O Poder do hábito: por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios

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O autor do livro é um conhecido jornalista norte americano chamado Charles Duhigg. Com este livro o autor realizou um trabalho jornalístico com centenas de fontes e estudos e através deles demonstra que os hábitos, dos mais simples aos mais complexos, são a base de nossa vida. Ele defende que ao entendermos como os hábitos funcionam, podemos usá-los a nosso favor para atingir os nossos objetivos e obter sucesso na vida.

Duhigg apresenta um conceito chamado de “loop do hábito”, que é composto por três partes: a deixa, a rotina e a recompensa. Ele diz que os hábitos são formados quando a deixa (evento, local ou emoção) desencadeia uma rotina (ou um comportamento diário) a qual gera uma recompensa. Quanto mais repetimos este “loop” mais automatizado e arraigado ele se torna em nosso cérebro.

 

Para a nossa alegria e tranquilidade, Duhigg traz inúmeros exemplos de pessoas que conseguiram mudar seus hábitos e defende que podemos alterar ou mudá-los, mesmo os mais difíceis e prejudiciais, se compreendermos como o “loop” acontece e aplicarmos algumas técnicas de modificação do comportamento como por exemplo o estabelecimento de metas específicas, a visualização e a substituição de hábitos.

Para o autor o hábito nada mais é do que as atividades do dia a dia que executamos de forma automática, sem pensar. Por exemplo, pentear o cabelo, escovar os dentes ou até mesmo o caminho que percorremos para chegar ao trabalho todos os dias. Para ele, nossa mente funciona visando otimizar e acelerar nosso dia a dia. Para isso, automatiza nossas ações e os torna em hábitos para que gaste sua energia e concentração em outras coisas que exigem mais da nossa atenção.

O autor demonstra então como os hábitos são formados e a forma como influenciam positiva e negativamente as nossas vidas. Para isto, recorre a conceitos e explicações de áreas como a psicologia e neurociência. Duhigg então explica o ciclo neurológico do desenvolvimento de um hábito e pontua que a formação dele se estabelece em 3 pilares: a deixa, a rotina e a recompensa.

A Deixa

A deixa é o gatilho, o estímulo antecedente que dispara em seu cérebro para começar uma rotina. Ele pode se apresentar de muitas formas (sentimentos, locais, coisas), desta forma conseguir identificar a deixa é o que faz com que um indivíduo consiga caminhar em direção a mudança. No livro ele cita o seu próprio exemplo quando conta que costumava comer donuts todas as tardes e por isso engordou. Ao analisar o fato, percebeu que fazia isso porque se sentia sozinho e então se dirigia a cafeteria para socializar e conversar, o que culminava no consumo dos donuts. Ao identificar a deixa, passou então a introduzir uma nova rotina que viabilizasse o abandono deste vício em donuts. É preciso entender que o jornalista se sentia recompensado ao conversar com as pessoas e não ao comer e desta forma poderia associar a sua recompensa com algo mais saudável.

A Rotina

A rotina é a atividade que é sempre realizada após a deixa ser ativada. Aqui o autor destaca que para mudar a rotina é preciso identificar o seu gatilho. Sem isso, provavelmente não haverá mudança de rotina.

A Recompensa

A recompensa é o prêmio que você recebe.  Ela naturalmente desperta sentimentos que vão ficar guardados até a próxima vez que o indivíduo se deparar com a deixa. Por isso, o hábito vai se reforçando em um looping infinito.

Ainda sobre o seu hábito de comer os donuts, o autor então observou que: estava engordando devido a comer donuts no meio da tarde. Ele observou que a deixa dele era (sentir-se sozinho no meio da tarde), a rotina (pegar um donuts) e a recompensa (poder conversar com as pessoas que estavam na cafeteria). Ao identificar os três pilares do seu hábito, o autor programou seu alarme do relógio para o horário em que normalmente sentia essa necessidade de conversar com alguém e colocou como meta ir até a mesa de amigo e conversar por 10 minutos. Segundo ele, os primeiros dias foram os mais difíceis e por vezes, ele ignorou o alarme e o plano estabelecido e por consequência terminava comendo o donuts e sentia-se frustrado. No entanto, ao seguir seu plano à risca, finalizava o dia sem comer o donut e satisfeito com seu progresso. Desta forma, com o passar dos dias, o novo comportamento passou a ser automático e ele já nem precisava mais do alarme. Passados seis meses desta nova rotina, relatou que todo dia, por volta das três e meia, levantava de sua mesa, passava dez minutos conversando com algum amigo no escritório e então voltava para sua mesa e isso já acontecia de forma automática e sem que pensasse a respeito. Tornou-se um hábito.

O autor começa então a demonstrar que é extremamente importante criar uma associação entre a deixa e a recompensa. E ressalta que o próprio indivíduo pode criar essa deixa e incorporar em sua rotina hábitos que culminem em algo prazeroso, agindo em seu favor e fugindo das armadilhas da automatização da vida. Desta forma, terá estabelecido uma estratégia para a mudança de hábitos.

Duhigg também aborda em seu livro, o conceito de hábitos angulares (aqueles que influenciam em outras áreas da vida). Por exemplo, a atividade física, que colabora para um bem-estar físico e emocional.

Fica claro no livro que entender a origem de seus hábitos e quais as recompensas que eles envolvem, será uma forma eficiente de desenvolver estratégias que promoverão a mudança de qualquer hábito da sua vida. Vale dizer que alguns serão mais difíceis de serem modificados e a mudança exigirá mais tempo, esforço e dedicação. No entanto, à medida que você entende como um hábito funciona e identifica a deixa, a rotina e a recompensa, você ganha poder sobre ele e porque não dizer que você retoma o controle daquilo que faz todos os dias, sendo mais assertivo e direcionando seus esforços para algo que realmente te trará resultados positivos nas mais diversas áreas da vida.

Referências:

DUHIGG, Charles. O Poder do hábito: porque fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

 

 

 

 

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Explorando desafios educacionais de uma família atípica

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Deborah Dias compartilha sua jornada de desafios e potencialidades na educação de filhos neurodivergentes

O (En)Cena, entrevistamos Deborah Dias, natural de Paraíso-TO, psicopedagoga, assistente terapêutica e gestora de comportamento infantil. Casada com Robson, que possui TDAH, Autismo e Altas Habilidades, ela compartilha sua experiência única. Seu filho Pedro, de 10 anos, apresenta TDAH, AH e Autismo, enquanto Alice, de 6 anos, enfrenta desafios de Autismo e TDAH. Nesta conversa, a convidada destaca sua trajetória e insights relacionados à Educação e ao processo de aprendizagem de crianças atípicas.”

Arquivo pessoal, cedido pela convidada.

(En)Cena : Deborah Quais foram os maiores desafios enfrentados ao educar seus filhos autistas?

Deborah: Quanto à educação em casa os desafios são em separar o que é natural do desenvolvimento, o que é critério diagnóstico e o que não pode ser parte do comportamento aceito em casa. Sabendo disso, cabe a nós direcioná-los com as regras da família. Quanto a educação escolar sempre foi um desafio a maior parte das escolas insiste em colocar as crianças dentro de caixas e a diferença incomoda, cada direito precisa ser lutado para ser conquistado mesmo que seja ao respeito óbvio..

(En)Cena: Como você adaptou o ambiente de aprendizagem para atender às necessidades específicas de seus filhos?

Deborah: Quando tivemos o diagnóstico da Alice iniciou-se uma busca por informação e para conhecer o que poderia propiciar o desenvolvimento de forma mais eficiente, o primeiro passo foi identificar em que momento do desenvolvimento cada criança estava independente da idade cronológica e distribuir de forma estratégica ferramentas para que possam treinar suas habilidades com o mínimo suporte possível.
No banheiro havia suporte visual com imagens lembrando-se desde abaixar a roupa até lavar a mão, disponibilizamos quadros de rotina com imagens que também propiciam segurança e ajudaram muito com o controle da rigidez, fiz um curso de gestão de comportamento para criança com deficiência e foi fundamental para poder lidar com todas as crises sem enlouquecer.

(En)Cena: Como as instituições de ensino podem ajudar a reduzir o estigma em relação ao autismo?

Deborah: A função da escola é educar não apenas na questão curricular mas também ensinar habilidades para vida, sendo o primeiro ambiente social onde as crianças podem aprender muito sobre respeito, diferença, e tanto além do que há no Mundo, informar a comunidade através da aceitação diminuindo o abismo que há na diferença.

(En)Cena: Como você lida com questões de inclusão e interação social no processo de aprendizagem?

Deborah: Por lei existem muitas questões já asseguradas mas na prática ainda existe uma falta de formação, falta de obrigação e diria até de sensibilidade. Ser diferente aparentemente é uma dor de cabeça pros gestores e muitos agem como se tivessem fazendo favores, os profissionais encaminhados para lidar com a educação especial, com crianças de vários tipos de deficiência, professores auxiliares entram muitas vezes sem nem saber qual é a particularidade daquela criança, aprendem o que conseguem sem muito incentivo e quando vão colocar em prática ainda esbarram na barreira da burocracia.

(En)Cena: Pode compartilhar algumas estratégias ou recursos que tenham sido eficazes no processo de ensino de seus filhos?

Deborah: Rotina específica oferece segurança a eles, material adaptado para a particularidade de cada um, terapias em dia e sempre repetir as avaliações de desenvolvimento para que possamos mudar as estratégias de acordo com as evoluções e regressões das crianças.

(En)Cena: De que forma os professores podem ajudar a promover a interação social entre crianças atípicas e seus colegas?

Deborah: Conhecer sobre a diferença específica de cada criança pode parecer difícil mas ensinar sobre respeito a diferença, lidar com naturalidade quando algo acontece trás a possibilidade de espelhar um comportamento adequado às crianças que educa. Existem informações sobre autismo na internet, existem cursos gratuitos em muitos lugares, a escola tem uma psicopedagoga. Existem muitos caminhos para se adequar, mas o principal é a boa vontade.

(En)Cena: Qual é o papel dos pais na colaboração com as instituições de ensino para garantir uma educação adequada para crianças autistas?

Deborah: Em rotina e tratamento adequado a criança que entregamos pra escola estará desregulada e desamparada dificultando a concentração e aprendizagem, não é clichê dizer que é um trabalho de equipe e que precisa-se de uma vila inteira.

(En)Cena: Como você equilibra as necessidades individuais de cada criança em um ambiente familiar?

Deborah: Considerar cada criança como um indivíduo único mesmo que dividam o mesmo diagnóstico é a chave para que possamos ser ferramenta pro melhor desenvolvimento deles. Os rótulos trazidos com o diagnóstico podem atrapalhar que cuidadores enxerguem o momento do desenvolvimento que cada criança está e possa ajudar a desenvolver.

(En)Cena: Quais são os maiores desafios que as crianças autistas enfrentam em um ambiente escolar tradicional?

Deborah: O sistema tradicional de ensino é ineficaz, na minha opinião, inclusive para crianças típicas, esperam que crianças estejam dentro de caixas e que sejam equiparadas por idade, sem respeitar as individualidades de cada um, modo de aprendizado, cuidados externos , enfim desconsideram os fatores ambientais e mesmo as questões relacionadas ao diagnóstico, separam aqueles diagnosticados que passam a ser “problema” das educações especiais.

(En)Cena: Quais conselhos você daria a outras famílias que estão passando pelo mesmo processo que você?

Deborah: O principal é que não vai passar , viver com a diferença é parte que iremos ser , as famílias atípicas não podem viver esperando que haja uma melhora a ponto de terem crianças que parecem típicas ( muitas vezes só pra agradar os pais) ou pode aprender a conviver com a diferença e criar estratégias para que a vida mesmo com as particularidades do diagnóstico.
Eu tento levar a vida leve, da melhor forma que conseguir, para que possa oferecer esse ambiente de paz para eles. Se nós somos a base temos que nos cuidar também para ser por mais tempo. Famoso cuidar de quem cuida.

O (En)Cena agradece a participação da Deborah, em nossa recente entrevista. Foi um prazer aprender e levar informação através de suas experiências e convicções.

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A aquisição de um novo hábito requer tempo, força de vontade e repetição

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Criar uma rotina mais saudável, alimentar-se melhor, ter sono de qualidade, cultivar laços sociais positivos, cuidar da mente, fazer uma atividade física, começar um curso novo sempre são metas colocadas no fim de ano para serem realizadas no ano novo que se inicia. As pessoas ficam mais propensas a mudanças de hábitos, o problema é que muitos objetivos ficam, somente, no papel, e o comportamento continua igual ao ano anterior.

O ato de mudar demanda uma quebra de paradigma para que reais transformações aconteçam na rotina do indivíduo. Ou seja, uma mudança de mentalidade que requer esforço para a inserção de novos costumes, para começar o dia com bons hábitos; mesmo encontrando na maioria das vezes dificuldades para a inserção desses novos hábitos, podendo ser vistos como comportamentos governados por regras, que sendo formuladas podem ser mais aceitáveis do que apenas seguidas.

Para muitos, a ideia de introduzir um novo hábito na rotina acaba sendo algo considerado difícil, e muitas das vezes, visto como praticamente impossível. No entanto, é importante lembrar que após o hábito existir, não é possível acabar com ele, e sim modificá-lo, e mudar um velho hábito, que, caso o estímulo para o mesmo volte como era a princípio, esse mesmo hábito ressurgirá imediatamente. Duhigg (2012) ao retratar as ideias de Claude Hopkins certifica que “para mudar um velho hábito, você precisa abordar um anseio antigo. Precisa manter as mesmas deixas e recompensas de antes, e alimentar o anseio inserindo uma nova rotina.”

Fonte: encurtador.com.br/hvwJK

Conforme Covery (2014), a mudança de hábito está relacionada a transformação do caráter, é preciso ser “de dentro para fora” para que realmente exista uma eficácia pessoal e interpessoal. “A abordagem de dentro para fora privilegia um processo contínuo de renovação baseada nas leis naturais que governam o crescimento e o progresso humanos”.

A força de vontade é um pontapé inicial para a formação de novos hábitos, mas para permanecer é preciso consistência e muito esforço diário. As histórias de pessoas bem-sucedidas, que servem de inspiração, ajudam até um certo ponto, pois quando a motivação acaba o que sobra é a disciplina.  Nesse contexto, que Goleman (2005) reforça a ideia de que a inteligência emocional ajuda traçar metas, desenvolver a inteligência intelectual, por meio do gerenciamento das emoções.  Ou seja, a administração das emoções pode ser um meio para a elaboração de novos hábitos, os quais não tenham uma memória volátil, mas sim duradoura.

Caso queira começar sua mudança hoje, segue algumas ideias para a construção de novos hábitos: Primeiramente, não tente mudar de uma só vez, um passo de cada vez, já que seu cérebro está recebendo novos estímulos. Anote tudo em um caderno, mas não o deixe guardado em uma gaveta, deixei- a vista para sempre lembrar de seu objetivo.

Fonte: encurtador.com.br/tCISZ

Uma dica de ouro para uma mudança real, comece a conviver com grupos sociais, os quais já possuem o hábito que deseja adquirir. Por exemplo, se deseja ser um corredor, procure um grupo de corrida. Por fim, mantenha um planejamento de metas, crie boas estratégias elaboradas, mantenha o foco e não desista, é possível mudar.

 

REFERÊNCIAS

Duhigg, Charles. O poder do hábito [recurso eletrônico]: por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios / Charles Duhigg ; tradução Rafael Mantovani. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2012.

COVEY, Stephen R. Os 7 Hábitos das pessoas altamente eficazes. Rio de Janeiro: Bestseller, 2014.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

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O “novo normal”: da experiência à prática do ensino remoto nos últimos anos de formação

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A nova realidade de isolamento social, iniciada em 2020, somente intensificou em minha vida de forma exacerbada a rotina que eu já possuía antes da pandemia, de modo que quase não teve alterações, exceto pelas aulas na modalidade remota.

Apesar de ser pregada como mais flexível e vantajosa para o aprendizado, a realidade se mostrou totalmente destoante da teoria, a “simples” mudança no método de ensino se mostrou desastrosa.  Más conexões, poucos recursos tecnológicos foram os primeiros sinais da dificuldade que seria enfrentada. Posteriormente, a adaptação da rotina para aprender assistir aulas no seio familiar, sendo mãe, se tornou uma tarefa extremamente desafiadora. Por possuir TOC, uma necessidade de organização exacerbada, a “comodidade” do estudo domiciliar resultou no descontrole de toda a rotina de afazeres, tendo em vista o ambiente inadequado corroborado pelas intervenções familiares.

Essa nova realidade, esse “novo normal”, explicitou ainda mais alguns aspectos presentes no país, como a desigualdade social, por exemplo. Como COSTA (2020) expõe, há um despreparo do aluno para as habilidades socioeconômicas, além da inabilidade, a falta de recursos foi escancarada quando observado o equipamento de apoio de alguns ante os demais. No ensino remoto tudo favorece uma boa qualidade de internet, bons equipamentos sonoros, bom maquinário tecnológico, e nem todos o possuem.

Fonte: Figura 2 https://bitlybr.com/GySX

A crise global impactou a vida de todas as pessoas, forçando-as a saírem da zona de conforto no que tange o aprendizado, de modo que foram experimentadas várias reações, positivas e negativas com relação ao atual cenário pandêmico. Muitos tentaram ignorar os avisos e riscos de contaminação, tantos outros buscaram se proteger e se isolaram antes mesmo de serem decretados os lockdowns mundo à fora. Tal situação reforça os ensinos de BAUMAN quando diz que são as reações diante das crises que mudam o mundo, e não o contrário. Eu mesma tive muita dificuldade, como dito, em me adaptar o ensino remoto, não possuía estrutura.

Em virtude do contexto pandêmico, particularidades foram fortalecidas, obrigando-nos, como indivíduos, compostos por papéis sociais, a adquirir e melhorar a capacidade que temos de nos relacionarmos com o outro e superar desafios de maneira saudável e equilibrada, como autoconsciência, estoicismo e capacidade coletiva, além de instituições e de outros arcabouços grupais que estão à frente de novas adaptações, o desafio da normalidade.

Agregado a essas e muitas outras questões, foi possível distinguir dois caminhos a seguir: um deles passei a chamar de “caminho simples”, e outro seria o “caminho complexo”. No primeiro, tive que aprender me adaptar com o ensino à distância, buscando agir com proficiência, para caracterizar a minha realidade social com a de todos e derivar do conhecimento e da tecnologia disponível com a qual precisei lidar, resumidamente precisei tornar aquela situação em algo habitual. No segundo, o mais complexo, tive que ressignificar assim como muitos o meu saber fazer, meu saber querer e meu saber agir, em prol de um bem maior que visa garantir a preservação da vida de um modo geral.

Fonte: encurtador.com.br/ptDV2

Não posso deixar de enfatizar, que com a modalidade do ensino online/remoto perdi o limite do que é momento de descanso e o que é momento de trabalho, estou o tempo inteiro conectada, com o corpo estático, sentada à frente de uma tela, com fones de ouvido durante muitas horas o que ajudou a me sobrecarregar, tornando-me ainda mais ansiosa e com menos disposição do que com a agitação de antes.

Por outro lado, o que de fato tive que deixar de planejar durante esses quase dois anos de pandemia? Mais uma vez, àquela tão sonhada viagem de férias ficou ao léu, os encontros aos finais de semana com amigos e familiares no almoço de domingo ou datas festivas, os passeios, as compras, o convívio diário com pessoas diferentes, o tato, o abraço, o olhar daquelas (es) que não contactamos todos os dias foram ficando cada vez mais escassos, deixando em nós um vazio pela perda desses momentos e ao mesmo tempo um alívio por saber que havia um motivo de força maior por traz de todo esse mal que assola a humanidade.

No que concerne à minha formação acadêmica, às mudanças não foram bruscas, tendo em vista que antes mesmo de surgir esse vírus (Covid-19), eu já tinha uma vida isolada, num ritmo desacelerado e pacato. E, que, só precisei me adaptar à nova modalidade de ensino, me familiarizar com o processo, num ritmo totalmente diferente do normal por englobar não só os aspectos educacionais, familiares etc., o que não significa que não houve desgaste e frustrações ao longo desse período que se aliou a problemas advindos de outrora e até atuais, em que se tornou apenas a ponta do iceberg para desencadeamento de transtorno relacionado às incertezas do futuro.

Por fim, o último ano de curso posso afirmar que veio carregado de novas formas de conhecimento, novas formas de agir, novos processamentos, ensinando-nos a lidar com o novo, não se limitando apenas ao atendimento físico, mas também digital como o online (mesmo sabendo que já existia) se fortalecendo e mostrando cada vez mais a necessidade de um profissional de psicologia que busque garantir a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos, independentemente do momento de crise.

REFERÊNCIAS

BLIKSTEIN, Paulo; CAMPOS, Fabio; FERNANDEZ, Cassia; MACEDO, Livia, COELHO, Raquel; CARNAÚBA, Fernando; e, HOCHGREB-HÄGELE, Tatiana. Como estudar em tempos de pandemia. Revista Época. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/epoca/como-estudar-em-tempos-de-pandemia-24318249>. Publicado em 22/03/2020. Acesso em 15/08/2021.

MÜLLER, Cristiane Dreher. Impactos da pandemia de Covid-19 na educação brasileira. Escritório Dreher. Disponível em: < https://escritoriodreher.com.br/impactos-da-pandemia-de-covid-19-na-educacao-brasileira/>. Acesso em 15/08/2021.

PRADO, Adriana. Sociólogo polonês cria tese para justificar atual paranoia contra a violência e a instabilidade dos relacionamentos amorosos. Revista Istoé. Disponível em: < https://istoe.com.br/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR+/>. Acesso em 15/08/2021.

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A Maternidade e o Espectro Autista – (En)Cena entrevista Camila Vieira

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“Não sei como ser mãe de uma criança fora do espectro,
não conheço outra realidade.”
Camila Vieira

Camila Vieira, advogada, 37 anos, mãe da Alice de 6 anos, que em novembro de 2016 foi diagnosticada com transtorno do espectro autista (TEA). Desde então tem acontecido uma série de mudanças nas relações familiares, que causaram impacto na rotina e no cuidado com Alice.

Nessa entrevista Camila partilha um pouco da sua visão como mãe, de quais os desafios após o diagnóstico de Alice, das intervenções realizadas, das experiências positivas, nos ajudando a ampliar nosso olhar acerca das várias formas de manejo e estímulos voltados para uma criança com esse diagnóstico.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – Quando e como foi o processo de descoberta do diagnóstico?

Camila Vieira – Não tive gravidez planejada, ao contrário. Tenho ovários policísticos e todos os médicos diziam que o mais provável é que eu teria que fazer tratamento para engravidar. Meus ciclos eram tão irregulares que eu menstruava quatro vezes ao ano e isso era normal para mim. Quando fui consultar, com um ginecologista descobri que estava grávida e teria uma menina em maio. Até um 1 ano de idade, Alice teve desenvolvimento normal, sentou-se, engatinhou, amamentei pouco, desceu pouco leite, mas alternei peito e fórmula até os 3 meses. Usou chupeta. Brincava muito conosco. Fazia festa quando o pai chegava do trabalho, demonstrava atenção ao que acontecia no ambiente, portas abrindo, Tv ligando, saltos altos, coisas assim. Brincava de esconder, como toda criança, ria muito, balbuciava papai, nunca mamãe. Ela se interessava por outras crianças, mas não tinha nenhuma por perto, sendo o primeiro sinal de alerta, o atraso na fala, já que ela andou antes de um ano e atingiu os demais marcos esperados. Depois os balbucios pararam, então o pediatra disse para colocar na escolinha que os estímulos a fariam falar e entrou na escola em agosto de 2015, porém só que levar ela para a escola fez ela adoecer sequencialmente, gripava e não melhorava nunca, chegando a ter coqueluche, mesmo sendo vacinada.

Em dezembro do mesmo ano, meu marido e minha irmã levaram Alice numa consulta com uma fonoaudióloga num dia que não pude ir, na época minha irmã cursava medicina e Alice tinha um ano e meio. A fonoaudióloga simplesmente mandou esperar até dois anos e meio que a fala viria naturalmente, que estávamos sendo ansiosos demais, enfim ignoramos. Passei o semestre seguinte investigando com otorrinolaringologista se ela tinha algum problema de surdez e nada, até um episódio no fim de agosto de 2016, onde levei ela para a escola e esqueci a mochila, como era perto de casa, deixei ela na escola e voltei sozinha para pegar as coisas. Quando retornei, encontrei toda turma, professores e alunos, no pátio externo, brincando de roda, e ela sozinha na sala vendo desenho. Fui conversar com a diretora, perguntar sobre a frequência disso. E era alta “porque ela gosta mais assim”. Retruquei que ela não tem que querer, ela tem dois anos e eu sou a mãe e eles tem obrigação de me dizer esse tipo de coisa. Foi só aí que soube do problema de socialização e comecei a investigar autismo, mas só tive diagnóstico no fim de novembro em Goiânia, com um médico excelente como profissional, mas sem tato como humano. Depois uma outra médica com quem consultamos, amiga dele, disse que ele tem filho com autismo severo e eu respondi que as coisas não se comunicam.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – Após o diagnóstico quais as principais providências que foram tomadas voltadas para o cuidado?

Camila Vieira – O mesmo médico sugeriu testes genéticos e perguntei para que serviriam, se guiariam a medicação ou terapia e ele disse que não fariam isso, mesmo assim acabei fazendo por insistência do meu pai, o exame de cariótipo para Síndrome do x frágil, não deu em nada. Acho inútil gastar dinheiro em testes se não vão trazer utilidade prática, vale quando se pensa num segundo filho, o que não era o caso. A primeira providência foi contratar fonoaudióloga, a primeira mesmo, na mesma semana que voltamos para Palmas e Alice está com ela até hoje, Dra. Edna Manzano e ela ama essa mulher. Ajudou demais em áreas que nem são em tese da competência da área dela, como foco, concentração, olhar nos olhos.

(En)Cena – Quais foram as principais mudanças no cotidiano ocorridas após o diagnóstico?

Camila Vieira – Eu não querer morrer antes da Alice ter independência funcional. Tive o diagnóstico da Alice na última segunda de novembro de 2016 e na primeira semana de abril de 2017 fiz bariátrica. Era inconcebível para mim não conseguir pegar minha filha direito no colo pelo tempo que ela precisasse e poder morrer de infarto a qualquer instante. Eu precisava estar viva, enquanto ela aprendia a cuidar de si mesma, então, além de organizar a busca por terapeutas para ela – primeiro veio a fonoaudióloga particular, depois conseguimos psicólogo pela Ulbra por 18 meses, Terapia Ocupacional pela Unimed, Fonoaudiologia pela Unimed (hoje ela faz com as duas, uma sabe da outra), depois conseguimos psicólogo pela Unimed, aí mudamos para terapia ABA, primeiro na clínica, agora em casa… Foram muitas mudanças. E essas foram algumas das mudanças de agenda na rotina. Nesse meio tempo fizemos seis meses de equoterapia e outros tantos de fisioterapia, um ano de balé, outros tantos meses de natação (com pandemia nem sei contar). Fim do ano passado descobrimos a Kumon para alfabetização e vinha ajudando muito até o último decreto fechar o lugar. Esse foi o mais doloroso.

(En)Cena – Como você tem lidado com essa rotina de cuidados e outras tarefas?

Camila Vieira – Não sei, não sei mesmo. Tenho transtorno de pânico generalizado, diagnosticado há mais, sei lá, quase 15 anos! Aí quando decidi levar a sério a terapia com psiquiatra, na anamnese ela descobriu que devo ter depressão desde a adolescência, o que faz muito sentido. Então não sei mesmo, faço o que dá, levo ela onde preciso. Ano passado, não consegui dar continuidade a rotina de estimulação e esse ano tentei retornar, mas não consegui. Tentei não deixar Alice perder outro ano escolar e nisso estou me esforçando mais. Estou me esforçando também para brincar mais, dar mais atenção para ela, por menos energia que eu tenha. Não consigo entregar no trabalho o que me é exigido. Home office não é pensado para mulheres com crianças atípicas. Escola a distância não é pensado para crianças atípicas. Governantes ignoram completamente a existência de famílias atípicas. Vou te dar um exemplo pessoal: ano passado eu reclamei sobre isso de EAD para crianças com autismo e a prefeita disse para mandar mensagem privada. Só que as mensagens privadas dela são BLOQUEADAS! Eu já tive simpatia pela ideia de ter uma mulher no gabinete, mas já passou. Tenho me sentido negligente com as tarefas em geral, comigo, filha, marido, trabalho, amigos, casa… Dá uma sensação de que tenho falhado em tudo. Tenho dormido mal, em horários inadequados e tido insônias frequentes.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – Já passou por alguma situação desconfortável de preconceito no processo de inserção da sua filha nos espaços públicos? qual o tipo?

Camila Vieira – Poucas, pela minha personalidade. Sou intimidadora e tenho uma cara ruim. Só sorrio para fotos e amigos, não sou convidativa. Então, as pessoas pensam muitas vezes antes de se manifestar sobre Alice. E quando o fazem, respondo, de forma curta e grossa, que a única pessoa a agir errada é quem está reclamando. Alice está no espectro autista e tenho laudo na carteira para provar.

(En)Cena – Poderia partilhar sua experiência positiva com sua filha para que outras mães com dificuldades no diagnóstico possam se inspirar?

Camila Vieira – Depois do diagnóstico eu só pensava no que tinha perdido. Em todos os sonhos bobos de coisas que queria fazer com ela e não faria. Tipo, ela ia gostar de DC ou Marvel? Ia ser rockeira ou hippie? Que tipo de livro ia gostar de ler? Ela tinha dois anos quando recebeu o diagnóstico e eu estava de luto pela criança que nunca chegou a existir. O tempo passou. Ela foi comigo ao cinema ver Mulher Maravilha, Thor Ragnarok, Os Caça Fantasmas, Capitã Marvel. E semanas atrás, em casa, eu estava na sala, começando a rever Dr Estranho e ela se sentou no sofá comigo, então mudei o idioma para português e ela não deitou no meu colo, não foi ficar comigo, comer, nada disso, foi ver o filme. Ela está se encontrando. Está descobrindo algo que gosta. Tem quase sete anos e tem seu próprio universo de super heróis, Miraculous, as aventuras de Ladybug. Conhece e não é só um hiper foco, porque ela cria coisas que não estão no desenho. Cria kwamis, miraculous, poderes. E faz quando quer, não quando é solicitada. Acho fascinante.

(En)Cena – Como você atualmente ver o processo de evolução do tratamento de sua filha?

Camila Vieira – Confesso que mais lento que eu gostaria, mas responsabilizo a pandemia. A falta de contato social com crianças da idade dela e a quebra de rotina não só atrasaram, mas trouxeram perdas. Ainda é difícil avaliar se poderemos reverter esse quadro e quanto tempo isso vai levar, mas ter sido afastada da escola bem no primeiro ano do ensino fundamental foi o pior de tudo. Gerou depressão e ansiedade a ponto de precisar de medicação.

(En)Cena – Gostaria de deixar alguma mensagem para os nossos leitores sobre ser mãe de uma criança com diagnóstico de espectro autista?

Camila Vieira – Não sei como ser mãe de uma criança fora do espectro, não conheço outra realidade. Não posso dizer se é mais fácil, só sei que cada maternidade é única. Que não existem anjos azuis. Que crianças são crianças tenham ou não atipicidades. Que a convivência com diversidade é bom para todo mundo. Que a pandemia deveria ter ensinado as pessoas que escola em casa é um retrocesso a ser barrado e que professores precisam de salários dignos.


Para conhecer um pouco do cotidiano da Alice é só seguir no @a_incrivel_alice

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Como lidar com a tristeza das crianças na pandemia

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Uma coisa que a pandemia nos mostrou é o quanto estamos não só preocupados com o risco de contaminação, mas também estressados, cansados e tantos outros deprimidos. Mas esse problema não atinge só adultos. As crianças estão sendo muito afetadas. Algumas se tornaram mais agressivas, outras ficaram mais tristes ou com variações de humor. 

Sabemos o quanto os pais estão transtornados com a demanda de trabalho em casa. O home office pode ter deixada as famílias no mesmo recinto, com a sensação de que estão mais próximos. No entanto, nem sempre isso significa que os pais estão dando a atenção na qual as crianças acham necessárias. Com isso, os filhos confundem a presença do adulto com a atenção em que gostariam de receber, afetando suas emoções na pandemia.

Família, amigos e colegas são fatores fundamentais que formam a sociedade, mas têm sido atravessadas pelo momento atual. Com as crianças, não são diferentes. Elas não sabem como lidar com algo que não se tem entendimento. Ainda é muito confuso para nós, adultos, imagina para eles?

Fonte: Freepik

Por exemplo, uma pesquisa conduzida, recentemente, pelo Children’s Hospital of Chicago, nos Estados Unidos, veiculada na revista médica JAMA Network Open, mostrou dados preocupantes sobre a saúde mental das crianças e adolescentes americanas e como foram afetadas pelo ensino à distância na pandemia. 

Das consultadas, uma parte, cerca de 25%, mostrou-se estressada, ansiosa e irritada. Outras, cerca de 33%, sentiram-se solitárias. Além disso, uma outra parte das crianças, cerca de 30%, que antes mostravam-se felizes, começaram a desenvolver sentimentos como raiva, ficaram deprimidas, sentindo-se solitárias ou estressadas no período em que suas escolas não recebiam os alunos fisicamente.

Isso confirma o quanto as crianças e adolescentes necessitam de uma troca afetiva entre amigos e professores. Vale lembrar que esse contato físico na primeira infância está ligado às funções emocionais cognitivas do cérebro. É nesse “ambiente família” que a escola constrói a identidade social do ser humano.

Fonte: Getty Images

O fato delas estarem isoladas dentro de casa colabora para que a criança passe a não interagir com outras crianças, nem mesmo com os adultos. Isso ainda gera comportamento agressivo, birras intensas, timidez exagerada, redução no desempenho escolar entre outros conflitos emocionais.

Portanto, pais e professores, mesmo que à distância, precisam prestar atenção na forma como os jovens se expressam e algumas atitudes que possam manifestar, pois podem ser sinalizações ou respostas de como estão se sentindo. Sempre que puderem, tirem um tempo de qualidade para conversar com eles, deem atenção e mostrem o quanto eles são importantes para vocês. Isso pode fazer toda a diferença!

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Protagonismo e apoio – (En)Cena entrevista a empresária Fabíola Bocchi

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“O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e pra mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio”

O Mapa das Empresas pela Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia [1], informa que, em janeiro de 2020, o Brasil já ultrapassa a marca de 20 milhões de pequenos negócios. Segundo o SEBRAE, em 2020, os pequenos negócios representaram 98% das empresas do país, são responsáveis por 54% dos empregos formais, 30% de toda a riqueza nacional e estão presentes em 100% dos municípios brasileiros.
E durante a pandemia da Covid 19, o empreendedorismo, foi a saída encontrada por muitas pessoas ante ao desemprego e à redução de salários causados pelo contexto do coronavírus [2].

Mas como podemos pensar a saúde mental da mulher e empreendedora, no contexto da pandemia?

O Portal (En)Cena conversa com Fabíola Bocchi para entender sua perspectiva acerca dos desafios de ser mulher, a empresária e administradora da franquia do Divino Fogão em Palmas-TO, mãe e estudante de psicologia no Brasil da pandemia. A entrevistada destaca problemas ligados à “sobrecarga invisível” de trabalho que caracteriza a rotina de muitas mulheres e, ainda, destaca a importância da solidariedade e do protagonismo feminino como soluções no pós-pandemia.

Fabíola Bocchi. Foto: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, empresária, mãe e estudante de psicologia e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Fabíola Bocchi – É um imenso desafio. Ser mulher já vêm com a sobrecarga invisível anexada durante tempos normais, agora então a situação se intensificou muito mais. O excesso de trabalho, estudos de forma remota, responsabilidades domésticas e acompanhamento escolar recaiu sobre todas nós, nos deixando mais sensíveis à ansiedade e ao estresse. Tivemos um impacto muito brusco, sem precedentes… tivemos que nos adaptar muito rapidamente, e muitas vezes o psicológico não acompanha.

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(En)Cena – Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere na rotina de casa e do trabalho?

Fabíola Bocchi – Com as emoções desestabilizadas, ficamos muito mais vulneráveis a sofrer com os efeitos negativos de tantas atividades, e isso acaba impactando muito como lidamos com as coisas mais simples do dia a dia na nossa casa e trabalho. O momento nos desafia a transmitirmos à quem mais amamos (principalmente os pequenos) segurança, otimismo, força, mas não são todos os dias que isso é possível, infelizmente.

(En)Cena – Quais os desafios de empreender sendo mãe e mulher, durante a pandemia?

Fabíola Bocchi – O meu negócio exigiu muito mais atenção do que o normal, pois precisou ser totalmente reinventado. O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e para mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio. E como mãe e mulher, equilibrar tudo isso está sendo um esforço imenso, acho que o maior de todos os obstáculos. Como meus filhos são pequenos e em idade escolar, fica praticamente impossível acompanhá-los durante as aulas online e acompanhar as minhas aulas como estudante ao mesmo tempo. A noite é que me sento com calma e revisamos o aprendizado do dia e então auxílio nas tarefas. Mas nunca imaginei que teria que ser tão vigilante com o tempo, e desenvolver tanto mais minha habilidade de administrar e planejar para conseguir dar conta de tantas demandas.

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(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Fabíola Bocchi – Percebo o quanto é benéfico grupos de pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades, que se relacionam e interagem buscando desabafar, buscando apoio, solidariedade e uma palavra animadora. Penso que nós mulheres poderíamos buscar mais estas redes de apoio, nos fortalecendo mutuamente. Também podemos procurar diferentes formas de combater a ansiedade, buscando ter maior flexibilidade com as rotinas de casa e trabalho, e com nossos objetivos pessoais, tentando baixar as exigências sobre si mesmas, aprendendo a observar nossos limites, ter autocompaixão e não buscar a perfeição. O caminho para as mulheres no pós-pandemia é ser protagonistas na reconstrução da nossa realidade.

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Nota:

[1] https://www.gov.br/governodigital/pt-br/mapa-de-empresas

[2]https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Sites%20Modulares/Agentes%20P%C3%BAblicos/Guia%20de%20Empreendedorismo%20do%20Candidato.pdf

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Que grade seguir: aberta ou fechada?

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O mínimo que devemos saber sobre o funcionamento da grade curricular

É comum na escolha da graduação você se interessar pela composição das matérias pertencentes a grade curricular daquele dado curso em questão, no entanto na maioria das vezes é de costume que os acadêmicos de primeira viagem não se importem em saber e levar em consideração se essa grade é aberta ou não, o que futuramente lhe trará intromissão em seu cotidiano. “Para Gargantini (1996) a existência de um currículo é uma questão acadêmica e não somente legal e burocrática. Ensinar um conteúdo não é gerar cópias dele mas, sim, ensinar a fazer ciência, é recriá-lo” (CALAES e PACHECO, 2001).

A grade aberta permite que o estudante pegue as disciplinas em horários flexíveis e a quantidade que lhe for conveniente; em uma instituição de ensino particular o benefício pode estar relacionado a questão financeira, pois possibilita você pagar menos (pegando menor quantidade de matérias) e continuar com os estudos, outro fator positivo é você poder trabalhar ou possuir outras obrigações que não permita que no horário estabelecido (como na grade fechada) você esteja, viabilizando que seu tempo não fique concorrido, caso haja tempo e condições, você também poderá acrescentar mais matérias além das que pertencem aquele período, concedendo que o acadêmico adiante seu curso, terminando em menos tempo; ao contrário disso existe a possibilidade da pessoa exceder o tempo previsto para a conclusão do mesmo.

Contudo, o ponto positivo mais plausível é o de permitir organizar sua rotina e agenda tal como poder escolher quais dias e horários da semana estará na faculdade; por outro lado muitas vezes acontece de mesmo a grade sendo aberta determinada matéria ter apenas em um horário especifico disponível, o que torna necessário a pessoa ter que se enquadrar naquele determinado tempo; muito comum acontecer nos últimos períodos, próximo a conclusão do curso, que você se sente na obrigação de pegar aquela matéria exclusiva, principalmente quando essa é pré-requisito para outra.

Fonte: encurtador.com.br/anwxK

A grade fechada é quando existe a obrigatoriedade de você pegar todas as matérias daquele dado semestre, se tratando de um curso que tenha apenas em um período do dia (matutino, vespertino ou noturno) você estará sujeito a se adequar aquele horário, sem flexibilidade de alteração. Assim, aguarda-se que dentro do tempo pré-estabelecido o estudante esteja saindo da instituição de ensino ao qual entrou para a graduação, não ocasionando na antecipação ou retardo de tempo para a conclusão, apenas em caso de trancamento de matricula, sendo possível enquadrar a grade fechada na grade aberta, basta que você siga as disciplinas pertinentes a cada período.

Aqui abro um parêntese para uma vivência desagradável, aconteceu assim que iniciei a graduação, logo no 1° período, sem muita noção, me deparei na mesma turma/sala com estudantes do 8°, tendo que compartilhar de conhecimentos com pessoas que possuíam bem mais facilidade do que quem acabou de entrar e estava se adaptando a instituição; uma coisa é certa, na vida nem tudo é como pensamos, por isso é melhor nos permitir sermos surpreendidos.

Por mais que tenha achado aquilo embaraçoso, é como diz a frase de Michael John Boback “Todo progresso acontece fora da zona de conforto”. Com isso lá na frente me vi estando além dos calouros, e outro fator positivo extraído disso são as pessoas que passamos a nos relacionar e conhecer ao longo do curso, pois certamente com a grade fechada você inicia e termina com a mesma turma, e na grade aberta existe uma rotatividade de pessoas, ou seja, nem sempre eu estaria com quem gostaria, mas estaria na possibilidade de conhecer quem ainda não tivesse tido contato, e assim seguia, uma valsa de dissabor e delícias.

Fonte: encurtador.com.br/bgEJ7

A aquisição do saber, diante de tudo isso é o que temos de mais essencial, não descartando o impacto que isso trará ou trouxe, se tratando do aprendizado nas relações interpessoais seja nas disciplinas obrigatórias, optativas ou institucionais, o que sempre prevalecera será a vivencia extraída daquele momento. Logo, o conhecimento nos faz ir além, com esse objetivo podemos pôr na balança se é ideal fixarmos em uma grade aberta ou fechada, independente da realidade do que almejamos alcançar.

REFERÊNCIAS

Calais, Sandra Leal; Pacheco, Elisabeth M. de Camargo. Formação de psicólogos: análise curricular. Psicol. esc. educ. v.5 n.1 Campinas jun. 2001. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572001000100002> Acesso em: 18 de abril de 2021.

Boback, Michael John. Disponível em: <https://www.suramajurdi.com.br/2020/09/25/frase-inspiracao-todo-progresso-contece-fora-da-zona-de-conforto-michael-john-bobak/>. Acesso em: 18 de abril de 2021.

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Acabe com o sono durante o estudo

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Muitos alunos comentam que sentem sono enquanto estão estudando. Sempre escuto de meus estudantes: “Por que fico com sono quando estudo?” ou “Como faço para render mais se estou com sono?” Considero grave sentir sono durante os estudos, pois afeta a concentração e rendimento. No entanto, há algumas dicas preventivas e repressivas para ajudar. 

As preventivas são para evitar que algo aconteça. Os médicos orientam ter de sete a oito horas de sono por dia. Além disso, é essencial ter qualidade de sono. Para isso, deixe o ambiente escuro, diminua ruídos e durma no mesmo horário. Outra dica é a rotina. Tenha horário para dormir, acordar, almoçar e lazer. 

Estude em local iluminado. Caso tenha acesso à luz solar é melhor, pois te deixa em alerta. O local que vai estudar é importante. Caso estude na cama, o cérebro entende que vai dormir. Tenha um local tranquilo. Alterne teorias e exercícios. Tem quem estude duas horas lendo e duas horas fazendo exercícios. A sugestão é buscar intercalar para melhorar o desempenho.

Fonte: encurtador.com.br/cgqO4

Não esqueça de algo importante: tenha intervalos. O corpo humano não é uma máquina, não foi programado para fazer a mesma coisa por horas. Há técnicas em que se estuda 50 minutos e descansa 10 minutos. Indico 1h40 de estudos e de 10 a 15 minutos de descanso. Isso não é uma regra, você conhece seu corpo e limitações e vai saber a melhor técnica para ter o melhor rendimento.

Já as dicas repressivas ajudam a reprimir o sono. A cafeína estimula e bloqueia o componente químico associado ao sono, mas evite em excesso. O chiclete ativa o nervo trigêmeo que associa que se está mastigando, comendo, não está com sono. Mas cuidado, o chiclete estraga os dentes e causa problemas estomacais. 

Quando estudava, fazia polichinelo. Em 5 minutos de atividade, já ajuda a aumentar o batimento cardíaco e gera adrenalina no corpo. Outra opção é, se estiver com pouco sono, jogar água gelada no rosto. Mas se o for sono intenso é melhor tomar banho gelado. Utilize essas dicas e estude melhor.

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