Marketing e DNA: como o uso do nosso DNA tem revolucionado o consumo no mundo?

Compartilhe este conteúdo:

O marketing busca entender as necessidades dos clientes para atendê-las eficientemente [1], e agora, até mesmo nosso DNA é material para influenciar e recomendar determinados produtos e serviços para os consumidores. Segundo a pesquisadora Susan Young, “em seu genoma estão pistas sobre sua saúde, sua ascendência e até mesmo suas preferências de compra”.

Em 2013, foi publicado o artigo “Marketing para o Big Data dentro de nós”, na revista MIT Technology Review [2] sobre o marketing e as informações obtidas pela análise de DNA. Nessa publicação, foi observada a proposta da empresa Miinome, que prometia direcionar a compra de remédios específicos, tratamentos de estética e, até mesmo, encontrar padrões sobre gostos alimentares, como pessoas que tenham preferência por comidas condimentadas. Um dos principais pontos dessa matéria é que o custo para analisar esses dados era um impedimento para a difusão dessa tecnologia, já que para realização desse processo era necessário um analista com PhD, a fim de conseguir encontrar naquele emaranhado de dados, informações relevantes sobre o genoma do cliente. Alerta de Spoiler: essa empresa não apresenta novidades desde a época desse artigo, mas a ideia permanece entre nós, e em diversos segmentos de produtos nosso DNA está sendo utilizado como matéria-prima para a oferta de produtos e serviços.

Tendo em vista que a Miinome, empresa responsável por alavancar a ideia da análise de DNA para utilização no marketing em organizações, não prosseguiu com o projeto, outras empresas adotaram esse conceito e o transformaram em uma peça-chave para atrair clientes. Atualmente, entre essas empresas estão a Sushi Singularity [3], a Younom [4] e a Genera [5].

A primeira é um restaurante que será sediado em Tóquio que oferece um sushi hiper-personalizado baseado em biometria e dados genéticos. Para desenvolver esses produtos, três tecnologias de alto nível são utilizadas. São elas: a máquina de fabricação de alimentos, que se assemelha a uma impressora 3D, capaz de imprimir o alimento em formatos específicos; o sistema operacional de alimentos, que é um software utilizado para construir o design do alimento, incluindo sabores, texturas, ingredientes e cores; e o identificador de saúde, o qual oferece os nutrientes que o corpo do cliente necessita baseado no DNA e dados biométricos.

O segundo baseia-se no DNA do cliente para fornecer produtos personalizados de cuidados para a pele, através da análise dos 11 genes responsáveis pela hidratação, elasticidade, fotoenvelhecimento e proteção antioxidante da pele. Após o cliente receber o Relatório do seu DNA, ele poderá conhecer aspectos não-superficiais sobre sua pele e entender as recomendações de cuidado mais relevantes para seu genótipo.

O último é um laboratório de genética brasileiro, parte do segmento de medicina genômica. Esse laboratório oferece diversos serviços como a ancestralidade da pessoa, informações sobre qual seria o estilo de vida mais saudável, risco de desenvolver doenças genéticas, desempenho físico, envelhecimento, entre outros serviços.

Fonte: encurtador.com.br/gnxzK

Conforme apresentado acima, o uso do DNA já está presente em nossa realidade. A perspectiva é que isso se intensifique e se torne parte do conjunto de tecnologias ubíquas, as quais chegam ao nível de se integrarem de tal forma ao nosso cotidiano, a ponto de se fundirem em nossas vidas sem que as percebamos.

Logo, podemos observar os impactos tanto positivos quanto negativos em diversas áreas como, por exemplo, a saúde. Nesse contexto, alguns dos pontos positivos são: o entendimento do impacto de determinadas doenças em nossas vidas, a possibilidade de prevê-las e, caso necessário, iniciar o tratamento precoce, após identificar a alta probabilidade de adquirir determinada enfermidade [6].

Como nem tudo são flores, há diversos fatores que inviabilizam ou que prejudicam a aceitação dessa tecnologia. Entre esses fatores, está o uso antiético dos dados levantados da análise do DNA como, por exemplo, a comercialização desses dados para empresas de seguro de vida, as quais poderiam aumentar as tarifas dos clientes que possuam predisposição genética a desenvolver algum câncer.

É indiscutível que nós somos dados e eles são capazes de gerar informações que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas de uma forma que, até pouco tempo, era inimaginável. Apesar de necessitar de alguma cautela, os benefícios citados superam em muito os malefícios. Portanto, é necessário que exista uma regulamentação para o uso ético das informações extraídas através do DNA, para que possamos usufruir das vantagens que essa tecnologia tem a oferecer à nossa sociedade.

Referências:

https://www.guiadacarreira.com.br/blog/o-que-e-marketing

https://www.cin.ufpe.br/~cjgf/TECNOLOGIA%20-%20material%20NAO-CLASSIFICADO/BIG%20DATA%20Business_Report_Personal_Data.pdf

https://www.open-meals.com/sushisingularity/index_e.html

https://younom.com/

https://www.genera.com.br/

https://estudio.folha.uol.com.br/johnnie-walker/2021/02/uso-da-genetica-vai-revolucionar-o-combate-a-doencas-graves.shtml

Observação: artigo desenvolvido na disciplina “Tecnologias Criativas” do Programa Extensionista Interdisciplinar “Tecnologias para a Vida” dos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia de Software da Ulbra Palmas.

Compartilhe este conteúdo:

Meritocracia e consumismo: exercendo o capitalismo nas entrelinhas

Compartilhe este conteúdo:

Segundo Catani (2017), o capitalismo pode ser considerado um sistema em que a força de trabalho serve como mercadoria de troca e produz também outras mercadorias de trocas. Esse sistema então se estabelece através da divisão social em classes, em que uma parte da população se encontra como detentora dos meios de produção, e outra grande parte que é responsável pela venda da sua força de trabalho. Mas como aumentar os ganhos dos detentores dos meios de produção e aumentar a produtividade dos trabalhadores? Surge então a meritocracia.

A meritocracia é caracterizada pela ideia de que a posição de um indivíduo na sociedade sofre influência de seu esforço, sendo então suas conquistas obtidas pelo mérito individual. Nessa perspectiva, são ignoradas então questões como posição social, acesso a privilégios hereditários e corporativos, renegando a importância de biografias e trajetórias sociais. As discriminações sociais então saem de cena, e são possibilitadas novas formas de obter mudanças de status sociais (BARBOZA, 2010).

O capitalismo então se fortalece e desenvolve a ideia de que uma pessoa pode obter maior poder aquisitivo, e melhoria de vida a partir da compra de itens materiais. Surge então a relação entre consumo e a meritocracia. Os indivíduos como forma de demonstrar que estão conquistando uma melhoria de vida pelo seu mérito, buscam aumentar seu poder de compra e consumir cada vez mais em pequenas ou grandes escalas.

O consumo passa a ser almejado e movimenta grande parte da população, são desenvolvidas ideias e sensações, a partir do simples ato de poder comprar qualquer item de consumo. A possibilidade de poder comer em um estabelecimento externo aos finais de semana, presentear alguém especial, obter um aparelho eletrônico de última geração e assim por diante, movimenta e impulsiona os trabalhadores a permanecerem em sua rotina. O consumo passa a estar relacionado ao sentimento de prazer, poder e muitas vezes compensação pelo trabalho exercido.

Fonte: l1nq.com/9reDq

Porém em situações em que os indivíduos se veem seduzidos pelas sensações e emoções da compra, ou consomem com o objetivo de preencher algum vazio causado por diversos fatores, o consumismo pode ser estabelecido, e causar problemas como ansiedade, depressão, compulsão por compras etc. O ato de consumir exageradamente, muitas vezes se desenvolve como forma de mascarar os problemas derivados da exagerada busca pela melhoria de vida (SILVA, 2014).

A sociedade na contemporaneidade, busca ser mais produtiva e os integrantes desta passam a se ver envoltos por cobranças individuais cada vez mais exigentes. A meritocracia então age de forma a impulsionar os indivíduos ou a produzir mais para que consigam cada vez mais demonstrar seu poder aquisitivo e suas conquistas elevando seus status sociais, ao mesmo tempo que pode gerar sentimento de culpa, baixa autoestima, estresse etc. De ambas as formas impulsionando o consumismo, e desenvolvendo o capitalismo ao ponto que a produtividade aumenta a cada vez que ocorre o desejo de consumo por um item e mantem a divisão de classes na perspectiva em que o trabalhador cada vez precisa trabalhar mais para obter uma falsa sentimento de melhoria.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, L. Igualdade e meritocracia: a ética do desempenho nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

CATANI, A.M. O que é capitalismo. Brasiliense, 2017.

SILVA, A.B.B. Mentes consumistas: do consumismo à compulsão por compras. Globo Livros, 2014.

Compartilhe este conteúdo:

Hiperconsumismo e problemas contemporâneos

Compartilhe este conteúdo:

O Psicologia em Debate ocorrido no dia 26/04/17, com o tema O impacto do hiperconsumismo na autopercepção, foi realizado no CEULP/ULBRA pela acadêmica Iule Lourraine da Silva Landinho. O evento teve início às 17 horas e finalizou por volta das 17:50hs. A apresentação foi baseada no livro Vida Para Consumo, de Bauman. O principal foco do debate foi mostrar que vivemos em uma sociedade consumista, que a todo momento estamos buscando suprir desejos e necessidades mesmo que muitas vezes não tenhamos condições para atender tais satisfações. E quando não se tem, pode acarretar sérios prejuízos à saúde física e mental do ser humano, como estresse, ansiedade, depressão, entre outros.

Vivemos em uma sociedade movida por status, na qual na maior parte da vida só nos sentimos bem, se estivermos publicando informações boas ao nosso respeito nas redes sociais. O que muitas vezes podemos chamar de simulações de sentimentos, na qual a pessoa publica uma foto sorrindo, em um lugar lindo, no entanto aquela felicidade expressada no rosto, não existe de fato na maior parte das vezes, é só uma maneira de chamar atenção para si, e gerar mais status social.

Iule expôs também que as mídias sociais tratam o consumo como um fator de felicidade, quanto mais você obter tal objeto, degustar tal produto, tanto mais você estará indo de encontro à felicidade que tanto procura. O exemplo disso é o incentivo para se comprar um carro em lançamento, tomar uma Coca-Cola, comprar certa roupa, tudo com preços altíssimos na maioria das vezes, com intuito de fazer com que o indivíduo se sinta incluído na sociedade.

Fonte: http://zip.net/bqtKDF

 

No entanto, não leva em consideração que para o ser humano ser de fato feliz, é necessário ter um equilíbrio em diversas áreas da vida, como: ter no mínimo o básico para se viver, uma moradia, saúde, educação, segurança, lazer, enfim autorrealização em todas as partes da vida.  As pessoas estão tão envolvidas com o consumismo, com sua vida pessoal e profissional, que não tem tempo para lhe dar com o outro, e quando percebem o quão longe estão de sua realidade social (comunidade), como por exemplo a própria família, familiares, amigos, tentam suprir essa ausência dando presentes.

Bauman diz que não tem como fugirmos do consumismo, todos consomem, porém existem os casos de hiperconsumismo ou seja em excesso e isso torna a vida do indivíduo massacrante. Consequentemente, esse fator traz adoecimentos, devido à incapacidade de atingir o ápice do ideal de consumo esperado, que é ter o que muitos têm.

REFERÊNCIA:

BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo: A Transformação das Pessoas em Mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Hazar, 2008, 199 p.

Compartilhe este conteúdo: