Como a inteligência artificial tem sido usada para contribuir na criação de uma rede de ódio?

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O discurso de ódio é algo que vem se tornando cada vez mais comum de ser presenciado, tanto fisicamente, quanto virtualmente. O termo “discurso de ódio” é originário do termo em inglês hate speech, e pode ser definido como um conjunto de palavras que intimidam, assediam ou insultam um individuo com base na sua cor, raça, sexo ou religião, e que tem a capacidade de instigar violência e ódio contra tais indivíduos (MOURA, 2016). Esse discurso dá a ideia de que o indivíduo, por causa de suas particularidades e diferenças, deve ser inferiorizado ou menosprezado. Essa externalização do ódio pode ser, e na maioria das vezes é, facilmente identificada, pois são feitas explicitamente, porém em alguns casos pode ser feita subliminarmente, que pode ser difícil de identificar.

O grande avanço tecnológico nos últimos anos fez com que boa parte da população ficasse conectada à internet. Segundo um estudo realizado pela Statista (2022), banco internacional de estatísticas, o Brasil possui cerca 159 milhões de pessoas utilizando as mídias sociais diariamente. Esse número, segundo pesquisa realizada pela Cuponation (2021), faz com que o Brasil fique no top 5 das nações que mais utilizam as mídias sociais.  Com a grande quantidade de pessoas conectadas às redes sociais, a interação entre elas fica cada vez mais fácil e rápida. Essas interações, com a falsa sensação de que tudo é permitido e anônimo, faz com que pessoas com más intenções expressem o seu ódio, que por muitas vezes repletos de preconceitos, a outras pessoas que não fazem parte do seu grupo social.

Fonte: encurtador.com.br/jsX01

Nesse contexto, a Inteligência Artificial (IA) tem sido usada nas redes para a criação de bolhas que propiciam o engajamento, mas, em contrapartida, favorece a disseminação de discursos de ódio. Em uma entrevista realizada para a revista MIT Technology Review, Frances Haugen, ex-gerente de produto do Facebook, afirma que o algoritmo da rede social e a forma de negócios da empresa fazem com que a prioridade seja o lucro ao invés da segurança das pessoas. Os algoritmos do Facebook são treinados para identificarem qual postagem causaria mais engajamento para determinado usuário. Segundo Haugen, essa classificação baseada em engajamento é perigosa e sem integridade, pois esse algoritmo também favorece a desinformação e o extremismo.

O algoritmo do Facebook na verdade é composto por vários algoritmos juntos, como algoritmos que classificam as preferências de cada usuário, e algoritmos que detectam conteúdos ruins como nudez ou spam, esses algoritmos são chamados de algoritmos de aprendizado de máquina. Esses algoritmos são treinados e baseados de acordo com as interações do usuário, que conseguem identificar por exemplo se você gosta de cachorros fofos passando pelo seu feed de acordo com os seus clicks e comentários em publicações. Essas informações podem ser ainda mais refinadas de acordo com o sexo e idade do usuário. Isso faz com que o engajamento da plataforma seja muito mais poderoso, pois faz com que os usuários passem muito mais tempo na rede social. E essa recomendação não se limita apenas a coisas boas, segundo uma publicação de Horwitz e Seetharaman (2020) no Wall Street Journal, 64% dos grupos extremistas tiveram suas assinaturas baseadas em recomendações dos modelos de “Grupos nos quais você deve participar” e “Descubra”, e isso mostra o quanto podem ser prejudiciais esses algoritmos.

Fonte: encurtador.com.br/gkKSU

Segundo Nandi (2018), a inteligência artificial (IA) pode também ser um grande aliado no combate ao discurso de ódio presentes nas redes sociais, porém ainda existem problemas que fazem com que isso não seja totalmente possível. A necessidade de ter uma supervisão humana faz com que a avaliação do discurso de ódio seja mais demorada ou até mesmo ineficaz. Outro problema que pode ser encontrado é que a IA consegue identificar as frases, porém tem dificuldade de entendê-las.

Uma abordagem diferente da inteligência artificial pode ser usada para ajudar no combate ao discurso de ódio presente nas redes sociais. Segundo o artigo Can Artificial Intelligence Predict The Spread Of Online Hate Speech? (2019), publicado pela Forbes, anteriormente os algoritmos de inteligência artificial analisavam o conceito em torno das publicações para decidir se as publicações eram ou não consideradas hostis. Já nessa nova abordagem que foi coordenada pela IBM, a ideia não era decidir se a postagem é ou não de ódio, e sim onde e como se inicia esse discurso e como isso se desdobra para o mundo real.

A análise consistiu em definir uma lista de palavras que fazem parte de discursos de ódio, baseados em terrorismo islâmico e violência anti-islâmica, com dados de tweets e publicações no Reddit feitas por cerca de 15 milhões de usuários. Depois que os dados foram analisados e classificados pela inteligência artificial, foi feito uma linha do tempo, e constatou que após incidentes de violência anti-islâmica, os discursos de ódios nas redes sociais aumentaram consideravelmente, e que esses discursos não se concentram apenas aos muçulmanos mas a todos os grupos que são minorias.

Considerando todo esse contexto, podemos concluir que a tecnologia não é neutra, mas tão pouco é boa ou má. Na verdade seu impacto se deve à forma como as pessoas a utilizam. Assim, como há algoritmos de IA sendo usados para criar bolhas de ódio, há, também, cientistas buscando na IA a detecção de onde e como se originam esses discursos. Talvez, em um dado momento consigamos combater e punir essa disseminação de ódio, muita coisa já começou nesse aspecto, muitos crimes já estão sendo trazidos à tona.

Referências:

CAN ARTIFICIAL INTELLIGENCE PREDICT THE SPREAD OF ONLINE HATE SPEECH? [S. L.]: Forbes, 30 ago. 2019. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/bernardmarr/2019/08/30/can-artificial-intelligence-predict-the-spread-of-online-hate-speech/?sh=351757277167. Acesso em: 11 nov. 2022.

CASEIRO, Sofia. O impacto da inteligência artificial na democracia. In: IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DE COIMBRA: UMA VISÃO TRANSDISCIPLINAR. p. 135.

CUPONATION. USUÁRIOS REDES SOCIAIS: pesquisa aponta crescimento de usuários das redes por país. 2021. Disponível em: https://www.cuponation.com.br/insights/redessociais-2021a2026. Acesso em: 11 nov. 2022.

HORWITZ, Jeff; SEETHARAMAN, Deepa. Facebook Executives Shut Down Efforts to Make the Site Less Divisive: the social-media giant internally studied how it polarizes users, then largely shelved the research. Wall Street Journal. New York, p. 1-1. 20 maio 2020. Disponível em: https://www.wsj.com/articles/facebook-knows-it-encourages-division-top-executives-nixed-solutions-11590507499. Acesso em: 11 nov. 2022.

MIT TECHNOLOGY REVIEW. [S. L.]: Mit, 05 out. 2018. Disponível em: https://www.technologyreview.com/2021/10/05/1036519/facebook-whistleblower-frances-haugen-algorithms/. Acesso em: 08 dez. 2022.

MOURA, Marco Aurelio. O discurso do ódio em redes sociais. Lura Editorial (Lura Editoração Eletrônica LTDA-ME), 2016.

NANDI, José Adelmo Becker. O COMBATE AO DISCURSO DE ÓDIO NAS REDES SOCIAIS. 2018. 58 f. TCC (Graduação) – Curso de Tecnologias da Informação e Comunicação, Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá, 2018.

STATISTA. Internet usage in Brazil – Statistics & Facts. 2022. Disponível em: https://www.statista.com/topics/2045/internet-usage-in-brazil/#topicOverview. Acesso em: 11 nov. 2022.

STEIN, Marluci; NODARI, Cristine Hermann; SALVAGNI, Julice. Disseminação do ódio nas mídias sociais: análise da atuação do social media. Interações (Campo Grande), v. 19, p. 43-59, 2018.

Observação: artigo desenvolvido na disciplina “Tecnologias Criativas” do Programa Extensionista Interdisciplinar “Tecnologias para a Vida” dos cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia de Software da Ulbra Palmas.

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O quão sufocantes podem ser os avanços tecnológicos para a privacidade?

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O quanto os anunciantes sabem sobre você? A pergunta é simples, e a resposta também deveria ser, ou não seria? A forma de distribuição de anúncios por parte dos anunciantes sempre foi realizada de maneira generalizada,  às vezes focada em nichos, nem sempre se sabia até onde ela conseguiria atingir. Mas isso mudou, e mudou de maneira completamente radical, porque entramos na era digital, tudo se tornou rápido e instantâneo. A forma que os anúncios passaram a chegar até você sofreu uma total reviravolta. Isso se dá pelos dados e informações, traços que você passou a deixar para trás quando começou a utilizar a internet. Tudo que você gosta e não gosta acaba se tornando dados públicos, que são utilizados para direcionar a você anúncios de seu interesse, são os chamados “anúncios direcionados”.

E isso vai muito além de apenas coisas que você deixou de gostar no verão passado, isso envolve todos os seus dados pessoais. Já parou para pensar que alguém pode saber o que você está fazendo ou aonde você está? Melhor ainda, todos os lugares em que esteve no último mês? Parece assustador, como um tema para um bom conto de ficção científica, só que não seria tão terrível se fosse apenas uma ficção.

Fonte: Imagem no Freepik

O governo americano rastreia seus cidadãos em  uma base diária [1], e esses dados de localização não vêm diretamente de companhias telefônicas, e sim de parceiros de localização. Mas de onde sai esses dados de localização se não das companhias telefônicas? De aplicativos que utilizam esse recurso no seu celular. Sabe esse seu aplicativo para ver a previsão do tempo? Então é por aí que começa, aplicativos como o exemplificado que de primeiro relance oferecem serviços de forma gratuita na verdade lucram, e lucram bastante, porque você é na verdade o produto deles.

Fonte: Imagem no Freepik

Em sua matéria [3] no jornal Intelligencer, Max Read relata a assustadora experiência de ter uma campainha inteligente da Ring, que pertence à gigante Amazon. Ele aborda sobre as práticas de segurança adotadas pela empresa e questiona a real eficácia do produto e também o destino das gravações realizadas pelo mesmo, considerando que os dados obtidos pelo equipamento podem ser mantidos somente para si ou compartilhados com um feed do aplicativo da fabricante.

Fonte: Imagem no Freepik

Adentrar neste método de compartilhamento abre espaço para diversos questionamentos a respeito do custo benefício de ter a privacidade reduzida em troca de segurança, pois nem sempre estas soluções se mostram benéficas, como mostra o resultado da investigação da NBC News [4] sobre as câmeras destas campainhas. A investigação feita constata que não há uma uma avaliação da eficácia do envio das filmagens para o feed, não havendo índice de melhora na redução da criminalidade dos pontos em que as câmeras foram instaladas, levando assim a uma exposição aparentemente “desnecessária” da vizinhança.

Fontes:

[1] The New York Times. The Government Uses ‘Near Perfect Surveillance’ Data on Americans. Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/02/07/opinion/dhs-cell-phone-tracking.html Acesso em: 18 de Novembro de 2021.

[2] The New York Times. All This Dystopia, and for What?. Disponível em: https://www.nytimes.com/2020/02/18/opinion/facial-recognition-surveillance-privacy.html Acesso em: 18 de Novembro de 2021.

Wind Map. wind map. Disponível em: http://hint.fm/wind/ Acesso em: 18 de Novembro de 2021.

[3] READ, Max. I Got a Ring Doorbell Camera. It Scared the Hell Out of Me. The Intelligencer. Doylestown. 13 fev. 2020. Disponível em: https://nymag.com/intelligencer/2020/02/what-its-like-to-own-an-amazon-ring-doorbell-camera.html. Acesso em: 22 nov. 2021.

[4] FARIVAR, Cyrus. Cute videos, but little evidence: Police say Amazon Ring isn’t much of a crime fighter. Nbc News: Hundreds of police departments have signed agreements with Ring to gain access to footage filmed on home surveillance cameras. New York City. 15 fev. 2020. Disponível em: https://www.nbcnews.com/news/all/cute-videos-little-evidence-police-say-amazon-ring-isn-t-n1136026. Acesso em: 22 nov. 2021.

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O que é metaverso? E o que esperar do futuro da internet?

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O conceito metaverso começou a ganhar a mídia após o anúncio da Meta (antigo Facebook Inc.) de investir na criação de um ambiente virtual que integre todos os seus serviços e tecnologias em um só lugar[1]. Considerado como o “próximo capítulo da Internet” ou “Internet 3D”, esse  universo virtual vai permitir às pessoas interagir e realizar vários tipos de atividades de forma imersiva, como trabalhar, jogar, fazer compras, sair com os amigos. Esse mundo será criado a partir da junção de diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada, NFTs, criptomoedas.

Apesar de parecer uma novidade,  o termo metaverso já foi abordado no ano de 1992, no livro Snow Crash, um livro de ficção científica escrito por Neal Stephenson. Na história, humanos na forma de avatares interagem uns com os outros em um mundo virtual [2]. Além disso, jogos que exploram o metaverso já existem desde os anos 2000. Por exemplo, o Second Life, que é um ambiente virtual e tridimensional que simula a vida real e social do ser humano através da interação entre avatares.

Fonte: Imagem no Pixabay

Os games são uma parte essencial do metaverso, mas o metaverso não irá se limitar aos jogos, eles são apenas a porta de entrada, um primeiro passo nessa nova tecnologia [3]. A plataforma de games Roblox, por exemplo, já é um tipo de jogo mais atual que tem a ideia de metaverso, conta com 700 milhões de usuários e é baseado em mundo aberto, que permite que os jogadores criem seus mundos virtuais e os demais jogadores possam interagir com esse mundo.

Mas qual a diferença do metaverso e a realidade virtual? A realidade virtual (RV) possibilita uma imersão completa em um mundo simulado, uma vez que é ela quem vai garantir o transporte a esse outro mundo digital. Mas a RV não é tudo. A construção desse universo amplo e integrado dependerá de muitas outras tecnologias, incluindo criptomoedas e NFTs[4].

Fonte: Imagem no Pixabay

Gigantes companhias de tecnologia, como a Google, Microsoft, Amazon estão investindo nessa nova fase da internet. Não é um interesse exclusivo da Meta, a Microsoft por exemplo anunciou recentemente no evento Ignite 2021 a chegada de avatares 3D ao Teams. Com todo esse aporte tecnológico e financeiro das principais empresas, o avanço do metaverso se dá a passos largos mas ainda com bastante cautela, isso por que essa tecnologia pode revolucionar o cenário atual, mas para que isso aconteça é necessário que as pessoas tenham acesso à tecnologia de ponta como 5G, óculos de realidade virtual, computadores mais robustos, e essa não é a realidade da maioria das pessoas.

O metaverso pode se tornar o novo “terceiro lugar”, termo criado pelo sociólogo Ray Oldenburg que se refere a lugares onde as pessoas passam a maior parte do tempo, como a casa (“primeiro” lugar) e o trabalho (“segundo” lugar)[5]. Atualmente já permanecemos bastante tempo conectados, seja por meios de smartphones, computadores, smarts tvs e videogames, e com cada vez mais a presença de dispositivos inteligentes (IoT) esse tempo tende a aumentar de forma que a realidade virtual se conectará com a realidade física.

O metaverso irá impactar a forma como vivemos e como nos relacionamos, teremos a possibilidade de passar mais tempo em outra realidade, de mudar nossos hábitos, comportamentos e cultura. Mas existem alguns questionamentos que nos fazem pensar sobre o futuro dessa tecnologia, por exemplo, qual vai ser o limite entre realidade física e realidade virtual? E até onde as ações no mundo virtual irão interferir no  no mundo físico? Ainda é cedo para termos respostas sobre esses questionamentos, até porque  o metaverso está em fase inicial, mas a partir dos planos das gigantes de tecnologia é possível identificar que esse futuro está próximo. O potencial do metaverso é muito grande, mas o seu sucesso está diretamente ligado ao comportamento das pessoas e ao seu impacto nas relações que estas estabelecem em seu meio, mas também ao acesso a essas tecnologias, que ainda estão potencialmente fora do alcance da grande massa.

Referências:

1.https://canaltech.com.br/apps/metaverso-desencadeia-compra-desenfreada-por-imoveis-virtuais-203657/

2.https://mittechreview.com.br/brasil-tem-chance-de-liderar-a-corrida-pelo-metaverso/

3.https://www.bbc.com/portuguese/geral-59438539

4.https://www.techtudo.com.br/noticias/2021/11/software-microsoft-quer-entrar-no-metaverso-com-avatares-3d-no-teams.ghtml

5.https://mittechreview.com.br/metaverso-pode-ser-nova-internet-e-vira-prioridade-das-big-techs/

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Concordo com os termos (malefícios) e desejo continuar

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Ao criarmos uma conta em qualquer plataforma online, há sempre uma pergunta antes de finalizarmos o cadastro: Você concorda com os termos de uso? E ao concordar, quase que automaticamente sem ao menos nos perguntar com o que estamos compactuando, é permitido uma série de usos de dados, informações e ainda concordamos com o modo em que a plataforma nos tratará dali para frente [1].

As redes sociais são onde atualmente mais produzimos dados de valor para uma grande estrutura onde as gigantes da tecnologia faturam bilhões, a venda de anúncios. Trata-se de um mercado tão lucrativo e obscuro em seus segredos que de tempos em tempos participantes desse sistema são levados a júri. Como é o caso do Facebook[2].

Já houve vários casos sobre esse assunto, mas um dos mais polêmicos remete às eleições do presidente dos Estados Unidos, onde o Facebook sofreu um forte abalo com a revelação de que as informações de mais de 50 milhões de pessoas foram utilizadas sem o consentimento delas pela empresa americana Cambridge Analytica para fazer propaganda política[2].

Porém o fato que iremos dar atenção vai um pouco mais a fundo desse emaranhado de interesses. Para que a estrutura de venda de anúncios esteja em pleno funcionamento, as centenas de algoritmos por trás do Facebook trabalham em cada ação dos usuários para traçar perfis cada vez mais detalhados. O que antes era “Homem, entre 18 e 25 anos, Brasil”, agora está cada vez mais direcionado para os nichos comportamentais “Homem, entre 18 e 25 anos, tem interesse em ciclismo e politica de direita, acessa conteúdo de curiosidades históricas, Brasil”[3].

Todas essas informações poderiam ser consideradas apenas como uma estratégia de negócios agressiva e eficiente por alguns e até conveniente para outros ao mostrar anúncios e conteúdos personalizados ao perfil de quem utiliza a rede social. No entanto, a ex-gerente de produto da Facebook, Frances Haugen, foi a público expor os malefícios que esses algoritmos podem trazer à sociedade em uma escala quase que global.

Fonte: Imagem no Pixabay

Acontece que, segundo a ex-funcionária, as linhas de códigos desenvolvidas e treinadas para traçar perfis e entregar anúncios e conteúdos direcionados (para que, no fim, gere interesse de terceiros comprar esse veículo de comunicação) estão polarizando as opiniões, ajudando na disseminação de discursos de ódio, entregando conteúdos nocivos a mentes fragilizadas e promovendo uma espécie de “bolha social”[3].

Para exemplificar a gama da nocividade, pesquisas apontaram que adolescentes que apresentam indícios de comportamento depressivo estão recebendo em suas redes sociais mantidas pelo Facebook (agora conhecida como Meta) conteúdos melancólicos e cada vez mais negativos, podendo formar uma espiral que puxa tudo que é apresentado na tela para um contexto mais nocivo a cada clique.

Essa nocividade se estende a quem consome conteúdos extremistas e de discursos de ódio, o que leva ao indivíduo a estar sempre recebendo um reforço positivo para posições negativas.

É realmente assustador, mas o pico do terror se dá quando Francês Haugen declarou em tribunal que a gigante do vale do silício dona do Facebook e do Instagram tem conhecimento desses “desvios de conduta” em seus algoritmos. Alguns relatórios datados de 2016 já demonstravam essas tendências e Francês continua em seu depoimento dizendo que a empresa escolheu conscientemente o lucro ao invés da segurança[3].

Não que seja surpreendente uma multinacional bilionária subjugar necessidades humanas a troco de alguns dólares a mais. Os tribunais são lentos e com dinheiro quase ilimitado, grandes empresas como o Facebook não temem à lei, pois multas referentes a processos perdidos são irrisórias perto do quanto faturaram com a irresponsabilidade.

Fonte: Imagem no Freepik

O mundo on-line não é mais um equipamento que você deixa na sala e compartilha com todos da casa. Com a popularização dos smartphones e a facilidade no acesso à internet, as horas conectadas aumentaram drasticamente. Não se tem mais a necessidade de haver uma intenção para acessar as mídias sociais, elas estão onipresentes, a cada momento uma notificação mostra isso.

Essa aproximação do ser humano com a internet e as mídias sociais maximiza a influência que recebemos e entregamos via megabits. Qualquer pessoa pode ser ouvida, qualquer pessoa pode ser calada, qualquer pessoa pode ser atacada, tudo isso do conforto e segurança de uma tela. Nesse contexto, atos passíveis de interpretação de integridade como o caso dos algoritmos do Facebook estão na palma da mão de bilhões de pessoas antes de receberem um veredito.

Enquanto isso, os usuários continuam sendo levados a pensar serem protagonistas e guias de suas próprias redes sociais. Grupos com ideias perigosas e violentas continuam recebendo novos membros trazidos pelos rastreadores de interesses, adolescentes continuam sendo soterrados por conteúdos nocivos à saúde mental, pessoas continuam achando que estão em completa razão quando toda sua bolha social pensa o mesmo.

E todos continuam curtindo e compartilhando enquanto o que permanece são as perguntas: Quantos segredos que afetam bilhões de pessoas serão mantidos por um punhado de corporações? Até quando o usuário dirá “concordo com os termos e desejo continuar”?

Fonte: Imagem no Freepik

Referências

[1] COSTA, Thaís. O que está acontecendo com o Facebook?: Entenda por que a maior rede social do mundo pode estar caminhando em direção ao fim. In: COSTA, Thaís. Https://rockcontent.com/br/blog/facebook-vazamento-de-dados/: Thaís Costa, 23 mar. 2018.

[2] POZZI, SANDRO. EUA multam Facebook em 5 bilhões de dólares por violar privacidade dos usuários: Empresa é punida com multa recorde pelo vazamento de dados no caso Cambridge Analytica. In: POZZI, SANDRO. EUA multam Facebook em 5 bilhões de dólares por violar privacidade dos usuários: Empresa é punida com multa recorde pelo vazamento de dados no caso Cambridge Analytica.

[3] HAO, Karen. O denunciante do Facebook diz que seus algoritmos são perigosos. Eis o motivo. In: HAO, Karen. O denunciante do Facebook diz que seus algoritmos são perigosos. Eis o motivo.. Https://www.technologyreview.com/2021/10/05/1036519/facebook-whistleblower-frances-haugen-algorithms/: Karen Hao, 5 out. 2021.

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Existe privacidade em um mundo cada vez mais tecnológico?

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Em um contexto mundial mais tecnológico, os dispositivos móveis fazem parte da vida das pessoas, os mais comuns são os celulares, tablets, relógios e notebooks. A tecnologia existe para auxiliar o homem nas tarefas do dia-a-dia, e com isso muitas empresas oferecem recursos e serviços que fazem a diferença, por exemplo: o email que se conecta a uma agenda e permite que outros dispositivos sincronizem a mesma agenda entre os demais dispositivos, auxiliando as pessoas a lembrarem das tarefas mais importantes do dia a dia. Contudo, após os casos internacionais de Edward Snowden, Cambridge Analytica e outros, muitas pessoas se deram conta de que os serviços gratuitos não são de graça e que, serviços que não cobram por sua utilização querem algo em troca, algo conhecido como o novo petróleo, também conhecido como dados [1]. Diante de outros acontecimentos, as pessoas começaram a ver a importância dos dados e como eles podem nos auxiliar a encontrar novas respostas ou nos deixar vulneráveis.

Comercialmente, os dados são muito importantes para as empresas, a partir deles é possível entender melhor o ambiente de negócios ou criar novas campanhas de marketing. Entretanto, a coleta de dados como, endereço, CPF e outras informações pessoais, permitem às empresas realizarem ações que impactam diretamente a vida dos clientes, como, os serviços da Google que solicitam informações e, caso as cláusulas de serviços sejam aceitas, o cliente pode fornecer os dados sobre sua localização em tempo real. As empresas, por questões judiciais, precisam oferecer um ambiente seguro de armazenamento dos dados, porém, não há nada que seja totalmente seguro, e caso haja um vazamento de dados, uma pessoa mal intencionada pode utilizar essas informações e invadir a privacidade das pessoas.

Neste contexto de abundância de dados, a privacidade é um tema que vem sendo discutido por diversas vezes em um mundo cada vez mais conectado, e mais tecnológico. À medida que o tempo passa, as tarefas que antes eram consideradas difíceis e complexas, se tornaram simples e práticas com a ajuda dos dispositivos móveis, como fazer cálculos, por exemplo, que para nós seres humanos é algo bem complexo de ser feito, quando em de grandes proporções sem o auxílio de alguma ferramenta. Mas a que custo? É realmente segura? A batalha mundial pelos dados está acontecendo, e as pessoas ou organizações que detém a maior quantidade de dados de outras pessoas exercem maior influência e inferência. Clarissa Véliz em seu livro ‘Privacidade é poder’ analisa as consequências para a sociedade com a exploração de rastros digitais das pessoas [2].

Fonte: Imagem no Freepik

Edward Snowden diz que precisamos de ferramentas que não possam ser violadas [3]. Snowden é ex-funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global da empresa, e que o país usa para espionar a população americana e vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil, inclusive fazendo o monitoramento de conversas da ex-presidente Dilma Rousseff com seus principais assessores [4]. Mas porque seria tão importante dados de outros líderes de outros países ? Dados pessoais podem se tornar uma arma nas mãos de determinadas pessoas e/ou instituições. Snowden ainda disse em entrevista que não podia deixar que o governo dos Estados Unidos destruísse a privacidade, a liberdade da Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo em nome de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo [4].

Outro fator de preocupação é a popularização da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT), agora, televisores, geladeiras e outros equipamentos  domésticos produzem dados  e com isso novas discussões sobre a segurança da informação e das pessoas. Problemas sempre existiram, não há produto perfeito, essa tecnologia evoluiu muito nos últimos anos em vários aspectos por causa dos benefícios que podem ser extraídos em muitos cenários [5]. No começo já era esperado a existência de problemas, pois estamos falando de uma tecnologia que estava fora da caixa quando começou, com a crescente demanda da automatização de tarefas juntamente com a disponibilidade de conteúdos gratuitos e reconhecimento do valor das informações geradas por esses sensores ou aparelhos.

O futuro desta tecnologia parece ser bem promissor, com a união do mundo físico com o digital. Grande parte das aplicações destinadas a utilização desse tipo de tecnologia ainda são para as empresas, que buscam baratear a mão de obra e aumentar a sua carga de produção [6]. Talvez a pandemia tenha feito muitas pessoas verem o real potencial de fábricas ou lojas que usam IoT no seu ambiente, de que esse é o próximo passo para uma nova revolução que pode ser temida, mas também muito aguardada [7]. Assim, independentemente, da vontade de uns ou temores de outros, a tendência é que cada vez mais o mundo esteja conectado em vários níveis, desde aplicações simples como ligar o ar-condicionado quando estiver perto de casa ou mais complexas, por exemplo, a utilização na construção civil para prevenir acidentes.

Fonte: Imagem no Freepik

Recentemente Frances Hauguen, ex-funcionária do Facebook, relatou uma série de denúncias para o The Wall Street Journal, provando com documentos internos que os algoritmos do Facebook fomentam intencionalmente a discórdia e que são projetados para causar dependência entre os usuários. Mas por que o Facebook está tão interessado em manter os usuários conectados por um maior tempo possível? Shoshana Zuboff chama de capitalismo de vigilância está coleta de dados. A economia digital se nutre deles. Ela os processa, refina e os serve aos anunciantes para que possam personalizar sua publicidade, ou às empresas, para que planejem novos serviços. Quanto mais detalhes souberem sobre cada usuário da internet, melhor será a estratégia para abordá-los e lhes oferecer um produto [2].

A evolução tecnológica, acentuada pela popularização de diversas ferramentas (software ou hardware), provocou mudanças significativas na sociedade, resultando em consequências positivas e negativas. Positivamente, a tecnologia quebrou paradigmas, por exemplo, profissionais do mundo todo podem compartilhar conhecimento sobre qualquer assunto nas redes sociais; pessoas, com equipamentos minimamente adequados, podem acessar iniciativas globais de educação de qualidade, oferecidas por profissionais de universidades de renome como Harvard ou Oxford. Negativamente, com a popularização das redes sociais, também potencializou discursos polêmicos e o surgimento de movimentos agressivos, como o “cancelamento” de pessoas na internet ou de grupos radicais de diversos espectros políticos. Em todos os contextos, positivos, negativos ou neutros há a geração de dados , cada vez mais precisos, que fornecem o padrão do caminhar de uma pessoa, da digital, do rosto, entre outros.  A geração de dados em si parece ser inevitável, mas com qual finalidade esses dados serão utilizados é que pode produzir consequências positivas ou não, em todo caso, há um longo caminho a percorrer no que tange à conscientização das pessoas sobre esse contexto.

Fonte: Imagem no Freepik

Fontes:

[1]https://bakertillybr.com.br/dados-novo-petroleo/

[2]https://brasil.elpais.com/tecnologia/2021-10-19/ideias-para-salvar-nossa-privacidade-em-meio-a-batalha-mundial-pelos-dados.html

[3]https://www.telesintese.com.br/edward-snowden-precisamos-de-ferramentas-que-nao-possam-ser-violadas/

[4]http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/entenda-o-caso-de-edward-snowden-que-revelu-espionagem-dos-eua.html

[5]https://www.mckinsey.com/industries/technology-media-and-telecommunications/our-insight/laying-the-foundation-to-accelerate-the-enterprise-iot-journey

[6]https://www.ibtimes.com/mckinsey-iot-2030-forecast-machinefi-economy-explosion-coming-3339071

[7]https://www.mckinsey.com/business-functions/mckinsey-digital/our-insights/iot-value-set-to-accelerate-through-2030-where-and-how-to-capture-it

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IOT pós pandemia

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O mundo estava lentamente começando a aderir a ideia de um trabalho remoto nos anos antecedentes a 2020, e certamente a pandemia acelerou de forma exponencial esse processo. Diante da pior crise de saúde do século XXI, em poucos meses, a Covid-19 colocou países inteiros em isolamento, modificou hábitos diários e alterou totalmente a rotina de empresas de todos os setores. As principais economias mundiais ainda tentam retomar as atividades comerciais após um longo período de paralisação em todos os serviços “não essenciais”. No entanto, ainda que muito devastadora, a pandemia abriu um leque de oportunidades para o amadurecimento de algumas tecnologias. Por conseguinte, surgem algumas indagações, como: quais tecnologias realmente vieram para ficar? E que tipo de tecnologias devemos apostar neste, talvez, “novo mundo”?

De fato, foi possível observar uma rápida adaptação das organizações no novo modelo de trabalho, que por sinal se mostrou muito eficiente. Essa resposta rápida teve como papel fundamental o uso da tecnologia, que contribuiu diretamente na manutenção de operações de empresas, de produtividade e forneceu, diante de tantas incertezas, algo para se apoiar e continuar a evolução estrutural e financeira [1]. Sendo assim, pode-se afirmar que a reinvenção está, mesmo que de forma mínima, inserida no DNA das empresas atuais. Através de uma seleção natural do mercado, a pandemia veio separar as empresas em dois tipos: as que estavam preparadas para usar a tecnologia a seu favor e seguir em frente, e as que resistem e não se adaptam a novas formas de trabalhar. É certo que esta divisão digital já existia antes, mas nunca tinha sido tão acentuada ou tão decisiva.

Fonte: Imagem por storyset no Freepik

O “be-a-ba” de antes, mesmo que por enquanto seja funcional, não é o suficiente mais, é preciso pensar em novas maneiras de atuar e, principalmente, de sobreviver a este período de incertezas. Portanto, é necessária certa cautela, pois segundo especialistas o pós-crise pode ser tão importante quanto o atual momento, e suas consequências podem ser maiores que a crise de 1929 [2]. A boa notícia é que atualmente temos uma importante aliada para minimizar os efeitos: a tecnologia. Numa altura em que o mundo todo combate o mesmo inimigo, e infelizmente, no que diz respeito ao coronavírus, especialistas alertam para o fato de que o que se conhecia por “normalidade” está longe de ser alcançado, e que muito provavelmente, não retornaremos ao mesmo padrão. Tivemos que, de maneira obrigatória, abraçar novas ideias e descobrir os seus benefícios, mesmo que ainda exista um longo caminho a percorrer. Como resultado, a COVID-19 pode muito bem ter sido a consagração da Internet das Coisas (IoT).

Nos últimos anos, a IoT se tornou uma das tecnologias mais importantes do século. Em 2017 existiam mais de 7 bilhões de dispositivos IoT conectados e até 2025 é esperado que esse número chegue a 22 bilhões [3], ou seja, em menos de 10 anos o número de aparelhos IoT conectados, triplicou! E aliado a isso, estima-se que o seu valor de mercado até 2021 possa valer 243 bilhões de dólares [4].

Agora que podemos conectar dispositivos que variam de objetos domésticos comuns a ferramentas industriais sofisticadas, é possível estabelecer uma comunicação perfeita entre pessoas, processos e outras coisas. Por meio da computação de baixo custo, nuvem, big data, análise avançada e tecnologias móveis, coisas físicas podem compartilhar e coletar dados com o mínimo de intervenção humana. Nesse mundo hiperconectado, os sistemas digitais podem gravar, monitorar e ajustar cada interação entre itens conectados. O mundo físico encontra o mundo digital – e eles cooperam.

E nesse momento alguns podem pensar, “Tudo bem! Realmente é incrível essa evolução tecnológica e todas essas possibilidades, mas como é que a IoT pode nos ajudar num cenário de pós Covid-19?” Muito provavelmente de inúmeras formas, e acrescento também, que ela contribuirá até mesmo numa próxima pandemia.

Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik

Existem grandes chances de outra pandemia surgir. E infelizmente, isso não é idealizado a partir de teorias conspiratórias, e sim, do fato que nossa sociedade proporciona ambientes, onde é possível surgir e proliferar um vírus mortal de maneira contundente. Além disso, essa terrível possibilidade pode ser mais endossada, ao observar a “retrospectiva da calamidade”: ebola em 2013, gripe suína em 2009, gripe espanhola 1918 e dentre outras situações de saúde que a humanidade teve de superar [5]. Se a questão é “quando?”, então devemos estar preparados para que a sociedade não seja tão impactada como está ocorrendo neste momento.

A IoT aplicada com o uso de inteligência artificial poderá muito em breve fazer diagnósticos prévios, de maneira rápida sem a necessidade de aguardar horas por um exame. Já ouviu falar em “medicina remota” e “medicina interativa”? A área da saúde é uma das áreas mais incríveis que a tecnologia pode estar presente, pois mexe diretamente com a saúde das pessoas, se por algum motivo o paciente não pode ir para um hospital então o hospital pode ir até o paciente de maneira remota, quando se aplica tecnologias da Indústria 4.0 se torna possível interligar equipamentos de imagens e radiologia ou monitorar pacientes à distância [6].

Embora a saúde tenha sido área central de atuação, o uso de IoT em outros setores é evidente. Como mencionado, se tem um botão on-off, as chances são enormes de que o dispositivo possa fazer parte desse sistema. Segundo Paulo José Spaccaquerche, Presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABIN), os sensores serão essenciais em nossa nova vida, garantirão que as atividades sociais possam ser realizadas sem grandes aglomerações, ao menos até que todos sejam vacinados contra o novo coronavírus. O presidente da ABIN, ainda afirma – “ a solução através de um sistema integrado capaz de oferecer um diagnóstico preditivo torna a resposta mais rápida, evita o fechamento temporário de empresas e preserva a força de trabalho” [7]. Outro mercado, que apesar de ser mais para o futuro, mas terá grande relevância quando o quesito for “espaço gerenciável”, é o de “smart place”. O head de IoT/LoRa da American Tower, comentou em uma conferência organizada pela Mobile Time e TELETIME, que o grau de maturidade da tecnologia ainda está relativamente baixo. No entanto, ele conclui informando que contar o número de pessoas em um ambiente, assim como seu fluxo, terá extrema importância, considerando principalmente, o momento de volta ao convívio social [8].

Fonte: Imagem por gstudioimagen1 no Freepik

Além disso, o sucesso do trabalho remoto deve se perpetuar mesmo após a pandemia e trazer benefícios em curto prazo. Segundo a consultoria Gartner, quase a metade dos seus funcionários continuarão o trabalho remoto por mais algum tempo, o que representa um aumento de 30% em comparação a anos anteriores ao da pandemia. Além de oferecer esse suporte para o trabalho virtual, a tecnologia IoT também representa uma evolução tanto nos negócios, quanto na eficácia operacional [4]. Dessa forma, o retorno aos trabalhos presenciais deve ser feito de maneira gradual, e para tornar seguro o regresso dessas atividades, diversas empresas estão apresentando sensores para o monitoramento das atividades humanas no pós-covid-19. E dentre essas soluções baseadas na tecnologia IoT, foram apresentadas câmeras de segurança que são usadas para o monitoramento da temperatura corporal, e pulseiras inteligentes com sensores que geram alerta de proximidade [9].

Essas inúmeras soluções, para um cético estilo Tomé, podem parecer somente alternativas temporárias, visando diminuir o transtorno e possibilitar uma normalidade aos vários setores. Entretanto, as tendências do mercado, a rápida adaptação das organizações e as perspectivas para o período pós-pandemia, apresentam um caminho sem volta, quando se trata de investimento nesse tipo de tecnologia. E isso é ruim? Muito pelo contrário, isso é excelente para as empresas [10]. Fica evidente que, seja na indústria de manufatura, na saúde ou na cadeia de suprimentos, a pandemia provocou muitas mudanças, em especial a aceleração da transformação digital. E quando pensamos no mundo pós-pandemia, é certo pensar que os Estados e as empresas que estão tirando lições e vantagens de tecnologias como a IoT, advindas dessa nova realidade, conseguirão sair na frente. Portanto, a IoT é uma longa jornada, esteja bem preparado e acompanhado, e correndo o risco de ser clichê, concluo citando o esplêndido Steve Jobs, pois a verdade é que “A tecnologia move o mundo”.

Referências

[1]https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/iot-no-pos-pandemia-como-a-internet-das-coisas-pode-ajudar-o-mundo-depois-do-coronavirus/

[2]https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/14/crises-globais-do-ultimo-seculo-trouxeram-aprendizados-mas-que-nem-sempre-foram-aproveitados-veja-quais.ghtml

[2]https://abinc.org.br/pandemia-cria-oportunidades-para-o-desenvolvimento-de-solucoes-em-iot-sustentaveis/

[3]https://www.oracle.com/br/internet-of-things/what-is-iot/

[4]https://tudosobreiot.com.br/iot-pos-pandemia/

[5]https://enterpriseiotinsights.com/20200512/channels/news/siemens-spies-golden-opportunity-to-remake-world-with-tech

[6]https://blog.infraspeak.com/pt-br/iot-covid-19/

[7]https://opiniaoecritica.com.br/pandemia-cria-espaco-para-iot-sustentavel/

[8]https://teletime.com.br/20/07/2020/iot-com-pandemia-mercado-esta-mais-maduro-e-pragmatico/

[9]https://columbiati.com.br/blog/como-iot-revoluciona-a-conexao-entre-dispositivos/

[10]https://vivomeunegocio.com.br/conteudos-gerais/gerenciar/iot-coronavirus/

 

Nota: o texto é resultado de uma atividade da disciplina Tecnologias Criativas, do Programa de Extensão Interdisciplinar do CEULP, ministrada pela professora Dra. Parcilene Fernandes de Brito, dos cursos do Departamento de Computação.

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Neuralink: interface Cérebro-Computador

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Desde milhares de anos atrás os seres humanos sempre buscaram aprender a desenvolver não só habilidades de caça mas também de superação quando relacionados às limitações do corpo. Hoje em dia não é diferente, o aperfeiçoamento humano está presente em diversas áreas da sociedade, como no esporte, ciência e tecnologia. Superar as limitações do corpo humano por vias de métodos naturais ou artificiais vai muito além de sobrepujar as dificuldades e limitações presentes, significa expandir um universo de novas possibilidades que os seres humanos ainda não conhecem.

A tecnologia de aperfeiçoamento humano são técnicas que podem ser utilizadas não somente para melhorar as características e capacidades humanas, mas também para o tratamento de doenças ou deficiência. De acordo com um relatório para o Global Trends 2030 do Conselho Nacional de Inteligência, o “aperfeiçoamento humano poderá permitir civis e militares trabalharem de forma mais eficiente, ainda mais em ambientes que anteriormente seria impossível faze-lo”.

A Neuralink surgiu como uma sociedade comercial neurotecnológica estabelecida por Elon Musk e outros oito fundadores, que tem o objetivo de desenvolver interfaces cérebro-computador, também conhecidas como interface mente-máquina, que é um caminho comunicativo direto entre o cérebro e um dispositivo externo implantável. Musk disse, ao periódico “Wait But Why”, em abril de 2017, que a empresa aspira, no curto prazo, criar dispositivos para tratar doenças cerebrais graves e, principalmente, o aperfeiçoamento humano com a ajuda da tecnologia.

Construir veículos para o mercado de massa e colonizar Marte não são ambições suficientes para Elon Musk. O empresário bilionário visa fundir computadores com cérebros humanos para ajudar pessoas a acompanharem as máquinas. A Neuralink está buscando o que Musk chama de tecnologia de “renda neural”, implantando minúsculos eletrodos cerebrais que podem um dia carregar e baixar pensamentos.

Fonte: Divulgação Neuralink

Expandindo Nosso mundo

De acordo com o site oficial da Neuralink, atualmente eles estão criando o futuro das interfaces cerebrais construindo dispositivos que ajudarão pessoas com paralisia e inventando novas tecnologias que poderão expandir nossas habilidades e nossa comunidade como um todo. O desenvolvimento de uma interface cérebro-máquina totalmente implantada, sem fio, de alta contagem de canais, que tem como objetivo permitir que pessoas com paralisia usem diretamente sua atividade neural para operar computadores e dispositivos móveis com velocidade e facilidade.

Algo tão complexo pode provocar estranheza, mas, de uma certa maneira, nós já somos como um cyborg, nossos celulares e tecnologias vestíveis não são muito diferentes de um membro no qual usamos para aumentar nossa capacidade produtiva, acessar e processar informações. O problema é que a comunicação entre esses dispositivos externos e o nosso cérebro é muito lenta, as informações dos dispositivos demoram muito – tanto para chegar ao cérebro quanto para sair de lá.

A maneira de ultrapassar esse obstáculo é através de um chip minúsculo que é capaz de conectar o cérebro humano diretamente com a máquina, o que aumenta a velocidade de conexão entre os dois pontos em até 10.000 vezes. Esse tipo de tecnologia já existe, mas sem data definida para iniciar os testes em humanos, cenário que deve mudar em breve, visto que, uma concorrente da Neuralink, a Synchron, que possui apenas 20 funcionários, já obteve autorização da Agência reguladora de Medicamentos e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) dos EUA para realizar testes em seres humanos com chips criados pela própria companhia.

Em meados de 2017, Musk divulgou o projeto Neuralink pela primeira vez. Fascinado com a possibilidade de integrar softwares e seres humanos, Musk comprou a empresa sem que a mesma tivesse algum produto desenvolvido e apenas em 2019, através de uma conferência de lançamento, trouxe a público os seus resultados iniciais do primeiro produto, batizado de “N1”, esta versão que possui aparência similar a de uma chip.

Através dele, parte uma série de cabos flexíveis e ultrafinos com a espessura 5x mais fina que um fio de cabelo. O objetivo central é que esses fiozinhos se conectem diretamente ao córtex do cérebro humano, estabelecendo assim uma conexão direta entre homem e máquina. Tal implante possibilita a captação de sinais eletroquímicos que os neurônios emitem e, através de um computador, traduzi-los de forma que possam ser interpretados.

Fonte: Reprodução/ Mais Tecnologia/ Neuralink

Para a implantação, também foi desenvolvido um robô que, controlado por um médico, é capaz de realizar a inserção desses fios milimétricos no tecido cerebral sem causar quaisquer danos ao paciente. Este é o ponto crucial, pois para conseguir a aprovação governamental e adoção em massa da tecnologia, ela precisa ser 100% segura, então não pode haver espaço para erro médico [1].

Em 2020, foi lançada uma nova versão deste dispositivo, batizado de “Link V.09”, que possui o tamanho de uma moeda e, segundo Musk, encaixa perfeitamente na cabeça. Modelo este que corrige a estética de seu antecessor, trazendo um conforto e impercepção na utilização do mesmo. A nova versão também apresenta fios 10x mais finos que um fio de cabelo. Este dispositivo possui autonomia de funcionamento de um dia e precisa ser carregado ao longo da noite, que pode ser operada via bluetooth a uma distância de até 10 metros [2].

O objetivo principal dessa invenção é ajudar pessoas portadoras de lesões graves no cérebro ou que tivessem perdido parte dos movimentos do corpo por causa de um derrame, um acidente cerebral ou qualquer condição causada por uma falha na comunicação entre o cérebro e o corpo [8]. De uma forma simplificada, nosso cérebro é composto de uma rede neural com aproximadamente 100 bilhões de neurônios que se comunicam com sinais elétricos chamados sinapses. Esses sinais controlam as ações do corpo, então se houver algum problema na comunicação entre os neurônios que controlam o seu braço, você perde a capacidade de usá-lo [9].

Porém, mesmo que suas sinapses estejam funcionando corretamente, mas por algum motivo eles não consigam chegar até determinada parte do corpo, a perna por exemplo, você não conseguirá movimentá-lo. Dessa forma, nos casos onde o problema é no caminho que conecta os pontos, o dispositivo da Neuralink faria o papel de repassar os sinais onde a comunicação foi interrompida.

Porém, nem todos os pesquisadores e pessoas estão tão animadas com tais anúncios da Neuralink. A transmissão de dados neurais por meio de uma tecnologia sem fio é a grande inovação, mas o que pode ser feito a partir dessa coleta de dados não foi apresentado. “As manifestações foram bastante desanimadoras a este respeito e não mostraram nada que não tivesse sido feito antes” [7], afirma Andrew Jackson, professor de interfaces neurais da Universidade de Newcastle.

Imagem por kjpargeter no Freepik

Futuro Preocupante?

Há uma certa empolgação quando se imagina essa tecnologia atuando na área da medicina. Um paciente com esclerose, como o Stephen Hawking poderia ter levado uma vida ‘normal’, utilizando esse dispositivo da Neuralink. Exoesqueleto, dispositivo de voz, e até mesmo uma casa inteligente adaptada às suas necessidades, recebendo comandos da sua mente, iria proporcionar uma vida independente às pessoas com algum tipo de deficiência. Mas ao mesmo tempo em que gera uma empolgação, há uma preocupação: Empresas podendo ler sua mente.

Não é de hoje que sabemos de gigantescos vazamentos de dados de grandes empresas. Em 2018, Mark Zuckerberg foi a julgamento explicar o uso indevido de dados de 87 milhões de usuários, coletados pela Cambridge Analytica, onde os dados foram usados para influenciar a opinião de vários eleitores em vários países [4]. Além desse famoso caso, há várias notícias de vazamento de dados quase toda semana, mas pouco importa se esses dados são vazados ou se são vendidos, o principal motivo de preocupação é a privacidade.

Quem garante que o Neuralink não armazene mais do que comandos para ligarmos nossa tv, chamar um carro? E quem sabe mais no futuro, quando sair updates para essa tecnologia, ele não passe de um receptor de estímulos para um estimulador?

Segundo uma matéria do site futurism, conforme relatou pesquisadores de Harvard, MIT e da Universidade de Montreal, empresas de marketing já estão ativamente testando novas maneiras de orientar comportamentos de compra durante o sono, sem deixar memórias, a chamada publicidade “dreamtech”. Os pesquisadores também temem que dispositivos como relógios inteligentes comecem a vender dados biométricos obtidos enquanto seus usuários dormem para essas empresas de marketing. Por enquanto, o dispositivo mais próximo a nós (referindo a coleta biométrica de dados) é o smartwatch, que poderá perder o lugar quando o Neuralink chegar [6]. As perspectivas em relação a esse contexto, podem parecer distópicas ou até mesmo um surto mental e, talvez, isso nunca aconteça de fato, mas não há como termos certezas quando o contexto é inovação tecnológica.

Ok, mas é só não usar! Será? Será que teremos essa opção? “As pessoas podem se sentir compelidas a usar chips cerebrais para se manterem empregadas em um futuro em que a inteligência artificial pode nos superar no local de trabalho” disse ao Observer a psicóloga cognitiva e filósofa Susan Schneider [5]. A inteligência artificial está dominando o mercado, carros autônomos da Tesla (que por coincidência é do Elon Musk), GPT3, github copilot, utilizam a IA para facilitar muitas coisas. No momento em que as atividades começam a se tornar mais fácil, começamos a produzir mais, fazer tarefas que antigamente necessitavam de duas ou mais pessoas. Uma empresa pode querer manter apenas aqueles funcionários que se profissionalizaram no uso dessas ferramentas. Da mesma forma, no futuro, a “profissionalização” talvez seja o uso do Neuralink.

Referências:

[1] Neuralink | O que é e como funciona o projeto que conecta um chip ao cérebro. Natalie Rosa, 2020.  Disponível em: https://canaltech.com.br/inteligencia-artificial/neuralink-o-que-e-como-funciona-170585/. Acesso em: 20 de nov. de 2021.

[2] Elon Musk’s Neuralink unveils sleek V0.9 device, uses sassy pigs for live brain machine demo. Dacia J. Ferris. Disponível em: https://www.teslarati.com/elon-musk-neuralink-smartwatch-features-implant-robot-live-demo-video/. Acesso em: 20 de nov. de 2021.

[3] Global trends 2030: Alternative Worlds. 2012. Disponível em: https://www.dni.gov/files/documents/GlobalTrends_2030.pdf. Acesso em: 20 de nov. de 2021.

[4] Em depoimento de 5 horas ao Senado americano, Mark Zuckerberg admite erros do Facebook. G1, 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/mark-zuckerberg-depoe-ao-senado-sobre-uso-de-dados-pelo-facebook.ghtml. Acesso em 22 de nov. 2021.

[5] Neuralink’s Monkey Experiment Raises Questions From Scientists and Tech Ethicist. Sissi Cao, 2021. Disponível em: https://observer.com/2021/04/elon-musk-neuralink-monkey-demo-draw-skepticism-scientist/. Acesso em 22 de nov. 2021.

[6] Scientists Warn That Marketers Are Trying to Inject Ads Into Dreams. Futurism, 2021. Disponível em: https://futurism.com/scientists-marketers-ads-dreams. Acesso em 22 de nov. 2021.

[7] Homem com implante cerebral desafia macaco da Neuralink para uma partida de Pong. Rafael Rigues, 2021. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2021/05/17/ciencia-e-espaco/homem-com-implante-cerebral-desafia-macaco-da-neuralink-para-uma-partida-de-pong/. Acesso em 20 de nov. de 2021.

[8] Musk promete mostrar dispositivo Neuralink em funcionamento nesta sexta. Olhar Digital, 2020. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2020/08/26/noticias/musk-promete-mostrar-dispositivo-neuralink-em-funcionamento-nesta-sexta/. Acesso em 20 de nov. de 2021.

[9] Neuralink and the Brain’s Magical Future. Tim Urban, 2017. Disponível em: https://waitbutwhy.com/2017/04/neuralink.html. Acesso em 20 de nov. de 2021

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Nomofobia: você tem medo de ficar longe do celular?

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Uma pesquisa recente publicada pela Digital Turbine mostra que 20% dos brasileiros não ficam mais de 30 minutos longe do celular. Esses dados servem como um sinal de alerta para o vício em aparelhos eletrônicos. Nesse contexto, vale citar também que pode virar um caso de nomofobia, uma fobia que tem crescido em todo mundo.

A nomofobia é uma palavra constituída pela abreviação da palavra ‘no mobile’, que significa sem celular, e fobia que é um medo irracional, exagerado. Logo, a nomofobia é o medo exagerado de ficar sem o celular ou aparelho eletrônico.

O nomofóbico desenvolve ansiedade quando percebe que está sem o aparelho nas mãos e isto pode evoluir para uma ansiedade generalizada. Em uma forma mais aguda, pode interferir no sono. Inclusive, há pessoas que acordam no meio da noite para verificar o aparelho, a ponto de desenvolver a “chamada fantasma”, ou seja, mesmo quando o aparelho não está fazendo nenhum som ou vibrando, o indivíduo tem essa percepção por conta da ansiedade e expectativa do aparelho sinalizar uma notificação.

O ideal para evitar que essa necessidade de estar mexendo no celular não vire um hábito é que se tenha um controle de acessos. Excluindo casos em que o trabalho com o celular se faz necessário, crie horários e normas para verificar o aparelho. Em casos de urgência, é voltar ao velho hábito da ligação. A mensagem entrou tanto no nosso dia a dia que as pessoas não querem mais falar ao telefone, somente mandam mensagens. Com isso, cria-se na pessoa a constante expectativa de receber uma mensagem, o que gera essa compulsão de todo o tempo verificar se recebeu algo.

Fonte: encurtador.com.br/ciyD2

Geralmente, os jovens são os mais atingidos, porque já nasceram em meio a essa tecnologia, então para eles é algo natural. Uma forma de prevenir seria evitar usar o aparelho no tempo ocioso. Ao perceber, busque fazer algo em que possa produzir, por exemplo, faça um curso, use esse tempo para estudar, ler, ou até mesmo fazer atividade física.

É importante estar atento para quando essa vontade vira um hábito e quando estar longe do celular atrapalha suas atividades cotidianas. É necessário também perceber se o aparelho está atrapalhando atividades como trabalho e estudos. Caso a resposta seja sim, é o sinal de alerta para buscar um profissional da área de saúde mental.

É importante fazer o nomofóbico perceber que ele precisa buscar ajuda para a dependência. Há vários sinais. Por exemplo, a pessoa não tem conversas olhando nos olhos com outros, está o tempo todo se afastando e cada vez mais vivendo entorno do celular. A nomofobia tem cura e podemos aprender a lidar com ela, fazendo uma reprogramação nesses hábitos colocando marcos e metas a serem atingidos.

Entender que está dependente do aparelho é fundamental para que o tratamento seja satisfatório. O mais indicado é fazer sessões de psicoterapia com um psicólogo ou terapeuta. Assim a pessoa vai entender seus sentimentos e a forma de se comportar diante da possibilidade de ficar sem o aparelho. Em casos mais extremos e que existe necessidade de medicação, busque um psiquiatra. Cuide-se: Nomofobia tem cura e é possível voltar a ter qualidade de vida e vida social após ela.

Fonte: encurtador.com.br/ovBD4
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Conectar ou se relacionar?

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A sociedade da informação, caracterizada pelos grandes avanços tecnológicos na microeletrônica e telecomunicações, causa transformações na economia e na sociedade, e também em suas relações. Todas as relações incluídas na sociedade da informação, sendo complexas ou não, passam a ser implementadas em formatos diferentes devido à conectividade. A população passa cada vez mais a utilizar a internet para trabalhar, se relacionar, e fazer atividades cotidianas sem a necessidade de estar presente fisicamente (WERTHEIN, 2000). Porém, em uma situação em que são necessárias restrições e distanciamento social podem ser percebidos impactos na saúde mental dos indivíduos.

Em uma era marcada pelo acesso à informação e a facilidade de iniciar novas relações através das redes sociais, novos parceiros amorosos e novas amizades surgem a todo momento. Apesar disso, durante a pandemia da COVID-19 foi possível identificar efeitos negativos à saúde mental da população devido a privação do contato social. Foram percebidos em estudos, sentimentos de medo, tristeza, solidão, e também, o aumento do nível de estresse, ansiedade, e em alguns casos o surgimento da depressão e de ideação suicida (QUEIROZ; SOBREIRA; JESUS, 2020).

Fonte: encurtador.com.br/cFGM3

Para Bauman (2004), as relações desenvolvidas durante a contemporaneidade são volúveis e construídas sem profundidade ou intimidade, e logo, tendem a se desfazerem, criando a necessidade da busca constante por novas relações, estas sendo cada vez mais rasas. Transmitindo a partir disso um sentimento de insegurança, que ocorre devido a dúvida “será que ao me aprofundar em um relacionamento presente posso estar deixando de viver relacionamentos mais especiais, mais satisfatórios ou mais incríveis?”. Logo a dúvida acaba por cessar a vivência de tais relacionamentos, sendo que a busca incessante estará sempre presente.

Segundo Pires e Gomes (2014), a sociedade da informação demonstra certo estresse na vida moderna ou contemporânea ligado a necessidade de obter melhor qualidade de vida. O indivíduo contemporâneo deseja estar presente, interagindo e fazendo parte do seu núcleo familiar, das suas relações de amizade, das relações profissionais e amorosas, como meio de alcançar a autoestima e a auto realização. Para isso, entretanto, são necessárias interações humanas mais qualitativas que quantitativas.

O isolamento social como medida preventiva para diminuição da incidência de casos da COVID-19, traz o questionamento se as redes sociais realmente conseguem conectar as pessoas de forma real ocasionando em relações de confiança e apoio emocional mútuo ou geram apenas relacionamentos líquidos como exposto por Bauman. Visto que mesmo com o amparo dos smartphones trazendo a possibilidade de se conectar e manter relações distantes fisicamente, será que o “conectar” se torna equivalente ao “relacionar”?

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2004.

PIRES, Cristina Maria dos Santos Nunes; GOMES, Caramelo. Tecnologias de informação e comunicação versus isolamento social/individual: causa ou consequência-questões antigas e novas realidades. Sebentas d’Arquitectura, n. 4, p. 11-21, 2014. Disponível em:<http://revistas.lis.ulusiada.pt/index.php/sa/article/view/1813>. Acesso em 17 junho de 2021.

WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da informação, v. 29, n. 2, p. 71-77, 2000. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/ci/a/rmmLFLLbYsjPrkNrbkrK7VF/?lang=pt>. Acesso em 17 junho de 2021.

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