O Ressentimento é sempre do Outro?

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A Era do Ressentimento: Uma Agenda para o Contemporâneo, do filósofo e psicanalista Luiz Felipe Pondé, através da palestra organizada pelo Psicologia em debate, em uma exposição claramente proferida pelo acadêmico em Psicologia Lenicio Nascimento, no dia 08/03/2017, deixou todos os presentes já de início reflexivos, ao questionar: “Você é uma pessoa ressentida?”.

Penso que nesse momento, todos se voltaram para seus próprios pensamentos, e se deixaram refletir acerca desse tema, que coloca em xeque, um sentimento tão forte e negativo, quanto o ressentimento. Sabe por quê? Acredito que talvez seja, por pensarmos que o outro seja um ressentido, porém nós não somos. Nesse sentido, o autor coloca de maneira expressiva sua visão desse homem que age pelo ressentimento, sequer questionando sua verdadeira essência, entre o ter e o ser.

Fonte: http://zip.net/bctGbv
Fonte: http://zip.net/bctGbv

Nesse diálogo contemporâneo da Psicologia com a Filosofia, o autor segue apontando críticas pertinentes aos relacionamentos sociais, em que as pessoas estão preocupadas muito mais com a quantidade de “curtidas” nas redes sociais, que mostram em tempo real tudo o que elas desejam que vejam; tendo assim seus segundos de fama. Para o autor, vivemos a era do ressentimento, perdemos tempo vivendo pela exteriorização, individualismo onde “eu me basto”, um consumismo exacerbado; e constantemente correndo atrás de uma singularidade, assim buscando um reconhecimento dessa imagem que criou; imagem que não corresponde ao seu eu real; fora a isso, essa geração vive a solidão e o adoecimento com as psicopatologias, que nasce desse descompasso em não olhar para nosso interior, como somos de verdade.

Para o autor, a palavra ressentimento carrega um teor negativo; porém acredita que o primeiro passo é se perceber como sendo um ressentido, aceitando e assim buscar uma mudança que poderá trazer um crescimento pessoal. No desespero, a auto superação será a única e viável saída para uma cura e melhora interior.

Fonte: http://zip.net/bxtG7B
Fonte: http://zip.net/bxtG7B

O filósofo, apontando várias nuances dos relacionamentos superficiais, dos casais modernos que não desejam ter filhos; a secularização do papel da mulher na qual ela vive em busca de uma autonomia frente à sociedade, que nos permite perceber essa mulher correndo em busca de uma realização superficial; em que a perfeição do corpo surge como uma feminilidade vazia e inútil. Nesse ponto, possibilitamos entender a preocupação que o autor demonstra frente às demandas que nosso tempo se apresenta.

Portanto, para fugir disso, o autor sinaliza para que sejamos extra contemporâneos; seria basicamente lutar contra essa onda de ter mais do que ser; em um movimento socrático de levar o individuo a sair de dentro para fora. E, principalmente não colocar a culpa do seu ressentimento no outro, procurar a verdade, o sentido da vida.

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Em busca do caminho das nuvens

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A vida cotidiana sempre foi repleta de desafios, principalmente quando o assunto é sair em busca de um ideal, um objetivo de vida ou uma meta. A trajetória que alguns indivíduos percorrem em busca seus ideais poderia até mesmo virar roteiro de cinema. Tanto na vida real quanto na ficção tem sempre alguém percorrendo algum caminho em busca de algo que mude sua vida.

As produções cinematográficas brasileiras estão repletas de boas histórias e personagens que contam casos que até poderiam ser verdade na vida real, tirando claro um aspecto aqui e outro ali que acabam dando um ar de mera ficção. Um bom exemplo disso é o filme O Caminho das Nuvens (2003) estrelado pelos atores Wagner Moura e Claúdia Abreu que traz uma narrativa cheia de drama e leva ao seguinte questionamento: o que você faria em busca de um ideal?

O longa metragem narra a história de Romão (Wagner Moura), caminhoneiro que está desempregado e precisa sustentar a mulher Rose (Cláudia Abreu) e cinco filhos. Para isso, ele  decide partir em busca de um local onde possa conseguir o sonhado emprego com salário de R$ 1 mil , no Rio de Janeiro. Romão e a família partem então numa jornada de 3,2 mil km, saindo de Santa Rita, no sertão da Paraíba, até a cidade maravilhosa. Detalhe: de bicicleta.

A saga dramática da família paraibana é repleta de situações capazes de levar o espectador às lágrimas, porém em nenhum momento o pai da família desvia do objetivo e vai com esposa e filhos percorrer o caminho das nuvens na certeza de que chegando ao Rio, o desejado trabalho estará à sua espera.

Romão, o caminhoneiro, talvez não seja o único que decide mudar o rumo de vida em busca de um ideal. Mudar nem sempre é fácil, mas em alguns momentos o desejo de sair em busca por novos objetivos faz com que algumas pessoas abram mão de seu conforto, estabilidade, família e amigos em busca de seus ideais.

André Limberger, inovador tecnológico, é um bom exemplo disso. À reportagem, André conta sua trajetória e em busca de seus “mil reais”:

“Características da minha personalidade e que resultam diretamente na profissão que escolhi é a CONSTANTE MUDANÇA e a VONTADE DO NOVO.

Sou migrante por natureza… Vindo do Rio Grande do Sul aos 13 anos, estabelecido em Gurupi, Tocantins, já aos 17 anos fui emancipado para abrir uma empresa de informática, onde iniciei a vida profissional com desenvolvimento de softwares para a área comercial, venda de computadores e cursos.

Com sede em Gurupi, casa própria e clientes sólidos, mantive a vida durante 12 anos, quando senti o mercado pequeno e sem desafios, momento em que ocorreu a mudança com a empresa para a capital, Palmas.

Em Palmas estabelecido na área de Cursos e Serviços de Tecnologia durante 13 anos, comecei a sentir a necessidade de inovação, que me empurraram para a criação de um produto tecnológico próprio, onde criei  a CASA INTELIGENTE, totalmente automatizada que rendeu reportagens em jornais televisivos locais, abrindo visibilidade para os meus conhecimentos.

 Apesar de possuir uma vida estável em Palmas, com casa própria, proprietário de uma empresa conhecida e vida financeira estável… sentia que precisava me REINVENTAR, INOVAR e sair da rotina abrindo perspectivas de novos horizontes. Foi quando surgiu outro bem sucedido empresário da área de educação à distância, propondo uma parceria para a criação e inovação de tecnologias para a área de educação.

Este empresário possuía empresa com sede em Maceió, Alagoas, com estúdios, central de satélite e equipe administrativa, além de pólos espalhados por todo o país.

Previamente conhecedor de meu potencial tecnológico, propôs inovação na área de educação, além da possibilidade de morar a beira mar… Maceió.

Hoje resido em Maceió, capital de Alagoas e trabalho com INOVAÇÃO TECNOLÓGICA para a área de educação, produzindo softwares e hardwares, desenvolvendo salas de aulas virtuais, simuladores, jogos educativos, gameficação da educação e novas formas de ensinar.

Hoje tenho uma certeza que nunca irá mudar… A MINHA VONTADE DE INOVAR…”

Meu nome é ANDRÉ LIMBERGER, sou casado com a Nieli Martins Borges Limberger, tenho 43 anos, sou INOVADOR TECNOLÓGICO e feliz”.

Sandra Machado, empresária do ramo da beleza também não ficou atrás e resolveu, assim como o personagem do filme, percorrer o seu caminho das nuvens em busca do seu objetivo.

Tem um momento na vida em que você recebe um “estalo”. É bom, e é importante que isso aconteça. Eu fui empregada por muitos anos sem intervalos, trabalhava como uma formiguinha, incansável e disciplinada, mas nunca satisfeita. Tinha algo que constantemente me incomodava, era o desejo de melhoria, e eu não acreditava que aquilo era tudo que a vida tinha pra mim, e muito menos acreditava que aquilo era tudo que eu era capaz de conseguir. Um dia eu tive que recomeçar, e foi aí que eu decidi que seria de uma forma totalmente diferente. E seria rápido, imediatamente! Era a minha oportunidade e eu não tinha dúvida nenhuma de que esse era o caminho certo. Decidi abrir minha própria empresa e fiz isso logo, no calor da emoção, para que o medo não me alcançasse; por que o medo vem! A incerteza também, as responsabilidades e riscos existem, são reais e enormes! Mas isso é normal, eu sabia. Não houve dúvida de que eu estava certa no caminho que tinha escolhido, mas foi preciso ser forte, ter coragem, equilíbrio emocional e principalmente controle psicológico, sem isso colocaria tudo a perder. Tem coisas que só a gente entende, tem coragens que não dá pra explicar, tem uma luz que só a gente vê (cada um tem sua luz). Eu continuo caminhando, continuo na estrada enfrentando as adversidades, elas já foram maiores, meu objetivo já esteve mais longe. Uma coisa é certa e absoluta; Eu não vou ficar no mesmo lugar, nem mesmo por 1 minuto sequer.

Meu nome é Sandra Machado, sou empresária e mãe.”

Para Jonatan Ornellas, consultor de empresas, a trajetória do personagem lembra um pouco a sua corrida. Para tanto ele não mede esforços e enfrenta todas as mudanças que possam surgir pelo caminho.

“Iniciei minha trajetória como trainee de uma renomada e respeitada empresa de consultoria e auditoria de porte internacional. Após um criterioso, processo seletivo fui convocado para a mesma, tendo sido promovido, até me tornar auditor sênior.

Posteriormente, migrei para uma empresa congênere com o objetivo de ter acesso a uma maior autonomia na coordenação dos trabalhos e maior ganho nos resultados. Durante esse período, passei bastante tempo em São Paulo, atendendo aos clientes da empresa. No momento em que percebi, que as expectativas de crescimento desaceleraram, busquei um outro rumo.

Em outra nova etapa, fui trabalhar em uma empresa de energia elétrica, a qual me proporcionou a oportunidade de residir em outra cidade. Natal – RN. Com essa nova circunstância, houve um afastamento físico dos meus amigos e familiares que continuarem vivendo em Salvador. Contudo, eu já tinha experiência em mudanças e esta circunstância não trouxe nenhum tipo de dano. O objetivo nesta mudança era o crescimento profissional e financeiro, os quais aconteceram durante três anos. Porém, após este período, percebi que era a hora de desenvolver novas oportunidades.

Sendo assim, retornei para Salvador, por ser um pólo comercial relevante, e investi na estruturação de produtos de consultoria empresarial, com foco na geração de resultados financeiros e prevenção de perdas. Atualmente têm sido obtidos excelentes resultados. O cenário mercadológico tem expressado tendências de crescimento para serviços de alto padrão qualidade com foco na geração de efetivo valor agregado. Sendo assim, do ponto de vista profissional e pessoal, me sinto realizado, porém, nunca satisfeito. Sempre podemos fazer mais. Sempre podemos fazer melhor.

Meu nome é Jonatan Ornellas e sou consultor de empresas.”

O caminho das nuvens talvez não seja a chave para o sucesso, mas é sem sombra de dúvidas uma porta para aqueles que saem do estado de inércia e partem em busca da realização de seus objetivos, seja para conquistar um cargo de chefia ou tão somente um emprego com a singela remuneração de mil reais.

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DSM-5

Mudanças no DSM-5: despatologização aspie e trans?

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No dia 1º de dezembro de 2012, o conselho diretor da Associação Psiquiátrica Americana (APA), aprovou a revisão final da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, o DSM-5 – também conhecido como a Bíblia da Psiquiatria, embora sua influência extrapole em muito a atuação psiquiátrica. Dentre as inúmeras mudanças, destaco duas realizadas pela APA: 1) eliminação do diagnóstico de Síndrome de Asperger, que será, a partir de 2013, incorporado ao diagnóstico guarda-chuva de Transtorno do Espectro Autista e 2) remoção do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero, substituido pelo de Disforia de Gênero. Com relação a estas modificações, cabe a reflexão: trata-se de um movimento de despatologização ou somente de mudanças na nomenclatura e localização dentro do manual?

Com relação à primeira alteração, o argumento da APA é de que a incorporação de diversos diagnósticos em somente um favoreceria um processo diagnóstico mais consistente e preciso das crianças com autismo. Segundo a entidade, inúmeras pesquisas realizadas por cientistas de diversos países, apontaram para a existência de um continuum, de leve a greve, entre as diversas manifestações autísticas e não somente de um “sim ou não” para cada transtorno específico. A APA alerta, no entanto, que tal modificação nos critérios para o diagnóstico do autismo não implicará em qualquer alteração no número de pacientes que recebem tratamento para distúrbios do espectro do autismo em centros de tratamento. Isto significa que uma pessoa que hoje possui o diagnóstico de Asperger, continuará tendo acesso aos tratamentos que recebia. Mas uma pergunta se faz necessária: será que, no decorrer do tempo, haverá uma diminuição no número de pessoas diagnosticadas? Difícil saber, mas provavelmente ninguém que hoje é considerado Asperger ficará sem um diagnóstico. Neste sentido, parece tratar-se mais de uma ampliação do diagnostico de autismo, do que de um movimento de despatologização da Síndrome de Asperger. De qualquer maneira, não é uma mudança pequena. Afinal, os nomes dos transtornos conformam identidades. E muitos indivíduos atualmente, no Brasil e no mundo, se identificam como Aspies, mesmo que seja para criticar o diagnóstico e propor sua despatologização. Em 2004 foi criado nos EUA o movimento Aspie for Freedom, que defende a ideia de que os autistas e os aspies não são deficientes ou doentes, mas sim diferentes – assim como os gays, negros e canhotos. Sendo assim, não precisam ser tratados ou curados, mas entendidos e respeitados enquanto “neurodiversos”, ou seja, diferentes dos “neurotípicos”, que são todos os não-autistas. Afinal, argumentam, se a neurodiversidade é uma doença, a “neurotipicidade” (ou seja, a normalidade) também o é. Sobre esta visão, é muito interessante conferir o irônico site do Instituto para o Estudo do Neurologicamente Típico, criado por um autista, que define a “síndrome neurotípica” como “um transtorno neurobiológico caracterizado pela preocupação com questões sociais, delírios de superioridade e obsessão pela conformidade”. Alguém aí se identificou com este diagnóstico? Para um aprofundamento destas questões, recomendo o artigo O sujeito cerebral e o movimento da neurodiversidade, do filósofo (e meu professor) Francisco Ortega.

Já a segunda modificação aprovada pela força-tarefa do DSM-5, isto é, a retirada do diagnóstico de Transtorno de Identidade de Gênero do futuro manual, poderia apontar para um movimento concreto de despatologização da transexualidade. Será? De acordo com o site da Campanha Internacional Stop Trans Pathologization¹ – STP (2012), um de seus objetivos principais é a retirada da categoria “disforia de gênero/ transtornos de identidade de gênero” das próximas edições dos manuais diagnósticos (DSM e CID). Na recente mudança, foi-se eliminado o rótulo de Transtorno de Identidade de Gênero, mas o de Disforia de Gênero permanece. A perspectiva parece ter sido eliminar a palavra “Transtorno”, que traz consigo a ideia de uma doença mental, substituindo-a pela teoricamente menos negativa “Disforia”, que apontaria para um sofrimento emocional relacionado à incongruência entre sexo e gênero. Segundo a pesquisadora Jaqueline Jesus³: “A APA não despatologizou a transexualidade, apenas a realocou dentro do Manual, e a agregou com outras expressões transgênero dentro da categoria ‘disforia de gênero’, considerando assim que todas as pessoas trans sofrem por terem essa identidade de gênero. Sinto, mas isso ainda é patologizar”. Ao mesmo tempo, dentro do próprio movimento pela despatologização trans, existem aqueles, mais pragmáticos, que se posicionam favoráveis à manutenção da medicalização da transexualidade, haja vista que muitos sujeitos trans – mas não todos – desejam se submeter à cirurgia de redesignação sexual. E, para isso, o aval médico é, atualmente, indispensável. Para estas pessoas, a recente modificação no DSM-5 talvez possa representar um avanço. Mas não para outras, que defendem a total retirada da transexualidade tanto do DSM quanto do CID, por acreditarem, como Judith Butler, que:

O diagnóstico reforça formas de avaliação psicológica que pressupõem que a pessoa diagnosticada é afetada por forças que ela não entende. O diagnóstico considera que essas pessoas deliram ou são disfóricas. Ele aceita que certas normas de gênero não foram adequadamente assimiladas e que ocorreu algum erro ou falha. Ele assume pressupostos sobre os pais e as mães e sobre o que seja ou o que deveria ter sido a vida familiar normal. Ele pressupõe a linguagem da correção, adaptação e normalização. Ele busca sustentar as normas de gênero tal como estão constituídas atualmente e tende a patologizar qualquer esforço para produção do gênero seguindo modos que não estejam em acordo com as normas vigentes

Deste ponto de vista, as modificações realizadas pela equipe do DSM-5 não parecem ter modificado em nada o caráter patologizante/estigmatizante do autismo e da transexualidade. Talvez ainda não tenha chegado a hora destas configurações identitárias serem efetivamente despatologizadas e desmedicalizadas, como ocorreu com a homossexualidade algumas décadas atrás.

Update 07/12/12: Além da eliminação da Síndrome de Asperger e do Transtorno de Identidade de Gênero, diluídos em outras categorias, outras alterações foram realizadas no DSM-5, o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (Binge eating desorder), Transtorno da Escoriação (Excoriation Disorder), Transtorno da Desregulação do Humor Disrupitivo (Disruptive Mood Dysregulation Disorder, mais conhecido como “birra”), etc. Outra alteração importante foi a retirada do luto como critério de exclusão para o diagnóstico de depressão, o que significa que em breve, alguém que acabou de perder uma pessoa querida poderá ser diagnosticado com Depressão. A indústria farmacêutica deve estar dando pulos de alegria.

¹ Site da Campanha Internacional Stop Trans Pathologization: http://www.stp2012.info/old/pt

²Trecho retirado do artigo Desdiagnosticando o gênero de Judith Butler, disponível emhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312009000100006

³ Nos comentários desta notícia:
http://www.nossostons.com/2012/12/transexualidade-transtorno-mental-disforia-de-genero.html

Para saber mais sobre as alterações no DSM IV:

http://www.nhs.uk/news/2012/12December/Pages/Aspergers-dropped-from-mental-health-manual-DSM-5.aspx

http://sdgln.com/health/2012/12/03/apa-removes-gender-identity-disorder-updated-mental-health-guide

http://edition.cnn.com/2012/12/02/health/new-mental-health-diagnoses/

http://edition.cnn.com/2012/12/02/health/new-mental-health-diagnoses/

http://www.aspiesforfreedom.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Neurodiversidade


Nota: Texto originalmente publicado em:
http://psicologiadospsicologos.blogspot.com.br/2012/12/mudancas-no-dsm-5-despatologizacao.html

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aniversário

Impermanência da Vida

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Hoje ao celebrar mais um ano de vida eu estou a pensar no vai e vem da vida… Eu ouso dizer que estou melhor que antes.

Meu corpo já não responde aos mesmos estímulos de antes; minha voz já não é a mesma; meu rosto em frente ao espelho se depara com as marcas que a comemoração dessa data deixou ao longo dos anos. Ainda assim ouso dizer que estou melhor.

O filósofo Heráclito disse que “nada existe de permanente a não ser a mudança, assim como ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio”. A vida é exatamente isto: um rio que jamais é o mesmo…

Ao amanhecer já não sou a mesma. Me deparo todos os dias com um novo ser, diferente do que ontem fui e diferente do que amanhã serei. Assim como o rio que ora refresca, ora acalma. Ora fascina, ora desanima…

É necessário manter o curso diariamente, é necessário fazer um leito por onde um rio novo surgirá e, mesmo que haja obstáculos, é imprescindível termos a coragem de atravessá-los e deixar que aqueles que nos rodeiam se deliciem nas águas do rio que hoje sou.

Na maioria das vezes sofremos por querermos viver o que se foi. Nos entregamos a momentos que não são mais possíveis e, como não é possível sermos os mesmos, a tristeza e a dor tomam conta de nossa vida e não conseguimos perceber que a vida segue assim como o rio, não podendo ser a mesma de antes.

É profundamente refrescante nos entregarmos a essa realidade e, quando somos capazes de perceber a verdade contida na frase de Heráclito, descobrimos que o fardo fica mais leve e a vida mais bela.
Vou mais longe quando leio Guimarães Rosa dizendo:

“Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria…
Depois retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria sozinhos…
Essa… a alegria que Ele quer.”

O grande mal é que, quando possuímos essas pessoas e essas coisas que nos fazem felizes, queremos construir uma redoma e tê-las permanentemente conosco. Nos esquecemos de que o leito do rio – o curso da vida – existe para que novas águas passem e, mesmo não sendo o mesmo, rio permanece belo como o de antes. Refrescando e lavando a alma com as novas águas que substituem as anteriores…

Neste dia em que celebro a vida, reconheço o passar do tempo e desejo imensamente que o rio que a cada dia amanhece seja refrescante e belo para aqueles que necessitam mergulhar. Mais que isso, reconheço a dádiva das pessoas e das coisas que Deus me deu e, assim, eu aprendi a alegria. Mesmo que Deus já tenha retomado muitas delas, todas serviram para que eu construísse um rio de águas profundas, límpidas e refrescantes…

Cito novamente Guimarães Rosa que nos abre os olhos, o coração e a cabeça sobre esse correr da vida, sobre essa impermanência, quando diz:

O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
Aperta e daí afrouxa,
Sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.

É a mais perfeita realidade. Com o passar do tempo, tudo se justifica, tudo se modifica e tudo tem sua razão de ser. E ela – a vida – é a grande dádiva que possuímos e que por vezes não percebemos as escolhas necessárias e as verdades escondidas ao longo do leito percorrido.

“O mais importante e bonito no mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando.” É esse o maior de todos os aprendizados; amadurecermos o suficiente para percebermos que mudamos com o correr do rio que é a nossa vida e ainda maior que nos reconhecermos na mudança é aceitar a mudança daqueles a quem amamos e queremos sempre por perto.

Guimarães nos pede para enxergar beleza na mudança, tão difícil de ser aceita para nós, seres humanos… A mudança assusta e é sempre mais fácil permanecer igual, por isso, mesmo o que a vida nos pede é para que tenhamos coragem.

E a maior coragem é colocar em prática o que Heráclito diz: “Paremos de indagar o que o futuro nos reserva e recebamos como um presente o que quer que traga o dia de hoje”.

Hoje, com o rosto marcado, com os passos mais cansados, a voz mais humilde, vivo o hoje como a dádiva maior e procuro fazer de minhas escolhas o caminho para que as águas que sou corram amanhã no leito que for colocado a minha frente.

E que ela – a vida – com toda a sua impermanência seja a mola mestra, sempre. Assim, percebo que no correr diário das águas, me entrego ao encanto de passar todos os dias por novas paisagens e, quando o fim do leito em que corro chegar à minha frente, estarei preparada para me transformar em águas do mar. Aí não terei mais leito e sim a imensidão para navegar e me sentirei transformada e eternizada…

Finalizo com Heráclito: “O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem. Nós não podemos nunca entrar no mesmo rio, pois como as águas, nós mesmos já somos outros…”

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Desejos e quereres

De desejos e quereres

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É bem verdade que eu sou do tempo que ter coleção de selos e de papéis de carta era prioridade na vida de meninas adolescentes. E também que ter diário – um caderninho com chave(e não página na internet pra todo mundo ter acesso) – era contar segredos só para você mesma e pra Deus(que tudo sempre soube).

Sou do tempo também que sonhar com o futuro era imaginar terminando a faculdade, ter um bom emprego, viajar o mundo.

O mundo mudou (é obvio). E a gente, junto, também vai mudando.

Até os “quereres” mudaram. E como mudaram.

Na contramão de muita coisa, de repente, me vejo, quase aos 40, querendo coisas absolutamente simples. Como nunca antes imaginei, no auge dos anseios mais ambiciosos da minha simples, mas feliz adole-juventude.

Sei que muito dos desejos são frutos da ausência. Se você nunca teve um carro, certamente sonhará com um carrão de luxo. Se não teve aquele tênis da vitrine, desejará um de marca conhecida/famosa, pouco acessível.?Se não teve a presença de alguém, tentará suprí-la de outra forma. Com mais abraços, mais sexo. Mais do que teve menos. E isso, a psicologia explica, com fundamento.

Mas, voltando aos quereres. Lembro de uma música, que eu costumava dedilhar, quando estava começando a aprender a tocar violão. “Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela só pra ver o sol nascer”. O compositor retratava um desejo que, aparentemente, era por demais singelo, saudosista. Naquele tempo eu queria um pouco isso também.

As cidades cresceram, o êxodo rural se intensificou. Muita gente, sequer, sabe mais o que é um quintal. Nas maiores cidades, não há mais espaço para este lugar tão necessário das casas das nossas infâncias(nossas, para quem, como eu, nasceu na década de 1970, até meados de 1980).?E isso, quintal, eu ainda quero. Também quero a janela. Da minha casa, não dá para ver os primeiros raios de sol, ainda no alvorecer. Mas dá para observar quando o astro-rei surge no céu, azul-lindo, intenso de Palmas.

Eu quero, agora, ainda que no auge da minha juventude – ainda não fiz 40(como já disse antes), viver intensamente. Mas quero a tranquilidade da casa no campo, da música “Casinha Branca”. Ver os meus filhos brincando na grama ou na garagem. Perceber os raios do sol ou mesmo o brilho da lua, da minha janela.

E aí, nesta lista de quereres simples, quero a pamonha, o milho, o caldo, que lembra a fazenda(que eu não tive). Mas quero ainda mais, a companhia dos meus pais, dos meus irmãos, com seus filhos, sempre por perto.

Quero o barulho da nova infância, das minhas crianças que gritam com as descobertas deste novo tempo. Quero a vida se repetindo, mas sempre inovando. Quero o marido, que ama e diz.

Não quero mais o produto, como já quis muito. A casa, o carro, a viagem, a faculdade, o emprego. Sim, são importantes. Mas o que faz muita diferença, mesmo correndo o risco de ser óbvia, é a pessoa. Gente, faz a gente ser feliz.


Nota: Texto publicado originalmente no Blog da autora: www.jocyelmasantana.wordpress.com

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A Psicologia é bem mais do que essas caixinhas que nos impõem

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Um bando de loucos: girando em círculo, de mãos dadas, contra a música, em perfeita união e anarquismo.

Um bando de loucos: de mãos dadas; pulos e gritos; de caras pintadas.

Em meio à paisagem urbana: canções, reggae e casarões.

Um bando de loucos: uma tribo de índios brancos, pardos, mamelucos, amarelos, negros e mulatos.

Várias bandeiras, sob um mesmo sol…

Essa é a imagem que impactava a quem quer chegasse no VIII Encontro Regional de Estudantes de Psicologia do Norte-Nordeste – 2012 (EREP N/NE) em São Luis – MA.

Concentrados na UEB Jornalista Neiva Moreira escola, no Bairro Bequimão, em São Luis – MA, anarquismo era a palavra de ordem!

No peito um ideal: MUDANÇA! Bem mais que militantes: Estudantes, com força, disposição e coragem para fazer, inovar e criar.

E foi nesse o Espírito que impulsionou o EREP N/NE do iniciou ao fim.

Estudantes de Psicologia dos estados Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins juntos para discutirem Psicologia e Política: Contradições e Aproximações – de Atenas a Jamaica.

Durante os quatro dias do evento, as discussões seguiram três eixos: Psicologia e Estado; Psicologia e Poder; Psicologia e Distanciamentos Políticos-Regionais.

E o porquê política?

A política está em tudo, é uma discussão que perpassa o pleito eleitoral, e se instaura nas relações. É sob esse entendimento que a psicologia se apropria do tema política. Enquanto acadêmicos de psicologia, e futuros profissionais, cabe a nós nos questionarmos e provocarmos na sociedade/comunidade essa discussão.

As atividades do EREP (Grupos de Discussão; Eixos Temáticos; Elos Temáticos; Encontrações; Intervenções e Vivências) visavam emanar na sociedade uma nova demanda: O papel de cada um nessa construção política!  Possibilitando por meio desse debate, uma reflexão que atinge proporções tanto acadêmicas quanto sociais, permeadas por uma construção cultural, onde a dialética promove e se promove, e transforma uma (ou varias) realidade(s).

O foco é tanto no estado, enquanto no cidadão, este último como agente construtor do estado (ultrapassando a barreiras geográficas e temporais), tudo isso atravessado por uma psicologia que se ocupa dos movimentos sociais.

Um grupo, organização independente, rompendo com as muralhas da academia e se lançando no mundo, projetando-se no meio da comunidade e provocando a transformação, a inovação. Mais que um ideal, o EREP N/NE é uma realidade!

E o extrato de tudo?

O EREP é uma mistura massa!

Para saber mais:

Leia mais: http://erepnne.webnode.com.br/
Crie seu site grátis: http://www.webnode.com.br

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Lixo Extraordinário: há vida no lixo

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lixo extraordinário
Obra de Vik Muniz

Lançado no Brasil em Setembro de 2010, o documentário ‘Lixo Extraordinário’ revela uma inusitada experiência do artista plástico Vik Muniz e ao mesmo tempo traz à tona a antagônica realidade vivenciada por Vik e pelos trabalhadores do aterro sanitário Jardim Gramacho, situado em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Esse misto de realidade entre o sucesso, fama, dinheiro, pobreza e lixo apenas retrata o contraste presente na sociedade quanto a esses extremos sociais. O que faz com que o documentário se torne um exercício de cidadania, principalmente ao demonstrar o orgulho das pessoas que trabalham no lixão, por fazerem exatamente o que fazem.

Vik vai ao lixão com intuito de retirar arte de onde só se vê resíduos inaproveitáveis e busca mão de obra de uma população vista por toda uma sociedade como discriminável e abandonada. Mas não, ele consegue trazer à tona a ideia (e realidade) de que HÁ VIDA NO LIXO. E além de transformar matérias primas de reciclagem que saem do aterro sanitário, ainda consegue promover mudança na vida das pessoas que ajudaram na obras, sendo todas trabalhadoras do lixão.

A visita ao lixão se torna também uma quebra de paradigmas, visto que por meio dos relatos descobre-se que os moradores, trabalhadores do lixão, já leram obras como ‘O Código Da Vinci’, alguns falavam de Nietzsche como algo rotineiro em sua vida, e, pasmem, tudo tirado do lixo. Diante da impossibilidade de não se envolver emocionalmente diante de relatos e formas de viver impressionantes, o intuito era promover mudanças naquele ambiente de vida sendo simultaneamente também modificados.

Diante da perfeição alcançada nas obras, algumas foram enviadas para um leilão e arrecadou-se cerca de cem mil reais. E como não poderia ser diferente, a maior parte do dinheiro foi revertido em melhorias para a comunidade, trazendo novas formas de trabalho e modificando um pouco a realidade daqueles que modificaram pra sempre toda uma sociedade.

A obra é uma co-produção Brasil com o Reino Unido e foi dirigida por Lucy Walker, Joao Jardim e Karen Harley. O documentário possui 99 minutos de quebras de paradigmas e uma visão acerca do poder transformador da arte. Confira!

FICHA TÉCNICA DO FILME:

LIXO EXTRAORDINÁRIO

Direção: Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley
Direção de Fotografia: Dudu Miranda
Elenco: Vik Muniz
País: Brasil
Ano: 2011
Gênero: Documentário

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A Hegemonia do Pensamento

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Somos mesmo uma caixinha de segredo. Como pode uma jovem, bonita e estudiosa, no término do curso de medicina, do nada, parar no tempo?

Em um dia qualquer rotineiro de sua vida, essa jovem teve uma emoção muito forte, que mudou completamente  sua visão de mundo, de seus sentimentos e pensamentos em relação à vida, apresentando mudanças do humor. De imediato ficou calada, inquieta, tentava explicar alguma coisa, mas, suas justificativas eram sem nexo. Apresentava alteração do juízo da realidade, assustava-se com barulho e presença de outros que não fossem os mais próximos. Fechava-se em ambiente escuro e muitas vezes se escondia debaixo do leito. Completa inapetência.

Foram meses de agonia e tristeza para todos da casa. Seu físico se definhou, não sorria e seu olhar era profundo e fixo em quem com ela falava. Sentia que tentava passar algum sentimento escondido. Tentando sair dessa agonia e se mutilou com lâmina de bisturi, na altura do seio. Perguntei-lhe o motivo desse ato e ela me disse que tinha um desejo em saber como era a vida após a morte, mas a dor a impediu de continuar. Relembro como se fosse hoje ao relatar esse caso, ainda sinto o cheiro forte de sangue em minhas narinas.

Certo dia ela passou do humor calmo para o agitado. Magicamente, a força retornava e muitas idéias surgiram, meio que atrapalhadas, mas – no contexto em que se encontrava – todas eram bem vindas. A vontade de tudo renascia como se fosse uma criança, cheia de quereres e de poderes. Dever, ou não, já não era mais a questão. O querer e o poder já eram o bastante. Manipular tudo era o máximo!

Foi levada para uma clínica de doenças mentais sob efeito de medicamento. Ao despertar, sua euforia foi tamanha que tiveram que imobilizá-la no leito e medicá-la para contê-la. Em resposta ao trauma sofrido, a jovem relata:

“Entro em um lugar hostil e aos poucos caminho, acorrentada numa energia que não é a minha. Ouço um barulho avermelhado que se distancia e à medida que adentro neste castelo branco as cores somem e vejo sombras. Além de angústia e solidão que pairam no ar. A música já não tem melodias e o ruído e gritos distantes me apavoram. Corredores sem fim e portas trancadas me deixam com muito medo. Sinto-me embaraçada nos meus próprios braços e ando sem querer. Estou tonta e o meu corpo dói. Sentia-me presa, mas estava presa mesma! E a família pouco me visitava, pois o sistema era fechado e tinha hora pra tudo. Mal podiam saber o que eu sentia por dentro, pois só viam o “por fora”. Os doutores queriam me curar, e eu queria era falar e ninguém me escutava. Sentia que os olhares eram todos pra mim, e que mudanças podiam acontecer a qualquer instante. Imagino um dia acordar e me ver num lugar diferente, onde eu possa ir para casa e voltar quando eu achar melhor. Ser tratada com dignidade e enxergar as cores das coisas. Poder aprender com outros que sofrem como eu, e quem sabe, ensinar quem precisa. Ver um mundo colorido, de música e formas como nunca vi antes e novamente ver minha casinha, com todo o mundo que eu preciso lá dentro.”

Dias se passaram e ela voltou ao convívio dos demais e às atividades diárias, com o apoio de profissionais da saúde, com terapias, medicamentos e diagnóstico de transtorno afetivo bipolar. Hoje, questiona sua internação, indaga o porquê de ter passado por uma situação tão traumática em vez de utilizar outros métodos de apoio.

Mediante isso, pode-se ressaltar por quanto tempo a medicina se ocupou da doença e se esqueceu dos sujeitos, que ficaram apenas como hospedeiros das mesmas. Por outro lado, enaltece-se agora a rede psicossocial e a equipe multidisciplinar que se configura. Cada vez mais, o papel do psiquiatra soberano sai de cena e a dinâmica dos serviços se mostram numa razão igualitária.

A realidade ainda, porém, é que nem todos pensam assim: mesmo nos dias de hoje, há pessoas que lidam com casos envolvendo transtornos psiquiátricos como pré-históricos. Por qualquer motivo que seja diferente dos padrões da sociedade, levam os pacientes diretamente à internação, taxando-os de loucos, sem sequer pensar em procurar ajuda primeiramente em um CAPS ou buscar um psicólogo, dentre outros. Direcionam-se por uma maneira mais rápida e prática, talvez até por falta de conhecimento ou não, mas a primeira opção é a internação.

Será que depois de tantas manifestações e do desmantelamento progressivo dos manicômios, a população ainda pensa dessa maneira? Será que não serviram de nada as lutas e conquistas na área psicossocial? Uma pessoa que pode conviver com seu “problema” no meio da sociedade, não precisa ficar trancada entre quatro paredes, se sentindo solitária e excluída de tudo e de todos. Vislumbra-se outra possibilidade, mais humanitária, respeitosa para com o ser humano e seu sofrimento: a ajuda psicossocial, multi e interprofissional, com o CAPS, psicólogos, psicanalistas, terapeutas ocupacionais, psiquiatras e, principalmente, o apoio familiar, o suporte social.

Tem-se que mudar pensamentos arcaicos, de que qualquer alteração que fuja ao padrão do que é ser normal, instituído pela sociedade, seja loucura e de que tudo seja motivo para internação. É salutar o tratamento medicamentoso, combinado com o auxílio na educação do paciente e de sua família, tendo como propósito a recuperação e a adaptação à doença.


Nota: o texto é resultado de uma atividade da disciplina de Psiquiatria do curso de Medicina do ITPAC – Porto.

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