O grito de liberdade: respeitem o meu desejo

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Breve contexto da mulher social. No período paleolítico, a mulher era figura centralizada, ser celestial, uma deusa, o sagrado, uma divindade, pois, essa figura era capaz do fantástico, trazer ao mundo um outro ser, o que o homem não era capaz. As relações entre homens e mulheres eram espontâneas, não existia o fator transmissão de heranças, poder e disputas de territórios. 

Sua objetivação, à agente da passiva social, se construiu a partir da consciência do homem em sua participação no processo reprodutivo. A partir daí, inicia-se o processo de estratificação social e sexual, a idealização de casamento, herança e propriedade. 

Após essa consciência do homem, a figura feminina é tratada de forma desconstruída e inferiorizada. Na filosofia temos a fala de filósofos como:  Aristóteles- “Portanto, as mulheres são mais compassivas e prontas a chorar, mais invejosas e mais sentimentais e mais contenciosas. A fêmea também está mais sujeita à depressão do espírito e ao desespero do que os homens. Ela é também mais desavergonhada e falsa, mais prontamente enganada, e mais atenta às injúrias, mais ociosa e, em geral, menos excitável que o macho. Pelo contrário, o macho está mais disposto a ajudar e, como já foi dito, mais valente do que a fêmea.” Para Platão, “Mulheres e homens têm a mesma natureza em relação à tutela do Estado, salvo na medida em que um é mais fraco e o outro é mais forte”. 

Sai da filosofia e cai na escritura sagrada, são 31 versículos Bíblicos que citam as mulheres estéreis, se não gesta, é estéril, bem como, àquelas que perderam a sua capacidade fim, a reprodução, mesmo uma vez parido, a falta dessa capacidade, dava ao marido o direito em substituí-la por mulheres mais jovens e férteis. São exemplos clássicos de imagens impactantes de inferiorização e desconstrução da figura feminina e de sua capacidade de ser sujeito de sua vida.  

Em tempos de maior escuridão para a mulher, esta já nascia predestinada a casar, ter filhos, seu destino para a finalidade reprodutiva já estava prescrito, nascer, crescer e reproduzir. Ela não tinha voz para contradizer. Tanto que quando Freud, iniciou seus estudos com as mulheres histéricas, concluiu que os sintomas das histerias estavam relacionados a problemas de ordem sexual. A mulher não possuía capacidade para os atos civis, primeiramente estava sob a guarda paterna, depois, era repassada ao marido. Onde estaria esse amor materno sublimado? Será que a histeria já não era um indicativo de negação à maternidade?  

Sendo a figura feminina por tudo e todos inferiorizada, trataram de seduzi-la com uma proposta compensatória, a maternidade, pois bem, assim, ela poderia ser “quase igual ao homem”.  Emerge então, a figura da mãe, o verniz social e enquadramento dessa mulher, para que ela seja o símbolo do amor supremo, isso, caso seja ela possuidora da capacidade em ser mãe, não esqueçam que nas escrituras bíblicas, não ser mãe é comparada à árvore sem frutos. Impondo a ela uma responsabilidade e peso social sem limites.  

A obra Pietá, do mestre Michelangelo data de 1499

E o canto da sereia sussurra ao vento, em uma sedução quase “irresistível. A maternidade para a mulher aparece como Macunaíma, já nasceu grande, transformada no mito do amor perfeito, da benevolência, piedade, renúncia, da capacidade de cuidar, zelar, sofrer por amar e amar incondicionalmente. 

Registrado em maior ênfase nas obras sacras, pinturas e literatura, onde a figura feminina está sempre representada de forma mais avolumada, seus mantos são grandes para causar o impacto visual, como é grande o seu poder de amar, bem como, a figura permanente de crianças em seu colo ou ladeando-a, demonstração da grandeza e das delícias da maternidade. Porém, com um olhar mais próximo, percebe uma certa angustia nas faces dessas mulheres. Neste sentido, temos o dito popular: “ser mãe é padecer no paraíso”.

Fonte: Pixabay

Apesar desse encantamento para conduzir a fêmea humana, tratando a todas de forma igual, como sendo esse o desejo de toda mulher, esse sentimento está a cada dia tornando -se distante. Na verdade, essa “vontade” está sendo rompida, a figura feminina, escolhe como, quando e se quer ser mãe. A ciência tem colaborado com essa ruptura. 

Com o advento da liberdade feminina, principalmente quando da escolha de seu parceiro e os métodos contraceptivos, esta ideia está se desfazendo como nuvens, a mulher não está preocupada com os olhares de reprovação social.

Arquivo pessoal da autora

Hoje a mulher dirige sua vida, desejos e vontades, não se preocupando se árvore produtiva ou seca e inóspita, árvore sem frutos possuem outros atrativos, ela sabe do seu real valor. Suas avós eram mães de grandes proles, 12, 15 filhos, suas mães por volta de 10 ou 8; sendo que esse número vem decaindo consideravelmente, base nas informações dos Cartórios de Registro Civil no Estado de São Paulo mostra que o número médio de filhos, entre 2000 e 2020, passou de 2.08 filhos por mulher para 1,56, significando redução de 25%.

A nova ordem mundial, já evidencia que a tendência será da mulher dizer não, não estou propensa à maternidade.  Essa redução é mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU), baseada em dados de 2009, divulgou os seguintes resultados de fecundidade: Europa (1,52), Canadá e Estados Unidos da América (2,02), América Latina (2,17), Ásia (2,3), Oceania (2,42), África (4,45). No Brasil, a taxa de fecundidade é de 1,94 filho por mulher.

Essa mudança inicia quando mulher, rompe com a estrutura patriarcal do casamento “arranjado”, e se define na escolha de seu parceiro para figurar como esposo e pai de seus filhos. Aí sim pode-se dizer que a maternidade começa a (re)desenhar uma nova geografia do sentimento amor materno e se alonga, rompendo também com a ideação que a mulher foi feita para parir. Ela também quer ter o poder de escolha, decisão e opinar sobre a sua sexualidade, libido e prazer. Ter prazer por prazer além da maternidade. Distanciando, cada vez mais, dos moldes dos séculos passados.  

A queda do muro da maternidade parece ainda estar na 1ª fase do desenvolvimento humano. Quando, genuíno manifesto da mulher, que fala que seu desejo não é compatível com a maternidade, logo surge alguém para corromper o desejo dessa mulher. Tratam- a como estéril, não somente na capacidade de gerar filhos, mas também, estéril por ser fria, egoísta, calculista, que não gosta de crianças. Onde já se viu rejeitar o Sagrado? 

Arquivo pessoal da autora

Essa liberdade é criticada e está tornando-se vilã e pouco agrada aos olhos dos conservadores por determinar e não acreditar, ainda ou fingir que não acredita, que a mulher possa desenvolver o papel ativo, por que esse princípio é do macho alfa.  

De todas as formas, a espécie feminina é alvo de críticas sociais, se mãe solo é criticada por ser tratada muitas vezes, como sendo uma libertina e irresponsável sexual, se casa e depois divorcia, é a incapaz, não teve a capacidade em preservar o marido e a família. Se ela se define que não quer ser mãe, é criticada mais uma vez, por ser tratada como fria, calculista e egoísta. Dirão: Como pode, o sagrado deu a ela a oportunidade de ser mãe e ela repudia?

Essa ideia machista é real e presente na nossa sociedade, representada nos crescentes feminicídios em razão da recusa da mulher não querer prolongar um relacionamento. Para o sexo masculino, essa postura feminina está invertendo a ordem social, quem manda é o macho e quem obedecesse é a mulher, o sexo frágil.

As formas ortodoxas de poder já não são aceitas pela classe feminina. Em tempos contemporâneos, ela tece sua vida, onde cria os novelos familiares, amorosos e laborais em uma perspectiva ilimitada no que aspira e deseja para sua vida. Foi-se o tempo em que sua voz, era meros sussurros inaudíveis, que se perdiam ao ecoarem ao vento.

Nesse sentido, a maternidade tida como natural, sagrada e necessária, está sendo transformada gradativamente para ajustar à nova realidade feminina, hoje ela possui a seu favor a alternativa de retardar a gravidez para momento em que considerar oportuno ou dizer abertamente que não aspira a maternidade. Os métodos de planejamento familiar e a ciência propiciam que mulheres possam optar em que fase da vida desejam ser ou não ser mães. Os fatores socioeconômico e cultural de cada mulher possuem impacto e definem suas escolhas.

Ser mãe ou não ser, eis a questão.  Por um lado, se for uma escolha planejada e responsável a maternidade apresentará um estreito vínculo emocional entre mãe e filho, por outro lado, se a opção for pela ‘não ser mãe’, provoca a indignação dos instintos mais primitivos da natureza humana. A mulher não é uma ameba em coma, ela é capaz de tomar decisões sobre seu corpo, sua vida e assumir posturas se for a ela apresentadas e oferecidas de igual forma e oportunidades que são ofertadas para os homens. 

Em fim, já que estamos em um momento de extrema religiosidade, deus pátria e família, eis um recado para os desavisados, a mulher contemporânea e progressista, também têm seu desejo estampado no texto Bíblico: Lucas 23h29min: “Porque eis que hão- de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram”!

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES- Obras Completas – História dos animais- 1ª Edição -2014- Editora- WMF Martins Fontes.

Matos, Samuel- Bíblia Comentada por versículos. 

Nunes, S. A. (2011). Afinal, o que querem as mulheres? Maternidade e mal-estar. Psic. Clin., Rio de Janeiro, 23(2),101-115

Organização das Nações Unidas (ONU).

Platão- A República- 1ª edição- editora Lafonte- 2020.

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A coragem de ser quem eu sou

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Por muito tempo me escondi em um casulo

A escuridão parecia uma companhia segura

Deixei minha essência se tornar um segredo

Como se fosse um perigo aos demais

(Eu era ou eu sou?)

 

Como se a verdade deles ditassem a minha

Decidi silenciar cada medo e desejo

Vivi sob a sombra de quem estava ao meu lado

Porém me desconhecia

(Eu errei ou erraram?)

 

Se apenas tivessem a sensibilidade 

A mínima curiosidade

Teriam olhado nos meus olhos

Poderia ter sido descoberta antes de virar um caos

(Isso me salvaria ou me atormentaria?)

 

Antes das mentiras se tornarem insustentáveis

O passado pesar nas costas

E o perdão ser questionável

 

Antes do silêncio se tornar aceitável

Mas o grito sair inevitavelmente 

Ao bater de frente com os meus limites

 

Berrei, libertei um provável monstro

Que vivia em mim

E quando este saiu finalmente percebi

Que não havia monstruosidade e maldade nenhuma

 

Não sou o que eu acreditei

Não sou o que acreditam desde que me desencarcerei 

 

Mesmo assim não soltei todas as amarras

Muitos seguem na negação, atando os nós

Na insistente incompetência de engolir à seco a aceitação

 

Deve ser difícil viver capturado à crenças engessadas

Mais difícil ainda viver na possibilidade de me adequar

Esperando a desordem atenuar

Ponderando cada passo pois alguém criou a teoria 

De que certas coisas não podem ser vistas

 

Eu sei que um dia tudo pode mudar e ser como deveria

Mas e até lá?

Até lá eu me equilibro nessa linha tênue entre improvável e impossível

 

Até lá me contento com o fato de que  devo me resguardar 

Deixar que demonstrações de amor ocorram na escuridão

 

“A impossibilidade está à um beijo de distância da realidade”

Um beijo seria um ato revolucionário ou uma prática catastrófica?

 

Meu corpo inteiro teima em querer descobrir

“No momento certo” eu afirmo e afirmam pra mim…

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A Psicologia inserida no contexto prisional como aspecto relevante na transformação social

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A leitura do livro está diretamente associada a temática abordada, visto que a Lei de Execução Penal trata especificamente sobre os direitos relativos aos presos, respeitando os princípios constitucionais apresentados, possuindo o intuito de assegurar à interna saúde, educação, assistência e a remição. Então Avena (2014, p. 21) define a Lei de Execução Penal.

Buscando uma denominação para o ramo do direito destinado a regular a execução penal, a doutrina internacional consagrou a expressão Direito Penitenciário. No direito brasileiro, porém, essa designação revela-se em descompasso com os termos da L. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal – LEP), que, já em seu art. 1º, estabelece como objetivo da execução penal “efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”.

Sabe-se que os princípios penais inerentes as mulheres mães e gestantes presentes na Lei de Execução Penal (LEP), atenta-se a necessidade do acompanhamento médico, principalmente relativo pré-natal e ao período pós-parto, estendendo-se ao recém-nascido, então as penitenciárias femininas devem possuir espaço para gestante e parturiente e também creche para crianças maiores de seis meses e menores de sete anos conforme definido na Lei de Execução Penal.

Fonte: encurtador.com.br/cjEQU

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.

  • 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular

  1. a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa

Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: IV – condenada gestante.

Fonte: encurtador.com.br/wBF69

Então tratando-se da Lei de Execução Penal (LEP), deve atentar a permissão de prisão cautelar, mesmo que inexista sentença penal condenatória transitada em julgado. Por este motivo, vez que ainda não foi comprovada sua culpa ou dolo, é realizada a restrição de sua liberdade, objetivando a defesa social e processual. As prisões cautelares no ordenamento jurídico brasileiro atualmente são a prisão preventiva, prisão em flagrante e a prisão temporária.

Segundo Avena (2014, p. 56), “Fazer executar a sanção penal judicialmente imposta, sem descuidar da imprescindível socialização ou ressocialização, com vistas à reinserção social, constitui, em síntese, os objetivos visados pela lei de execução penal.”

O livro nos leva à discussão acerca de que no Brasil, o fator de ressocialização destacado no art. 10 da Lei de Execução Penal (LEP) encontra-se distante de ser cumprido na realidade dos cárceres brasileiros, na maioria dos casos observados as localidade definidas para o cumprimento das detenções são arcaicas, como também não atendem aos pré-requisitos das penas privativas de liberdade para que ocorra a ressocialização dos indivíduos ao seu término, devendo atentar-se para a falta de estrutura em relação ao atendimento familiar, principalmente entre mães encarceradas e seus filhos, tanto recém nascidos quanto em sua infância e adolescência, podendo gerar um sentimento de revolta em ambos e agravando ainda mais a situação à médio e longo prazo tanto para a mãe encarcerada quanto para o filho em formação.

FICHA TÉCNICA

Editora: Saraiva Jur; 5ª edição (3 de dezembro)

Autores: Carla Pinheiro (Autor), José Fabio Rodrigues Maciel (Coeditor)

Ano de publicação: 2018

Idioma: Português

Capa comum: 232 páginas

 

REFERÊNCIAS

AVENA, Norberto Cláudio Píncaro. Execução penal: esquematizado. 1. ed. São Paulo: Forense, 2014.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Regras de Bangkok: regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras. Brasília: CNJ, 2016.

INFOPEN – Sistema de Informações Penitenciárias do Departamento Penitenciário Nacional. Disponível: http://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf . Acesso em: 12/04/2022 às 01:45.

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A liberdade no contexto ao qual estamos inseridos: existe ou não delimitação?

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A palavra liberdade tem uma definição muito ampla e pode ser utilizada em diferentes contextos, como a liberdade de expressão, de locomoção, ou de dizer não. Conforme, o artigo 5º da Constituição Federal (1988), a liberdade de opinião é uma garantia para todos, bem como seu uso em manifestações e reuniões, nos espaços públicos. No entanto, o anonimato é vedado.

Filho (2007) amplia o conceito de liberdade, ao dizer que liberdade é um elemento fundamental do Estado Democrático de Direito, incluindo a liberdade de expressão, de pensamento, de manifestação, assim como a liberdade de convicção política, ideológica e religiosa. “Não há como cogitar uma sociedade democrática sem a possibilidade de os indivíduos manifestarem suas opiniões e pensamentos livremente.” Haja vista que os espaços de expressão se estendem ao universo virtual, por meio das redes sociais, como Twitter e Facebook.

No entanto é importante ressaltar que, a mesma liberdade pode ser restringida pelo Código Penal, ao determinar o que é considerado crime de honra: calúnia, difamação e injúria racial, quando o uso da liberdade de expressão for no sentido de proferir ofensas, humilhação e segregação.  Diante disso, é preciso destacar que houve um aumento dos discursos de ódios proferidos nas redes sociais, em que pessoas escondidas por trás de contas falsas, destilam ódio sobre determinada pessoa.

Stroppa e Rothenburg (2015) explicam que a ação abusiva da liberdade de expressão é potencializada com a facilitação do acesso à internet, o qual permite às pessoas assumirem uma posição ativa na elaboração de conteúdo, e não somente ser um consumidor. Ou seja, o indivíduo passa a ser criador de conteúdo, o qual é divulgado instantaneamente com as novas tecnologias, por meio do anonimato, surgindo assim, a incitação ao ódio, com o uso deste.

Fonte: Freepik

A crise sanitária ocasionada pela pandemia da Covid19 trouxe uma discussão muito ampla e peculiar, no Brasil sobre o que é liberdade de expressão e propagação de notícias falsas, conhecidas como fake news.  Por isso, foi de extrema necessidade o serviço de agência de checagem de informação, como a lupa para levar à população os fatos verdadeiros da notícia.  Entre as informações inverídicas foi o uso irrestrito da cloroquina como forma da prevenção da corona vírus. Conforme, a CPI da Covid em 2021, esse fato levou a morte de muitos brasileiros que acreditaram.

Infelizmente a polarização política sobre a pandemia alavancou a quantidade de informações falsas, tendo o WhatsApp como o maior propagador. Diante disso, ficou o questionamento, sobre os limites da liberdade de expressão. E para evitar a propagação de informações falsas sobre a Covid 19, o próprio Youtube retirou do seu conteúdo informações falsas sobre o assunto, bem como o Instagram e Facebook derrubaram lives que incentivavam o uso da cloroquina.

Diante disso é importante ressaltar que os direitos não são absolutos, mas sim relativos, por isso é considerado crime a propagação e o discurso de Fake News.  Ou seja, a liberdade também tem seus limites.  Ademais, falar sobre liberdade é muito extenso, porque existe também a liberdade emocional, em que o indivíduo dotado de um emocional saudável, não fica preso emocionalmente a pessoas, como acontece com o dependente emocional.

Por fim, a liberdade existe em diferentes realidades, por isso o assunto tem certa subjetividade ao ser discutido. No entanto, todos os aspectos desta tem algo em comum, isto é, a liberdade de cada um termina, quando interfere no direito do outro.   É preciso ser livre, mas é preciso usar o bom senso ao disseminar palavras, discursos e ideologias, porque o seu mau uso pode ser visto como um delito criminal.

 

REFERÊNCIAS

Planalto, Constituição Federal (1988). Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso: 22, de nov, de 2021.

Código Penal(1940). Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm> Acesso: 22, de nov, de 2021.

Filho, Gelson(2007). Liberdade de expressão na internet: globalização e o Direito internacional Disponível em <http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/viewFile/1394/1332> Acesso: 22, de nov, de 2021.

Stroppa ,T e Rothenburg,W.  Liberdade de expressão e discurso do ódio: O conflito discursivo nas redes sociais(2015) Disponível em <file:///C:/Users/Daniel/Downloads/19463-97462-1-PB.pdf>,. Acesso: 22, de nov, de 2021.

Viscont, David. (1998) Liberdade Emocional. Disponível em <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=BfuH4djfCf0C&oi=fnd&pg=PA9&dq=liberdade+nas+emo%C3%A7%C3%B5es&ots=NQQ8yEAIEZ&sig=_rYIVXD8ETaakD61SlOEw79GlXc#v=onepage&q=liberdade%20nas%20emo%C3%A7%C3%B5es&f=false> Acesso: 22, de nov, de 2021.

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O começo do fim da comunidade Liberdade

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No ano de 1300 na região que hoje é conhecida como Brasil, existia um grupo de animais que viviam em uma vila chamada Liberdade. Habitavam ali bichos de várias espécies, entre eles mamíferos, pássaros e aves, répteis, anfíbios, uma fauna extensa. Nessa vila, viviam todos em harmonia, mesmo com suas diferenças e limitações. Cada um oferecia o que tinha capacidade de fazer para que todos tivessem suas necessidades supridas. Por exemplo, os pássaros apanhavam peixes para alimentar todos, além de avisar ao grupo se vinha chuvas ou não. 

 

Fonte: Google Imagens

 

Já a onça pintada, protegia as matas e a vila em que viviam. Além disso, atraia algum predador quando estavam escassos de carne e pelugem na época do inverno e de intensas chuvas. A floresta era linda. Repleta de flores, das mais variadas espécies, de plantas, de insetos e de uma extensa biodiversidade. Os animais viviam em completa harmonia. A organização deles não era de forma hierárquica e sim a mais horizontal possível, pois quando se tinha um problema, reunia o grupo e todos buscavam uma solução. Quando eram situações de grande urgência, o animal buscava o amigo mais próximo possível para ajudá-lo.

Contudo, o animal mais experiente era o que mais tinha peso nas palavras e nas decisões ali na vila, que era o javali conhecido como Jalim. Sua parcimônia em explicar a solução e frieza para calcular os próximos passos do que a vila faria em alguma situação geralmente se sobressaia sobre as opiniões dos restantes. Mostrava-se um ótimo conciliador, tentando equilibrar as partes mais extremas e ao mesmo tempo, decidir por todos. Quando se tinha muito alvoroço para decidir algum impasse, Jalim esperava todos falarem e rebatia com muita proeza as opiniões que eram as mais distorcidas.

A rotina da vila era de coleta de frutas, folhas e planta e de carne. As refeições eram realizadas duas vezes ao dia, sendo que a comida teria que estrar fresca. Tinha uma escala de coleta de comida para cada dia e turno. Depois, existia atividades em grupo, como brincadeiras, músicas e conversas fiadas ao redor de uma fogueira. Em seguida iriam dormir e posteriormente, se mudariam de lugar para um com mais recursos. 

Em um certo dia, logo pela manhã antes do sol raiar na vila, ainda com um leve aspecto de neblina, houve-se próximo a vila Liberdade disparos com um barulho ensurdecedor. Foram vários seguidos sucessivamente, sem pausa. Quando parou, todos já se encontravam alarmados no meio da vila. O Jalim, que se encontrava em um sono profundo, não tinha se atentado para o barulho e a onça pintada foi o chamar. Quando soube da situação, pediu para que os pássaros fossem sobrevoar a região que se procedia o incômodo. 

Araras e tucanos foram em conjunto fazer esta tarefa. Quando sobrevoaram e enxergaram a cena, levaram um tremendo susto e suas penas estremeceram. 

 

Fonte: Google Imagens

– Oh! Minha nossa! O que será isso? O que são esses homens com esses tocos finos pretos? Interroga de moto aflito uma das araras.

– Eu não sei! Mas coisa boa não parece ser. Exclama tristemente um tucano. 

Voltam desesperadamente para a vila e anunciam a tragédia iminente a todos de modo ofegante:

– Bicharada, o que vimos ali nunca tínhamos visto antes! São vários homens, vestidos dos pés a cabeça, e com vários tocos longos pretos que disparam para cima. Estão vindo em nossa direção e por onde passam, destroem a mata! Meu deus o que faremos? Exclamou desesperadamente o tucano, que já entrou em prantos logo em seguida depois de falar. 

As araras em seguida confirmaram sua versão:

– Exatamente! São vários e carregam várias coisas nas costas. Parecem estar bem preparados para alguma coisa. Mas e agora? 

Jalim ouvindo atentamente, assim como todos do grupo, foi um dos poucos, se não o único, que manteve-se controlado e sereno, mesmo temendo o pior. Jalim sabia que uma hora ou outra, isso iria acontecer e seria inevitável, pois já presenciou o mesmo episódio em sua infância, quando seus pais morreram queimados vindos das florestas da Bolívia. Ele esperou que todos falassem e pediu permissão para falar:

– Pessoal, minha vez. Como as araras e tucanos já afirmaram, eles estão bem equipados e por onde passam, destroem. Seria muito arriscado tentar qualquer proximidade com eles. O que vocês acham que devemos fazer?

Todos falaram simultaneamente, mas em seguida a onça pintada perguntou com sua voz grossa e valente:

– Mas por que será que não podemos tentar com eles uma aproximação assim como os indígenas que vivem aqui? Eles podem nos deixar em paz, se a gente os deixar também. O que acham? 

Alguns concordaram com eles, outros ficaram na dúvida de como seriam e outros afirmaram que iriam morrer se chegassem mais perto. O Jalim, ouvindo isso, o interrogou:

– O que te faz ter essa garantia sendo que eles passam pelos lugares e DESROEM tudo ao redor? Você não está assustado com esse barulho? Não entendeu o desespero do que as araras e os tucanos enxergaram? O que vocês acham? Direcionou-se às aves.

– Parece-me que eles não estão nada amigáveis com os indígenas que já estão aqui desde que nos conhecemos por bichos! Falou tristemente o tucano.

 

Fonte: Google Imagens

 

Todos ficaram reflexivos por um momento. A comunidade vivia em harmonia com os únicos seres humanos que já entraram em contato, que foram os indígenas. Eles tinham instrumentos que não os ameaçavam, se vestiam camufladamente e não os destruía. Era fato que os humanos que se aproximavam eram ameaçadores para eles. Nenhuma animal ali se sentia a vontade com a chegada deles. Além disso, o barulho estrondoso se aproximava cada vez mais. E foi aí que Jalim lançou a proposta:

– Bicharada, prestem atenção por favor! Estamos em perigo e isto é fato. O que faremos agora? Proponho irmos para o lugar mais distante possível, que tenha água e comida fresca mas principalmente água. Creio que estes que se aproximam irão trazer consigo a destruição.

Todos concordaram e começaram a se retirar em conjunto freneticamente em direção ao sudeste, que era o lugar contrário de onde vinham os disparos. Quando saíram, ouviram gemidos e gritos de desespero de alguns indígenas. Depois, aceleraram mais ainda os passos. 

Jalim e toda a vila Liberdade estavam cientes de que estes homens, poderiam futuramente os encontrar e não ser nada harmônico. Aquela convivência entre os animais da vila estava ameaçada e já não se sabia por quanto tempo. 

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A escuta sensível na interface Psicanálise-Paulo Freire

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A Psicanálise faz uso do discurso que coloca o outro da relação na posição de sujeito e o psicanalista consegue recuar da sua posição de saber e poder para escutar o outro na sua verdade. Conteúdo este, que vem de encontro com a pedagogia de Paulo Freire com essa posição discursiva, de escutar o outro em sua verdade e, assim, produzir a aprendizagem e a comunicação política. Entra-se então a importância política da escuta, em tempos de cultura do ódio e do cancelamento.

Paulo Freire usou a escuta como uma grande ferramenta em sua teoria, essa escuta freiriana na prática pode mudar relações. O autor em sua obra Pedagogia da Autonomia (2009), aborda sobre a importância de respeitar o conhecimento que o discente leva para a escola. Isso implica na troca que pode ocorrer entre professor e aluno.

Outro ponto importante a se retirar importância de lidar com o outro, é praticar essa escuta sem objetificação. A escuta política surge como uma arma potente para aqueles que querem utilizá-la. “Tem significação precisamente porque os sujeitos dialógicos não apenas conservam sua identidade, mas a defendem e assim crescem um com o outro” (FREIRE, 2009, p. 118).

Fonte: encurtador.com.br/htFN0

Freud em sua essência traz essa preocupação com a escuta qualificada, abordando sobre o valor dado ao autoconhecimento e consequentemente a liberdade pessoal, a partir essa escuta trabalhada, isto foi considerado como um diferencial entre a psicanálise e as demais abordagens.

A importância dessa escuta para Freud é evidenciada a partir do momento em que você começa a ler os seus textos. Para além, pode observar uma crítica ao analista:

É possível pretender que fórmulas simples permitam compreender o processo analítico? Não, analisar é hipercomplexo: escutar com atenção flutuante, representar, fantasiar, experimentar afetos, identificar-se, recordar, auto-analisar-se, conter, assinalar, interpretar e construir (2003, p. 105).

Fonte: encurtador.com.br/cFJWY

Observa-se a preocupação entre os dois autores em relação a escuta, uma vez que esta prática está interligada a compreensão de realidades concretas, do seu contexto histórico, para além disso, observa a sua inserção no mundo a partir dessa escuta.

A escuta produz a conscientização libertadora e transformadora. Conscientização esta que traz um caminho para reinvenção de novos seres, cada um com a sua subjetividade, buscando a necessidade de coerência para ação e reflexão do ser existencial.

REFERÊNCIA

HORNSTEIN, L. Intersuibjetividad Y clínica. Buenos Aires: Paidós, 2003.

SOUZA, Anna Inês. Paulo Freire: vida e obra. São Paulo: Expressão Popular, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia Autonomia: Saberes Necessários à prática da educativa. Editora Paz Terra, Rio de Janeiro. 2009. Disponível: https://nepegeo.paginas.ufsc.br/files/2018/11/Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf

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Cinema retrata precarização no mercado de trabalho

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“Estou me guardando para quando o carnaval chegar” é um longa-metragem estreado em 2019, que tem como roteirista, diretor e personagem principal o cineasta Marcelo Gomes. O longa se passa na cidade de Toritama – PE, que fica a 171,5 km da capital pernambucana, Recife. O filme é narrado por Marcelo Gomes que exibe em imagens o seu retorno a cidade que atualmente é considerada a capital do jeans no nordeste.

Toritama é responsável pela produção de jeans e essa produção é realizada pelos moradores da cidade, cerca de 40 mil pessoas habitam e mais de 90% da população trabalha na confecção de jeans. As fábricas de jeans são chamadas de facções, que estão localizadas em galpões, garagens, salas e nas casas das pessoas, as facções estão por todos os lados.

Fonte: encurtador.com.br/adnw9

De acordo com Antunes (2001), a partir da década de 90 houve um grande aumento na informalidade e precarização do trabalho, o aumento da informalidade provoca péssimas condições de trabalho, ritmos intensos e carga de trabalho excessiva que não é fiscalizada, pois os trabalhadores são subcontratados por empresas que burlam a legislação.

No caso de Toritama, os trabalhadores são profissionais autônomos e o tempo todo na obra é retratado como eles acreditam na falsa e ilusória ideia de liberdade e autonomia. Os trabalhadores reproduzem o discurso de serem seus próprios patrões e de ganharem mais, pois ganham de acordo com o que produzem. Antunes (2014, p. 40) alerta que:

A flexibilização produtiva, as desregulamentações, as novas formas de gestão do capital, a ampliação das terceirizações e da informalidade acabaram por desenhar uma nova fase do capitalismo no Brasil. As novas modalidades de exploração intensificada do trabalho, combinadas com um relativo avanço tecnológico em um país dotado de um enorme mercado consumidor tornaram-se elementos centrais da produção capitalista no Brasil.

Fonte: encurtador.com.br/cgDJK

Em Toritama, casas passaram a virar fábricas de jeans, famílias inteiras se ocuparam em alguma parte do processo de produção, onde dependendo de qual parte do processo se encontrarem podem ganhar de R$ 0,10 a R$1,00 por peça produzida. É comum ver pessoas de idades variadas trabalhando em facções e todos com um denominador comum que é a informalidade.

Na obra é possível perceber as péssimas condições de trabalho, jornadas excessivas e o enorme cansaço dos trabalhadores que fazem apenas pequenas pausas para refeições rápidas e retornam ao trabalho. Alguns trabalham das 7h da manhã e encerram às 22h, apenas com pequenas interrupções durante a jornada.

Faltam EPI’s e sobram riscos, pois os trabalhadores se expõem ao contato direto com reagentes químicos, objetos cortantes e têm que ficar na mesma posição por horas repetindo um dado movimento, o que pode ocasionar lesões por esforço repetitivo e outros problemas de saúde ocasionados pela falta de condições básicas e seguras de trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/coBCJ

A indústria têxtil é um dos ramos que mais cresceu no capitalismo brasileiro, e junto com ela veio a flexibilização da mão de obra, que criou a falsa ideia de liberdade quando na verdade corresponde a uma neoescravidão. Conforme Antunes (2014, p. 684):

E  a  terceirização,  prática  presente  em  quase  todos os  ramos  e  setores  produtivos,  vem  se  tornando  a  modalidade  de  gestão  que  assume  centralidade  na  estratégia  patronal, uma vez que as relações sociais estabelecidas entre capital e trabalho são disfarçadas em relações interempresas, baseadas em contratos por tempo determinado, flexíveis, de acordo com os ritmos produtivos das empresas contratantes que desestruturam ainda mais a classe trabalhadora, seu tempo e trabalho e de vida, seus direitos, etc.

A cidade de Toritama parou quase que por completo para dedicar-se somente a produção de jeans, existem poucas outras formas de renda no município, além de que existem pouquíssimas opções de lazer dentro da cidade, visto que não há público para consumir ou desfrutar do lazer num lugar onde as pessoas vivem para trabalhar e descansam enquanto trabalham.

Fonte: encurtador.com.br/fjyGZ

Quando o carnaval se aproxima a pacata cidade de Toritama entra em colapso e diversos bazares surgem pelas ruas. Pessoas desesperadas para venderem tudo o que têm visando conseguir dinheiro para que possam viajar no carnaval para o litoral. O desespero é tamanho que aceitam valores inferiores ao que o produto corresponde e juntam tudo o que têm para obter ainda mais dinheiro que seja suficiente.

Algo interessante a respeito disso é que a quantia almejada não costuma ser alta, o que faz com que essas pessoas vendam seus bens por preços extremamente sucateados e quando retornam do carnaval empenham-se novamente para comprar de volta o mesmo produto que venderam e por um valor maior. O carnaval é o único período onde os trabalhadores param suas produções e fecham as portas de suas facções para descansarem e também para aproveitarem a festividade da data.

 FICHA TÉCNICA 

Fonte: encurtador.com.br/nyA56

Nome: Estou me guardando para quando o Carnaval chegar

Nome Original: Estou me guardando para quando o Carnaval chegar

Origem: Brasil

Ano de produção: 2019

Gênero: Documentário

Duração: 85 min

Classificação: Livre

Direção: Marcelo Gomes

REFERÊNCIAS

ANTUNES, R. Trabalho e precarização numa ordem neoliberal. In: GENTILI, P.; FRIGOTTO, G. (Org.). A Cidadania Negada: políticas de exclusão na educação e no trabalho. 2 ed. São P

aulo: Cortez, 2001, p. 37-50

ANTUNES, Ricardo (2015) Desenhando a Nova Morfologia do Trabalho, Revista Estudos Avançados, 28 (81), 2014, Instituto de Estudos Avançados, USP, São Paulo

ANTUNES, R e DRUCK, G. (2014). A epidemia da terceirização in Antunes, R. (org), Riqueza e Miséria do Trabalho, vol III, SP, Boitempo.

 

 

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Livro de poemas traz reflexão sobre conflitos do ser humano

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Reflexivo, imaginário e libertador. Esses são os sentimentos que a escritora Alexandra Vieira de Almeida deseja instigar nos leitores com o livro de poemas Oferta. Lançado em segunda edição, pela Editora Penalux, a obra reúne temas que podem ser considerados conflitantes, como, por exemplo, o amor, o erotismo, a poesia reflexiva e filosófica e a prosa poética de temática social, beirando o limite entre poesia e prosa.

Para a autora, o livro solta as vozes sábias do fazer poético e cria um espaço em que literatura e leitura se conjugam em toda sua essência. Alexandra classifica sua obra como presente da escrita do poeta para o mundo, como um voo imaginativo, salientando o aspecto libertário neste jogo que leva os leitores a refletirem sobre as questões do mundo.

Fonte: Arquivo Pessoal

– Caso pudesse extrair uma essência do livro, ou do título, e fosse representá-la com formas ou símbolos, pensaria na imagem do livro, onde estão as palavras que saem do seu interior e a figura de um pássaro com suas asas a nos levar aos voos da imaginação – comenta.

O prefácio é assinado pelo poeta, contista e crítico literário Luiz Otávio Oliani. Para ele, Alexandra “percorre três linhas básicas”. A primeira delas é a união entre poesia e prosa. Depois, cita a verve pictórica da poeta, lembrando o cinema. Por fim, o viés filosófico que se encontra no livro de poemas singular.

Fonte: Arquivo Pessoal

A contista Maria Joana Rodrigues Colin, responsável pelas orelhas do livro, diz que a poesia da autora faz com que a pessoa reflita de maneira profunda nos sentimentos. “Quando se vai a um poço não é o entorno, e sim o que existe no seu interior. É desse modo que o leitor vai se sentir ao ler o livro”.

Sobre a autora

Alexandra Vieira de Almeida é professora, poeta, contista, cronista, resenhista e ensaísta, além de ser Doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Publicou seis livros de poesia adulta, sendo o primeiro 40 poemas e o mais recente A negra cor das palavras. Também tem um livro ensaístico, Literatura, mito e identidade nacional (2008), e um infantil, para crianças de 6 a 10 anos, Xandrinha em: o jardim aberto (Penalux, 2017).

 

Livro: Oferta 

Autora: Alexandra Vieira de Almeida 

Formato: 14X21  

Páginas: 62 

Ano: 2020 

Preço: R$ R$38,00 

Gênero: Poesia 

Link para comprar

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O que combina com a liberdade e a vida

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Todo ser humano deveria ter direito, desde o berçário, à moradia, à alimentação, à saúde, aos estudos, à segurança e ao transporte. Ninguém é livre morando nas ruas, pois mendigar não é liberdade. Para quem não tem nada, emprego é tudo. Emprego e salário justo são os pilares de sustentação de uma vida digna e livre. E o estudo é o alicerce dessa liberdade. Ver alguém escolher entre se sustentar e estudar é desumano. Estudo deveria ser sempre um direito, nunca um sonho.

Mas se o emprego é o pilar de sustentação de uma pessoa, o desemprego é o temporal que derruba esse alicerce. O desemprego rouba a autoestima, destrói famílias e coloca as conquistas de alguém em leilões, onde os ganhos de uns são perdas de outros.

O desemprego também pode ser uma oportunidade para se reinventar, mas quando ele assombra milhões de pessoas, deixando-as na miséria, há pouco espaço para reinvenção. Para quem nunca viveu o desespero de ver uma montanha de contas vencidas destruindo uma vida, o desemprego é só uma estatística, mas para quem o conhece, ele é um pesadelo.

Fonte: encurtador.com.br/gxJQ8

A liberdade também não combina com endividamento. Bom salário comprometido com dívidas penhora a carta de alforria de alguém no banco, e instituições financeiras não alforriam por compaixão

Outra coisa que combina com a liberdade é a coragem. Pessoas valentes podem ser muito diferentes entre si, mas têm algumas características em comum: não culpam ninguém por seus fracassos, encaram a realidade e batalham por seus sonhos, podendo adiá-los e reinventá-los, sem jamais abandoná-los. Por outro lado, pessoas que se queixam da vida e acusam outras por seus fracassos tendem a fugir da verdade e a se refugiar na ilusão da mentira. Só é livre quem não teme a verdade e sabe conviver com a realidade.

Um caminho seguro para a verdade é a leitura. Ler é uma bússola que nos aponta o Norte. A leitura pode não nos dar liberdade, mas certamente libertará nossa mente. Não somos livres para mudar certas realidades, apenas somos livres para escolher como lidar com elas.

Fonte: encurtador.com.br/cfvET

Nesta gangorra chamada vida, que ora nos leva para cima, mostrando as belezas lá do alto, e ora nos arremessa para baixo, nos ferindo com as pancadas, surgirão bifurcações. O caminho escolhido diante de uma bifurcação é que vai distanciar vitoriosos de perdedores. Perdedores perdem tempo reclamando e vitoriosos ganham tempo agindo.

Mas se a única garantia que vencedores e perdedores têm nesta vida, tão bela e efêmera como a flor de lótus, é a não garantia do minuto seguinte, devemos lutar ferozmente cada segundo vivo para escrevermos a história que sonhamos, porque a verdadeira comunhão com a liberdade é a vida.

Sem vida, não há luta.

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