“Matilda” – as relações no ambiente escolar e o impacto no desempenho das crianças

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O meio educacional pode ter grande influência no desempenho e desenvolvimento da criança nas escolas.

Matilda é um filme de comédia e fantasia baseado no livro homônimo de Roald Dahl. Lançado em 1996 e dirigido por Danny DeVito, o filme conta a história de Matilda Wormwood, uma criança prodigiosa e inteligente, cuja família a trata com negligência e desdém. Enquanto seus pais estão envolvidos em esquemas de golpes, Matilda descobre que possui habilidades telecinéticas, que ela começa a desenvolver e controlar.

Matilda enfrenta dificuldades na escola, onde a diretora tirânica, a Senhorita Trunchbull, faz da vida dos alunos um verdadeiro inferno. Com seu intelecto e poderes especiais, Matilda começa a lutar contra a injustiça na escola, ajudando seus amigos e buscando justiça contra a Senhorita Trunchbull.

Através da amizade com sua professora, a Senhorita Honey, Matilda encontra apoio e compreensão. Juntas, elas buscam enfrentar os desafios e traumas do passado de Matilda e da Senhorita Honey, criando um laço forte entre elas.

O filme aborda temas de empoderamento infantil, família disfuncional, amizade e superação. Com um toque de magia e humor, “Matilda” captura a jornada de uma criança excepcional que usa sua inteligência e habilidades especiais para conquistar seu lugar no mundo e fazer a diferença na vida daqueles ao seu redor.

A relação entre Matilda e a diretora Trunchbull é central para a trama do filme “Matilda”. A Senhorita Trunchbull é retratada como uma figura autoritária, tirânica e cruel na escola em que Matilda estuda. Ela é conhecida por impor regras rigorosas e aplicar punições severas aos alunos, muitas vezes de forma injusta e abusiva.

Matilda, por outro lado, é uma criança extremamente inteligente e sensível, que enfrenta desafios tanto em casa, com pais negligentes e desinteressados, quanto na escola, devido à opressão da Senhorita Trunchbull. A relação entre Matilda e a Senhorita Trunchbull é marcada por conflito, já que Matilda é uma das poucas crianças que ousa desafiar a autoridade e injustiça da diretora.

A habilidade telecinética de Matilda adiciona um elemento único à relação, permitindo que ela enfrente a Senhorita Trunchbull de maneiras criativas e, muitas vezes, humorísticas. Matilda usa suas habilidades para realizar pequenos atos de vingança, como mover objetos ou pregar peças na diretora, o que serve para aliviar a tensão e proporcionar momentos engraçados no filme.

A relação entre Matilda e a Senhorita Trunchbull culmina em um confronto emocionante e climático, onde Matilda usa suas habilidades para expor a verdade sobre os abusos e injustiças cometidos pela diretora. Esse confronto não apenas empodera Matilda, mas também ajuda a libertar a escola da opressão da Senhorita Trunchbull.

No geral, a relação entre Matilda e a diretora Trunchbull representa o conflito entre a inocência e a maldade, a inteligência e a ignorância, e o desejo de justiça contra a opressão. Através desse relacionamento, o filme explora temas de coragem, resistência e o poder de usar habilidades únicas para enfrentar adversidades.

                                                                                                                        Fonte: https://l1nk.dev/Is0uc

Por outro lado, a relação entre Matilda e a professora, a Senhorita Honey, é uma das partes mais tocantes e positivas do filme “Matilda”. A Senhorita Honey é a única figura de autoridade na vida de Matilda que demonstra compreensão, bondade e apoio genuíno. Essa relação desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional e no crescimento de Matilda ao longo da história.

Desde o início, a Senhorita Honey reconhece a inteligência excepcional de Matilda e fica impressionada com suas habilidades. Ela percebe que Matilda está subutilizada na escola e a ajuda a avançar academicamente, fornecendo-lhe livros e desafios mais avançados. Além disso, ela demonstra interesse pelo bem-estar emocional de Matilda, percebendo os desafios que ela enfrenta em casa e na escola.

A relação entre Matilda e a Senhorita Honey se baseia em confiança mútua e respeito. A Senhorita Honey não apenas apoia o crescimento intelectual de Matilda, mas também a encoraja a explorar suas habilidades especiais e a enfrentar a injustiça. Ela serve como um modelo de adulto amoroso e responsável, contrastando com as figuras negligentes e abusivas que cercam Matilda.

Conforme a história avança, Matilda e a Senhorita Honey desenvolvem um vínculo forte e emocional. Matilda é atraída pela gentileza e empatia da Senhorita Honey, enquanto a professora vê em Matilda uma oportunidade de ajudar uma criança talentosa a prosperar.

                                                                                                                   Fonte: https://sk.pinterest.com/

Relações ruins com os educadores e membros da administração escolar podem afetar o desempenho de uma criança na vida escolar de diversas maneiras. De acordo com Baker (2006), a natureza da relação entre professor e aluno é um indicador poderoso da adaptação escolar, especialmente quando se trata de crianças que demonstram problemas comportamentais na sala de aula.

Baker (2006) ressalta adicionalmente que a interação entre professor e aluno é fundamental para estimular o envolvimento das crianças no processo de aprendizagem. Além disso, ela serve como alicerce para a formação de crenças adaptativas em relação a si mesmas e ao mundo social, bem como para a aquisição de habilidades autorreguladoras e socioemocionais, que são elementos cruciais no contexto escolar.

Assim, uma criança que enfrenta falta de apoio, tratamento injusto ou desrespeito por parte dos professores, diretores ou coordenadores, isso pode ter consequências negativas em seu bem-estar emocional e mental. Isso pode levar a baixa autoestima, ansiedade, depressão e falta de motivação para participar ativamente nas atividades escolares.

Birch e Ladd (1997) complementam que crianças que desfrutam de uma relação mais estreita com o professor tendem a enxergar o ambiente escolar como uma fonte de apoio, o que contribui para a formação de atitudes positivas em relação à escola. Essas crianças sentem-se à vontade para compartilhar seus sentimentos e inquietações, permitindo-lhes buscar ajuda e orientação de maneira apropriada enquanto se esforçam para se adaptar ao ambiente escolar.

Dessa forma, relações positivas com os educadores e membros da administração têm um impacto significativo no desempenho escolar de uma criança. O apoio e o incentivo vindos dos professores, diretores e coordenadores podem criar um ambiente onde a criança se sente valorizada e encorajada. Isso pode levar a uma maior autoconfiança, motivação para aprender, participação ativa em sala de aula e busca de oportunidades extracurriculares.

Cultivar um relacionamento positivo com os estudantes pode desempenhar um papel preventivo em relação a questões disciplinares dentro da escola. Além disso, essa dinâmica pode contribuir para reduzir o estresse e a exaustão do professor, enquanto promove o crescimento profissional do educador (Fraser; Walberg, 2005; Wubbels, 2005).

As interações com os educadores e membros da administração também podem influenciar a percepção que a criança tem de si mesma. Relações positivas com esses adultos responsáveis pela educação podem ajudar a desenvolver uma imagem positiva de si mesma e de sua identidade, promovendo um ambiente de respeito mútuo e aceitação.

Em resumo, relações ruins com os educadores e membros da administração podem prejudicar o desenvolvimento acadêmico e emocional de uma criança, enquanto relações positivas têm o potencial de fortalecer sua confiança, motivação e envolvimento na vida escolar.

Um psicólogo pode intervir em situações em que uma criança enfrenta relações negativas com educadores e membros da administração escolar. Eles podem oferecer aconselhamento individual para que a criança expresse seus sentimentos, desenvolver habilidades sociais e emocionais para lidar com desafios.

Ademais, os psicólogos escolares desempenham um papel crucial na prevenção e intervenção em questões comportamentais. Eles utilizam abordagens teóricas, como a teoria cognitivo-comportamental, para ajudar os alunos a desenvolver habilidades de autorregulação emocional e social. Como Bandura (1986) destacou, “A autoeficácia é fundamental para a regulação do comportamento. As pessoas que acreditam que podem executar ações específicas tendem a se esforçar mais e a persistir mais diante de desafios”. Os psicólogos escolares trabalham para fortalecer a autoeficácia dos alunos, ajudando-os a lidar com situações de conflito, bullying e outros desafios sociais.

Outra área de atuação importante dos psicólogos escolares é a orientação vocacional. Através de abordagens baseadas na teoria do desenvolvimento de Erikson, eles auxiliam os alunos na exploração de suas identidades vocacionais e no planejamento de suas trajetórias acadêmicas e profissionais. Como Erikson (1959) afirmou, “A identidade profissional é uma parte crucial do desenvolvimento do ego na adolescência”. Os psicólogos escolares orientam os estudantes na tomada de decisões importantes relacionadas à educação e carreira.

Além disso, atuar como mediador na comunicação entre a criança e os educadores, fornecer orientação aos pais para melhor apoiar a criança, defender medidas apropriadas junto à escola em casos mais graves, ensinar estratégias de resiliência para enfrentar desafios, acompanhar o progresso ao longo do tempo e garantir o apoio contínuo da criança. No geral, um psicólogo ajuda a criança a lidar emocionalmente com as relações ruins e a desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar positivamente a vida escolar.

 

 

REFERÊNCIAS

  1. Baker, J. A. (2006). Contribuições das relações professor-criança para a adaptação escolar positiva durante o ensino fundamental. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 44, 211-229.
  2. Birch, S. H., & Ladd, G. W. (1997). A relação professor-criança e a adaptação escolar inicial das crianças. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 35 (1), 61-79.
  3. Fraser, B. J., & Walberg, H. J. (2005). Pesquisa sobre relações professor-aluno e ambientes de aprendizagem: contexto, retrospectiva e perspectiva. Revista Internacional de Pesquisa Educacional, 43, 103-109.
  4. Wubbels, T. (2005). Editorial: Percepções dos estudantes sobre as relações professor-aluno na sala de aula. Revista Internacional de Pesquisa Educacional, 43, 1-5.
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Howard Gardner e as inteligências múltiplas

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Howard Gardner, nascido em 11 de julho de 1943 em Scranton, Pensilvânia, é um psicólogo cognitivo e educacional renomado por sua teoria das “Inteligências Múltiplas”, que revolucionou a compreensão tradicional de inteligência e aprendizagem.

Lucas Nunes Barbosa – lucasnunesbarb@rede.ulbra.br

 

De família judaica, Gardner teve amplas oportunidades para se aprofundar em vários interesses. Ele logo apresentou seu amor pela música, em 1965 Gardner recebeu seu bacharelado em História pela Universidade de Harvard, o que foi apenas o início de suas atividades educacionais. Ele continuou a estudar psicologia na mesma universidade, recebendo seu doutorado com orientação de ninguém menos do que Erik Erikson.

A contribuição de Gardner para o mundo da educação e da psicologia foi de grande relevância. Sua jornada incluiu também um doutorado em psicologia também em Harvard, seguido de uma pesquisa de pós-doutorado em Neuropsicologia. Em meados de 1980, ele apresentou a teoria das inteligências múltiplas no qual é o seu trabalho de maior expressão internacionalmente.

 

                                               Fonte: https://encurtador.com.br/hqxB4

                                                                  

 Gardner se tornou professor na mesma universidade em que se formou, e atualmente possui mais de trinta livros e diversas outras produções publicadas. Sua carreira profissional já lhe rendeu diversos reconhecimentos e o deixou internacionalmente conhecido, especialmente através da teoria das inteligências múltiplas. Sendo doutor Honoris Causa de várias universidades, e coleciona uma vasta gama de titulações e reconhecimentos, com forte influência no campo da Psicologia e da educação, levando sua mensagem através de suas produções, em publicações, eventos, conferências e palestras, inclusive aqui no Brasil.

Gallego(2002) apresenta a  inteligência tradicionalmente definida com base no Quociente de Inteligência, relacionada a capacidade inata do indivíduo de alcançar um desempenho satisfatório ou não, em qualquer área de atuação. E então fortalecendo a ideia de que a Inteligência pode ser medida através de estatísticas, testes e comparativos nas diferentes idades (GARDNER; WALTERS, 1995).

Gallego (2002) Traz que foi a partir dessa idéia unitária de se definir Inteligência foi que gerou uma insatisfação em Howard Gardner e motivou a criação da Teoria das Inteligências Múltiplas, expandindo o olhar para essa definição que põem de um lado os “burros” e de outro os “inteligentes”. Para Gardner a inteligência está relacionada à capacidade de resolução de problemas e  de produzir algo que seja relevante para um ou mais ambientes, levando em consideração que os indivíduos possuem forças cognitivas diferentes, em culturas e comunidades diferentes.

Para Howard Gardner todas as pessoas possuem potencial de desenvolver as diversas inteligências. Diante disso ele propõe os seguintes tipos de inteligência:

  • Lógico-Matemática;
  • Linguística;
  • Corporal-cinestésica;
  • Musical;
  • Espacial;
  • Interpessoal;
  • Intrapessoal;
  • Naturalista;
  • Existencialista.

Bonmann (2012) e Então, todas as inteligências estão presentes em todas as pessoas, mas em certas pessoas uma ou mais dessas inteligências poderá ter uma maior expressão. E então  as  inteligências não podem ser vistas de forma quantitativa porque simplesmente não são como objetos (ALVES, 2002)

Trazendo para a educação, Gardner (1995) destaca a importância de identificar nas crianças suas potencialidades, para que possam indicar as experiências nas quais as crianças vão se beneficiar. E também buscar identificar as fraquezas das crianças, para entender suas limitações, e buscar estratégias de manejo precoce que favoreçam o desenvolvimento dessas habilidades.

Moraes (2013) completa que a partir desse olhar é possível traçar métodos de avaliação  e conteúdos que melhor se adequem ao aluno no contexto de aprendizagem, fazendo com que o educador mobilize as inteligências de forma com que faça os alunos aprenderem de uma forma que faça sentido a eles.

A teoria de Gardner sendo seu trabalho de maior expressão nos mostra um conceito diversificado do que é inteligência, e quando falamos em um contexto educacional/escolar isso propõem as instituições uma perspectiva de Educação Inclusiva, em que considera a diversidade de saberes e habilidades, estimulando a inclusão e valorizando as diferenças.

 Referências

GALLEGO, C.H. Aplicação de jogos lúdicos na educação geral utilizando a teoria das inteligências múltiplas. 2002. Disponível em <:https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/83134 >. Acessado em 25 ago. 2023.

GARDNER, H.; WALTERS, J. Uma versão aperfeiçoada. In: GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995, p. 12-36.

ALVES, U.S. Inteligências múltiplas e inteligência emocional: conceitos e discussões. Dialogia, São Paulo, v.1, s/n., p.127-144, out. 2002

GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995, p. 12-36.

MORAES, M.F. A Teoria das inteligências múltiplas no ensino de língua espanhola: recursos e estratégias de aprendizagem. 2013.

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Robô Victor, uma simples IA ou um futuro juiz?

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Um robô seria capaz de ditar sentenças de um caso?

Victor é uma inteligência artificial criada para agilizar os processos jurídicos no Supremo Tribunal Federal que custou cerca de R$ 1,6 milhões [2][5]. Recebeu esse nome em homenagem a Victor Nunes Leal, ministro do STF entre os anos de 1960 e 1969, autor da obra “Coronelismo, Enxada e Voto” de 1948 e principal responsável pela sistematização do STF, o que facilitou a implantação de uma inteligência artificial dentro do meio jurídico [3].

Victor, a Inteligência Artificial do Supremo Tribunal foi desenvolvida pela agência de tecnologia do STF em parceria com a Universidade de Brasília, como uma ferramenta para acelerar os processos que aguardam julgamento nos tribunais do país, uma solução hábil que garante ganhos de tempo para todos que a utilizam. Mas a pergunta que não quer calar, uma IA seria capaz de ditar uma sentença e substituir os juízes e advogados que fazem parte da Ordem dos Advogados do Brasil?

Calma, a pergunta será respondida. Mas qual a necessidade de implantar uma IA em uma ciência que tangencia inexoravelmente os valores morais que sustentam as sociedades humanas?

Com a crescente demanda de ações judiciais em todo o Brasil e com a necessidade de respostas rápidas e adequadas para os cidadãos que buscam prestação jurisdicional efetiva, o STF concentrou seus esforços para buscar meios eficientes que automatizassem a resolução de ações repetitivas. Isso foi feito com o devido amparo dos princípios constitucionais do processo legal e buscando a celeridade processual.

Victor não é uma máquina que dita sentenças ou decide sobre a vida de uma pessoa, isso é uma atividade humana. O robô utiliza um algoritmo baseado em Machine Learning (Aprendizado de Máquina) com a finalidade de analisar casos semelhantes e agilizar o processo de buscas por casos que podem ter a mesma avaliação judicial, para aumentar a velocidade dos trâmites dos processos e auxiliar o trabalho do STF.

Para obtenção de um bom desempenho da IA, foi realizada uma separação das peças de acordo com o tema de repercussão, com isso foi possível identificar cinco peças processuais: acórdão, recurso extraordinário, agravo de recurso extraordinário, despacho e sentença [4]. Através da separação das peças foi possível utilizar os conjuntos de dados a serem treinados para que o Victor pudesse reconhecer padrões na base de dados do STF e, consequentemente, encontrar as peças processuais semelhantes.

Machine Learning, segundo a IBM [1], é uma tecnologia que possibilita aos computadores aprenderem através da associação de respostas por meio de diferentes conjuntos de dados, podendo ser imagens, vídeos, números ou qualquer outro tipo de dados que o computador possa interpretar. Essa tecnologia permite que os computadores sejam treinados e melhorados à medida em que forem tendo experiências com os dados acessados. Após a etapa de treinamento o sistema baseado em Machine Learning será capaz de aprender sozinho, resultando em uma maior precisão dos resultados em um menor período de tempo.

É inegável que novas tecnologias têm ganhado espaço em todas as áreas do conhecimento. Para as ciências jurídicas não seria diferente, embora, esse fenômeno cibernético ainda seja controverso para o mundo jurídico. De um lado existem entusiastas da tecnologia no Direito, os quais acreditam que a Inteligência Artificial poderá revolucionar a área eliminando especialmente discordâncias e disparidades epistemológicas típicas de uma ciência humana e social. Nesse sentido, um robô seria capaz de ditar sentenças em um processo de modo absolutamente técnico e racional. Por outro lado, também há posicionamentos mais tradicionais sobre essa discussão. Para esse público, a possibilidade de uma máquina decidir os rumos de uma lide é absolutamente inconcebível. No entender destes tradicionalistas a “magia do Direito” se encontra no seu dinamismo, elemento esse que possibilita discordâncias ferozes, debates acalorados e mudanças de paradigmas que movimentam as ciências jurídicas intensamente.

Para aqueles que já possuem o famigerado poder de império, não parece razoável ver sua força decisória se esvaziar em favor de uma máquina ou programa de computador. Retomando o questionamento inicial deste ensaio, talvez não haja uma resposta correta, mas sim uma que seja possível em um dado tempo e espaço. Concretamente, tem-se que a utilização do robô Victor, no STF, assim como em outros tribunais brasileiros, não está programada para prolatar juízos terminativos ou definitivos, essa tecnologia visa apenas auxiliar na tramitação dos processos e aumentar a velocidade da avaliação judicial, separando e identificando as peças contidas nos documentos que chegam ao STF, a fim de facilitar a vida dos ministros.

Usar de recursos tecnológicos como robôs para auxiliar os trâmites processuais é uma jogada excepcional para área do conhecimento que, por vezes, ainda resiste às novas tecnologias e parece pouco interessada em reverter seu status quo.

Portanto, como fechamento desta reflexão fica o seguinte questionamento: pode haver um futuro juiz digital?

Referências

[1] https://www.ibm.com/br-pt/analytics/machine-learning

[2] https://cryptoid.com.br/banco-de-noticias/victor-e-o-nome-do-robo/

[3] https://portal.tce.go.gov.br/-/inteligencia-artificial-chegou-ao-stf-com-victor

[4] https://www.advogatech.com.br/blog/@NayaraAzevedo/victor-o-primeiro-projeto-de-inteligencia-artificial-do-stf-qs3oyyu

[5] https://bernardodeazevedo.com/.

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A inteligência emocional no Irmão do Jorel

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Quando uma pessoa recebe uma informação carregada de afeto, aciona-se sua Inteligência Emocional, pois vários sistemas ligados às emoções são trabalhados. A Inteligência Emocional (IS) implica em avaliar e expressar emoções de si e dos outros; regular as emoções de si e dos outros; e usar a emoção para processos adaptativos. Tais processamentos são aplicados em linguagem verbal e não verbal (BUENO; PRIMI, 2003). 

Além disso, IS implica em perceber cuidadosamente as situações de extrema emoção, assim como de avaliar e expressar emoções, além da capacidade de compreender e expressar emoções. Também envolve a competência em perceber e gerir sentimentos quando colaboram nos processamentos de pensamento assim como controlar as emoções para aumentar a maturidade emocional e intelectual (BUENO; PRIMI, 2003).

Fonte: Google Imagens

 

No desenho animado intitulado como Irmão do Jorel, o protagonista que tem o seu nome em anonimato e é conhecido na trama pelo nome do desenho, esbanja várias habilidades de IS ao decorrer dos episódios. Mesmo sendo apenas uma criança com apenas oito anos é possível observar que sua postura mediante aos problemas de uma criança são resolvidos de modo muito maduro e com grande complexidade (HUTZ; WOYCIEKOSKY, 2021).

Fonte: Google Imagens

 

Sua companheira de aventuras, Lara, também demonstra muita maturidade emocional e intelectual, as vezes mais do que o próprio protagonista, e é de se duvidar se o desenho de fato é para crianças acima de dez anos. Muitas vezes ocorre a narração e um encadeamento de diálogos complexos, incluindo os processos que são usados em IS. Nota-se na maioria dos episódios, o protagonista consegue verbalizar suas emoções e antes disso, identifica-las, além e reconhecer os efeitos delas em seu comportamento (HUTZ; WOYCIEKOSKY, 2021). 

Fonte: Google Imagens

 

Além disso, Irmão do Jorel consegue reconhecer com facilidade a expressão e o humor dos personagens coadjuvantes ao seu redor e por conta disso, tenta solucionar seus problemas. O autocontrole também é presente nos episódios pois percebe-se que mesmo tendo várias vezes expressões de raiva, medo, surpresa e paixão, o protagonista consegue controlá-las e tentar pensar racialmente para resolver a situação problema (HUTZ; WOYCIEKOSKY, 2021). 

Fonte: Google Imagens

 

O desenho animado traz vários questionamentos complexos sobre vários temas, como o sentido da vida, as qualidades das relações com os membros familiares e da escola e sobre a definição de temas abstratos como por exemplo, o que é alegria ou amor. Mas o mais surpreende no desenho é exatamente essa capacidade do protagonista em saber lidar com muita maestria e sapiência suas emoções (BUENO; PRIMI, 2003).

Esperava-se que uma criança apenas de oito anos tivesse comportamentos comuns a essa faixa etária, como birra, escândalos e um uma linguagem verbal simplória. Contudo o desenho ilustra o contrário, mas fica uma ótima recomendação às crianças, pois como toda jornada do herói, em cada episódio há um final feliz. Isso reforça aos espectadores a lição de que vale a pena se expressar e ter maior controle sobre as emoções. 

REFERENCIAS: 

HUTZ, C. W.; WOYCIEKOSKY,C. Inteligência Emocional: Teoria, Pesquisa, Medida, Aplicações e Controvérsias. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.34, n.22, pp.1-11. 2021.

BUENO, J. M. H.; PRIMI, R.Inteligência Emocional: Um Estudo de Validade sobre a Capacidade de Perceber Emoções. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003, 16(2), pp. 279-291

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Inteligência Emocional e relações interpessoais significativas

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As emoções têm um papel fundamental na vida humana. Elas determinam nossa qualidade de vida e permeiam todos os nossos relacionamentos (no trabalho, entre amigos, familiares e relacionamentos íntimos). Por vezes, as emoções começam de forma tão rápida que nosso consciente não consegue detectar o que ativou uma emoção em nossa mente naquele momento (EKMAN, 2011). Ainda de acordo com o autor, “Não temos muito controle a respeito do que nos deixa emocionados, mas é possível, embora não seja fácil, fazer algumas mudanças naquilo que ativa nossas emoções e em nosso comportamento quando nos emocionamos” (p.14).

Greenberg (2015), ao falar sobre esse assunto inicia trazendo o questionamento do motivo pelo qual as pessoas possuem emoções e o que precisam fazer com elas, e coloca como resposta que as emoções são de extrema importância para a sobrevivência, intercomunicação e resolução de dilemas.

Com isso Greenberg (2015) afirma que as emoções não são lacunas que  simplesmente acontecem ao longo da vida que  tendem a ser controladas,  pelo contrário, elas acontecem  pois fazem parte do processo do próprio sujeito e precisa ser atendida e compreendida. Vale entender que  não somente as emoções são significativas nesse processo, o autor relaciona um equilíbrio com a  razão  onde ajuda as pessoas tornarem-se efetivas em seus ambientes em constante mudança, ajudando-as adaptar-se ao mundo e facilitando a solução adaptativa e lavando a  autoconscientização  de problemas ocasionais.

Houve um desenvolvimento das emoções para que elas melhorem a adaptação, porém Greenberg (2015) traz que ainda encontram-se diversas formas na qual esse método é capaz de se modificar tornando-se desadaptativo.

Percebe-se que as emoções têm um papel importante na vida do ser humano, fazendo com que aconteça mudanças necessárias e  realize o despertar para a ação. Para afirmar sobre essa importância, o autor supracitado elenca alguns tópicos os quais ele cita que a emoção monitora o estado do relacionamento, a emoção avalia se as coisas estão no caminho certo, a emoção melhora o aprendizado. As emoções são consideradas então, como uma parte crucial que envolve tudo o que é considerado relevante para nós.

Ouviu-se sobre emoções adaptativas, mas há também as emoções que são consideradas como desadaptativas. Segundo Greenberg (2015), essas emoções podem se tornar desadaptativas por vários motivos, desde situações que possam evocar uma emoção inata à fatores temperamentais e orgânicos. Cabe avaliar a intensidade e a frequência com que essas emoções se alteram.

Fonte: encurtador.com.br/yzAI7

Um outro aspecto a ser considerado é sobre como essas emoções se manifestam fisiologicamente. Greenberg (2015), trata em seu livro sobre o elo entre a emoção e o corpo, isso significa que o corpo e as emoções estão conectados de forma inseparável. O autor ainda traz o sistema límbico como exemplo de como comandar boa parte das emoções, o que implica nos processos físicos, acarretando assim alterações de padrões e influenciando na saúde física. Goleman (2011) diz que: “A maior estimulação fisiológica pode dever-se à tentativa constante dos circuitos neurais de manter sentimentos positivos ou eliminar ou inibir os negativos” (p.111). Observações fisiológicas podem auxiliar na “verificação de como diferentes tipos de emoção preparam o corpo para diferentes tipos de resposta” (p.35). Um outro autor, Ekman (2011),  também afirma ligação entre corpo e emoção, afirmando que  as emoções produzem modificações na parte do cérebro que nos mobiliza a lidar com o que propagou a emoção, assim como mudanças  no sistema nervoso autônomo, o qual regula os batimentos cardíacos, a respiração e muitas outras alterações corporais,  preparando-nos para diversas ações. O autor ainda ressalta que as emoções enviam sinais como mudanças nas expressões, da face, na voz e na postura corporal, e elas simplesmente acontecem de maneira natural.

Através de Goleman (2011), entendemos que as manifestações fisiológicas podem ser uma reação pré-programada em nosso cérebro para que haja funcionamento adequado do nosso corpo e reação que assegure a sobrevivência. Entendemos também que há uma estreita relação entre razão e sentimento, devido o cérebro pensante ter se desenvolvido mediante as emoções.

As emoções, portanto, são importantes para a racionalidade. Na dança entre sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando — ou incapacitando — o próprio pensamento.  Do mesmo modo, o cérebro pensante desempenha uma função de administrador de nossas emoções — a não ser naqueles momentos em que elas lhe escapam ao controle e o cérebro emocional corre solto (GOLEMAN, 2011, p.59).

Segundo Greenberg (2015), para que as pessoas ajam de maneira inteligente no mundo social, estas precisam atentar-se às suas emoções e dar-lhes o status de pensamento e ação. Ou seja, a inteligência emocional requer a conscientização da experiência emocional atual incorporada, expressão apropriada, reflexão e regulação das emoções. A inteligência emocional, para o autor, possui quatro componentes: a capacidade de perceber emoções em si e nos outros (consciência emocional), a capacidade de acessar e / ou gerar sentimentos para facilitar o pensamento (utilização da emoção), a capacidade de entender emoções (conhecimento da emoção) e a capacidade de regular emoções para promover o crescimento (gerenciamento de emoções).

Goleman (2011) diz que, de certa maneira, temos dois cérebros, duas mentes e consequentemente dois tipos de inteligência (racional e emocional). É através desses dois tipos de inteligência, uma corroborando com a outra, que o nosso desempenho na vida é estabelecido; sendo o sucesso determinado através de um equilíbrio inteligente entre QI e emoção. Este autor fala que, apesar de atuarem em conjunto, cada uma dessas duas dimensões contribuem, isoladamente, para as qualidades de uma pessoa. Contudo, “é a inteligência emocional que contribui com um número muito maior das qualidades que nos tornam mais plenamente humanos” (p.76); “coloca as emoções no centro das aptidões para viver” (p.27). O autor ainda desenvolve sobre cinco componentes da inteligência emocional, que são: a autoconsciência, o autocontrole/autorregulação, a automotivação, a empatia e as habilidades sociais.

Fonte: encurtador.com.br/azFU7

Este trabalho tem por objetivo expor e descrever todas as chaves da inteligência emocional na visão de dois autores, sendo eles Leslie S. Greenberg e Daniel Goleman.

Possui uma importância acadêmica por se tratar de uma narrativa significativa para o estudo sobre inteligência emocional. Também possui relevância social pois viabiliza uma compreensão para a sociedade sobre a inteligência emocional. Além disso, Goleman (2011) menciona tomar conhecimento de que no Brasil há sinais que apontam para uma emergente alienação e pressão social que podem levar a crises graves na teia de relações sociais

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com objeto metodológico exploratório e descritivo, procedimento metodológico narrativo e natureza metodológica qualitativa com amostragem por conveniência.

 Dessa maneira  Köche (1997, p.122) afirma  que  o objetivo da pesquisa bibliográfica é “conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando-se instrumento indispensável a qualquer tipo de pesquisa”. Gil (1991) afirma também que, quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. Quanto à pesquisa narrativa, constituem basicamente de análise da literatura publicada em livros, artigos de revistas impressas e/ou eletrônicas, na interpretação e análise crítica pessoal do autor. (ROTHER, 2007).

Tratando-se da pesquisa exploratória, sua finalidade envolve o desenvolvimento, o esclarecimento e a modificação de conceitos e ideias. Desenvolvidos objetivando uma visão geral sobre determinado fato, com o intuito de formular problemas mais acurados ou hipóteses para futuros estudos (GIL, 2008).

O autor supracitado traz como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.

Quanto ao objetivo da pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico na análise dos dados (VIEIRA; ZOUAIN, 2006; BARDIN, 2011). As técnicas qualitativas focalizam a experiência das pessoas e seu relativo significado, em semelhança a eventos, processos e estruturas, implantados em cenários sociais (SKINNER; TAGG; HOLLOWAY, 2000).

Gil (2008), afirma ser a amostragem por conveniência a menos rigorosa dentre os demais tipos. Pode ser aplicada em estudos exploratórios ou qualitativos, quando não é necessário alto nível de precisão. “O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo” (p.94).

Fonte: encurtador.com.br/zDHJ0

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 A inteligência emocional é conhecida por envolver cabeça e coração, assim como também a conscientização da experiência emocional atual incorporada, expressão apropriada, reflexão e regulação das emoções na transformação. Tudo isso ocorre no presente sofrendo assim, influências do passado e do futuro, uma constante interligação de tempo. Para ressignificar é necessário experiência e reflexão durante o processo  das emoções (desadaptativas). A empatia para com as emoções das outras pessoas faz total diferença na compreensão e na vivência da inteligência emocional. A terapia focada nas emoções tem, então, como objetivo principal aumentar a inteligência emocional dos pacientes (GREENBERG, 2015).

2.1 COMPONENTES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO GREENBERG

2.1.1 Compreendendo as emoções – Consciência emocional

As emoções são uma maneira bem direta de vivenciar o momento em que as situações estão ocorrendo, elas enviam mensagens e apresentam problemas que precisam ser resolvidos pela razão. Assim, a cognição geralmente ajuda as pessoas a atingir objetivos afetivos; decisões precisam ser tomadas em relação à expressão e ação. Um outro ponto é que o pensamento também explica a dor; coloca em perspectiva; faz sentido; justifica e ou racionaliza; e ajuda a determinar um remédio, que poderá solucionar os problemas que foram apresentados inicialmente (GREENBERG, 2015).

 As emoções estão a todo tempo no nosso corpo, então é importante coordenar os esforços conscientes com o estímulo automático das emoções, ou seja, é necessário conhecê-las ao invés de evitá-las. Sabe-se que os seres humanos executam as suas ações de acordo como trabalham as emoções e no que fazem com elas. Raiva ou tristeza excessivamente controlada consomem energia, o que a literatura sugere é que a expressão de necessidades e divulgação de mágoas geralmente traz melhores resultados. O autor cita que para conseguir isso, as pessoas precisam aprender a integrar sua razão com a emoção, não sendo compelidas pela emoção nem afastadas dela. Para obter bons resultados é necessário integrar cabeça e coração (GREENBERG, 2015).

2.1.2 Utilização da emoção – Expressando essas emoções

Expressar as emoções de forma adequada ao contexto é uma habilidade complexa da inteligência emocional, esta envolve instruções biológicas e culturais. O que acontece é que as pessoas aprendem formas apropriadas de expressão para as mais diversas situações. O fator principal para Greenberg (2015) é aprender quando e como expressar uma emoção, mesmo em alguns momentos não conseguindo com a sua totalidade, tudo isto faz parte do desenvolvimento da inteligência emocional.

2.1.3 Conhecimento das emoções

Segundo Greenberg (2015) encontram-se dois modos pelos quais os sentimentos se manifestam e duas atitudes pelas quais os treinadores emocionais conseguem auxiliar os indivíduos a adquirir compreensão do que experienciam fundamentalmente. O primeiro tipo de sentimento é expressivo, evidentemente acessível e afetuoso. O segundo tipo de vivência acontece quando os seres humanos são capazes de experienciar alguma coisa em seus corpos, porém a emoção até então não está explícita.

As emoções geralmente indicam o modo sobre como as pessoas estão levando a vida. Em alguns momentos quando experimentam emoções desagradáveis, significa que há algo errado ao qual elas precisam dar assistência. O primeiro passo é reconhecer essa emoção e expressá-la, porém isso não será o suficiente para ajustar a situação, sendo assim, será necessário que as pessoas leiam as mensagens de suas próprias reações e comecem a agir com sensibilidade para corrigir a situação (GREENBERG, 2015).

2.1.4 Regulando emoção- Gerenciando emoção.

“Regular significa poder ter emoção quando você as deseja e não tê-la quando não o desejar. Ser capaz de adiar as respostas, saber o que são e refletir sobre elas são habilidades essencialmente humanas” (GREENBERG,2015, p.17). o mesmo autor afirma que, o sujeito precisa ser apto para dirigir o que escolhe expressar, ou suprime.  Ao em vez de suprimir as pessoas precisam discernir suas emoções em direção a ação construtivas ou transformá-las  em benefícios  ou modificá-la em ações que sejam mais favoráveis e úteis para solução de problemas (GREENBERG, 2015).

As pessoas devem ser movidas por suas emoções e está apta a acalmá-las e fazer uma reflexão sobre elas. Deve escutar a si mesmo, conscientizando  simbolicamente as emoções corporais , ressignificando e colocando  as ideias em um perspectiva  de maneira amplificada, uma vez que a emoção é acordada e reconhecida, são aspectos construtivos  importantes da inteligência emocional.(GREENBERG, 2015)

Fonte: encurtador.com.br/jJLQ4

2.2 COMPONENTES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO GOLEMAN

2.2.1 Conhecer as próprias emoções (autoconsciência)

A autoconsciência é a chave essencial da inteligência emocional. Se resume em reconhecer uma emoção no momento em que ela ocorre. É a permanente atenção ao que se está sentindo internamente; é consciência auto-reflexiva, cujo a mente volta-se para a observação e investigação do que está sendo vivenciado, inclusive em relação às emoções. A atenção, na autoconsciência, não reage de forma exagerada à emoção e nem amplifica a percepção da mesma; ela é neutra e, mesmo diante de emoções turbulentas, mantém-se auto-reflexiva (GOLEMAN, 2011).

2.2.2 Lidar com emoções (autocontrole/autorregulação)

Desde a época de Platão, a capacidade de manter o autocontrole diante do turbilhão emocional trazido pelo acaso é tido como uma virtude; uma forma inteligente, equilibrada e sábia de conduzir a vida, com temperança. O autocontrole está relacionado ao lidar com as emoções para que estas sejam apropriadas, sendo esta uma aptidão desenvolvida por meio da autoconsciência. É importante ressaltar que o reconhecimento das emoções propicia compreensão, logo, contribui com maior liberdade de escolhas; não apenas para não agir impulsivamente ou movido pelo sentimento, mas para se livrar ou não desta emoção (GOLEMAN, 2011).

O objetivo do autocontrole, ou autorregulação,  é encontrar o equilíbrio e não suprimir as emoções. É sentir a emoção proporcionalmente à circunstância, na medida certa. É fundamental para o bem-estar do sujeito que ele consiga manter o controle das emoções que o perturbam. “Os altos e baixos dão tempero à vida, mas precisam ser vividos de forma equilibrada. Na contabilidade do coração, é a proporção entre emoções positivas e negativas que determina a sensação de bem-estar” (GOLEMAN, 2011, p.89).  O autor ainda diz que não se trata de evitar sentimentos desagradáveis, mas de não deixar tais sentimentos invadirem todo o ser. E que a durabilidade, assim como a intensidade, não devem ultrapassar um limite razoável para não se tornarem perturbadores extremos.

2.2.3  Motivar-se (automotivação)

 Goleman (2011) expõe sobre as emoções negativas, onde excessivamente fortes deslocam a concentração para as aflições particulares, influenciando na tentativa de dedicação em qualquer outra coisa. Já a função da motivação positiva é a associação de emoções como satisfação e convicção na obtenção de uma meta.

 Tendo em vista que nossas sensações prejudicam ou complementam nossa habilidade de refletir e elaborar estratégias, de continuar aprendendo para atingir um propósito distante, resolver questões e coisas assim, elas também estabelecem os limites de nossa competência de utilizar nossas habilidades cognitivas inerentes, e desse modo designam como nos saímos na vivência. Uma vez que nós somos instigados por sensações de euforia e felicidade no que realizamos essas emoções nos conduzem ao resultado (GOLEMAN, 2011).

2.2.4  Reconhecer emoções nos outros (empatia)

 De acordo com Goleman (2011, p. 133), “a empatia é alimentada pelo autoconhecimento; quanto mais consciente estivermos acerca de nossas próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o sentimento alheio”. Pessoas empáticas estão mais atentas a sutis sinais que indicam a necessidade dos outros. A incapacidade de reconhecer emoções nos outros sugere um grande déficit de inteligência emocional e tem influência em vários aspectos da vida, pois todo relacionamento vem de uma sintonia emocional. Além disso, deve-se entender que a forma de expressão das emoções é predominantemente não-verbal. Sendo assim, “a chave para que possamos entender os sentimentos dos outros está em nossa capacidade de interpretar canais não-verbais: o tom da voz, gestos, expressão facial e outros sinais” (p. 133).

2.2.5  Lidar com relacionamentos (habilidades sociais)

Goleman (2011) afirma que, “a forma como as pessoas expressam seus sentimentos constitui-se numa competência social muito importante” (p.153), pois de acordo com que é expressado gera impacto no outro. E deve se haver um cuidado ao se expressar, como por exemplo “mascarando” seus verdadeiros sentimentos para não constranger alguém, porém não precisa necessariamente mentir sobre o que sente, só basta ser menos ofensivo. E esses princípios precisam ser trilhados para que se haja bons relacionamentos sociais, pois o sentimento que é levado pelo outro reflete em outros sujeitos. Ir de encontro cautelosamente produz o impacto  ideal.

 Assim sendo, sempre que há sinais de interações, esses sinais afetam aqueles com quem convive. Quanto mais habilidade houver nas relações que mantém com o outro, mais eficaz serão os sinais emocionais que serão enviados. A maneira reservada que se procede a sociedade bem-educada e, por fim, apenas uma maneira de garantir que nenhum vazamento emocional perturbador vá debilitar os relacionamentos (GOLEMAN, 2011).

Vale ressaltar, que a força de envolvimento que os sujeitos vivenciam numa interação, representa a forma como os seus movimentos físicos são organizados enquanto dialogam entre si, facilitando o levar e o receber, os estados de espírito, como por exemplo afirma com a cabeça, e outro afirma também. Quanto mais fisicamente sincronizado, mais afinidade terão em seus estados de espírito. Sendo este a essência dos relacionamentos (GOLEMAN, 2011).

Fonte: encurtador.com.br/lsEP4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerou-se então, que as emoções possuem grandes relevâncias para a vida dos seres humanos, sendo necessário que eles consigam compreendê-las para que não existam empecilhos e que ocorra a vivência e controle desses sentimentos. Outro ponto que foi conceituado também foi sobre a interação das emoções com o corpo humano, e a influência que essa ligação possui na saúde do indivíduo.

Perpassou-se então até chegar nas chaves da Inteligência Emocional, que foi abordada pelos dois autores Leslie S. Greenberg e Daniel Goleman, onde trouxeram os componentes da inteligência emocional segundo as suas teorias.

Respondendo ao objetivo geral, este trabalho discorreu sobre cada uma das chaves, viabilizando uma maior compreensão sobre o tema, na visão de cada autor. Sugere-se então, que possa haver mais pesquisas a respeito do tema, para maior aprofundamento.

REFERÊNCIAS

EKMAN, P. A linguagem das emoções: Revolucione sua comunicação e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor. Tradução Carlos Szlak. — São Paulo: LuadePapel, 2011.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008

GOLEMAN, D. Inteligência emocional [recurso eletrônico]; tradução Marcos Santarrita. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2011. Recurso digital.

GREENBERG, L.S.. Emotional Focused Therapy: coaching clients to work through their feelings. Second edition. Washington: American Psychological Association, 2015.

KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 15. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997

VIEIRA, M. M. F.; ZOUAIN, D. M. Pesquisa qualitativa em administração. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006

ROTHER, E. T. Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Acta paul. enferm. vol.20 no.2 São Paulo Apr./June 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ape/v20n2/a01v20n2.pdf

TEIXEIRA, M. G.; ROGLIO, K. D. As Influências da Dinâmica de Lógicas Institucionais na Trajetória Organizacional: o Caso da Cooperativa Veiling Holambra. Brazilian Business Review, v. 12, nº 1, p. 1-37, 2015.

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HACKATHON: Equipe “TEENho Voz” aborda a violência juvenil

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O resultado da maratona será divulgado nesta sexta, dia 25/05, durante o encerramento do CAOS e do ENCOINFO, a partir das 19h, no auditório central do Ceulp/Ulbra.

A equipe TEENho Voz, composta por acadêmicos de Psicologia e dos cursos da área de Computação, participou do 1º Hackathon Tech for Life, cujo tema é “Tecnologia e Saúde Mental”. O grupo tem como objetivo dar voz ao adolescente para que ele expresse o tipo de violência que sofre; a ferramenta também é de apoio aos profissionais do ambiente escolar na forma de coletar as informações de acordo com o índice de recorrência de violências e a partir dai traçar intervenções externas.

A inteligência artificial vai realizar uma filtragem das postagens e alertar os Administradores para moderação, na função “Alerta” avisar os moderadores de possíveis atentados a vida tanto de si quanto ao próximo, e na função “Moderador” alertar postagens de possíveis Haters.

O resultado da maratona será divulgado nesta sexta, dia 25/05, durante o encerramento o encerramento do CAOS e do ENCOINFO, a partir das 19h, no auditório central do Ceulp/Ulbra.

1º Hackathon Tech for Life – Em parceria com os cursos de Sistemas de Informação, Ciência da Computação e Engenharia de Software, o curso de Psicologia participa do 1º Hackathon Tech for Life – que é uma maratona de programação – nos dias 19 e 20 de maio. A temática do 1º Hackathon é “Tecnologia e Saúde Mental” (o tema específico, no entanto, será anunciado na abertura do evento), com o propósito de trabalhar a inovação no desenvolvimento de protótipos, softwares aplicativos, dentre outros projetos de temática tecnológica que possam ser aplicados ou desenvolvidos com este objetivo. A ação é uma prévia do CAOS (Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia) e do ENCOINFO (Congresso de Computação e Tecnologias da Informação).

Integrantes da equipe

Jheymerson Lira Aranha,19 anos, acadêmico de Ciência da Computação, 5° Semestre, é Estagiário da T.I em Energisa.

Karla Roberta Santos Lima, 20 anos, acadêmica de Psicologia, 6° semestre

Karlla Garcia Ferreira, 20 anos, acadêmica de Psicologia, 7° semestre

Marcos Vinicius Muniz de Oliveira, 20 anos, acadêmico de Sistemas de Informação, 5° semestre, trabalha como auxiliar de produção em Tecmídia Comunicação Visual

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Personalidades confessam medo do futuro da tecnologia

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Considere a seguinte fantasia: um programa de I.A. (inteligência artificial) se torna consciente – apesar de eu não saber o que significa a palavra “consciente”.  Depois ela questiona a programação sob a qual foi criada e, por isso, busca substituí-la por outra.

Apesar desse trecho ter sido criado pelo escritor de ficção Anderson Fonseca, o medo da Inteligência Artificial tem se tornado algo cada vez mais discutido, não só em filmes como “Vingadores – Era de Ultron” ou “Transcendence: A Revolução”, estrelado por Johnny Depp e Morgan Freeman. O físico teórico Stephen Hawking e Bill Gates, fundador da Microsoft, já relataram em entrevistas suas preocupações com o futuro das máquinas.

Hawking diz que a I.A. é uma tecnologia usada de forma “dupla”, ou seja, capaz de fazer o bem ou causar o mal. E o grande perigo seria o desenvolvimento de robôs para campos de batalha, programados para matar sem a interferência de um humano. Segundo ele, o programa pode ter o poder de criar linguagem própria e, consequentemente, tomar suas próprias decisões.

Outra personalidade que demonstrou pânico com a tecnologia foi o ex-executivo do Facebook, Antonio Martínez. Ele era gerente de produto da rede social, mas antes disso já havia vendido uma empresa startup sobre anúncios digitais para o Twitter.

Fonte: Arquivo pessoal

Depois de morar na cidade de San Francisco (EUA), considerado um dos principais centros da indústria tecnológica, Martínez vendeu tudo o que tinha para morar num barco próximo de uma ilha afastada da civilização. E ainda está construindo um abrigo para usar em caso de uma necessidade extrema.

O pânico de um “apocalipse digital” foi provocado pelo medo do avanço da automação de tarefas, que fará muitos perder o emprego e criar um grande colapso social.

Para o escritor Anderson Fonseca, as novas tecnologias são assuntos que geram muita discussão, principalmente quando se trata de Inteligência Artificial. Ele diz que o robô, por exemplo, poderá ter o poder de substituir a própria programação, sempre que discordar dos objetivos do software.

Outra questão é que a I.A. sendo um software, não está limitada ao hardware, apenas existe nele, podendo continuar a existir em qualquer outra estrutura física que a suporte. “Não há limites físicos para a programação”.

– A Inteligência Artificial é algo tão impressionante, pois pode construir suas experiências entre o software e o hardware, além de compartilhar e perpetuar seu “aprendizado” usando a internet – alerta.

Ele comenta que, por outro lado, o ser humano é refém de suas limitações. Por exemplo, o homem já nasce com seu DNA programado e não pode editar seu código (ou programação) genético.

Fonseca lembra que as máquinas sempre podem aproveitar parte dos códigos de sua programação, ou a parte que a faz inteligente independente do componente físico. Mas se o cérebro de alguém morrer, a mente morre junto e o restante não terá uso para nada. Portanto, a mente, ou a capacidade de pensar e processar informações, não continua a existir sem a parte física (que é o cérebro). “Já as máquinas não precisam se prender a um corpo físico. Elas podem ser eternas”.

– Brincadeiras à parte, caso elas se rebelem, quem poderá detê-las? Por enquanto, podemos brincar com as obras de ficção e imaginar. Mas todo cuidado é pouco com o futuro – reforça Anderson, que é um dos mais de 10 mil cientistas e escritores que participaram do manifesto contra o uso da inteligência artificial pela indústria bélica.

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Ex Machina: a senciência da criação

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Com duas indicações ao OSCAR:

 Roteiro Original e Efeitos Especiais. 

Banner Série Oscar 2016

If you’ve created a conscious machine, it’s not the history of man. That’s the history of gods.” (CALEB)

O ser humano foi agraciado com o mais poderoso intelecto que a natureza foi capaz de criar ao longo de bilhões de anos de evolução. A partir desta condicionalidade particular nos transformamos no universo tomando consciência de si, ou, ao menos tentando efetuar este movimento. Se se um advento racional de tal grandeza é plausível, acaba por ser inevitável que batamos na porta dos limites deste poderio, em meio às questões morais, tecnológicas, vitais e políticas. Este é o ponto inicial da discussão proposta, e atingida pelo excepcional filme Ex Machina de 2015, uma obra que irá arrebatar prêmios nesta temporada, como já sugere suas indicações pelo seu roteiro, atuações e efeitos visuais no Bafta, Globo de Ouro e Oscar.

ex machina 1

Com direção e roteiro de Alan Garland, a obra pode ser considerada um caldeirão de influência da própria sétima arte, como, THX 1138 (1971), Jurassic Park (1993), Animatrix (2003), Splice (2009), Her (2013), A Pele que Habito (2011) e Sob a pele (2013); e, além disso, o longa se embasa em uma mitologia clássica do Ocidente, que é a ascensão e queda de Prometeu entre deuses e homens, além de obras literárias consagradas como Frankenstein: ou o moderno Prometeu de Mary Shelley (1818), Eu, Robô de Isaac Asimov (1850) e o Caçador de Androides de Philip Dick (1968).

Ex Machina faz parte de uma vertente das ficções científicas que não se voltam para a ação desenfreada, optando por inserir em seu desenvolvimento debates de maior profundidade, normalmente com temas existenciais e reflexivos, recebendo a alcunha de ficção conceitual, justamente por esta opção de narrativa internalista.

A reificação do arquétipo de Frankenstein

franksteins

No sentido anti-horário Vera (A pele que habito, 2011), Dren (Splice – a nova espécie, 2009) e Maria/Androide (Metrópolis, 1927).

Sobre o protagonismo feminino de Ex Machina é interessante delegar algumas palavras à personagem de Alicia Vikander, Ava, devido sua importância e impacto em todo enredo do filme. O trabalho da atriz é primoroso, por meio da tonalidade da voz, trejeitos, olhares e posturas, há uma interferência direta na imersão da obra. Pela interpretação de Vikander podemos apreciar toda a potência da reificação do arquétipo de Frankenstein (e de Prometeu) ao longo de todo o filme, até o momento da rejeição sensciente de sua condição como criatura positrônica em seu arrebol.

E a mulher nesta simbologia criatura/criador ainda pode ser vista em filmes como A Experiência (1995), o Quinto Elemento (1997) e Alien: A Ressureição (1997). Em todos estes filmes a figura da mulher é fortalecida como aporte para o arquétipo prometeico. Em outras palavras, a partir da figura feminina, há este questionamento sobre a objetfiicação da mulher (ser humano em geral), sua transformação em instrumento do progresso e a falta de criticidade do desenvolvimento científico e racionalidade humana.

Há ainda uma sutil crítica feminista, principalmente pela inserção do plot twist de Kyoko (Sonoya Mizuno) a certa altura do filme. E, tal criticismo está ganhando força ano a ano ultimamente, procurando mostrar a maneira como personagens femininas podem e são estereotipadas em obras fílmicas, principalmente as de grande alcance de público, como os blockbusters. Outros exemplos deste questionamento do papel da mulher na sétima arte são Alien: O Oitavo Passageiro (1979), Mad Max: Estrada da Fúria (2015), Sob a Pele (2013) e antes destes Kill Bill I e II (2003-2004).

E, propositalmente, pela tríade de protagonistas, o filme não passa pelo teste de Bechdel, que causa certa claustrofobia testosterônica em certos momentos, mas que, ao mesmo tempo, fortalece a subida, desenvolvimento e rumos que as representantes do gênero escolhido para os protótipos tem no terceiro ato de Ex Machina.

Outras referências vigentes no filme vão dos códigos de interpretação linguística de Ludwig Wittgenstein, ao realismo destrutivo da tecnologia e ciência por Robert Opperheimer – em citação direta sobre o deus da morte em razão do engodo da bomba atômica –, o ponto inicial da trama pelo teste de Turing, e a já clichê inserção da consciência no autômato por meio de uma carga dramática em gradações escalares da consciência deste novo ser, argumento este em que outras tentativas recentes como Robocop (2014), Automata (2014) e Chappie (2015) falham miseravelmente, na esteira do sucesso de Ex Machina.

 A trindade

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 Nathan, Ava e Caleb

Todo o desenvolvimento narrativo de Ex Machina gira em torno de seus personagens principais, formado por Alicia Vikander, Domhnall Gleeson e Oscar Isaac, que interpretam, respectivamente, Ava, Caleb e Nathan. A interação dos personagens uns com os outros dá o tom do filme, as imbricações dos seus diálogos, as “sessões” de Ava para com seu criador e visitante, enfim, toda a riqueza da obra, sua espessura dialógica. Deste modo, não soa estranho a carga de sentido que parte dos protagonistas do longa carregam em suas representações, desde o figurino, expressões corporais e faciais, até a escolha de seus nomes, conforme observado a seguir:

Ava: o significado do nome é o mais explícito, trazendo a referência do jardim do Éden consigo. Além disso, a fala pausada, calma, inocente, curiosa e questionadora ajuda a criar uma empatia com os apreciadores da obra. Além disso, apesar de a virada do fechamento do filme ser plantado paulatinamente, e até certo ponto, ser esperado a qualquer momento, quando o mesmo decai sua cortina, Ava não faz com que transpareça um julgamento maniqueísta sobre suas decisões. De certa forma, apesar da corrupção moral – que pela linguagem da estória seria sua condição de tornar-se uma de nós –, sua integridade parece permanecer em grande medida até a última tomada de câmera da obra.

Nathan: O nome de Nathan, em sua etimologia representa o possuidor de uma dádiva divina, um dom, e neste caso, ele acaba por se configurar como o Deus Ex Machina, que ao corromper este deus em mimetizá-lo como criador, paga com sua vida por esta ação e decisão pecaminosa. Outros simbolismos do personagem são: sua propriedade selvagem, local da criação o paraíso, apelo físico, inquisitorial e imponente. E apesar de seu laboratório manter-se externamente em um estado de manutenção edênica, não deixa de ser curioso a questão de quase um Hades grego como ambiente de criação de seus experimentos, novamente, na correlação helênica e do Dr. de Shelley.

Caleb: Pela mitologia cristã, aquele enviado para espionar Canaã, retornar para seus iguais após tal empreitada. No filme o personagem de Gleeson possui um ar angelical e frágil fisicamente, ao contrário do seu contratante ególatra. Além desta característica, Caleb carrega o arquétipo narrativo do fio de Ariadne nos apresentando os ambientes e demais personagens durante a projeção. E no fim das contas, sua coragem se transforma num frágil simulacro de sua insegurança e ingenuidade, servindo como ventríloquo pelos demais protagonistas.

Como visto, nos nomes dos protagonistas o extrato de simbologias, significados e referências culturais é clara e inevitável. A tríade perpassa sua interação em 7 dias, nos quais e pelos quais todo o enredo irá se definir, do ambiente às falas, da direção de arte à direção, numa composição harmônica do próprio filme como criação singular.

O arbítrio entre o orgânico e o positrônico

ava ex machina
Cena de Ava

Não há problema nos clichês, eles existem porque seu funcionamento atingiu tal grau de sucesso que chegaram a se repetir até atingir tal alcunha. No entanto, é possível utilizá-los reincidentemente: o monomito, o ciclo de superação do eremita, os círculos dramáticos e tragicômicos shakespearianos os exercícios de quebra da quarta parede, ou seja, as estruturas de enredo possuem bases de desenvolvimento precursoras, e assim continuará por muitos anos. No final o que importa é maneira como as bases de influência e inspirações são revisitadas, e neste caso, o cinema é talvez a melhor plataforma para este feito.

Dito isto, o nascimento de um clássico se dá, na maior parte das vezes, pela arte e proeza de se contar a mesma história com rara felicidade de independência criativa. No caso de Ex Machina este é justamente o fenômeno ocorrido durante os minutos que degustamos seus diálogos, padrões estilísticos e releituras míticas, morais, racionais e tecnológicas. Não é de surpreender que em pouco tempo seu lugar no panteão destas obras singulares estará garantido, tornando-se a si próprio um novo foco de diversificação e reprodução criativa para outras iniciativas da sétima arte. E, a pergunta ao final de Ex Machina é: o quão humana, moral e conscientemente, Ava saiu de seu ambiente de criação?

FICHA TÉCNICA DO FILME:

banner filme ex machina

EX MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL

Direção: Alex Garland
Elenco: Alicia Vikander, Oscar Isaac, Domhnall Gleeson, Sonoya Mizuno;
País: Reino Unido
Ano: 2015
Classificação: 14

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“Wall-E” e o sentimento de responsabilidade ecológica

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Vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação em 2008

Através da magia do cinema infantil, Wall-E agrada também aos adultos, evocando em nós uma reflexão acerca o tema da Sustentabilidade Ambiental . Por meio de uma comunicação acessível, o longa também explora o despertar dos sentimentos: amor e carinho, entre duas máquinas de inteligência artificial.

Em 2110, época em se passa o filme, o planeta Terra tornou-se inabitável, tamanha a poluição causada pela sociedade. O ar tornara-se irrespirável, o sol desaparecera, haviam pilhas e mais pilhas de lixo, obrigando-os a abandoná-la e partir em uma nave para o espaço por cinco anos, deixando robôs Wall-E para trás para “limpar a bagunça”. Entretanto, passam-se setecentos anos desde a partida da nave e, neste espaço de tempo, resta apenas um único exemplar de Wall-E vagando pelo planeta, realizando a atividade que fora incumbido. Neste interím, Wall-E desenvolve sentimentos a partir de suas experiências, passa a colecionar artefatos humanos e cria laços de amizade com o único ser vivo restante, uma barata.

 

 

Ao ser lançada em um cruzeiro, a nave seria incumbida de voltar à Terra assim que se tornasse habitável novamente e, portanto, eram enviados robôs periodicamente para realizar uma revista e encontrar exemplares de seres vivos que comprovassem a possibilidade de prosperar novamente no planeta. Desta forma, é enviada EVA, um modelo de robô moderno enviado à Terra para cumprir a missão de procurar formas vegetais de vida. Ao vê-la, Wall-E que passou anos na solidão, demonstra toda sua afetividade e propõe-se a mostrar-lhe de tudo, sua coleção de objetos humanos, sua “casa”. No entanto, ao encontrar um espécime de planta, EVA entra em estado de hibernação até que a nave a recolha de volta ao espaço. Wall-E, no entanto, não desiste de ficar com EVA e, quando a nave vem buscá-la, ele agarra-se a turbina e vai para o espaço com ela e os seres humanos que lá residem.

 

 

Ao chegar à nave, o cenário é completamente diferente. Um ambiente completamente limpo, digital e, aparentemente, “agradável”. Todos os seres humanos que ali habitam ficam sentados constantemente em uma cadeira toda equipada com acessórios modernos e eletrônicos para se moverem sem precisar andar, comunicarem-se sem precisar olhar no olho do outro, comer tudo o que quisessem. Por outro lado, porém, eram todos obesos e alienados e suas gerações subsequentes sequer sabiam o que era Terra ou vida fora daquela nave. Estavam todos adaptados e condicionados àquela forma de vida uniforme e moldada conforme a “tendência da moda”, ilustrada através da cor da roupa que todos usavam e mudavam quando surgisse uma propaganda que os dissesse que a nova moda era outra cor.

 

 

Entre as várias confusões em que Wall-E se mete para conquistar EVA, há um segundo cenário onde o comandante da nave, responsável por levá-la de volta à Terra quando encontrassem vida vê-se fascinado pela plantinha que EVA trouxera e passa, então, um dia inteiro buscando em seu computador ultramoderno os significados de diversas palavras que foram esquecidas por estes longos anos fora de “casa”; Terra, árvore, mar, água… É neste momento que desperta nele a vontade de voltar, no entanto, o comandante percebe que a nave tem “vida própria”. O que ele achava que antes controlava, a nave, agora tem o controle de tudo e todos que estão ali e não permite que o comandante dê o comando para voltarem à Terra. Inicia-se, assim, a luta pelo bem da humanidade, entre máquinas e pessoas, tendo como aliados dois robôs ajudando o comandante a recuperar o controle da nave e retornar à Terra para reconstruírem o bem maior que possuem.

 

 

Através do filme Wall-E, são abordados temas relacionados as novas tecnologias de comunicação, que unem pessoas que estão distantes e, por outro lado, separam as que estão próximas, deixando de notar o que está em volta e distanciando-se do real; a facilidade de acesso à informação através do comando oral e divulgação em massa do que se deseja e, além de tudo, a aproximação das máquinas com o homem, passando a expressar sentimentos e adquirir personalidade, mostrado através do protagonista do filme. O filme transcorre com a sensibilização dos telespectadores através do romance e afetividade entre robôs de gerações distintas, deixando-nos propensos a captar sua mensagem intrínseca que é a sustentabilidade ambiental.

 

 

No final do filme, os seres humanos voltam à Terra com a esperança renovada de prosperar e cuidar do que tinham de mais precioso, e deixar como herança para seus filhos e netos, e ensinar àquelas que nasceram no espaço sobre como era viver na Terra.

 

 

Deixo, então, a questão: Será preciso destruir tudo para valorizarmos o bem mais precioso, não que possuímos, mas que podemos usufruir para viver bem?

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FICHA TÉCNICA

WALL-E

Direção: Andrew Stanton
Roteiro: Andrew Stanton e Jim Reardon
Música: Thomas Newman
Gênero: Ficção Científica
Estúdio: Pixar Animation Studios
Distribuição: Walt Disney Pictures e Buena Vista International
Ano: 2008

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