaneçam oito. A situação de sustentação mútua entre os integrantes do grupo, os fizeram superar inúmeros desafios pessoais, porém, tal amor, não lhes custou sua integridade, suas habilidades e paixões distintas só se fortaleceram.
Fonte: https://bit.ly/2E9PELx
O amor seria um movimento ativo e não passivo; um crescimento, ao invés de uma queda; seria, portanto um fluxo de dar e não de receber. Dar, não se caracteriza aqui, na perspectiva mercantilizada do sentido de perda, mas sim como expressão de potência, onde se põe a prova o próprio poder, é um marco de superabundância, e acima de tudo, uma expressão de vitalidade (FROMM, 2000).
As esferas do “dar” englobam o sexo, como uma expressão de doação do próprio corpo ao outro, porém a mais importante seria a esfera do que é especificamente humano. Dar da própria vida, de seus sentimentos, do que vive em si, seria a mais alta expressão de amor. Enriquece, desse modo, sua própria vitalidade e a vitalidade do outro, só enriquecimento, sem perdas (FROMM, 2000).
Fonte: https://bit.ly/2IFrzui
O que torna Sense8 diferente de outras séries, não é só a relação de união entre os personagens, tampouco apenas como isso se manifesta sexualmente, mas o resultado da interação das diversidades humanas, daquilo que é especificamente humano: alegrias, tristezas, conhecimento e compaixão. A mescla de humanidades fascina os expectadores com o maior anseio de nossa existência: ser amado.
REFERÊNCIAS:
FROMM, Erich. A arte de amar. Trad. de Eduardo Brandão. Martins Fontes: São Paulo, 2000.
Ninguém sabe a realidade de uma experiência até vivenciá-la, e não foi diferente comigo quando ouvia tantas versões diferentes de como era o ensino médio, e mais relatos ainda de como era a faculdade.
Posso dizer que sempre fui uma aluna tranquila, dedicada na medida do possível, porém quando o negócio era exatas (principalmente física) não precisava me chamar. Estudei a vida inteira na mesma escola, dos 3 aos 17 anos e sem dúvida alguma tenho uma grande dívida com essa instituição.
Aprendi lá que não só de conteúdos, pressão e aulas maçantes vive o ser humano. Que nós precisamos de valores, de convivência e de interação com outras pessoas. Que sem esses tipos de atributos não se forma uma personalidade, e principalmente, uma subjetividade. A escola me ensinou muito sobre tudo que sei e sou hoje, fiz amizades maravilhosas que levo comigo até hoje, mas também perdi muita gente que guardo em meu coração.
Fonte: encurtador.com.br/rCDJ5
A transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio já foi um grande baque, ainda mais que tivemos que juntar as turmas (A e B), que até então eram meio rivais uma da outra. Mas com os meses de convivência e a obrigação de interagir uns com os outros mostrou que toda aquela desavença boba era só uma questão de falta de conhecimento e um pré-conceito criado por nós mesmos.
Com minha facilidade de ser amiga de todos e tentar sempre ajudar todo mundo não foi difícil me adaptar a uma turma com pessoas novas, e logo mais eu já estava entrosada com todos. A partir disso nossa união só aumentou e todos os professores e coordenadoras nos parabenizavam por essa atitude. Sem dúvida essa nossa harmonia só somou para ter um ensino médio de sucesso.
Até chegar o tão esperado “Terceirão”, onde finalmente teríamos que decidir o que fazer de nossas vidas, e assim como para a maioria dos jovens para mim não foi uma decisão fácil e rápida, acho que mudei de curso umas três vezes até finalmente decidir pela Psicologia. Agradeço pelos meus pais que foram maravilhosos e nunca me colocaram nenhum tipo de pressão em relação a minha escolha profissional, sempre me apoiaram em minhas decisões e isso, sem dúvida alguma me ajudou consideravelmente.
Fonte: encurtador.com.br/adBGO
Depois que escolhi meu curso, eu tinha que decidir para qual faculdade eu iria. Meus pais não queriam que eu fosse embora de Palmas, então pelo fato de ter o curso na Ulbra, e principalmente uma boa avaliação e reconhecimento escolhi ficar na cidade mesmo.
Os primeiros dias na faculdade foram meio sombrios, pois era tudo muito novo, principalmente as pessoas. Uma menina que estudou a vida inteira na mesma escola, e conviveu praticamente com as mesmas pessoas durante todos esses anos, tinha acabado de deixar tudo para trás e começar literalmente uma nova vida.
Porém com o passar das semanas as coisas foram se ajustando, e aquilo que no início era assustador tornou-se rotina. Hoje sou apaixonada por tudo na faculdade e principalmente pelo meu curso, acho que me encontrei e não poderia estar mais feliz.
O grupo pretende ouvir mulheres de diferentes raças e classes
O grupo focal será aberto para mulheres a partir de 18 anos de idade e tem como objetivo principal a discussão dos temas gênero, raça e classe na constituição identitária.
Os encontros acontecerão nos dias 07/08 e 14/08 das 17h às 18h30, no Ceulp/Ulbra, sala 241, prédio 2. As vagas são limitadas, desse modo, as interessadas deverão contatar as pesquisadoras responsáveis para o cadastro inicial.
O Grupo terá como coordenadoras as acadêmicas de psicologia do Ceulp/Ulbra Evelly Silva (pesquisadora) e Isaura Rossatto (assistente de pesquisa). Evelly Silva é responsável pela a pesquisa“Gênero, raça e classe: estudo sobre a constituição identitária de mulheres brancas e negras de Palmas-TO”, e tem como orientadora a Me. Cristina Filipakis, professora e coordenadora adjunta do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra.
Evelly Silva pontua que “a pesquisa científica e os espaços que ocupamos dentro e fora do ambiente acadêmico podem ser também um ato político e de cidadania. Discutir sobre gênero, raça e classe levando em consideração as possíveis afetações desses temas no processo de constituição identitária das mulheres, é um debate que pode promover um olhar crítico sobre o modo como compreendemos o que se entende pelo processo de se tornar mulher na sociedade em que vivemos. Dar voz à essas mulheres e suas histórias de vida e/ou experiências pontuais é também, uma oportunidade de reflexão e de investigação do modo como a cultura e demais temáticas transversais, afetam o modo como nos enxergamos”.
Telefone para contato: (63) 99284-9769 (Evelly) e (63) 999446189 (Isaura)
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Experiência com um grupo de adolescentes: a dor que agrega
“Quando percebem que foram profundamente ouvidas, as pessoas quase sempre ficam com os olhos marejados. Acho que na verdade trata-se de chorar de alegria. É como se estivessem dizendo: “Graças a Deus, alguém me ouviu. Há alguém que sabe o que significa estar na minha própria pele”
(Carl Rogers)
Eu os ouvi atenciosamente. Mas eles me ouviram sem eu dizer ao menos, uma só palavra.
Era correria, eu precisava iniciar mais um semestre. Devido a motivos pessoais, voltar as atividades acadêmicas foi um grande desafio. Nem de longe, imaginei que esse período seria repleto de tantas mudanças. Estou cursando o quinto período de psicologia e depois de ter contato com tantas teorias, tive a oportunidade de aplicá-las e pude sentir na pele os desafios da profissão.
Matéria prática, primeiro grupo que tive oportunidade de gerir, teríamos que trabalhar com adolescentes. Éramos em três, eu, Isaura e Lorena. Tivemos o primeiro contato com o grupo e foi desesperador. 19 adolescentes e três estagiárias – já contava que iria ser difícil, de fato isso é uma coisa que qualquer acadêmico deve esperar.
Tivemos literalmente que nos desdobrar, era muita coisa a ser feita, conhecer os participantes, se apresentar, falar o motivo de estarmos ali, colher demandas… e opa, colher demandas.
Esse foi o meu primeiro choque. A primeira coisa que me fez despertar para o real sentido de estarmos ali, longe de qualquer teoria ou obrigação, eram DEZENOVE adolescentes, cada um com uma história de vida e apesar de terem “só” 12 anos já possuíam muitas aflições.
A cada encontro era perceptível como cada um deles me afetava diretamente. Então percebi, minha grande superação não estava relacionada somente ao profissional, estava interligada a minha vida pessoal!
As demandas eram diversas, mas se resumiram basicamente em comunicação não assertiva, depressão, automutilação e suicídio.
Fonte: https://goo.gl/XdDCpm
Como que em tantas possibilidades, eu fui gerir um grupo exatamente com demandas similares às minhas? Já dizia Jung:
“O que não enfrentamos em nós mesmos, encontraremos como destino”
Acho que foi isso, talvez o destino tenha me presenteado com a possibilidade de enfrentar minha dor juntamente com aqueles 19 adolescentes. Não tive a alternativa de desistir, não tive escolha. O destino, dessa vez, me acertou em cheio!
Recentemente perdi um amigo para o suicídio e isso tem me feito passar por várias transformações. Tentar ressignificar essa perda me fez sentir muitas dores. Não me sinto totalmente livre delas e durante um período significativo, reprimi qualquer tipo de sentimento que surgia em mim.
Mas agora, eu estava ali. Naquele grupo, com aquelas demandas. Eu era exposta diariamente a minha dor e a dos demais participantes.
Eu via meus medos. Eu via minha incapacidade de revolução. Eu via todas as possibilidades infinitas dos diversos fatores que levam uma pessoa a ter práticas de autolesão. Eu via minhas angústias. Eu via meu amigo em cada rostinho daquele.
Eu não podia transferir esses sentimentos para o grupo. Me resguardava na ética profissional e dava o meu melhor a cada encontro. Era libertador participar de um grupo tão bem desenvolvido. Era reconfortante perceber como um auxiliava na dor do outro e como o grupo por inteiro, se engajava. No final, era terapêutico e o grupo em si, era uma grande rede de apoio.
Mas não vou negar, após finalizar eu sempre me permitia sentir o impacto, o peso, a responsabilidade de estar ali. As lagrimas escorriam, e meu coração mesmo estando cheio de gratidão, pagava o preço. E assim como eles se tinham, eu tinha eles, e tinha principalmente, minhas colegas de estágio.
Essa experiência singular foi um grande crescimento profissional e acrescentou significativamente minha história de vida pessoal. Pra finalizar, eu quero dizer que:
“Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior” (O Teatro Mágico)
Gratidão grupo, por tanto crescimento!
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Experiência com um grupo de adolescentes: ninguém é feliz sozinho
Meu primeiro estágio em campo. O primeiro grupo que ajudei a gerir. Meu primeiro dilema ético relacionado à minha futura profissão.
No início, eu imaginei que não seria fácil lidar com pessoas entrando na adolescência e com demandas tão sérias. Até então automutilação, depressão, bullying e depressão na adolescência eram palavras. Palavras, daquelas que você escuta, lê em textos, e até usa pra dar sua opinião com base em coisas que você acredita. Era o que eu sabia sobre esses temas.
Essa é dificuldade de saber qual é a real situação pela qual uma pessoa passa, ouvir em sala de aula (o que é muito importante) não é suficiente pra te amparar na realidade. Eu não estava nervosa ao ver dezenove pessoas sentadas ao chão, contando suas necessidades, dividindo suas histórias conosco. Me senti feliz por terem confiado na gente, as palavras fluíram como se já estivéssemos acostumadas.
O primeiro choque foi também no primeiro dia, quando uma adolescente se abriu para nós em prantos. Ao final do encontro todos a abraçaram, aquilo foi especial. Durante o acolhimento, em uma sala reservada, enquanto ela falava, eu soube o que era a realidade, dessa vez com meus próprios olhos. Aquilo aconteceu muitas outras vezes.
Durante os outros encontros tive a certeza de que aquelas pessoas, todas elas, eram especiais. O grupo tinha uma energia própria antes mesmo da gente intervir, existe um termo psicológico pra isso. Porém, aqueles seres humanos para os quais devíamos oferecer ajuda nos ensinaram tantas coisas que não caberiam nesse relato. Eles transcenderam qualquer expectativa.
Fonte: https://bit.ly/2IyAOLp
Uma vez, eu estava em um fórum no qual um palestrante americano relatou uma experiência sua em grupo, onde em um momento de solidariedade todos se abraçaram e repetiram juntos:
“Miracles can happen! Miracles can happen!”
“Milagres acontecem! Milagres acontecem!”
Ele contava rindo, pois foi algo que julgou ser impossível de acontecer, até as pessoas simplesmente fazerem. O relato daquele palestrante foi a única coisa que veio à minha cabeça quando, ao final de um encontro todos aqueles jovens se abraçaram chorando e cantaram uns para os outros:
“Eu ouvi palavras ditas com carinho
De que na vida ninguém é feliz sozinho
E você é um alguém que sempre me fez bem
Me protegeu e me tirou de todo perigo
E quando eu precisei você chorou comigo
Valeu por você existir, é tão bom te ter aqui […]”
Nem eu, ou minhas colegas conseguimos conter as lágrimas. Aquele gesto daqueles adolescentes vistos como brigões, imaturos e indisciplinados me ensinou algo que nenhum professor poderia, que transcendeu qualquer aprendizado acadêmico. Dar apoio para quem precisa, estar perto, se abrir, ser honesto, agradecer uma amizade, são gestos que devemos levar para nossas vidas.
Imagem do adesivo confeccionado como lembrança e entregue aos integrantes do grupo.
Nossa vontade ao ver tanto sofrimento naqueles jovens, que até alguns dias atrás eram crianças, às vezes era de chorar com eles, às vezes era de iniciar uma revolução. Nos controlamos para não fazer nenhum dos dois. Nosso trabalho foi de “formiguinha”, pois a verdadeira revolução deve ocorrer dentro de cada um.
Depois de tudo que vivi esta frase nunca fez tanto sentido como hoje faz:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
Carl Jung
Espero ter ajudado cada uma daquelas almas. Espero que essa frase faça mais sentido a cada dia.
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Seja apenas outra alma humana: (re)construção com um grupo de adolescentes
Participar desta intervenção mudou completamente minha concepção de grupo, de adolescência, de família, de escola, mas principalmente do significado da palavra amizade e afeto.
Coordenar um grupo não é uma tarefa fácil. De adolescentes então? Será um dos meus maiores desafios! Foram exatamente esses os meus pensamentos quando soube qual seria o público ao desta intervenção. E realmente, não foi uma tarefa fácil, isso porque me deparei com 19 adolescentes, totalmente diferentes, mas com angústias praticamente iguais.
Fonte: https://bit.ly/2IEcGak
Vi a dor, o medo, a solidão, o desespero, desamparo, o ódio, a raiva, e tantos outros sentimentos que a maioria daqueles adolescentes compartilhavam. Mas também vi a vontade de viver, ser feliz, de amar, sonhar e o cuidado em cada um deles. E como me sinto grata por isso. Como me sinto realizada em saber que pessoas tão novas, mas que viveram tantos momentos de dor, se sentiram à vontade para compartilhar comigo momentos significativos de sua vida.
A cada encontro, a cada história, a cada lágrima e a cada abraço, eu via a certeza de que ações como essa podem mudar vidas, que o fazer a psicologia é muito gratificante, é construir novas possibilidades e isso, para mim, (re)constrói um novo significado do ser psicólogo, do ser gente.
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. ”
(Carl Jung)
Fonte: https://bit.ly/2tJlFS0
Destaco também a importância do aprendizado em grupo, assim como as supervisões, discussões e escutas compartilhadas das experiências, em cada um dos grupos, pois foram muito enriquecedores, não somente pela troca de conhecimento, mas pela harmonia e afetos presentes nos encontros.
Concluo este semestre com o sentimento de realização e crescimento profissional e humano, confirmando minhas expectativas ao escolher esse campo e sabendo que as experiências vivenciadas nos últimos meses levarei para a minha vida e prática como futura psicóloga.
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“Notificação da violência” é pauta do Grupo de Estudos Feministas
O encontro acontece no dia 13 de novembro às 17h na sala 203 do CEULP
O Grupo Acadêmico de Estudos Feministas é um projeto de extensão ligado ao curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, sob a coordenação da Profa. Me. Cristina D’Ornellas Filipakis e participação de várias acadêmicas do curso. Os encontros ocorrem às segundas-feiras, 17h, na sala 203. O objetivo é discutir e ampliar a discussão sobre feminismo no âmbito acadêmico, tendo em vista que o tema ainda gera muitos mal-entendidos.
O encontro dessa segunda-feira (13) será conduzido pela acadêmicaEvelly Silva, com o tema “Violência Contra Mulheres: como notificar?”.O objetivo Do encontro é apresentar a ficha de notificação compulsória do Ministério da Saúde, que coleta dados sobre doenças, agravos e eventos de saúde pública; incluídos no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) e contribuem para o manejo de políticas públicas. A Ficha de Notificação de Violência Interpessoal e Autoprovocada deve promover novas organizações e estruturas de atendimento que qualifiquem a atenção à mulheres em situação de violência e a seus familiares.
Segundo Evelly Silva, tratar sobre notificações é fundamental pois “é através do uso desses dados que as políticas públicas de promoção, prevenção a saúde e proteção social podem ser planejados e executados. Não se faz política pública efetiva sem dados epidemiológicos que demonstrem a realidade do local em que se vai intervir. Ressalto ainda, a importância da divulgação desse serviço em grupos como este, visto que a informação é essencial e instrumentalizar mulheres acerca dos seus direitos dentro do SUS é promover o empoderamento de um público, muitas vezes negligenciado e oprimido das mais diversas maneiras, inclusive dentro dos serviços de saúde”, aponta.
Mais informações sobre o evento podem ser obtidas através do telefone 3219-8068 com a profa. Me. Cristina Filipakis.